Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA FELIPE BARRIQUELLO ROSANELLI APLICAÇÃO DA PIEZOELETRICIDADE NA COMPENSAÇÃO ENERGÉTICA DE CONSOLE DE JOGOS ELETRÔNICOS Ijuí 2016 2 FELIPE BARRIQUELLO ROSANELLI APLICAÇÃO DA PIEZOELETRICIDADE NA COMPENSAÇÃO ENERGÉTICA DE CONSOLE DE JOGOS ELETRÔNICOS Trabalho de conclusão de curso, apresentado à banca avaliadora, com vistas à obtenção de aprovação na disciplina de Trabalho de conclusão de curso do curso de Bacharel em Engenharia Elétrica da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). Orientador: Prof. Me. Mauro Fonseca Rodrigues Ijuí 2016 3 FELIPE BARRIQUELLO ROSANELLI APLICAÇÃO DA PIEZOELETRICIDADE NA COMPENSAÇÃO ENERGÉTICA DE CONSOLE DE JOGOS ELETRÔNICOS Trabalho de conclusão de curso, apresentado à banca avaliadora, com vistas à obtenção de aprovação na disciplina de Trabalho de conclusão de curso do curso de Bacharel em Engenharia Elétrica da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso em Engenharia Elétrica. COMISSÃO EXAMINADORA: _______________________________ Eng. Ms. Mauro Fonseca Rodrigues Orientador _______________________________ Eng. Ms. Eliseu Kotlinski Comissão Examinadora Ijuí, Junho de 2016. 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus por ter me dado forças para que eu pudesse superar todos os desafios impostos nesta longa caminhada. A minha família, principalmente meu pai Vanderlei Francisco Rosanelli e a minha mãe Maristela Barriquello Rosanelli que me apoiaram e incentivaram desde o começo até agora. A todos do corpo docente desta universidade que passaram seus conhecimentos em aulas e fora delas para esta conquista pois sem estes nada seria possível. Aos colegas do curso de Engenharia Elétrica da UNIJUÍ, com que tive a oportunidade de conviver durante toda a caminhada. Àqueles que de alguma maneira me incentivaram e ofereceram apoio para a conclusão desta etapa. Em especial, Rafael Henrique Bandeira e Marcielo Diesel Müller que se dispuseram a ajudar cada um a sua maneira ao desenvolvimento deste trabalho, a todos os componentes do grupo Piquete EGE. Ao meu orientador Mestre Mauro Fonseca Rodrigues pelo aprendizado, incentivo e apoio na realização deste trabalho e também pela amizade que criamos nesse tempo envolvido. 5 “Não confunda derrotas com fracasso nem vitórias com sucesso. Na vida de um campeão sempre haverá algumas derrotas, assim como na vida de um perdedor sempre haverá vitórias. A diferença é que, enquanto os campeões crescem nas derrotas, os perdedores se acomodam nas vitórias.” Roberto Shinyashiki 6 RESUMO ROSANELLI, Felipe Barriquello. Pequeno aproveitamento de energia através da piezoeletricidade como fonte de geração de energia elétrica. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Elétrica, Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, Ijuí, 2016. O crescente consumo de energia elétrica mundial está proporcionando inúmeros estudos acerca de micro gerações de energia com o intuito de os consumidores se tornarem cada vez mais autossuficientes e reduzirem os gastos com energia elétrica. As microgerações instaladas por consumidores atualmente baseiam-se na eólica e solar visto que existem inúmeras pesquisas que mostram uma viabilidade econômica bastante adequada. Se fossem desenvolvidos equipamentos que tivessem geração própria incluída, estes tornar-se-iam inertes à rede elétrica do ponto de vista econômico. A piezo eletricidade pode ajudar a eficientizar equipamentos eletrônicos como os consoles de jogos. Atualmente alguns destes consoles possuem extensões como os kinects que são basicamente os seus controles onde os jogadores interagem com o jogo através de movimentos. Em inúmeros dos jogos onde o jogador interage com o equipamento, há uma elevada quantidade de energia dispendida em movimentos. A piezo eletricidade pode de uma maneira simples transformar uma parte desta energia dispendida na forma de pressão do jogador em relação ao chão em energia elétrica, podendo esta ser reutilizada para alimentar o próprio console, reduzindo parte do consumo ou até mesmo o gasto total de energia deste equipamento. Através de uma disposição de cerâmicas piezoelétricas pode-se transformar a energia, sendo esta retificada e jogada em um conversor CC-CC, para que atinja níveis de tensão adequados para ser reutilizada. Assim, pode-se tornar este equipamento autossuficiente. Palavras chave: Consumo de energia; Micro geração; Piezo eletricidade; Conversor. 7 ABSTRACT ROSANELLI, Felipe Barriquello. Small energy use by piezoelectricity as a source of electricity generation. 2016. Completion of course thesis. Electrical Engineering Course, Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, Ijuí, 2016. The growing consumption of world electricity is providing numerous studies about micro power generation in order for consumers to become increasingly self- sufficient and reduce energy expenses. Micro generation installed by consumers today, are based on wind and solar as there are numerous studies that show a fairly adequate economic viability. If equipment were developed that had own generation included, these would become inert to the grid from the economic point of view. The piezo electricity can help make efficient electronics devices such as gaming consoles. Currently some of these islands have extensions like Kinects which are basically your controls where players interact with the game through movements. In many of the games where the player interacts with the equipment, there is a high amount of energy expended movements. The piezo electricity can a simple way to transform a part of this energy expended in the form of the player's pressure to the ground in electricity, which may be reused to power the console itself, reducing share of consumption or even the total energy expenditure this equipment. Through an array of piezoelectric ceramics can transform the energy, which is rectified and thrown into a DC-DC converter, to reach voltage levels suitable for reuse. Thus, it can become self-sustaining this equipment. Keywords: Energy consumption; microgeneration; Piezoelectricity; Converter. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Sistema de geração distribuída ................................................................ 16 Figura 2 - a) Molécula sem perturbação. b) Molécula sujeita a poerturbação externa. c) Efeito polarizante na face do material. .................................................................. 19 Figura 3 - a) Corrente de neutralização percorrendo o curto circuito estabelecido no material sujeito a uma força externa. b) Ausência de corrente elétrica no material curto circuitado em estado de não perturbação. ....................................................... 20 Figura 4 - Estrutura transdutor bimorfo .....................................................................27 Figura 5 - Estrutura de um sensor piezoelétrico unimorfo ......................................... 28 Figura 6 - Deformação da cerâmica piezoelétrica ..................................................... 29 Figura 7 - Conversor CC-CC básico e forma de onda da tensão de saída ............... 30 Figura 8 - Exemplo de circuito PWM ......................................................................... 31 Figura 9 - Conversor Abaixador (Step Down ou Buck). ............................................. 32 Figura 10 - Formas de onda para modo de condução contínua e modo de condução descontínua em conversor Buck. .............................................................................. 32 Figura 11 - Estágios de conversão do conversor Buck ............................................. 33 Figura 12 - Conversor Boost (step up) ...................................................................... 34 Figura 13 - Princípio de operação do Conversor Boost ............................................. 35 Figura 14 - Princípio de operação do Conversor Boost ............................................. 35 Figura 15 - Conversor Buck-Boost ............................................................................ 37 Figura 16 - Conversor Cuk com entrada CC ............................................................. 38 Figura 17 - Formas de onda dos conversores Cuk, Sepic e Zeta em condição contínua e descontínua ............................................................................................. 39 Figura 18 - Conversor Sepic ...................................................................................... 40 Figura 19 - Topologia do conversor Zeta .................................................................. 