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FIS 031 - Mecaˆnica Fundamental Primeira Lista de Exerc´ıcios Revisa˜o de Ca´lculo, Equac¸o˜es Diferenciais e Se´ries de Taylor 1. Para cada uma das func¸o˜es abaixo, calcule a derivada primeira df/dx e a integral indefinida ∫ f(x)dx: a) f(x) = 2x3 + 4x+ 5 b) f(x) = e−ax, onde a e´ uma constante. c) f(x) = a sen(bx), onde a e b sa˜o constantes. d) f(x) = a cos(bx), onde a e b sa˜o constantes. e) f(x) =ln(ax), onde a e´ uma constante. (Neste caso, basta calcular a derivada primeira.) f) f(x) = 1ax+b , onde a e b sa˜o constantes. (Dica: 1/x = x −1.) 2. Encontre a soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial dx dt = −ax, (1) com a condic¸a˜o inicial x(0) = x0 (a e´ uma constante). Dica: Pense em uma func¸a˜o conhecida que, ao ser derivada uma vez, da´ como resultado ela mesma. 3. Encontre a soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial dx dt = a− bx2, (2) com a condic¸a˜o inicial x(0) = 0. 4. Qual (ou quais) das seguintes func¸o˜es x(t) tem sua derivada segunda proporcional a menos ela mesma? d2x dt2 ∝ −x (3) (a) x(t) = 12at 2 (b) x(t) = A eat (c) x(t) = A e−at (d) x(t) = A cos(at) 5. Encontre a se´rie de Taylor para as seguintes func¸o˜es: (a) f(x) = ex (b) f(x) = e−ax (c) f(x) = sen x (d) f(x) = cos x (e) f(x) = ln(1 + ax). Aplicac¸o˜es da 2a. Lei de Newton (Geral) 6. Ze´ esta´ puxando um bloco ao longo de uma superf´ıcie bastante rugosa. Para manter o bloco com uma velocidade constante de mo´dulo v, ele aplica uma forc¸a de mo´dulo F . As setas no diagrama mostrado na figura abaixo indicam corretamente a direc¸a˜o e o sentido das diversas forc¸as que atuam sobre o bloco, mas na˜o necessariamente suas magnitudes. W e´ o peso do bloco, k a forc¸a de atrito cine´tico e N e´ a forc¸a normal que a superf´ıcie exerce sobre o bloco. Qual relac¸a˜o abaixo deve necessariamente ser verdadeira? (a) F = k e N = W . (b) F = k e N > W . (c) F > k e N < W . 1 (d) F < k e N = W . (e) Nenhuma das anteriores. Figura 1: Questa˜o 6. 7. Uma part´ıcula de massa m esta´ inicialmente em repouso. Subitamente, no instante t = 0, aplica-se sobre eka uma forc¸a constante F0. Depois de um intervalo de tempo t0, a forc¸a subitamente dobra de valor e permanece constante da´ı para a frente. Encontre a velocidade da part´ıcula e o deslocamento total no instante t = 2t0. 8. Encontre a velocidade v e a posic¸a˜o x em func¸a˜o de t de uma part´ıcula de massa m que parte do repouso em t = 0 sujeita a`s seguintes forc¸as: a) F = F0 b) F = F0 + bt c) F = F0cos(ωt) d) F = kt2 9. Embora estejamos acostumados a analisar a velocidade de um objeto como uma func¸a˜o do tempo, e´ poss´ıvel tambe´m encarar v como func¸a˜o da posic¸a˜o x, v = v(x). Ha´ basicamente duas maneiras de conseguirmos isso. Numa delas, encontramos v(t) e x(t) separadamente e eliminamos a varia´vel t, obtendo assim x(v) ou v(x). A outra e´ resolvendo a segunda lei de Newton diretamente para v como func¸a˜o de x. Para isso e´ necessa´rio reescrever a acelerac¸a˜o como func¸a˜o da posic¸a˜o. Usando a regra da cadeia para a func¸a˜o v(x(t)), mostre que dv dt = v dv dx . (4) 10. Encontre a velocidade v em func¸a˜o do deslocamento x de uma part´ıcula de massa m que parte do repouso em x = 0 sujeita a`s seguintes forc¸as: a) F = F0 + kx b) F = F0e −kx c) F = F0 + kv 11. Uma part´ıcula de massa