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MATERIAL COMPLETO DE CONSTITUCIONAL 24 DE ABRIL

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DIREITO 
CONSTITUCIONAL 
PROF.DR.FERNANDO A. S. ALVES 
• 1. CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO 
• SUBSTANCIAL (OU MATERIAL) 
• Fala-se em Constituição no sentido 
substancial quando o critério definidor se 
atém ao conteúdo das normas 
examinadas. 
• A Constituição será, assim, o conjunto de 
normas que instituem e 
competências dos principais 
fixam as 
órgãos do 
Estado, estabelecendo como serão 
dirigidos e por quem, além de disciplinar 
as interações e controles recíprocos entre 
tais órgãos. 
• Compõem a Constituição 
esse ponto de vista, as 
também, sob 
normas que 
limitam a ação dos órgãos estatais, em 
benefício da preservação da esfera de 
autodeterminação dos indivíduos e 
grupos que se encontram sob a regência 
desse Estatuto Político. 
• Essas normas garantem às pessoas uma 
posição fundamental ante o poder público 
(direitos fundamentais) 
• Esse é o conceito material de Constituição 
que o constitucionalismo moderno sugere. 
É de se notar, contudo, que, ultrapassado 
o momento histórico caracterizado pela 
preocupação predominante de conter o 
poder, o Estado foi levado a assumir 
novas funções e tarefas, que os desafios 
da História foram-lhe propondo como 
essenciais para a própria existência da 
comunidade política 
• Ante o risco de dilaceração interna, em 
e crescentes virtude das angustiantes 
desigualdades de fato verificadas na sua 
população, agravadas pelas pressões do 
crescimento demográfico e acentuadas pela 
concentração de rendas que o sistema 
econômico ensejava, o Estado passou a 
assumir um papel ativo de redefinição 
social, com vistas a prosseguir o ideal de 
integração nacional que também lhe 
compete. 
• O Estado de direito descobriu que lhe é 
essencial a busca da justiça social. 
Deu-se conta, ainda, de que a sociedade 
se tornou acentuadamente plúrima, em 
termos de concepção de vida e de 
interesses essenciais, e de que a todos os 
membros da comunidade é devida a 
consideração e o respeito em termos de 
proteção normativa básica. 
• Decerto que essa realidade que nos 
chega até hoje provoca uma redefinição, 
também, no conceito material da 
Constituição. 
• Se os 
direito continuam relevantes para 
elementos do Estado liberal de 
a 
definição substancial da Constituição, 
agora também normas de novo tipo serão 
tidas como cruciais para a ordenação 
fundamental da comunidade. 
• A integração política 
Constituição não pode prescindir 
a que visa a 
da 
verificação de que a sociedade em que 
atua é plural e que o atendimento das 
necessidades vitais de todos os seus 
membros configura objetivo 
indeclinável para a subsistência da 
comunidade política 
• Dessa forma, a Constituição tem por 
meta não apenas erigir a arquitetura 
normativa básica do Estado, ordenando- 
lhe o essencial das suas atribuições e 
escudando os indivíduos contra eventuais 
abusos, como, e numa mesma medida de 
importância, tem por alvo criar bases para 
a convivência livre e digna de todas as 
pessoas, em um ambiente de respeito e 
consideração recíprocos. 
• Isso reconfigura o Estado, somando-lhe 
às funções tradicionais as de agente 
intervencionista e de prestador de 
Serviços. 
• Isso é o que observa Konrad Hesse, 
quando diz que, no processo político da 
moderna sociedade pluralista, “a 
compensação entre 
opiniões, 
diferentes 
aspirações, 
como a 
interesses e 
resolução e regulação de 
conflitos, converteram-se em tarefa 
arquetípica e condição de existência do 
Estado”. 
• O ordenamento jurídico dessa tarefa, 
indispensável para a formação de uma 
unidade 
prossegue 
política, está entregue, 
Hesse, à “Constituição, 
mediante os seus direitos fundamentais”. 
• É a Constituição que — além de instituir 
órgãos supremos 
competências, a 
e regular-lhes as 
par de traçar “o 
procedimento com que se hão de superar 
os conflitos que surjam dentro da 
comunidade” — deverá estabelecer “os 
princípios fundamentais do 
ordenamento jurídico, e não só da vida 
estatal em sentido estrito. 
• Positiva princípios 
estabelecer e aplicar as normas 
e critérios para 
do 
ordenamento. Ordena todas as esferas 
de vida essenciais à convivência” 
• Por outras palavras, a Constituição 
passa a ser o local para 
normativamente também 
delinear 
aspectos 
essenciais do contato das pessoas e 
grupos sociais entre si, e não apenas as 
suas conexões com os poderes públicos. 
• É o que Hesse explica, ao escrever que 
“também são ordenados na Constituição os 
fundamentos de esferas vitais que nada têm 
a ver, de forma direta, com a formação da 
unidade política e ação estatal, como é o 
caso do ordenamento jurídico civil: 
matrimônio, família, propriedade, herança, 
fundamentos do Direito Penal, princípios do 
ensino, liberdade religiosa ou das relações 
laborais ou sociais. 
• Em tudo isso, a Constituição é o plano 
sentido à forma jurídica 
determinados princípios que 
de 
estrutural básico, orientado por 
dão 
uma 
comunidade.” 
• O conceito material de Constituição, 
portanto, segue a inteligência sobre o 
papel essencial do Direito e do Estado 
na vida das relações em uma 
comunidade. 
• A Constituição, como ordem jurídica 
fundamental da comunidade, abrange, 
hoje, na substancial, as 
normas 
sua acepção 
que organizam aspectos 
básicos da estrutura dos poderes 
públicos e do exercício do poder, 
normas que protegem as liberdades em 
face do poder público e ....... 
• normas que tracejam fórmulas de 
compromisso e de arranjos 
institucionais para a orientação das 
missões sociais do Estado, bem como 
para a coordenação de interesses 
multifários, característicos da sociedade 
plural. 
• CONSTITUIÇÃO EM SENTIDO FORMAL 
• A Constituição, em sentido formal, é o 
documento escrito e solene que 
positiva as normas jurídicas superiores 
da comunidade do Estado, elaboradas 
por um processo constituinte 
específico. 
• São constitucionais, assim, as 
normas que aparecem no diploma 
constitucional, que resultam das 
fontes do direito constitucional, 
independentemente do seu conteúdo. 
• Em suma, participam do conceito da 
Constituição formal todas as normas 
que forem tidas pelo poder constituinte 
originário ou de reforma como normas 
constitucionais, situadas no ápice da 
hierarquia das normas jurídicas. 
• Como se nota, a noção de Constituição 
formal adere a uma concepção igualmente 
importante — a de fonte do direito 
• constitucional. 
• Da mesma forma, a distinção 
• entre Constituição material e Constituição 
• formal enseja uma classificação de 
normas 
• constitucionais. São dois temas que 
merecem 
• ser examinados. 
• 1. Classificação das Constituições 
• A classificação das constituições pode se 
dar de diversas formas distintas, 
dependendo dos critérios utilizados para 
distinguir as constituições. 
• 1.1 Quanto à origem 
• Quanto à origem observar-se-á a forma de 
colocação da constituição no Estado, se 
será imposta ou democrática. 
• A constituição 
“promulgada”, “democrática” 
“popular” quando é elaborada com 
é chamada de 
ou 
a 
participação do povo que irá ordenar, por 
meio da democracia direta ou da 
democracia representativa (eleição direta 
de uma Assembleia Nacional 
Constituinte). No Brasil, foram instituídas 
de forma democrática as constituições de1891, 1934, 1946 e 1988. 
• As constituições nomeadas como 
“outorgadas” ou “impostas” são aquelas 
elaboradas sem a participação popular, 
impostas pelos governantes ao povo. 
• Elas são o resultado de uma manifestação 
unilateral daqueles que exercem a gestão 
do Estado. No Brasil, foram instituídas de 
forma outorgadas as constituições de 
1824, 1937, 1967 e a emenda 
constitucional de 1969. 
• Há, ainda, na classificação de José 
Afonso da Silva, as constituições 
nomeadas como “cesaristas”. Elas são 
fruto de uma elaboração autoritária pelo 
Estado, mas passam 
popular posterior 
por aprovação 
por meio de 
plebiscito. 
• Ex.: Constituição do Chile, elaborada 
durante a ditadura de Augusto Pinochet 
(1973-1990) e promulgada em 1980. 
• Paulo Bonavides cita, também, a 
classificação 
Pactuadas”, 
de “constituições 
como aquelas que se 
efetivam por meio de um pacto realizado 
entre o rei (Executivo) e o Legislativo, 
determinando que o monarca tenha que 
se sujeitar a limites constitucionais. 
• Ex.: Magna Carta de 1215, na qual os 
barões ingleses obrigaram o rei João I 
(João sem terra) a assinar e conceder 
direitos de liberdade e propriedade. 
• 1.2. Quanto à forma 
• Quanto à forma classificar as 
constituições 
pode-se 
como constituições 
“escritas” e “não escritas”. 
• As constituições escritas são aquelas 
materializadas em um documento escrito 
a fim de instrumentalizar e 
garantir 
se buscar 
a obediência de suas 
determinações. 
• As constituições não escritas não são 
e, portanto, não se codificadas 
materializam 
constituição. 
de forma 
Essas 
específica como 
constituições 
baseiam-se nos costumes e, por isso, 
são utilizadas em Estados com 
consuetudinárias. 
• Ex.: Constituição Inglesa em que parte 
das normas são costumeiras. 