40 Figura 20 - Console XBOX 360 ................................................................................. 41 Figura 21 - Kinect para XBOX 360 ............................................................................ 41 Figura 22 - Piezo elétrico para alimentação de LED ................................................. 42 Figura 23 - Tensão gerada pelas cerâmicas piezo elétricas ..................................... 43 Figura 24 - Retificador de ponte completa ................................................................ 44 Figura 25 - Ponte retificadora completa .................................................................... 45 Figura 26 - Sinal de tensão após a retificação .......................................................... 45 Figura 27 - Conversor buck-boost proposto .............................................................. 47 9 Figura 28 - Controlador PI ......................................................................................... 47 Figura 29 - Buck-boost com distúrbios de tensão ..................................................... 48 Figura 30 - Perfil de tensão de saída ........................................................................ 48 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Ganho estático, D, para conversores básicos .......................................... 31 11 LISTA DE ABREVIATURAS MW – Mega Watts XBOX – Console de jogos desenvolvido pela Microsoft ProGD – Programa de desenvolvimento da geração distribuída de energia INEE – Instituto Nacional de Eficiência Energética PCH – Pequena central hidrelétrica TWh – Tera watt hora MME – Mistério de Minas e Energia PTZ – TitanatoZirconato de Chumbo CC – Corrente contínua (Continuous current) PWM – Modulação por largura de pulso (Pulse widht modulation) D – Ganho estático ou razão cíclico Vcc – Diferença de potencial CC 12 LISTA DE SÍMBOLOS CO2 – Dióxido de carbono SiO2 – Dióxido de silício PbZrO3 – Zirconato de chumbo PbTiO3 – Titanato de chumbo Ts – Tempo de comutação Fs – Frequência de comutação Ton – Tempo de acionamento com sinal e alta ∫ dt – Integral em relação ao tempo Vo – Tensão de saída Vin – Tensão de entrada L – Indutor Pn – Potência nominal Vs – Tensão saída In – Corrente nominal do conversor ∆t – Variação de tempo d/dt – Derivada em relação ao tempo C – Capacitor R – Resistor 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 14 1.1 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA ..................................................................... 15 1.2 OBJETIVO ............................................................................................. 17 1.2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................ 17 1.2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ...................................................................... 17 2 HISTÓRICO DA PIEZOELETRICIDADE ............................................... 18 2.1 O EFEITO PIEZOELÉTRICO ................................................................ 18 2.2 MATERIAIS PIEZOELÉTRICOS ........................................................... 21 2.2.1 MATERIAIS MONOCRISTALINOS........................................................ 21 2.2.2 MATERIAIS POLICRISTALINOS .......................................................... 22 2.3 TRANSDUTORES PIEZOELÉTRICOS ................................................. 25 2.3.1 ATUADORES PIEZOELÉTRICOS ........................................................ 25 2.3.2 SENSORES PIEZOELÉTRICOS ........................................................... 26 2.3.3 TRANSDUTORES ACÚSTICOS UNIMORFOS (BUZZERS) ................ 28 3 CONVERSORES CC-CC ...................................................................... 30 3.1 MODULAÇÃO POR LARGURA DE PULSO - PWM .............................. 30 3.2 CONVERSOR BUCK ............................................................................. 31 3.3 CONVERSOR BOOST .......................................................................... 34 3.4 CONVERSOR BUCK-BOOST ............................................................... 37 3.5 CONVERSOR CÚK ............................................................................... 38 3.6 CONVERSOR SEPIC ............................................................................ 39 3.7 CONVERSOR ZETA.............................................................................. 40 4 O PROJETO .......................................................................................... 41 4.1 EQUIPAMENTO A SER ALIMENTADO ................................................ 41 4.2 TESTES NAS CERÂMICAS PIEZO ELÉTRICAS .................................. 42 4.3 CONVERSOR A SER UTILIZADO ........................................................ 46 5 CONCLUSÕES ..................................................................................... 50 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................... 52 14 1 INTRODUÇÃO A eficientização de equipamentos tem sido muito importante nas últimas décadas, busca-se cada vez mais equipamentos que consumam uma menor quantia de energia sem que esta diminuição afete o desempenho dos mesmos. A evolução dos materiais utilizados nestes equipamentos já não é mais capaz de torná-los mais econômicos e com isso aumentou a busca por equipamentos e métodos que possam transformar outros tipos de energia em elétrica. O desenvolvimento sustentável está cada vez mais presente na sociedade em geral, e tem sido muito discutido em debates. O consumo de energia elétrica aumenta com o passar do tempo devido a novos e desenvolvidos equipamentos que propiciam o bem estar da população, com este aumento de consumo surgiu a necessidade da geração distribuída, visando diminuirgasto em energia elétrica. A geração distribuída visa reduzir ou acabar com os gastos em energia elétrica e é neste ponto que os novos consoles de jogos eletrônicos podem se tornar energeticamente e economicamente viáveis através de pequenos aproveitamentos de energia. Por definição pequenos aproveitamentos elétricos é toda a forma de utilização de qualquer uma das várias fontes de energia encontradas na natureza, passíveis de serem economicamente convertidas em energia elétrica até um limite legal de 30 MW no Brasil (FARRET, 2014). O processo de aproveitamento dessas formas de energia para a sua geração, podem ser representados em três etapas: a energia primária, o sistema de conversão elétrica e a carga elétrica. Dentre essas fontes de energia primária, as mais comuns, são (LEAL, 2015): Energia hidráulica, movimento e desnível das águas; Energia eólica, movimentos das massas de ar (ventos); Energia térmica, queima dos combustíveis fósseis, fezes e resíduos agrícolas (biomassa); Energia solar (luminosa ou térmica), raios solares. Os jogos eletrônicos são ferramentas de estudo em várias áreas: desde a Ciência e Engenharia da Computação, passando pela Psicologia e chegando até a 15 Educação Física. As tecnologias que detectam o movimento através de imagens possibilitam que o próprio corpo do jogador seja usado como entrada de dados para acionar as funções e tarefas do jogo. Esse tipo de interatividade faz surgir uma nova possibilidade de melhoria desses equipamentos a partir do aproveitamento energético do movimento. Podendo propiciar um grande aproveitamento da energia dispendida pelos seus usuários enquanto estiverem jogando. Este estudo apresentará a proposta e perspectivas técnicas para a implantação de tecnologias que permitam a conversão do movimento do jogador para gerar energia elétrica de forma a analisar o potencial para compensar a energia que o próprio equipamento gasta para funcionar. Este pequeno aproveitamento de energia utilizará como fonte, a energia de pressão dos movimentos dos jogadores que será captada e convertida em energia elétrica por sensores piezoelétricos instalados de modo a potencializar esta captação. 