m esta´ inicialmente em repouso. Uma forc¸a constante F0 atua na part´ıcula ate´ o instante t = t0. A forc¸a enta˜o aumenta de valor linearmente com o tempo tal que depois de um intervalo adicional t0 a forc¸a vale 2F0. Mostre que a distaˆncia total percorrida pela part´ıcula no intervalo total de tempo 2t0 e´ 13 6 F0t 2 0 m (5) 12. Um bloco e´ lanc¸ado para cima em um plano inclinado com velocidade inicial ~v0. Se o aˆngulo de inclinac¸a˜o do plano em relac¸a˜o a` direc¸a˜o horizontal e´ θ, e o coeficiente de atrito cine´tico entre o plano e o bloco e´ µc, encontre o tempo total necessa´rio para o bloco retornar ao ponto de lanc¸amento. Dica: Lembre-se que o mo´dulo da forc¸a de atrito cine´tico e´ dado por fat = µcN , onde N e´ o mo´dulo da forc¸a normal que a superf´ıcie faz sobre o objeto. 2 Queda livre 13. Se voceˆ solta um objeto a partir do repouso, de uma altura h em relac¸a˜o ao solo, este objeto cai com uma acelerac¸a˜o aproximadamente igual a 9,8 m/s2. Se voceˆ joga o objeto com uma certa velocidade inicial para baixo, ele ira´ cair com acelerac¸a˜o igual a (despreze a resisteˆncia do ar) (a) menor que 9,8 m/s2. (b) 9,8 m/s2. (c) maior que 9,8 m/s2. Explique. 14. Em qual das duas situac¸o˜es descritas acima o objeto chegara´ primeiro ao cha˜o? Considere que, na segunda situac¸a˜o, o objeto perca o contato com a sua ma˜o a` mesma altura h que a anterior. Explique sua resposta. 15. Voceˆ joga uma bola em linha reta para cima. Quanto valem a acelerac¸a˜o e a velocidade da bola quando ela esta´ no ponto mais alto de sua trajeto´ria? Explique sua resposta. 16. Um objeto de massa m e´ solto a partir do repouso de uma altura h em relac¸a˜o ao solo. Desprezando o efeito de resisteˆncia do ar, encontre, para o objeto (expresse todas as suas respostas em termos de m, h e g): a) a acelerac¸a˜o em func¸a˜o do tempo; b) a velocidade em func¸a˜o do tempo; c) a posic¸a˜o vertical em func¸a˜o do tempo; d) a velocidade em func¸a˜o da posic¸a˜o vertical; e) o tempo total de movimento. f) Se na˜o pudermos desprezar o efeito da resisteˆncia do ar, o que voceˆ espera que mude em relac¸a˜o ao tempo de queda? Ele aumenta, diminui ou se mante´m o mesmo em relac¸a˜o ao caso sem resisteˆncia? Explique sua resposta. 17. Durante um teste, um foguete, movendo-se verticalmente para cima, apresenta uma falha no motor quando ele esta´ a 40 m do solo. Neste instante, sua velocidade e´ de 75 m/s. Determine a altura ma´xima alcanc¸ada pelo foguete e sua velocidade imediatamente antes de ele colidir com o solo. Despreze o efeito de resisteˆncia do ar e considere que o movimento do foguete e´ puramente vertical. 18. Uma bola e´ jogada verticalmente para cima com uma velocidade de 15 m/s. Determine o tempo de voˆo ate´ ela retornar a` posic¸a˜o inicial da qual foi solta. Movimento de Proje´teis 19. Uma bola se move sob a ac¸a˜o da forc¸a gravitacional em uma trajeto´ria curva como a mostrada na figura abaixo. No ponto mais alto da trajeto´ria, e´ correto afirmar que: Figura 2: Questa˜o 19. (a) As magnitudes da velocidade e da acelerac¸a˜o da bola sa˜o iguais a zero. (b) A magnitude da velocidade da bola e´ mı´nima, mas diferente de zero. (c) A magnitude da velocidade da bola e´ igual a zero, e a de sua acelerac¸a˜o e´ constante e diferente de zero. (d) A magnitude da velocidade da bola e´ mı´nima, mas diferente de zero, e a magnitude da acelerac¸a˜o e´ igual a zero. (e) Nem a velocidade, nem a acelerac¸a˜o, atingiram ainda suas magnitudes mı´nimas. 