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1 Geometria Analítica 2 Geometria Analítica Gestão da Educação a Distância Cidade Universitária – Bloco C Avenida Alzira Barra Gazzola, 650, Bairro Aeroporto. Varginha /MG ead.unis.edu.br 0800 283 5665 Todos os direitos desta edição ficam reservados ao Unis – MG. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume (ou parte do mesmo), sob qualquer meio, sem autorização expressa da instituição. 3 Geometria Analítica Mestre em Engenharia Elétrica com ênfase em Eletromagnetismo Aplicado. Graduado em Engenharia Elétrica. Licenciado em Matemática e Física. Especializado em Gestão de Negócios e Aperfeiçoado em Ensino de Matemática e Física. Atua como professor titular no Centro Universitário do Sul de Minas na Unidade de Gestão de Engenharia, Arquitetura e Tecnologia e Unidade de Gestão da Educação a Distância. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8613055164618749 Prof. Me. Hugo Rodrigues Vieira Autoria VIEIRA, Hugo Rodrigues. Guia de Estudo – Geometria Analítica. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2017. 163 p. 1. Vetores 2. Produto Escalar 3. Produto Vetorial. Geometria Analítica. 4 Geometria Analítica Caro (a) aluno (a), O fato de você estar cursando um curso a distância faz com que pensemos que você acredita no potencial do ensino a distância e está disposto a mergulhar com dedicação neste universo diferenciado de aprendizado. A disciplina de Geometria Analítica será trabalhada através da leitura do nosso guia de estudos, análise de exemplos e realização de exercícios individuais e em grupo. Todas as atividades serão trabalhadas no nosso ambiente virtual de aprendizagem. Em relação ao ambiente de aprendizagem e avaliação, estaremos utilizando a maior quantidade possível de ferramentas que possibilitem uma maior interação e comunicação entre aluno (a) e professor. Na disciplina de Geometria Analítica é onde iremos estudar os vetores, suas características e aplicações, onde se buscará uma maior quantidade de exemplificações e aplicações práticas para tornar o aprendizado mais eficiente e também mais prazeroso. Trabalharemos de forma que possamos despertar (ou aumentar) o seu interesse pela área de Geometria (Vetores e Grandezas Vetoriais), mas dependeremos muito de sua determinação quanto à leitura minuciosa deste guia, bem como de todo material complementar que será disponibilizado ao longo do curso. Sabendo das dificuldades enfrentadas por muitas pessoas em relação ao uso de ferramentas computacionais, buscarei uma linguagem bastante simples como forma de propiciar um bom entendimento e estarei sempre à disposição para esclarecer dúvidas, trocar informações e auxiliá-los na aplicação dos conceitos de Geometria Analítica no contexto educacional. Nossa interação será essencial! Podem contar comigo sempre! Professor Hugo Rodrigues Vieira “Só o conhecimento traz o poder” (Freud) 5 Geometria Analítica Vetores no Plano e no Espaço. Produto Escalar e Vetorial. Retas e planos. Cônicas e Quádricas. Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no Ambiente Virtual. Vetores. Produto Escalar. Produto Vetorial. Seções Cônicas. Ementa Orientações Palavras-chave 6 Geometria Analítica EMENTA ____________________________________________________________________ 5 ORIENTAÇÕES ______________________________________________________________ 5 PALAVRAS-CHAVE ___________________________________________________________ 5 UNIDADE I - VETORES ________________________________________________________ 9 1.1 VETORES NO PLANO _______________________________________________________ 10 1.2 OPERAÇÕES COM VETORES NO PLANO __________________________________________ 11 1.2.1 ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE VETORES NO PLANO. __________________________________ 11 1.2.2 MULTIPLICAÇÃO DE UM VETOR POR UM ESCALAR NO PLANO. ________________________ 13 1.2.3 VETOR DEFINIDO POR DOIS PONTOS NO PLANO. _________________________________ 14 1.2.4 PONTO MÉDIO DE UM VETOR NO PLANO. ______________________________________ 16 1.2.5 PARALELISMO DE UM VETOR NO PLANO. ________________________________________ 17 1.2.6 MÓDULO DE UM VETOR NO PLANO. __________________________________________ 18 1.2.7 VETOR UNITÁRIO NO PLANO. _______________________________________________ 20 1.3 VETORES NO ESPAÇO _______________________________________________________ 21 1.4 OPERAÇÕES COM VETORES NO ESPAÇO _________________________________________ 23 1.4.1 ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE VETORES NO ESPAÇO. _________________________________ 23 1.4.2 MULTIPLICAÇÃO DE UM VETOR POR UM ESCALAR NO ESPAÇO. _______________________ 23 1.4.3 VETOR DEFINIDO POR DOIS PONTOS NO ESPAÇO. ________________________________ 23 1.4.4 PONTO MÉDIO DE UM VETOR NO ESPAÇO. ______________________________________ 24 1.4.5 PARALELISMO DE UM VETOR NO ESPAÇO. _______________________________________ 25 1.4.6 MÓDULO DE UM VETOR NO ESPAÇO. __________________________________________ 25 1.4.7 VETOR UNITÁRIO NO ESPAÇO. _______________________________________________ 26 UNIDADE II – PRODUTO ESCALAR _____________________________________________ 28 2.1 PRODUTO ESCALAR________________________________________________________ 29 2.1.1 DEFINIÇÃO ALGÉBRICA ____________________________________________________ 29 2.1.2 PROPRIEDADES DO PRODUTO ESCALAR ________________________________________ 32 2.1.3 CÁLCULO DO ÂNGULO ENTRE VETORES _______________________________________ 33 2.1.4 ÂNGULOS DIRETORES E COSSENOS DIRETORES DE UM VETOR ________________________ 38 2.1.5 PROJEÇÃO DE UM VETOR SOBRE OUTRO _______________________________________ 42 2.1.6 APLICAÇÕES DO PRODUTO ESCALAR __________________________________________ 45 UNIDADE III – PRODUTO VETORIAL ___________________________________________ 48 3.1 PRODUTO VETORIAL _______________________________________________________ 49 3.1.1 DEFINIÇÃO ALGÉBRICA ____________________________________________________ 49 7 Geometria Analítica 3.1.2 DISPOSITIVO PRÁTICO PARA O CÁLCULO DO PRODUTO VETORIAL ____________________ 54 3.1.3 CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO VETORIAL _____________________________________ 58 3.1.4 INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DO MÓDULO DO PRODUTO VETORIAL _________________ 65 3.1.5 PRODUTO VETORIAL ASSOCIADO AO PRODUTO ESCALAR (PRODUTO MISTO) ___________ 71 3.1.6 APLICAÇÕES DO PRODUTO VETORIAL _________________________________________ 76 UNIDADE IV – RETAS E PLANOS _______________________________________________ 78 4.1 RETAS E PLANOS __________________________________________________________ 79 4.2 A RETA E SUAS EQUAÇÕES ___________________________________________________ 79 4.2.1 EQUAÇÃO VETORIAL DA RETA _______________________________________________ 79 4.2.2 EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS DA RETA __________________________________________ 83 4.2.3 EQUAÇÕES SIMÉTRICAS DA RETA _____________________________________________ 85 4.2.4 EQUAÇÕES REDUZIDAS DA RETA _____________________________________________ 88 4.3 RETA DEFINIDA POR DOIS PONTOS _____________________________________________ 89 4.4 ÂNGULO ENTRE DUAS RETAS _________________________________________________ 91 4.5 RETAS ORTOGONAIS E RETA ORTOGONAL A DUAS RETAS ___________________________ 94 4.6 O PLANO E SUAS EQUAÇÕES ________________________________________________ 100 4.6.1 EQUAÇÃO GERAL DO PLANO______________________________________________ 100 4.6.3 EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS DO PLANO ________________________________________ 104 4.7 ÂNGULO ENTRE DOIS PLANOS _______________________________________________ 107 4.8 PLANOS PERPENDICULARES __________________________________________________ 109 4.9 PARALELISMO E PERPENDICULARISMO ENTRE RETA E PLANO __________________________ 112 4.10 INTERSEÇÃO ENTRE DOIS PLANOS ___________________________________________ 114 4.11 INTERSEÇÃO DE RETA COM PLANO __________________________________________ 