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2 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 2 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado Coordenação de Ensino Instituto IPB 3 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 3 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado Fundamentos da Aprendizagem 4 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 4 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado SUMÁRIO UNIDADE I TEORIAS DA APRENDIZAGEM • Do paradigma comportamental ao paradigma cognitivista; • Vislumbrando mais possibilidades para a mente humana. UNIDADE II MODALIDADES DE APRENDIZAGEM • Habilidades de aprendizagem; • Estratégias de aprendizagem; UNIDADE III • ENFOQUES DE APRENDIZAGEM; UNIDADE IV • ESTILOS DE APRENDIZAGEM. UNIDADE V APRENDER A ENSINAR EM UMA PERSPECTIVA METACOGNITIVA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 5 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 5 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado OBJETIVOS DO CURSO: • Apresentar ideias e investigações de estudiosas na área da aprendizagem para que o leitor entenda os processos metacognitivos de apreensão de conhecimentos, competências e habilidades. • Contribuir para uma reflexão sobre os aprendizes e suas aprendizagens. • Enfatizar práticas educativas escolares, a dinâmica dos processos de construção do conhecimento em sala de aula, a importância dos conteúdos de aprendizagem e do ensino e as relações e interconexões entre educação escolar e outros contextos e cenários educativos. • Estudar o processo de aprendizagem a partir dos elementos da biologia e ciências afins, ampliando as condições de intervenções pedagógicas. OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM: • Identificar os fundamentos filosóficos presentes no processo educacional; • Reconhecer as contribuições da filosofia para a compreensão do processo educacional, da instituição escolar e da relação professor-aluno; • Compreender a aprendizagem como um processo complexo; • Estudar as estruturas biológicas do ser humano e sua relação com a aprendizagem; • Conhecer as ciências cognitivas através do resgate histórico dessa área de conhecimento; • Compreender a relação entre motivação e aprendizagem; • Analisar formas de como enfrentar os problemas de aprendizagem na escola. 4 4 www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 4 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado UNIDADE I TEORIAS E FUNDAMENTOS DA APRENDIZAGEM Ninguém é uma ilha completa em si mesma; todo homem é um fragmento do continente, uma parte do todo; se o mar arrebata um penhasco, é a Espanha quem sofre a perda. O mesmo se se tratar "de uma fazenda de seus amigos ou da sua própria, a morte de um homem me diminui porque estou inserido na humanidade e por isso nunca pergunte por quem os sinos dobram: dobram por você. Na citação de Donne, fica evidente a interdependência dos seres vivos entre si. O mesmo acontece nas diferentes teorias. Não é possível considerarmos uma em detrimento de outras, visto que o próprio pensamento humano é decorrente de uma construção na qual cada tijolo, cada experiência, cada referência tem o seu lugar. No estudo da aprendizagem, procuraremos fazer o exercício de uma espiral, pequena em sua base, mas, pelo constante movimento, permite àquele que aprende descobrir um novo significado a cada nova experiência. No processo de aprendizagem, encontramos diferentes concepções e teorias que evidenciam os valores e as crenças que norteiam a nossa maneira de ser, pensar, sentir, agir e interagir, muitas vezes, de forma desordenada e confusa. www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 5 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado Há na literatura e na postura de muitos especialistas da Educação e de áreas afins a coexistência de concepções de aprendizagem em um mesmo espaço social, cultural, familiar ou educativo, que tende a valorizar o aluno, a chamada visão apriorística, ou o professor, a chamada visão empirista, ou ainda a visão que propõe a interação entre aluno e professor, a chamada visão interacionista. Tais concepções fazem avançar, retardar ou até impedir que a aprendizagem se produza, quando os implicados no processo educativo se inclinam mais a uma perspectiva em detrimento de outra, ou quando realizam uma leitura simplista do significado destas visões, porque é "moda" ou é "obrigada” a assumi-Ias em defesa de seu trabalho. Por essa razão, vamos iniciar este estudo, destacando alguns teóricos e seus conceitos de aprendizagem, representantes de duas teorias de aprendizagem presentes em nossas práticas educativas, sociais e familiares: a comportamental e a cognitivista. A aprendizagem para os adeptos da visão comportamental, também conhecida por behaviorista ou condutista (expressão cunhada do espanhol), é considerada em função dos estímulos do meio ambiente, que, por sua vez, modelam e controlam as ações das pessoas tal como é apresentado nas concepções empiristas do conhecimento. Para os pesquisadores desta corrente, o mais importante é o estudo daquilo que se pode constatar empiricamente, isto é, a consistência da pesquisa está na conduta observável e nas suas consequências. Ainda que as teorias que pertencem a este grupo incluam muitos autores, destacaremos apenas os mais representativos e conhecidos no campo da aprendizagem acadêmica: Ivan Pavlov (1849 - 1936), John B. Watson (1878 - 1958), Edward Lee Thorndike (1874 - 1949), Burrhus F. Skinner (1904 - 1990). Por outro lado, o paradigma cognitivista marca sua trajetória por meio de publicações e diversas conferências internacionais organizadas por relevantes cientistas dos anos 70, como é o caso de Gagné, que, em 1967, realiza uma www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 6 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado conferência sobre a aprendizagem e as diferenças individuais, reformando os esquemas existentes relativos aos processos que intervêm entre estímulos e respostas. A concepção cognitivista atribui a conduta, não mais a sucessos externos, mas a certas estruturas mentais complexas e a determinados mecanismos de caráter interno. Considera que as pessoas realizam processos de elaboração, e estas elaborações e interpretações são tão importantes que o comportamento das pessoas se ajusta, sobretudo, a estas representações internas (FERRERAS, 1998). A partir desta perspectiva nasce a preocupação pelo estudo do sistema cognitivo humano, mais especificamente o processamento da informação e sobre como cada pessoa interpreta e compreende sua experiência pessoal, o que se constituiráem uma questão crucial neste âmbito de investigação. As pesquisas cognitivistas mostram que, ainda que os sujeitos tenham capacidades ou inteligências para aprender, é necessário que o ambiente brinde oportunidades ao desenvolvimento de tais capacidades e inteligências, chamando da atenção principalmente a relação pedagógica entre aluno e professor. Dentro desta perspectiva, podemos encontrar vários autores que abordam aspectos diferentes e complementares, o que mostra que a pesquisa sobre aprendizagem é um movimento em constante construção. Igual aos teóricos do comportamento, os autores que apresentam uma visão cognitivista da aprendizagem são vários, mas destacarei alguns dos mais citados na área da Psicologia da Educação e nas pesquisas que se referem ao tema em estudo. Como representantes da concepção cognitivista de aprendizagem, destaco Albert Bandura, Robert Gagné, Jean Piaget (1896 - 1980), Jerome S. Bruner, David Ausubel, Lev Vygotsky (1896 - 1934), Jorge Visca (1935 - 2000), Juan Ignácio Pozo. www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 7 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado DO PARADIGMA COMPORTAMENTAL Os adeptos deste enfoque de aprendizagem, analítico em sua essência, nas palavras de Pearce e Bouton, “decompõe qualquer ambiente em um conjunto de elementos associados entre si com distinta probabilidade, de modo que aprender é detectar com a maior precisão possível, as relações de contingências entre esses elementos ou fatos, de forma que os processos de aprendizagem consistem essencialmente em mecanismos de cômputo dessas contingências" (POZO, 2004). Em outras palavras, a marca deste paradigma está no valor do ambiente estimulador e nos resultados provenientes destas condições (quantidade de associações realizadas entre estímulos e respostas), ignorando, portanto, os processos intermediários entre eles. Convido o leitor, na visita a cada um dos autores, a conhecer, embora brevemente, a concepção de aprendizagem adotada por eles, nunca esquecendo a influência cultural de suas posições e pesquisas e do quão foram necessárias para a compreensão atual da mente humana em toda a sua complexidade. IVAN PAVLOV Um pesquisador que merece destaque neste enfoque é Pavlov e sua Teoria do Reflexo Condicionado. Este autor