1.1 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA A atual matriz energética utilizada é baseada em matérias primas poluentes tal como o petróleo, e fontes como a hidráulica, que necessita de grandes redes de transmissão de energia para interligar a geração e o consumo. A geração distribuída tem a capacidade de diminuir a distância entre a geração e o consumo, reduzindo as perdas de transmissão e distribuição visto que se encontram próximas às cargas consumidoras de energia, além de ser considerada uma geração não poluente. A geração distribuída vem crescendo nos dias atuais devido a vários fatores, dentre eles o incentivo oferecido pelas entidades que controlam o setor elétrico, como o programa de desenvolvimento da geração distribuída de energia elétrica, ProGD, do ministério de minas e energia, (MME, 2015) Segundo o Instituto Nacional de Eficiência Energética, INEE, geração distribuída é uma expressão usada para designar a geração elétrica realizada junto ou próxima do(s) consumidor(es) independente da potência, tecnologia e fonte de energia. As tecnologias de geração distribuída têm evoluído para incluir potências cada vez menores. A geração distribuída inclui (INEE, 2015): Cogeradores; Geradores que usam como fonte de energia resíduos combustíveis de processo; 16 Geradores de emergência; Geradores para operação no horário de ponta; Painéis fotovoltaicos; Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCH's. A geração distribuída traz benefícios para o consumidor e para o setor elétrico: está no centro de consumo, o que reduz a necessidade de estrutura de transmissão elétrica e evita perdas. Até 2030, 2,7 milhões de unidades consumidoras poderão ter energia gerada por elas mesmas, entre residência, comércios, indústrias e no setor agrícola, o que pode resultar em 23.500 MW (48 TWh produzidos) de energia limpa e renovável, o equivalente à metade da geração da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Com isso, o Brasil pode evitar que sejam emitidos 29 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera (MME, 2015). Figura 1 – Sistema de geração distribuída Fonte: (INFRAROI, 2015) Na geração distribuída predominam as fontes limpas e renováveis modernas, como a solar fotovoltaica e a eólica, que contribuem para a redução da emissão dos gases de efeito estufa. A expansão da geração distribuída também permite que novos investimentos na geração centralizada (como a construção de usinas e parques eólicos, e linhas de transmissão) possam ser redimensionados e realocados no tempo. Gerar energia distribuída a partir de fontes renováveis na matriz elétrica nacional significa deixar de usar fontes mais poluentes, como térmicas a combustíveis fósseis (MME, 2015). 17 1.2 OBJETIVO 1.2.1 OBJETIVO GERAL Tendo em vista o desenvolvimento sustentável de equipamentos eletrônicos e a minimização do consumo dos mesmos, este trabalho tem como objetivo estudar e desenvolver um modelo de sistema de geração de energia elétrica para o suprimento total ou parcial do consumo de um console de jogos eletrônicos através de simulações em softwares. Para que seja possível este estudo, serão efetuados testes e análise das características de um console em específico. O equipamento a ser utilizado o XBOX 360 desenvolvido pela empresa Microsoft. Após o mapeamento dos dados do equipamento será dimensionado um sistema de geração capaz de suprir total ou parcialmente o seu consumo. 1.2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO Revisão da bibliografia acerca de sensores piezoelétricos e conversores de energia a fim de desenvolver um método de aproveitamento de energia através destes sensores. Desenvolver e testar uma metodologia de aplicação das cerâmicas piezoelétricas de acordo com a área e o movimento vibracional a ser transformado de modo que se obtenham dados capazes de validar ou não o seu desenvolvimento através de comparações entre geração e consumo para o equipamento em estudo através de softwares de simulação. 18 2 PIEZOELETRICIDADE O fenômeno da piezoeletricidade foi descoberto pelos irmãos Curie: Pierre (1859-1906) e Jacques (1855-1941). Em 1880, eles descobriram que alguns cristais quando comprimidas em certas direções, mostram cargas positivas e negativas em algumas porções da superfície. Estas taxas são proporcionais à pressão exercida e desaparecem quando a pressão deixa de se fazer presente (TICHÝ, ERHART, KITTINGER, PRÍVRATSKÁ, 2010). A primeira demonstração experimental de uma ligação entre os fenômenos piezoelétricos macroscópicos e estrutura cristalográfica foi publicado em 1880 por Pierre e Jacques Curie. Seu experimento consistiu de uma medida conclusiva de cargas superficiais que aparecem em cristais especialmente preparados (turmalina, quartzo, topázio, cana-de-açúcar e de sal Rochelle entre eles), que foram submetidos ao estresse mecânico. Estes resultados foram um crédito para a imaginação e perseverança dos Curie, considerando que eles foram obtidos com nada mais do que papel alumínio, cola, arame, ímãs e serra de um joalheiro (PIEZO SYSTEMS) Este efeito foi considerado uma descoberta, e foi rapidamente apelidado como "piezoeletricidade", a fim de distingui-la de outras áreas de experiência científica fenomenológica, como "eletricidade contato" (fricção gerada eletricidade estática) e "piroeletricidade" (eletricidade gerada a partir de cristais por aquecimento) (PIEZO SYSTEMS, INC). Os irmãos Curienão fizeram, no entanto, previsão de que os cristais que exibem o efeito piezoelétrico direto (eletricidade a partir de tensão aplicada) também exibem o efeito piezoelétrico inverso (estresse em resposta ao campo elétrico aplicado) (PIEZO SYSTEMS, INC). 2.1 O EFEITO PIEZOELÉTRICO A palavra piezoeletricidade vem do grego e significa "energia elétrica por pressão" (piezo significa pressão em grego). Este nome foi proposto por Hankel em 1881 para nomear o fenômeno descoberto um ano antes pelos irmãos Pierre e Jacques Curie. Observou-se que as cargas positivas e negativas apareceram em várias partes das superfícies de cristal quando pressionado em diferentes direções, anteriormente analisados de acordo com a sua simetria (ARNAU.A, 2004). 19 A Figura 2-a mostra um modelo molecular simples, que explica a geração de uma carga elétrica como o resultado de uma força empregada sobre o material. Antes de submeter o material a algum estresse externo, os centros de gravidade das cargas negativas e positivas coincidem. Portanto, os efeitos externos das cargas negativas e positivas são reciprocamente cancelados. Como resultado, será exibida uma molécula eletricamente neutra. Quando existir alguma pressão sobre o material, a estrutura reticular interna pode ser deformada, provocando a separação dos centros de gravidade positivos e negativos das moléculas e gerando pequenos dipolos Figura 2-b. Os polos de frente para dentro do material são cancelados manualmente e um distúrbio de uma carga ligada aparece na Figura 2-c superfície do material. O material é polarizado. Esta polarização gera um campo elétrico que pode ser utilizado para transformar a energia mecânica utilizada na deformação do material em energia elétrica (ARNAU.A, 2004). Figura 2 - a) Molécula sem perturbação. b) Molécula sujeita a poerturbação externa. c) Efeito polarizante na face do material. (a) (b) (c) Fonte: (ARNAU, 2004) A Figura 3-a mostra o material piezoelétrico em um sistema em que uma pressão é aplicada. Duas placas de metal utilizadas como eletrodos são depositadas nas superfícies onde as cargas de sinal oposto aparecem. Suponha que estes eletrodos sejam externamente em curto-circuito através de um fio para um galvanómetro qual foi ligado. Quando é exercida uma pressão sobre o material piezoelétrico, uma densidade de carga aparece na superfície do cristal em contato 20 com os eletrodos. Esta polarização gera um campo eléctrico que provoca o escoamento das cargas livres existentes no condutor. Dependendo do seu sinal, as cargas livres irão se mover em direção das extremidades, onde a carga gerada pela polarização do cristal é de sinal oposto. Este fluxo de cargas livres permanecerá até que a carga livre neutralize o efeito de polarização Figura 3-a. Quando a pressão sobre o cristal para, a polarização vai desaparecer, e o fluxo de cargas livres será revertida, voltando à condição inicial Figura 3-b. Este processo seria exibido no galvanômetro, que teria marcado dois picos de corrente de sinal oposto. Se uma resistência é ligada em vez de um curto-circuito, e uma pressão variável é aplicada, uma corrente flui através da resistência, e a energia mecânica seria transformada em energia elétrica (ARNAU.A, 2004). Figura 3 - a) Corrente de neutralização percorrendo o curto circuito estabelecido no material sujeito a uma força externa. b) Ausência de corrente elétrica no material curto circuitado em estado de não perturbação. (a) (b) Fonte: (ARNAU, 2004) Os irmãos Curie verificaram, um ano após a sua descoberta, a existência do processo inverso, previsto por Lippmann (1881). Isto é, se um efeito piezoelétrico arbitrariamente nomeado efeito piezoelétrico direto, para a geração de uma carga elétrica e, portanto, de um campo elétrico, em certos materiais e sob certas leis, devido a uma tensão, há um efeito piezoelétrico inverso através do qual, com a 21 aplicação de um campo elétrico, sob circunstâncias semelhantes, iria causar deformação nesses materiais (ARNAU.A, 2004). 