3 20. Um objeto de massa m e´ lanc¸ado, a partir do solo, com uma velocidade inicial ~v0 que faz um aˆngulo θ com a direc¸a˜o horizontal. Desprezando a forc¸a de resisteˆncia do ar, encontre, em termos de m, g, v0 e θ: a) a altura ma´xima que o objeto atinge; b) a distaˆncia horizontal ma´xima percorrida; c) a posic¸a˜o vertical em func¸a˜o da posic¸a˜o horizontal. d) Suponha que, exatamente no instante em que o objeto atinja a altura ma´xima, um outro objeto seja solto desta mesma altura, a partir do repouso. Qual dos dois chegara´ ao solo primeiro? Por queˆ? 21. A figura abaixo mostra uma sequ¨eˆncia de fotos, tiradas em intervalos de tempo iguais (usando um aparelho chamado estrobosco´pio), de dois objetos soltos de uma mesma altura em relac¸a˜o ao solo. A bolinha vermelha (a` esquerda) e´ solta do repouso e cai verticalmente, enquanto a bolinha amarela (a` direita) e´ lanc¸ada com uma certa velocidade inicial na direc¸a˜o horizontal, e cai segundouma trajeto´ria parabo´lica. Essa foto demonstra um aspecto bastante importante do movimento de proje´teis no ar, no caso em que efeitos de resisteˆncia do ar podem ser desprezados. Explique que aspecto e´ este e mostre, explicitamente, onde isso esta´ evidenciado na formulac¸a˜o matema´tica do problema. Figura 3: Questa˜o 21. 22. Um navio de batalha lanc¸a, simultaneamente, duas balas de canha˜o em direc¸a˜o a navios inimigos, A e B. Se as balas seguem as trajeto´rias parabo´licas mostradas na figura abaixo, qual dos dois navios sera´ atingido primeiro? Explique. Figura 4: Questa˜o 22. 23. Um dos trechos de uma pista de corrida para motos foi projetado de tal maneira que os pilotos saltem de uma rampa inclinada a 30o em relac¸a˜o a` direc¸a˜o horizontal, perdendo contato com a rampa a 1 m do cha˜o (veja a figura abaixo). Observou-se que um dos pilotos permaneceu no ar por 1,5 s. Determine o mo´dulo da velocidade com a qual ele deixou a rampa, a distaˆncia horizontal R percorrida e a altura ma´xima H que ele alcanc¸a. Despreze o tamanho da motocicleta e o do piloto. Figura 5: Questa˜o 23. 4 24. Determine o mo´dulo da velocidade com a qual uma bola de basquete lanc¸ada do ponto A deve ser jogada em um aˆngulo de 30o para que atinja a cesta no ponto B (veja a figura). Se o aˆngulo de lanc¸amento for maior, o que devera´ acontecer com o mo´dulo da velocidade inicial? Figura 6: Questa˜o 24. 25. Uma boa maneira de se estimar a velocidade de lanc¸amento de um proje´til e´ tirando uma foto de seu movimento e medindo a posic¸a˜o vertical em func¸a˜o da sua posic¸a˜o horizontal (naquele instante de tempo), bem como o aˆngulo de seu lanc¸amento. Para se obter os valores reais de comprimento, e´ necessa´rio calibrar a escala da foto, utilizando para isso um objeto de tamanho real conhecido (ou, pelo menos, fa´cil de ser estimado) que tambe´m aparec¸a na foto. Este me´todo pode ser usado, por exemplo, para estimar velocidades de bolas em jogos de futebol. Observe a figura abaixo. Em cada caso, fac¸a as medidas necessa´rias e estime: a) a velocidade da a´gua lanc¸ada de um aspersor que se encontra a 1 m do cha˜o, e b) a velocidade da bola de basquete, sabendo que a cesta esta´ a 3 m do cha˜o. Neste u´ltimo caso, a bola acertara´ a cesta? Figura 7: Questa˜o 25. 