• No caso das constituições não escritas é 
importante salientar que nada 
que essas constituições 
impede 
sejam 
compostas, em parte, por costumes e 
em parte por normas escritas. 
constituição são os costumes, mas 
• Na Inglaterra, por exemplo, parte da 
a 
jurisprudência e as normas basilares que 
fazem parte da constituição são escritas. 
• 1.3. Quanto ao modo de elaboração 
• As constituições poderão ser elaboradas 
de formas diferentes e em momentos 
diferentes e esparsos. 
• A constituição nomeada como 
“dogmática” é aquela elaborada em um 
único período, de uma só vez, sofrendo 
influências da época e do momento em 
que foi elaborada. 
• A constituição “histórica” é elaborada 
“aos poucos”, pois surge com o 
passar do tempo e com a evolução 
da sociedade. 
• 1.4. Quanto à extensão 
• As constituições 
classificadas como 
extensas são 
“prolixas” ou 
“analíticas” e são aquelas que, além de 
versar sobre os conteúdos básicos de 
uma constituição, optam por abordar 
outros assuntos no texto 
constitucional, e por isso ficam bastante 
estendidas. 
• No Brasil, a Constituição da República 
de 1988 é extremamente extensa, pois o 
regime anterior à constituição era ditatorial 
e o constituinte entendeu ser mais seguro 
defender e determinar como seriam as 
relações estatais no Estado Democrático, 
por meio do texto constitucional, norma 
suprema do Estado. 
• Essas constituições prolixas tendem a 
ser menos estáveis, pois como tratam de 
assuntos diversos acabam precisando 
com mais frequência de uma adaptação 
legislativa do texto à evolução humana. 
• As constituições “concisas” ou “sintéticas” 
possuem um conteúdo restrito ao que é 
estritamente necessário de ser tratado 
pela constituição. 
• Ex.: a Constituição dos Estados Unidos da 
América é composta de apenas sete 
artigos originais e vinte e sete emendas. 
• 1.5. Quanto à finalidade 
• As constituições podem ser classificadas 
ao se analisar a finalidade da 
elaboração do texto constitucional. 
• É nomeada como “constituição garantia” 
aquela que pretende garantir os 
direitos fundamentais frente ao Estado, 
determinando limites para a atuação do 
Estado. 
• A constituição será “dirigente” ou 
“programática” quando os seus artigos 
definirem objetivos para o futuro e para 
a atuação estatal. 
• O legislador constituinte “dirige” a atuação 
futura dos órgãos governamentais. 
• 1.6. Quanto à estabilidade 
• O nível de estabilidade de uma 
constituição leva em conta o grau de 
facilidade que se encontra para 
modificar o texto da constituição de um 
Estado. 
• Entende-se que a colocação da 
constituição como norma suprema de um 
Estado exige uma proteção especial 
para que esse texto seja modificado. 
• São classificadas como “constituições 
imutáveis” aquelas que não admitem 
qualquer tipo de modificação. 
• Esse tipo de constituição não é popular, 
devido à dificuldade que ela coloca para a 
novas demandas sempre trazidas 
atualização do texto constitucional às 
pela 
evolução da sociedade. 
• As “constituições rígidas” são aquelas 
que admitem a modificação de seus 
textos, mas que exigem que a alteração 
ocorra somente após um processo 
legislativo mais dificultoso do que o 
utilizado para a elaboração de leis 
ordinárias. 
• As constituições “semi-rígidas” 
estabelecem um processo legislativo 
mais complexo para a modificação da 
constituição somente para parte de seu 
texto constitucional, sendo o restante 
modificado 
modificação 
nos mesmos critérios de 
de lei ordinária. Ex.: 
Constituição Brasileira de 1824. 
• As “constituições flexíveis” são aquelas 
que permitem a mudança do texto 
constitucional, por meio do mesmo 
processo ordinário de elaboração e 
modificações de leis. 
• A rigidez constitucional decorre do 
princípio de supremacia do texto 
constitucional, que coloca a constituição 
como norma suprema do Estado. 
• Essa observação leva à conclusão de que 
a constituição é a “norma de validade” 
que “filtra” todos as leis e atos 
normativos, para conferir validade a eles, 
no Estado Constitucional. 
• Além disso, todas as atuações do 
Executivo e Judiciário também devem 
passar pelo crivo da constituição. 
• O Estado deixou 
legislativo 
de ser 
de Direito, 
somente um 
no qual Estado 
somente 
passavam 
as normas 
por 
e atos 
uma 
normativos 
“filtragem 
constitucional” e se efetivou como um 
Estado Democrático e Constitucional de 
Direito, a partir do momento que se exige a 
obediência 
daqueles 
à constituição também 
que aplicam e executam a 
legislação no caso concreto (Executivo e 
Judiciário). 
• A constituição brasileira de 1988 é 
classificada como 
maioria 
uma constituição 
dos autores, pois rígida pela 
possui um processo legislativo 
dificultado para a modificação do texto 
constitucional. 
• Entretanto, para Alexandre de Moraes ela 
se classifica como um a constituição 
super rígida, pois além de possuir essa 
rigidez, possui artigos que são imutáveis, 
conhecidos como Cláusulas Pétreas (Art. 
60, § 4º, Constituição). 
• 1.7. Quanto ao conteúdo 
• A constituição, quanto ao conteúdo, é 
classificada como ‘material’ ou ‘formal’. 
• As constituições que possuem apenas 
conteúdos essencialmente constitucionais 
são chamadas de ‘materiais’, pois 
cuidam somente de matérias, assuntos 
constitucionais, e reservam à 
legislação infraconstitucional os outros 
conteúdos. 
• As constituições formais, além do 
conteúdo material, tratam deassuntos 
extras, colocados na constituição por 
escolha do legislador constituinte, mas 
que poderiam estar previstos em outras 
normas. 
• A constituição da República de 1988 é 
uma constituição formal, pois por ser 
prolixa, além de possuir o 
materialmente constitucional 
conteúdo 
também 
trata de assuntos que poderiam ser 
tratados por leis infraconstitucionais. 
• 1.8. Quanto à sistemática 
• As constituições, em relação 
sistemática, são classificadas 
à sua 
como 
‘codificadas’ quando estão contidas em 
um só texto, em um só código. 
• As constituições variadas são as que 
são compostas por mais de um texto 
normativo, sendo formadas por um 
conjunto de leis. 
Constituição de 1988 • Inicialmente, a 
classifica-se como 
autores estão 
codificada, 
questionando 
mas os 
essa 
classificação devido à possibilidade de 
internacionais de direitos tratados 
humanos poderem 
com status de emenda 
ser recepcionados 
constitucional, 
após a aprovação da Emenda Constitucional 
45 de 2004. (constituição variada por 
controle de convencionalidade). 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROFESSOR DOUTOR FERNANDO A. S. ALVES 
PODER CONSTITUINTE 
• ORIGEM 
• A ideia de que a Constituição é fruto de um 
poder distinto dos que estabelece, a afirmação 
da existência de um Poder Constituinte, fonte 
da Constituição e, portanto, dos poderes 
constituídos (dentre os quais o Legislativo) é 
contemporânea da de Constituição escrita. 
• Na verdade, é no panfleto de Siéyès, 
Qu’est-ce que le tiers état?, que isso se 
afirma explicitamente pela primeira vez. 
• De fato, era na Antiguidade desconhecida 
essa ideia. Tanto na Grécia como em Roma 
as leis de conteúdo constitucional não se 
distinguiam formalmente das demais e se 
manifestavam sobretudo nos costumes, 
alterando-se pelos órgãos 
ordinários ou pela invenção 
legislativos 
individual 
(Licurgo, Sólon). 
• Da mesma forma, a Idade Média não a 
conheceu. e como tais só o decurso do 
tempo as podia mudar. As regras de 
matéria constitucional eram costumeiras. 
Igualmente não se separavam essas regras 
das outras, por sua forma. 
• Nos albores da época moderna, a 
concepção, formulada pelos legistas, de leis 
fundamentais, caracterizadas por sua 
matéria, por sua superioridade e por sua 
estabilidade, trazia implícita essa ideia. 
Mas, ainda, então, não se chegou a ela. 
• No século XVIII, desenvolve-se a ideia de 
“poder constituinte”, na França, a partir de 
uma profunda mudança de mentalidade 
que marca o fim da Idade Média e o início 
da Idade Moderna. 
• Há uma gradativa substituição do 
teocentrismo (doutrina ou crença que 
considera Deus como o centro de tudo) 
pelo antropocentrismo (ideia na qual se 
defende que o homem deve estar no 
centro das ações, da cultura, da história e 
da filosofia). 
• Essa mudança de paradigma desenvolve o 
ideal do “racionalismo”, como decorrência 
da visão iluminista que traz uma 
concepção organizacional racionalizada da 
humanidade. 
• Resumindo, a ideia básica é a de que não 
há mais um ser divino que comanda os 
ideais humanos, mas o próprio ser 
humano e sua racionalidade definirão as 
formas de organização das relações 
estatais. 
• Esses ideais levam à criação da “Teoria do 
Poder Constituinte”, idealizada pelo francês 
Emmanuel Joseph Sieyès, na obra intitulada 
“O que é o terceiro Estado?”. Na sua 
publicação, Sieyès questiona o que é o 
terceiro Estado. 
• O primeiro Estado seria o clero, o segundo, 
a nobreza, sendo essas as classes que 
exerciam o poder. Entretanto, Sieyès afirma 
que o terceiro Estado seria o povo, que 
também deveria exercer o poder. 
• Ele questiona o papel do povo na sociedade 
e afirma que há uma origem popular do 
poder. 
• O povo se torna o detentor da capacidade 
de elaborar um documento legal com 
características de superioridade 
hierárquica legislativa, que ficou intitulado 
de constituição. 