2.2 MATERIAIS PIEZOELÉTRICOS 2.2.1 MATERIAIS MONOCRISTALINOS Os primeiros materiais piezoelétricos utilizados forma os monocristais, particularmente o quartzo, que desde então seguem sendo os mais utilizados para aplicações como osciladores estabilizados e componentes que funcionam com ondas acústicas de superfície. Como principais vantagens dos cristais, destacam-se suas altas temperaturas de Curie, alta estabilidade e alto fator de qualidade mecânica (JONA e SHIRANE, 1962) A obtenção de cristais de alta qualidade requer processos de crescimento de alto custo e que demandam muito tempo. Por serem anisotrópicos os cristais requerem cortes em orientações especificas para que possam ser utilizados de forma adequada. Como principais exemplos de materiais piezoelétricos monocristalinos pode-se citar (JONA e SHIRANE, 1962): Quartzo; Niobalto de lítio; Tantalato de lítio; Dihidrogenosulfato de amônio; Sulfato de lítio monohidratado; Tartarato de sódio e potássio tetra-hidratado (Sal Rochelle); 2.2.1.1 Quartzo É um mineral comum, encontrado em muitas rochas. Sua formula química é SiO2. Pode ser facilmente reconhecido porque se assemelha a pedaços de vidro quebrado e também se apresenta sob forma de pequenos grãos de arenito. O quartzo é o mais duro de todos os minerais comuns, somente minerais raros como o topázio, coríndon e diamante são mais duros. O quartzo natural é processado em função do seu tamanho, da sua transparência visual e da definição de sua morfologia externa, ou seja, da existência de faces naturais(LUZ e BRAZ, 2008). De acordo com sua transparência visual, as lascas são classificadas em seis classes: primeira, mista, segunda, terceira, quarta e 22 quinta. Apesar de esta classificação der meramente subjetiva, ela esta associada ao teor de inclusões fluídas (regiões leitosas) e fissuras contidas na peça (SCHUMANN, 2002). Os blocos de quartzo natural de alta transparência com pelo menos uma das faces naturais identificada são destinados a dois segmentos estratégicos, na obtenção de sementes para a produção das barras mãe de quartzo cultivado e ressonadores monolíticos de geometria tridimensional, destinados a produção de sensores de pressão que atual em ambientes severos (LUZ e BRAZ, 2008). O quartzo cultivado devido as suas fortes características piezoelétricas, tem larga utilidade na indústria eletrônica e na informática. Além da piezoeletricidade, as propriedades físicas mais relevantes do quartzo são as elásticas e ópticas (DIANA, 2004). 2.2.2 MATERIAIS POLICRISTALINOS As cerâmicas piezoelétricas são corpos maciços semelhantes às utilizadas em isoladores elétricos. São constituídas de inúmeros cristais microscópicos com propriedades ferroelétricas, sendo inclusive denominadas como policristalinas. Particularmente nas cerâmicas tipo PZT (titanotozirconato de chumbo) estes pequenos cristais possuem estrutura cristalina tipo Perovskita que apresenta formua geral ABO3, simetria tetragonal, romboédrica ou cubica simples, dependendo da temperatura em que o material de encontra (MOULSON e HERBERT, 1990). Estando abaixo de uma determinada temperatura critica, conhecida como temperatura de Curie, a estrutura Perovskita apresenta a simetria tetragonal em que o centro de simetria das cargas elétricas positivas não coincide com o centro de simetria das cargas negativas, dando origem a um dipolo elétrico. Para que ocorram manifestações macroscópicas é necessária uma orientação preferencial destes domínios, conhecida como polarização. Todaviaesta polarização de esvaece com o tempo e uso, inutilizando o material para a transformação de energia elétrica em mecânica. Entre os principais exemplos de materiais piezoelétricos policristalinos pode-se citar (MOULSON e HERBERT, 1990): Titanato de bário; Titanato de cálcio; Titanato de chumbo; TitanatoZirconato de chumbo (PZT); 23 2.2.2.1 TITANATOZIRCONATO DE CHUMBO A necessidade da obtenção de materiais sintéticos que reproduzem as características piezoeléctrica naturais motivou a pesquisa e produção de composto cerâmico derivado do PbZrO3 e PbTiO3 (Zirconato de Chumbo e Titanato de Chumbo), conhecido comercialmente como PTZ. A maioria dos materiais piezoelétrico sintéticos comercializados atualmente possui em sua composição (Pb,La)(Zr,Ti)O3. A descoberta de fortes propriedades piezelétrica nas cerâmicas ferroelétricas é um marco importante nas aplicações da piezoeletricidade, pois o desenvolvimento desse tipo de material cerâmico policristalino trouxe um período de desenvolvimento rápido e abriu novas áreas para a aplicação da piezoeletricidade (TICHÝ, 2010). Para preparar a cerâmica piezoelétrica, pos finos de óxidos metálicos do componente são misturados em proporções específicas. Esta mistura é aquecida para formar um pó uniforme. O pó é então misturado com um ligante orgânico, e é moldado em formas específicas, por exemplo, discos, barras, chapas, entre outros. Estes elementos são em seguida aquecidos por um tempo específico e sob uma temperatura pré-determinada. Como um resultado deste processo, partículas do pó de sinterização e o material formam uma densa estrutura cristalina (MOHEIMANI e FLEMING, 2006). Os elementos são então resfriados e, se necessário, aparados em formas especificas. Finalmente, os eletrodos são aplicados às superfícies adequadas da estrutura. Acima da uma temperatura crítica, conhecida como temperatuda de Curie, cada cristal perovskita no elemento cerâmico aquecido apresenta uma simetria cubica simples sem momento de dipolo (MOHEIMANI e FLEMING, 2006). No entanto, em temperaturas abaixo da temperatura de Curie cada cristal tem uma simetria tetragonal, e associado a isto, um momento de dipolo. Juntos os dipolos formam regiões de alinhamento local chamada de “domínios”. Este alinhamento proporciona um momento de dipolo para o domínio e, assim, uma rede de polarização (MOHEIMANI e FLEMING, 2006). O sentido da polarização entre os domínios vizinhos é aleatória. Consequentemente, o elemento cerâmico não tem polarização total. Os domínios em um elemento de cerâmica são alinhados ao expor o elemento a um forte campo 24 elétrico CC, geralmente, a uma temperatura ligeiramente abaixo da temperatura de Curie (MOHEIMANI e FLEMING, 2006). Isto é conhecido como processo de polarização. Após o tratamento de polarização, a maioria dos domínios estará quase alinhada com o campo elétrico e irão se expandir à custa de domínios que não estão alinhados com o campo, e então o elemento se expande na direção do campo. Quando o campo elétrico é removido, a maioria dos dipolos estará fixo em uma configuração de quase alinhamento (MOHEIMANI e FLEMING, 2006). A compressão ou tração mecânica no elemento muda o momento de dipolo associado a esse elemento, e com isso gera uma tensão elétrica. A compressão aoo longo da direção de polarização, ou tração perpendicular à direção de polarização, gera uma tensão elétrica da mesma polaridade que a tensão de polarização (MOHEIMANI e FLEMING, 2006). Uma tração ao longo da direção de polarização, ou compreensão perpendicular a essa direção, gera uma tensão elétrica com polaridade oposta à tensão de polarização. Quando estiver operando nesse modo, o dispositivo esta sendo usado como um sensor, isto é, o elemento cerâmico converte a energia de compressão ou tensão mecânica em energia elétrica (MOHEIMANI e FLEMING, 2006). O motivo pelo qual o PTZ é a cerâmica mais popular são as suas excelentes propriedades físicas e químicas, bem como, a capacidade de otimizá-las para aplicações especificas pelo ajuste adequado da razão de titanato e zirconato (BERLINCOURT, 1981). Os PTZs são dotados de características ímpares como (BERLINCOURT, 1981): Dureza e densidade elevadas, podendo ser produzidos em qualquer tamanho e formato; Quimicamente inertes, imunes à umidade e outras condições atmosféricas; O eixo mecânico e o eixo elétrico podem ser precisamente orientados conforme a necessidade da aplicação através do processo de polarização; 25 2.3 TRANSDUTORES PIEZOELÉTRICOS O efeito piezoelétrico direto ou inverso levou a criação dos transdutores eletromecânicos, estes dispositivos convertem energia elétrica em energia mecânica ou vive versa. Por sua vez, encontram aplicações quando são usados de forma passiva (sensor) ou ativa (atuador). Na maioria dos casos, o mesmo elemento pode ser usado para executar ambas as tarefas. 