116 UNIDADE V – CÔNICAS E QUÁDRICAS ________________________________________ 118 5.1 SEÇÕES CÔNICAS ________________________________________________________ 119 5.2 PARÁBOLA _____________________________________________________________ 122 5.2.1 EQUAÇÕES DE UMA PARÁBOLA _____________________________________________ 124 5.2.1.1 EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS DA PARÁBOLA ____________________________________ 129 5.3 ELIPSE _________________________________________________________________ 132 5.3.1 EQUAÇÕES DE UMA ELIPSE _________________________________________________ 135 5.3.2 EQUAÇÕES REDUZIDAS DA ELIPSE ____________________________________________ 135 5.3.3 EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS DA ELIPSE _________________________________________ 140 5.4 HIPÉRBOLE ______________________________________________________________ 142 5.4.1 EQUAÇÕES DE UMA HIPÉRBOLE _____________________________________________ 144 5.4.2 EQUAÇÕES REDUZIDAS DA ELIPSE ___________________________________________ 144 5.4.3 EQUAÇÕES PARAMÉTRICAS DA HIPÉRBOLE _____________________________________ 148 5.5 SUPERFÍCIES QUÁDRICAS ___________________________________________________ 151 5.5.1 ELIPSOIDES ____________________________________________________________ 152 5.5.2 HIPERBOLOIDES ________________________________________________________ 155 5.5.3 PARABOLOIDES _________________________________________________________ 158 8 Geometria Analítica 9 Geometria Analítica Ao final desta unidade o aluno deverá ser capaz de realizar operações com vetores no plano e espaço, bem como resolver situações problema envolvendo vetores. Ciclo 02 Unidade I - Vetores Objetivos da Unidade Plano de Estudos I 10 Geometria Analítica 1.1 Vetores no Plano Um vetor no plano é um par de coordenadas (x,y) de números reais que seguem a representação da base canônica do sistema cartesiano ortogonal. A Figura 1 nos mostra o sistema canônico ortogonal. Podemos verificar que estamos tratando de uma grandeza em duas dimensões e comumente os eixos são chamados de x e y. Figura 1 – Sistema Cartesiano Ortogonal (Plano). Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Os valores de x e y são denominados os componentes de um vetor v , onde a componente x é conhecida como abscissa do vetor v e a componente y é denominada a ordenada do vetor v . Utilizaremos sempre o sistema de coordenadas cartesianas, onde será muito comum nos depararmos com vetores representados da forma jyixv ou simplesmente por y,xv . Você pode verificar muitas aplicações e definições relativas a vetores acessando o site: http://efisica.if.usp.br/mecanica/universitario/vetores/ Unidade I 11 Geometria Analítica 1.2 Operações com Vetores no Plano 1.2.1 Adição e Subtração de Vetores no Plano. Inicialmente vamos considerar dois vetores, 11 y,xu e 22 y,xv , e assim vamos determinar a soma entre eles. A soma de vetores algebricamente é feita somando-se individualmente cada coordenada correspondente. Se desejarmos determinar um vetor w , que é a soma entre os vetores u e v , fica da seguinte maneira: 2121 yy,xxwvuw Devemos prestar atenção nesse tipo de operação para não “misturarmos” as componentes de x e y, ou seja, x sempre opera com x e y sempre opera com y. Geometricamente, a operação que acabamos de realizar pode ser visualizada pela Figura 2 a seguir: Figura 2 – Soma de Vetores. Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Vale lembrar que não deve deixar de estar sempre estudando o nosso guia de estudos e buscar, através de pesquisas como a indicada anteriormente, aumentar o saber e formas de visualizar a disciplina. Unidade I 12 Geometria Analítica Trabalhar geometricamente uma maneira de se tratar da soma ou subtração de vetores é selecionar o primeiro vetor a ser somado e, posteriormente, colocar o início do outro vetor a ser somado no final do primeiro vetor. Então, o vetor resultante será o vetor partindo do início do primeiro vetor até o final do segundo vetor. As mesmas considerações são válidas em caso de subtração entre vetores, ou seja, a subtração é feita componente a componente e, para a subtração realizada geometricamente, basta que invertamos a seta de um dos vetores, pois fazendo isso estamos invertendo seu sentido e corresponde a subtrair o mesmo. Sejam os vetores 5,2u e 4,3v , determinar um vetor w que seja a soma entre u e v e um vetor q que seja a subtração entre u e v . Para a soma teremos: 9,1w 45),3(2w yy,xxwvuw 2121 E para a subtração teremos: 1,5q 45),3(2q yy,xxwvuq 2121 Algumas propriedades em relação à adição e subtração de vetores no plano, considerando quaisquer vetores u , v e w . uvvu u0u wvuwvu 0uu Unidade I 13 Geometria Analítica O uso de propriedades ao se operar com vetores é um agente que poderá transformar operações complexas em operações relativamente mais fáceis. 1.2.2 Multiplicação de um Vetor por um Escalar no Plano. A multiplicação de um vetor por um valor escalar qualquer corresponde a multiplicar cada componente do vetor por este escalar. Considerando o vetor 11 y,xu e um escalar qualquer α, fica definida a multiplicação por escalar da seguinte maneira: 11 y,xu Geometricamente, a operação que acabamos de realizar pode ser visualizada pela Figura 3 a seguir: Figura 3 – Multiplicação de um Vetor por um Escalar. WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Pela Figura 3 verificamos que o escalar α aumentou o tamanho do vetor u . Uma consideração importante deve ser feita neste momento, pois o escalar α pode ter seu valor inferior a 1, ou seja, ele diminuirá o vetor. Caso o escalar α seja negativo, além dele aumentar ou diminuir o vetor, ele também irá inverter o sentido do vetor. Unidade I 14 Geometria Analítica Sejam os vetores 5,2u e 4,3v , determinar um vetor v4u2w . Vejamos que nesse exemplo iremos aplicar o conceito de adição de vetores e multiplicação por escalar. 26,8w 16,1210,4w 4,345,22w v4u2w 1.2.3 Vetor Definido por Dois Pontos no Plano. Para mostrar um vetor definido por dois pontos, vamos considerar um vetor qualquer AB que possui um ponto inicial em 11 y,xA e um ponto final 22 y,xB . Um vetor AB qualquer será sempre composto pela subtração entre o ponto final e o ponto inicial do mesmo. Em termos geométricos teremos sempre o valor do ponto corresponde à ponta da seta subtraído do ponto inicial da seta. A Figura 4 mostra o vetor AB . Unidade I 15 Geometria Analítica Figura 4 – Vetor Definido por dois Pontos. Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. A expressão que define algebricamente o modo de cálculo do vetor AB é dada a seguir: 1212 yy,xxAB Podemos observar também na Figura 4 o vetor OP , que é o vetor AB transladado de sua posição original para uma posição com início na origem. Este vetor OP é denominado de vetor posição ou representante natural de AB . Como metodologia para guardarmos esse tipo de operação, vamos sempre fazer o ponto final do vetor subtraído do ponto inicial. Outra forma de memorizar esta operação é fazer a posição da ponta da seta do vetor subtraída da posição inicial do vetor. Para invertermos o sentido de um vetor basta multiplicar o mesmo por -1 e, assim, a ponta da seta irá inverter de posição. Unidade I 16 Geometria Analítica 1.2.4 Ponto Médio de um Vetor no Plano. O ponto médio de um vetor ou um segmento qualquer corresponde exatamente à metade do mesmo. Vamos considerar, conforme a Figura 5, o segmento AB, ou poderia ser o vetor AB e o ponto M, como sendo o ponto médio desse segmento. Figura 5 – Ponto Médio de um Vetor. Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Para determinarmos o ponto médio de um segmento ou um vetor basta que façamos o valor médio entre os pontos, ou seja, somamos o valor de cada coordenada correspondente e dividimos o resultado por dois. Assim, considerando para a Figura 4 o ponto 11 y,xA e o ponto 22 y,xB , teremos o ponto M, determinado da seguinte maneira: 2 yy , 2 xx M 2121 É importante que tenhamos bem definido o ponto médio e saibamos que ele pode ser aplicado entre dois pontos ou entre um vetor qualquer, pois um vetor qualquer, necessariamente, possui dois pontos. Unidade I 17 Geometria Analítica Podemos calcular a mediana de um triângulo utilizando o teorema do ponto médio. Essa é uma aplicação muito importante, no que tange a área de geometria analítica. 