26. Suponha que voceˆ tenha um vizinho mala (ou talvez um professor(a) de Mec. Fund. que ja´ te reprovou algumas vezes...) e queira ’dar um chega pra la´’ nele. Voceˆ decide usar o que aprendeu em Mec. Fund. e planeja o seguinte: quando o vizinho sair do pre´dio, voceˆ, que mora no primeiro andar, arma um pequeno canha˜o na sua janela para servir de propulsor a uma bola bem pesada. O seu canha˜o so´ consegue lanc¸ar objetos na horizontal. Suponha que a altura H da parte inferior da sua janela em relac¸a˜o ao cha˜o seja de 4 m, e que o mala parou para conversar com outra pessoa a uma distaˆncia D de 10 m da portaria do pre´dio. Desprezando a forc¸a de resisteˆncia do ar, com qual velocidade voceˆ devera´ arremessar a bola para atingir a cabec¸a do ’pela-saco’, que tem 1,70 m de altura? (Pense: Essa velocidade e´ fact´ıvel? Voceˆ consegue imaginar um jeito de controlar esta velocidade? Como?) 27. Suponha que voceˆ tenha errado os ca´lculos (a´ı voceˆ entende porque tomou pau em Mec. Fund...) e a bola caiu um pouco a` frente do seu vizinho. Ele viu, vira para tra´s e comec¸a a correr em sua direc¸a˜o! Voceˆ na˜o pode perder tempo e decide tentar de novo, desta vez com uma bola mais pesada, porque quer machucar de verdade a cabec¸a dele (na˜o para matar, porque a´ı tambe´m na˜o, mas pelo menos para lhe causar uma amne´sia tempora´ria e ele te deixar em paz depois...). Se ele corre a uma velocidade aproximadamente constante de 4 m/s em direc¸a˜o ao pre´dio, com qual velocidade voceˆ devera´ lanc¸ar a bola para atingir-lhe 5 Figura 8: Questo˜es (a) 26 e (b) 27. na cabec¸a? Essa velocidade depende da massa da bola? Felizmente, numa situac¸a˜o real na˜o poder´ıamos desprezar o efeito da forc¸a de resisteˆncia do ar, enta˜o com essas velocidades calculadas voceˆ na˜o acertara´ a cabec¸a do sujeito e na˜o podera´ acusar a professoa de Mec. Fund. de incitar a violeˆncia! :) Movimento em Campos Ele´tricos e Magne´ticos Uniformes 28. Sabemos que o campo ele´trico entre as placas de um capacitor carregado, desprezando efeitos de borda, e´ uniforme, isto e´, na˜o varia no espac¸o. Sabemos tambe´m que a forc¸a ele´trica sentida por uma part´ıcula carregada, de carga q, em uma regia˜o onde exista um campo ele´trico ~E e´ dada por ~Fe = q ~E. (6) Suponha que um ele´tron, de massa m e carga ele´trica −e, entre na regia˜o entre as placas de um capacitor carregado com uma certa velocidade inicial ~v0 orientada ao longo da direc¸a˜o horizontal, como mostra a figura abaixo. O comprimento das placas vale l e a distaˆncia entre elas e´ d. Considere que a u´nica forc¸a que atua no ele´tron e´ a forc¸a ele´trica devida ao capacitor. Figura 9: Questa˜o 28. a) Descreva a trajeto´ria que o ele´tron ira´ percorrer na regia˜o entre as placas do capacitor. b) Encontre, em func¸a˜o de m, e, l, d, v0 e E, o desvio vertical y do ele´tron no instante em que ele deixa a regia˜o entre as placas do capacitor, no sistema de refereˆncia mostrado na figura. c) Voceˆs sabem (ou sabera˜o um dia) que o mo´dulo do campo ele´trico entre as placas de um capacitor e´ igual a` raza˜o entre a diferenc¸a de potencial ele´trico aplicada entre as placas e a distaˆncia d entre elas (E = V/d). Considerando V = 10 V, d = 1 cm, l = 4 cm e v0 = 3 ×106 m/s, calcule o valor de y encontrado no item anterior. d) Quanto tempo o