pressupõe que as atividades do organismo determinam e condicionam a natureza do sistema nervoso, denominando-o de "sistema neurocomportamental". O associacionismo de Pavlov se fundamenta em seu conceito de reflexo condicionado que hoje conhecemos como Condicionamento Clássico. Pavlov, como alguns psicólogos associacionistas, explica a aprendizagem em função da associação dos estímulos ou dos estímulos e das respostas, por meio do Condicionamento Clássico. Pavlov salienta muito mais a força do meio ambiente quando exemplifica os estímulos e as respostas subsequentes, valorizando somente as que se originam fora do sujeito. Aprender para este www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 8 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado enfoque significa que aquele que aprende está condicionado ao meio, e isto significa, por exemplo, quando uma pessoa realiza uma avaliação escolar, ela expõe exatamente aquilo que lhe foi ensinado, incluindo vírgulas e pontos, porque assim é o "certo". Voltando-nos à relação pedagógica, notamos que a visão comportamental da aprendizagem defende a ideia de que o professor deve fixar o saber do indivíduo, predeterminando os conhecimentos suscetíveis de ser transmitida, sua maneira de transmiti-los e, consequentemente, a avaliação desses conhecimentos. Para exemplificar e favorecer a compreensão, eu lembraria que, desta forma, todos os alunos terão acesso aos mesmos saberes, da mesma maneira. Diante de uma pergunta, somente uma resposta é esperada. Esta proposição de teoria da aprendizagem aplicada ao ensino limita o aluno na hora de poder buscar novas alternativas de aprendizagem diante de situações desconhecidas e diferentes. JOHN WATSON Entre os estudiosos da concepção comportamental da aprendizagem, aparecem Watson e seu grupo de trabalho, que foram influenciados pelas propostas do fisiólogo russo Pavlov e orientadas até uma concepção de aprendizagem considerada como processo de construção de reflexos condicionados que se realiza por meio da substituição de um estímulo por outro. Watson concebe o conceito de conduta como uma ação observável produzida pelo organismo no ambiente em que vive. A conduta não será, consequentemente, relativa ao inatismo ou ao temperamento. Watson não somente vai deixar de lado as questões relativas ao instinto, mas também desconsidera as predisposições genéticas do ser humano. O importante para esta forma de conceber o comportamento é o resultado, aquilo que a pessoa mostra ou demonstra que aprendeu. Este autor inclui na compreensão do que sejam condutas, todos os www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 9 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado fenômenos visíveis, objetivamente comprováveis ou factíveis, que puderem ser submetidos ao registro e à verificação; fenômenos que sejam respostas ou reações aos estímulos agentes. Por meio de uma sólida base experimental, Watson tentou situar a Psicologia sobre o modelo das ciências naturais e, desta forma, pode apresentar suas divergências diante dos postulados fundamentais da Psicologia clássica: a introspecção como método científico e a consciência como objeto da Psicologia. Para John B. Watson, a aprendizagem é considerada como o estabelecimento de associações simples (respostas condicionadas), com base no sistema nervoso, isto é, toda conduta representa a aprendizagem de respostas a estímulos particulares. Segundo seu estudo, os atos humanos mais complexos são concebidos como cadeias de respostas condicionadas. Para Watson, aprendizagem é aquilo que se pode ver e constatar, isto é, a conduta adquirida e observável. "A Psicologia como vê um condutivista é um ramo puramente objetivo e experimental da ciência natural. Sua meta teórica é a predição e o controle da conduta". Esta maneira de conceber o sujeito que aprende vê excluída a possibilidade referente às diferenças inatas, ao temperamento ou à própria mente. Para os condutivistas, a maioria das emoções é reflexo condicionado, com exceção de algumas, como o medo, a ira e o amor. O estudo da consciência os argumenta, não é objeto de investigação próprio de uma ciência, pela grande dificuldade de medi-la objetivamente. Os behavioristas, como são chamados seus seguidores, salientam que a essência da máquina humana é o sistema de receptores (órgãos dos sentidos), condutores (neuronas), órgãos de comando (cérebro e coluna vertebral) e agentes (músculos) conectados aos ossos, além dos órgãos de alimentação e controle como são o estômago e as glândulas. E, assim, acreditaram que, uma vez controlados os estímulos do meio em que o sujeito está inserido, se pode moldar o seu caráter na direção que se quer. A teoria proposta por Watson reduz o processo de aprendizagem às www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 10 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizadodeterminações da instituição, dos especialistas, dos conteúdos específicos a uma determinada tarefa ou, em outras palavras, daqueles que manipulam ou detêm o poder da decisão, controlando assim as ações das pessoas. Para exemplificar, poderíamos pensar naquelas situações nas quais fomos levados a dar as respostas esperadas pelos outros e não as que gostaríamos de dar. Sem dúvida, é importante considerar os estímulos, as necessidades do contexto em que o sujeito vive. Porém, diante disto nasce a seguinte questão: Condicionar a ação significa ao mesmo tempo estimular o pensamento e/ou a aprendizagem? EDWARD LEE THORNDIKE Nos estudos de Thorndike, podemos observar a ampliação dos trabalhos de Pavlov, pois realizou seus experimentos em situações de laboratório não tão rigorosamente controladas, mas introduziu situações um pouco mais naturais, nas quais intervinha na aprendizagem mediante o ensaio e o erro. Isto se refere à crença deste autor nas situações de repetição, isto é, para que uma determinada situação seja resolvida, devemos repetir a mesma ação, até que casualmente a solução seja encontrada. As investigações de Thorndike sugerem a possibilidade da existência de vínculos específicos entre as "impressões sensoriais" e os "impulsos para a ação" e, por isto, seus estudos se encontram na denominada Teoria do Conexionismo ou Condicionamento Instrumental. Esta teoria pressupõe que, por causa do condicionamento, respostas específicas podem unir-se a estímulos específicos. Estas uniões ou conexões são o produto de uma mudança biológica no sistema nervoso. Thorndike pensava que o principal caminho por meio do que se formavam as conexões do tipo S-R (estímulo - resposta) era de ensaio e erro, porque, à medida que os ensaios se repetem, cada vez mais demora menos tempo em encontrar a solução, eliminando as condutas inadequadas. Sobre a base de seus experimentos, Thorndike formulou certas leis da www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 11 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado aprendizagem e as classificou como primárias e secundárias. As primárias denominaram de disposição, de exercício e de efeito. As leis secundárias ou subordinadas foram identificadas pelas expressões de múltipla resposta, predomínio de elementos, resposta por analogia e mudança associativa. Entre as leis formuladas por Thorndike, ocupa um lugar relevante a conhecida como "lei do efeito", que ressalta que qualquer ato que produza um efeito satisfatório em uma determinada situação tende a ser repetido nessa situação. A lei do efeito se converteu em guia do ensino, premiando as ações corretas e debilitando as incorretas, também chamado por ele de princípio do prazer e da dor. Infelizmente, até hoje, encontramos atitudes pedagógicas nas diferentes disciplinas, que enfatizam este tipo de crença. Como exemplo, podemos citar o caso de escolas que destacam os alunos que conseguiram os primeiros lugares no vestibular ou excluem do seu quadro discente os alunos considerados "problemas", indisciplinados, com dificuldades de aprendizagem. Podemos observar que as leis da aprendizagem de Thorndike estão intimamente relacionadas e podem operar juntas. Por exemplo, se uma pessoa estiver preparada para responder a uma questão, então a resposta dará satisfação, e este fato em si tenderá a fixar a resposta. Em uma situação concreta de sala de aula, podemos perceber este exemplo quando um aluno, ao explicar o exercício no quadro, é elogiado pelo professor diante da turma. É o tipo de situação que favorece a fixação do conteúdo. Da mesma maneira, as leis parecem ser extremamente mecânicas, não dando lugar a nenhum tipo de pensamento, compreensão ou intencionalidade por parte da pessoa, uma vez que a ênfase está na docência e não na aprendizagem. Watson, apesar de descartar algumas ideias de Thorndike, valorou positivamente a lei secundária que este desenvolveu: mudança associativa. O princípio enunciado por esta lei foi o ponto de partida do movimento behaviorista de 1920. Esta lei nos mostra que um aluno pode desenvolver