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Revoltas Regenciais 14 08 2015

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 Diretor do IIC 
 
 
CURSO CIDADE 
SCLN 113 - Bloco C - Salas 207 / 210 - Tel.: 3340-0433 / 4102-6781 / 3201-0432 / 9975-4464 (Vivo) / 8175-4509 (Tim) 
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– 2014 
 
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CURSO PREPARATÓRIO CIDADE 
 
Revoltas Regenciais 
 
 
 
 
Período Regencial 
 
O Período regencial brasileiro (1831-1840) foi o intervalo político entre os mandatos imperiais da 
Família Imperial Brasileira, pois quando o Imperador Pedro I abdicou de seu trono, o herdeiro D. 
Pedro II não tinha idade suficiente para assumir o cargo. Devido à natureza do período e das revoltas e 
problemas internos, o período regencial foi um dos momentos mais conturbados do Império Brasileiro. 
 
Cabanagem 
 
No auge de sua revolta, os cabanos proclamaram a república, em agosto de 1835, e declararam o Pará 
separado do império do Brasil. Chamou-se cabanagem a rebelião que, marcada por enorme violência, 
irrompeu na província do Grão-Pará (Pará e Amazonas atuais) logo após a abdicação de D. Pedro I e 
mobilizou as camadas mais pobres da população contra o poder central e as elites, sobretudo os 
portugueses. O primeiro levante ocorreu em 2 de junho de 1831, liderado pelo cônego João Batista 
Gonçalves Campos, conhecido como Benze-Cacetes. Após um período de trégua, ressurgiu com maior 
violência, poucos anos depois. Na fazenda do Acará, de propriedade de Félix Antônio Clemente 
Malcher, organizou-se uma revolução para destituir o então presidente Bernardo de Souza Lobo. 
Malcher assumiu o governo em janeiro de 1835 e nomeou comandante de armas o tenente Francisco 
Pedro Vinagre, mandando executar o presidente, juntamente com o comandante de armas, coronel 
Joaquim José da Silva Santiago, e o capitão-de-fragata Guilherme James Inglis. Em breve, porém, 
deposto pelos "vinagristas" insatisfeitos, Malcher foi morto e arrastado pelas ruas de Belém. Meses 
depois, Vinagre foi também derrubado por outro chefe cabano, Manuel Jorge Rodrigues. Pondo-se à 
frente dos revoltosos, Eduardo Francisco Nogueira, o Angelim, de 23 anos, conseguiu tomar o poder 
das mãos de Rodrigues. Este refugiou-se na ilha de Tatuoca, onde foi encontrá-lo, em março de 1836, 
o brigadeiro Soares de Andréia, depois barão de Caçapava, nomeado comandante de armas e 
presidente da província pela Regência. Iniciou-se então o bloqueio de Belém. Em fins de abril o bispo 
D. Romualdo de Souza Coelho interveio e negociou o armistício, com a condição de ser dada a anistia, 
voltando Angelim a sua fazenda do Canagipó, com o que não concordou Andréia. Só a 10 de maio 
Angelim deixou Belém, confiando o dinheiro do tesouro público ao bispo. A 17 do mesmo mês, 
Andréia ocupou Belém, mas a luta prosseguiu no interior, onde os legalistas enfrentaram guerrilhas 
mesmo depois da prisão de Vinagre e Angelim em outubro. Na comarca do rio Negro, atual estado do 
Amazonas, foi heróica a resistência do cabano Ambrósio Alves Baraorá. O último chefe cabano, 
Gonçalves Jorge Magalhães, rendeu-se em 25 de março de 1840. 
 
 
 
