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SOCIEDADE, PODER E BEM COMUM Fonte principal: Norberto Bobbio Que é sociedade? • De acordo com Bobbio, a abordagem do tema sociedade – e sociedade civil, de modo especial – passa pelo enfrentamento da grande dicotomia: PÚBLICO X PRIVADO • O que se encontra implícito nessa dicotomia: – Pertença à coletividade x pertença ao indivíduo – Poder central superior x poderes periféricos inferiores • Dicotomias correspondentes: – Sociedade de iguais (econômica) e sociedade de desiguais (política) – Lei (Direito Público) e Contrato (Direito Privado) – Justiça Comutativa (troca “justa”) e Justiça Distributiva (segundo o “mérito” ou “necessidade”) Estado de Natureza Esfera Econômica Sociedade Civil Estado Civil Esfera Política Estado Político Axiologia e primazia Primazia do Privado • Instituições principais: família, propriedade, contrato, testamentos. • Demonstra-se na resistência que o direito de propriedade opõe à ingerência do poder soberano (direito de expropriação dos bens do súdito por motivos de utilidade pública). Primazia do Público • Fundamento: o todo vem antes das partes; irredutibilidade do bem comum à soma dos bens individuais. • Significa o aumento da intervenção estatal na regulação coativa dos comportamentos dos • indivíduos e dos grupos infra-estatais. • Publicização do privado: – processo de subordinação dos interesses do privado aos interesses da coletividade representada pelo Estado que invade e engloba progressivamente a sociedade civil. • Privatização do público: – Revanche dos interesses privados através da formação dos grandes grupos que se servem dos aparatos públicos para o alcance dos próprios objetivos Público x Privado: outro significado • Público: aquilo que é manifesto, aberto ao público, feito diante de espectadores. • Privado: aquilo que se diz ou se faz • num restrito círculo de pessoas e, no limite, em segredo. “Sociedade civil” • Negativamente, por "sociedade civil" entende-se a esfera das relações sociais não reguladas pelo Estado, entendido restritivamente e quase sempre também polemicamente como o conjunto dos aparatos que num sistema social organizado exercem o poder coativo. • Uma primeira acepção: são as várias formas de associação, existentes antes do Estado, que os indivíduos formam entre si para a satisfação dos seus mais diversos interesses, associações às quais o Estado se superpõe para regulá-las mas sem jamais vetar-lhes o ulterior desenvolvimento e sem jamais impedir- lhes a contínua renovação. • Uma segunda conotação, axiologicamente Positiva, passa a indicar o lugar onde se manifestam todas as instâncias de modificação das relações de dominação, formam-se os grupos que lutam pela emancipação do poder político, adquirem força os assim chamados contra-poderes. • Em uma terceira compreensão, “sociedade civil” representa o ideal de uma sociedade sem Estado, destinada a surgir da dissolução do poder político. • Sociedade civil é o lugar onde surgem e se desenvolvem os conflitos econômicos, sociais, ideológicos, religiosos, que as instituições estatais têm o dever de resolver ou através da mediação ou através da repressão. • A sociedade civil ocupa o espaço reservado à formação das demandas (input) que se dirigem ao sistema político e às quais o sistema político tem o dever de responder (output). • Na esfera da sociedade civil inclui-se habitualmente também o fenômeno da opinião pública, entendida como a pública expressão de consenso e de dissenso com respeito às instituições, transmitida através da imprensa, do rádio, da televisão etc. • Marx faz da sociedade civil o lugar das relações econômicas, ou melhor, das relações que constituem "a base real sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política”, "sociedade civil" passa a significar o conjunto das relações interindividuais