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MAX WEBER - O DESENCANTAMENTO DO MUNDO E A BUROCRACIA

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE SOCIOLOGIA JURÍDICA
Professor: Cleudes Rosa
Aluna: Giovanna Gabriela F. Seabra
Turma A06
O DESENCANTAMENTO DO MUNDO E A BUROCRACIA
A interpretação weberiana acerca das ações individuais aponta para o que, segundo esse autor, seria a grande característica do mundo moderno: a racionalidade. A partir de seus diversos estudos, ele pôde chegar à concepção de que na modernidade o indivíduo tende a agir muito mais com relação a objetivos, ou seja, de maneira muito mais racional. Já nas sociedades pré-modernas, em que os dogmas religiosos permeavam toda a vida social, os indivíduos tendiam a agir imbuídos pela tradição e pelas emoções.
Obviamente Weber não concebeu a inexistência da razão nas sociedades antigas, mas fez uma distinção básica entre razão a racionalidade: todo homem, enquanto ser pensante é dotado de razão, da capacidade de raciocinar. Isso, contudo, não garante que ele vá utilizar essa capacidade para calcular suas condutas. Em outras palavras, isso não garante que ele vá racionalizar todos os aspectos de sua vida.
Estabelecer metas e planejar meios eficientes para alcançá-las, ou seja, calcular suas ações constitui-se numa característica imprescindível para quem pretende manter-se em conformidade com o mundo moderno, marcado pelo avanço da lógica capitalista.
Weber também não negou que emoções e tradições continuam a influenciar as ações do sujeito moderno, ainda que em menor medida. Mas ressaltou que a diferença mais notável entre a sociedade moderna e as sociedades tradicionais reside justamente na supremacia de uma lógica focada nos resultados, e não em tradições, emoções e valores.
Essa supremacia da racionalidade fez Weber pensar no que ele qualifica de "desencantamento do mundo". O mundo pré-moderno estava envolto em uma espécie de manto sagrado, com tradições e dogmas religiosos moldando as condutas individuais e sociais. Era, nesse sentido, um mundo encantado.
Com o desenvolvimento tecnológico e científico e com o exacerbamento da lógica capitalista, o antigo manto deu lugar a uma gaiola de ferro, a qual passou a dominar as ações dos homens. Essa gaiola é, na verdade, uma metáfora para falar da racionalidade que passou a dominar o mundo moderno, este sim, um mundo desencantado.
A organização burocrática é uma das marcas da racionalização presente no mundo moderno e capitalista. Ela está presente no Estado, por meio da administração pública, nas empresas privadas, na política e até nas instituições religiosas. Em linhas gerais, esse instrumento racional consiste em um sistema de organização no qual funções e tarefas são estabelecidas de maneira rígida, hierárquica e complexa. Na burocracia, os processos para se alcançar um objetivo são divididos em várias etapas. Cada etapa do processo é de responsabilidade de um indivíduo ou grupo de indivíduos diferentes e nenhuma pode ser pulada.
Nas últimas décadas, no Brasil e no mundo, o termo burocracia adquiriu fortes conotações negativas. É popularmente usado para indicar a proliferação de normas e regulamentos que tornam ineficientes as organizações administrativas públicas, bem como corporações e empresas privadas. Mas, este conceito, em diferentes períodos históricos, já possuiu outros significados.
O termo "burocracia" surgiu na segunda metade do século 18. Inicialmente foi empregado apenas para designar a estrutura administrativa estatal, formada pelos funcionários públicos. Eles eram responsáveis por várias áreas relacionadas aos interesses coletivos da sociedade, como as forças armadas, a polícia e a justiça, entre muitas outras.
No século 20, após a criação da União Soviética, o termo burocracia apareceu como uma crítica à rigidez do aparelho do Estado e aos partidos políticos que sufocavam a democracia de base, em análises feitas por cientistas sociais, principalmente de tradição marxista.
Segundo a perspectiva desses filósofos e pensadores, o avanço da burocratização, tanto nas estruturas estatais como nas partidárias, traria consequências terríveis para uma futura sociedade socialista, pois, dentro do projeto revolucionário de esquerda, ela era concebida como um obstáculo à participação democrática popular.
