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FUNÇÕES DAS CÉLULAS DO PROCESSO INFLAMATÓRIO Normalmente, as moléculas e células de defesa circulam no sangue, e o alvo da reação inflamatória é trazê-las para o local da infecção ou lesão tecidual. Vários tipos de moléculas e células exercem papéis importantes, incluindo proteínas plasmáticas, leucócitos, células endoteliais e células do tecido conjuntivo. FONTE: KUMAR et al., 2008 1. CÉLULAS ENDOTELIAIS Papel importante em fenômenos como: - Tônus vascular: liberação de mediadores químicos que promovem vasodilatação (p.ex., óxido nítrico). - Fenômenos exsudativos: contração endotelial e mecanismos de adesão endoteliócito / leucócito. - Papel também na angiogênese (que ocorre no processo de reparo, na inflamação crônica e também no câncer – como veremos posteriormente). 2. MASTÓCITOS - Armazenam grânulos com substâncias - particularmente histamina. - Estrategicamente posicionados próximos aos vasos sanguíneos. - A histamina (pré-formada) é liberada em resposta a vários estímulos: lesão física (calor, trauma), reações imunes, fragmentos do complemento(C3a e C5a), proteínas de liberação da histamina derivadas de leucócitos, neuropeptídeos e certas citocinas (IL-1, IL-8). 3. CÉLULAS “SENTINELA” - Macrófagos, células dendríticas. - Nos tecidos, atuam como “filtros” para materiais particulados, micróbios e células senescentes, ativando componentes específicos do sistema imune adaptativo (linfócitos T e B). - Têm a capacidade de reconhecer padrões moleculares associados a patógenos (PAMP). - Os receptores que reconhecem os PAMP (alguns denominados toll-like receptor – TLR) são codificados no DNA do hospedeiro e expressos na superfície dessas células. - A interação TLR-PAMP estimula as células-sentinela a responder imediatamente, deflagrando vias de sinais intracelulares que resultam na produção das principais citocinas inflamatórias (IL-1 e TNF). - Por sua vez, essas citocinas provocam aumento da permeabilidade vascular e estimulam a expressão de moléculas de adesão que facilitarão a diapedese. 4. NEUTRÓFILOS (ou PMNs, ou polimorfonucleares) - Desempenham suas funções nos tecidos o sangue é veículo entre locais de formação, armazenamento e atividade. Ou seja, a demanda aumentada é refletida em números aumentados na circulação (isso é válido para todos os leucócitos). - Constituem a primeira onda de migração, sendo que os primeiros neutrófilos podem ser observados nos tecidos cerca de 90 minutos após a agressão (CONSOLARO, 2009). - É a célula predominante nas primeiras 24 a 48 horas da inflamação; ou seja, caracteriza a inflamação aguda. - Este predomínio inicial deve-se ao seu maior percentual entre os leucócitos circulantes (40 a 70%), e também à sua maior responsividade e agilidade de movimentação frente aos fatores quimiotáticos. Você pode observar a agilidade desta célula frente a fatores quimiotáticos no seguinte link http://www.youtube.com/watch?v=I_xh-bkiv_c (se preferir, clique sobre a figura com a tecla Ctrl pressionada) - Têm a capacidade de englobar, matar e digerir microorganismos, particularmente bactérias e fungos. São ativados tanto pela presença desses microorganismos (através de produtos bacterianos e componentes do complemento) quanto pela presença de tecido lesado (pela presença de metabólitos do ácido araquidônico). - Quando o neutrófilo é ativado, as enzimas proteolíticas e os produtos tóxicos de oxigênio por ele gerados danificam os próprios tecidos do hospedeiro. Também quando se desintegra as enzimas são liberadas no interstício, onde agem agredindo os tecidos inflamados. - A ação das enzimas neutrofílicas pode dar um aspecto viscoso e amarelado ao exsudato inflamatório, que passa a ser identificado como exsudato supurativo ou purulento (pus). Algumas vezes, os neutrófilos são denominados piócitos, e os microorganismos que frequentemente geram essa resposta são denominados microorganismos piogênicos (em especial, estreptococos e estafilococos). - Nos tecidos, os neutrófilos morrem após aproximadamente dois dias. Logo, é necessário que a produção de neutrófilos pela medula seja capaz de compensar a sua contínua destruição. FONTE: KUMAR et al., 2008 5. EOSINÓFILOS - Constituem de 1 a 6% dos leucócitos circulantes. - Também são células fagocitárias, que estão relacionadas a destruição de complexos antígeno-anticorpo, sendo muito encontradas nas reações de hipersensibilidade, especialmente naquelas relacionadas a anticorpos IgE. - Encontram-se aumentados também na ocorrência de parasitoses (helmintos), sendo que seus produtos podem lesar esses parasitas. - Uma vez ativados se degranulam e liberam seus produtos. - Têm vida longa (vários dias, e mesmo semanas), e desta forma, agem por mais tempo. - Tem sido considerado de importância primária na patogenia da fase tardia da asma, em que suas proteínas granulares provocam lesão ao endotélio bronquiolar (Rang et al, 2004). 