que estão fora ou antes do Estado, exaurindo deste modo a compreensão da esfera pré-estatal distinta e separada da esfera do Estado, aquela mesma esfera pré-estatal que os escritores do direito natural e em parte, sobre a trilha por eles aberta, os primeiros economistas, a começar dos fisiocratas, tinham chamado de estado de natureza ou sociedade natural. • Segundo Habermas: “A esfera pública burguesa pode ser concebida, antes de mais, como a esfera em que pessoas privadas se juntam enquanto um público; bem cedo, reclamaram que essa esfera pública fosse regulada como se estivesse acima das próprias autoridades públicas; de forma a incluí-las num debate sobre as regras gerais que governam as relações da esfera da troca de bens e de trabalho social basicamente privatizada, mas publicamente relevante.” TEORIA DO ESTADO E PODER •Poder, sociedade e bem comum •Estado e Poder: Estado de Direito e Direitos Fundamentais –Direitos Humanos –Direitos Civis O ESTADO Indica a sociedade como tal; a condição pessoal do indivíduo perante os direitos civis e políticos; um órgão particular da sociedade; uma corporação qualificada do ponto jurídico; designa uma forma complexa e organizada da sociedade civil, a sociedade política. BASE DE CONCEITUAÇÃO de Estado: NOÇÃO DE FORÇA – O Estado é uma entidade institucionalizadora do poder, dotada de força irresistível, embora delimitada pelo Direito. Pensadores: Léon Duguit e Georges Burdeau. NOÇÃO DE ORDEM JURÍDICA – O Estado detém o monopólio do emprego da força, sendo uma sociedade política, através de um sistema de normas jurídicas, com uma hierarquia de normas. Pensadores: Oreste Ranneletti e Giorgio Del Vecchio. TEORIAS QUE PROCURAM EXPLICAR A FORMAÇÃO DO ESTADO: NATURALISTA – Defende a posição de que o Estado se formou de modo espontâneo, sem a convergência das vontades dos indivíduos. CONTRATUALISTA – Defende a posição de que o Estado se formou mediante a concretização da vontade de diversos homens. Os pensadores Karl Marx e Friederich Engels, ambos partidários da corrente naturalista, entendiam que o Estado nascia da sociedade. O Estado surgiria para permitir acumulação de riqueza pela classe dominante, sendo um instrumento da burguesia para dominar e explorar o proletariado. FASES DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ESTADO ESTADO ANTIGO (Antigas civilizações do Oriente ou Mediterrâneo) – caracterizado pela religiosidade e natureza unitária. ESTADO GREGO (Regiões habitadas pelos povos Helênicos) – caracterizado pela existência da pólis, poder absoluto e unitário, cujo ideal visava a auto-suficiência. ESTADO ROMANO – Expressão que designa as várias formas de governo que existiram em Roma, caracterizado pela: Base familiar de organização; Sociedade política organizada; Domínio sobre grande expansão territorial; ESTADO MEDIEVAL – O Estado era fragmentado, enquanto na Igreja existia unidade. Precisamente as idéias de unidade da Igreja, e sua aspiração a universalidade, foram transplantadas para o plano político, buscando-se a unidade no Império. Características: Base religiosa cristã (cristianismo); Existência de feudos (feudalismo); Invasões de bárbaros; Estado “Moderno” • Surge em torno do século XVIII • Resulta do “equilíbrio” do jogo de forças da sociedade feudal, que já suplantara o modelo de organização medieval: – De acordo com Norbert Elias, caracteriza-se por: • “absolutismo” (poder territorial) • “especialização” administrativa dos servidores • “monopólio” monetário (produção e retenção da moeda) • “monopólio” da violência (exército) • evolução do “monopólio” privado para o “monopólio” público POPULAÇÃO – Grupo de pessoas que residem em determinado território. TERRITÓRIO – Espaço físico sobre o qual o Estado exerce soberania. SOBERANIA – Organização de ordem jurídica imposta nos limites do território com o