Max Weber foi um dos mais renomados pensadores sociais, fundador e expoente da teoria sociológica clássica. Ele elaborou um conceito de burocracia baseado em elementos jurídicos do século 19, concebidos por teóricos do direito.
Dentro dessa perspectiva jurídica, o termo era empregado para indicar funções da administração pública, que era guiada por normas, atribuições específicas, esferas de competência bem delimitadas e critérios de seleção de funcionários.
A burocracia, então, podia ser definida da seguinte forma: aparato técnico-administrativo, formado por profissionais especializados, selecionados segundo critérios racionais e que se encarregavam de diversas tarefas importantes dentro do sistema.
A análise de Weber também aponta que a burocracia, da maneira como foi definida acima, existiu em todas as formas de Estado, desde o antigo até o moderno. Contudo, foi no contexto do Estado moderno e da ordem legal que a burocracia atingiu seu mais alto grau de racionalidade.
Segundo Weber, as principais características de um aparato burocrático moderno são:
Funcionários que ocupam cargos burocráticos são considerados servidores públicos;
Funcionários são contratados em virtude de competência técnica e qualificações específicas;
Funcionários cumprem tarefas que são determinadas por normas e regulamentos escritos;
A remuneração é baseada em salários estipulados em dinheiro;
Funcionários estão sujeitos a regras hierárquicas e códigos disciplinares que estabelecem as relações de autoridade.
A divisão e distribuição de funções, a seleção de pessoal especializado, os regulamentos e a disciplina hierárquica são fatores que fazem da burocracia moderna o modo mais eficiente de administração, tanto na esfera privada (numa empresa capitalista) quanto na administração pública.
O leigo, em geral, costuma criticar o aparelho burocrático, devido à sua rigidez administrativa, inadequação das normas e grande quantidade de regulamentos. Estes aspectos produzem resultados contrários aos esperados, como, por exemplo, a lentidão dos processos.
De fato, a crescente racionalidade do sistema burocrático tende a gerar efeitos negativos, que podem diminuir drasticamente a eficiência de uma organização ou sociedade. Em contrapartida, novos modelos de estruturas burocráticas, alternativos ao modelo weberiano, têm sido experimentados.
É riquíssimo o conhecimento de Weber sobre a racionalização do homem em relação às aceitações, partindo de um mundo desencantado e sem magias. Tendo em vista que esta racionalidade burocrática está ligada ao princípio de causalidade do desencantamento de mundo
A história religiosa da humanidade parte de um mundo sagrado, onde tudo era explicado de maneira transcendental e se estende até o que Weber denominou de “Desencantamento de mundo.” Com os avanços oriundos de áreas como as ciências naturais e as artes a ciência nos coloca diante de um mundo desprovido de forças externas, de divindades, de encanto e isso acontece porque há uma racionalização organizada que se desenvolve nas pessoas devido ao progresso científico, que, sem dúvida, é a mais importante fração para o processo de intelectualização. Essa intelectualização, juntamente com a racionalização está inserida na consciência ou na fé de que basta querer para poder, afinal, tudo pode ser determinada pela razão.
Estudos históricos, arqueológicos, linguísticos, literários e artísticos mostram que mitos, cultos religiosos e formas de habitação estão muito relacionados com as diversas formas de compreensão sobre a idealização de conceitos em um mundo cheio de magias. Dessa forma, pode-se concluir que muitos dos acontecimentos de hoje podem ser herança de algo vivido a tempos atrás. Assim. Fazendo uma relação sobre os períodos da história foi possível observar quea mitologia grega tem uma relação com a nossa realidade, o qual pode ser comparado com o desencantamento de mundo, pois percebendo a diferença de crenças e aceitação religiosa se pode tirar exemplificações bem conhecidas. É interessante lembrar que na mitologia, as pessoas acreditavam em vários deuses e aceitavam as explicações dadas por ela para a existência das coisas através de genealogias, isto é, tudo era gerado e não criado. A crença nas forças da natureza, como os fenômenos da natureza: trovões, relâmpagos, tempestades e os mistérios que a envolve também podem ser elencados como fatores que favorecem para um mundo encantado. Hoje se sabe, no entanto, que essa visão de mundo não existe mais, apesar de saber que em algumas regiões ainda pensam assim. A ciência vem dando ênfase a uma nova fase de explicações onde as coisas espirituais não servem, mas sim tudo que é concreto e pode ser comprovado. Diante disso, podemos perceber que houve uma racionalização a respeito de determinadas crenças, não perdendo por completo, mas sendo aos poucos transformados e reconstruídos.