2.3.1 ATUADORES PIEZOELÉTRICOS No modo ativo, o transdutor, usando a propriedade piezoelétrica inversa dos materiais, recebe um sinal elétrico e altera as suas dimensões, enviando um sinal mecânico para o meio. Embora o coeficiente piezoelétrico das cerâmicas ferroelétricas seja substancialmente superior aos dos cristais naturais, em algumas aplicações praticas da amplificação da resposta piezoelétrica, é muitas vezes necessário, especialmente para a produção de deslocamentos pela atuação do material piezoelétrico. Exemplos da amplificação da ação de atuadores piezoelétricos incluem pilhas, unimorfos e bimorfos (INMAN e CUDNEY, 2000). Uma pilha é feita de vários transdutores piezoelétricos mecanicamente ligados em série e eletricamente em paralelo. A pilha usa o coeficiente piezoelétrico para criar um deslocamento e cada elemento transdutor se soma ao deslocamento total (INMAN e CUDNEY, 2000). Quando um campo elétrico com a mesma polaridade e orientação do campo de polarização original é colocado em toda a espessura de uma única placa de piezocerâmica, a peça se expande na espessura ou sentido longitudinal, ou seja, ao longo do eixo de polarização e se contrai no sentido transversal, perpendicular ao eixo de polarização). Quando o campo é invertido, os movimentos também são invertidos. O movimento transversal de uma folha laminada ligada a superfície de uma estrutura pode induzir a estrutura a esticar ou flexionar (CRAWLEY e LUIS, 1987). Bimorfo, por sua vez, é feito de duas camadas de material piezoelétrico, com ou sem uma camada passiva podendo ser construídos para alongar, flexionar ou torcer, dependendo da configuração de polarização e da ligação entre as camadas. Uma junta laminada entre o centro das duas camadas piezoelétricas acrescenta resistência mecânica e rigidez, porém reduz o movimento (INMAN e CUDNEY, 2000). 26 As duas camadas oferecem a oportunidade de reduzir a tensão da unidade pela metade quando configurado para operação em paralelo. Quando as duas camadas do elemento se comportam como uma única camada e ambas as camadas expandem (ou contraem) juntas, se pode chamar de atuadores de extensão (INMAN e CUDNEY, 2000). Se um campo elétrico é aplicado, isto torna o elemento mais longo e mais fino. Normalmente, apenas o movimento ao longo de um eixo é utilizado. A extensão de movimento é na ordem de micrometros, e a força de dezenas a centenas de Newtons. Um elemento de duas camadas produz uma curvatura quando se expande enquanto a outra se contrai (INMAN e CUDNEY, 2000). Quanto ao seu desempenho, os atuadores piezoelétricos são normalmente especificados em termos de sua deflexão livre e sua força de bloqueio.Deflexão livre se refere ao deslocamento atingido no máximo nível de tensão recomendado quando o atuador está completamente livre para se mover, por outro lado, a força de bloqueio refere-se a força exercida na máxima tensão recomendada quando o atuador está totalmente bloqueado sem poder se mover (INTRODUCTION, 2010). Devido às suas características de desempenho, os unimorfos e bimorfos são geralmente usados para dispositivos de alarme sonoro e ultrassom, dispositivos de posicionamento, detectores de movimento, entre outros (INMAN e CUDNEY, 2000). Os transdutores ultrassônicos são usados para produzir imagens e em aplicações de alta potência. Na área da medicina, eles são usados em aparelhos de exames de ultrassom, convertendo a energia elétrica em energia mecânica e vice versa, produzindo as ondas ultrassônicas. O mesmo principio também é usado no mapeamento de trincas em ensaios não destrutivos de materiais. Suas aplicações incluem: sonares, microbombas (empregadas em impressoras a jato de tinta e micropipetas) e microposicionadores (eletrônica) (INTRODUCTION, 2010). 2.3.2 SENSORES PIEZOELÉTRICOS Na forma passiva o transdutor só recebe sinais. Aqui a propriedade piezoelétrica direta do material é explorada de forma a obter uma tensão elétrica a partir de um esforço mecânico externo (INTRODUCTION, 2010). Quando um stress mecânico é aplicado a uma única placa de piezocerâmica na direção longitudinal (paralela à polarização), uma tensão é gerada, que tenta devolver a peça para a sua espessura original. Similarmente, quando um stress é 27 aplicado a uma placa em uma direção transversal (perpendicular à polarização), uma tensão é gerada que tenta devolver a peça para o seu comprimento e largura originais. Um unimorfo, como o apresentado na Figura 5, consiste em uma placa de piezoelétricos ligada a uma estrutura, quando esticada ou flexionada irá induzir a geração de uma tensão elétrica (INTRODUCTION, 2010). Aplicando uma força mecânica a um elemento laminado de duas camadas (bimorfo) resultará na geração de energia elétrica em função da direção da força, na direção de polarização e da forma de ligação entre as camadas individuais. Quando uma tensão mecânica causa um alongamento ou compressão de ambas as camadas de um elemento bimorfo, apresentado na Figura 4, adequadamente polarizado, uma tensão é gerada, que tenta devolver a peça para a sua dimensão original (INTRODUCTION, 2010). Figura 4 - Estrutura transdutor bimorfo Autor: (EOPLEX TECHNOLOGIES, 2007) Essencialmente, o elemento age como uma única placa de piezoelétrico, neste caso chama-se de sensor de extensão. O metal entre as duas camadas de piezo fornece resistência mecânica e rigidez, enquanto consome uma pequena parcela da força (INTRODUCTION, 2010). Quanto ao seu desempenho, sensores piezoelétricos podem ser especificados em termos do seu circuito fechado de corrente, e de tensão em circuito aberto. Circuito fechado de corrente refere-se à corrente total desenvolvida, no máximo nível recomendado de esforço mecânico e frequência de funcionamento, quando a carga estiver completamente livre para percorrer o circuito de um eletrodo para o outro, e sua tensão é zero (INTRODUCTION, 2010). Circuito aberto de tensão refere-se a tensão desenvolvida no máximo nível de deformação recomendado, quando a corrente não pode circular de um eletrodo para o outro (circuito aberto). O nível de corrente é máximo quando a tensão é zero e a tensão é máxima quando não existir corrente no circuito (INTRODUCTION, 2010). 28 2.3.3 TRANSDUTORES ACÚSTICOS UNIMORFOS (BUZZERS) Basicamente, a fonte sonora de um componente piezoelétrico acústico é uma membrana piezoelétrica. Um buzzer consiste de uma placa de cerâmica piezoelétrica que tem eletrodos em ambos os lados e uma placa de metal, geralmente latão ou aço inox (PIEZOELETRIC SOUND COMPONENTS, 2010), conforme pode ser observado na Figura 5. Figura 5 - Estrutura de um sensor piezoelétrico unimorfo Fonte: (CUI INC, 2016) Um disco de cerâmica piezoelétrica é anexada a um disco de metal com adesivos. Ao aplicar uma tensão entre os eletrodos de um buzzer piezoelétrico, provoca no mesmo uma distorção mecânica devido ao efeito piezoelétrico (PIEZOELECTRIC, 2010). Para um elemento piezoelétrico deformado, a distorção do elemento piezoelétrico se expande em direção radial. A placa de metal ligada ao elemento piezoelétrico se curva na direção mostrada na Figura 6. A placa ligada ao elemento piezoelétrico não se expande. Por outro lado, quando o elemento piezoelétrico se encolhe, o efeito piezoelétrico faz com que o elemento metálico se curve na direção oposta. Assim quando uma tensão alternada é aplicada sobre os eletrodos, a flexão mostrada na Figura 6 é repetida, produzindo assim ondas sonoras no ar (PIEZOELECTRIC, 2010). 29 Figura 6 - Deformação da cerâmica piezoelétrica Fonte: (HACKADAY, 2015) Tendo em vista que os componentes piezoelétricos podem gerar movimentos mecânicos em função de aplicações de diferenças de potenciais, pode-se concluir que é possível obter tensão elétrica em função de um esforço mecânico. 30 3 CONVERSORES CC-CC Conversores CC-CC são sistemas formados por semicondutores de potência operando como interruptores, e por elementos passivos, normalmente indutores e capacitores que tem por função controlar o fluxo de potência de uma fonte de entrada para uma fonte de saída (Petry, 2001). Existem várias topologias de conversão CC-CC, a seguir apresenta-se na Figura 7 um exemplo de conversor CC-CC básico, cabe ao projetista escolher a que mais se adeque à necessidade de cada projeto. Figura 7 - Conversor CC-CC básico e forma de onda da tensão de saída Fonte: (PETRY, 2001) Para que esta conversão CC-CC seja possível é utilizado um dispositivo, o qual é responsável pela definição de quanto do sinal de entrada será convertido no sinal de saída. Este dispositivo é o gerador do PWM. 3.1 MODULAÇÃO POR LARGURA DE PULSO - PWM A modulação PWM é a mais empregada para o controle de conversores CC- CC. Neste tipo de modulação é realizado o controle da tensão de saída, de forma a mantê-la em um nível desejado (BARBI, 2000). Modulação por largura de pulso (Pulse Widht Modulation – PWM) é um sistema que controla o nível de tensão da saída de um conversor CC-CC através da alteração da largura do pulso digital que é enviado para a chave semicondutora (BANDEIRA, 2015). Cada uma das topologias que podem ser utilizadas na conversão de energia CC-CC possui um ganho específico. A tabela 1 mostra o ganho estático, D, de alguns dos modelos de conversores CC-CC mais comumente utilizados. 