objetivo de limitar juridicamente até o limite das fronteiras. FINALIDADE – Inúmeras correntes a conceituam e todas afunilam como objetivo. POVO – É o conjunto de indivíduos de origem comum. ELEMENTOS ESSENCIAISDO ESTADO VERTICAL – Os indivíduos subordinam-se ao poder do Estado (relação de subordinação) sendo sujeitos de deveres. HORIZONTAL – Os indivíduos situam-se perante o Estado no mesmo nível dos demais indivíduos da comunidade (relação de coordenação). RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE ESTADO E POVO ESTADO INDIVÍDUO A INDIVÍDUO B INDIVÍDUO C INDIVÍDUO Z ESTADO INDIVÍDUO A INDIVÍDUO B INDIVÍDUO C INDIVÍDUO Z • NAÇÃO – É uma sociedade natural de homens, na qual a unidade de território, de origem, de costumes, de língua e a comunhão de vida criaram a consciência social. • Conforme o Aurélio: agrupamento político autônomo que oupa território com limites definidos e cujos membros respeitam instituições compartidas (leis, constituição, governo). • Nação não se confunde com Estado! Podem existir nações sem Estado (caso da Palestina) e Estados multi ou plurinacionais (caso das antigas União Soviética, Tchecoslováquia e Iugoslávia). • NACIONALIDADE – É o conjunto de vínculos políticos e jurídicos entre alguém e determinado Estado, integrando o indivíduo ao povo de um país. Pode ser primária ou secundária. • PRINCÍPIO DA NACIONALIDADE – Estabelece que cada nação deveria constituir um Estado. NATURALIZAÇÃO – É a aquisição da nacionalidade brasileira por estrangeiro, mediante declaração expressa de vontade, preenchidas as condições prescritas na regra jurídica constitucional. Pode ser tácita ou expressa. APÁTRIDA – É a pessoa que por força da diversidade de critérios de aquisição da nacionalidade, não se vincula a nenhum Estado. POLIPÁTRIDA – É a pessoa que por força da diversidade de critérios de aquisição da nacionalidade, vincula-se a mais de um Estado. DOUTRINA DO CONTRATO SOCIAL – Explica que a sociedade delegava ao monarca o poder de governar para que evitasse o conflito entre membros da sociedade. (QUANTO À ESPÉCIE, CLASSIFICAM-SE EM) • SUBJETIVOS – Surgem da convergência entre os fins individuais e as relações entre os Estados. • OBJETIVOS – Surgem em função das condições históricas e se aplicam as épocas em que surgiram. Explorando-os destacam-se as correntes: • Universalista – Defendida pela maioria dos autores, desde Platão e Aristóteles, assegura que o Estado, ao longo de toda a História da Humanidade, impulsionado pelo cristianismo, sempre teve fins objetivos. • Evolucionista – Não aceita que o Estado tenha um fim objetivo. Os fundamentos das teorias que defendem fins limitados para o Estado, residem na defesa da redução do papel do Estado à posição de mera fiscalizadora da ordem social, especialmente na economia, de modo que o próprio indivíduo possa atingir o bem-estar, como fruto de sua liberdade. FINS DO ESTADO Uma definição de Estado Estado “é a corporação de um povo, assentada num determinado território e dotada de um poder originário de mando.” (Jellinek) O ESTADO MODERNO E O ESTADO DE DIREITO SÍNTESE – I INTRODUÇÃO O Estado Moderno surge a partir fragmentação / dissolução do Estado Absolutista Medieval (onde todo o poder se concentrava nas mãos do soberano, o príncipe). Ao contrário do Estado Absolutista, o Estado Moderno vai fracionar o poder em: Executivo Legislativo Judiciário Emergem como características fundamentais do Estado Moderno: Elementos materiais: Território Povo Elementos formais: Governo Poder Autoridade (soberano) O surgimento do Estado Moderno se faz a partir de uma concepção de “liberdade” para os indivíduos em relação ao poder soberano. O Estado Moderno, portanto, emerge como um Estado “liberal”. “[...] o liberalismo é uma doutrina do Estado limitado tanto com respeito aos seus poderes quanto às suas funções.” (Bobbio) “A