• O nome constituição explica muito bem o 
seu ideal, ou seja, ela cria, viabiliza o 
nascimento das regras às regras vigentes 
no Estado. 
• Sieyès nomeou esse poder de origem 
popular e titularidade popular de “poder 
constituinte.” 
• Entretanto, o poder constituinte não se 
confunde com os “poderes” constituídos 
do Estado, ou seja, com o Executivo, 
Legislativo e Judiciário. O 
constituinte existe a partir da 
poder 
origem 
popular, sendo um poder de fato. 
• Ele possibilita a elaboração e modificação 
da constituição. Por outro lado, na 
constituição existirá o estabelecimento dos 
“poderes” constituídos: Executivo, 
Legislativo e Judiciário. 
• O poder constituinte é um só e de 
titularidade do povo. 
• As ideias de Sieyès levam à possibilidade de 
estabelecimento do Estado Constitucional 
de Direito, ou seja, o povo, legítimo titular 
de poder, elaborando a regra máxima que 
vai vigorar no Estado. 
• CONCEITO DE PODER CONSTITUINTE 
• -Segundo Natalia Masson, O poder 
constituinte é a energia (ou força) política 
que se funda em si mesma, a expressão 
sublime da vontade de um povo em 
estabelecer e disciplinar as bases 
organizacionais da comunidade política. 
• Autoridade suprema do ordenamento 
jurídico, exatamente por ser anterior a 
qualquer normatização jurídica, o poder 
constituinte é o responsável pela 
elaboração da Constituição, esta norma 
jurídica superior que inicia a ordem jurídica 
e lhe confere fundamento de validade. 
• Por ser um poder que constitui todos os 
demais e não é por nenhum instituído, é 
intitulado "constituinte", termo que revela 
toda sua potência criadora e faz jus à sua 
atribuição: a criação de um novo Estado 
(sob o aspecto jurídico), a partir da 
apresentação de um novo documento 
constitucional. 
• No Brasil, o poder do povo está estipulado 
no artigo 1o, parágrafo único da 
Constituição da República de 1988: “Art. 1o 
- Parágrafo único. Todo o poder emana do 
povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos 
termos desta Constituição”. 
• Observa-se que no texto do artigo da 
constituição a palavra “poder” está no 
singular porque é somente um poder, 
elementar do Estado. Essa conclusão 
histórica é fruto do questionamento da 
Revolução Francesa contra o Absolutismo, 
colocando limites à atuação do Estado, em 
prol do interesse popular. 
• No Brasil, portanto, “todo poder emana do 
povo”, mas quem é o “povo”? 
• Segundo a doutrina clássica o povo é 
constituído por aqueles elencados no artigo 
12 da Constituição que trata de 
nacionalidade, ou seja, o povo são os 
nacionais de um Estado. 
• No artigo 2o da Constituição trata-se dos 
poderes constituídos, Legislativo, 
Executivo e Judiciário, que não são objeto 
de tratamento no tópico em questão, pois 
se diferem do poder constituinte. 
• O poder constituinte é um poder de fato, 
pois não existe um regramento específico 
e normativo para fins de exercício desse 
poder. 
• O poder só é exercido quando há, 
factualmente, a necessidade de se adequar 
uma nova realidade social e novos valores 
com o que está disposto e juridicamente 
disciplinado na constituição. 
• Entretanto, a consequência do exercício 
desse poder será jurídica, pois se 
materializará na constituição. 
• A convocação para o exercício do poder 
constituinte se dá, via de regra, por meio 
da convocação de uma Assembleia 
Nacional Constituinte. 
• Observe o preâmbulo da constituição se 
referindo a essa hipótese: 
• Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos 
em Assembleia Nacional Constituintepara 
instituir um Estado Democrático, destinado a 
assegurar o exercício dos direitos sociais e 
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, 
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como 
valores supremos de uma sociedade fraterna, 
pluralista e sem preconceitos, fundada na 
harmonia social e comprometida, na ordem 
interna e internacional, com a solução pacífica 
das controvérsias, promulgamos, sob a proteção 
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 
FEDERATIVA DO BRASIL. BRASIL. Constituição da 
República Federativa do Brasil (1988). Brasília: 
Senado, 1988). 
• NATUREZA 
• Qual é a natureza do Poder Constituinte? É 
ele um poder de fato, isto é, uma força que 
se impõe como tal, ou um poder de 
direito, ou seja, um poder que deriva de 
regra jurídica anterior ao Estado que 
funda? 
• Essa questão, na verdade, é o próprio 
problema do fundamento do Direito. 
• De fato, o Direito positivo (no sentido de 
direito posto pelo Estado) se subordina à 
Constituição, de modo que o fundamento 
desta é o fundamento de todo o Direito 
positivo. 
• Para quem entender que o Direito só é Direito 
quando positivo, a resposta é que o Poder 
Constituinte é um poder de fato, no 
sentido de que se funda a si próprio, não se 
baseando em regra jurídica anterior. (tese 
de contornos juspositivistas). 
• Para os que admitem a existência de um 
Direito anterior ao Direito positivo, a 
solução é que o Poder Constituinte é um 
poder de direito, fundado num poder 
natural de organizar a vida social de que 
disporia o homem por ser livre. (tese de 
contornos jusnaturalistas) 
• Na realidade, parece preferível a segunda 
tese. O Direito não se resume ao Direito 
positivo. 
• Há um Direito natural, anterior ao Direito 
do Estado e superior a este. 
• Deste Direito natural decorre a liberdade 
de o homem estabelecer as instituições por 
que há de ser governado. Destarte, o poder 
que organiza o Estado, estabelecendo a 
Constituição, é um poder de direito. 
• PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
• A autoridade máxima da Constituição, 
reconhecida pelo constitucionalismo, vem 
de uma força política capaz de estabelecer 
e manter o vigor normativo do Texto. 
• Essa magnitude que fundamenta a validez 
da Constituição, desde a Revolução 
Francesa, é conhecida com o nome de 
poder constituinte originário. 
• Ao contrário do que ocorre com as normas 
infraconstitucionais, a Constituição não 
retira o seu fundamento de validade de 
um diploma jurídico que lhe seja superior, 
mas se firma pela vontade das forças 
determinantes da sociedade, que a 
precede. 
• Poder constituinte originário, portanto, é a 
força política consciente de si que resolve 
disciplinar os fundamentos do modo de 
convivência na comunidade política. 
• O conceito de poder constituinte originário 
é devedor dos estudos do abade Sieyès, 
autor do opúsculo Que é o Terceiro Estado 
?, verdadeiro manifesto da Revolução 
Francesa. 
• No livro, Sieyès assinala, nas vésperas da 
Revolução, que o chamado Terceiro Estado 
— que englobava quem não pertencesse à 
nobreza ou ao alto clero, e que, portanto, 
incluía a burguesia —, embora fosse quem 
produzisse a riqueza do país, não dispunha 
de privilégios e não tinha voz ativa na 
condução política do Estado. 
• No livro, o Terceiro Estado reivindica a 
reorganização política da França. Nesse 
contexto, Sieyès teoriza sobre o poder 
constituinte originário. 
• Sieyès enfatiza que a Constituição é 
produto do poder constituinte originário, 
que gera e organiza os poderes do Estado 
(os poderes constituídos), sendo, até por 
isso, superior a eles. 
• Sieyès se propunha a superar o modo de 
legitimação do poder que vigia, baseado na 
tradição, pelo poder político de uma 
decisão originária, não vinculada ao direito 
preexistente, mas à nação, como força que 
cria a ordem primeira da sociedade. 
• Distancia-se, assim, da legitimação 
dinástica do poder, assentada na vinculação 
de uma família ao Estado, pela noção de 
Estado como “a unidade política do povo” 
• Para isso, cercou o conceito do poder 
constituinte originário de predicados 
colhidos da teologia, ressaltando a sua 
desvinculação a normas anteriores e 
realçando a sua onipotência, capaz de criar 
do nada e dispor de tudo ao seu talante. 
• Entendia que o povo é soberano para 
ordenar o seu próprio destino e o da sua 
sociedade, expressando-se por meio da 
Constituição. 
• O povo, titular do poder constituinte originário, 
apresenta-se não apenas como o conjunto de 
pessoas vinculadas por sua origem étnica ou pela 
cultura comum, mas, além disso, como “um 
grupo de homens que se delimita e se reúne 
politicamente, que é consciente de si mesmo 
como magnitude política e que entra na história 
atuando como tal.” 
• É possível, em todo caso, que um segmento 
do povo aja como representante do povo, 
dele obtenha o reconhecimento, e atue 
como poder constituinte originário — o que 
correspondia à pretensão da burguesia na 
Revolução Francesa. 
• -É nesse sentido que se formou a 
Assembleia Nacional Constituinte. 
PODER • CARACTERÍSTICAS DO 
CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
• Em suma, podemos apontar três 
características básicas que se reconhecem 
ao poder constituinte originário. 
• Ele é inicial, ilimitado (ou autônomo) e 
incondicionado. 
• É inicial, porque está na origem do 
ordenamento jurídico. 
• É o ponto de começo do Direito. Por isso 
mesmo, o poder constituinte não pertence 
à ordem jurídica, não está regido por ela. 
• Decorre daí a outra característica do poder 
constituinte originário — é ilimitado. Se ele 
não se inclui em nenhuma ordem jurídica, 
não será objeto de nenhuma ordem 
jurídica. O Direito anterior não o alcança 
nem limita a sua atividade. Pode decidir o 
que quiser. 
• De igual sorte, não pode ser regido nas 
suas formas de expressão pelo Direito 
preexistente, daí se dizer incondicionado. 
• O caráter ilimitado, porém, deve ser 
entendido em termos. 