1.2.5 Paralelismo de um Vetor no Plano. Para que dois vetores sejam paralelos entre si é necessário que exista um número tal que seja igual à relação entre todas as coordenadas. Portanto, considerando os vetores 11 y,xu e 22 y,xv , eles serão paralelos se e somente se a relação a seguir for satisfeita. 2 1 2 1 y y x x A Figura 6 nos mostra geometricamente três vetores quaisquer paralelos no plano. Figura 6 – Paralelismo entre Vetores. Fonte: Autor. Em situações onde um vetor se sobrepõe a outro também é considerada uma situação de paralelismo - veremos posteriormente, na unidade que calcularemos o vetor unitário. O vetor unitário é um vetor de módulo que possui a mesma direção e sentido do vetor que o originou e, naturalmente, ele é paralelo ao mesmo. Unidade I 18 Geometria Analítica Considerando os vetores 2,3u e 6,9v , verificar se os mesmos são paralelos. Para que os vetores sejam paralelos, devemos encontrar o parâmetro α que indica a proporcionalidade entre todas as componentes. Assim: 2 1 2 1 y y x x 3 1 9 3 3 1 6 2 Verificamos que 3 1 , logo, os vetores em questão são paralelos. 1.2.6 Módulo de um Vetor no Plano. O módulo de um vetor corresponde ao seu tamanho, intensidade ou magnitude da grandeza a que ele corresponde. Se tivermos dois pontos quaisquer, o módulo de um vetor também corresponderá à distância entre esses dois pontos. O cálculo do módulo de um vetor é realizado com o auxílio do Teorema de Pitágoras e da Figura 7 a seguir. Figura 7 – Módulo de um Vetor. Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Unidade I 19 Geometria Analítica Verificamos que, ao aplicarmos o Teorema de Pitágoras associado às componentes do vetor v , teremos: 22 yxv Concluímos que o módulo de um vetor corresponde à raiz da soma de suas componentes ao quadrado. O módulo de um vetor ta+mbém pode nos indicar a distância entre dois pontos quaisquer. Uma aplicação do módulo de um vetor é na determinação da distância entre dois pontos quaisquer. Sejam os pontos A(1,3) e B(2,5), conforme a Figura 8 a seguir. Vamos calcular a distância entre os pontos A e B. Figura 8 – Distância entre Dois Pontos. Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Unidade I 20 Geometria Analítica Conforme os aspectos teóricos vistos anteriormente, a distância entre os pontos A e B corresponderá ao módulo do vetor AB . Portanto, inicialmente, vamos determinar o vetor AB . 2,1AB 3,15,2AB ABAB E agora determinamos o módulo do vetor AB que corresponde à distância entre os pontos A e B. Fica nítido e claro pela Figura 7 essa correspondência entre a análise geométrica e algébrica. 5B,Ad 21B,Ad 22 1.2.7 Vetor Unitário no Plano. O vetor unitário, pela sua própria nomenclatura, nos deixa deduzir que seja um vetor com módulo igual a um. O vetor unitário tem a característica de manter a direção e sentido do vetor que o originou, porém com módulo igual a um. O cálculo do vetor unitário é feito de maneira simples, bastando dividir o vetor original pelo módulo dele mesmo. O vetor unitário é também chamado de versor. Assim, considerando um vetor v qualquer, o seu vetor unitário será dado por: v v v Unidade I 21 Geometria Analítica O vetor unitário tem muitas aplicações na física, principalmente na determinação de direção e sentido de grandezas do tipo campo elétrico, força elétrica, campo magnético, dentre outras. Para provarmos as características de um vetor unitário, pense e realize o seguinte procedimento: Escolha um vetor qualquer no espaço; Efetue o cálculo do seu vetor unitário; Multiplique esse vetor unitário pelo escalar 2; Verifique o resultado do módulo desse vetor unitário multiplicador por 2. Pense: O que aconteceu com o módulo desse vetor? 1.3 Vetores no Espaço Quando trabalhamos com vetores no plano estamos trabalhando em duas dimensões na base canônica i e j . Neste momento vamos trabalhar no espaço, ou seja, em três dimensões e de forma análoga no espaço, a nossa base canônica será composta de mais uma componente, no caso a componente k . As Figuras 9 e 10 nos mostram o sistema cartesiano ortogonal e a representação vetorial de um vetor v qualquer no espaço. Unidade I 22 Geometria Analítica Figura 9 – Sistema Cartesiano Ortogonal (Espaço). Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Figura 10 – Vetor no Espaço. Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e GeometriaAnalítica, 2000. Portanto, um vetor v no espaço pode ser expresso das seguintes maneiras: kzjyixv ou simplesmente por z,y,xv . Unidade I 23 Geometria Analítica 1.4 Operações com Vetores no Espaço 1.4.1 Adição e Subtração de Vetores no Espaço. As operações de adição e subtração de vetores no espaço são realizadas da mesma maneira do plano. Considerando dois vetores 111 z,y,xu e 222 z,y,xv , a soma de wvu , será igual a: 212121 zz,yy,xxw vuw 1.4.2 Multiplicação de um Vetor por um Escalar no Espaço. Multiplicar um vetor no espaço por um escalar α qualquer não nulo corresponde a multiplicar todas as suas componentes por esse escalar. Considerando o vetor 111 z,y,xu e um escalar qualquer α, fica definida a multiplicação por escalar da seguinte maneira: 111 z,y,xu Assim como no plano, ao multiplicarmos um vetor no espaço por um escalar qualquer, o seu tamanho irá aumentar ou diminuir de acordo com o valor do escalar α em questão. Uma forma de saber se a operação foi feita corretamente é fazendo o módulo desse vetor, onde, necessariamente, o módulo irá aumentar conforme o valor do escalar α aplicado. 1.4.3 Vetor Definido por Dois Pontos no Espaço. Um vetor no espaço que seja definido por dois pontos, um inicial e um final, segue as mesmas considerações que fizemos sobre o plano. Unidade I 24 Geometria Analítica Para o cálculo faremos sempre o ponto final do vetor subtraído do ponto inicial do mesmo. Assim, considerado um ponto 111 z,y,xA e um ponto final 222 z,y,xB , um vetor AB fica da seguinte forma: 121212 zz,yy,xxAB Sejam os pontos A(1,2,4) e B(3,1,2) e o vetor 1,3,2v , realizar a operação a seguir que aborda todos os conceitos vistos anteriormente: v2BAw Inicialmente faremos o vetor BA . 2,1,2BA 2,1,34,2,1BA BABA Agora somamos o vetor BA ao vetor v multiplicado por 2. 4,7,6w 2,6,42,1,2w )1,3,2(22,1,2w 1.4.4 Ponto Médio de um Vetor no Espaço. O ponto médio de um vetor no espaço, ou o ponto médio entre dois pontos no espaço, corresponde exatamente à metade do segmento definido por esse vetor ou segmento e segue o mesmo princípio de cálculo para o plano. Unidade I 25 Geometria Analítica O método de cálculo do ponto médio entre dois pontos 111 z,y,xA e 222 z,y,xB , que podem ou não definir um vetor, fica da seguinte maneira: 2 zz , 2 yy , 2 xx M 212121 1.4.5 Paralelismo de um Vetor no Espaço. Um vetor paralelo no plano tem a mesma estrutura de cálculo de um vetor paralelo no espaço. Devemos encontrar um parâmetro α que indica a proporcionalidade entre as componentes e assim nos garante o paralelismo entre os vetores no espaço. Portanto, considerando os vetores 111 z,y,xu e 222 z,y,xv , eles serão paralelos se e somente se a relação a seguir for satisfeita. 2 1 2 1 2 1 z z y y x x 1.4.6 Módulo de um Vetor no Espaço. Para calcularmos o módulo de um vetor no espaço basta inserirmos a terceira componente canônica no cálculo do mesmo. Da mesma forma que no plano, o módulo de um vetor no espaço indica a intensidade ou magnitude da grandeza envolvida e também pode definir a distância entre dois pontos quaisquer. Portanto, o módulo do vetor z,y,xv é dado por: 222 zyxv Unidade I 26 Geometria Analítica Sempre que calcularmos o módulo de qualquer vetor devemos nos atentar para que os valores dentro da raiz, necessariamente, serão positivos, pois um número positivo ao quadrado resulta em um número positivo e um número negativo ao quadrado também resulta em um número positivo. Sempre estaremos somando dentro da raiz quadrada. 