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ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 3
 
 
 
PPLLAANNOO DDEE AAUULLAA AAPPOOSSTTIILLAADDOO 
Escola de Teologia do Espírito Santo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HHHHHHHHiiiiiiiissssssssttttttttóóóóóóóórrrrrrrriiiiiiiiaaaaaaaa ddddddddaaaaaaaa IIIIIIIIggggggggrrrrrrrreeeeeeeejjjjjjjjaaaaaaaa 
 
Da igreja primitiva à reformada 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 4
 
 
 
 
 
© Copyright 2004, Escola de Teologia do ES 
 
A Escola de Teologia do ES é amparada pelo disposto no parecer 
241/99 da CES – Câmara de Ensino Superior 
O ensino à distância é regulamentado pela lei 9.394/96 – Artº 80 e é 
considerado um dos mais avançados sistemas de ensino da atualidade 
 
■ 
 
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por 
 
ESCOLA DE TEOLOGIA DO ES 
Rua Cabo Ailson Simões, 560 - Centro – Vila Velha- ES 
Edifício Antônio Saliba – Salas 802/803 
CEP 29 100-325 
Telefax (27) 3062-0773 
www.esutes.com.br 
 
■ 
 
PROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM BREVES 
CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE. 
 
Todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Versão Almeida 
Corrigida e Fiel(ACF) 
©2008, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana. 
 
 
 
 
O presente material é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em questão. 
A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da 
apostila, segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo 
aborda, bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados. 
 
TEOLOGIA DO ES, Escola de - Título original: História da Igreja, Da igreja primitiva à 
reformada – Espírito Santo: ESUTES, 2004. 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 5
 
 
____________________________ 
 
SSSSSSSSUUUUUUUUMMMMMMMMÁÁÁÁÁÁÁÁRRRRRRRRIIIIIIIIOOOOOOOO 
____________________________ 
 
 
 
 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIII 
AAAAAAAA PPPPPPPPRRRRRRRRÉÉÉÉÉÉÉÉ--------EEEEEEEEXXXXXXXXIIIIIIIISSSSSSSSTTTTTTTTÊÊÊÊÊÊÊÊNNNNNNNNCCCCCCCCIIIIIIIIAAAAAAAA DDDDDDDDAAAAAAAA IIIIIIIIGGGGGGGGRRRRRRRREEEEEEEEJJJJJJJJAAAAAAAA 
A origem da Igreja................................................................................................................................................5 
A plenitude dos Tempos.......................................................................................................................................6 
Contribuições religiosas dos Judeus....................................................................................................................9 
A Igreja Apostólica..............................................................................................................................................10 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIII 
AAAAAAAASSSSSSSS EEEEEEEERRRRRRRRAAAAAAAASSSSSSSS DDDDDDDDAAAAAAAA IIIIIIIIGGGGGGGGRRRRRRRREEEEEEEEJJJJJJJJAAAAAAAA 
A era sombria.....................................................................................................................................................12 
As perseguições Imperiais.................................................................................................................................13 
A igreja Imperial.................................................................................................................................................15 
A igreja Medieval................................................................................................................................................17 
A igreja Reformada.............................................................................................................................................22 
A igreja Atual......................................................................................................................................................24 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII 
OOOOOOOO AAAAAAAAVVVVVVVVAAAAAAAANNNNNNNNÇÇÇÇÇÇÇÇOOOOOOOO DDDDDDDDOOOOOOOO CCCCCCCCRRRRRRRRIIIIIIIISSSSSSSSTTTTTTTTIIIIIIIIAAAAAAAANNNNNNNNIIIIIIIISSSSSSSSMMMMMMMMOOOOOOOO 
Primeiro aos Judeus..........................................................................................................................................28 
O ambiente de Paulo.........................................................................................................................................31 
Com os bispos e os diaconos............................................................................................................................31 
A vida da Igreja..................................................................................................................................................34 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIVVVVVVVV 
RRRRRRRREEEEEEEEAAAAAAAAVVVVVVVVIIIIIIIIVVVVVVVVAAAAAAAAMMMMMMMMEEEEEEEENNNNNNNNTTTTTTTTOOOOOOOO,,,,,,,, DDDDDDDDIIIIIIIIVVVVVVVVIIIIIIIISSSSSSSSÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO NNNNNNNNAAAAAAAA IIIIIIIIGGGGGGGGRRRRRRRREEEEEEEEJJJJJJJJAAAAAAAA EEEEEEEE RRRRRRRREEEEEEEEFFFFFFFFOOOOOOOORRRRRRRRMMMMMMMMAAAAAAAA 
Reavivamento no Ocidente...............................................................................................................................35 
Os precurssores da Reforma............................................................................................................................37 
As interpretações da Reforna............................................................................................................................41 
Outros motivos de perseguições......................................................................................................................43 
 
BBBBBBBBIIIIIIIIBBBBBBBBLLLLLLLLIIIIIIIIOOOOOOOOGGGGGGGGRRRRRRRRAAAAAAAAFFFFFFFFIIIIIIIIAAAAAAAA.................................................................................................................................................46 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 6
 
 
UUNNIIDDAADDEE II 
AA PPRRÉÉ--EEXXIISSTTÊÊNNCCIIAA DDAA IIGGRREEJJAA 
............................................................... 
 
“Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis 
diante dele em amor”. 
 
.............................................................. 
 
 
 
AA OORRIIGGEEMM DDAA IIGGRREEJJAA 
A igreja de Cristo sempre existiu na mente e coração do Pai, desde antes da fundação do universo. 
“I Pedro 1.20 O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do 
mundo, mas manifestado nestes últimostempos por amor de vós”. O plano de Salvação estava 
traçado por Deus desde o eterno passado. O sacrifício fora feito antes da fundação do universo, isto 
é, antes mesmo de ser efetuado no calvário, o cordeiro já era conhecido pelo Pai. Em uma ordem 
lógica, podemos admitir que : Deus fundou a Igreja, Jesus Cristo formou a Igreja e o Espírito Santo 
confirmou a Igreja. Assim, o projeto no coração de Deus, a formação pelo ministério de Cristo e a 
confirmação, no dia de Pentecostes, pelo poderoso derramamento do Espírito Santo. 
 
A Fundação da Igreja 
“Efésios 3.9 demonstra a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve 
oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo”. A Igreja que antes era um mistério " 
oculta em Deus " fora revelada em Cristo, tornando-se o " segredo de Deus " conhecido aos homens. 
A expressão " oculto em Deus " indica que a igreja esteve sempre na mente de Deus, e vindo a ser 
conhecida pelo ministério terreno de Jesus Cristo e o Espírito Santo. A Igreja de Deus, começou a 
formar e revelar-se no tempo, quando João Batista disse; “Eis o Cordeiro de Deus”. João 1.36. 
 
O Nascimento da Igreja 
A Igreja de Cristo iniciou sua história com um movimento de âmbito mundial, no dia de 
Pentecostes, cinqüenta dias após a ressurreição, e dez dias depois da ascensão do Senhor Jesus 
Cristo. 
 