31 Tabela 1 - Ganho estático, D, para conversores básicos CONVERSOR GANHO ESTÁTICO Buck D Boost 1/(1-D) Buck-Boost D/(1-D) Cúk D/(1-D) Sepic D/(1-D) Zeta D/(1-D) Fonte: (BARBI, 2000) Os sinais de comando do interruptor podem ser gerados com frequência de comutação fixa ou variável. Uma forma de gerar os sinais de comando com frequência fixa é através de modulação por largura de pulso (PWM) (Petry, 2001). Na Figura 8 tem-se um exemplo de circuito PWM Figura 8 - Exemplo de circuito PWM Fonte: (PETRY, 2001) Na Figura 8 acima pode ser observado um circuito gerador de PWM, onde o sinal de Vcc determina o tempo em que o sinal permanece em baixa, zero, e o tempo em que o sinal permanece em alta, sinal máximo do gerador da onda dente de serra. 3.2 CONVERSOR BUCK O conversor Buck apresentado na Figura 9 é um abaixador de tensão, logo suatensão de entrada é maior que a tensão de saída. O oposto disso ocorre com a corrente seguindo o princípio de conservação de energia. Teoricamente, esse tipo 32 de conversor é concebido de forma a possibilitar uma variação contínua da tensão média na carga desde zero até o valor da tensão de alimentação (BARBI, 2000). Figura 9 - Conversor Abaixador (Step Down ou Buck). Fonte: (POMILIO, 2007) Há duas maneiras de operação dos conversores Buck, estes podem atuar na forma contínua, onde a corrente elétrica do indutor não chega a zero, e a operação descontínua, onde a corrente elétrica que percorre o indutor atinge o valor zero. Os dois modos de operação podem ser visto na Figura 10. Figura 10 - Formas de onda para modo de condução contínua e modo de condução descontínua em conversor Buck. Fonte: POMILIO; 2007 Atuando em modo de condução contínua, os valores de saída são diretamente proporcionais à largura do pulso do PWM. A partir da análise dos dois estágios do conversor (Figura 11) em modo de condução contínua, é possível tirar algumas conclusões. 33 Figura 11 - Estágios de conversão do conversor Buck Fonte: (SKVARENINA, 2002) Assim, tem-se que o tempo de comutação é definido pela equação 1 (POMILIO, 2007) a seguir, onde Ts é o tempo de comutação e Fs é a frequência de comutação do conversor: (1) De acordo com a equação 2 (POMILIO, 2007), é possível verificar a razão cíclica do conversor determinada pela razão entre o tempo e alta e o tempo de comutação do conversor. (2) Assim, a tensão média na saída deste conversor é dada pela equação 3 (POMILIO, 2007): (3) 34 Por associação de fórmulas, obtem-se que a tensão de saída do conversor é dada em função da razão cíclica e da tensão de entrada, demonstrada na equação 4 (POMILIO, 2007): (4) Logo, a razão cíclica, equação 5 (POMILIO, 2007), pode ser determinada pela razão entre a tensão de saída e pela tensão de entrada do conversor: (5) 3.3 CONVERSOR BOOST O conversor Boost é um sistema de elevação de tensão, utilizado quando se deseja obter uma tensão média na saída maior que a tensão de entrada do conversor. Na Figura 12 pode-se observar o esquemático de um conversor Boost. Figura 12 - Conversor Boost (step up) Fonte: (ELMANO, 2011). Da mesma maneira que o conversor buck, o conversor boost, opera de maneira contínua e descontínua. No modo de operação contínuo, este possui duas etapas de operação, como pode ser visto na Figura 13. Na primeira etapa, com a chave fechada, o indutor L se carregará e assumirá uma tensão no valor da fonte. Quando a chave for aberta, o indutor estará com uma carga que produzirá uma tensão que se soma à tensão oferecida pela fonte para fazer a carga do capacitor com uma tensão mais alta que a oferecida somente pela fonte. Ao retornar para o primeiro estágio, o diodo será reversamente polarizado, fazendo com que o capacitor descarregue sobre a carga (BANDEIRA, 2015). 35 Figura 13 - Princípio de operação do Conversor Boost Fonte: (ELMANO, 2011). Figura 14 - Princípio de operação do Conversor Boost Fonte: (ELMANO, 2011). 36 A equação 6 (ELMANO, 2011) mostra o cálculo de corrente de saída do conversor para uma determinada potencia. A corrente de saída é definida pela razão entre a potência do conversor pela tensão de saída: (ELMANO, 2011): (6) A Razão cíclica neste tipo de conversor, máxima e mínima, depende da tensão de entrada máxima e mínima conforme demonstrado na equação 7 (ELMANO, 2011): (7) Para este tipo de conversor o valor mínimo de indutância pode ser calculado através da equação 8, 9 e 10 (ELMANO, 2011), demonstradas a seguir: (8) (9) (10) Para este tipo de conversor o valor mínimo de indutância pode ser calculado através da equação 11, 12 e 13 (ELMANO, 2011), demonstradas a seguir: (11) (12) (13) 37 3.4 CONVERSOR BUCK-BOOST O conversor Buck-Boost apresentado na Figura 15 combina as características de entrada do conversor Buck com as características de saída do conversor Boost. No conversor Buck-Boost pode-se abaixar ou elevar a tensão, porém a polaridade é invertida. Não pode ocorrer transferência direta de energia da entrada para a saída, sendo necessária a inclusão de um componente acumulador (com característica de fonte de corrente) para transferir a energia da entrada para a saída (RECH, CASSIANO). Figura 15 - Conversor Buck-Boost Fonte: (RECH, C.) Em regime permanente, o valor médio da tensão no indutor é nulo como demonstrado na equaçao 14 (ELMANO, 2011): (14) Assim obtém-se a equação 15 (ELMANO, 2011), capaz de determinar o valor da razão cíclica deste conversor. Esta razão é o que define se o conversor se comportará como um rebaixador de tensão ou como um elevador de tensão: (15) D < 0,5 → Quando a razão cíclica de operação for menor que 0.5, o conversor opera como rebaixador de tensão ou buck. D > 0,5 → Quando a razão cíclica de operação for maior que 0.5, o conversor opera como elevador de tensão ou boost. 38 Pode-se obter os valores do capacitor e indutor pelas fórmulas 16,17 e 18 (ELMANO, 2011), que consideram a corrente média no indutor além da variação de corrente definida em projeto par o calculo do indutor e a corrente de saída, razão cíclida, variação de tensão definida em projeto e a frequência para o calculo do capacitor: (16) (17) (18) 3.5 CONVERSOR CÚK É possível notar no conversor Cúk apresentado na Figura 16, com entrada CC que o mesmo possui um indutor e um capacitor a mais em relação aos conversores buck e boost. Assim como no conversor Buck-Boost que é elevador ou abaixador, ocorre uma inversão de polaridade entre o sinal de entrada e de saída deste conversor. Figura 16 - Conversor Cuk com entrada CC Fonte: (POMILIO, 2007). A tensão que as chaves devem suportar é igual à soma das tensões de entrada e de saída. Durante a condução do transistor, a corrente cresce por ambas indutâncias. Ao final do ciclo de trabalho, as correntes passam a circular pelo diodo (POMILIO, 2007). 39 Figura 17 - Formas de onda dos conversores Cuk, Sepic e Zeta em condição contínua e descontínua Fonte: (POMILIO, 2007). A partir das tensões sobre as indutâncias pode-se obter a característica de transferência estática. Para larguras de pulso inferiores a 50% o circuito funciona como abaixador de tensão e acima de 50%, como elevador assim como mostra a equação 19 (POMILIO, 2007): (19) Para condução descontínua, como demostrado na equação 20 e 21 (POMILIO, 2007): (20) Onde: (21) 3.6 CONVERSOR SEPIC O conversor Sepic, apresentado na Figura 18, possui as mesmas características do conversor Cuk, com as mesmas formas de onda de corrente 40 (Figura 17). O capacitor C1, no entanto, deve suportar apenas a tensão de entrada. Neste conversor a corrente de saída é recortada (POMILIO, 2007). Figura 18 - Conversor Sepic Fonte: (POMILIO, 2007). 3.7 CONVERSOR ZETA Figura 19 - Topologia do conversor Zeta Fonte: (POMILIO, 2007). Na verdade, a diferença entre este conversor, o Ćuk e o SEPIC, apresentado na Figura 19, é apenas a posição relativados componentes (POMILIO, 2007). O conversor Zeta possui as mesmas características dos conversores Cúk e Sepic. 