• Diz respeito à liberdade do poder 
constituinte originário com relação a 
imposições da ordem jurídica que existia 
anteriormente. Mas haverá limitações 
políticas inerentes ao exercício do poder 
constituinte. 
• Se o poder constituinte é a expressão da 
vontade política da nação, não pode ser 
entendido sem a referência aos valores 
éticos, religiosos, culturais que informam 
essa mesma nação e que motivam as suas 
ações. 
• Por isso, um grupo que se arrogue a 
condição de representante do poder 
constituinte originário, se se dispuser a 
redigir uma Constituição que hostilize 
esses valores dominantes, não haverá de 
obter o acolhimento de suas regras pela 
população, não terá êxito no seu 
empreendimento revolucionário e não será 
reconhecido como poder constituinte 
• originário. 
• Afinal, só é dado falar em atuação do 
poder constituinte originário se o grupo 
que diz representá-lo colher a anuência do 
povo, ou seja, se vir ratificada a sua 
invocada representação popular. 
• Do contrário, estará havendo apenas uma 
insurreição, a ser sancionada como delito 
penal. Quem tenta romper a ordem 
constitucional para instaurar outra e não 
obtém a adesão dos cidadãos não exerce 
poder constituinte originário, mas age 
como rebelde criminoso. 
• Por isso, sustenta-se que a Constituição é o 
normado pela vontade constituinte, e, 
além disso, o que é reconhecido como 
vinculante pelos submetidos à norma. 
• Sem a força legitimadora do êxito do 
empreendimento constituinte não há falar 
em poder constituinte originário, daí não se 
prescindir de uma concordânciada 
Constituição com as ideias de justiça do 
povo. 
• É por isso, também, que os estudos sobre o 
poder constituinte originário costumam se 
referir à eficácia atual, como traço 
distintivo desse ente. 
• Quem atua como poder constituinte 
originário “deve-se consistir numa força 
histórica efetiva, apta para realizar os fins 
a que se propõe”. 
• Não é quem quer ou pensa estar legitimado 
para tanto que será poder constituinte 
originário, mas “quem está em condições 
de produzir uma decisão eficaz sobre a 
natureza da ordem.” 
• Pode-se falar em limitação intrínseca do 
poder constituinte originário, ainda, sob 
outro ângulo. 
• Não há espaço para decisões caprichosas 
ou totalitárias do poder constituinte 
originário, já que ele existe para ordenar 
juridicamente o poder do Estado; portanto, 
vai instituir um Estado com poderes 
limitados. 
• “Um poder absoluto que queira continuar 
a ser absoluto não cabe numa 
Constituição, (...) que representa uma 
delimitação frente ao exercício arbitrário do 
poder ou frente ao domínio puro e duro da 
arbitrariedade. 
• PODER CONSTITUINTE DERIVADO 
• O poder constituinte derivado é também 
chamado de poder constituinte instituído, 
secundário, de 2o grau ou remanescente. 
• O poder constituinte derivado tem esses 
sinônimos porque tecnicamente ele não é 
um poder constituinte, mas um poder 
constituído, uma vez que no momento da 
elaboração da constituição o legislador 
constituinte irá determinar juridicamente 
como o poder constituinte derivado será 
exercido. 
• Portanto, a própria constituição 
estabelecerá como deverá ser exercido, 
daquele momento em diante, quando se 
desejar alterá-la. 
• É exatamente por essa característica que 
recebe o nome de poder constituinte 
“derivado”, pois deriva do exercício do 
poder constituinte originário, que traça 
suas características na constituição. 
• Espécies de poder constituinte derivado 
• O poder constituinte derivado se divide em 
três espécies: Decorrente, Reformador e 
Revisor. As três espécies de poder 
constituinte derivado são previstas e 
estipuladas pelo próprio texto da 
constituição, tendo características próprias. 
• Poder constituinte derivado revisional 
• A revisão é ampla e genérica, sendo 
exceção, pois é via extraordinária de 
modificação da constituição. 
• A revisão constitucional se dá por meio de 
emendas constitucionais amplas, 
chamadas de revisionais, que possuem o 
intuito de analisar a adaptação do novo 
texto constitucional à sua aplicação prática, 
fazendo- se ajustes. 
• A revisão constitucional está prevista no 
artigo 3o do ADCT: “Art. 3º. A revisão 
constitucional será realizada após cinco 
anos, contados da promulgação da 
Constituição, pelo voto da maioria absoluta 
dos membros do Congresso Nacional, em 
sessão unicameral.” 
• Assim sendo, a revisão só pode ocorrer 5 
anos após a edição da constituição 
(limitação temporal) e em sessão 
unicameral do Congresso Nacional, sem 
distinguir Câmara dos Deputados de 
Senado Federal. 
• Além disso, o quórum de aprovação da 
emenda constitucional revisional deve se 
dar pela maioria absoluta dos membros do 
Congresso Nacional, ou seja, "mais que a 
metade" do número total de indivíduos que 
compõe o Congresso Nacional. 
• Poder constituinte derivado reformador 
• O poder constituinte derivado reformador 
estabelece a via ordinária de alteração da 
constituição, tendo caráter pontual e 
específico, tratando de temas particulares 
do texto constitucional, em obediência aos 
limites impostos na própria constituição. 
• A reforma se faz por meio de ‘emendas 
constitucionais’. O artigo 60 da constituição 
prevê a reforma constitucional, por meio 
de emendas constitucionais específicas, o 
que não se confunde com o exercício do 
poder constituinte originário revisor. 
• Os limites circunstanciais são aqueles que 
impedem, diante de situações 
excepcionais, a alteração do 
sociais 
texto 
constitucional. 
• O objetivo desses limites é preservar a 
integralidade do Estado Democrático de 
Direito quando esteja passando por 
momentos de instabilidade social, que 
possam impedir a livre manifestação do 
poder constituinte derivado. 
• Nesse caso, quando o Estado está passando 
por um período de Estado de Legalidade 
Extraordinária, não poderão ser discutidas 
e aprovadas emendas constitucionais. 
• As situações que não permitem a reforma 
do texto constitucional são: Estado de 
Defesa (Art. 136), Estado de Sítio (Art. 137) 
e Intervenção Federal (Art. 34). 
• As limitações materiais referem-se a temas 
(matérias) que a constituição protege e as 
coloca como impossíveis de serem restritas 
ou abolidas pela reforma constitucional. 
• O legislador constituinte, em regra, 
permitiu a alteração da constituição, mas 
alguns conteúdos afirmou que não podem 
ser restringidos ou abolidos da 
constituição. Esses temas são intitulados 
pela doutrina de Cláusulas Pétreas. 
• Importante chamar atenção para o Art. 60, 
§ 4º, inciso IV, que fala de direitos e 
garantias individuais e não dos direitos 
fundamentais, pois a doutrina majoritária 
tem entendido que sua interpretação deve 
ser restrita ao exato texto constitucional. 
• Exemplo de emenda constitucional que 
tratou de cláusula pétrea, para ampliá-la, 
foi a emenda 45 de 2004 que incluiu no Art. 
5o os parágrafos 3o e 4o, tratando de 
direitos e garantias individuais. 
• Portanto, é permitida a mudança trazida 
pelos parágrafos 3o e 4o do Art. 5o da 
constituição, pois os direitos e garantias 
individuais não foram restritos ou 
abolidos, mas ampliados. 
• Essa conclusão decorre do entendimento 
de que direitos e garantias fundamentais 
não são taxativos, restritos somente ao 
que já foi positivado, mas exemplificativos, 
pois a evolução das relações humanas faz 
surgir novos direitos fundamentais a serem 
protegidos. 
• Em relação ao inciso II do § 4º, do artigo 60 
da constituição, é importante ressaltar que 
os aspectos que são cláusulas pétreas do 
voto são: voto direto (o povo escolhe 
exatamente a pessoa que vai exercer o 
cargo), secreto (não há a obrigação de se 
revelar o voto), universal (todos podem 
votar e seu voto tem o mesmo peso) e 
periódico (é obrigatória a consulta a cada 
período de mandato estipulado na 
constituição). 
• Entretanto, não são somente as regras do 
Art. 60, § 4º da constituição que são 
cláusulas pétreas, pois a doutrina conclui 
pela existência das chamadas cláusulas 
pétreas implícitas. 
• Essas cláusulas decorrem de um raciocínio 
lógico. 
• Assim sendo, o próprio artigo 60 é 
considerado pelo sistema constitucional 
como uma cláusula pétrea implícita, pois 
caso ele fosse alterado por uma emenda 
constitucional, as cláusulas explicitas 
poderiam ser desrespeitadas. 
• Além do artigo 60, todos os dispositivos 
estruturantes e fundamentais do Estado 
brasileiro são vistos como cláusulas 
pétreas, em especial o Art. 1o 
(fundamentos da República Federativa do 
Brasil), Art. 3o (objetivos da República 
Federativa do Brasil) e Art. 34, VII 
(princípios constitucionais sensíveis). 
• O Poder Constituinte Derivado Reformador 
possui limitações formais que se dividem 
em limitações subjetivas e objetivas. 
• As limitações formais subjetivas tratam de 
“quem” pode propor um Projeto de 
Emenda Constitucional (PEC). São 3 os 
legitimados para propor uma ‘PEC’: 
• Art. 60. A Constituição poderá ser 
emendada mediante proposta: 
• I - de um terço, no mínimo, dos membros da 
Câmara dos Deputados ou do Senado 
• Federal; 
• II - do Presidenteda República; 
• III - de mais da metade das Assembleias 
Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando- 
• se, cada uma delas, pela maioria relativa 
de seus membros. 