Na manhã do dia de Pentecostes 
- 120 seguidores de Jesus oravam reunidos 
- Línguas de fogo desceram sobre eles 
- Falaram em outras línguas 
 
O tríplice efeito do Pentecostes 
- Iluminou a mente dos discípulos 
- Compreenderam que o Reino não era político 
- Deveriam estar totalmente na dependência do Espírito Santo 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 7
 
AA PPLLEENNIITTUUDDEE DDOOSS TTEEMMPPOOSS 
Em Gálatas 4.4, Paulo chama a atenção para a era histórica da preparação providencial que 
antecedeu a vinda de Cristo a terra em forma humana: "Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou 
seu Filho..." Marcos também indica que a vinda de Cristo aconteceu quando estava tudo já 
preparado na terra (Mc 1.15). O estudo dos eventos que antecederam o aparecimento de Cristo sobre 
esta terra faz com que o estudante equilibrado reconheça a verdade das afirmações de Paulo e 
Marcos. Na maioria das discussões sobre este assunto, esquece-se que não apenas os judeus, mas os 
gregos e os romanos também, contribuíram para a preparação religiosa para a aparição de Cristo. A 
contribuição grega e romana foi, na realidade, negativa, mas em muito contribuiu para levar o 
desenvolvimento histórico até o ponto em que Cristo pudesse exercer o impacto máximo sobre a 
história de uma forma até então impossível. 
 
Contribuições Políticas dos Romanos 
 A contribuição política anterior à vinda de Cristo foi basicamente obra dos romanos. Este povo, 
seguidor do caminho da idolatria, dos cultos de mistérios e do culto ao imperador, foi então usado 
por Deus, a quem ignoravam, para cumprir a sua vontade. Os romanos, como nenhum outro povo 
até então, desenvolveram um sentido da unidade da espécie sob uma lei universal. Este sentido da 
solidariedade do homem no Império criou um ambiente favorável à aceitação do Evangelho que 
proclamava a unidade de raça humana, baseada no fato de que todos os homens estavam sob a pena 
do pecado e no fato de que a todos era oferecida a salvação que os integra num organismo 
universal, a Igreja Cristã, o Corpo de Cristo. Nenhum império do antigo Oriento Próximo, nem 
mesmo o império de Alexandre, tinha conseguido dar aos homens um sentido de unidade numa 
organização política. A unidade política seria a contribuição particular de Roma. A aplicação da lei 
romana aos cidadãos de todo o Império era imposta diariamente a todos os cidadãos e súditos do 
Império pela justiça imparcial das cortes romanas. Esta lei romana se originava da lei 
consuetudinária da antiga monarquia. Durante a primeira república, no quinto século, antes de 
Cristo, esta lei foi codificada nas Doze Tábuas, que eram parte essencial na educação de toda criança 
romana. A compreensão de que os grandes princípios da lei romana eram também parte das leis de 
todas as nações sob o domínio dos romanos como praetor peregrinus, que era encarregado da tarefa 
de tratar com as cortes em que estrangeiros estivessem sendo julgados, tornou-se realidade para 
todos os sistemas jurídicos desses estrangeiros. Assim, o código das Doze Tábuas, baseado no 
costume romano, foi enriquecido pelas leis de outras nações. Os romanos de inclinação filosófica 
explicavam essas semelhanças pelo uso do conceito grego de uma lei universal cujos princípios 
foram escritos na natureza do homem e seriam descobertos por um processo racional. Um passo 
adicional no estabelecimento da idéia de unidade foi a garantia de cidadania romana aos não 
romanos. Este processo foi principiado no período anterior ao nascimento de Cristo e foi 
completado quando Caracala concedeu, em 212, a todos os homens livres do Império Romano a 
cidadania romana. 
 
O Império Romano reunia todo o mundo mediterrâneo que contava na história de então; desse 
modo para todos os propósitos práticos, todos os homens estavam debaixo de um sistema jurídico, 
como cidadãos de um só reino. A lei romana com sua ênfase sobre a dignidade do indivíduo, e no 
direito deste à justiça e a cidadania romana, além de sua tendência a agrupar homens de raças 
diferentes numa só organização política, antecipou um Evangelho que proclamava a unidade da 
raça ao anunciar a pena do pecado e o Salvador do pecado. Paulo lembrou aos da igreja de 
Filipenses que eles eram membros de uma comunidade celestial (Fp 3.20). A movimentação livre em 
torno do mundo mediterrâneo teria sido mais difícil para os mensageiros do Evangelho antes de 
César Augusto (27 a.C. - 14 d.C). A divisão do mundo antigo em grupos, cidades – estados ou tribos, 
pequenos e enciumados um do outro, impedia a circulação e a propagação de idéias. Com o 
aumento do poderio imperial romano no período da expansão imperial, uma era de 
desenvolvimento pacífico ocorreu nos países ao redor do Mediterrâneo. Pompeu tinha varrido os 
piratas do Mediterrâneo e os soldados romanos mantinham a paz nas estradas da Ásia, África e 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 8
Europa. Este mundo relativamente pacífico tornou mais fácil a movimentação dos primeiros cristãos 
nas cidades onde pregavam o Evangelho a todos os homens. Os romanos criaram um ótimo sistema 
de estradas que iam do marco áureo no fórum a todas as regiões do Império. As estradas principais 
eram de concreto e duraram séculos. Elas passavam por montes e vales até chegarem aos pontos 
mais distantes do Império; algumas delas são usadas até hoje. Um estudo das viagens de Paulo 
indica que ele se serviu muito deste ótimo sistema viário para atingir os centros estratégicos do 
Império Romano. As estradas romanas e as cidades estrategicamente localizadas às margens dessas 
estradas foram uma ajuda indispensável na concretização da missão de Paulo. 
 
O papel do exército romano .no desenvolvimento do ideal de uma organização universal é na 
propagação do Evangelho não pode ser ignorado. Os romanos adotavam a prática de usar 
habitantes das províncias no exército como forma de suprir a falta de cidadãos romanos atingidos 
pelas guerras e pelo conforto da vida. Os provincianos entravam em contato com a cultura romana e 
ajudavam a divulgar suas idéias através do mundo antigo. Em muitos casos, alguns destes homens 
converteram-se ao cristianismo e levaram o Evangelho às regiões para onde eram designados. É 
provável que a introdução do cristianismo na Bretanha seja um resultado dos esforços de soldados 
cristãos que acantonaram por lá. As conquistas romanas levaram muitos povos à falta de fé em seus 
deuses, uma vez que eles não foram capazes de protegê-los dos romanos. Tais povos foram 
deixados num vácuoespiritual que não estava sendo satisfeito pelas religiões de então. 
 
Além disso, os substitutos que Roma tinha a oferecer em lugar das religiões perdidas nada mais 
podiam fazer além de levar os povos a compreenderem sua necessidade de uma religião mais 
espiritual. O culto ao imperador romano, que surgiu cedo na Era Cristã, fazia um apelo ao povo 
somente como um meio de tornar tangível o conceito de Império romano. As várias religiões de 
mistério pareciam oferecer muito mais que isso como um meio de auxílio espiritual e emocional, e 
nelas o Cristianismo achou seu maior rival. A adoração de Cibele, a grande mãe terra, foi trazida da 
Frigia para Roma. A adoração desta deusa da fertilidade tinha ritos tais como o drama da morte e 
ressurreição do consorte de Cibele, Átis, o que parecia suprir as necessidades emocionais dos 
homens. O culto à Ísis, importado do Egito, era semelhante ao de Cibele, com sua ênfase sobre a 
morte e ressurreição. O Mitraísmo importado da Pérsia, teve aceitação especial entre os soldados 
romanos. Tinha um festival em dezembro, um Maligno, um Salvador nascido miraculosamente 
Mitra, um deus-salvador além de capelas e cultos de adoração. 
 