1.4.7 Vetor Unitário no Espaço. O vetor unitário no espaço é calculado da mesma maneira que calculamos no plano. Portanto, para um vetor qualquer v , o seu unitário será definido por: v v v Unidade I 27 Geometria Analítica Seja o vetor 2,2,1u , determinar um vetor paralelo ao vetor u e que o mesmo possua um módulo igual a 2. Para resolvermos esse exemplo, inicialmente precisaremos calcular o vetor unitário do vetor u . 3 2 , 3 2 , 3 1 u 3 2,2,1 9 2,2,1 u 221 2,2,1 u u u u u u 222 u u Pela definição sabemos que o vetor unitário é um vetor que tem módulo igual a um e possui a mesma direção e sentido do vetor que o originou e sendo assim, ele é um vetor paralelo natural. Se o vetor unitário possui módulo igual a um e desejamos um vetor paralelo e com módulo igual a dois, basta multiplicarmos o vetor unitário pelo escalar α = 2, assim teremos: 3 4 , 3 4 , 3 2 u 3 2 , 3 2 , 3 1 2u u2u p p up Unidade I 28 Geometria Analítica Ao final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de realizar as operações envolvendo produto escalar e, assim, ser capaz de resolver situações problema que o envolvem. Ciclo 02 Unidade II – Produto Escalar Objetivos da Unidade Plano de Estudos II 29 Geometria Analítica 2.1 Produto Escalar Nesta unidade vamos estudar o produto escalar. Analisar, calcular e utilizar o produto escalar é sempre proveitoso, pois conhecer o produto escalar entre dois vetores nos permite o cálculo de diversos parâmetros extras e, então, podemos resolver diversas situações problema em matemática, física e engenharia. Existem, basicamente, duas formas de se calcular o produto escalar, uma delas é quando de posse do ângulo entre os vetores, e também dos seus módulos, e a outra maneira é quando conhecemos todas as componentes dos vetores em questão. Nossos estudos nos darão ferramentas matemáticas que irão nos permitir determinar os ângulos entre vetores, ângulos entre eixos ordenados, projeções entre vetores e aplicações na matemática, física e engenharia. Estudar o produto escalar é muito interessante e fascinante e, nos itens a seguir, teremos toda estrutura para determinar tais parâmetros, grandezas e, assim, conseguiremos analisar situações problema. 2.1.1 Definição Algébrica A definição algébrica de produto escalar, pelo próprio nome, vejam só: “produto escalar”, nos dá a ideia de que o resultado será do tipo escalar. Veremos, a seguir, que a operação algébrica que define o produto escalar mostra isso. Vamos considerar dois vetores 111 z,y,xu e 222 z,y,xv , e o produto escalar entre eles, o qual é representado por vu e é calculado por: 212121 zzyyxxvu A formulação anterior do produto escalar nos mostra claramente que o resultado é um escalar, ou seja, um número qualquer. Outra representação do produto escalar que vocês podem encontrar na literatura corrente sobre o conteúdo é da forma v,u. Unidade II Unidade II 30 Geometria Analítica Neste exercício devemos ficar atentos para realizar as operações com vetores antes de realizar o produto escalar. Em caso de dúvida na realização das operações com vetores, devemos retornar à Unidade I para revisar os conceitos. Uma forma de saber se o produto escalar está correto é verificando se a resposta está na forma de uma escalar, se estiver em forma de vetor, devemos conferir e refazer os cálculos, pois, necessariamente, a resposta será na forma de um escalar. Vamos considerar os vetores 3,2,1u e 4,3,2v e realizar as seguintes operações: a) vu Para a solução da letra a devemos somente aplicar o conteúdo visto nesse item, que é o produto escalar e, assim, resolvemos a questão: 16vu 1262vu 433221vu 4,3,23,2,1vu Verificamos, através do cálculo do produto escalar, que o resultado nos forneceu como resposta um escalar. b) u2vu Unidade II Unidade II 31 Geometria Analítica 6,4,2u2 3,2,12u2 7,5,1vu 4,3,23,2,1vu Agora que já calculamos os vetores necessários, podemos realizar o produto escalar solicitado no exercício. 60u2vu 42202u2vu 674521u2vu 6,4,27,5,1u2vu Verificamos que, novamente e de acordo com os aspectos teóricos vistos anteriormente, o resultado do produto escalar é um número. Vamos tentar solucionar um exercício mais complexo? Vou deixar a resposta e gostaria de todos tentassem resolver o exercício. A resposta é 1 . O desafio é: Dados os vetores 1,,4u e 3,2,v e os pontos A (4,-1,2) e B (3,2,-1), determinar o valor de tal que 1BAvu . Unidade II 32 Geometria Analítica 2.1.2 Propriedades do Produto Escalar As propriedades do produto escalar devem ser encaradas como facilitadoras do processo de cálculo e sempre devem ser usadas quando as condições forem satisfeitas. Iremos mostrar cada uma das quatro propriedades, explicar o seu significado e situações nas quais elas podem ser utilizadas. Vamos considerar quaisquer vetores não nulos u , v e w e o escalar real α também não nulo. I. uvvu Esta é a propriedade que nos mostra que, se invertermos a ordem de realização do produto escalar, o resultado não se altera, ela deve ser utilizada em situações onde já temos um resultado do produto escalar e no caso de inversão de ordem devemos aproveitar o mesmo resultado. II. wuvuwvu A propriedade II nos permite realizar o produto escalar envolvendo três vetores sem a necessidade real de se calcular uma soma vetorial. III. vuvuvu Os aspectos algébricos relacionados à propriedade III nos mostram que, se multiplicarmos o escalar antes do produto escalar ou depois, independentemente sobre qual vetor, o resultado não se altera. IV. 2 uuu A propriedade IV nos mostra que não precisamos realizar necessariamente o produto escalar quando ele é feito sobre ele mesmo. Esta propriedade se torna bastante útil quando já possuímos o módulo do vetor em questão, bastando então somente elevar o módulo dele ao quadrado e, assim, obter o resultado do produto escalar de um vetor sobre ele mesmo. Unidade II 33 Geometria Analítica 2.1.3 Cálculo do Ângulo entre Vetores Para que possamos determinar o ângulo entre dois vetores quaisquer e não nulos, antes precisamos analisar a formalidade que compõe a definição geométrica do produto escalar e, para tal, utilizaremos dois vetores u e v não nulos e entre os quais é formado um ângulo qualquer θ, e assim ficamos com a seguinte definição: cosvuvu Para que a definição fique bem clara para nós, vamos considerar o triângulo ABC da Figura 11 a seguir: Figura 11 – Triângulo ABC. WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. E assim, visualizando o triângulo ABC, inicialmente vamos aplicar a conhecida Lei dos Cossenos. Onde, então, chegaremos à seguinte formulação: cosvu2vuvu 222 Unidade II 34 Geometria Analítica Utilizando a definição mostrada no aspecto teórico do início deste item ( cosvuvu ), vamos substituir na formulação logo acima e, então, teremos: vu2vuvu 222 Portanto, podemos agora igualar as duas igualdades anteriores, o que vai nos resultar em: cosvu2vuvu2vu 2222 E assim provamos que: cosvuvu Em termos literais, queremos dizer que o produto escalar resultante entre dois vetores quaisquer não nulos é igual à multiplicação do valor de seus módulos pelo cosseno do ângulo formado entre eles, com o valor de θ entre 0o e 180º. Unidade II 35 Geometria Analítica Sempre que formos realizar um trabalho com os parâmetros citados nos aspectos teóricos anteriores, devemos nos atentar que, se trabalharmos com ângulos cujo valor de cosseno precisa ser calculado com a ajuda de uma calculadora, é necessário uma atenção redobrada na configuração do instrumento. Se estivermos trabalhando com os ângulos em graus, devemos configurar a calculadora para trabalhar da mesma maneira. Agora que já conhecemos a definição algébrica do produto escalar, já é possível determinar o ângulo entre dois vetores quaisquer não nulos, onde basta isolar o cosseno de θ na formulação base e depois determinar seu arco. Assim, da igualdade conhecida cosvuvu teremos: vu vu cos A determinação do ângulo entre vetores é uma das aplicações bem utilizadas na engenharia e na física. Saber trabalhar com o produto escalar e também operar a calculadora é fundamental para se obter os resultados corretos na determinação do ângulo entre vetores. Unidade II 36 Geometria Analítica Considerando os vetores )1,3,2(u e )4,2,1(v , vamos determinar o ângulo entre eles utilizando a formulação mostrada no item em questão. Como forma de solução do exercício, vamos fazer por partes, pois facilita os nossos cálculos, o exercício fica bem organizado e a possibilidade de errarmos fica reduzida. Inicialmente, vamos calcular o produto escalar entre os vetores: 8vu 462vu )4,2,1(1,3,2vu Agora, vamos determinar o módulo de cada um dos vetores. Primeiramente, o módulo do vetor u . 