O desencantamento de mundo é, para Max Weber, um processo de intelectualização ao qual estivemos submetidos há séculos. Não é necessário mais recorrer à magia para dominar ou para agradar os espíritos a quem é atribuída poderes, porque existe a razão e os meios técnicos que suprem tudo isso.
Para Max Weber, um profeta ou um redentor é a resposta ideal para a questão do serviço aos valores em lutas, o problema consiste no fato de que no mundo em que estamos inseridos não existe esse profeta nem redentor. Entretanto, existem falsos profetas, mas esses não são suficientes para impedir a fundamentabilidade que o destino coloca diante da vida em época de Deus e sem profetas. Diante disso, Weber coloca que para quem ainda não é capaz de acreditar nessas teorias de um Deus em que se acredita pela fé, busque a volta ao passado onde criam em profetas ou em deuses ou ainda as antigas Igrejas para buscar esse preenchimento. Tendo em vista, que essa busca requer o sacrifício de renunciar ao intelecto mesmo sabendo que se o fizer será alvo de censura, pois em um mundo desencantado não é possível a crença em criaturas ideológicas, o mundo mostra que isso não é mais possível, Weber ainda afirma: E, sendo assim, Weber sustenta que "esta claro que a tensão entre a esfera dos valores da ciência e a esfera da salvação religiosa é incurável". A racionalização não está relacionada somente a uma forma de convivência no mundo, mas do interesse de questionamentos e de querer saber, ter uma explicação diferenciada para as coisas aos quais atribuímos um ponto de origem, seria também a inquietação do homem para as verdades do mundo. Para Weber não é mais necessário recorrer aos seres mágicos e aos seres espirituais para conquistarmos algo, não é mais necessário que haja a intervenção de nenhuma força externa para conhecê-la ou provar a existência das coisas.
O desencantamento de mundo surgiu a partir da racionalização a que sucedeu a burocratização em que foi retirada do homem toda uma crendice de aceitar a existência de deuses e demônios como seres vivos no meio social, os quais geravam uma diferente forma de aceitar as coisas na vida prática do ser humano. Esse processo faz uso constante da Religião, tendo em vista que, esta se tornou um ponto de intermediação entre esses conceitos e as instituições. Para Weber o desencantamento de mundo acontece por uma retirada da vida social das aceitações de deuses e profetas que serviam de guias para as pessoas. O homem a partir disso torna-se um ser que está designado a viver em um mundo desencantado.
O desencantamento se dá na desvalorização de seres abstratos, espirituais e misteriosos para a concretude de objetos ou atitudes vividas no presente. É interessante observar que as crianças têm um interesse enorme pelas coisas celestes; a lua, as estrelas e tantos outros. Na medida em que ela cresce se desapega desses seres e começa a valorizar mais o que está ao seu redor. O capitalismo, por exemplo, tem influenciado muito o homem a querer exercer poder e autoridade sobre as mínimas coisas e com isso ele percebe que nessa dominação há algo que origina inúmeros acontecimentos, ou seja, ele esquece um pouco os deuses e os astros que os encantava e começava nesse processo de desencantamento. O termo desencantamento de mundo tem sentidos duplos. O primeiro é de um sentido religioso de retirar o encanto do mundo através da religião. O segundo diz respeito ao fato da ciência não conseguir dar sentido ao todo do mundo, mas a cada parte de maneira relativa. Com isso, tira o sentido do mundo como um todo, colocando em explicações que apresentam causas dos fenômenos que ocorrem.

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