Contribuições Intelectuais dos Gregos 
Embora importante para a preparação para a vinda de Cristo, a contribuição romana foi ofuscada 
pelo ambiente intelectual criado pela mente grega. A cidade de Roma pode ser identificada com o 
ambiente político do cristianismo, mas foi Atenas que ajudou a criar um ambiente intelectual 
propício à propagação do Evangelho. Os romanos podem ter sido os conquistadores dos gregos, 
mas como indicou Horácio; (65 a.C - 8 d.C) em sua poesia, os gregos conquistaram os romanos 
culturalmente. A mente prática dos romanos pode ter construído boas estradas, pontes fortes e belos 
edifícios, mas a grega erigiu os grandiosos edifícios da mente. Foi graças à influência grega que a 
cultura basicamente rural da antiga República deu lugar à cultura intelectual do Império. O 
Evangelho universal precisava de uma língua universal para poder exercer um impacto real sobre o 
mundo. Os homens têm procurado desde a Torre de Babel criar uma língua universal para que 
possam comunicar suas idéias uns aos outros sem problemas. Assim como o inglês no mundo 
moderno e o latim no mundo medieval erudito, o grego tornou-se no mundo antigo, ao tempo em 
que o Império Romano apareceu, a língua universal. Os romanos mais ilustres sabiam grego e latim. 
O processo pelo qual o grego se tomou o vernáculo do mundo é interessante. O dialeto ático usado 
pelos atenienses começou a ser usado amplamente no quinto século antes de Cristo com a 
solidificação do Império Ateniense. Mesmo depois de o Império ser destruído ao final do quinto 
século, o dialeto de Atenas, que se originara da literatura grega clássica, tornou-se a língua que 
Alexandre, seus soldados e os comerciantes do mundo helenístico, entre 338 e 146 a.C., 
modificaram, enriqueceram e espalharam através do mundo mediterrâneo. Foi através deste dialeto 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 9
do homem comum, conhecido como koinê e diferente do grego clássico, que os cristãos foram 
capazes de se comunicar com os povos do mundo antigo, usando-o inclusive para escrever o seu 
Novo Testamento, o mesmo fazendo os judeus de Alexandria para escrever seu Velho Testamento, a 
Septuaginta . Só recentemente se soube que o grego do Novo Testamento era o grego do homem 
comum dos dias de Jesus Cristo, o que o diferencia do grego dos clássicos. Um teólogo alemão 
chegou mesmo a dizer que o grego do Novo Testamento era um grego especial criado pelo Espírito 
Santo para a produção do Novo Testamento. A filosofia grega preparou o caminho para a vinda do 
Cristianismo por ter levado à destruição as antigas religiões. 
 
Qualquer um que chegasse a conhecer seus princípios, fosse grego ou romano, logo perceberia que 
sua disciplina intelectual tornou a religião tão ininteligível que a acabava abandonando em favor da 
filosofia. A filosofia falhou, porém, na satisfação das necessidades espirituais do homem, que se via 
obrigado então a tornar-se um cético ou a procurar conforto nas religiões de mistério do Império 
Romano. Á época do advento de Cristo, a filosofia descera do ponto elevado que alcançara com 
Platão para um sistema de pensamento individualista egoísta, como é o caso do Estoicismo ou do 
Epicurismo. Na maioria dos casos, a filosofia apenas aspirava por Deus, fazendo dele uma 
abstração; jamais revelava um Deus pessoal de amor. Este fracasso da filosofia do tempo da vinda 
de Cristo tornou as mentes humanas prontas para entender uma apresentação mais espiritual da 
vida. Só o cristianismo pode preencher o vazio na vida espiritual de então. 
 
A outra forma pela qual os grandes filósofos gregos ajudaram o cristianismo está ligada ao fato de 
chamarem a atenção dos gregos para uma realidade que transcendia o mundo temporal e visível em 
que viviam. Tanto Sócrates quanto Platão ensinaram, cinco séculos antes de Cristo, que este presente 
mundo temporal dos sentidos é apenas uma sombra do mundo real em que os ideais supremos são 
ao mesmo tempo abstrações intelectuais, o bem, a beleza e a verdade. Insistiam que a realidade não 
era temporal e material, mas espiritual e eterna. Sua busca da verdade jamais lhes conduziram a um 
Deus pessoal, mas evidenciou que o melhor que o homem deve fazer é buscar a Deus através do 
intelecto. O cristianismo ofereceu a este povo que aceitava a filosofia de Sócrates e Platão, a 
revelação histórica do Bem, da Beleza e da Verdade na pessoa do Deus-homem, Cristo. Os gregos 
aceitavam a imortalidade da alma, mas não tinham lugar para a ressurreição do corpo. Os gregos, 
entretanto, viam o pecado como um problema mecânico e contratual; não o viam como um 
problema pessoal que afrontava a Deus e prejudicava os homens. 
 
A época da vinda de Cristo, os homens tinham compreendido finalmente a insuficiência da razão 
humana e do politeísmo. As filosofias individualistas de Epicuro (341-270 a.C.) O cristianismo, com 
sua oferta de um relacionamento pessoal, forneceu aquilo para o que a cultura grega, em função de 
sua própria inadequação, tinha produzido muitos corações famintos. O povo grego também 
contribuiu no campo da religião para preparar o mundo a aceitar a nova religião cristã quando ela 
surgisse. O advento da filosofia grega materialista no sexto século antes de Cristo destruiu a fé das 
pessoas no velho culto politeísta como descrito na Ilíada e na Odisséia de Homero. Embora os 
elementos deste culto se baseassem no culto mecânico oficial, logo perderiam a sua vitalidade. O 
povo voltou, então, à filosofia. Esta também, entretanto, perdeu o seu vigor. A filosofia tornou-se 
um sistema de individualismo pragmático, dirigido pelos sucessores dos sofistas ou um sistema de 
individualismo subjetivista. Desse modo, os sistemas gregos e romanos de filosofia e religião 
contribuíram negativamente para a vinda do cristianismo, ao destruírem as velhas religiões politeís-
tas e demonstrarem a incapacidade da razão para alcançar Deus. As religiões de mistério, para onde 
muitos foram, familiarizaram o povo a pensar em termos de pecado e redenção. Então, quando o 
cristianismo apareceu, as pessoas do Império Romano estavam bem receptivas a uma religião que 
parecia oferecer uma perspectiva espiritual para a vida. 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 10 
 
CCOONNTTRRIIBBUUIIÇÇÕÕEESS RREELLIIGGIIOOSSAASS DDOOSS JJUUDDEEUUSS 
As contribuições religiosas para a "plenitude do tempo" incluem tanto a dos gregos e romanos como 
a dos judeus. Todavia, por mais importantes que as contribuições de Atenas e Roma, como pano-de-
fundo histórico, tenham sido para o cristianismo, as contribuições dos judeus formam a Herança do 
Cristianismo. O cristianismo pode ter se desenvolvido no sistema político de Roma e pode ter 
encontradoo ambiente intelectual criado pela mente grega, mas seu relacionamento com o Judaísmo 
foi muito mais íntimo. Ao contrário dos gregos, os judeus não intentavam encontrar a Deus pelos 
processos da razão humana. Eles pressupunham Sua existência e lhe prestavam o culto que sentiam 
lhe dever. O povo judeu foi muito influenciado a estas atitudes pelo fato de que Deus o procurou e 
Se revelou a ele na história por Suas aparições a Abraão e a outros grandes líderes da raça. 
Jerusalém tornou-se o símbolo de uma preparação religiosa positiva para a vinda do cristianismo. A 
salvação viria, pois "dos judeus", como Cristo diria à mulher no poço (Jo 4.22). 
 
Monoteísmo 
O Judaísmo contrastava flagrantemente com a maioria das religiões pagãs, ao fundamentar-se num 
sólido monoteísmo espiritual. Nunca, depois da sua volta do cativeiro Babilônico, os judeus caíram 
em idolatria. A mensagem de Deus para eles através de Moisés ligava-os ao único Deus verdadeiro 
de toda a terra. Os deuses dos pagãos eram apenas ídolos que os profetas judeus condenavam em 
termos muito claros. Este sublime monoteísmo foi espalhado por numerosas sinagogas localizadas 
em volta da área mediterrânea durante os três últimos séculos anteriores à vinda de Cristo. 
 