diferentes respostas diante de um estímulo em função de seu grau www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 12 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado de sensibilidade e de capacidade de associação entre a situação de estimulação e das possíveis respostas. A proposta de Thorndike relativa à aprendizagem acadêmica parece um tanto restrita quando enfatiza a noção de aprendizagem por ensaio e erro, utilizando a repetição e a prática como metodologia pedagógica. Este autor faz referência ao mental como algo sentido e percebido, isto é, valoriza os sentidos em detrimento do pensamento. Algumas inquietações: Até que ponto desconsiderar os erros e as alternativas mentais que fazem parte da aprendizagem pode servir de fundamento no trabalho do professor? BURRHUS SKINNER Outro pesquisador que compactua com as ideias do paradigma comportamental da aprendizagem é Skinner, criador da Teoria do Condicionamento Operante, que agrega um aspecto a mais em suas pesquisas: a reflexão sobre a condição do organismo e de suas consequências, por isto operante, no momento em que tem lugar o processo de aprendizagem. Skinner não estava de acordo com os teóricos da linha S-R (estímulo- resposta) discordando em dois aspectos fundamentais. O primeiro está relacionado com os tipos de aprendizagem que, segundo Skinner, são dois: o comportamento reflexo e o comportamento operante. O segundo aspecto que difere dos demais condutistas é o relativo ao Índice quantitativo utilizado nos estudos sobre aprendizagem, posto que o tempo de reação pode ser modificado por certos fatores externos ao processo, o que supõe que o tempo de reação não seja a melhor medida para estudar a aprendizagem. Estes fatores externos, entre os quais estaria a posição do organismo no momento em que o estímulo é apresentado e os dispositivos experimentais empregados, poderiam aumentar o tempo de reação. Skinner define aprendizagem como uma mudança na probabilidade da www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 13 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado resposta. Na grande maioria dos casos, esta mudança é causada por condicionamentos operantes. Este autor afirma que todo comportamento humano é produto do reforço operante. Consequentemente, sendo operavelmente reforçadas, as pessoas aprendem a manter seu equilíbrio, a andar, a falar, a escrever, a jogar e a utilizar instrumentos manuais; realizam uma série de movimentos e, mediante o reforço, aumenta-se a possibilidade de repeti-los. Assim, o reforço operante melhora a eficiência do comportamento. No Condicionamento Operante, um organismo deve, em primeiro lugar, dar uma resposta desejada e somente depois obterá a recompensa e, assim, a recompensa reforça a resposta. A essência da aprendizagem não é a substituição do estímulo, mas a modificação da resposta. O condicionamento operante considera que a conduta está sujeita à regulação dos fatores ambientais. Denominam-se reforços aos fatores que servem para aumentar a probabilidade ou a frequência de ocorrência de um determinado modo de conduta. Se o reforço desencadear uma conduta desejada, receberá o nome de reforço positivo.No entanto, se o estímulo for negativo, de tal modo que o reforço tenha lugar a uma parada do estímulo, dar- se-á o que Skinner chama de reforço negativo, ou seja, o reforço se tornará um castigo. O ensino é concebido como uma combinação de reforços contingentes que facilitam a aprendizagem, com ou sem o professor. A proposta da "instrução programada", uma aplicação da teoria do Condicionamento Operante, baseia-se no fato de que o máximo de esforço vem do controle que alguém exerce sobre o meio. "Um programa é um conjunto de contingências que modelam topograficamente a resposta e originam uma conduta sobre o controle de estímulos de maneira eficiente" (SKINNER). Tal metodologia, ao referir-se à figura do professor, parece dizer que poderia ser substituída por um bom e eficaz material ou por um material que traz em si o próprio reforço. www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 14 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado A teoria comportamental da aprendizagem, além de desconsiderar as informações que o sujeito já possui, descarta as características pessoais, as crenças, os desejos, as ideias e os pensamentos, reduzindo a aprendizagem ou a própria natureza humana a estímulos, respostas e reforços. E é forte, muito forte, a presença desta concepção na educação e na vida de hoje e, como salienta Pinker (2004), "a doutrina da tábula rasa arraigou-se na vida intelectual sob uma forma que foi chamada de Modelo Padrão da Ciência Social ou Construcionismo Social. Hoje esse modelo está tão incorporado à vida das pessoas que poucas têm noção da história que ele encerra". Para facilitar a compreensão do que aqui foi afirmado, podemos observar algumas práticas pedagógicas que continuam insistindo na quantidade do conteúdo a ser trabalhado, em detrimento da seleção qualitativa do que é significativo para um determinado grupo de alunos. Portanto, as pessoas que concordam com o paradigma comportamental da aprendizagem creem que, para o sujeito aprender, é necessário uma escola com muita disciplina, burocracia e autoritarismo. O controle da situação de aprendizagem parte de fora para dentro, impedindo o sujeito aprendente de tomar consciência de sua ação. É o caso de uma criança da primeira série que, ao lhe perguntar o que faz quando escreve errado, responde: “A professora fala que está errado, eu vou lá e arrumo". Como esta concepção de aprendizagem não explica o que acontece com o sujeito na hora de aprender e também não considera a ação deste sujeito como uma resposta ativa acreditou que se faz necessário continuar visitando outros autores, outras ideias, novas possibilidades. Paradigma Cognitivista Em virtude do grande interesse na área da Psicologia pelas questões cognitivas e o uso das tecnologias cognitivas da informação em uma multiplicidade de situações e áreas, não existe uma linha única na teoria cognitivista, que explique o funcionamento da mente. www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 15 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado O que percebemos nas diferentes propostas que compõem este paradigma da aprendizagem é que concebem a conduta e o conhecimento humano a partir das representações provenientes da mente humana e estudam os processos que transformam ou manipulam estas representações. Em outras palavras, esta concepção de aprendizagem discute a diferença entre a aquisição da informação e do conhecimento, considerando "os protagonistas do processo de aprender e ensinar como sujeitos inteiros, mas compostos pelas dimensões do pensamento, do sentimento, da ação e da interação". (PORTILHO e BARBOSA, 2007) Apresentamos a seguir alguns teóricos cognitivistas e suas concepções de aprendizagem, procurando mostrar ao leitor que a complexidade da mente humana faz com que necessitemos articular e integrar as diferentes formas de pensar dos diversos autores. ROBERT GAGNÉ “No estudo da aprendizagem cognitiva, as ideias de Gagné e seu ‘‘Modelo de Processamento de Informação” aparecem quando afirma que o processo de aprendizagem é uma modificação que pode ser provocada e que não pode ser simplesmente atribuída ao processo de crescimento, como estabeleciam as concepções apriorísticas da aprendizagem, ou seja, aquelas que acreditam que a aprendizagem independe da experiência. Gagné leva em conta, por um lado, o caráter biologicamente determinado da aprendizagem; e, por outro lado, enfatiza a importância desempenhada pelo meio externo para a aquisição do conhecimento. O ponto de vista de Gagné sobre o tipo de modificação chamada aprendizagem, se manifesta como uma alteração no comportamento, indicando que a aprendizagem ocorreu, comparando o comportamento do indivíduo antes e depois de haver sido exposto a uma situação de aprendizagem. Nesta definição, encontramos a influência comportamental no pensamento deste autor, o que www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 16 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado reforça a ideia de que, em nome de algo novo, não devemos desconsiderar o antigo e vice-versa. O avanço na sua proposta está no fato de que para que ocorra a aprendizagem, o sujeito deve experimentar uma transformação (aprendizagem ativa), desde a aprendizagem de signos e sinais até a aprendizagem de resolução de problemas, como será exposto a seguir. Em primeiro lugar, Gagné menciona a aprendizagem de signos e sinais. O signo é qualquer símbolo que substitui ou indica outra coisa a partir de algum tipo de associação. Para que este tipo de aprendizagem aconteça, devem ser apresentadas duas formas de estímulos de maneira simultânea: o estímulo que produz a resposta geral e o estímulo que se transforma em sinal. Este tipo de aprendizagem é comum na vida cotidiana. Para exemplificar, é