41 4 O PROJETO 4.1 EQUIPAMENTO A SER ALIMENTADO Para o desenvolvimento deste projeto foi utilizado como base de equipamento um console de jogos produzido pela Microsoft Corporation, o XBOX 360 E mostrado na Figura 20. Este equipamento pode ser utilizados com algumas extensões como o Kinect. Figura 20 - Console XBOX 360 Fonte: (XBOX, 2016) O kinect, Figura 21, é um sensor de movimentos desenvolvido única e exclusivamente para o console XBOX. Este tipo de tecnologia foi capaz de promover uma interação entre o jogador e os jogos eletrônicos sem a necessidade de ter as mãos em um controle ou joystick. Atualmente existem inúmeros jogos desenvolvidos para que o jogador utilize este tipo de controle, desde jogos onde os jogadores competem em performances de danças ou corridas ou até mesmo jogos onde os jogadores simulam lutas. Figura 21 - Kinect para XBOX 360 Fonte: (XBOX, 2016) Este console tem uma potência nominal de 120 W, de acordo com o informado pela Microsoft, e pode ser utilizado em conjunto com o kinect, que conta 42 com uma potência de aproximadamente 13 W. A potência total quando da utilização do console com o kinect, é de aproximadamente 133 W. 4.2 TESTES NAS CERÂMICAS PIEZO ELÉTRICAS Para que seja possível o desenvolvimento desta micro geração de energia, foram efetuados testes nas cerâmicas piezo elétricas a fim de se definir a potência que é possível de ser fornecida por cada uma das cerâmicas. Foram efetuados testes em cerâmicas piezo elétricas de 35mm de diâmetro como pode ser demonstrado na Figura 22. Os valores de corrente elétrica fornecida pelas cerâmicas foram estipuladas, pois não foi possível efetuar uma leitura confiável. Para se fazer essa estimativa, inicialmente foi alimentado um LED de alto brilho por uma cerâmica como apresentado na Figura 22, sendo comprovado que é possível ser aceso este LED pela pressão aplicada na piezo cerâmica. Para que um LED 5 mm de alto brilho emita luz, ele precisa de no mínimo 25 mA, o que foi fornecido pela cerâmica. O segundo teste, foi com dois LEDs em paralelo para definir se era possível o fornecimento de corrente elétrica para ambos os LEDs, porém pelo o que foi verificado, não é possível uma cerâmica alimentar os dois LEDs pois não possui capacidade de condução de corrente suficiente para alimentar os dois LEDs. Figura 22 - Piezo elétrico para alimentação de LED Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR, 2016) 43 Após estes testes de capacidade de condução de corrente, foram efetuadas medições com o osciloscópio para definir a tensão elétrica gerada por esses elementos conforme pode ser visualizado na Figura 23. O que se pode verificar é que esta cerâmica desenvolve uma tensão de pico bastante elevada, em torno de 14 V, com uma tensão de pico a pico de 31V, isto leva a uma tensão CC rms, capaz de produzir trabalho, de aproximadamente 7,5 V. Figura 23 - Tensão gerada pelas cerâmicas piezo elétricas Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR, 2016) A potência fornecida pode ser calculada pela equação 22 mostrada a seguir, adotando como corrente elétrica de saída, os 25 mA que fizeram acionar o LED de alto brilho. (22) Onde: – Potência gerada por uma cerâmica piezo elétrica – Corrente elétrica de saída de uma cerâmica piezo elétrica – Tensão elétrica desenvolvida por uma cerâmica piezo elétrica 44 A potencia calculada de uma cerâmica piezo elétrica é de 187,5 mW. A área de cara uma das cerâmicas pode ser calculada através da equação 23 apresentada a seguir: (23) Onde: – Área de uma cerâmica piezoelétrica de 35 mm – Raio de uma cerâmica piezoelétrica de 35 mm Através desta fórmula, pode-se definir que a área de uma cerâmica de 35mm é de aproximadamente 962,1 µm2. Tendo em vista o tamanho das cerâmicas, com um diâmetro de 35 mm, é possível dispor em um metro quadrado 784 cerâmicas. Com isso, o potencial energético de um metro quadrado é de 147 W/m2. Como a tensão gerada pelas cerâmicas é alternada, possui um semi ciclo positivo e um semi cilco negativo, é possível aplicar um esquema de retificação de onda visando melhorar os níveis de tensão cc na saída de um sistema com estas cerâmicas. O retificador escolhido é um retificador de onda completa composto por uma ponte de diodos, inicialmente sem a adição de capacitores ou outro elemento de armazenamento de energia. O esquema do retificador pode ser analisado na Figura 24 apresentado a seguir. Figura 24 - Retificador de ponte completa Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR, 2016) 45 A ponte retificadora foi elaborada com diodos 1N60 conforme mostrado na Figura 25, que é de germânio para que a queda de tensão nos diodos fossem menor, garantindo uma tensão de saída maior devido a uma queda de tensão menor nestes diodos. Além dos diodos foi utilizado um capacitor de 10 µF para estabilizar a tensão, o que não ocorreu de maneira satisfatória. Após o teste com este capacitor, foi reduzida a capacitância pela troca por um capacitor de 4,7 µF, o que garantiu uma onda praticamente sem oscilações com um nível aceitável para a posterior utilização de um conversor CC-CC. Figura 25 - Ponte retificadora completa Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR, 2016) A retificação da onda garantiu uma tensão média maior conforme pode ser visto na Figura 26, passado de cerca de 7,5 V para cerca de 12,8 V de tensão média. Como a tensão de saída é mais elevada é possível deduzir pela equação 22 que a potencia entregue à carga também será elevada. Figura 26 - Sinal de tensão após a retificação Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR, 2016) 46 A nova potência fornecida calculada de uma cerâmica piezo elétrica através da equação 22, é de 320 mW. Como foi possível aumentar a potencia fornecida pelas cerâmicas, a potencia total gerada em um metro quadrado é também elevada. Tendo em vista que é possível colocar 784 peças de cerâmicas piezoelétricas, a potência gerada passa de147 W/m2 para 250 W/m2. 4.3 CONVERSOR A SER UTILIZADO A saída de uma fonte de alimentação para um console XBOX 360 é de 12V, tendo em vista que o nosso sistema de geração opera com uma tensão de saída que varia de acordo com a interação do jogador com o jogo, o melhor conversor do ponto de vista técnico seria um conversor com capacidade de elevar ou rebaixar a tensão de acordo com o necessário. O conversor buck-boost tem a capacidade de elevar ou rebaixar a tensão de saída de acordo com o valor do seu ciclo de trabalho, duty cicle. A potência necessária para o conversor depende única e exclusivamente da potencia do equipamento a ser alimentado. Como foi escolhido um equipamento com potência total de 133 W o ideal seria prever um sistema de que suprisse a carga total e que houvesse um limite de potência maior para um possível aumento. Para que seja possível a manutenção da tensão de saída estabilizada em 12 V, é necessário utilizar um sistema de controle com realimentação de saída que controle o ciclo de trabalho. Obtendo-se assim, a tensão nominal de trabalho do console durante a sua operação. O conversor Buck-Boost tem a capacidade de elevar ou reduzir a tensão de acordo com o seu ganho estático. Para que ele opere de maneira a manter a tensão de saída constante, é necessário uma malha de realimentação da saída para que seja controlada a frequência de chaveamento. A Figura 27 mostra o conversor buck- boost proposto. Os cálculos do capacitor e doindutor são demonstrados pelas equações 24 e 25 (CAMPONOGARA) respectimavente. Além do cálculo da razão cíclica demonstrado pela equação 15. (24) 47 (25) Adotando os valores de ondulação de corrente e de tensão em 20% e 1%, os valores de C e L foram calculados e são respectivamente 2,34 mF e 150 µH. Figura 27 - Conversor buck-boost proposto Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR, 2016) Com o conversor testado, foi verificado que a tensão de saída correspondia aos 12 V estipulados em projeto, porém, é necessário que este valor de saída não varie para não afetar a carga com a variação da tensão de entrada. A estratégia de controle adotada para esta situação foi um controlador proporcional integral, apresentado na Figura 28, capaz de controlar o chaveamento da chave para que a tensão de saída fique estabilizada. Figura 28 - Controlador PI Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR, 2016) 48 Figura 29 - Buck-boost com distúrbios de tensão Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR, 2016) A Figura 29 apresenta o conversor com uma fonte de entrada de 11V e com dois distúrbios de tensão aplicadas na entrada. Inicialmente o conversor opera somente com a fonte de 11V até atingir o estado de repouso após cerca de 0,5 segundos, com tensão de saída de 12V, após 1 segundo de operação, o primeiro disturbio de tensão provoca um aumento de 3V na entrada fazendo com que o controlador atue de maneira que a tensão de saída volte a atingir os 12V, e após mais 0,7 segundos, o segundo disturbio produz um afundamento de tensão de 5V fazendo com que novamente o controle atue para readequar a tensão de saída. Figura 30 - Perfil de tensão de saída Fonte: (ELABORADO PELO AUTOR, 2016) Na Figura 30 pode ser observada o comportamento da tensão de saída apresentada pelo conversor quando há na sua entrada um distúrbio. O primeiro 49 distúrbio é uma elevação de tensão de 3V e o segundo é uma redução do nível de tensão de 5V na sua entrada, como pode ser observado, o controle atua de maneira eficaz estabilizando a saída no valor estabelecido. 