Esperança Messiânica 
Os judeus ofereceram ao mundo a esperança de um Messias que estabeleceria a justiça na Terra. A 
esperança de um Messias tinha sido popularizada no mundo romano a partir desta firme 
proclamação pelos judeus. Até mesmo os discípulos depois da morte e ressurreição de Cristo ainda 
esperavam por um reino messiânico sobre a terra (At 1.6). Certamente, os homens instruídos que 
viveram em Jerusalém na época imediatamente anterior ao nascimento de Cristo tiveram contato 
com esta esperança. A expectativa de muitos cristãos hoje em torno da vinda de Cristo ajuda-nos a 
compreender a atmosfera da expectação no mundo judeu acerca da vinda do Messias. 
 
Sistema Ético 
Na parte moral da lei judaica, o judaísmo também ofereceu ao mundo o mais puro sistema ético de 
então. O elevado padrão proposto nos Dez Mandamento se chocava com os sistemas éticos 
prevalecentes e com as práticas por demais corruptas dos sistemas morais pelos quais se pautavam. 
Para os judeus, o pecado não era o fracasso externo, mecânico e contratual dos gregos e romanos, 
mas era uma violação da vontade de Deus, violação esta que se expressava num coração impuro e, 
mais ainda, em atos pecaminosos, externos e visíveis. Esta perspectiva moral e espiritual do Velho 
Testamento favoreceu uma doutrina de pecado e redenção que realmente resolvesse o problema do 
pecado. 
 
O Antigo Testamento 
O povo judeu, ademais, preparou o caminho para a vinda do cristianismo ao legar à Igreja em 
formação um livro sagrado, o Velho Testamento. Mesmo um estudo superficial do Novo 
Testamento revela a profunda dívida de Cristo e dos apóstolos para com o Velho Testamento e sua 
reverência por ele como a palavra de Deus para o homem. Muitos gentios também o leram e se 
familiarizaram com os fundamentos da fé judaica. Este fato é indicado pelos relatos de vários 
prosélitos judeus. Muitos desses prosélitos foram capazes de passar do judaísmo ao cristianismo por 
causa do Velho Testamento, o livro sagrado da nova Igreja. Muitas religiões, o Islamismo por 
exemplo, confiam em seu fundador por causa do seu Livro sagrado, mas Cristo não deixou textos 
sagrados para a Igreja. Os livros do Velho Testamento e os do Novo Testamento, produzidos sob a 
inspiração do Espírito Santo, seriam a literatura viva da Igreja. 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 11 
 
Filosofia da História 
Os judeus tornaram possível uma filosofia da história por insistirem que a história tem significado. 
Eles se opuseram a toda e qualquer visão que deixasse a história sem significado, como uma série de 
círculos ou como um processo de evolução linear. Eles sustentavam uma visão linear e cataclísmica 
da história, na qual o Deus soberano, que criou a história, iria triunfar sobre a falha do homem na 
história para trazer uma era dourada. 
 
 
A Sinagoga 
Os judeus também forneceram uma instituição da qual muitos cristãos esquecem a utilidade, no 
surgimento e desenvolvimento do cristianismo primitivo. Esta instituição era a sinagoga judia. 
Nascida da necessidade decorrente da ausência dos judeus do templo de Jerusalém durante o 
cativeiro babilônico, a sinagoga se tornou parte integrante da vida judaica. Através dela, os judeus e 
também muitos gentios se familiarizaram com uma forma superior de viver. Em nenhum outro 
lugar na história do mundo antes da vinda de Cristo houve uma região tão grande sob uma mesma 
lei e um mesmo governo. O mundo mediterrâneo tinha seu centro cultural em Roma. Uma língua 
comum tornou possível levar o Evangelho à maioria das pessoas do Império numa língua comum a 
elas e ao pregador. A Palestina, o berço da nova religião estava estrategicamente neste mundo. 
Paulo estava certo ao mostrar que o cristianismo "não se fez em qualquer canto", porque a Palestina 
era um importante cruzamento que ligava os continentes da Ásia e da África com a Europa por via 
terrestre. Negativamente, através da contribuição do mundo grego e romano, e positivamente, 
através do judaísmo, o mundo foi preparado para a "plenitude dos tempos" quando Deus enviou 
Seu Filho para levar a redenção a uma humanidade partida pelas guerras e fatigada pelo pecado. 
 
AA IIGGRREEJJAA AAPPOOSSTTÓÓLLIICCAA 
Desde a Ascensão de Cristo, 30 AD até o final do século ( 100 AD ). 
 
O Crescimento Da Igreja. ”Atos 5.14 E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como 
mulheres, crescia cada vez mais”. A arma usada pela igreja, através da qual a igreja crescia 
demasiadamente, era o testemunho de seus membros. Enquanto aumentava o número de membros 
aumenta o número de testemunhas, pois cada membro era um mensageiro de Cristo. 
Os motivos desse crescimento foi : 
- Perseveravam na doutrina dos apóstolos; 
- Perseveravam na comunhão e partir do pão; 
- Perseveravam na oração; 
- Possuíam temor; 
- Muitos sinais e maravilhas se faziam; 
- Muita alegria e sinceridade; 
A Igreja Pentecostal era uma igreja poderosa na fé e no testemunho, pura em seu caráter, e 
abundante no amor. Entretanto, o seu defeito era a falta de zelo missionário. Foi necessário o 
surgimento de severa perseguição, para que se decidisse a ir a outras regiões. 
 
A Expansão Da Igreja. “Atos 8.4 Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a 
palavra”. Na perseguição iniciada com a morte de Estevão, a igreja em Jerusalém dispersou-se por 
toda a terra. Alguns chegaram até Damasco e outros até a Antioquia. Por qual motivo sobreveio 
então as perseguições ? “Marcos 16.15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda 
criatura”. A partir desta perseguição, os cristãos fugiam, porém pregavam o evangelho e 
testemunhavam das maravilhas que Jesus operava. 
 
A Era Sombria. A última geração do primeiro século, a que vai do ano 60 ao 100 AD, chamamos de 
"Era Sombria", em razão de as trevas da perseguição estarem sobre a igreja, e a falha de muitas 
informações sobre este período. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 12 
 
Perseguição sob Nero - Nero chegou ao poder em 54, todos os que se opunham à sua vontade, ou 
morriam ou recebiam ordens de se suicidar. Assim estavam as coisas quando em 64 AD aconteceu o 
incêndio em Roma. Diz-se que foi Nero, quem ateou fogo à cidade, Contudo essa acusação ainda é 
discutível. Entretanto a opinião pública responsabilizou Nero por esse crime. Afim de escapar dessa 
responsabilidade, Nero apontou os cristãos como culpados do incêndio de Roma, e moveu contra 
eles tremenda perseguição. O fogo durou seis dias e sete noites e depois voltou a se acender em 
diversos lugares por mais três dias. 
- Milhares de cristãos foram torturados e mortos. 
- Muitos serviram de iluminaçãopara a cidade, amarrados em postes e ateado fogo. 
- Muito foram vestidos com peles de animais e jogados para os cães. 
- Nesta época morreram : 
- Pedro - Crucificado em 67 
- Paulo - Decapitado em 68 
- Tiago - Apedrejado depois de ser jogado do alto do templo 
Além de matá-los fê-los servir de diversão para o público. 
 
