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Disciplina de Projeto Urbano e Paisagístico – Conceito e História do Paisagismo Professores Léa Dobbert e Pedro Verde UNIP Jundiaí 2016 A paisagem brasileira Diversos ecossistemas e grande riqueza geomorfológica; Vegetação de grande diversidade de acordo com cada região; A cada paisagem, a cada lugar atribuem-se três tipos de qualidade: • Ambiental – que mede as possibilidades de vida e sobrevida de todos os seres vivos e das comunidades na paisagem existente; • Funcional – que avalia o grau de eficiência do lugar no tocante ao funcionamento da sociedade humana; • Estética – que apresenta valores com características puramente sociais, atribuída pelas sociedades humanas a algum lugar, em um momento do tempo. DO DESCOBRIMENTO ATÉ PERÍODO COLONIAL: Paisagens naturais, pois as prioridades eram desbravar/conquistar territórios e sobreviver, não havendo preocupação em se apropriar da paisagem natural para definir jardins; As primeiras iniciativas de jardins no Brasil foram executadas nas propriedades particulares de origem portuguesa (as chácaras e quintas), mais tarde nas grandes fazendas de café de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. BRASIL COLÔNIA – Arquitetura portuguesa sem espaço p/ jardim. As primeiras iniciativas de jardins no Brasil foram executadas nas propriedades particulares de origem portuguesa, as famílias abastadas tinham chácaras com horta, pomar, e jardim; Recife e Olinda (devido a colonização holandesa – 1637 imitação dos projetos europeus, plantas e animais exóticos) Corte portuguesa, 1807, D. João VI – J. Botânico do RJ; HISTÓRIA DO PAISAGISMO NO BRASIL HISTÓRIA DO PAISAGISMO NO BRASIL BRASIL IMPÉRIO: Quintal, sítio ou roça (pequenas e médias propriedades), com árvores frutíferas, criações; Mudança de concepção no sec. XIX, influência francesa: pequeno jardim na frente das construções circundado por grades de ferro. BRASIL REPÚBLICA – 1890 a 1930, riqueza agropecuária, café SP, Jardins copiados dos europeus, metropolização; Jardim Botânico de SP; Parques particulares, jardins ingleses ou franceses; Vegetação diversificada, espécies nativas e exóticas nas propriedades particulares. - Início do séc. XX, espaços públicos urbanos, valorização dos espaços públicos com vegetação, valorização por espécies exóticas - Arborização da Av. Paulista em SP e Av. Central no RJ em estilo Francês PAISAGISMO MODERNO – a partir de 1930 Modernidade na Arquitetura, Funcionalidade, valorização das espécies nativas. Década de 50 se consolida as linhas de projeto paisagístico contemporâneo (Ex: Brasília); Escola Paulista: Roberto Cardozo ( formação acadêmica nos EUA) Escola Carioca: Roberto Burle Marx PAISAGISMO CONTEMPORÂNEO – a partir de 1980 Reflete a inquietação dos anos 80 e 90 e não está consolidado. Recebe forte influência dos paisagistas japoneses, americanos e franceses, em especial na seleção de estruturas construídas e vegetação. Sofre influência americana pós- moderna. As características principais podem ser traduzidas pelas novas buscas formais, influência formal do pós-moderno, revisão do moderno, visão ecológica, colunas, pórticos e cores. Representa uma definição em andamento. HISTÓRIA DO PAISAGISMO NO BRASIL PAISAGISMO NO BRASIL COLONIAL INFLUÊNCIA HOLANDESA As primeiras manifestações de composição de paisagismo brasileiro, ocorreram na primeira metade do século XVII (~1630), em Pernambuco, durante a invasão holandesa; A influência holandesa se refletiu principalmente nas pontes e canais construídos neste período; As primeiras experiências trabalharam com árvores frutíferas o que, depois de um tempo impulsionou o plantio