ele´tron leva para atravessar a regia˜o do capacitor? Utilize os dados do item anterior. e) Considere agora a situac¸a˜o em que o capacitor esteja descarregado (ou seja, E = 0), e que a u´nica forc¸a que atue sobre o ele´tron seja a forc¸a gravitacional que a Terra exerce sobre ele. Calcule o desvio 6 vertical y do ele´tron assim que ele deixa a regia˜o do capacitor. Esta deflexa˜o e´ mensura´vel a olho nu? f) Se, ao inve´s de um ele´tron, a part´ıcula entrando neste aparato fosse um pro´ton (cuja massa e´ cerca de 1000 vezes maior que a do ele´tron), ainda seria seguro desprezarmos a deflexa˜o causada pela forc¸a gravitacional? Por queˆ? Nota histo´rica: Na u´ltima de´cada do se´culo XIX, o cientista ingleˆs J. J. Thomson realizou uma se´rie de experieˆncias que o levou a propor a existeˆncia de uma ate´ enta˜o desconhecida part´ıcula fundamental, que teria dimenso˜es (tamanho) muito menores que a do menor a´tomo conhecido, o hidrogeˆnio. A esta part´ıcula, foi dado o nome de ele´tron. Ale´m de propor sua existeˆncia, Thomson foi capaz tambe´m de medir a raza˜o entre a carga ele´trica e e a massa m dessa part´ıcula, valores estes desconhecidos ate´ enta˜o. Para isso, ele utilizou um tubo de raios cato´dicos, onde um feixe de ele´trons era produzido, acelerado e defletido sob a ac¸a˜o de um campo ele´trico uniforme. Essa deflexa˜o independe de propriedades da part´ıcula, sendo determinada unicamente por paraˆmetros relacionados ao aparato experimental utilizado. A grande sacada de Thomson foi incluir um campo magne´tico uniforme na regia˜o do capacitor tal que a forc¸a magne´tica produzida por esse campo cancelasse exatamente a forc¸a ele´trica sobre os ele´trons em movimento, anulando, portanto, a deflexa˜o do feixe. O valor de B para o qual isso acontece e´ func¸a˜o da massa e da carga das part´ıculas. Foi assim que Thomson conseguiu medir a raza˜o carga-massa e/m do ele´tron, levando-o a ganhar o preˆmio Nobel de 1906. Na primeira de´cada do se´culo XX, o cientista norte-americano Robert Millikan e seu aluno de doutorado Harvey Fletcher bolaram um experimento capaz de medir a carga do ele´tron. Eles mediam a velocidade terminal de got´ıculas de o´leo caindo no ar. Como as got´ıculas sa˜o muito pequenininhas (diaˆmetros daordem de alguns microns, ou 10−6 m) e as velocidades envolvidas tambe´m sa˜o bastante pequenas, a forc¸a de resisteˆncia do ar neste caso e´ uma func¸a˜o predominantemente linear da velocidade. Com este experimento (simples na teoria, pore´m bastante delicado em sua implementac¸a˜o experimental), Millikan e Fletcher conseguiram obter o valor da carga do ele´tron, e, usando a raza˜o e/m obtida por Thomson alguns anos antes, conseguiram encontrar tambe´m sua massa m. Por este trabalho, Millikan recebeu o preˆmio Nobel (sozinho) de 1923. 29. A forc¸a magne´tica que atua sobre uma part´ıcula de carga q e velocidade ~v (com v � c, onde c e´ a velocidade da luz no va´cuo), numa regia˜o com campo magne´tico ~B, e´ dada por Fm = q~v × ~B. (7) a) Descreva a trajeto´ria de um ele´tron de carga −e com velocidade ~v = −v0iˆ em uma regia˜o onde ~B = −B0kˆ. Desenhe esta trajeto´ria na figura abaixo. Figura 10: Questa˜o 29. b) Encontre o raio da trajeto´ria. 30. Um espectro´grafo de massa e´ um aparelho capaz de medir massas atoˆmicas com precisa˜o. Ele e´ particu- larmente u´til para separar iso´topos de um mesmo a´tomo, funcionando da seguinte maneira: um feixe de ı´ons (todos com a mesma carga) da espe´cie atoˆmica de interesse e´ produzido e acelerado, entrando, enta˜o, com uma certa velocidade ~v, em uma regia˜o onde ha´ um campo magne´tico uniforme ~B, onde o feixe sera´ defeltido. Iso´topos de massas diferentes sa˜o defletidos de maneiras diferentes. A figura abaixo mostra a trajeto´ria de dois ı´ons em um espectro´grafo de massa. Qual e´ a relac¸a˜o entre suas massas? Explique. 