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Dano por Ricochete

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3. DO DANO MORAL POR RICOCHETE
Como se sabe, a moral é bem patrimonial que pode, e deve, ser ressarcido quando preenchidos os seus requisitos. Segundo Yussef Said Cahali:
A reparação do dano moral desempenha uma função importante na tutela da personalidade e, quando se trate de lesão corporal, que signifique um atentado permanente e grave à integridade física, modificando de modo sensível o modo de vida da vítima, privando-se de certos prazeres e lhe causando particulares sofrimentos corresponde a uma necessidade evidente. (Dano moral. 2 ed. São Paulo:Ed. Revista dos Tribunais, 2000, p.230).
Por outro lado, pode-se concluir que, em determinados casos, a moral abalada também poderá ser de alguém ligado intimamente com a vítima direta do dano.
Neste caso, estamos lidando com o chamado dano moral por ricochete ou préjudice d’affection, que constitui o direito de indenização a pessoas ligadas intimamente à vítima direta do evento danoso e que sofreram, por reflexo, o dano experimentado por esta.
É possível que em determinados casos, tais como a morte de um ente querido em face de um ato ilícito de terceiro, a dor suportada por familiares próximos possa ser sopesada para fins de dano moral. Mas não somente quando se tratar de evento morte, mas sim, de danos causados que possam degradar a pessoa a ponto de que as expectativas dos próximos.
É o caso de um determinado acidente de trânsito, que por culpa de outrem, a vítima fique paraplégica, dependendo totalmente dos cuidados de seus familiares. Tem-se entendido que as expectativas em saborear os frutos de um convivência saudável e alegre não possam mais existir.
Sobre o tema, importante lição colhe-se dos ensinamentos de Sérgio Severo:
Sobrevivendo a vítima direta, a sua incapacidade pode gerar um dano a outrem. Neste caso, o liame de proximidade deve ser mais estreito. Os familiares mais próximos da vítima direta gozam o privilégio da presunção – juris tantum – de que sofreram um dano em função da morte do parente, mas, se a vítima sobreviver, devem comprovar que a situação é grave e que, em função da convivência com a vítima, há um curso causal suficientemente previsível no sentido de que o dano efetivar-se-á.
Assim, os danos morais por ricochete são aqueles em que os efeitos danosos de um ato ilícito, direcionados a um indivíduo, atingem pessoa diversa.

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