o caso da criança que aprende que um grito de seus pais pode ser um sinal de dor, ou de medo. Este sinal pode originar-se em sujeitos que, quando crianças, tiveram-no acompanhado de estimulações doloridas ou assustadoras. Do mesmo modo, podemos imaginar que muitas emoções têm sua origem na aprendizagem de sinais. O fato de observar a casa onde passamos a infância, depois de muitos anos de ausência, pode provocar sentimentos agradáveis de nostalgia, independentemente de fatos específicos. O mesmo ocorre quando abrimos um livro antigo ou, ao olharmos suas páginas, lembramos de um determinado professor. Gagné também apresenta a aprendizagem estímulo-reação, que compreende a execução de movimentos musculares precisos e a resposta a estímulos ou combinações de estímulos muito específicos. Este tipo de aprendizagem permite que o sujeito realize uma ação quando quiser. Podemos imaginar, por exemplo, uma pessoa quando aprende uma língua estrangeira: quando o sinal é solicitado, no caso uma classe de espanhol - "Diga perro", é provável que o sujeito diga alguma coisa mais ou menos parecida. Todo aprendente deve receber reforços para responder a um pequeno número de estímulos externos corretos, que se encontram no som da palavra www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 17 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado “perro”, assim como para responder a um número de estímulosinternos provenientes de seus músculos ao pronunciar esta palavra. O próprio aprendente também complementará o reforço, comparando sua pronúncia da palavra “perro” (“cachorro" em português) com a do professor de espanhol. Se realmente o desejo é de que este ato seja eficiente, há de se adquirir, com antecedência, um critério conveniente e preciso de comparação. Esta é uma aprendizagem que exige o que chamamos hoje de estilo analítico por parte do sujeito que aprende. Outro tipo proposto por Gagné é a chamada aprendizagem por cadeia, que consiste na aprendizagem de uma determinada sequência ou ordem de ações. Imaginemos a seguinte situação: ensinar uma criança a amarrar os sapatos. Este autor assinala algumas condições necessárias para a realização desta aprendizagem: a) Os elos da cadeia devem ser estabelecidos com antecedência para que sejam eficazes. Por exemplo, a criança deve saber pronunciar a palavra sapato e deverá buscá-lo no momento em que sua mãe peça; b) As respostas relativas ao fato de amarrar os sapatos devem ser caracterizadas por uma sequência (continuidade dos elos), transcorrendo um breve espaço de tempo entre o estímulo que conduz a pronúncia da palavra e as respostas; c) Uma vez atendidas às duas condições, podemos observar que a aquisição de uma cadeia não se baseia em um processo gradual, mas acontece de uma só vez. Esta é uma aprendizagem que exige o que denominamos atualmente de um estilo dotado de organização e percepção da totalidade da ação. A aprendizagem denominada por Gagné de associações verbais está relacionada à aprendizagem em cadeia que implica operações de processos simbólicos bastante complexos. A aprendizagem pode acontecer na tradução de uma palavra da língua portuguesa para a língua francesa, por meio da aquisição de uma cadeia. Se pronunciarmos as palavras “fósforo”, em português, e www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 18 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado “alumette”, em francês, seguidamente uma da outra, de forma repetida e um número de vezes suficiente, a criança encontrará, incidentalmente, um código que lhe ajudará a aprender a cadeia. No entanto, se quisermos que a aprendizagem se desenvolva de forma rápida, o melhor caminho seria acrescentar a imagem referente à palavra. A aprendizagem chamada discriminações múltiplas é uma aprendizagem que Gagné afirma ser possível, mediante as associações entre vários elementos, implicando a ação de separar e discriminar. Este tipo de aprendizagem é aquela que o professor utiliza para chamar os alunos por seus respectivos nomes. É também o tipo de aprendizagem posto em prática pelo estudante quando aprende a distinguir as diferentes plantas, os números ou os símbolos matemáticos. O aspecto importante na discriminação múltipla é a interferência, que deve ser vencida, para que se possa assegurar a fixação do aprendido. As novas cadeias interferem na conservação de outras já aprendidas e vice-versa. Esta aprendizagem, dizemos atualmente, demanda um estilo analítico, observador e reflexivo do indivíduo que aprende. A aprendizagem de conceitos, segundo Gagné, significa aprender a responder a estímulos em termos de propriedades abstratas, tais como: forma, cor, número ou posição. Como exemplifica Gagné, uma criança pode aprender a dar o nome a um cubo de um jogo de construção e utilizar o mesmo nome para fazer referência a outros objetos que se diferenciam do primeiro em pequenas características, como a forma e o tamanho. Depois, aprenderá conceito de cubo, e esta forma passará a identificar distintos objetos que diferem entre si (desde um ponto de vista físico). Qualquer que seja o processo, um conceito - como o de cubo - poderá ser aprendido. Esta aquisição fará com que o indivíduo seja capaz de identificar objetos de aparência física muito diferente, sempre que comportem as características essenciais da definição do conceito. Seu comportamento passará a ser controlado, não só por estímulos físicos específicos, mas também por propriedades abstratas de tais estímulos. Já no caso de uma pessoa adulta, a aprendizagem de novos conceitos www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 19 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado pode acontecer por um caminho mais curto porque dispõe de maior riqueza de linguagem. Neste tipo de aprendizagem, é comum ser utilizado um estilo de aprender por analogias, ou seja, aquela aprendizagem que nos permite relacionar ou encontrar semelhanças nos fatos e nas situações estudadas. Outro tipo é a aprendizagem de princípios, que subtende que um princípio é uma relação entre dois ou mais conceitos. As condições para que este tipo de aprendizagem aconteça são: a) Quando um princípio está sendo aprendido, o sujeito já deve dominar os conceitos que estão sendo utilizados; b) Geralmente, o princípio é enunciado de forma verbal, como, por exemplo: "O pronome eu leva o verbo para o singular"; c) A aprendizagem de um princípio se realiza em uma só ocasião. O importante para que se saiba se alguém tem uma boa condição para a aprendizagem é observar se a pessoa que aprende sabe realmente utilizar o princípio. Por fim, a aprendizagem de resolução de problemas significa que, uma vez adquiridos alguns princípios, a pessoa pode utilizá-los com finalidades diversas, atuando no meio e procurando controlá-los. Pode também fazer algo muito mais importante - pensar. Isto significa que o ser humano está dotado de uma qualidade que o leva a combinar os princípios já aprendidos com novos princípios mais eleva- dos. Isto pode acontecer quando a pessoa estimula a si mesma e, também, reage às diferentes estimulações provenientes de seu ambiente. Graças aos processos de combinação de princípios antigos e novos, a pessoa será capaz de resolver problemas novos, adquirindo uma reserva de habilidades. É o caso, por exemplo, do estudante ao fazer um resumo, uma dissertação ou quando reúne argumentos para apresentar um ponto de vista. A resolução de problemas resulta da aquisição de novas ideias que multiplicam a aplicabilidade dos princípios previamente aprendidos e estimulam novas www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 20 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado habilidades que, por sua vez, incitam a um pensamento mais elaborado. Gagné passa a considerar o sujeito que aprende como um ser constituído por uma funcionalidade cognitiva, ou seja, aquele que pensa diante da informação, baseando-se no aspecto sensorial da cognição e destacando a importância das interações deste sujeito com o estímulo que o leva a produzir uma resposta, que resulta na aprendizagem. Mas, será que toda resposta que o sujeito obtém de sua interação com o meio onde vive pode ser considerada aprendizagem? ALBERT BANDURA O psicólogo Bandura nos ajuda a perceber a importância das interações sociais na aquisição da aprendizagem quando propõe a sua "Teoria Social Cognitiva". Em seus primeiros estudos (1963), este autor enfatiza os fatores sociais e o papel da observação na aquisição e na manutenção das condutas, não fazendo referência ao aspecto cognitivo do comportamento. Em 1999, suas publicações já ressaltam o caráter cognitivo da conduta, ampliando suas ideias e, assim, fazendo com quediversos autores o reconheçam como psicólogo cognitivista. Segundo Bandura, a conduta está regulada, além dos fatores biológicos, por três sistemas diferentes: 1) Um controle que vem dos estímulos antecedentes, sejam eles incondicionais, condicionais ou