6. BASÓFILOS - Há muita discussão acerca de sua natureza… - Alguns acreditam que seja a forma circulante do mastócito. - Contém grânulos contendo histamina e heparina. 7. LINFÓCITOS T, PLASMÓCITOS E LINFÓCITOS NK - Apesar de estarem muito vinculadas às respostas adaptativas, participam também das reações inflamatórias originariamente não imunes. - Três grupos, conforme você já viu na Imunologia: 1) Linfócitos T (e suas subpopulações de T auxiliares e T supressores-citotóxicos), envolvidos na imunidade celular; 2) Linfócitos B (relacionados à produção de imunoglobulinas); e 3) Linfócitos NK (citotóxicos, independente de estimulação antigênica). - Linfócitos e macrófagos interagem de modo bidirecional, e essas interações têm um papel importante nas inflamações crônicas. Os macrófagos apresentam os antígenos aos linfócitos T, e produzem citocinas que estimulam as respostas destes linfócitos. Os linfócitos T ativados, por sua vez, também produzem citoninas, entre elas uma que é potente ativador de macrófagos (IFN-γ). Essas interações resultam num ciclo de reações celulares que abastece a mantém a inflamação crônica, quando necessário. - Os plasmócitos desenvolvem-se a partir de linfócitos B ativados, e produzem anticorpos (resposta imune humoral) dirigidos contra antígenos persistentes no local da inflamação, ou contra componentes teciduais alterados. - As células NK (natural killer) consistem em células linfoides não-T, não-B, especializadas, que destroem células-alvo (isto é, células infectadas por vírus, células tumorais) que carecem de ligantes para receptores inibitórios presentes nas próprias células NK. Os ligantes necessários consistem em moléculas do complexo principal de histocompatibilidade (MHC1). Ou seja, as células NK atacam quaisquer células, a não ser que expressem essas moléculas. Se os receptores inibitórios reconhecerem moléculas MHC sobre a célula-alvo, a célula NK não a destrói. As células NK matam através do processo de citotoxicidade mediada por anticorpos. 1 As moléculas MHC são proteínas expressas na superfície da maioria das células do hospedeiro e, basicamente, são específicas do indivíduo, de modo que as células NK evitam lesar as células do hospedeiro. FONTE: KUMAR et al., 2008 8. MACRÓFAGOS - Os monócitos são os precursores plasmáticos dos macrófagos. - A adesão ao endotélio e a migração para o tecido segue um padrão semelhantes ao dos neutrófilos, embora os quimiotáticos envolvam quimiocinas adicionais. - Nos tecidos, os monócitos são transformados em macrófagos. - Os macrófagos podem também ser ativados, resultando em aumento do tamanhocelular, aumento do conteúdo de enzimas lisossômicas, metabolismo mais ativo e maior capacidade de destruir organismos ingeridos. - Como já dito, nas reações inatas os macrófagos ligam- se aos PAMP por intermédio de receptores específicos, desencadeando a produção e a liberação de citocinas que atraem outros leucócitos para a região. Em áreas de inflamação, ingerem restos teciduais e células mortas, bem como microorganismos, sendo capazes de destruir muitos deles. - Os macrófagos são encontrados em praticamente todos os órgãos e tecidos. Embora desempenhem fagocitose, suas atividades são muito variadas, indo desde a apresentação de antígenos até a produção de diversas citocinas. - Nem todos os macrófagos teciduais são iguais. Alguns se diferenciam enquanto células eminentemente fagocitárias (estas possuem um sistema de lisossomos que contém numerosas enzimas hidrolíticas, algumas com ação microbicida). Outros podem agir sobre células neoplásicas. Sob a ação de determinados estímulos, podem se transformar em células epitelióides, que ainda podem fundir seus citoplasmas, transformando- se em células gigantes multinucleadas. Bibliografia consultada e sugerida Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Moore PK. Hormônios locais, inflamação e alergia. In: ______________. Farmacologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. P. 246-276. Kumar, V.; Abbas, A.K.; Fausto, N.; Mitchell, R.N. Inflamação aguda e crônica. In: ____________. Robbins - Patologia Básica. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. P. 33-62. Montenegro, M. R.; Fecchio, D. Inflamações: conceitos gerais e inflamação aguda. In: Montenegro, M. R.; Franco, M. Patologia: processos gerais. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 1999. P. 109-128. CONSOLARO, A. Inflamação e reparo: um sílabo para a compreensão clínica e implicações terapêuticas. Maringá: Dental Press, 2009. 352p. FONTE: KUMAR et al., 2008
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