14u 132u 222 E, agora, o módulo do vetor v . 21v 421v 22 2 Unidade II 37 Geometria Analítica Verificamos que já temos todos os valores necessários para calcularmos o ângulo entre os vetores em questãoe assim aplicamos na formulação do cálculo: 466,0cos 2114 8 cos vu vu cos Vejamos que, nesse momento, temos o valor do cosseno de θ, mas queremos calcular o valor do arco, ou seja, do ângulo que possui o cosseno igual a 0,466. Então, devemos utilizar a função arc cosseno ou cos-1 da calculadora, portanto: o22,62 466,0cosarc Terminamos o exercício com o valor de 62,22 graus de angulação entre os vetores em questão. Unidade II 38 Geometria Analítica 2.1.4 Ângulos Diretores e Cossenos Diretores de um Vetor Agora que já sabemos como calcular o ângulo entre vetores, vamos aproveitar este conceito e aplicá-lo na determinação dos ângulos diretores e, consequentemente, dos cossenos diretores de um vetor qualquer não nulo. Os ângulos diretores correspondem aos ângulos que o vetor em questão irá formar com os eixos ordenados x, y e z em relação ao unitário desses eixos. A Figura 12 nos mostra esses ângulos α, β e . Figura 12 – Ângulos Diretores. Fonte:WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Uma forma de aprimorarmos nossos estudos e ganharmos conhecimento é através da prática de exercícios. Como sugestão, o link abaixo contém aspectos teóricos e exercícios que servem como aprimoramento do conhecimento. http://miltonborba.org/ALG/Produto_Escalar.pdf Unidade II 39 Geometria Analítica Veremos, agora, que o método de cálculo dos ângulos diretores segue o procedimento de cálculo do ângulo entre vetores, porém, ao invés de utilizarmos os dois vetores, iremos utilizar o vetor em questão e os ângulos serão determinados em relação ao unitário do eixo ordenado correspondente. Vamos considerar o vetor z,y,xv e, partindo dele, vamos equacionar o cálculo dos cossenos diretores e, consequentemente, dos ângulos diretores. Assim: v z 1v 1,0,0z,y,x kv kv cos v y 1v 0,1,0z,y,x jv jv cos v x 1v 0,0,1z,y,x iv iv cos A formulação a princípio parece ser complicada, mas se analisarmos veremos que cada ângulo diretor é correspondente ao cosseno da direção em questão dividida pelo módulo do vetor original. Se analisarmos a formulação e compararmos com os aspectos teóricos vistos sobre vetor unitário, veremos que cada cosseno diretor é igual a cada uma das componentes do vetor unitário, vejamos a seguir essa demonstração: cos,cos,cos v z , v y , v x v z,y,x v v Unidade II 40 Geometria Analítica Por fim, podemos utilizar uma formulação bastante recorrente, que nos é útil na determinação de parâmetros em alguns exercícios. Esta formulação corresponde à soma dos quadrados dos cossenos diretores e é igual a 1. 1coscoscos 222 Como orientação ao final dos conceitos dos ângulos diretores, devemos deixar claro que quando calcularmos o cosseno diretor é necessário utilizar a função arc cosseno ou cos-1 da calculadora para determinação do ângulo diretor correspondente. Neste exemplo, vamos utilizar as formulações de ângulos diretores para determinar os ângulos diretores do vetor )4,2,1(v . Inicialmente, vamos determinar o valor do módulo do vetor )4,2,1(v . Assim: 21v 421v 222 Agora, vamos aplicar na formulação para determinação de cada um dos cossenos diretores: Unidade II 41 Geometria Analítica Agora, vamos aplicar na formulação para determinação de cada um dos cossenos diretores: 872,0 21 4 v z cos 436,0 21 2 v y cos 218,0 21 1 v x cos Finalmente, vamos determinar os ângulos diretores utilizando a função arc cosseno ou cos-1 para chegarmos aos resultados. Assim: o4,77 ; o1,64 e o3,29 Utilizando os conceitos de ângulos diretores, determinar o valor do ângulo α, sabendo que os ângulos diretores de um vetor qualquer são iguais a 45º e 60º. Vamos utilizar este exercício para praticar e utilizar a formulação 1coscoscos 222 . Como resposta, o valor de α é de 60º ou 120º. Unidade II 42 Geometria Analítica 2.1.5 Projeção de um Vetor Sobre Outro A projeção de um vetor sobre outro é uma técnica muito utilizada na determinação de distâncias, alturas e parâmetros necessários para o cálculo de volumes quando mais de um vetor está envolvido no cálculo. Seu modo de calcular é bastante simples e envolve os conceitos de produto escalar que estamos estudando nesta unidade. Vamos considerar inicialmente dois vetores u e v não nulos e um ângulo θ formado entre eles e, para que possamos explicar melhor a projeção de um vetor sobre outro, vamos decompor o vetor v em dois vetores 1v e 2v , tais que: 21 vvv e sendo que 1v é paralelo a u e 2v é perpendicular a u , conforme podemos visualizar na Figura 13 a seguir. Figura 13 – Projeção de um Vetor Sobre Outro. Fonte:WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Nessa situação, e de acordo com a Figura 13, chamamos o vetor 1v de projeção ortogonal do vetor v sobre o vetor u e o modo como vamos representar algebricamente esses dizeres é feito como a seguir: vprojv u1 Unidade II 43 Geometria Analítica De posse da formulação algébrica, precisamos determinar agora os parâmetros necessários para a determinação dos valores desse vetor projeção e, assim, a determinação da projeção do vetor v sobre o vetor u fica definida da seguinte maneira: u uu uv vproj u Neste momento, é importante sabermos também a interpretação geométrica do módulo do produto escalar a qual está diretamente relacionada ao vetor projeção que estamos estudando neste item da unidade. Fica definido que o comprimento do vetor projeção de v sobre o vetor u , sendo o vetor u unitário, é equivalente ao módulo do produto escalar do vetor v pelo vetor u . Podemos provar tal afirmação partindo da formulação do vetor projeção e considerando 1u , assim: uuvvproj u , em função de sabermos que 1uuu 2 . Então: uuvuuvvproj u , que corresponde a: uvvproj u . Unidade II 44 Geometria Analítica Neste exemplo vamos determinar a projeção do vetor )1,3,2(v sobre o vetor )4,2,1(u . Para facilitar nossos cálculos, vamos calcular por parte cada um dos parâmetros da formulação de projeção de um vetor sobre outro e depois aplicar tais parâmetros na formulação em questão. 12uv 462uv 4,2,11,3,2uv 21uu 1641uu 4,2,14,2,1uu Agora, então, aplicamos os valores na formulação de projeção. 