A Perseguição sob Domiciano - No ano 81 Domiciano sucedeu ao imperador Tito que invadira 
destruíra Jerusalém no ano 70. Com a destruição de Jerusalém Domiciano ordenou que todos os 
judeus deviam enviar à Roma as ofertas anuais, que eram enviadas a Jerusalém, estes, por sua vez 
não obedeceram, o que desencadeou a segunda perseguição, não somente aos judeus mas também 
aos cristãos. Durante esses dias milhares de cristão foram mortos, especialmente em Roma e em 
toda a Itália. Nesta época o apóstolo João, que vivia em Éfeso, foi preso e exilado na ilha de Patmos, 
foi quando recebeu a revelação do Apocalipse. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 13 
 
UUNNIIDDAADDEE IIII 
AASS EERRAASS DDAA IIGGRREEJJAA 
............................................................... 
 
“E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte 
dos sacerdotes obedecia à fé” 
 
.............................................................. 
 
 
 
AA EERRAA SSOOMMBBRRIIAA 
A última geração do primeiro século, a que vai do ano 60 ao 100 AD, chamamos de "Era 
Sombria", em razão de as trevas da perseguição estarem sobre a igreja, e a falha de muitas 
informações sobre este período. 
 
Perseguição sob Nero 
Nero chegou ao poder em 54, todos os que se opunham à sua vontade, ou morriam ou recebiam 
ordens de se suicidar. Assim estavam as coisas quando em 64 AD aconteceu o incêndio em Roma. 
Diz-se que foi Nero, quem ateou fogo à cidade, Contudo essa acusação ainda é discutível. Entretanto 
a opinião pública responsabilizou Nero por esse crime. Afim de escapar dessa responsabilidade, 
Nero apontou os cristãos como culpados do incêndio de Roma, e moveu contra eles tremenda 
perseguição. O fogo durou seis dias e sete noites e depois voltou a se acender em diversos lugares 
por mais três dias. 
- Milhares de cristãos foram torturados e mortos. 
- Muitos serviram de iluminação para a cidade, amarrados em postes e ateado fogo. 
- Muito foram vestidos com peles de animais e jogados para os cães. 
 
- Nesta época morreram : 
- Pedro - Crucificado em 67 
- Paulo - Decapitado em 68 
- Tiago - Apedrejado depois de ser jogado do alto do templo 
Além de matá-los fê-los servir de diversão para o público. 
 
A Perseguição sob Domiciano 
No ano 81 Domiciano sucedeu ao imperador Tito que invadira destruíra Jerusalém no ano 70. Com a 
destruição de Jerusalém Domiciano ordenou que todos os judeus deviam enviar à Roma as ofertas 
anuais, que eram enviadas a Jerusalém, estes, por sua vez não obedeceram, o que desencadeou a 
segunda perseguição, não somente aos judeus mas também aos cristãos. Durante esses dias milhares 
de cristão foram mortos, especialmente em Roma e em toda a Itália. Nesta época o apóstolo João, 
que vivia em Éfeso, foi preso e exilado na ilha de Patmos, foi quando recebeu a revelação do 
Apocalipse. 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 14 
 
AASS PPEERRSSEEGGUUIIÇÇÕÕEESS IIMMPPEERRIIAAIISS 
Este período vai da morte do Apóstolo João, ano 100 AD até o Edito de Constantino, ano 313 AD. O 
fato de maior destaque na História da Igreja neste período foi, sem dúvida, as perseguições 
realizadas pelos Imperadores Romanos. Estas perseguições duraram até o ano 313 AD, quando 
Constantino, o primeiro Imperador Romano, " cristão ", fez cessar todos os propósitos de destruir a 
Igreja. A de ressaltar que durante este período houve épocas em que as perseguições foram mais 
amenas. No início do segundo século, os cristãos já estavam radicados em todas as nações e em 
quase todas as nações, e alguns crêem que se estendia até a Espanha e Inglaterra. O número de 
membros da comunidade cristã subia a muitos milhões. A famosa carta de Plínio ( Governador da 
Bitínia - hoje Turquia ) ao Imperador Trajano, declara que os templos dos deuses estavam quase 
abandonados, enquanto os cristãos em toda parte formavam uma multidão, e pertenciam a todas 
classes , desde a dos nobres, a até a dos escravos. 
 
Os Motivos das perseguições 
O Paganismo em suas práticas aceitava as novas formas e objetos de adoração que iam surgindo, 
enquanto o Cristianismo rejeitava qualquer forma ou objeto de adoração. A adoração aos ídolos 
estava entrelaçada com todos os aspectos da vida. As imagens eram encontradas em todos os lares, e 
até em cerimônias cívicas, para serem adoradas. Os cristãos, é claro, não participavam dessas formas 
de adoração. Por essa razão o povo considera os cristãos como " Anti-social e ateus que não tinham 
deuses. A adoração ao Imperador era considerada como prova de lealdade. Havia estátuas dos 
imperadores reinantes nos lugares mais visíveis para o povo adorar. Os cristãos recusavam-se a 
prestar tal adoração. As reuniões secretas dos cristãos despertaram suspeitas. De praticarem atos 
imorais e criminosos, durante a celebração da Santa Ceia, eram vetada a entrada dos estranhos. O 
Cristianismo considerava todos os homens iguais. Não havia distinção entre seus membros, nem em 
suas reuniões, por isso foram considerados como " niveladores da sociedade ", portanto anarquistas, 
perturbadores da ordem social. 
 
Os Perseguidores 
- Imperador Trajano 98 a 117 AD - Estabeleceu a Lei, que sendo cristão acusado de qualquer coisa e 
não negar fé, será castigado, não tendo acusação estão livres. Mandava crucificar e lançar às feras. 
 
- Imperador Adriano 117 a 138 AD - Morreu em agonia, gritando, "Quão desgraçado é procurar a 
morte e não encontrar". 
 
- Imperador Marco Aurélio 161 a 180 AD - Mandava decapitar e lançar às feras. Apesar de possuir 
boas qualidades como homem e governante justo, contudo foi acérrimo perseguidor dos cristãos. 
Opunha-se, pois, aos cristãos por considerá-los inovadores. Milhares foram decapitados e 
devorados pelas feras na arena. Os Imperadores acima mencionados, foram considerados como os " 
bons imperadores ", nenhum cristão podia podia ser preso sem culpa definida e comprovada. 
Contudo, quando se comprovava acusações e os cristãos se recusavam a retratar-se, os governantes 
eram obrigados, a por em vigor a lei e ordenar a execução. 
 
- Imperador Severo 193 a 211 AD - Mandava decapitar e lançar às feras. Iníciou uma terrível 
perseguição que durou até à sua morte em 211 AD. Possuía uma natureza mórbida e melancólica; 
era muito rigoroso na execução da disciplina. Tão cruel fora o espírito do imperador, que foi 
considerado por muitos como o anticristo. 
 
- Imperador Décio 249 a 251 AD - Décio observava com inveja o poder crescente dos cristãos, e 
determinou reprimi-lo. Via as igrejas cheias enquanto os templos pagãos desertos. Por 
conseqüencia, mandou que os cristãos tinham que se apresentar ao Imperador para comunicar e 
religião. Quem renunciava recebia um certificado, que não renunciava era considerado criminoso e 
conduzidos às prisões e sujeitos às mais horrorosas torturas. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 15 
- Imperador Diocleciano 305 a 310 - A última, a mais sistemática e a mais terrível de todas as 
perseguições deu-se neste governo. Em uma série de editos determinou-se que: - Todos os 
exemplares da Bíblia fossem queimados. - Todos os templos construídos em todo o império durante 
meio século, fossem destruídos. - Todos os pertencentes as ordens clericais fossem presos. Ninguém 
seria solto sem negar o Cristianismo. Pena de morte para quem não adorasse aos deuses. Prendiam 
os cristãos dentro dos templos e depoisateva fogo. Consta que o imperador erigiu um monumento 
com esta inscrição " Em honra ao extermínio da superstição cristã ". 
 