de coqueiros. Vista de Recife – Ponte de Nassau, séc. XVII. Museu do Estado – Recife, PE. O Palácio da Boa Vista Neste período foram plantadas espécies frutíferas como laranjeiras, tangerineiras e limoeiros. De sua permanência destaca-se também o Palácio de Friburgo, conhecido como Palácio das Torres, do qual nada restou a não ser pequenas referencias e desenhos esquemáticos, os escritos faziam alusão também a um jardim, uma espécie de jardim botânico-zoológico. Palácio de Nova Friburgo e os coqueirais. PAISAGISMO NO BRASIL COLONIAL OS PRIMEIROS JARDINS Os primeiros jardins brasileiros surgiram em diversos mosteiros, com caráter mais utilitário. Fora isso se destacam os JARDINS PÚBLICOS, como o Passeio Público do Rio de Janeiro; Seguiu traçado geométrico inspirado no jardim clássico francês; Construído sobre o aterramento de um antigo charco, por ordem do vice-rei D. Luís de Vasconcelos, sua obras iniciaram em 1779 por Valentim da Fonseca e Silva – Mestre Valentim – e foi inaugurado em 1783; É o mais antigo parque urbano do Brasil a servir à população. É inspirado no Jardim Botânico de Lisboa. Passeio Público do Rio de Janeiro, cerca 1817-1818, Franz Josef Fruhbeck Portão de entrada do Passeio Público, Rio de Janeiro, período colonial Passeio Público Paisagismo no Brasil Colônia Reforma do Passeio Público do Rio de Janeiro Ao ser inaugurado o Passeio Público tornou-se o único lugar de recreio da população carioca, fato que não impediu a sua lenta degradação. Em 1860, foi contratada a execução de obras de reforma, e sua manutenção por 10 anos, segundo plano apresentado por Francisco José Fialho e o botânico Auguste Glaziou (engenheiro hidráulico francês) PROJETO DE GLAZIOU PARA A REFORMA DO PASSEIO PÚBLICO. No projeto de Glaziou para a reforma do Passeio Público estão assinalados os principais elementos construídos: o bistrô, a casa do administrador, o par de pirâmides, a fonte, o lago PAISAGISMO NO BRASIL IMPERIAL Período a partir da chegada de D. João VI no Brasil, em 1807, marcada pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro: Foi construído principalmente para a aclimatação de espécies vegetais, sobretudo as estrangeiras; e no dia 11 de outubro do mesmo ano passa a ser chamado de Real Horto. As primeiras plantas são trazidas das Ilhas Maurício, entre as quais estava a Palma Mater, chamada de “Palmeira Imperial”. Foi aberto a visitação pública após 1822. Atualmente, um dos principais atrativos do jardim Botânico é o Portal da Real Academia de Belas Artes, projetado por Grandjean de Montigny, que veio para o Rio de Janeiro em 1816 com a Missão Francesa. PAISAGISMO NO BRASIL IMPERIAL Auguste François Marie Glaziou O principal paisagista do Império, era engenheiro hidráulico integrante de uma missão francesa e ocupou o cargo de Diretor Geral de Matas e Jardins; Foi chamado por Dom Pedro II para trabalhar no país em 1858 e projetou os parques da Corte, entre eles o da Quinta da Boa Vista, o de São Cristóvão, o do Palácio de Verão de Petrópolis, o do Barão de Nova Friburgo em Nova Friburgo, o Parque São Clemente e muitos outros, e ainda a requalificação do Passeio Público.; Esse paisagista utilizou, pela primeira vez, árvores floríferas no paisagismo. Projeto para os jardins da Quinta da Boa Vista Campo de Santana Auguste François Marie Glaziou Foi inaugurado em 1880 com traçado que permanece até hoje; Possui fontes, gruta, esculturas, cascatas e um lago sinuoso, que deixa clara a inspiração nos jardins paisagísticos ingleses; Foi cenário da aclamação de D. Pedro I e da Proclamação da República. Projeto para o Campo de Santana O Paisagismo Eclético: CORRENTES Clássica: Pisos e caminhos