21 48 , 21 24 , 21 12 vproj 4,2,1 21 12 vproj u uu uv vproj u u u Logo, a projeção )1,3,2(v sobre o vetor )4,2,1(u corresponde ao vetor 21 48 , 21 24 , 21 12 . Unidade II 45 Geometria Analítica 2.1.6 Aplicações do Produto Escalar O produto escalar é uma ferramenta importante para a solução de problemas nas mais diversas áreas envolvendo a matemática, a física e a engenharia, visto que uma quantidade enorme de grandezas pode ser definida e calculada através do emprego do produto escalar. Uma das grandezas que pode se calculada através do produto escalar é o trabalho que veremos a seguir. A definição de trabalho nos diz que o mesmo corresponde à aplicação de uma determinada força F ao longo de uma determinada distância d e, assim, o trabalho fica sendo o produto dessa força em questão pela distância deslocada. Nem sempre a força tem a direção exata do deslocamento, podendo ser aplicada com uma determinada angulação θ, conforme podemos ver na Figura 14. Figura 14 – Força Aplicada a um Corpo. Fonte:WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Na Figura 14 podemos observar que a componente real da força F que realiza o trabalho é a direcionada para o eixo x, ou seja, xF , e também notamos que xF é paralela ao deslocamento dAB . Portanto, podemos definir cosdFFx , considerando θ, conforme mencionado anteriormente, como sendo o ângulo entre a força aplicada e o sentido do deslocamento. Unidade II 46 Geometria Analítica A grandeza em questão, o trabalho, definido pela letra W, é uma grandeza de natureza escalar, medido em Joules [J] cuja expressão de cálculo fica da seguinte maneira: cosdFW dFW Assim, vemos claramente a aplicação do produto escalar na física através do cálculo do trabalho de uma força. Diversas outras aplicações podem ser encontradas na literatura recorrente do assunto, tais como aplicações em engenharia civil e matemática aplicada. Unidade II 47 Geometria Analítica Vamos determinar o trabalho realizado por uma força F para deslocar um corpo do ponto A até o ponto B se a distância entre A e B é de 20 m, a força aplicada N10F e o ângulo o9,36 , conforme ilustração a seguir. Figura 15 – Força Atuando em um Bloco. Fonte:WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Para esse exercício devemos aplicar a formulação vista nos aspectos teóricos do item em questão, a qual se trata do trabalho realizado por uma força. J160W 8,0200W 9,36cos2010W cosdFW o Assim, de acordo com os cálculos, são necessários 160 J para se deslocar este corpo por 20 metros com a aplicação desta força angulada. Unidade II 48 Geometria Analítica Ao final desta unidade, o aluno deverá ser capaz de realizar as operações envolvendo produto vetorial e, então, ser capaz de resolver situações problema que o envolvem. Ciclo 03 Unidade III – Produto Vetorial Objetivos da Unidade Plano de Estudos III 49 Geometria Analítica 3.1 Produto Vetorial Nesta unidade, vamos estudar o produto vetorial. Analisar, calcular e utilizar o produto vetorial em situações problema nos faz enxergar de maneira diferente operações vetoriais. O produto vetorial é calculado através de operações entre vetores em um espaço vetorial. Seu resultado difere do produto escalar por ser também um vetor, ao invés de um escalar. Estudar o produto vetorial é de grande importância, pois diversas aplicações na Física podem ser resolvidas através do produto vetorial, dentre as quais podemos citar a força exercida sobre uma partícula com carga unitária mergulhada num campo magnético uniforme (produto vetorial do vetor velocidade da partícula pelo vetor campo magnético). Outro exemplo de aplicação do produto vetorial é possível obter da engenharia, na subárea da mecânica: uma força provoca um movimento de rotação em um corpo através do produto vetorial entre a força e o vetor de posição do ponto de aplicação, tomado como referência o eixo de rotação do corpo. Estamos vendo que conhecer e saber operar com o produto vetorial é de grande valia e suma importância para disciplinas futuras. 3.1.1 Definição Algébrica A definição algébrica do produto escalar, como o próprio nome sugere, vejam só: produto vetorial, nos dá a ideia de que o resultado será do tipo vetorial, indicando assim um vetor como resposta. Para a determinação do produto vetorial, é necessário que façamos uma breve revisão de determinantes, pois é através de determinantes que é realizado o cálculo do produto vetorial. Vamos iniciar com determinantes de ordem 2. Assim, a definição formal de determinantes de ordem 2 fica da seguinte maneira: 2121 22 11 xyyx yx yx Unidade III 50 Geometria Analítica Notamos que, para o cálculo de um determinante de ordem 2, devemos realizar a multiplicação dos termos da diagonal principal e, então, subtraímos o resultado da multiplicação dos termos da diagonal secundária. Vamos considerar a matriz 13 42 A e assim calcular seu determinante, utilizando a expressão geral mostrada anteriormente. 103412 13 42 Portanto, o determinante da matriz A é igual a -10. Agora que já conhecemos o modo de se calcular um determinante de ordem 2, passaremos para um de ordem 3 e verificaremos o seu procedimento de cálculo, veja: 22 11 22 11 22 11 222 111 yx yx c zx zx b zy zy a zyx zyx cba Essa metodologia de cálculo é conhecida pelo nome de Teorema de Laplace e consiste em reduzir a ordem inicial do determinante - no caso, ordem 3 - para determinantes de ordem 2, os quais sabemos calcular, como visto anteriormente. Unidade III 51 Geometria Analítica Vamos considerar a matriz 143 214 321 A e assim calcular seu determinante, utilizando a expressão geral mostrada anteriormente. 363163642811 143 214 321 43 14 3 13 24 2 14 21 1 143 214 321 Portanto, o determinante da matriz A é igual a 36. Agora que já conhecemos o modo de se calcular os determinantes de ordem 2 e 3, podemos calcular o produto vetorial que, como veremos a seguir, é a aplicação do cálculo de determinantes na geometria analítica. Vamos então considerar os seguintes vetores generalizados 111 z,y,xu e 222 z,y,xv e chamaremos de produto vetorial vu parao seguinte processo e vetor resultante: Unidade III 52 Geometria Analítica 22 11 22 11 22 11 yx yx k zx zx j zy zy ivu Assim, o produto vetorial de u por v também pode ser representado por u ^ v e, como leitores, devemos ler u vetorial v . Em termos generalizados, o produto vetorial fica representado como a seguir: 222 111 zyx zyx kji vu Nos itens seguintes desta unidade veremos quais informações esse vetor resultante do produto vetorial nos fornece. É necessário que tenhamos muita atenção e respeito pela ordem e posicionamento dos vetores no determinante. O primeiro vetor deve ser posicionado na segunda linha e o segundo vetor deve ser posicionado na terceira linha do determinante. A inversão dessa ordem implica na inversão do sentido do vetor resultado, o que altera completamente a orientação física do mesmo. Unidade III 53 Geometria Analítica Para fixar os conceitos vistos de produto vetorial, vamos aplicá-los a vetores como 2,1,3u e 4,3,1v e determinar um vetor w , que seja o produto vetorial entre os vetores u e v . O exemplo se resolve aplicando a definição vista anteriormente, logo: 31 13 k 41 23 j 43 21 i 431 213 kji vu yx yx k zx zx j zy zy i zyx zyx kji vu 22 11 22 11 22 11 222 111 10,10,10vu k10j10i10vu 19k212j64ivu Portanto, de acordo com os cálculos realizados, o vetor 10,10,10w . Unidade III 54 Geometria Analítica 3.1.2 Dispositivo Prático para o Cálculo do Produto Vetorial Agora que já conhecemos a maneira tradicional de se calcular o produto vetorial entre dois vetores, é interessante que conheçamos também um dispositivo prático que vai facilitar nossos cálculos, oferecendo uma nova maneira de se calcular o produto vetorial entre vetores. O dispositivo prático tem como vantagem principal o fato de não corrermos o risco de esquecer a troca do sinal do determinante intermediário, impedindo erros simples que comprometem o resultado do exercício em questão. A utilização do dispositivo prático é bem simples, basta realizar o passo a passo a seguir: 1. Escrevemos os dois vetores em linhas, o primeiro vetor em uma linha e o segundo vetor na linha de baixo. 2. Replicamos os dois primeiros termos de cada vetor e colocamos na sua linha correspondente. 3. Realizamos três determinantes simples de ordem dois, iniciando da segunda coluna com a terceira, depois da terceira com a quarta e, por fim, da quarta com a quinta coluna. 4. O resultado de cada um desses determinantes de ordem dois corresponde a uma das direções do vetor resultado do produto vetorial. Para que fique mais claro o passo a passo de utilização do dispositivo prático, veja o exemplo: Unidade III 55 Geometria Analítica Vamos determinar o resultado do produto vetorial entre os vetores 3,4,5u e 1,0,1v utilizando o dispositivo prático apresentado anteriormente. 1. Escrevemos os dois vetores em linhas, o primeiro vetor em uma linha e o segundo vetor na linha de baixo. Conforme a Figura 16, realizamos o passo 1. Figura 16 – Passo 1. Fonte:Adaptado de: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. 