Balaiada 
 
Dentre os numerosos levantes populares ocorridos no Brasil durante o período imperial, oriundos da 
opressão econômica das classes dominantes, um dos mais importantes foi a Balaiada. 
Balaiada foi como ficou conhecida a rebelião popular que assolou as províncias do Maranhão, Ceará e 
Piauí de 1838 a 1841. A denominação provém da alcunha Balaio, dada a um de seus líderes, Manuel 
Francisco dos Anjos Ferreira, fabricante de cestos. A revolta eclodiu em sucessivos e ininterruptos 
motins, iniciados com o levante ocorrido em Vila do Manga do Iguará, no Maranhão, em 13 de 
dezembro de 1838, quando o vaqueiro Raimundo Gomes Vieira Jutaí, o Cara Preta, libertou os presos 
da cadeia. Sem objetivos políticos definidos no início, o levante transformou-se numa vingança 
coletiva contra fazendeiros e proprietários, quando ocorreu a adesão de Balaio ao movimento. A 
princípio, a revolta obteve o apoio da ala exaltada do Partido Liberal, por meio do jornal Bem-te-vi, 
editado em São Luís, cujo redator era Estêvão Rafael de Carvalho. Depois passou a prevalecer a 
opinião dos moderados, que condenaram os excessos da caudilhagem, as depredações e assassínios 
praticados pelos revoltosos. Entre os caudilhos, destacaram-se Ruivo, Mulungueta, Pedregulho, 
Milhomens, Gavião, Macambira, Coco e Tempestade e, especialmente, o preto Cosme Bento das 
Chagas, o "Dom Cosme tutor e imperador das liberdades bem-te-vis", que conseguira aliciar 
apreciável contingente de escravos fugidos. A adesão destes mostrou claramente o aspecto não apenas 
social e econômico, mas também racial da balaiada, já que reuniu pretos e mulatos, os chamados 
"bodes", que, aliados a índios e cafuzos, sem terra e sem direitos, uniram-se contra os portugueses e 
seus descendentes, que constituíam a classe dominante. Para dominar o levante, que se estendera ao 
Ceará e ao Piauí, o regente do império, Pedro de Araújo Lima, futuro marquês de Olinda, enviou ao 
Maranhão o coronel Luís Alves de Lima e Silva, nomeado presidente e comandante de armas em 7 de 
fevereiro de 1840. Após um ano de guerrilhas, anunciou-se a pacificação das províncias conflagradas, 
em 19 de janeiro de 1841, o que valeu ao comandante a promoção ao generalato e o título de barão de 
Caxias. 
 
Sabinada 
 
O médico Francisco Sabino foi o principal ideólogo da rebelião baiana que, em meados do século 
XIX, defendeu a autonomia provincial num regime republicano provisório. Sabinada foi um 
movimento revolucionário, liberal e federalista ocorrido na Bahia durante a regência, entre 1837 e 
1838. Propunha a proclamação "provisória" de um regime republicano até a maioridade do imperador -
- talvez como primeiro passo para a apresentação de reivindicações autonomistas -- e a fundação do 
Estado Livre Bahiense, inspirado na República de Piratini pretendida pela revolução farroupilha. Os 
rebeldes criticavam a transferência de rendas para o Sudeste e a supremacia local dos senhores de 
engenho e plantadores de tabaco. Em 7 de novembro de 1837, conseguida a adesão da tropa, ocuparam 
a cidade de Salvador e obrigaram o presidente da província, Francisco de Sousa Paraíso, a fugir para o 
Rio de Janeiro. A revolta ficou restrita à capital da Bahia. O governo legal instalou-se na cidade baiana 
de Cachoeira, com o apoio dos grandes proprietários. Os rebeldes, que não possuíam barcos para se 
movimentar sequer pelo recôncavo, viram-se separados de seus partidários em Itaparica e Feira de 
Santana, enquanto eram sitiados pelo brigadeiro João Crisóstomo Calado, que recebera reforços da 
corte, de Sergipe e de Pernambuco. Em três dias de combates, os legalistas perderam 600 homens, os 
sabinos 1.258, e outros 2.989 foram feitos prisioneiros. Salvador foi incendiada e Francisco Sabino 
HISTÓRIA 
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condenado à morte. Comutada a sentença, o líder rebelde foi exilado em Goiás, onde tentou novo 
levante que lhe valeu a punição de transferência para Mato Grosso, onde morreu. 
 