7 Figura 11: Questa˜o 30. 31. Uma part´ıcula carregada de massa m e carga ele´trica positiva q move-se em uma regia˜o com campos ele´trico e magne´tico uniformes, ~E e ~B, ambos apontando ao longo da direc¸a˜o z, no sentido de z positivo. A forc¸a resultante sobre a part´ıcula e´ ~F = q( ~E + ~v × ~B). (8) a) Escreva a equac¸a˜o de movimento para a part´ıcula, e mostre que essa equac¸a˜o equivale a treˆs equac¸o˜es diferenciais, uma para cada componente cartesiana da forc¸a. b) Encontre o vetor-velocidade e o vetor-posic¸a˜o da part´ıcula em func¸a˜o do tempo. Que tipo de movi- mento a part´ıcula descreve? 32. Considere uma part´ıcula carregada positivamente, entrando em uma regia˜o com campo magne´tico uni- forme ~B alinhado ao eixo y, como mostra a figura abaixo. A forc¸a magne´tica sobre a part´ıcula e´ dada por Fm = q~v × ~B. a) Escreva a equac¸a˜o de movimento (vetorial) e mostre que ela e´ equivalente a treˆs equac¸o˜es diferenciais ’escalares’, uma para componente espacial da forc¸a. b) (Opcional) Considerando que a velocidade inicial tenha apenas componentes ao longo dos eixos y e z (isto e´, ~v0 = v0y jˆ + v0z kˆ), resolva as equac¸o˜es de movimento e mostre que a trajeto´ria da part´ıcula tem a forma de uma espiral, com eixo paralelo a` direc¸a˜o y (se tiver dificuldade, veja o exemplo 2.10 do livro do Marion). Figura 12: Questa˜o 32. 8 Resisteˆncia do Ar 33. Quando uma bola de beisebol voa atrave´s do ar, a raza˜o entre os mo´dulos das forc¸as de resisteˆncia do ar quadra´tica (Fquad) e linear (Flin) e´ dada por Fquad Flin = 1, 6× 103 s/m2 Dv, (9) onde D e´ o diaˆmetro da bola e v o mo´dulo de sua velocidade. a) Se D = 7 cm, determine a velocidade aproximada para a qual os dois termos da forc¸a de resisteˆncia sa˜o igualmente importantes. b) Para qual intervalo de velocidades e´ seguro tratar a forc¸a de resisteˆncia como puramente quadra´tica? c) Para condic¸o˜es normais (v da ordem de poucos metros por segundo), ignorar o termo linear constitui uma boa aproximac¸a˜o? d) Responda a`s mesmas questo˜es para uma bola de Pilates de diaˆmetro igual a 70 cm. Movimento Horizontal 34. Um objeto de massa m se move ao longo da direc¸a˜o horizontal com velocidade inicial de mo´dulo v0. Supondo que a u´nica forc¸a que atue sobre o objeto e´ uma forc¸a de resisteˆncia do ar proporcional a` sua velocidade: ~Far = −b~v, (10) a) escreva a equac¸a˜o de movimento para o objeto. b) O que voceˆ espera que acontec¸a para tempos muito longos? Responda sem resolver a equac¸a˜o. Resolvendo a equac¸a˜o de movimento, encontre: c) a velocidade, d) a acelerac¸a˜o e e) a posic¸a˜o do objeto como func¸o˜es do tempo. f) Esboce os gra´ficos de v(t), a(t) e x(t). g) Tome o limite apropriado em alguma das soluc¸o˜es que voceˆ encontrou e veja se sua previsa˜o da letra b) se confirma. h) Encontre a posic¸a˜o na qual o objeto pa´ra (chamada de posic¸a˜o terminal do objeto), em func¸a˜o de m, v0 e b. i) Embora matematicamente seja imposs´ıvel descobrirmos em qual instante de tempo o objeto pa´ra, e´ poss´ıvel encontrar quanto tempo o objeto leva para atingir uma certa porcentagem de sua posic¸a˜o terminal. Calcule o tempo que o objeto leva para atingir 95% de xterm. 