50 5 CONCLUSÕES Com a crescente demanda por energia elétrica, vem aumentado estudos a cerca de gerações alternativas como por exemplo a solar, eólica, dentre outras. A piezo eletricidade é um desses exemplos de pesquisas, embora não seja tão difundida quanto as demais, tem um grande potencial para pequenos aproveitamentos. A eficientização de equipamentos faz com que estes consumam uma menor quantia de energia elétrica, tornando possível a utilização de pequenos aproveitamentos para suprir o seu consumo. Nesta proposta foi desenvolvido um estudo de um sistema para geração de energia elétrica através da utilização de sensores piezo elétricos que transformam a pressão exercida sobre eles em uma diferença de potencial pela polarização das suas moléculas. Essa geração de energia, porém, tem alguns problemas que precisaram ser corrigidos para que fosse possível utilizá-la. A tensão gerada pelas cerâmicas piezo elétricas não é contínua, ou seja, há um pico de tensão positiva e quando se retira a pressão, a polaridade da diferença de potencial inverte, formando uma onda similar a senoidal gerada em geradores convencionais. Utilizando um retificador de onda completa montado com diodos de germânio para que a potência dissipada nestes fosse a menor possível. Após a retificação da onda de saída das cerâmicas, foi adicionado ao sistema um capacitor para que a tensão de saída estabilizasse e não houvesse um ripple elevado, conseguindo assim uma onda de saída contínua praticamente perfeita. Como o equipamento a ser alimentado possuía uma potência de aproximadamente 135 W, foi dimensionado um sistema de geração capaz de proporcionar até 250 W, o que é suficiente para a alimentação do sistema um uma potência maior, podendo este alimentar um equipamento de maior potência se necessário. A tensão de saída do sistema de geração não é perfeitamente constante, pois depende da interação do jogador com o console e o jogo. Em alguns jogos o jogador se movimenta mais que em outros produzindo assim pressões diferentes nas cerâmicas, o que proporcionará uma saída de tensão contínua, mas variável. 51 O equipamento opera com uma tensão fixa de 12 V, o que precisa ser rigorosamente respeitado. Para que a geração possa ser utilizada, foi proposto um sistema que estabiliza a tensão de saída nos 12 V especificados através da utilização de um conversor buck-boost, conversor com capacidade de rebaixar ou elevar a tensão de acordo com o especificado em projeto, controlado por malha fechada com realimentação da saída. Os parâmetros para este conversor foram calculados de maneira que as ondulações de tensão e corrente sejam de 1% e 20% respectivamente. Como não foi possível efetuar a montagem e os testes, as simulações unicamente comprovaram que este opera de maneira adequada, e que se ocorrer qualquer distúrbio na tensão gerada pelo sistema de geração, o conversor opera de maneira a estabilizar a tensão de saída, tornando o sistema adequado e passível de utilização. Como demonstrado neste trabalho, seria possível o aumento dessa geração para que a potência gerada se tornasse mais elevada e com isso proporcionasse a utilização em equipamentos de potência maior. 52 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARNAU, Antonio. Piezoelectric Transducers and Applications. Alemanha 2004. AUTOMOTIVEBUSINESS, Frota circulante atinge 41,5 milhões de veículos. São Paulo, 06 de Maio de 2015. Disponível em: <http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/21922/frota-circulante-atinge-415- milhoes-de-veiculos> Acesso em: 24/11/2015. BANDEIRA, RAFAEL HENRIQUE. Estudo e projeto de uma topologia de conversão CC-CC para aplicação em faróis automotivos, UNIJUI – Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, 2015. REIS, MAURO. Como fazer uma fonte de alimentação. Baú da Eletrônica, Brasil, 2005. Disponível em: < http://baudaeletronica.blogspot.com.br/2012/05/como-fazer- uma-fonte-de-alimentacao.html> Acesso em: 15/06/2016. BELINCOURT, D. Piezoeletric ceramics: characteristics and aplications. Journal of Acoustical Society of America. 1981. BARBI, I. (2000). Eletrônica de Potência: Conversores CC-CC Básicos Não Isolados. Florianópolis. CAMPONOGARA, DOUGLAS. Anotações de aula – Disciplina de eletrônica de potência I. CRAWLEY, E. F; LUIS, J. Use of piezoelectric actuators as elements of intelligent structures, AIAA Journal, Vol. 25. 1987 CUI INC, Piezo and Magnetic Buzzers. Disponível em: < http://www.cui.com/product- spotlight/piezo-and-magnetic-buzzers#4> Acesso em: 06/06/2016. DIANA, F. R. Pedras Brasileiras. 2ª Ed. Rio de Janeiro, Brasil, 2004. ELMANO, CARLOS. Conversor Boost, 2011. Disponível em: <http://www.ec.ufc.br/professores/elmano/disciplinas/sistelet/Aula09.pdf> Acesso em: 28/11/2015. FARRET, Felix Alberto. Aproveitamento de pequenas fontes de energia elétrica. Santa Maria. 2ª edição, Editora da UFSM – Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.2014. 53 INEE, O que é Geração Distribuída. Rio de janeiro. Disponível em: <http://www.inee.org.br/forum_ger_distrib.asp> Acesso em: 23/05/2016. INMAN, D, J; CUDNEY, H. H. Structural and machine design using piezoceramic materials: a guide for structural design engineers. Final report to NASA Langley Research Center, 2000. INTRODUCTION to piezo trasnducers. Disponivel em: <http://www.piezo.com/catalog7C.pdf> Acesso em 10/05/2016. JONA, F; SHIRANE, G. FerroelectricCrystals. Oxford, 1962. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1991. 270 p. LEAL, ALAN BOHRER. Análise de viabilidade de aproveitamento de energia utilizando bicicletas de spinning em academia de ginástica, UNIJUI – Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, 2015. LUZ, A. B; BRAZ, E. Quartzo – Série rochas industriais. Rio de Janeiro, 2008. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999. MME, Brasil lança Programa de Geração Distribuída com destaque para energia solar. Disponível em: <http://www.mme.gov.br/web/guest/pagina-inicial/outras- noticas/-/asset_publisher/32hLrOzMKwWb/content/programa-de-geracao-distribuida- preve-movimentar-r-100-bi-em-investimentos-ate-2030> Acesso em: 23/05/2016. MOHEIMANI, S. O. R; FLEMING, A. J. Piezoelectric transducers for vibration control and damping. School of Electrical Engineering and Computer Science. Austrália, 2006. MOULSON, A. J; HERBERT, j. m. Eletroceramics, materials, properties and aplications. 1990. PETRY, Clóvis Antônio; Introdução aos Conversores CC-CC. Santa Catarina, Agosto de 2001. Disponível em: <http://www.professorpetry.com.br/Bases_Dados/Apostilas_Tutoriais/Introducao_Co nversores_CC_CC.pdf> Acesso em: 28/11/15. PIEZOELETRIC sound componentes, application manual. Disponivel em <http://www.murata.com/products.catalog/pdf/p15e.pdf> Acesso em: 28/11/15. 54 PIEZO SYSTEMS, INC. History of piezoelectricity. Disponível em: <http://www.piezo.com/tech4history.html> Acesso em: 25/11/2015 POMILIO, J. A. (2007). Eletrônica de Potência. Campinas: DSCE-FEC-UNICAMP RECH, CASSIANO. Eletronica de Potência II, capítulo 2, <http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/cassiano/materiais/EPOII___Capitul o_2___Buck_Boost.pdf> Acesso em: 20/11/2015 SCHUMANN, W. Gemas do mundo. Rio de Janeiro, Brasil. 2002 SKVARENINA, T. L. (2002). The Power Electronics. Indiana: Purdue University. TICHÝ, J; ERHART, J; KITTINGER, E; PRÍVRATSKÁ,J. Fundamentals of Piezoelectric Sensorics: Mechanical, Dielectric, and Thermodynamical Properties of Piezoelectric materials. New York: Springer 2010. UNISC, Métodos e técnicas de pesquisa. Disponível em: <http://www.unisc.br/portal/upload/com_arquivo/metodos_e_tecnicas_de_pesquisa.p df> Acesso em: 24/11/2015.
Compartilhar