partir de meados do século XIX percebe- se uma mudança de rumos e de conteúdos no Estado Liberal, quando este passa a assumir tarefas positivas, prestações públicas, a serem asseguradas ao cidadão como direitos peculiares à cidadania, ou a agir como ator privilegiado no jogo socioeconômico.” (Streck; Morais) Alterações no modelo do Estado Do absenteísmo ao intervencionismo • Causas: – Revolução industrial e suas consequências(proletarização, urbanização...) – Primeira Guerra Mundial – Crise econômica de 1929 e a Depressão – Segunda Guerra Mundial – Crises cíclicas – Movimentos sociais – Liberdades positivas superando as liberdades negativas (não-impedimento) • Etapas: – Intervencionismo: medidas esporádicas e circunscritas a ocasiões específicas; – Dirigismo: atuação estatal mais firme e coerente, com atos sistemáticos de reforço e ajuda à iniciativa privada; objetivos político- econômicos predeterminados; – Planificação: previsões que abrangem largo espaço temporal, com análise econômica global. ESTADO LIBERAL DE DIREITO “[...] Estado cuja função principal é estabelecer e manter os Direitos cujos limites de ação estão rigorosamente definidos por este, bem entendido que Direito não se identifica com qualquer lei ou conjunto de leis com indiferença sobre seu conteúdo (...) O Estado de Direito significa, assim, uma limitação do poder do Estado pelo Direito, porém não a possibilidade de legitimar qualquer critério concedendo-lhe forma de lei...” (Garcia-Pelayo, apudStreck; Morais). • Características do Estado Liberal de Direito: – Separação entre Estado e Sociedade Civil mediada pelo Direito (ideal de Justiça); – Garantia das liberdades individuais; direitos do homem como mediadores entre indivíduos e Estado; – Democracia vinculada ao ideário da soberania da nação; – Papel reduzido do Estado = Estado “mínimo”. ESTADO SOCIAL DE DIREITO • Nesse Estado, ao Direito antepõe-se um conteúdo social. Sem renegar as conquistas e os valores impostos pelo liberalismo burguês, dá-se-lheum novo conteúdo axiológico-político. • Não somente omite o que é contrário ao Direito (a legalidade inspirada pela ideiade Direito), senão que deve exercer uma ação constante através da legislação e da administração que realize a idéia social de Direito. • O Estado, enquanto "social", pretende a correção do individualismo liberal por intermédio de garantias coletivas. • Com o Estado do Social de Direito, projeta-se um modelo onde o bem-estar e o desenvolvimento social pautam as ações do ente público. Estado DEMOCRÁTICO de Direito • Constitucionalidade: vinculação do Estado Democrático de Direito a uma Constituição como instrumento básico de garantia jurídica • Organização Democrática da Sociedade • Sistema de direitos fundamentais individuais e coletivos, seja como Estado de distância, porque os direitos fundamentais asseguram ao homem uma autonomia perante os poderes públicos, seja como um Estado antropologicamente amigo, pois respeita a dignidade da pessoa humana e empenha-se na defesa e garantia da liberdade, da justiça e da solidariedade • Justiça Social como mecanismos corretivos das desigualdades • Igualdade não apenas como possibilidade formal, mas, também, como articulação de uma sociedade justa • Divisão de Poderes ou de Funções • Legalidade que aparece como medida do direito, isto é, através de um meio de ordenação racional, vinculativamente prescritivo, de regras, formas e procedimentos que excluem o arbítrio e a prepotência; • Segurança e Certeza Jurídicas Resumindo • Como liberal, o Estado de Direito sustenta juridicamente o conteúdo próprio do liberalismo, referendando a limitação da ação estatal e tendo a lei como ordem geral e abstrata. Por outro lado, a efetividade e normatividade é garantida, genericamente, através da imposição de uma sanção diante da desconformidade do ato praticado