estruturados por eixos, convergindo para um ponto principal. Pode conter objetos pitorescos (fontes, esculturas). Predominante no início e até meadosdo séc. XIX, ainda derivado dos ensinamentos da Missão Francesa, que imprime o gosto pelo neoclassicismo na arquitetura e também no paisagismo. Também pela tradição portuguesa, que desde o século XIX constrói no Brasil espaços com forma rígida e geometrizada. O Paisagismo Eclético: CORRENTES Romântica: Clara inspiração nos cânones ingleses, busca também recriar a concepção do parque e do jardim “anglo- francês” da 2ª metade do séc. XIX. O primeiro projeto a ser desenvolvido nesta linha estilística é o Passeio Público do Rio de Janeiro em 1862. No início do romantismo as duas linhas conviveram em projetos chamados “híbridos” que durou até a década de 1930 quando se iniciam os trabalhos de Burle Marx. O Paisagismo Eclético: PRINCIPAIS NOMES Paul Villon Arsene Puttmans Reynaldo Dierberger Parque Municipal de Belo Horizonte Paul Villon Parque da ESALQ em Piracicaba Arsene Puttmans Parque do Ibirapuera em São Paulo, 1929 Reynaldo Dierberger Parque da Independência em São Paulo Reynaldo Dierberger PAISAGISMO NO 1ª REPÚBLICA A tradição cultural do período, fortemente influenciada pelas tradições européias - francesas, italianas e inglesas - se reflete diretamente na configuração do projeto paisagístico nacional, que é resultado de uma mescla de simbiose constante de ideais, formas, materiais e vegetação tropical ou não. Jardim da Luz – São Paulo Quiosque no Jardim da Luz – SP Lago e fonte no Jardim da Luz – SP PAISAGISMO NA 1ª REPÚBLICA PRAÇA DA REPÚBLICA – SÃO PAULO A Praça recebe este nome após a proclamação da República em 1889. A área verde da praça foi remodelada em 1905 na gestão de Antônio Prado (projeto de Antonio Etzel), o qual foi praticamente preservado até o momento, sofrendo apenas algumas alterações com a implantação do Plano de Avenidas de Prestes Maia em 1930. PAISAGISMO NO SÉCULO XX Embora as áreas verdes urbanas tenham encontrado um amplo desenvolvimento no Brasil durante o século XIX, será no início do século XX que estes espaços se afirmarão no traçado urbano e receberão uma especial atenção dos administradores da cidade no sentido de multiplicar as áreas verdes, estendendo-as aos bairros residenciais localizados nas periferias da cidade e qualificando a vida dos operários e suas famílias. A partir da segunda metade do século XX a arquitetura paisagística brasileira se libera das antigas influências européias e sob forte influencia nacionalista, assume uma identidade própria e tem como símbolo a valorização da vegetação tropical. PAISAGISMO NO SÉCULO XX Os espaços públicos mudam também devido aos novos usos que são introduzidos a partir dos anos 40, que são as práticas esportivas, (recreio ativo). Os novos usos mudaram não apenas a tipologia dos jardins, mas as dimensões, que passam a ser bem maiores para abrigar os diferentes ambientes destes espaços, muda também sua nomenclatura passando agora a ser chamados de parques. Roberto Burle Marx é o nome que mais se destaca na nova visão de paisagem, ele não tenta imitar a natureza, nem tampouco submetê-la à razão humana como faziam os paisagistas até então. PAISAGISMO NO SÉCULO XX a partir de 1940 Os equipamentos específicos para o lazer se tornam comuns: Playgrounds Quadras esportivas Piscinas (principalmente nos residenciais de classe média e média-alta) e O banho de mar e encontro na praia se tornam hábitos em todas as cidades praianas brasileiras O tratamento do espaço do pedestre, das calçadas, começa a ser discutido com a implantação de vastas áreas de pedestres, como um modo mais eficiente de