Os Principais Mártires 
Inácio - Provável discípulo de João, bispo em Antioquia, foi condenado no ano 107 AD por não 
adorar a outros deuses. Foi morto como mártir, lançado para as feras no anfiteatro romano, no ano 
108 ou 110 enquanto o povo festejava. Ele estava disposto a ser martirizado, pois durante a viagem 
para Roma escreveu cartas às igrejas manifestando o desejo de não perder a honra de morrer por 
seu Senhor. 
Policarpo - Bispo em Esmirna, na Ásia Menor, morreu no ano 155. Ao ser levado perante o 
governador, e instado para abandonar a fé e negar o nome de Jesus, assim respondeu: " Oitenta e 
seis anos o servi, e somente bens recebi durante todo o tempo, Como poderia eu agora negar ao meu 
Salvador ? Policarpo foi queimado vivo. 
Justino Mártir - Era um dos homens mais competente de seu tempo, e um dos principais defensores 
da fé. Seus livros, que ainda existem, oferecem valiosas informações acerca da vida da igreja nos 
meados do segundo século. Seu martírio deu-se em Roma, no ano 166. 
 
Os Efeitos Produzidos pelas Perseguições 
As perseguições produziram uma igreja pura pois conservava afastados todos aqueles que não eram 
sinceros em sua confissão de fé. Ninguém se unia à igreja para obter lucros ou popularidade. 
Somente aqueles que estavam dispostos a ser fiéis até a morte, se tornavam publicamente 
seguidores de Cristo. A Igreja multiplicava-se. Apesar das perseguições ou talvez por causa delas, a 
igreja crescia com rapidez assombrosa. Ao findar-se o período de perseguição, a igreja era 
suficientemente numerosa para constituir a instituição mais poderosa do império. Apesar de 
considerarmos as perseguições o fato mais importante da História da Igreja, no segundo e terceiro 
séculos, contudo, fatos interessantes aconteceram neste período que devem ser observados. Vejamos 
 
O Cânon Bíblico 
Os escritos do Novo Testamento foram terminados, entretanto a formação do Novo Testamento com 
os livros que o compõem, como cânon, não foi imediata. Algumas Igreja aceitavam somente alguns 
livros como inspirados e outra igrejas livros diferentes. Gradualmente os livros do Novo 
Testamento, tal como usamos hoje, conquistaram a proeminência de escritura inspirada. 
 
O Crescimento e a Expansão da Igreja 
O crescimento e a expansão da Igreja foi a causa da organização e da disciplina. A perseguição 
aproximou as Igrejas e exerceu influência para que elas se unissem e se organizassem. O 
aparecimento da heresias impôs, também, a necessidade de se estabelecerem alguns artigos de fé, e, 
com eles, algumas autoridades para executá-las. Outra característica que distingue esse período é 
sem dúvida, o desenvolvimento da doutrina. Na era apostólica a fé era do coração, uma entrega 
pessoal a vontade de Cristo. Entretanto no período que agora focalizamos, a fé gradativamente 
passara a ser mental, era uma fé do intelecto, fé que acreditava em um sistema rigoroso e inflexível 
de doutrinas. O credo Apostólico, a mais antiga e mais simples declaração da crença cristã, foi 
escrito durante esse período. Nesta época surgiram três escolas teológicas. Uma em Alexandria, 
outra na Ásia Menor e outra na África. Os maiores vultos da historia do Cristianismo passaram por 
essas escolas: Orígenes, Tertulianao e Cipriano. 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 16 
Seitas e Heresias 
Juntamente com o desenvolvimento da doutrina teológica, desenvolviam-se também as seitas, ou 
como lhes chamavam, as heresias na igreja cristã. Os cristãos não só lutaram contra as perseguições , 
mas contra as heresias e doutrinas corrompidas. 
Os Gnósticos - Do grego "Gnósis = Sabedoria, Conhecimento" Acreditavam que Deus Supremo é 
espírito absoluto e causa de todo bem, enquanto a matéria é completamente má criada por um ser 
inferior que é Jeová. O propósito é então escapar deste corpo que aprisiona o espírito. Afim de 
chegar a libertação, é necessário que venha um mensageiro do reino espiritual. Cristo. Cristo 
portanto não era matéria, possuía somente a natureza divina. 
Os Ebionitas - Do hebraico que significa "Pobre" eram judeus-cristãos que insistiam na observância 
da lei e dos costumes judaicos. Rejeitavam as cartas escritas por Paulo. Eram considerados como 
apostatas pelo Judeus não convertidos. 
Os Maniqueus - De origem persa, foram chamados por esse nome, em razão de seu fundador Ter o 
nome de Mani. Acreditavam que o universo compõe-se do reino das trevas e da luz e ambos lutam 
pelo domínio do homem. Rejeitavam a Jesus, porém criam em um "Cristo celestial". 
 
AA IIGGRREEJJAA IIMMPPEERRIIAALL 
Desde o Edito de Constantino, 313 AD até à queda de Roma em 476 AD. No ano 305, quando 
Diocleciano abdicou o trono imperial, a religião cristã era terminantemente proibida, e aqueles que a 
professassem eram castigados com torturas e morte. Logo após a abdicação de Diocleciano, quatro 
aspirantes à coroa estavam em guerra. Os dois rivais mais poderosos eram Majêncio e Constantino. 
Constantino afirmou ter visto no céu uma cruz luminosa com os seguintes dizeres: "Por este sinal 
vencerás". Constantino ordenou que seus soldados empregassem para a batalha o símbolo que se 
conhece como " Labarum ", e que consistia na superposição de duas letras gregas, X e P. Em batalha 
travada sobre a ponte Mílvio, Constantino venceu o exercito de Majêncio e este morreu afogado 
caindo nas águas do rio. Após este vitoria Constantino fez aliança com Licínio e posteriormente com 
Maximino os outros dois pretendentes a coroa. Em 323 AD, Constantino alcançou o posto supremo 
de Imperador, e o Cristianismo foi então favorecido. Os templos das Igrejas foram restaurados e 
novamente abertos em toda parte. Em muitos lugares os templos pagãos foram dedicados ao culto 
cristão. Em todo o império os templos pagãos eram mantidos pelo Estado, mas, com, a conversão de 
Constantino, passaram a ser concedido às Igrejas e ao clero cristão. O Domingo foi proclamado 
como dia de descanso e adoração. Como se vê, do reconhecimento do Cristianismo como religião 
preferida surgiram alguns bons resultados, tanto para o povo como para a igreja: As perseguições 
acabaram; A crucificação foi abolida; Templos restaurados e muitos construídos; O infanticídio foi 
reprimido; As lutas de gladiadores foram proibidas. Apesar de os triunfos do Cristianismo haverem 
proporcionado boas coisas ao povo, contudo a sua aliança com o Estado, inevitavelmente devia 
trazer, como de fato trouxe, maus resultados para a igreja. As Igrejas eram mantidas pelo Estado e 
seus ministros privilegiados, não pagavam impostos, os julgamentos eram especiais. Iniciou-se as 
perseguições aos pagãos, ocorrendo assim muitas conversões falsas. Todos queriam ser membros 
da Igreja e quase todos eram aceitos. Homens mundanos, ambiciosos e sem escrúpulos, todos 
desejavam postos na Igreja, para, assim obterem influência social e política. Os cultos de adoração 
aumentaram em esplendor, é certo, porém eram menos espirituais e menos sinceros do que no 
passado. Aos poucos as festas pagãs tiveram seus lugares na Igreja, porém com outros nomes. A 
adoração a Venus e Diana foi substituída pela adoração a virgem Maria. As imagens dos mártires 
começaram a aparecer nos templos, como objeto de reverência. No ano 363 AD todos os 
governadores professaram o Cristianismo e antes de findar o quarto século o Cristianismo, foi 
virtualmente estabelecido como religião do Império. 
 