2. Replicamos os dois primeiros termos de cada vetor e colocamos na sua linha correspondente. Conforme a Figura 17, realizamos o passo 2. Figura 17 – Passo 2. Fonte: Adaptado de: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Unidade III 56 Geometria Analítica 3. Realizamos três determinantes simples de ordem dois, iniciando da segunda coluna com a terceira, depois da terceira com a quarta e, por fim, da quarta com a quinta coluna. 4. O resultado de cada um desses determinantes de ordem dois corresponde a uma das direções do vetor resultado do produto vetorial. Conforme Figura 18, realizamos os passos 3 e 4 e finalizamos a resposta do produto vetorial. Figura 18 – Passos 3 e 4 Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Assim, através do dispositivo prático, determinamos o valor do produto vetorial entre os vetores em questão e temos como resposta o vetor (4,-2,-4). Neste momento, é importante tratarmos de algumas propriedades relevantes do produto vetorial, vamos apresentá-las e realizar comentários sobre elas. Unidade III 57 Geometria Analítica Assim, através do dispositivo prático, determinamos o valor do produto vetorial entre os vetores em questão e temos como resposta o vetor (4,-2,-4). Neste momento, é importante tratarmos de algumas propriedades relevantes do produto vetorial, vamos apresentá-las e realizar comentários sobre elas. vuuv Essa propriedade nos mostra que, se invertemos a ordem dos vetores quando vamos realizar o cálculo, ocorre a inversão do sentido do vetor resultante. Em termos de módulo e direção nada se altera, mas o sentido é invertido. Essa proriedade implica em uma não comutatividade do produto vetorial. 0vu Essa propriedade acontece somente se os vetores u e v forem paralelos. Esse paralelismo e nulidade do resultado fica fácil de ser percebido; pois, como os vetores são paralelos, suas componentes serão proporcionais. Assim, ao realizarmos os determinantes, necessariamente teremos o resultado igual a zero. Unidade III 58 Geometria Analítica 3.1.3 Características do Produto Vetorial Chegamos a um tópico de fundamental importância para compreendermos as informações que o produto vetorial nos fornece. Ao analisamos as caraterísticas de um vetor, veremos que as informações que o produto vetorial nos fornece são as mesmas de um vetor normal, porém carregadas de significados adicionais que o tornam uma ferramenta muito importante em diversos segmentos de estudo. Analisaremos três características: direção, sentido e comprimento. Agora que sabemos, através da propriedade, que o produto vetorial não é comutativo, vamos tentar provar o fato através de valores numéricos? Esse é o desafio! De posse dos vetores 2,1,3u e 3,5,2v , prove que o produto vetorial não é comutativo. O que esperar como resposta? Espera-se como resposta um vetor e outro vetor com sentido invertido. Não deixe de tentar, pois esse desafio é uma boa oportunidade de praticar! Para a solução do produto vetorial e para tornar o desafio mais interessante, faça uma parte através de determinantes normaise outra parte através do dispositivo prático. Unidade III 59 Geometria Analítica 1. Direção de vu A direção do vetor resultante do produto vetorial entre u e v nos fornece um vetor que é simultaneamente ortogonal aos mesmos. Um vetor simultaneamente ortogonal é um vetor que forma um ângulo reto (90 graus) entre os vetores que o originaram. Uma maneira de provar essa ortogonalidade é utilizar os conceitos vistos na unidade 2, que tratam do produto escalar, onde sabemos que dois vetores são ortogonais a partir do momento em que o resultado do produto escalar entre eles é igual a zero. Portanto, podemos complementar a primeira característica do produto vetorial em análise com as seguintes proposições: 0uvu e 0vvu Se aplicarmos tal formulação ao teorema de determinantes, teremos a seguinte formatação: 222 111 111 zyx zyx zyx uvu Assim, provamos que pelo fato de duas linhas serem iguais nesse determinante, necessariamente o resultado vai ser igual a 0, comprovando a ortogonalidade entre os vetores. Para mostrar geometricamente, a Figura 19 ilustra essa situação da ortogonalidade entre os vetores e produto vetorial. Unidade III 60 Geometria Analítica Figura 19 – Produto Vetorial. Fonte:WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Vamos calcular o produto vetorial entre os vetores 2,1,1u e 1,2,3v . Dica: iremos provar a ortogonalidade entre eles, garantindo que nosso exercício está correto. Como forma de praticar o dispositivo prático, iremos determinar o produto vetorial entre os vetores solicitados. 1,5,3 23123 11211 vu Através do dispositivo prático, chegamos ao vetor resultado do produto vetorial como sendo o vetor (-3,5,-1). Agora, utilizaremos uma forma de provar e verificar que nosso resultado está correto, ou seja, provaremos a ortogonalidade entre os vetores. Assim: 02532,1,1)1,5,3(uvu 011091,2,3)1,5,3(vvu Unidade III 61 Geometria Analítica 2. Sentido de vu Existem várias maneiras de se determinar o sentido do vetor resultante do produto vetorial entre u e v , vamos apresentar duas delas: a regra da mão direita e o dispositivo permutação cíclica simples. Iniciamos com a regra da mão direita, onde a mão é aplicada com os dedos no sentido do primeiro vetor e, com esses dedos no sentido do primeiro vetor, fechamos a mão rumo ao outro vetor. O sentido do vetor resultado do produto vetorial será para onde o dedo polegar apontar. A Figura 20 nos auxiliará na compreensão da aplicação da regra da mão direita. Como verificado, ambas as proposições para teste do resultado do produto vetorial foram iguais a zero. Assim, comprovadamente, o vetor resultante é simultaneamente ortogonal aos vetores que o originaram. Vamos agora à segunda característica do produto vetorial. Unidade III 62 Geometria Analítica Figura 20: Regra da Mão Direita. Fonte:WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. O outro dispositivo para determinação do sentido do produto vetorial é através da permutação cíclica dos vetores. Inicialmente, mostramos a Figura 21 e a seguir explicamos o procedimento de uso. Figura 21: Permutação Cíclica. Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. A permutação cíclica é bem simples, vejamos a indicação da seta com o valor (+), isso nos diz que, ao girarmos naquele sentido, o resultado fica positivo; e se giramos no sentido contrário, o resultado fica negativo. Por exemplo, se fizemos Unidade III 63 Geometria Analítica o produto vetorial entre as direções i e j , o resultado será um vetor na direção k . Outro exemplo é se fizermos o produto vetorial entre as direções i e k , o resultado será um vetor na direção j . Notamos que ambas as utilizações são de grande praticidade e facilidade de aplicação, cabendo a nós atenção ao aplicar as regras específicas de cada uma delas. Por fim, vamos à última característica do produto vetorial. 3. Comprimento de vu Sempre que tratamos de dois vetores não paralelos haverá um ângulo diferente de zero entre eles e é a partir dessa premissa, considerando um ângulo qualquer θ entre os vetores u e v , que podemos definir o comprimento, ou tamanho, do vetor resultante do produto vetorial: senvuvu Essa é uma característica bastante simples de ser analisada e calculada em função de obtermos os parâmetros necessários. Uma aplicação recorrente é a determinação do ângulo entre vetores através da mesma. No próximo item, iremos verificar o significado do comprimento desse vetor resultante do produto vetorial. Vamos exemplificar para tornar mais fácil a compreensão da aplicação da formulação. Unidade III 64 Geometria Analítica Agora, vamos determinar o módulo desse produto vetorial e o módulo de cada um dos vetores. 2142)1(v 14132u 2307)9(10vu 222 222 222 Verificamos que já temos todos os valores necessários para calcularmos o ângulo entre os vetores em questão. Assim, aplicamos na formulação do comprimento do produto vetorial isolando o )(sen . 