• As limitações formais objetivas tratam das 
outras condições que a constituição impõe 
para permitir a mudança de seu texto, por 
meio de emendas constitucionais. 
• A primeira exigência acerca do regime de 
votação e aprovação da reforma 
constitucional é que a PEC seja discutida e 
votada, em cada casa do Congresso 
Nacional (Câmara dos Deputados e Senado 
Federal), e que em cada uma das duas 
casas a votação tem que se dar em 2 
turnos, ou seja, 4 votações ao todo. 
• Vota-se 2 vezes na Câmara e, se aprovado, 
vota-se 2 vezes no Senado. Via de regra a 
PEC começa na Câmara dos Deputados, 
salvo se proposto por 1/3 do Senado. 
• Ela só será aprovada se obtiver, em ambas 
as casas, 3/5 dos votos dos respectivos 
membros (60%) da maioria absoluta. 
• O quórum é, portanto, maior que o da 
aprovação de leis (maioria simples) e da 
revisão constitucional (maioria absoluta). 
• Além disso, a matéria que constar de uma 
PEC e que foi rejeitada ou prejudicada não 
pode ser reapresentada na mesma sessão 
legislativa, ou seja, no mesmo ano, 
independente do quórum. 
• Poder constituinte derivado decorrente 
• O poder constituinte derivado decorrente é 
o poder outorgado aos entes estaduais da 
federação de editarem as suas próprias 
constituições. 
• Nas federações há mais de um poder 
constituinte, pela existência do poder 
constituinte decorrente. 
• O federalismo brasileiro, por ter 
características próprias, determina que os 
entes federativos brasileiros não tenham a 
mesma liberdade do federalismo 
estadunidense. 
• Os estados-membros podem editar suas 
próprias constituições, mas o poder 
constituinte decorrente é limitado a 
obedecer os ditames e estar de acordo com 
a Constituição da República. 
• O art. 11 do ADCT estabeleceu a existência 
do poder constituinte derivado decorrente: 
“Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com 
poderes constituintes, elaborará a 
Constituição do Estado, no prazo de um 
ano, contado da 
Constituição Federal, 
promulgação da 
obedecidos os 
princípios desta” 
• Muitas normas das constituições estaduais 
são repetições da constituição federal e, 
por isso, recebem o nome de “normas de 
repetição”. 
• Somente as normas constitucionais, que 
não são de repetição obrigatória, 
permitirão ao estado- membro agir de 
forma autônoma ao elaborar a sua 
constituição e estabelecer um regramento 
próprio. 
• Portanto, 
nos estados existe poder 
constituinte, que é derivado da própria 
constituição e está, portanto, limitado e 
condicionado ao poder constituinte 
originário. 
• Há uma polêmica em relação aos 
municípios, pois no artigo 18 da 
constituição eles estão incluídos no rol de 
entes federativos, sendo que antes de 1988 
eram considerados como autarquias: 
• “Art. 18. A organização político - 
administrativa da República Federativa do 
Brasil compreende a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios, todos 
autônomos, nos termos desta 
Constituição.” 
• Diante dessa premissa, questiona-se se os 
municípios também possuem poder 
constituinte decorrente. 
• Entretanto, entende-se que o município 
não pode exercer poder constituinte e 
criar constituições municipais, sendo que 
há somente uma lei orgânica do município 
que tem a mesma funcionalidade de uma 
constituição municipal, mas tecnicamente 
não é um documento constitucional. 
• A Constituição da República de 1988 não 
conferiu aos municípios poder constituinte 
decorrente, somente aos estados. 
• A lei orgânica do município, portanto, não 
tem natureza de norma constitucional, não 
há poder constituinte decorrente 
municipal, sendo que se for desobedecida 
não se gera uma inconstitucionalidade, 
apenas uma ilegalidade. 
• Poder constituinte difuso 
• Na sociedade existem grupos, instituições e 
pessoas que têm poder de interpretar e 
aplicar a constituição e, como esse poder 
está espalhado em toda a sociedade, a 
doutrina o nomeia como ‘poder 
constituinte difuso’. 
• Pode-se questionar o motivo desse poder 
ser visto e intitulado como um poder 
constituinte, mas essas interpretações 
podem modificar o sentido do texto 
constitucional na sociedade, gerando uma 
mudança nas normas constitucionais. 
• A sociedade interpreta a constituição de 
formas distintas a partir de sua evolução 
histórica e o poder social ganha o nome 
doutrinário de poder constituinte difuso. 
• Há uma alteração informal da constituição, 
pois o texto não é alterado, mas o 
significado da norma constitucional se 
modifica provocando-se o fenômeno da 
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL. 
• Há a mudança da interpretação da 
constituição, sem se alterar o texto da 
norma. 
• É importante destacar que a mutação 
constitucional tem que estar presa às 
normas e ao sistema constitucional, sendo 
impossível a interpretação do texto 
constitucional de forma arbitrária. 
• Assim, como se pode falar em mutação 
constitucional, pode-se falar também em 
mutação inconstitucional, que não é 
permitida, pois vai contra a própria 
constituição. 
. • Poder constituinte supranacional 
• Segundo essa teoria, o poder constituinte é 
possível de ser exercido além das fronteiras 
territoriais dos Estados nacionais, por meio 
da união de Estados, em prol da elaboração 
de uma constituição comunitária que 
englobe mais de um Estado. 
• Esse poder constituinte é chamado de 
‘poder constituinte supranacional 
• A intenção é observar direitos com o ideal 
de universalidade dos direitos humanos, 
gerando uma maior interação entre 
diferentes povos e integração no âmbito 
interno e internacional. 
• A União Europeia tem passado por um 
processo de constitucionalização em 
“bloco”, e apesar de terem sido frustradas 
as suas tentativas de unificar os 
documentos constitucionais dos Estados, o 
Tratado de Lisboa, que entrou em vigor em 
2009, tem fortes características de 
integração nacional, conforme defende a 
teoria do poder constituinte supranacional. 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
PROF.DR.FERNANDO A. S. 
ALVES 
• Normas Constitucionais: 
aplicabilidade e eficácia 
• As normas constitucionais, apesar de 
serem dotadas de obrigatoriedade, 
podem possuir diferentes graus de 
eficácia. 
Assim, 
quanto 
as normas constitucionais, 
ao grau de eficácia, são 
classificadas em: 
• 1.1 Normas Constitucionais de eficácia 
plena 
• As normas constitucionais de eficácia 
plena têm a possibilidade de produzir 
efeitos desde o momento em que são 
editadas e entram em vigor, pois não 
dependem de outras normas para serem 
efetivadas. 
• Elas já são completas e estão aptas a 
serem seguidas de imediato. 
• 1.2. Normas Constitucionais de 
eficácia contida 
• As normas constitucionais de eficácia 
contida tiveram 
restrita após a 
sua abrangência 
sua entrada em 
vigor, pois eram de eficácia plena e 
foram restritas em sua aplicabilidade. 
• As normas de eficácia contida poderão ser 
restritas: 
• • pelo legislador infraconstitucional. 
(Ex.: art. 5º, VIII; art. 5º, XIII; art. 37, I da 
Constituição de 1988); por outras normas 
constitucionais. (Ex.: arts. 136 a 141 da 
Constituição de 1988); por conceitos 
jurídicos consagrados na doutrina e na 
jurisprudência.(Ex.: conceito de ordem 
pública na aplicação do art. 5º, XXV da 
Constituição de 1988). 
• 1.3.Normas Constitucionais de eficácia 
limitada• As normas constitucionais de eficácia 
limitada são o oposto das normas de 
eficácia plena, pois, no momento de 
entrada em vigor do texto constitucional, 
não possuem a possibilidade de serem 
aplicadas, por dependerem de 
regulação específica do legislador 
ordinário para serem regulamentadas. 
• Segue abaixo a CLASSIFICAÇÃO DE 
JOSÉ AFONSO DA SILVA 
• NORMAS DE PRINCÍPIO INSTITUTIVO 
(ORGANIZACIONAIS) 
• Nas quais o legislador constituinte indica 
que é necessária a estruturação 
posterior do órgão estatal, previsto na 
constituição, por atuação do legislador 
ordinário. 
• As normas de princípio institutivo podem 
ser impositivas (obrigatórias) ou 
facultativas. 
• Ex.: Art. 33: “a lei disporá sobre a 
organização administrativa e judiciária dos 
Territórios”. 
• NORMAS DE PRINCÍPIO 
• PROGRAMÁTICO 
• Tratam de programas institucionais a 
serem cumpridos pelo governo em prol do 
interesse social. Ex.: Art. 6o (direito à 
alimentação, art. 196 (direito à saúde) etc. 
DE NORMAS 
— REGRAS E 
• MODALIDADES 
CONSTITUCIONAIS 
PRINCÍPIOS 
• Atenta às particularidades 
constitucionais, a doutrina 
das normas 
lhes flagrou 
uma classificação, que é de considerável 
interpretação valia para o processo da 
constitucional. 
• Consideradas em conjunto, as 
normas constitucionais são vistas 
como a pertencer a um sistema 
normativo, que lhes imprime uma 
certa ordem de propósitos e que 
configura um todo tendencialmente 
coeso e que se pretende 
harmônico. 
• Observou-se, 
estruturalmente, 
porém, 
essas 
que, 
normas 
podiam ser enquadradas em dois 
tipos normativos, que atraem 
perspectivas também distintas de 
solução de problemas de aplicação 
das normas. 
• Ganhou a doutrina mais moderna 
uma classificação das normas, que 
as separa em regras e princípios. 
• Em geral, tanto a regra como o princípio 
• são vistos como espécies de normas, uma 
vez que ambos descrevem algo que deve 
ser. 