A Fundação de Constantinopla 
O Imperador Constantino compreendeu que a cidade de Roma estava intimamente ligada à 
adoração pagã, cheia de templos e estátuas pagãs. Ele desejava uma capital sob os auspícios da nova 
religião. Na nova capital, a igreja era honrada e considerada, não havia templos pagãos. Logo depois 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 17 
da fundaçãoda nova capital, deu-se a divisão do império. As fronteiras eram tão grande que um 
imperador sozinho não podia defender seu vastíssimo território. 
 
As Controvérsias 
A Primeira Controvérsia - Apareceu por causa da doutrina da Trindade. O Presbítero Ario de 
Alexandria defendia a tese de que Jesus era superior aos homens porém inferior ao Pai, não admitia 
a existência eterna de Cristo. Seu principal opositor foi Atanásio também de Alexandria afirma a 
unidade de cristo com o Pai e sua divindade. Constantino não teve êxito em resolver a questão por 
isso convocou o concílio de Nicéia em 325 AD onde a doutrina de Ário foi condenada. 
A Controvérsia de Apolinário - Apolinário era Bispo em Laodicéia quando declarou que a natureza 
divina tomou lugar da natureza humana de Cristo. Este Heresia foi condenada no Concílio de 
Constantinopla em 381 AD. 
A Controvérsia de Nestor - Nestor era sacerdote em Antioquia quando se opôs a aplicação do termo 
" Mãe de Deus ", a Maria, afirmou que as duas natureza de Cristo agiam em harmonia. No Concílio 
de Éfeso em 433 Nestor foi banido e suas obras foram queimadas e aprovado o termo "Mãe de 
Deus”. 
 
O Desenvolvimento do poder na Igreja Romana 
Roma reclamava para si autoridade apostólica. A Igreja de Roma era a única que declara poder 
mencionar o nome de dois apóstolo como fundadores, isto é, Pedro e Paulo. A organização da Igreja 
de Roma e bem assim seus dirigentes defendiam fortemente estas afirmações. Neste ponto há um 
contraste notável entre Roma e Constantinopla. Roma havia feito os imperadores, ao passo que os 
imperadores fizeram Constantinopla. Além disso Roma apresentava um Cristianismo prático. 
Nenhuma outra igreja a sobrepujava no cuidado para com os pobres, não somente com os seus 
membros , mas também entre os pagãos. Foi assim que em todo o ocidente o bispo de Roma, 
começou a ser considerado como autoridade principal de toda a igreja. Foi dessa forma que o 
Concílio Calcedônia, na Ásia Menor, no ano 451 AD, Roma ocupou o primeiro lugar e 
Constantinopla o segundo lugar. 
 
O Cristianismo Vivo 
O Cristianismo dessa época decadente ainda era vivo e ativo. Devemos mencionar aqui alguns 
bispos e dirigentes da igreja nesse período que contribuíram para manter vivo o Cristianismo. 
Atanásio ( 296 - 373 ) - Foi ativo defensor da fé no início do período. Ja vimos como ele se levantou e 
se destacou na controvérsia de Ário; foi escolhido bispo de Alexandria. Cinco vezes exilado por 
causa da fé, mas lutou fielmente até o fim. 
Ambrósio ( 340 - 397 ) - Foi eleito bispo enquanto ainda era leigo e nem mesmo batizado. 
Converteu-se posteriormente, repreendeu o próprio imperador (Teodósio) por causa de um ato 
cruel e mais tarde o próprio imperador o tratou com alta distinção. Foi autor de vários livros. 
João Crisóstomo ( 345 - 407 ) - " Boca de ouro " em razão de sua eloqüência inigualável, foi o maior 
pregador desse período. Chegou a ser bispo em Constantinopla. Entretanto, sua fidelidade, zelo 
reformador e coragem, não agradava à corte. Foi exilado e morreu no exílio. 
Jerônimo ( 340 - 420 ) - Foi o mais erudito de todos. Estudou literatura e oratória em Roma. De seus 
numerosos escritos, o que teve maior influência foi a tradução da Bíblia para o latim, obra que ficou 
conhecida como Vulgata Latina, isto é, a Bíblia em linguagem comum, até hoje usada pela Igreja 
católica Romana. 
Agostinho ( 354 - 430 ) - O nome mais ilustre desse período, bispo em Hipona na África. Escritor de 
vários livros sobre o Cristianismo e sobre a própria vida. Porém a fama e a influência de Agostinho 
estão nos seus escritos sobre a teologia cristã, da qual ele foi o maior expositor, desde o tempo de 
Paulo. 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 18 
AA IIGGRREEJJAA MMEEDDIIEEVVAALL 
Este período vai desde a queda de Roma em 476 AD até a queda de Constantinopla, 1453 AD. 
 
Progresso Papal – O termo "papa", significa simplesmente "papai", sendo, portanto, um termo de 
carinho e respeito, este termo era usado para qualquer bispo, sem importar se ele era de Roma. 
Como Roma era, pelo menos de nome, a capital do Império, a igreja e o bispo desta cidade logo se 
viram em posição de destaque. Quando os bárbaros invadiram o Império, a igreja de Roma começou 
a seguir um rumo bem diferente Constantinopla. No Ocidente, o Império desapareceu, e a igreja 
veio a ser a guardiã do que restava da velha civilização. Por isto, o papa, chegou a Ter grande 
prestígio e autoridade. Porém, enquanto que no Oriente duvidava-se de sua autoridade, em Roma e 
vizinhanças esta autoridade se estendia até além dos assuntos religiosos. Tudo isto nops mostra que 
em uma época em que a Europa estava em caos, o papado preencheu o vazio, proporcionando certa 
estabilidade. O período de crescimento do poder papal começou com o pontificado de Gregório I, o 
Grande, e teve o apogeu no tempo de Gregório VII, mais conhecido por Hildebrando. Hildebrando 
reformou o clero que se havia corrompido, elevou as normas de moralidade de todo o clero, exigiu 
celibato dos sacerdotes, libertou a igreja da influência do estado, podo fim à nomeação de papas 
pelos reis e imperadores. Hildebrando impôs a supremacia da igreja sobre o Estado. 
 
Origem E Desenvolvimento Do Papado - A autoridade monárquica do papa, é fruto de um longo 
processo. De um bispo igual aos outros, o de Roma passa a ser o primeiro entre os demais e 
finalmente cabeça incontestável da Igreja. Vários papas de grande envergadura, dos quais devemos 
citar: Inocêncio (402-417); Celestino (422-432); Leão I (440-461); e Gregório I (590-604). 
 
Até Constantino - Os antigos autores católicos tenham insistido que a Igreja de Roma foi fundada 
por Pedro e que tenha tido uma linha de papas, vigários de Cristo, desde então. Oscar Cullmann, 
teólogo protestante, examina detalhadamente a questão de Pedro ter estado em Roma. Conclui que 
estava lá e lá foi martirizado. Nega entretanto que tenha fundado a Igreja ou passado seus direitos 
aos bispos subsequentes. A lista dos primeiros bispos consta destes nomes: Lino, Cleto ou Anacleto, 
Clemente (91-100), Evaristo, Alexandre(109-119), Sixto I (119-127), Telesforo (127-138), Higino (139-
142), Pio I (142-157), Aniceto (157-168), Soter (168-177), Eleutero (177-193). Estas datas são 
aproximadas e temos poucas informações do seu pontificado. 
 
Vitor (193--202) - Parece ser o primeiro a procurar estabelecer a autoridade papal além das fronteira 
de sua igreja. Cipriano. Bispo em Cartago durante o pontificado de Cornêlio e Estevão, contribuiu 
bastante para fortalecer a autoridade do bispo de Roma. Defendeu as reivindicações petrinas 
(Mt:16:18) sem entretanto colocar o papa sobre os demais bispos. 
 
