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A Intersetorialidade em Contagem- Leonardo Koury

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A Intersetoria lidade em Contagem 
¹.Leonardo K oury Martins 
 
 R essumo 
O presente artigo tem como propósi to fazer uma breve 
discussão sobre a construção do processo de produção 
intersetorial promov ido no âmbito da administração 
públ ica municipal em Contagem – MG. Tenta retratar 
de forma teoria o papel da intersetorialidade e sua 
importância no fomento das ações públicas integradas. 
 
A Interseto rialidade como construção governamental 
 
A intersetorialidade é um tema debatido arduamente nas úl timas décadas 
dentro da Adm inistração Pública brasilei ra. Problematiza uma si tuaç ão de herança 
deixada por gestões passadas que refletiram no abandono da população nas políticas 
públicas, principalmente no que se refere às pol íticas públic as de caráter social. 
De acordo com Carvalho (2005) os governos desde a década de trinta 
tentaram divers as vezes proibir a participação da população na tomada de decisões 
importantes no que se refere à implementação e aval iação das ações apresentadas 
pelos governos. 
Entendiam ao longo da história da Adm inistração Pública que além de não ser 
necessária a participação popular, cada setor teria consciência de suas 
responsabilidades governamentais, portanto a participação tanto dos cidadãos e 
cidadãs quanto de órgãos que não tinham o mes mo escopo político invadiria o trabalho 
antes planejado. Cada espaço do poder público tinha suas atribuições e não cabiam 
intervenç ões internas como também não cabia a participação popular. 
Este olhar isolado do trabalho público é explicado pela influência do positivismo 
na formação educacional, qual possibilitava desde o princípio da formação escolar a 
fragmentação do currículo e dos c onceitos apreendidos. 
 
 
¹. Leonardo K oury Martins: Graduando em S erviço Social pelo Centro Universi tário 
UNA e autor de dois livros sobre literatura poétic a. 
Essa forma de organizar o conhecimento trouxe reflexo no âmbito da 
administração pública, na qual por mais organizado que fossem essas políticas 
públicas e os serviços governamentais, cada área tinha convicção que seu bom 
desempenho pudesse suprir as necessidades de seus usuários. 
 Portanto na década de oitenta, percebendo-se que mesmo de forma isolada 
por alguns administradores públicos e, por mais eficazes fossem essas áreas, não 
seria possível o melhor desempenho de cada setor sem a interlocução com outros 
setores que atingissem a vida dos usuários de forma direta e indireta. 
Em relação à situação contraditória que o capitalismo produz em que há 
geração de riquezas na mesma proporção que ocorre o aumento das desigualdades 
sociais. Marcados como os problemas da Questão Social, esta que se põe como alvo 
de intervenção do Estado através de políticas sociais impulsionou um debate coletivo 
frente ao modo de governar percebido na atuação da esquerda frente aos governos 
conquistados em alguns municípios brasileiros. 
Com a Constituição de 1988, o modelo de políticas sociais apresenta-se como 
um modelo de seguridade social com características que se aproxima m do modelo 
constitucional redistributivo que visa à proteção integral do cidadão por meio da saúde, 
assistência social e prev idência social , que segundo Sônia Draibe possui estas 
características: 
O modelo insti tucional–redistributivis ta - concebe o 
sistema W alfare como parte importante e consti tutiva 
das sociedades contemporâneas, voltado para a 
produção e distribuição de bens e serviços sociais 
“extramercado,” os quais são garantidos a todos os 
cidadãos. Apoia-se na premissa de que o mercado é 
capaz de realizar, por si próprio, uma alocação tal de 
recursos que reduza a insegurança e elimine a 
pobreza, a atual ou a futura. (DRAIBE, 1990, p. 6). 
 
A crescente centralização das políticas sociais, gera um aumento da demanda 
pela execução de programas sociais no interior das instituições públicas e privadas, 
tendo os profissionais da área, como o profissional de serviço social, capacitado para 
fazer a implementação desses programas. 
Assim, passam a existi r essas políticas públicas sociais como respostas do Estado para 
assegurar e consolidar os direitos sociais, pois é notável que as políticas 
públicas surjam com o intui to de atender à população, fazendo com que os 
mesmos se tornem cidadãos de direi tos. 
 Não se poderia pens ar em construir uma cidadania plena se a garantia de 
direi tos civis, polític os ou sociais fossem visto de forma fragmentada. José Murilo de 
Carvalho (2005) descreve que o início dessa nova perspectiva de tentar pensar direitos 
e ações de forma integrada, c omeça a nascer a partir da nova constituição brasileira, 
tendo entre seus principais pontos a garantia da cidadania. 
Portanto, impossível seria de se pensar os sujeitos s ociais como u m todo, 
sendo que o mesmo tinha do Es tado o espaço de fragmentação dos seus direi tos. 
Com este desafio o exercício da intersetorial idade começou a ser mais 
contundente na esfera municipal , pois a mesma tem como responsabilidade resolv er os 
problemas mais latentes por estar mais próximo das necessidades básic as requeridas 
pela população local. 
 É importante também cons iderar que a Intersetorialidade é um exercício que 
não depende inicialmente de decretos ou instâncias legais para que se ocorra, mas 
uma sensibilização da construção coletiva. 
 Pode-se compreender que esta sensibilização para acontecer, deva passar por 
estratégias governamentais ao seu fomento, trazendo principalmente, ao corpo técnico 
/ político, a liberdade da produção de conceitos e de pol íticas públicas na busca para 
que se tenha ao longo do tempo um al inhamento do serviço público frente aos desafios 
integrados. 
 