• Ambos se valem de categorias 
deontológicas comuns às normas — o 
mandado (determina-se algo), a 
permissão (faculta-se algo) e a proibição 
(veda-se algo). 
• Quando se trata de estremar regras e 
princípios, porém, é bastante 
frequente o emprego do critério da 
generalidade ou da abstração. 
• Os princípios seriam aquelas 
normas com teor mais aberto do 
que as regras. 
• Próximo a esse critério, por vezes se 
fala também 
assentaria 
que a distinção se 
no grau de 
de determinabilidade dos casos 
aplicação da norma. 
• Os princípios corresponderiam às 
normas que carecem de 
mediações concretizadoras por 
parte do legislador, do juiz ou da 
Administração. 
• Já as regras seriam as normas 
suscetíveis de aplicação imediata. 
• Valendo-se de outro ângulo, a separação 
entre regras e princípios por vezes é 
sugerida como sendo devedora do critério 
da importância da norma para o conjunto 
do ordenamento jurídico, especialmente 
sob o aspecto de ser a norma o 
fundamento de outras normas, quando 
então participaria da modalidade do 
princípio.. 
• Até a proximidade da ideia de direito 
é usada para a diferenciação. 
• Os princípios seriam padrões que 
expressam exigências de justiça. 
• Os princípios teriam, ainda, virtudes 
multifuncionais, diferentemente das 
regras. 
• Os princípios, 
desempenhariam 
nessa 
também 
linha, 
uma 
função argumentativa. 
• Por serem mais abrangentes que as 
regras e por assinalarem os 
standards de justiça relacionados 
com certo instituto jurídico, seriam 
instrumentos úteis para se 
descobrir a razão de ser de uma 
regra ou mesmo de outro princípio 
menos amplo. 
• Assim, o 
informaria 
princípio da igualdade 
o princípio da 
acessibilidade de todos aos cargos 
públicos, que, de seu turno, confere 
a compreensão adequada da norma, 
que exige o concurso público para o 
preenchimento desses cargos. 
• Já que os princípios estruturam um 
instituto, dão ensejo, ainda, até 
mesmo à descoberta de regras que 
não estão 
enunciado 
expressas em um 
legislativo, ensejando, 
com isso, o desenvolvimento e a 
integração do ordenamento jurídico. 
• Aqui, cabe pensar no princípio da 
moralidade e no princípio da 
publicidade como determinantes da 
proibição de que 
público possa 
um concurso 
ter prazo 
sumamente exíguo de inscrição de 
interessados, em horários e 
localidades inadequados. 
• Da mesma forma, cogite-se do princípio 
da proteção da confiança, que deriva 
do princípio do Estado de Direito, a 
inspirar a impossibilidade, que não está 
a Administração romper, escrita, de 
súbita e caprichosamente, com uma 
situação há muito consolidada, que se 
Estado, inspirando investimentos 
recursos 
estabelecera a partir de estímulos do 
e 
do comprometimento de 
particular. 
• De toda sorte, as tentativas efetuadas 
de distinguir regras e princípios 
chocam-se, 
ceticismo 
pluralidade 
às vezes, 
dos que 
de normas 
com o 
veem na 
um 
obstáculo para que se possa, com 
segurança, situar uma norma em 
uma ou outra classe. 
• Isso leva a que alguns sustentem que 
a diferença entre regra e princípio 
seria apenas de grau. 
• A doutrina em torno 
entre regras e princípios 
da distinção 
recebeu 
contribuição de relevo, tanto teórico 
como prático, com os estudos de 
Ronald Dworkin e Robert Alexy. 
O professor norte-americano Ronald 
Dworkin 
O professor alemão Robert Alexy 
• Os dois autores buscaram esclarecer 
que a diferença entre regras e 
princípios não é meramente de grau, 
sendo, antes, qualitativa. 
• O critério que desenvolvem auxilia na 
compreensão das peculiaridades próprias 
das regras e aquelas próprias dos 
princípios, a partir de uma maior precisão 
metodológica. 
• REGRAS E PRINCÍPIOS EM DWORKIN 
• E EM ALEXY 
• No curso dos seus estudos, Ronald 
Dworkin concordou que um princípio 
assemelham, na medida em 
normativo e uma regra se 
que 
ambos estabelecem obrigações 
jurídicas. 
• O que os estremaria seria, porém, 
não o maior ou menor grau de 
vagueza da disposição, mas, sim, 
o tipo de diretiva que apresentam. 
• A norma da espécie regra tem um 
modo de aplicação próprio que a 
diferencia, qualitativamente, da 
norma da espécie princípio. 
• Aplica-se a regra segundo o modo 
do tudo ou nada; de maneira, 
portanto, disjuntiva. 
• Dworkin explica: “se os fatos que 
uma regra estipula ocorrem, então ou 
a regra é válida, e a solução que dela 
resulta deve ser aceita, ou não é 
válida, e não contribuirá em nada 
para a decisão”. 
• Em havendo um 
regras, a solução 
conflito entre 
haverá de se 
pautar pelos critérios clássicos de 
solução de antinomias (hierárquico, 
da especialidade e cronológico). 
• Ensina Dworkin que os princípios, 
de seu lado, não 
automaticamente 
desencadeiam 
as 
consequências jurídicas previstas 
no texto normativo pela só 
ocorrência da situação de fato que o 
texto descreve. 
• Os princípios têm uma dimensão 
que as regras não possuem: a 
dimensão do peso. 
• Os princípios podem interferir uns 
nos outros e, nesse caso, “deve-se 
resolver o conflito levando-se em 
consideração o peso de cada um”. 
• Isso, admitidamente, não se faz por 
meio de critérios de mensuração 
exatos, mas segundo a indagação 
sobre quão importanteé um 
princípio ou qual o seu peso numa 
dada situação. 
• Não se resolvem os conflitos entre 
princípios, tomando um como 
exceção ao outro. 
• O que ocorre é um confronto de 
pesos entre as normas que se 
cotejam. 
• Os princípios, como delineados por 
Dworkin, captam os valores morais 
os tornam 
de um 
da comunidade e 
elementos próprios 
discurso jurídico. 
fala nos princípios 
mundo normológico 
• Alexy também 
convivendo no 
com as regras. 
• Para ele, princípios e normas 
configuram as pontas extremas do 
conjunto 
diferentes 
das normas, 
— e a distinção é 
mas são 
tão 
importante que Alexy a designa como 
“a chave para a solução de 
problemas centrais da dogmática dos 
direitos fundamentais.” 
• Toda norma, diz ele, é um princípio 
ou uma regra, e ambas categorias 
se diferenciam qualitativamente — 
não havendo entre eles apenas 
uma variação de grau. 
• Os princípios, na sua visão — e que 
começa, 
Dworkin 
aqui, a se 
—, “são 
distanciar de 
normas que 
ordenam que algo seja realizado na 
maior medida, dentro 
jurídicas e 
das 
reais possibilidades 
existentes”. 
• Os princípios são, por isso mesmo, 
comandos de otimização. 
• O grau de cumprimento do que o princípio 
prevê é determinado pelo seu cotejo com 
outros princípios e regras 
(possibilidade jurídica) e 
opostas 
pela 
consideração da realidade fática sobre 
a qual operará (possibilidade real). 
• Enquanto os princípios concitam a 
que sejam aplicados e satisfeitos 
no mais intenso grau possível, as 
regras determinam algo. 
• “Se uma regra é válida, então há de 
se fazer exatamente o que ela exige, 
sem mais nem menos”. 
• Desse 
princípio 
modo, 
pode 
enquanto um 
ser cumprido em 
maior ou menor escala, as regras 
somente podem ser cumpridas ou 
não. 
• A distinção se torna crucial para se 
compreender que um caso de 
colisão de regras é diferente, na 
sua estrutura, de uma hipótese de 
colisão de princípios. 
• A colisão de princípios, da mesma 
forma que o conflito entre regras, 
refere-se a situação em que a 
aplicação de duas ou mais normas 
ao caso concreto engendra 
consequências contraditórias 
entre si. 
• A solução para o conflito entre regras, 
porém, não é a mesma para o caso 
de colisão entre princípios. 
• Um conflito entre regras é 
solucionado tomando-se uma das 
regras como cláusula de exceção 
da outra ou declarando-se que uma 
delas não é válida. 
• Já quando os princípios se 
contrapõem em um caso concreto, há 
que se apurar o peso (nisso 
ponderação) consistindo a 
apresentam nesse mesmo 
que 
caso, 
tendo presente que, se apreciados 
em abstrato, 
princípios em 
nenhum 
choque 
desses 
ostenta 
primazia definitiva sobre o outro. 
• Nada impede, assim, que, em caso 
diverso, com 
características, o princípio 
outras 
antes 
preterido venha a prevalecer. 
• A ilustração dessa teoria pode facilitar 
exemplo de um conflito entre 
a sua compreensão. Figure-se o 
o 
direito fundamental da liberdade 
de expressão com o direito 
fundamental 
ocorrerá se 
à privacidade que 
um jornalista desejar 
alguém expor dados pessoais de 
numa reportagem. 
• Os dois direitos têm a índole de 
princípios, eles não se diferenciam 
hierarquicamente, nem constituem 
um a exceção do outro. 
• Muito menos se há de cogitar 
resolver o atrito segundo um critério 
cronológico. 
• O conflito, portanto, não se resolve 
com os critérios usuais de solução 
das antinomias. 
• Ao contrário, terá que ser apurado, 
conforme o caso, qual dos dois 
direitos apresenta maior peso. 
• Não seria impróprio, 
que, considerar 
retratado não vive 
assim, 
se o indivíduo 
uma situação 
pública relevante, a privacidade terá 
maior peso do que se ele é ator de 
interesse público algum fato de 
significativo, quando o interesse 
geral na matéria poderá ser 
arguído para emprestar maior peso 
à liberdade de expressão. 