discriminativos; 2) Outro controle proveniente das consequências do ambiente; 3) Um terceiro controle constituído pelos processos cognitivos mediadores. A regulação cognitiva determina que os sujeitos, diante de eventos externos, observem, atendam, percebam, avaliem, armazenem e simbolizem as lembranças da memória. Todos estes aspectos cognitivos intervêm nas imitações que os humanos realizam das condutas observadas nos outros. www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 21 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado Um aspecto mais primitivo da proposta deste autor está no fato de afirmar que a aprendizagem está baseada na observação, assim como destaca a influência da "modelagem" na conduta humana. Bandura dará por certo que, em todas as culturas, as crianças adquirem e modificam padrões complexos de comportamento, conhecimentos e atitudes, observando os adultos. Afirmará que "afortunadamente a maior parte da conduta humana é aprendida pela observação, mediante modelagem". O conceito de modelagem para este autor é mais amplo que o conceito tradicional de imitação, porque não somente inclui a observação e a cópia da conduta dos outros, mas também compreende o que denomina de "modelagem verbal", que adquire um papel decisivo à medida que se desenvolvem as competências linguísticas. Este tipo de aprendizagem pode desencadear alguns efeitos, tais como: • Efeito instrutor - permite a aquisição de respostas e habilidades cognitivas novas por parte daquele que observa, ajudando-o a ampliar seu repertório de aprendizagens; • Efeito de inibição ou desinibição de condutas previamente aprendidas; • Efeito de facilitação - refere-se à resposta que o sujeito é capaz de dar e que não estava previamente inibida, como quando, ao olharmos o céu, imitando o que o outro faz; • Efeito de incremento do estímulo ambiental - em um experimento realizado por Bandura em 1962, as crianças que observavam como se batia em uma boneca com um bastão imitaram a resposta agressiva e fizeram o mesmo em outra situação; • Efeito de ativação das emoções - as pessoas se emocionam ao observar as emoções dos outros. Em seus últimos estudos, Bandura insiste nos processos subjacentes à www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 22 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado aprendizagem observacional, como, por exemplo, o da atenção do observador até as atividades ou as demonstrações do modelo, os fatores da memória, os processos de caráter executivo e os processos de motivação. Acreditamos que, dentro desta perspectiva teórica, o papel do professor é muito importante, não tanto pela apresentação constante de modelos de conduta, verbais ou simbólicos, como pela eficácia da consistência dos modelos, da adequação destes às competências dos alunos, da interação afetiva entre os alunos e o próprio professor, assim como pela efetividade dos procedimentos que o professor coloca em jogo na apresentação dos modelos. Os companheiros da sala também podem ser um recurso importante. Um aspecto interessante e oportuno destacado por Bandura em suas pesquisas é a alusão feita à eficácia pessoal, isto é, à autoeficácia, relativa às crenças do sujeito sobre suas próprias capacidades para organizar e executar ações necessárias em situações futuras. As crenças de eficácia estão relacionadas com o modo de pensar, de sentir, de motivar-se e de atuar das pessoas. Em sua análise das crenças das pessoas sobre sua eficácia, Bandura destaca quatro formas fundamentais de influência: • Experiências de domínio - é a maneira mais efetiva para criar uma eficácia sólida, uma vez que está relacionado às condições que o sujeito deve ou não reunir para obter êxito, e estes, diferentes dos sucessos, ratificam a eficácia pessoal; • Experiências vicárias - estão relacionadas ao êxito obtido pela pessoa por meio da observação; êxito que supõe o aumento das crenças do observador de que possui as capacidades necessárias para dominar atividades comparáveis. Se as pessoas consideram os modelos muito diferentes de si mesmas, suas crenças de eficácia pessoal não serão muito influenciadas pela conduta do modelo nem pelos resultados que esta produz; • Persuasão social - ocorre quando as pessoas se mobilizam totalmente para alcançar o êxito, porque são estimuladas pela www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 23 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado autoeficácia persuasiva. Desta forma, suas crenças de autoeficácia estimulam o desenvolvimento de destrezas e a sensação de eficácia pessoal; • Favorecer o estado físico, reduzir o estresse e as tendências emocionais negativas e corrigir as falsas interpretações dos estados orgânicos - os indicadores psicológicos de eficácia são agentes influentes no funcionamento da saúde e nas atividades que requerem esforço físico e persistência, assim como, em geral, os estados afetivos têm efeito sobre as crenças relativas à eficácia pessoal em diferentes esferas de funcionamento. Em outras palavras, a pessoa, para aprender a ser consciente de seus conhecimentos e controlá-los, precisa acreditar em si mesma antes de tudo. Outro ponto importante da proposta de Bandura reside nos quatro processos fundamentais para que as crenças de eficácia regulem o funcionamento humano: os processos cognitivos, motivacionais, afetivos e seletivos. Tais processos operam juntos na regulação contínua do funcionamento humano. Os processos cognitivos da conduta humana, que têm um objetivo claro a seguir, são regulados mediante o pensamento antecipador que inclui os fins desejados. Quanto mais forte é a eficácia percebida, mais desafiadoras são as finalidades que as pessoas se propõem e mais firme é o compromisso para alcançá-las. O pensamento tem uma função importante: a de capacitar as pessoas para predizer sucessos e desenvolver os métodos para controlar os sucessos que influem sobre suas vidas. No momento em que a pessoa aprende as regras de predição e regulação, deve recorrer a seu conhecimento para construir opções, para equilibrar e integrar os fatores preditivos, para provar e revisar seus juízos à mercê dos resultados imediatos e distantes de suas ações e para recordar os fatores provados e como funcionaram. Para que o sujeito se sinta eficaz em suas atividades, é importante, como www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 24 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado diz Bandura, os processos motivacionais, já que grande parte da motivação do ser humano tem origem no sistema cognitivo. As pessoas se motivam a si mesmas e dirigem suas ações antecipadamente mediante o exercício do pensamento antecipador, assim como mobilizam, à vontade, os recursos e o nível de esforço necessário para alcançar o êxito. Existem diferentes tipos motivadores cognitivos, e as crenças de eficácia operam em cada um deles. Estamosfalando das atribuições causais, das expectativas de resultados e das metas cognitivas. Bandura exemplifica as atribuições causais, quando diz que as pessoas que se consideram muito eficazes atribuem seus fracassos ao esforço insuficiente ou às condições situacionais adversas, enquanto as pessoas que se consideram ineficazes atribuem seus fracassos à sua pouca habilidade. Com relação às expectativas de resultados, Bandura salienta que a motivação está em consonância com os resultados que uma ação pode produzir e com o valor conferido a estes resultados, como seria o caso das opções muito atrativas que as pessoas não executam porque se consideram incapazes para realizá-las. O terceiro tipo de motivação cognitiva, as metas cognitivas, refere-se às metas explícitas e desafiadoras que fomentam e sustentam a motivação. A motivação, baseada no funcionamento de metas, implica um processo de comparação cognitiva entre a execução percebida e o modelo pessoal adotado. Os processos afetivos fazem referência ao como as pessoas trabalham em situações difíceis ou ameaçadoras, o que indica as crenças ou a confiança que têm em sua capacidade de manejar a quantidade de estresse e depressão. Ainda que os sujeitos sejam submetidos às mesmas situações estressantes produzidas pelo ambiente, os que creem que podem manejá-las permanecerão imperturbáveis, enquanto aqueles que dizem não poder manejar pessoalmente estas situações vão concebê-las de forma frágil. Estes aspectos afetivos nos levam a relacionar a resistência que muitas pessoas exercem diante do fato de conhecer suas possibilidades e limitações, que é precisamente a proposta da metacognição. Sendo assim, destacamos a www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 25 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado importância do professor, uma vez que cabe a ele sensibilizar seus alunos para que os mesmos manejem, a partir do autoconhecimento, as dificuldades que aparecem na hora de estudar. Bandura destaca a importância da educação para uma vida produtiva, assim como a necessidade do