com a hipótese normativa. • Transmutado em social, o Estado de Direito acrescenta à juridicidade liberal um conteúdo social, conectando aquela restrição à atividade estatal a prestações implementadas pelo Estado. A lei passa a ser, privilegiadamente, um instrumento de ação concreta do Estado, tendo como método assecuratório de sua efetividade a promoção de determinadas açõespretendidas pela ordem jurídica. • Quando assume o feitio democrático, o Estado de Direito tem como objetivo a igualdade e, assim, não lhe basta limitação ou a promoção da atuação estatal, mas referenda a pretensão à transformação do status quo. A lei aparece como instrumento de transformação da sociedade não estando mais atrelada inelutavelmente à sanção ou promoção. O fim a que pretende é a constante reestruturação das próprias relações sociais. ESTADO MODERNO ABSOLUTISTA LIBERAL ESTADO LEGAL ESTADO DE DIREITO Estado Liberal de Direito Estado Social de Direito Estado Democrático de Direito Conteúdo Jurídico do Liberalismo Questão Social Igualdade Limitação da ação estatal Prestações positivas Transformação do Status quo Lei = ordem geral e abstrata; não impedimento Lei = instrumento de ação concreta do Estado: facilitação; acesso Lei = instrumento de transformação; solidariedade Indivíduo Grupo Comunidade Sanção Promoção “Educação” Adaptação Reestruturação Ameaças ao Estado de Direito • Ideologia • Manipulação • Desrespeito aos Direitos • Impunidade • Corrupção • Miséria • ... • Pode-se concluir, então, que o Estado é aquele aparato jurídico/institucional que tem por finalidade o atendimento das demandas da sociedade sob a qual exerce, legitimamente, poder, orientando- se pelo princípio do “Bem comum”. Poder, sociedade e bem comum Já foi discutido o que seriam “Poder” e “Sociedade”. • Poder: capacidade de influenciar pessoas e processos, de forma a que atendam às disposições do demandante. • Sociedade: associação de pessoas que, unidas, buscam alcançar objetivos comuns, compartilhando idéias, valores, sentimentos, expectativas. Condividem um mesmo espaço geográfico. Bem Comum • O primeiro aspecto que deve ser destacado é, justamente, o adjetivo que acompanha a palavra “Bem”. • “Bem” é algo agradável, apetecível, implicando em satisfação daquele que é seu destinatário ou sujeito. • A restrição a esse aspecto, porém, fixa-se no “Bem individual” • Bem Comum, porém, indica que o que está sendo destacado é algo que extrapola a singularidade, o benefício (bem-estar) do simples indivíduo. • Bem comum é algo objetivo, e se refere ao bem da coletividade. • É um princípio que decorre da própria natureza humana, da sociabilidade e, sobretudo, do valor indefectível da “solidariedade”. Nas palavras de Alceu Amoroso Lima: • "A alma do Bem Comum é a Solidariedade. E a solidariedade é o próprio princípio constitutivo de uma sociedade realmente humana, e não apenas aristocrática, burguesa ou proletária. É um princípio que deriva dessa natureza naturaliter socialis do ser humano. Há três estados naturais do homem, que representam a sua condição ao mesmo tempo individual e social: a existência, a coexistência e a convivência. Isto vale para cada homem, como para cada povo e cada nacionalidade." De acordo com Ives Gandra Fº: • Ao se perquirir sobre o que seja o Bem Comum, 5 noções básicas devem ser aprofundadas, como instrumental indispensável para sua compreensão: são as noções de Finalidade, de Bondade, de Participação, de Comunidade e de Ordem. Da conjugação desses conceitos fundamentais é que se extrairá a noção de Bem Comum. • Finalidade: para que serve uma coisa, ou para que fim ela existe (é realizada) • Bem é aquilo que “apetece”, que agrada, que atrai por suas características, que complementa um anseio, disposição ou tendência • Participação: tomar parte, dividir entre aqueles que integram uma situação ou