• Admitida essa teoria dos princípios, 
não será exato afirmar que a 
generalidade seja a nota definitiva 
para se identificar um princípio. 
• Afinal, há normas com alto grau de 
generalidade que não se 
enquadram como princípios. 
• Assim, o preceito que diz não haver 
crime sem prévia lei que o defina, 
tido como princípio pela sua 
generalidade, é, de fato, uma regra, 
pois exige algo que inevitavelmente 
somente pode ser ou não cumprido. 
• As constituições, hoje, são 
de compostas de regras e 
princípios. 
• Um modelo feito apenas de regras 
prestigiaria o 
jurídica, mas 
valor da segurança 
seria de limitada 
praticidade, por exigir uma disciplina 
minuciosa e plena de todas as 
situações relevantes, sem deixar 
espaço para o desenvolvimento da 
ordem social. 
constitucional não seria • O sistema 
aberto. 
• Entretanto, um sistema que 
congregasse apenas princípios 
seria inaceitavelmente ameaçador 
à segurança das relações. 
CONSTITUCIONAIS 
SEGUNDO A SUA 
• NORMAS 
CLASSIFICADAS 
FUNÇÃO 
• Uma tipologia das normas 
constitucionais pode também atentar 
para o critério da função que elas 
exercem. 
• Há normas que estabelecem um 
dever para os poderes públicos, 
uma tarefa para o Estado. 
• São as normas constitucionais 
impositivas. 
• Assim, por exemplo, a que 
estabelece ser objetivo do Estado a 
erradicação da pobreza e o fim das 
desigualdades sociais e regionais 
(art. 3º, III). 
• Há normas que instituem garantias 
para os cidadãos, como a que repele 
a imposição de sanção penal sem lei 
que defina previamente a conduta 
como crime (normas de garantia). 
• Há normas que reconhecem e conformam 
direitos fundamentais. 
• -Outras normas entronizam 
institucionais. Elas criam ou 
garantias 
reforçam 
instituições necessárias para a proteção 
dos direitos dos indivíduos. 
• Assim, a norma que garante a proteção do 
Estado à família (art. 226), a que assegura 
a autonomia universitária (art. 227) e a 
que proclama a autonomia funcional e 
administrativa do Ministério Público (art. 
127, § 2º). 
• Há as normas chamadas orgânicas, que 
• criam órgãos. Por vezes são 
orgânicas e de competência, 
normas 
porque 
também fixam as atribuições dos órgãos. 
• Há, ainda, normas ditas 
procedimento, que 
de 
estabelecem um 
modo de agir para os seus destinatários, 
por exemplo, as que fixam o 
procedimento básico para a reforma da 
Constituição. 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
Hermenêutica das Normas 
Constitucionais 
• ‘Hermenêutica’ é uma palavra que vem de 
‘Hermes’, o 
responsável 
deus grego que era 
pela interpretação das 
palavras dos deuses, traduzindo-as para 
os homens. 
• A palavra “hermenêutica” trata de uma 
tentativa de explicar, traduzir, a norma 
jurídica para que seja compreendida e 
aplicada na sociedade. 
• A hermenêutica é a ciência da 
interpretação, e por meio dela interpreta- 
se melhor e entende-se quais princípios 
podem ser utilizados para a compreensão 
das normas Jurídicas. 
• A Hermenêutica Jurídica possui uma 
conhecida como 
Constitucional, 
subespécie 
Hermenêutica 
consagrada pelo ideal do 
Neoconstitucionalismo. 
• Pela importância suprema da constituição 
é importante que ela seja abordada por 
técnicas de interpretação específicas. 
• Alémdisso, a constituição é dotada de 
caráter político 
uma série de princípios e normas de 
a 
compreensão e 
que desafiam 
exigem abordagens 
específicas de interpretação, por meio da 
Hermenêutica Constitucional. 
 
• Conclui-se que interpretar a constituição 
é diferente de interpretar as leis 
infraconstitucionais. 
• O conflito entre direitos e bens 
constitucionalmente protegidos resulta do 
fato de a Constituição proteger certos 
bens jurídicos (saúde 
segurança, 
integridade 
liberdade 
territorial, 
de 
defesa 
pública, 
imprensa, 
nacional, 
família, idosos, índios etc.), que podem vir 
a envolver-se numa relação do conflito 
ou colisão. 
• Para solucionar-se 
compatibilizando-se 
esse conflito, 
as normas 
constitucionais, a fim de que todas tenham 
aplicabilidade, a doutrina aponta 
diversas regras de hermenêutica 
constitucional em auxílio ao intérprete. 
• Como definido por Vicente Ráo, 
• “a hermenêutica tem por objeto investigar e 
coordenar por modo sistemático os princípios 
científicos e leis decorrentes, que disciplinam a 
apuração do conteúdo, do sentido e dos fins 
das normas jurídicas e a restauração do 
conceito orgânico do direito, para efeito de 
sua aplicação e interpretação; por meio de 
regras e processos especiais procura realizar, 
praticamente, estes princípios e estas leis 
das normas jurídicas 
de adaptação 
científicas; 
consiste 
preceitos 
a aplicação 
na técnica 
nelas contidos 
dos 
assim 
interpretados, às situações de fato que se 
lhes subordinam”. 
• A primeira posição 
Constitucional é o 
da Hermenêutica 
chamado 
“Interpretativismo”, que determina que o 
intérprete se limita pelo texto e pelos 
princípios explícitos na constituição. 
• A segunda abordagem é a do “Não 
Interpretativismo”, na qual o intérprete 
vai além da norma e defende a aplicação 
dos valores constitucionais para a 
compreensão da constituição 
• A Hermenêutica Constitucional questiona, 
também, se o intérprete da constituição 
deve buscar interpretar de acordo com a 
‘vontade da lei’ (mens legis) ou de 
acordo com a vontade do legislador 
(mens legislatoris). 
• Os autores subjetivistas entendem que 
deve-se buscar a vontade do legislador. 
• Entretanto, a doutrina majoritária 
entende que deve-se buscar interpretar 
de acordo com a ‘vontade da lei’, a que 
está no texto, de forma objetiva. 
• Em especial porque a lei é 
inteligente que o legislador, 
mais 
sendo 
capaz de se adaptar a situações não 
imaginadas pelo legislador. 
• INTERPRETAÇÃO DA 
• CONSTITUIÇÃO — NOÇÕES 
• ELEMENTARES 
• A atribuição de sentido a um preceito 
• constitucional é atividade marcada por 
• considerável potencial, de efeitos vários 
sobre a ordem jurídica e sobre o 
quotidiano dos indivíduos. 
• A atividade destinada a descobrir o 
• sentido de uma Constituição, que 
proclama 
• valores a serem protegidos, seguidos e 
• estimulados pelos poderes constituídos e 
pela 
• própria sociedade, assume inescondível 
relevo 
• para a vida social e para a definição do 
Direito. 
• Na realidade, não se busca um sentido 
para 
• uma norma senão com o objetivo de 
conformar 
• a vida social; a interpretação da 
Constituição 
• “só faz pleno sentido posta ao serviço da 
• aplicação”e não se cogita de aplicação 
sem interpretação. 
• O trabalho de interpretar a 
• Constituição, portanto, integra o esforço 
de 
• aplicar uma norma constitucional, o que 
leva 
que “a • Konrad Hesse a concluir 
interpretação 
• constitucional é concretização” 
• Interpretar a Constituição é buscar 
• conhecer um ato normativo, uma lei; mas, 
• quando comparada com a interpretação 
típica 
ramos do Direito, a 
 
se cerca de 
• dos outros 
interpretação 
• constitucional 
características 
• distintas, que lhe desenham um campo 
único. 
• A interpretação constitucional tende a 
• acarretar impacto sobre todo o direito 
positivo 
• do Estado, já que é a Constituição a 
norma 
• suprema em uma comunidade e a fonte 
de 
• legitimidade formal de toda a sua ordem 
• jurídica. 
• Dispondo a Constituição sobre as 
• relações entre os poderes e destes com 
as 
interpretação constitucional 
 
tampouco, de uma 
• pessoas, a 
não se 
• desprende, 
ineliminável 
• pressão ideológica e política. 
• Os interesses apanhados pela fixação do 
entendimento de um preceito da Lei 
Fundamental tendem a ser mais 
• amplos e 
avultada, 
de projeção estrutural mais 
se comparados com os 
interesses que, ordinariamente, estão em 
jogo, quando se cuida de definir normas 
de setores outros do mundo jurídico. 
• Acresce que a Constituição está repleta 
de termos vagos e plurívocos. 
• Nela se aninham perspectivas 
divergentes e se adotam fórmulas 
• de compromisso, por meio das quais se 
• postergam para o quotidiano da política 
• ordinária as decisões valorativas apenas 
• pautadas pelo constituinte. 
• É característico também da fase histórica 
• que vivemos a inserção em normas 
• constitucionais de metas impostas à 
ação do Estado, muitas delas de feitio 
social, que impõem um fazer, sem, 
contudo, indicar o como fazer. 
• Igualmente é típico das constituições 
atuais a incorporação de valores morais 
ao domínio jurídico, não se limitando as 
Cartas a simplesmente discriminar 
competências e limitar a ação do Estado 
— indo-se além, para injetar índole 
jurídica a aspirações filosóficas e 
princípios ético-doutrinários. 
absorvem noções de 
• As constituições 
• contemporâneas 
conteúdo 
• axiológico e, com isso, trazem para a 
realidade 
• do aplicador do direito debates políticos e 
• morais. 