35. Uma massa m tem velocidade v0 no instante t = 0 e move-se ao longo do eixo x em um meio onde a forc¸a de resisteˆncia do fluido e´ dada por ~F = −kv3/2vˆ, (11) onde vˆ e´ um vetor unita´rio ao longo da direc¸a˜o do vetor-velocidade ~v. a) Encontre a velocidade v em func¸a˜o do tempo t. b) Pela soluc¸a˜o da letra a), o objeto ira´ parar? Se sim, em qual instante de tempo? 36. Um objeto de massa m se move ao longo da direc¸a˜o horizontal com velocidade inicial de mo´dulo v0. Supondo que a u´nica forc¸a que atue sobre o objeto e´ uma forc¸a de resisteˆncia do ar proporcional ao mo´dulo ao quadrado de sua velocidade: ~Far = −cv2vˆ, (12) a) escreva a equac¸a˜o de movimento para o objeto. b) O que voceˆ espera que acontec¸a para tempos muito longos? Responda sem resolver a equac¸a˜o. Resolva a equac¸a˜o e encontre: c) a velocidade, 9 d) a acelerac¸a˜o e e) a posic¸a˜o do objeto como func¸o˜es do tempo. f) Esboce os gra´ficos de v(t), a(t) e x(t). g) Tome o limite apropriado em alguma das soluc¸o˜es que voceˆ encontrou e veja se sua previsa˜o da letra b) se confirma. h) Faz sentido falar em posic¸a˜o terminal neste caso? Por queˆ? Movimento Vertical 37. E´ um fato observado experimentalmente que um objeto caindo em um meio fluido atinge, apo´s certo tempo de queda, uma velocidade constante, chamada de velocidade terminal do objeto. Explique este fato. (Dica: Fac¸a um diagrama mostrando as forc¸as que atuam sobre o objeto em pelo menos treˆs instantes de tempo diferentes: logo apo´s ser solto, um instante intermedia´rio e depois de um tempo muito longo de movimento.) 38. Encontre a velocidade terminal de um objeto de massa m caindo sob a ac¸a˜o da forc¸a gravitacional em um meio fluido, meio este que exerce uma forc¸a de resisteˆncia ao movimento do objeto cujo mo´dulo e´ proporcional ao: a) mo´dulo da velocidade do objeto; b) mo´dulo ao quadrado da velocidade do objeto. 39. Considere dois objetos de mesmo formato, mas de massas bastante diferentes. Voceˆ solta estes objetos do repouso, a partir de uma certa altura h em relac¸a˜o ao cha˜o. De acordo com a sua percepc¸a˜o visual/auditiva: a) Qual chegara´ ao cha˜o primeiro, se h ≈ 1 m? b) E se h ≈ 5 m? Explique suas respostas. 40. Determine a velocidade terminal de (a) uma bola de ac¸o de diaˆmetro 3 mm e de (b) um paraquedista de 70 kg em posic¸a˜o fetal, caindo no ar sob a ac¸a˜o de uma forc¸a de resisteˆncia do ar quadra´tica com a velocidade. A densidade do ac¸o e´ de 8 g/cm3 e pode-se considerar o paraquedista como uma esfera de densidade 1 g/cm3 (Pense: Por que essa densidade?). 41. Considere uma esfera de diaˆmetro D e densidade ρesf caindo no ar (densidade ρar), no caso em que a forc¸a de de resisteˆncia e´ predominantemente quadra´tica. E´ poss´ıvel mostrar que essa forc¸a sera´ dada por Far = 1 4 ρarAv 2, (13) onde A e´ a a´rea da sec¸a˜o reta da esfera e v sua velocidade. a) Mostre que a velocidade terminal da esfera e´ dada por vterm = √ 8 3 gD ρesfρar . (14) b) Use este resultado para mostrar que, no caso de duas esferas de mesmo tamanho (mesmo diaˆmetro), a mais densa ira´ cair mais ra´pido. c) Para duas esferas de mesmo material, mas tamanhos diferentes, qual ira´ cair no cha˜o primeiro? 