grupo • Comunidade: unidade comum, o que é de todos, de que todos podem participar igualitariamente • Ordem:... • Ordem implica em: – Distinção com conveniência: elemento comum aglutinador das distinções, beneficiando-as – Cooperação: operar em comum, um auxiliando o outro – Fim: objetivo comum catalisador • Ordem intrínseca: hierarquia, subordinação, entre as partes de um todo. • Ordem extrínseca: busca de todos, conjuntamente, pelo bem de todos – bem comum De acordo com Ives Gandra Fº: • Bem Comum nada mais é do que o próprio bem particular de cada indivíduo, enquanto este é parte de um todo ou de uma comunidade.[...] Ou seja, o bem da comunidade é o bem do próprio indivíduo que a compõe. O indivíduo deseja o bem da comunidade, na medida em que ele representa o seu próprio bem. Assim, o bem dos demais não é alheio ao bem próprio. Bem Comum e Direitos Humanos • O bem do indivíduo - cidadão -, estando em conformidade com o bem da comunidade, aponta para a necessidade do cumprimento ou atendimento de alguns direitos que são inerentes não ao indivíduo ou ao grupo, alternada e contrariamente; aponta para alguns direitos que são inerentes à própria natureza e dignidade humanas, direitos que, atendidos, configuram o Bem, enquanto fim último do ser. Direitos Humanos e Direitos Fundamentais • Características dos Direitos Humanos: – Historicidade: mudam com os tempos, dinâmicos – Naturalidade: essenciais à pessoa humana, mesmo sem legislação específica – Indivisibilidade e Independência: não podem ser oferecidos alguns em detrimento de outros – Universalidade: independem de fronteiras e leis nacionais “Gerações” dos Direitos Humanos Direitos Humanos de Primeira Geração • Os Direitos de Liberdade / Direitos Individuais – Direitos da Liberdade – - Igualdade – - Segurança – - Propriedade – - Direitos de votar (homens) – - Direitos individuais Direitos Humanos de Segunda Geração • Direitos Sociais / Direitos de Igualdade – Direitos sociais – Relações trabalhistas – Saúde – Educação – Direitos econômicos – Direitos culturais Direitos Humanos de Terceira Geração • Direitos dos Povos / Direitos de Solidariedade – Direitos dos Povos e da Solidariedade: paz, auto-determinação desenvolvimento... – Direitos Coletivos e Difusos: consumidor, meio- ambiente, criança... Direitos Humanos de Quarta Geração • Direitos à Vida / Dimensão Planetária – Direitos à Vida das gerações futuras – Direitos a uma vida saudável e em harmonia com a natureza – Desenvolvimento sustentável – Bioética – Manipulação genética – Biotecnologia e Bioengenharia – Direitos advindos da Realidade Virtual Direito Humanos X Direito Civis • Atualmente há uma união intrínseca entre os “direitos humanos” e os direitos inerentes aos cidadãos – sujeitos de direitos de acordo com os ditames de um Estado. • Os Direitos Fundamentais confrontam esse reducionismo, apontando para a necessidade de revisão e renovação do próprio conceito de cidadania. Cidadania – conceito estrito • Cidadania, em sentido estrito, tem sido compreendida como o conjunto de direitos e deveres civis e políticos de toda pessoa reconhecida como pertencente a uma comunidade política estatal e nacional. • Cidadãos são os nacionais, ainda que nem todos. A cidadania nacional restringe aqueles que podem ser considerados cidadãos e restringe, em algumas circunstâncias, os direitos e deveres dos próprios cidadãos nacionais. Cidadania pós-nacional • Atualmente já existe uma corrente que fala de um patriotismo pós-nacional ou cidadania constitucional – aquela “adesão” que não se faz mais por amor à pátria, mas por fidelidade aos princípios de justiça e direitos humanos. • A cidadania pós-nacional ou constitucional rompe com o nacionalismo. • Direitos humanos: http://www.dhnet.org.br/direitos/textos/ger acaodh/index.html
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