• As pré-compreensões dos intérpretes 
sobre esses temas, 
melindrosos, 
descartadas, 
não têm 
mas 
tantas vezes 
como ser 
devem ser 
reconhecidas como tais pelos próprios 
aplicadores, a fim de serem medidas 
com o juízo mais amplo, surgido da 
detida apreciação dos vários ângulos do 
problema proposto, descobertos a partir 
da abertura da interpretação da 
Constituição a toda a comunidade por 
ela afetada. 
• A força da Constituição acha-se 
• também na segurança que ela gera — 
• segurança, inclusive quanto ao seu 
significado 
• e ao seu poder de conformação de 
• comportamentos futuros. 
• A interpretação casuística da 
Constituição é esterilizante, como é 
também insensata a interpretação 
que queira compelir o novo, 
submetendo a sociedade a algo que 
ela própria, por seus processos 
democráticos, não decidiu. 
• Tudo isso confere 
domínio da hermenêutica jurídica, 
singularidade, no 
à 
atividade de interpretação da Constituição, 
principalmente em um Estado de direito 
democrático, em que a Constituição não 
é meramente semântica, mas aspira à 
plena força normativa. 
• A interpretação 
• da Constituição se torna, assim, 
propensa a 
• controvérsias, que se estendem desde 
as 
• técnicas que lhe são adequadas até os 
limites a 
• que se deve ater. 
desde o • Entende-se, por isso, que 
advento 
• da Constituição de 1988, com a 
• redemocratização, a atividade de 
interpretação 
• constitucional haja ganhado impulso e 
• motivado crescente interesse. 
• Sobretudo quando o jurista se deu conta 
da magnitude do papel do Supremo 
Tribunal Federal nesse 
atenções para com as 
processo, as 
minúcias da 
interpretação constitucional e para comas 
suas consequências receberam a energia 
de estudos cada vez mais refinados 
• LEVANDO EM CONTA A ESTRUTURA 
• DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
PARA INTERPRETÁ-LAS 
• Interpreta-se um preceito para dele se 
• extrair uma norma (uma proibição, uma 
• faculdade ou um dever) e com vistas à 
solução de um problema prático. 
• Daí que tanto o texto 
• como os fatos a que ele se refere são 
• importantes para a inteligência de uma 
norma. 
• É sempre oportuno o aviso de Eros 
Roberto Grau, quando concita a que não 
nos esqueçamos de que “os textos 
normativos carecem de interpretação 
não apenas por não serem unívocos ou 
evidentes — isto é, por serem destituídos 
de clareza —, mas sim porque devem 
ser aplicados a casos concretos, reais 
ou fictícios” 
• Por isso mesmo é que “o 
• intérprete discerne o sentido do texto a 
partir e 
• em virtude de um determinado caso 
dado (...). 
• A norma é produzida, pelo intérprete, não 
• apenas a partir de elementos colhidos 
no texto 
• normativo (mundo do dever ser), mas 
também 
• a partir de elementos do caso ao qual 
ela será 
• aplicada, isto é, a partir de dados da 
realidade 
• (mundo do ser)” 
• A norma, portanto, não se confunde 
com o 
• texto, isto é, com o seu enunciado, com 
o conjunto de símbolos linguísticos que 
forma o preceito. 
• Para encontrarmos a norma, para que 
• possamos afirmar o que o direito permite, 
• impõe ou proíbe, é preciso descobrir o 
• significado dos termos que compõem o 
texto e 
• decifrar, assim, o seu sentido 
linguístico. 
• “A disposição, preceito ou enunciado 
linguístico 
• — esclarecem Canotilho e Vital Moreira — 
é o objeto de interpretação; a norma é o 
produto da interpretação.” 
• Mas a tarefa do 
• intéprete/aplicador não se esgota aí; o 
• significado da norma também haverá 
de levar 
• em conta a realidade fática que criou o 
• problema que suscitou a necessidade 
de 
• interpretação. 
• Daí se extrair que a norma 
é formada por “uma 
expressa através de 
• constitucional 
medida de 
• ordenação 
enunciados 
• linguísticos (programa normativo) e por 
uma 
de dados reais (setor ou • constelação 
domínio 
• normativo)”. 
• A interpretação orientada à aplicação 
não 
• se torna completa se o intérprete se 
bastar com 
• a análise sintática do texto. 
• Como as normas 
• têm por vocação própria ordenar a vida 
social, 
• os fatos que compõem a realidade e lhe 
• desenham feição específica não podem 
ser 
• relegados no trabalho do jurista. 
• Para se definir 
• o âmbito normativo do preceito 
constitucional, 
• para se delinear a extensão e intensidade 
dos 
• bens, circunstâncias e interesses 
atingidos pela 
• norma, não se prescinde da 
consideração de 
• elementos da realidade mesma a ser 
regida. 
• A norma constitucional, 
que possa atuar na 
assim, para 
solução de 
problemas concretos, para que possa 
ser aplicada, deve ter o seu conteúdo 
semântico averiguado, em 
coordenação com o exame das 
singularidades da situação real que a 
norma pretende reger. 
• Servem de exemplo disso as inovações 
• tecnológicas trazidas pela informática, 
que não 
• podem deixar de ser levadas em conta 
para a 
• compreensão atual de certas normas 
• constitucionais. 
• As peculiaridades da internet, 
• por exemplo, interferem, certamente, 
sobre o 
• tema da liberdade de expressão como 
• conhecida antes do advento do ambiente 
• virtual. 
• Normas constitucionais sobre 
• monopólio postal também sofrem o 
impacto de inovações tecnológicas, como 
a dos correios eletrônicos. 
• As novas possibilidades de trocas 
• de dados por vias telemáticas geram 
impacto 
• sobre a compreensão do art. 5º, XII, que 
prevê 
• a quebra do sigilo das comunicações 
telefônicas 
• por ordem judicial. 
• Repare-se, a esse propósito, que, em 
1988, ainda não se difundira o meio 
eletrônico de troca de dados, realidade 
já corrente em 1996, quando o 
legislador interpretou que a ressalva 
à constitucional pertinente 
inviolabilidade de comunicações 
telefônicas também se 
interceptação do 
comunicações em sistemas 
aplicava à 
fluxo de 
de 
informática e telemática. 
• Como outra ilustração, cabe ressaltar que 
• não é, tampouco, possível compreender o 
• conteúdo normativo do enunciado do art. 
5º, X, da Constituição Federal (direito à 
• privacidade e à intimidade) sem levar 
em conta o estágio de desenvolvimento 
tecnológico. 
• Pense-se, por exemplo, que o programa 
• normativo do preceito parece dizer que 
aquilo que não é visível ao público 
deve ser considerado do domínio 
privado, não podendo, em princípio, ser 
objeto de livre exposição por terceiros, 
sem ferir a privacidade de alguém. 
tecnológico, porém, tornou 
• O 
• avanço 
possível 
• trazer ao olhar do público, por meio de 
lentes 
• teleobjetivas, pessoas em situações que, 
antes, 
• eram estritamente privadas. 
• O desenvolvimento 
• da técnica mudou a concepção do que é 
visível 
• ao público. Essa evolução tecnológica, 
esse 
• dado de fato, deve ser levado em conta 
para a 
• compreensão do conteúdo normativo da 
• proteção constitucional do direito à 
• privacidade. 
• Tudo isso dá razão à ideia de que “a 
do conteúdo de uma 
 
assim como a sua 
• concretização 
norma 
• constitucional, 
realização, 
• somente são 
incorporam as 
possíveis quando se 
• circunstâncias 
norma é 
da realidade que a 
• chamada a regular” 
• AMBIGUIDADES NO TEXTO 
CONSTITUCIONAL 
• As inquietações surgidas no domínio da 
• interpretação constitucional ligam-se a 
dúvidas 
• sobre a identificação da norma com o seu 
• enunciado. 
• Muitas vezes, essas perplexidades 
• surgem porque o constituinte utiliza 
termos 
• com mais de um significado, gerando o 
• problema da ambiguidade. 
• Um enunciado 
• ambíguo enseja a que dele se extraia 
mais de 
• uma norma, sem que se indique ao 
intérprete 
• um parâmetro de escolha. 
• A ambiguidade pode 
• resultar da multiplicidade de sentidos da 
• própria palavra (ambiguidade semântica) 
ou da 
• incerteza de sentido resultante do 
contexto em 
• que empregada (ambiguidade sintática). 
• A ambiguidade reside, muitas vezes, na 
• vagueza do termo ou da expressão. 
• A Constituição se vale de palavras e 
expressões 
• que comportam inteligências variadas, 
mais ou 
• menos amplas, que, por vezes, aludem a 
• propriedades que se revelam em graus 
• diferenciados. 
• Assim, por exemplo, a 
• Constituição veda as penas cruéis (art. 
5º, 
• XLVII), deixando ao intérprete o trabalho 
de 
• compreender quando se pode caracterizar 
como 
• cruel um castigo aplicado. 
• O constituinte fala 
• em devido processo legal, no art. 5º, 
LIV, expressão que dá ensejo a várias 
pretensões de 
• sentido, inclusive permitindo que se fale 
em devido processo legal material, como 
sinônimo de exigência de 
• razoabilidade/proporcionalidade nas 
ações dos poderes públicos. 
• Atente-se, por igual, para o 
• art. 12, § 4º, I, da CF, que enumera como 
perda da nacionalidade 
 
por atividade nociva ao 
• causa de 
brasileira a 
• condenação 
interesse 
• nacional. 
• A ambiguidade pode resultar da 
existência 
• de dois significados para uma mesma 
expressão 
• ou termo, um deles, técnico, e o outro, 
natural. 
• Algumas palavras comuns, quando 
ingressam 
• no ordenamento

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