desenvolvimento de competências cognitivas e autorreguladoras para que possamos desempenhar os diferentes papéis que ocupamos e manejar as demandas da vida contemporânea. Também salienta que o rápido ritmo empregado pelas mudanças tecnológicas e o acelerado crescimento do conhecimento exigem a capacidade para a aprendizagem autodirigida. Acrescenta que um dos principais fins da educação formal deveria ser o de equipar os estudantes com instrumentos intelectuais, crenças de eficácia e interesse intrínseco para educar a si mesmo durante toda sua vida. (BANDURA) As dimensões cognitiva, afetiva e social que aparecem na teoria de Bandura são muito importantes, já que reforçam a evidência de que o processo de aprendizagem não pode continuar, sendo visto como algo meramente inato ou proveniente do ambiente no qual o sujeito está inserido, como defendem os condutistas. Acredito que a grande contribuição deste autor tenha sido nos alertar sobre a importância da dimensão social da aprendizagem, destacando elementos, como a observação, a memória, a motivação, a afetividade na prática pedagógica. E quando se refere à autoeficácia como a necessidade de acreditarmos em nossas possibilidades, permite-nos afirmar o quanto é necessário na hora de aprender que as dificuldades, os erros, os tropeços sejam revertidos em momentos significativos de construção de conhecimento e a relevância do papel do professor neste processo. JEAN PIAGET Piaget, autor da teoria denominada "Epistemologia Genética", realizou seus estudos com o objetivo de conhecer a evolução do conhecimento na espécie humana. Os resultados das pesquisas que desenvolveu junto com seus www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 26 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado colaboradores e, posteriormente, as de seus sucessores ajudam a compreensão do desenvolvimento humano e da aprendizagem, relativa à lógica matemática e às suas relações com a linguagem e a construção da moral (PIAGET). Piaget mostra que a interação do homem com o mundo possibilita a construção de estruturas cognitivas cada vez mais complexas, que permitem a esse homem ter sensações, realizar movimentos, perceber, simbolizar, abstrair e raciocinar logicamente. Segundo Piaget, o conhecimento se constrói o que significa que a inteligência se constrói em um processo de interação ativa do sujeito com o mundo externo. A priori, é a partir dos reflexos inatos, baseados na ação do sujeito sobre o meio social e físico, quando inicia a construção das estruturas de pensamento. Nesta etapa, dentro da trajetória que transcorre sua teoria, Piaget concebe o sujeito que aprende como um ser ativo que se situa e se posiciona diante de um determinado contexto. Para este autor, "a vida é, em essência, autorregulação", quer dizer, a vida mental faz parte integrante do desenvolvimento da inteligência, pois esta se desenvolve para manter um equilíbrio dinâmico com o meio. Quando o equilíbrio se rompe, o indivíduo atuará sobre o que produziu o desequilíbrio (seja uma imagem, um som ou uma informação), para estabelecer a situação de equilíbrio inicial. Estes fatos acontecem graças ao que Piaget denomina de adaptação e organização. Como vimos anteriormente, a concepção de aprendizagem associacionista se apoia no êxito das aprendizagens anteriores, incrementando sua probabilidade de ocorrer. Já a visão construtivista da aprendizagem tem sua origem na tomada de consciência dos fracassos ou dos desequilíbrios (PIAGET) entre as representações e a realidade. Este ponto da teoria piagetiana vem contrapor a crença de que não se podiam cometer erros para aprender. Em entrevista com Bringuier (1993), Piaget, ao explicar a capacidade de www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 27 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado adaptação dos organismos vivos ao meio ambiente, infere que a inteligência humana é sempre uma construção endógena (fatores internos), de dados exógenos (fatores externos) provenientes da experiência. Por isso, em seus estudos, considera e contempla as variações não hereditárias que, durante a história, foram substituídas pelas hereditárias. A inteligência é, consequentemente, uma adaptação ao meio exterior, como toda adaptação biológica. Vale dizer que, diante desse conceito, percebemos claramente a visão interacionista proposta por Piaget, por considerar tanto os aspectos inatos como os ambientais importantes na hora da aprendizagem. Esta adaptação, no entanto, é fruto da adaptação do indivíduo com seu ambiente, onde os fatores fisiológicos da maturação, as experiências com os objetos do mundo físico e com o meio social, coordenadas por um mecanismo autorregulador (equilibração), são elementos absolutamente necessários para o desenvolvimento. Quando se refere ao aspecto autorregulador, parece que Piaget aponta para a valorização do sujeito na utilização das variáveis metacognitivas, a regulação e o controle para qualquer atividade ou tarefa a ser desenvolvida. A adaptação apresenta duas invariantes funcionais básicas: a assimilação e a acomodação. Piaget (1976) explica a assimilação como à incorporação de novoselementos a estruturas já existentes e a acomodação como sendo toda a modificação dos esquemas de assimilação por influência de situações exteriores. Este jogo entre assimilação e acomodação permite que os organismos mantenham um equilíbrio dinâmico. Estes dois movimentos básicos da aprendizagem podem ser didaticamente explicados separadamente, no entanto, não podemos estabelecer um corte entre eles na ação adaptativa. Não é possível observar um comportamento e dizer: "Ah! Agora ele está assimilando e agora está acomodando". www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 28 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado Ambos os processos estão indissoluvelmente unidos. A assimilação funciona para preservar as estruturas; a acomodação funciona no sentido de variabilidade, de desenvolvimento e de mudança. Já a organização articula estes processos com as estruturas existentes e organiza todo o conjunto de ações. Assim, o indivíduo constrói e reconstrói continuamente as estruturas que o fazem cada vez mais apto à equilibração. Estas construções se desenvolvem na mesma ordem em todas as culturas, mas a idade em que aparecem é diferente. Como Piaget estudou as crianças genebrinas, a divisão por idade, apresentada por ele, pode ser entendida para este grupo ou para crianças de culturas semelhantes. Existem culturas nas quais o período pré-operatório, por exemplo, dura mais tempo em que outras. São estes períodos chamados de estádios do desenvolvimento que, por sua vez, descrevem a evolução do raciocínio. O primeiro estádio proposto por Piaget é o chamado sensório- motor, no qual, a partir dos reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente seu ambiente. A inteligência é prática. As noções de espaço e de tempo, por exemplo, constroem-se mediante a ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem que a representação e a ação de pensar apareçam neste início ou nos primeiros momentos deste período. Piaget afirma que, nesta fase, se desencadeia uma importante transformação não observável de modo direto. Em segundo lugar, Piaget descreve o estádio operatório-concreto, que se divide em dois subperíodos. No primeiro, chamado de período pré-operatório, no qual se preparam as "operações concretas", a criança será capaz de representar mentalmente pessoas e situações, como também atuar por simulação, "como se fosse". O segundo subperíodo, operatório-concreto, em que as operações concretas já estão estabelecidas e consolidadas, a criança já é capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Por último, Piaget apresenta o estádio "operatório-formal", no qual a www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 29 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado representação permite a abstração total, não limitando o jovem a uma representação imediata nem às relações previamente existentes, mas impulsionando-o a pensar em todas as relações possíveis logicamente. Neste período, o pensamento, uma vez que já está consolidado, corresponde ao de um adulto. Sua característica mais forte é a capacidade de raciocinar de um modo lógico, partindo de premissas e deduzindo as conclusões pertinentes. Por outro lado, o que é universal e predeterminado na história biológica do ser humano enquanto espécie é a ordem de complexidade em que tal construção acontece, podendo o indivíduo chegar ou não a um desenvolvimento cognitivo mais complexo. Isto vai depender de quatro fatores de aprendizagem (maturação, experiência, transmissão social e equilibração) e da forma de utilização destes fatores no processo de interação com o meio. O primeiro fator geral do desenvolvimento mental recebe o nome de maturação nervosa. Dolle afirma que a maturação torna possível a constituição das estruturas operatórias, mas