884,0sen 2114 230 sen vu vu sen Vejamos que, neste momento, temos o valor do seno de θ, mas queremos calcular o valor do arco, ou seja, do ângulo que possui o seno igual a 0,884. Então, devemos utilizar a função arc seno ou sen-1 da calculadora, portanto: o22,62 884,0senarc Terminamos o exercício com o valor de 62,22 graus de angulação entre os vetores em questão. Unidade III 65 Geometria Analítica 3.1.4 Interpretação Geométrica do Módulo do Produto Vetorial Para iniciarmos a análise da interpretação geométrica do módulo do produto vetorial que calculamos nas seções anteriores, vamos considerar o paralelogramo formado pelos vetores u e v não nulos, conforme podemos ver pela Figura 22 a seguir. Figura 22 – Paralelogramo. Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Vamos considerar, para o paralelogramo em questão, a base sendo como o módulo do vetor u , u e sua altura correspondente sendo como o produto do módulo do vetor v pelo seno do ângulo formado entre os vetores, )(senv . Assim, fica claro que a área desse paralelogramo pode ser definida pela formulação: Vale lembrar que não deve deixar de estar sempre estudando o nosso guia de estudos e buscar, através de pesquisas como a indicada anteriormente, aumentar o saber e formas de visualizar a disciplina. Unidade III 66 Geometria Analítica )(senvualturabaseA Essa formulação, se analisarmos os aspectos teóricos vistos anteriormente, nos leva a concluir que: vuA Então, o resultado do produto vetorial nos forneceum vetor cujo módulo é igual ao valor da área do paralelogramo que os vetores produzem. É importante deixar claro que o resultado do produto vetorial poderá ser expresso por: a área do paralelogramo determinado pelos vetores u e v é numericamente igual ao comprimento do vetor resultado do produto vetorial entre u e v . Uma forma interessante de provar os pressupostos mencionados anteriormente é através de uma exemplificação que vai nos mostrar claramente a relação do comprimento do vetor resultante do produto vetorial e a área do paralelogramo. Para tal, vamos determinar o produto vetorial entre )0,0,2(u e )0,3,0(v . Unidade III 67 Geometria Analítica Inicialmente, vamos determinar o produto vetorial através do dispositivo prático: 6,0,0 30030 02002 vu Sabendo que o produto vetorial resulta em um vetor (0,0,6), vamos fazer agora o módulo desse vetor resultado do produto vetorial, assim teremos: 66vu 2 Agora, analisando a Figura 23, vamos confirmar que o vetor resultante do produto vetorial tem comprimento igual a 6 e a área formada pelo paralelogramo dos vetores u e v também é igual a 6. Figura 23: Produto Vetorial. Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. Unidade III 68 Geometria Analítica Através desse exemplo provamos a postulado do produto vetorial, onde fica claro que seu comprimento é igual ao valor da área formada pelo paralelogramo dos vetores geradores do produto vetorial. Neste momento, é interessante apresentarmos algumas propriedades algébricas e específicas do produto vetorial, as quais podem nos ser úteis para solução de uma maior variedade de exercícios. Vamos considerar quaisquer vetores não nulos u , v e w e o escalar real α também não nulo. V. wvuwvu A propriedade I nos mostra que o produto vetorial não é associativo. VI. wuvuwvu Através da propriedade II, podemos realizar a distributiva do produto vetorial, conseguindo assim o mesmo resultado, essa propriedade pode agilizar nossos cálculos dependendo dos parâmetros iniciais. VII. vuvuvu De acordo com a propriedade III, podemos realizar a multiplicação do escalar α no produto vetorial antes ou depois do produto, mantendo-se assim o resultado final. Existe ainda uma quarta propriedade, que relaciona o produto escalar juntamente com o produto vetorial – essa propriedade será tratada como um item particular de nosso guia de estudos: é o nosso item 2.1.5, que veremos após alguns exercícios propostos. Unidade III 69 Geometria Analítica Este é o momento de praticarmos os conhecimentos! Então, de posse dos vetores )4,1,1(u e )2,2,3(v , determine alguns vetores de acordo com o que se pede: a) Um vetor ortogonal a u e v Dica: Utilizar o dispositivo prático para a solução do problema. Resposta: (10,-10,5) b) Um vetor ortogonal a u e v e também unitário Dica: Já possuímos o vetor simultaneamente ortogonal feito na letra a do exercício. Agora, utilizando os conhecimentos adquiridos na unidade anterior, calcule o vetor unitário partindo desse vetor ortogonal. Resposta: 3 1 , 3 2 , 3 2 c) Um vetor ortogonal a u e v e com módulo igual a 5 Dica: Já possuímos o vetor simultaneamente ortogonal feito na letra a do exercício, e também o vetor unitário feito na letra b do exercício. Então, veja: se o vetor unitário tem módulo igual a 1, e queremos um vetor com módulo igual a 5, basta multiplicarmos o vetor unitário por 5. Resposta: 3 5 , 3 10 , 3 10 Unidade III 70 Geometria Analítica Considerando um triângulo equilátero de lado ABC, calcular a área do paralelogramo composto pelos lados AB e AC, conforme representação a seguir: Dica: Utilizar a formulação base do produto vetorial considerando o ângulo entre os vetores. Resposta: 86,6 Dados os vetores )1,1,1(u e )4,3,2(v determinar a altura do paralelogramo relativa à base definida pelo vetor u , conforme representação a seguir: Dica: Utilizar a definição de área. A = (base) x (altura) Resposta: 1,414 Unidade III 71 Geometria Analítica 3.1.5 Produto Vetorial Associado ao Produto Escalar (Produto Misto) Neste momento, é importante mostrarmos outra aplicação do produto vetorial, porém agora está associada ao produto escalar. Vamos tomar como base os vetores 111 z,y,xu , 222 z,y,xv e 333 z,y,xw e, mantendo a ordem, o produto misto entre eles nos fornece como resposta o escalar que é simbolizado por wvu . A forma de cálculo do produto misto é através de um determinante de ordem 3; onde, para a solução, podemos aplicar a Regra de Sarrus. A montagem do determinante é mostrada a seguir, vale atentar-se para o fato de que a ordem dos vetores deve ser respeitada no posicionamento no determinante. 333 222 111 zyx zyx zyx wvu Então, aplicando a Regra de Sarrus para o determinante mostrado anteriormente, o produto misto entre os vetores em questão é calculado através da repetição das duas primeiras colunas ao lado da última. Então, realizam-se três multiplicações em diagonal da esquerda para a direita; e subtrai-se esse resultado de outras três multiplicações da direita para esquerda, conforme formulação a seguir. )xyz()yzx()zxy()yxz()xzy()zyx(wvu yxzyx yxzyx yxzyx wvu 321321321321321321 33333 22222 11111 Unidade III 72 Geometria Analítica Podemos verificar que, pelo cálculo do produto misto, teremos como resposta um escalar e esse escalar pode nos fornecer duas informações bem interessantes e cruciais em diversos exercícios e aplicações. I. Coplanaridade dos Vetores (Vetores no mesmo plano) Esta é uma propriedade bem interessante e de fácil observação. Se tivermos vetores no mesmo plano, quando fizermos o produto escalar entre dois deles e tivermos como resultado outro vetor que é perpendicular a eles; ao ser realizado o produto escalar com o vetor restante, se o resultado for zero, isso indica que o ângulo entre eles é de 90º, ou seja, eles são perpendiculares, indicando assim a coplanaridade dos vetores. A Figura 24 nos mostra geometricamente essa afirmação. Figura 24: Vetores Coplanares. Fonte: WINTERLE, Paulo. Vetores e Geometria Analítica, 2000. A maneira como representamos a coplanaridade entre os vetores é mostrada a seguir: 0 zyx zyx zyx wvu 333 222 111 Unidade III 73 Geometria Analítica Neste caso, a ordem dos vetores não irá influenciar no resultado, pois o objetivo é determinar se os vetores são ou não coplanares. Qualquer resultado diferente de zero indica que os vetores não estão no mesmo plano. II. Volume do Paralelepípedo Composto Pelos Vetores Ao
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