circulação. PAISAGISMO NO SÉCULO XX a partir de 1950 É um período de ruptura formal no paisagismo Originando a ESCOLA MODERNISTA Influência do trabalho geometrizado e funcionalista de paisagistas americanos como: Thomas Church Garret Eckbo e Lawrence Halprin Destaque para os traçados de Roberto Burle Marx ROBERTO BURLE MARX Foi o primeiro paisagista a romper os cânones tradicionais do Ecletismo, em obras de porte para o governo do Estado Novo. Sua obra, baseada em um sentimento nacionalista forte e formalmente diferenciada, se tornou ícone da modernidade. ROBERTO BURLE MARX Palácio do Itamaraty - Brasília ROBERTO BURLE MARX Jardim da residência do vice presidente ROBERTO BURLE MARX Terraço do Banco Safra na Av. Paulista – São Paulo ROBERTO BURLE MARX Praça dos Cristais – Jardim das forças armadas Projeto do Parque do Ibirapuera – São Paulo Projeto Largo da Carioca – Rio de Janeiro Terraço do Palácio Capanema (MEC) – Rio de Janeiro PAISAGISMO NO SÉCULO XX após 1970 Dentro da universidade são estabelecidos e firmados os conceitos e métodos do paisagismo por Miranda Magnoli e equipe (na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) de 1975 em diante. Paralelamente ao trabalho de Burle Marx, um sem número de projetos de autores de qualidade são produzidos, como os de Miranda Magnoli, Rosa Kliass, Benedito Abbud e Maria de Lourdes Oliveira. ROSA GRENA KLIASS Parque Mangal das Graças – Belém ROSA GRENA KLIASS Parque do Forte – Macapá ROSA GRENA KLIASS Parque da Juventude – São Paulo ROSA GRENA KLIASS Praças em Catanduva – São Paulo Benedito Abbud Vila Olímpica – Rio de Janeiro Benedito Abbud Brascan Century Plaza PAISAGISMO NO SÉCULO XX após 1980 Introdução dos conceitos ecológicos no país e com chegada de informações das novas obras feitas no exterior, em especial Estados Unidos, França, Espanha e Japão. Início de uma corrente ecologista, na qual se valorizam os cenários rústicos, a conservação e o contato com a natureza e cênica. São exemplos desta forma de projeto a maioria das intervenções do projeto Rio-Cidade (anos 1990 na cidade do Rio de Janeiro), a nova orla de Salvador, alguns parques de Curitiba, centenas de jardins particulares e a Praça Itália em Porto Alegre, de autoria de Carlos Fayet e equipe (1992), o marco desta nova geração projetual. Carlos Fayet e equipe Praça Itália, 1982 – Porto Alegre Maria Lourdes Oliveira Centro Empresarial Itaú Conceição – São Paulo Adriana Levisky, Anna Julia Dietzseh e Benedito Abbud Praça Victor Civita, Museu Aberto da Sustentabilidade – São Paulo Aflalo & Gasperini e Purarquitetura Praça pública, Águas de São Pedro – São Paulo Fontes: ABBUD, B. Criando paisagens: guia de trabalho em arquitetura paisagística. 3 ed. São Paulo, Senac, 2007. BARCELLOS, Vicente. Os Parques como Espaços Livres Públicos de Lazer: o Caso de Brasília. Tese de doutorado, FAUUSP, 1999 LOBODA, Carlos Roberto; De ANGELIS, Bruno Luiz Domingos. ÁREAS VERDES PÚBLICAS URBANAS: CONCEITOS, USOS E FUNÇÕES. Ambiência - Revista do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais V. 1 No 1 Jan/Jun. 2005 MILANEZI, Siomara Stroppa História do Paisagismo no Brasil, Slides de aula, Campinas-SP, 2013 http://winweb.redealuno.usp.br/quapa/ http://www.ibrappaisagismo.com.br/index.php?option=com_content& view=article&id=21&Itemid=113 http://www.escolapaisagismobrasilia.com.br/ http://www.paisagismobrasil.com.br http://www.portal2014.org.br/noticias/1807/ENTREVISTA+BENEDITO +ABBUD+ARQUITETO+E+PAISAGISTA.html http://www.piniweb.com.br/construcao/noticias/desafios-do- paisagismo-contemporaneo-brasileiro-84694-1.asp http://nucleoap.blogspot.com.br/2009/02/portfolio-arquitecto- paisagista_9466.html