nada se sabe sobre as condições em que isto acontece. O segundo fator de aprendizagem é o exercício e a experiência adquirida na ação efetuada sobre os objetos. Este fator é essencial e necessário, mas é também complexo e não explica tudo. A experiência física e a experiência lógico-matemática são diferentes. A primeira consiste em operar sobre os objetos para abstrair suas propriedades e a segunda consiste igualmente em operar sobre os objetos para conhecer o resultado das coordenações das ações. O terceiro fator é o das interações e das transmissões sociais. A linguagem é, sem dúvida, um fator do desenvolvimento, porém não é fonte deste desenvolvimento. Para poder assimilar a linguagem, é necessário um instrumento de assimilação anterior. Geralmente, o desenvolvimento operatório precede a expressão verbal. A linguagem parece estar dominada pelo sujeito somente quando as estruturas necessárias de uma lógica verbal tenham sido adquiridas, isto é, por volta dos doze anos. O meio social pode enriquecer a verbalização, mas isto não permite que determinemos o nível de estruturação lógica desenvolvido. A participação da linguagem na estruturação lógica precisa, www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 30 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado para este autor, de estudos e experiências que demonstrem sua influência neste desenvolvimento. O quarto fator de aprendizagem apresentado por Piaget é a equilibrarão. Este aspecto do desenvolvimento mental é necessário para explicar cada um dos fatores citados acima, mas também comporta sua própria especificidade. As operações não estão pré-formadas, mas se constroem de maneira contínua pela abstração refletidora que, como se sabe, reflete em um plano superior à estrutura elementar inicial, reconstruindo-a e ampliando-a. Desta maneira, as abstrações refletidoras transformam os objetos ou as situações somente quando aparecem situações de problema, de conflito e de desequilíbrios. A reconstrução operada consiste em restabelecer o equilíbrio anterior, ampliando o campo de equilíbrio mediante uma modificação das estruturas. No domínio intelectual, a noção de equilíbrio caracteriza-se pela compensação. Isto não significa que o equilíbrio esteja em estado de repouso, mas é um procedimento decorrente de uma adaptação, principalmente porque o equilíbrio é móvel, de maneira que, na presença de perturbações exteriores, o sujeito procurará reduzi-Ias por compensações de sentido inverso. É assim que Piaget justifica, uma vez que a equilibração conduz a reversibilidade, propriedade das estruturas operatórias. Todos os fatores do desenvolvimento destacados por Piaget influem sobre a estruturação do sujeito, mas o fator mais importante é o da equilibração. Este fator interno do desenvolvimento é uma dinâmica ou processo que leva ao fator determinante mediante a reflexão e a reconstrução de estados de estruturações superiores. Como podemos observar, segundo a teoria piagetiana, desde que o indivíduo nasce leva consigo uma história biológica que o permite construir, por meio de interações com seu ambiente, estruturas cognitivas cada vez mais complexas que lhe permitem levar adiante processos de aprendizagem cada vez mais complexos. O objetivo fundamental da indagação piagetiana é estudar a construção do conhecimento por meio da ação do sujeito. Por isto, sua www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br| +55 (31) 3411-3143 31 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado proposta é essencialmente epistemológica, buscando analisar os mecanismos e os processos mediante os quais se produz o conhecimento. JEROME BRUNER Psicólogo americano, Bruner contribuiu de forma significativa no campo educativo com sua "Teoria da Instrução", onde afirma que, no ensino, existem muitos aspectos que podem ser mais bem explicados. Em seu livro O Processo de Educação (1960), aparece uma frase muito conhecida: "Qualquer assunto pode ser ensinado eficazmente, de alguma forma intelectualmente honesta, a qualquer criança em qualquer estádio do desenvolvimento", ou seja, ele acredita que o desafio da educação não está em conhecer o período do desenvolvimento no qual se encontra a criança e sim que, para aprender, é importante considerar a maneira como as informações são trabalhadas pelo professor. Um dos pontos-chave da teoria cognitiva de Bruner é sua concepção sobre a aprendizagem. Este autor assinala que a aprendizagem não é algo que ocorre ao indivíduo, mas ele a provoca, manejando e utilizando a informação, de forma que a conduta do sujeito não é algo proveniente de um estímulo ou reforçado por ele, mas uma atividade complexa que envolve, fundamentalmente, três processos: a aquisição da informação, a transformação da informação e a avaliação da informação. A teoria de Bruner enfatiza o papel de quem aprende, declarando que este constrói sua aprendizagem por meio do manejo e da utilização da informação. Isto indica que a informação não somente procede do exterior, mas também exige todo um esforço interno por parte da pessoa. Este esforço solicita do indivíduo que aprende a transformar o que conhecia anteriormente, codificando e categorizando a informação, ajustando-a aos esquemas existentes, constituindo-se como mediador interno entre o estímulo e a transformação da resposta que chega do meio, fazendo com que a informação inicial transcenda para convertê-la em algo diferente. A partir disto, o indivíduo terá de realizar uma avaliação para saber em que medida a informação é apropriada para a tarefa em www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 32 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado questão. Bruner estima que muitas das questões relacionadas com a aprendizagem e a estimulação da mente dependem da cultura. Para que a aprendizagem se desenvolva com sucesso, é conveniente que o meio se apresente como um desafio diante do aprendiz, provocando-o, para que este faça frente aos problemas e resolva-os, fazendo transferência de uma situação a outra. Portanto, as pessoas que possuem habilidades apropriadas podem utilizar os sistemas de amplificação, tais como: os amplificadores da ação, que são objetos que nos permitem fazer algo, como, por exemplo, as agulhas, as frigideiras, as colheres etc.; os amplificadores dos sentidos, relativos às maneiras de observar ou detectar as estimulações do ambiente; e os amplificadores dos processos mentais, que são as formas de pensamento que o indivíduo utiliza para aprender. Estes sistemas de amplificação podem e devem ser estimulados pelo professor ao transmitir os novos conhecimentos aos seus alunos, favorecendo a utilização de objetos do conhecimento, o desenvolvimento de novas habilidades, assim como estimular o autoconhecimento por parte daquele que aprende. Para exemplificar, pensemos no professor do Ensino Fundamental ao trabalhar com um tema específico. É interessante que ele incentive os alunos a buscarem em seu dia-a-dia elementos, objetos, situações correspondentes ao assunto, provocando os mesmos a inventar e responder às perguntas, desenhar o que imaginam, escrever o que sabem sobre o tema e trocar ideias com os colegas, realizar pesquisa, como também instigá-los a refletir e avaliar sobre as estratégias de aprendizagem que escolheram. Quando Bruner se refere à utilização de situações problemáticas para estimular a aprendizagem, sugere que os conteúdos de ensino devem ser enfocados pelo professor como um conjunto de problemas, relações e situações a resolver. Portanto, o ensino deve considerar que a resolução de problemas é algo natural da vida real e, desta forma, a informação deverá ter um caráter útil e aplicável a outras situações. Também é importante ter presente o objetivo do www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 33 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado processo de ensino e aprendizagem: o descobrimento. Este teórico cognitivista afirma que a aprendizagem mais significativa se desenvolve por meio de descobrimentos que transcorrem durante a exploração motivada pela curiosidade. Fala de uma curiosidade que estimula o despertar de hipóteses e de perguntas. A sala de aula passiva, monótona e sem a participação dos estudantes deve ser renovada ou substituída por métodos de ensino que favoreçam a aprendizagem por meio do descobrimento guiado. Estes métodos proporcionam aos estudantes oportunidade de manipular objetos e transformá-los por meio da ação direta e relativa à realidade, provocando atividades de busca, exploração, análise, processamento e avaliação. Bruner critica os modelos condutistas de aprendizagem quando salienta a importância de o aluno desenvolver a capacidade de reflexão consciente, de raciocínio orientado à redefinição e de remodelação e reorganização dos problemas em lugar de limitar a aprendizagem somente na memorização. Isto não significa que não devemos fazer uso dela, pelo contrário, devemos