Con tagem investindo no diá logo in te rseto rial 
 
 Podemos dizer principalmente na esfera das Políticas Sociais que o segundo governo 
na prefeita Marília C ampos marca a história do município de Contagem, tanto no que tange aos 
investimentos em Recursos Hu manos e em Equipamentos, tanto no fomento do trabalho 
intersetorial. 
 Com a c riação da C âmara de Pol íticas Sociais e a construção de Grupos de Trabalhos 
– GTs, o ordenamento das ações referentes às metodologias e novas pol íticas públicas, 
inclusive a organização dos s erviços municipais já ofertados na cidade passam a pensar numa 
cidadania como processo construção c omplexa na qual as ações de governo coletivas 
intersetores são fundamentais na sua construção. 
Entre os avanços propiciados por este olhar integrado das diversas Políticas Sociais podem os 
destacar ações referentes à Criança e ao A doles cente e ações na busca de tornar os territórios 
munic ipais referenciados pela política de educação (entendendo a educação para além da 
escola e sim no seu conceito m ais amplo de formação cidadã) com a im plem entação de 
terri tórios educativos e educadores. 
 Entretanto outras políticas públicas acabam se integrando na dis cus são dos GTs 
Inters etoriais como saída para sua co mpreensão enquanto serviço e a possibilidade de romper 
seu ordenamento a apenas uma pasta mu nicipal, como no caso a Segurança Alim entar e 
Nutricional Sustentável. Política de caráter transversal e consecutivamente impossível de ser 
pensada como ação isolada, desde que o direi to humano a alim entação adequada e o mínimo 
exigível a uma vida humana. 
 Todas estas ações e buscas da c onstrução coletiva resultaram em pol íticas integradas 
como a lei regulam entando o P rograma Escola Integral de Contagem e investimentos 
internacionais como em 2010, anunciado pela Organização das Nações Unidas – ONU na 
Regional Nacional que no mes mo ano foi marcada pelo ris co social e pessoal dos seusmoradores frente à crim inalidade. 
 Importante tam bé m seria pontuar que estas ações devem ser contínuas pos sibili tando 
outros olhares sobre a adm inistração pública a tendo como um espaço de dialogo público 
interno sobre ações de diversas pastas governamentais. Tam bém tem como função de 
propiciar cada vez m ais o distanciamento da antiga fragmentação e do olhar positivista que 
para além de perceber o “poder público setorializado” não enxerga o diálogo com a população 
como fundamental na construção da cidadania. 
 
Desafios n a co ns trução d a cid ada nia con ta ge nse 
 
 Aos novos olhares e nos resultados desta construção intersetorial construída pela 
administração municipal, tanto o corpo técnico quanto o secretariado tem como principal papel 
após o in icio destes espaços de exercício intersetorial o entendimento de que se deve ampliar 
o concei to de intersetorialidade. 
 Segundo Ckagnazaroff (2008) vale lembrar que um dos principais propósitos de pensar 
a intersetorialidade como ação governamental foi que não teria com o pensar a cidadania de 
forma fragmentada, pois uma demanda sobre saúde perpassava pela melhoria do saneamento 
básico, da informação que estes m oradores obteriam sobre condições de higiene e também 
sobre acessos a programa habitacionais; todos interligam o mesmo problema e consolida na 
mes ma necessidade. 
A integralidade dos sujeitos também requer que os mesmos tenham acesso a sua construção. 
Seria uma construção frágil, pensar este sujeito de forma integral sendo que o mesmo não teria 
acesso à informação como não precisar rodar diversos órgãos e ter os mesmos “benefícios e 
serviços” em pastas governamentais diferentes. 
Esta unificação de ações não pode ficar entendida apenas nos espaços de governo, 
mas principalmente a população usuária dos serviços. De nada valeria construir políticas 
integradas sem as mesmas terem espaços de participação e de controle social. 
Portanto, por mais inovador que seja antes de toda e qualquer construção se deve 
perceber que não apenas as ações materiais de governo devem se fortalecer para que deixem 
de ser políticas transitórias e sejam encaradas como políticas de Estado, mas a concepção e 
fundamentação metodológica também deve romper eleições e se tornar um hábito no cotidiano 
da administração pública em qualquer esfera governamental. 
 
Referências Bibliográficas 
 
BRASIL. Constituição (2004). Constituição da República Federativa do Brasil, 2004. 
Brasília: Senado Federal, 2004. 
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: O longo caminho. 7ª ed. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2005. 
CKAGNAZAROFF, Ivan Beck. Da gestão da intersetorialidade: o caso do Programa BH 
Cidadania. Brasil X Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la 
Administración Pública, Santiago p.(18-21), 2005. 
DRAIBE, Sonia Miriam. O padrão brasileiro de Proteção Social: desafios à democratização. 
Análise Conjuntural, Curitiba, 1990. 
MODESTO, Paulo. Participação popular na administração pública. Mecanismos de 
operacionalização. SADireito, 4 fev. 2002. Disponível em: <www.sadireito.com. 
br/index.asp?Ir=area.asp&area=5&te xto=416>. Acesso em: 28 ago. 2007. 
 
 
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