Guerra dos Farrapos 
 
Esfarrapados combatentes gaúchos deram o nome à mais longa revolução da história do Brasil e que 
representou, na época do império, séria ameaça à integridade territorial do país. A revolução 
Farroupilha, ou guerra dos Farrapos, se estendeu por dez anos, de 1835 a 1845, no Rio Grande do Sul. 
Opôs de um lado estancieiros liberais separatistas, conhecidos como chimangos, desejosos de criar um 
estado republicano, com o apoio das camadas populares; e de outro os adeptos da monarquia, 
chamados de caramurus. A revolução autonomista, chefiada por Bento Gonçalves da Silva e que tinha 
como principal mentor intelectual o jornalista Tito Lívio Zambeccari, carbonário italiano exilado, foi 
desencadeada em reação à pesada taxação imposta ao charque e aos couros e à suspensão do 
pagamento das dívidas do governo imperial. A revolta explodiu em setembro de 1835. Os 
revolucionários tomaram Porto Alegre e expulsaram as autoridades legais, conseguindo diversas 
vitórias. Em setembro de 1836 proclamaram um estado republicano - a chamada República de Piratini 
ou Farroupilha - que pretendia constituir uma federação com as províncias brasileiras que a ela 
aderissem. Na batalha do Fanfa, em outubro de 1836, os imperiais derrotaram os sediciosos e 
prenderam Bento Gonçalves e Zambeccari. A luta prosseguiu e os farroupilhas voltaram à ofensiva 
com triunfos em Rio Pardo e Caçapava, em março e abril de 1837. Bento Gonçalves conseguiu fugir a 
nado do forte do Mar, na Bahia, onde estava preso e reassumiu o comando da luta, que se estendeu a 
Santa Catarina. Lá, os revoltosos proclamaram, em 22 de julho de 1839, em Laguna, a República 
Juliana, de curta duração. Nessa época incorporara-se à revolução outro italiano, Giuseppe Garibaldi, 
futuro paladino da unificação de seu país e que ligou seu destino ao de uma brasileira, Anita Garibaldi, 
heroína da causa rebelde. As forças governamentais aumentaram a pressão a partir de 1840, mas só em 
1842, com a nomeação de Luís Alves de Lima e Silva, barão de Caxias, para presidente da província e 
comandante das tropas imperiais, é que foi selada a sorte dos rebeldes. Estes, reforçados pelo pacto 
firmado em Quaraí com o general-chefe do Exército uruguaio, José Fructuoso Rivera, ainda 
conseguiram vitórias importantes em 1843, mas acabaram neutralizados pelos êxitos de Caxias no ano 
seguinte. Em fevereiro de 1845, Bento Gonçalves se dispôs a negociar o armistício. Um conselho de 
guerra farroupilha aceitou as condições propostas pelo governo imperial. No dia 29 do mesmo mês foi 
assinada a ata de pacificação. Os chefes revolucionários conseguiram anistia, incorporação às forças 
do Exército, liberdade para os escravos que lutaram do lado rebelde e a concessão de patente de oficial 
para os líderes do movimento. 
 
A Revolta dos Malês 
 
Durante as primeiras décadas do século XIX várias rebeliões de escravos explodiram na província da 
Bahia. A mais importante delas foi a dos Malês, uma rebelião de caráter racial, contra a escravidão e a 
imposição da religião católica, que ocorreu em Salvador, em janeiro de 1835. Nessa época, a cidade de 
Salvador tinha cerca de metade de sua população composta por negros escravos ou libertos, das mais 
variadas culturas e procedências africanas, dentre as quais a islâmica, como os haussas e os nagôs. 
Foram eles que protagonizaram a rebelião, conhecida como dos "malê", pois este termo designava os 
negros muçulmanos, que sabiam ler e escrever o árabe. Sendo a maioria deles composta por "negros de 
ganho", tinham mais liberdade que os negros das fazendas, podendo circular por toda a cidade com 
certa facilidade, embora tratados com desprezo e violência. Alguns, economizando a pequena parte 
dos ganhos que seus donos lhes deixavam, conseguiam comprar a alforria. Em janeiro de 1835 um 
grupo de cerca de 1500 negros, liderados pelos muçulmanos Manuel Calafate, Aprígio, Pai Inácio, 
dentre outros, armou uma conspiração com o objetivo de libertar seus companheiros islâmicos e matar 
brancos e mulatos considerados traidores, marcada para estourar no dia 25 daquele mesmo mês. 
Arrecadaram dinheiro para comprar armas e redigiram planos em árabe, mas foram denunciados por 
uma negra ao juiz de paz. Conseguem, ainda, atacar o quartel que controlava a cidade mas, devido à 
inferioridade numérica e de armamentos, acabaram massacrados pelas tropas da Guarda Nacional, pela 
polícia e por civis armados que estavam apavorados ante a possibilidade do sucesso da rebelião negra. 
No confronto morreram sete integrantes das tropas oficiais e setenta do lado dos negros. Duzentos 
escravos foram levados aos tribunais. Suas condenações variaram entre a pena de morte, os trabalhos 
forçados, o degredo e os açoites, mas todos foram barbaramente torturados, alguns até a morte. Mais 
de quinhentos africanos foram expulsos do Brasil e levados de volta à África. Apesar de massacrada, a 
Revolta dos Malês serviu para demonstrar às autoridades e às elites o potencial de contestação e 
rebelião que envolvia a manutenção do regime escravocrata, ameaça que esteve sempre presente 
durante todo o Período Regencial e se estendeu pelo Governo pessoal de D. Pedro II.

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