42. Voceˆ solta um objeto de massa m a partir do repouso de uma certa altura h medida em relac¸a˜o ao solo. Suponha que a forc¸a de resisteˆncia do ar seja linear com a velocidade (~Far = −b~v). a) Sem resolver a equac¸a˜o de movimento, como voceˆ acha que sera´ o movimento para tempos muito curtos? b) E para tempos muito longos? Resolva a equac¸a˜o de movimento e encontre c) a velocidade, d) a acelerac¸a˜o e 10 e) a posic¸a˜o vertical como func¸o˜es do tempo. f) Tome o limite apropriado e encontre a velocidade terminal do objeto. Compare com sua resposta dada a` letra a) da questa˜o 38. g) Quanto tempo o objeto leva para atingir 99% de sua velocidade terminal? h) Tome o limite apropriado para mostrar que, para tempos suficientemente curtos, vy(t) ≈ −gt. (15) O que isso significa? Dica: Use a se´rie de Taylor para a func¸a˜o exponencial. Para valores de x suficientemente pequenos (no caso de f(x) = ex, |x| < 1), f(x) pode ser aproximada desprezando-se poteˆncias altas de x. Uma aproximac¸a˜o em primeira ordem consiste em desprezar termos de ordem igual ou superior a 2. No caso da exponencial, ex ≈ 1 + x, em primeira ordem. i) Encontre a expressa˜o para a velocidade do objeto em func¸a˜o de sua posic¸a˜o vertical (Dica: use dv/dt = v dv/dy). 43. Considere um objeto que e´ arremessado verticalmente para cima com velocidade inicial v0 em um meio linear (Far ∝ v). a) Encontre v(t) e y(t). b) Determine o tempo gasto para o objeto atingir a altura ma´xima, e determine essa altura. c) Mostre que, a` medida que o coeficiente de arraste (constante de proporcionalidade entre Far e v) se aproxima de zero, sua u´ltima resposta se reduz ao resultado bem conhecido yma´x = v 2 0y/2g. Dica: Use a se´rie de Taylor para a func¸a˜o apropriada. 44. Voceˆ solta um objeto de massa m a partir do repouso de uma certa altura h medida em relac¸a˜o ao solo. Suponha que a forc¸a de resisteˆncia do ar seja quadra´tica com a velocidade (~Far = −cv2vˆ). a) Sem resolver a equac¸a˜o de movimento, como voceˆ acha que sera´ o movimento para tempos muito curtos? b) E para tempos muito longos? Resolva a equac¸a˜o de movimento e encontre c) a velocidade e d) a acelerac¸a˜o como func¸o˜es do tempo. Dica: Escreva a integral em dv na forma ∫ dx 1− x2 e use que 1 1− x2 = 1 2 ( 1 1− x + 1 1 + x ) . a) Tome o limite apropriado para mostrar que, para tempos muito longos, v(t) tende a` velocidade-limite encontrada na letra b) da questa˜o 38. 45. Um proje´til de 10 kg e´ disparado verticalmente para cima a partir do solo com uma velocidade inicial de 50 m/s. Determine a altura ma´xima que ele atingira´ se: a) a resiteˆncia do ar for desprezada, e b) a resisteˆncia do ar (em mo´dulo) for dada por Far = (0,01 kg/m) v 2. Movimento de Proje´teis 46. Considere um proje´til lanc¸ado da beira de um penhasco com uma velocidade inicial ao longo da direc¸a˜o horizontal. Escreva as equac¸o˜es de movimento sem desprezar a forc¸a de resisteˆncia do ar e diga se os movimentos ao longo das direc¸o˜es horizontal e vertical sa˜o ou na˜o independentes, para os casos em que: a) ~Far = −b~v, e b) ~Far = −cv2vˆ. 11
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