ampliar suas possibilidades tratando-a como uma atividade intelectual fundamental para a comunicação e a lembrança de fatos significativos. Outro aspecto da teoria de Bruner a ser destacado é com relação à aprendizagem baseada em uma teoria prescritiva. Esta aprendizagem consiste no estabelecimento de regras enfocadas em um melhor procedimento para adquirir conhecimentos ou técnicas de conhecimento. Estas regras ou padrões servirão ao aluno para criticar ou avaliar qualquer forma particular de ensinar ou aprender. Bruner dirá que a aprendizagem é uma teoria normativa, pelo fato de estabelecer critérios e condições. Em resumo, uma teoria de aprendizagem deve basear sua preocupação no "como" ensinar, no ensinar melhor, para que o aprendido alcance os níveis de qualidade mais elevados possíveis. A predisposição para aprender é outro dos temas abordados por este autor. Ao discutir as predisposições, é comum localizar os fatores culturais, motivacionais e pessoais que influem no desejo de aprender e de tentar www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 34 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado solucionar problemas, como é o caso da relação entre professor e aluno. A maneira como é estabelecida esta relação repercute na natureza da aprendizagem, no grau em que o estudante desenvolve uma habilidade independente. As relações entre aquele que ensina e aquele que aprende refletem sempre na qualidade da aprendizagem. Bruner destaca a questão da estrutura e da forma do conhecimento e salienta que as ideias, os problemas e os conjuntos de conhecimentos podem ser suficientemente simplificados para que qualquer estudante possa entendê-los,isto é, devem ser expostos de forma clara. A partir de tal afirmação, podemos pensar que a estrutura de qualquer domínio do conhecimento tem relação com a habilidade do aluno em aprender o assunto a ser estudado variando em função da idade, das estratégias e dos estilos de aprendizagem de cada estudante e em função dos diferentes conteúdos. O ensino, por meio dos professores, deveria preocupar-se com os distintos aspectos que fazem parte do processo de aprendizagem, incluindo desde a seleção do conteúdo a ser ministrado até os recursos utilizados na hora de ensinar, como exemplifica Bruner a seguir. Segundo o autor, o aluno apresenta três níveis de representação cognitiva do mundo, isto é, o estudante transforma a informação de acordo com três métodos ou sistemas de representação: o inativo, o icônico e o simbólico. A representação inativa do indivíduo se refere à representação do mundo por meio da ação. Por exemplo, se perguntamos a uma criança onde fica a padaria, provavelmente ela será capaz de levar-nos até o lugar, mas dificilmente poderá representar o caminho em um mapa ou dar-nos indicações orais. As imagens, as palavras e os símbolos não estão implicados em nenhum grau significativo. Na representação icônica, o sujeito já tem a imagem ou representação mental dos objetos, sem necessidade de manipulá-los diretamente. Esta imagem existe independentemente da ação. Por outro lado, também faz uso da www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 35 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado imaginação sem utilizar, ainda, a linguagem. O indivíduo já pode refletir sobre as propriedades dos objetos além do uso que possa dar a elas. Como exemplo destas representações, temos os sinais de trânsito figurativos (um garfo e uma faca indicando restaurante), a indicação de lugares masculinos e femininos (desenho de um homem e de uma mulher). A representação simbólica vai mais além da ação e da imaginação. O sujeito pode representar o mundo mediante símbolos, uma vez que é dotado de uma atitude para traduzir a experiência em linguagem e para receber as mensagens verbais dos adultos. O estudante é capaz de compreender e manipular conceitos puramente abstratos. Esta capacidade de compreensão e manipulação dos referidos conceitos é necessária para que ele possa beneficiar-se da instrução verbal compreendida nos aspectos mais formais do conhecimento das diferentes matérias. As bandeiras, a cruz para o Cristianismo, os sinais de trânsito não figurativos, as letras são exemplos de símbolos que fazem parte do nosso dia-a-dia. A pessoa madura pode utilizar adequadamente os três sistemas, uma vez que estes Sistemas são adquiridos cedo, em uma idade que vem determinada pelas oportunidades do meio e pela maturação. No entanto, segundo os estudos realizados por Portilho (1995), os professores não favorecem um ambiente em que se possa desenvolver o conhecimento que engloba os três níveis de representação cognitiva. Isto ocorre por desconhecimento ou por acomodação do professor. Em uma entrevista realizada com alunos, foi perguntado se tanto os professores como eles eram conscientes das dificuldades que apresentavam na hora de estudar. Apenas 1 % dos professores percebia as dificuldades nos seus alunos. Saliento que Bruner é um autor importante no estudo do processo de aprendizagem porque chama a nossa atenção para o papel significativo do professor, como aquele que deve não apenas apresentar a informação ao aluno mas também desafiá-lo a transformar os conteúdos em conhecimento. www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 36 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado DAVID AUSUBEL "Ausubel desenvolve uma teoria cognitiva, denominada Teoria da Aprendizagem Significativa", centrada no ensino na sala de aula, partindo da crítica à aplicação mecânica dos resultados obtidos nas tarefas não significativas e em laboratório. É necessário e oportuno destacar dois aspectos desta teoria: o primeiro se refere à integração dos novos conteúdos aos problemas expostos, e o segundo aspecto a considerar é sobre os tipos de aprendizagem propostos na situação socialmente determinada, como é o espaço da sala de aula, onde a linguagem é o sistema básico da comunicação e da transmissão dos conteúdos - "aprendizagem verbal significativa”. Ausubel considera que a aprendizagem se integra aos esquemas de conhecimento preexistentes no indivíduo de tal maneira que quanto maior for o grau de organização, clareza e estabilidade do novo conhecimento, mais dificilmente se poderão acomodar e impedir os pontos de referência, podendo transferir para situações novas de aprendizagem. Comparada à memorização mecânica, a aprendizagem significativa será retida por mais tempo, será mais bem integrada a outro conhecimento e estará disponível com mais facilidade para sua aplicação. Pelo fato de considerar a estrutura cognitiva como única a cada pessoa, todos os significados novos que se adquirem são também únicos em si mesmos (AUSUBEL, NOVAK. e HANESIAN, 1978). Por isso, a necessidade de os estudantes conhecerem como aprendem, o que utilizam ou podem utilizar na hora de aprender, conhecendo, enfim, seu próprio conhecimento. Ausubel propõe duas diferentes dimensões da aprendizagem, que, por sua vez, dão lugar a quatro classes fundamentais de aprendizagem. A primeira dimensão é a que diferencia a aprendizagem por recepção da aprendizagem por descoberta, e a segunda é a que distingue a aprendizagem mecânica da aprendizagem significativa. www.institutoipb.com.br | atendimento@institutoipb.com.br | +55 (31) 3411-3143 37 IPB - Instituto Pedagógico Brasileiro Fundamentos do Aprendizado • Aprendizagem receptiva - é a mais frequente no ensino, onde o aluno recebe o conteúdo que deve aprender em sua forma final e acabada, não necessita realizar nenhum esforço para descobrir, devendo somente compreender e assimilar os conceitos para poder reproduzi-los quando for solicitado; • Aprendizagem por descoberta - o aluno deve descobrir e reorganizar o material apresentado por si mesmo, antes de incorporá-lo à sua estrutura cognitiva prévia, até descobrir as relações, as leis ou os conceitos que posteriormente poderá assimilar; • Aprendizagem mecânica - é produzida quando a atividade de aprendizagem consta de associações puramente arbitrárias ou quando o sujeito age sem fundamentação lógica, regra ou norma; • Aprendizagem significativa - distingue-se das demais em duas características fundamentais: a primeira quando propõe que o conteúdo pode ser relacionado não arbitrariamente, isto é, quando a pessoa apresenta disposição para aprender significativamente e o material a aprender é potencialmente significativo, relacionado com a sua estrutura de conhecimento; e a segunda característica sugere que a aprendizagem significativa pode ser representacional - o aluno pode aprender significados de símbolos ou de palavras, conceitual - o aluno pode aprender conceitos e proposições - que é a aprendizagem de ideias. A diferença entre as duas dimensões reside em duas noções: a de fazer por fazer, relativa à primeira dimensão - aprendizagem por recepção -, e a que tem como base a reflexão diante da informação, que está ligada à
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