Estevão (253-257) - Procurou forçar as demais igrejas a seguir o costume romano quanto ao cálculo 
da data da páscoa. Um outro elemento que contribuiu para fortalecer a posição de Roma neste 
período foi a crescente prática das igrejas rurais ou de pequenas cidades serem relacionadas a 
alguma igreja em cidade grande ou incorporadas num sistema diocesano. Esta prática começou no II 
século como resultado do sistema missionário das igrejas mães. 
 
De Constantino a Gregório Magno - A oficialização da Igreja trouxe em seu bojo rápido 
desenvolvimento hierárquico. Constantino se considerava bispo e até bispo dos bispos em coisas 
formais e até doutrinárias. Sem sua permissão não se pode reunir um sínodo. Roma surge como 
árbitro entre as igrejas. No conflito entre os arianos e Atanásio, este contribuiu para fortalecer Júlio 
por ter recorrido ao bispo de Roma, pedindo que convocasse um concílio. Esta e outras questões 
entre as igrejas do leste e da África foram exploradas pelos papas para fortalecer suas próprias 
posições. Assim questões religiosas seriam resolvidas pelo "sumo-pontífice"de religião e não pelos 
magistrados civis. 
ESUTES – Escola de Teologia do EspíritoSanto 19 
Siricius (354-398) - Conseguiu que um concílio realizado em Roma decretasse que nenhum bispo 
deve ser consagrado sem o conhecimento e consentimento do bispo de Roma. Mesmo que seja um 
decreto falso, é muito antigo e exerceu grande influência. 
 
Inocêncio I (402-417) - Demonstrou grande ousadia em explorar as reivindicações de Roma, 
exigindo submissão universal a sua autoridade. Insistia que era a obrigação de todas as igrejas 
ocidentais se conformarem aos costumes de Roma. 
 
Celestino (422-432) - Durante o exercício do seu papado foi resolvido a mui agitada questão do 
direito de apelar a Roma decisões nas províncias. Celestino manipulou as questões de uma maneira 
que sempre saía ganhando o prestígio de Roma, até o ponto de dispensar os cânones de um concílio 
geral. 
 
Leão I (440)-461) - Homem humilde, insistia que era sucessor de Pedro e que não se pode infringir a 
autoridade deste. Conseguiu do jovem e fraco imperador Valentino III um edito em que este 
reconhece a primazia da sé de Pedro e insiste que ninguém pode agir sem a permissão desta sé. 
 
Gregório I (589-604) - Possivelmente o maior papa deste período. filho de um senador, adotou o 
costume monástico. Pretendia ser missionário aos ingleses quando foi consagrado papa aos 49 anos 
de idade. Reclamou que Máximo foi eleito patriarca de Constantinopla no lugar de seu candidato e 
suspendeu todos os bispos que o consagraram sob pena de anátema de Deus e do apóstolo Pedro. 
Repreendeu o patriarca de Constantinopla por ter assumido o título de bispo ecumênico. 
 
A Coroação De Carlos Magno - Abriu a história política e eclesiástica da Europa um novo período, 
no qual os dois poderes o civil e o papal aparecem intimamente ligados, em busca de ideal comum 
de poderio e domínio. 
 
Leão III (795-816) - O período começa com Leão III assentado na cadeira pontificial. Foi ele quem 
colocou Carlos Magno como imperador no ano 800. 
 
Estevão IV (816-817) - Este papa coroou o Rei Luiz o Pio, em Roma ato que elevou ainda mais a 
posiçao do papa. 
 
Gregório IV (827-844) - Foi nos dias desse papa que apareceram falsos documentos a favor da 
prerrogativa papal. Gregório defendeu Roma contra os sarracenos. 
 
Nicolau I (858-867) - Ascendeu a cadeira papal num momento de agitaçao e desordens, 
aproveitando-se dos documentos falsos a favor da absoluta soberania e irresponsabilidade do 
papado, procurou firmar os direitos de supremacia do papa e de sua juridiçao suprema. 
 
Adrião II (867-872) - Trabalhou principalmente à sombra a influencia atingida pelo seu antecessor. 
 
João VIII (872-882) - O maior problema durante o papado de Joao VIII foi a ameaça sarracena, 
forçando-o a pedir ao novo imperador Carlos a sua proteçao, mas Carlos e o papa aceitou o tratado 
humilhante com os sarracenos. O período de 882 a 903 caracteriza-se pela torpe degradação do 
poder papal. O poder papal enfraqueceu-se notadamente. As eleições pontificiais feitas nesse 
período são memoráveis pela torpeza que as acompanhou. O papa Formoso subiu ao poder em 891 
e, dois anos depois de sanguinolento pontificado, morreu, provavelmente envenenado. Estevao VI, 
foi aprisionado e morto. E depois foi eleito o Papa Marino, cujo pontificado durou apenas meses. 
João X, feito papa, procurou abrogar os atos de Estevão, e de fato abrogou muitos deles. Leão V, 
depois de um breve pontificado, foi morto por seu próprio capelão seu sucessor, Mas ao assassino 
coube o mesmo fim trágico, decorrido apenas oito meses. No período de 903 a 963 Com Sergio III, 
começa a influência perniciosa de uma aventureira de alta linhagem sobre o governo papal. De 936 a 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 20 
956 o papado esteve sob inf1uência de Alberico que nomeou quatro papas. Um filho do mesmo, sob 
o nome de João XIII, assumiu o ofício papal sendo o seu pontificado havido como um dos mais 
imorais e licenciosos. Este papa morreu assassinado, Otão, O Grande, fez sentir a sua interferência 
no papado em 983, com a convocação de um sínodo para depor o imoral João XIII e substituí-lo por 
Leão VIII. Duante este período, até 1073, foram nomeados vário papas e os imperadores ficaram no 
direito de nomear e controlá-los para evitar a dissolução completa do clero. Hildebrando (1073). Foi 
inquestionavelmente o maior estadista eclesiástico da Idade Media. Seu objetivo foi tornar um fato o 
domínio universal e absoluto do papado, e sua política subordinou-se completamente a este 
propósito. Este papa tomou o nome de Gregório VII. 
 
Concílio De Roma Em 1059 
A nomeação do papa pelos bispos cardeais sancionada pelo clero cardeal e depois aprovada pelo 
clero inferior e os leigos. Nenhum oficial da igreja, sob pretesto algum, pode aceitar benefício algum 
de qualquer leigo ou ser chamado a contar ou dar conta a jurisdição. Nenhum cristão pode, assistir a 
missa rezada por padre de quem se sabia ter concumbina, apesar da renhida oposição, Hildebrando 
executou a risco esses decretos. No entanto a vitoria de Hildebrando, nunca foi completa e 
permanente. Inocêncio III (1198-1216), aproveitou as prerrogativas papais fimando umas e 
alargando outras. Foi durante seu papado que o poder papal, que evoluia gradativamente através 
dos séculos chegou ao auge. Ele foi o maior papa do século. 
 
Declinio Do Poder Papal 
Do século treze em diante começa o suave declínio do poder papal para o que concorreram fatos e 
circunstâncias históricas diferentes. Com o século XIII desapareceu completamente o gosto pelas 
cruzadas. A corrupção constante na corte de Roma, o favoritismo e o mercantilismo que presidiam 
as decisões do Papa e da Curia, igualmente estimulava a dissidência. Á imoralidade dominava o 
clero. A cadeira papal era objeto de ambição mais desenfreada. A influência adquirida pelos 
franceses na Itália e Sicília após queda dos imperadores germânicos foi sobremodo prejudicial ao 
papado. Bonifácio VII (1294-l303), subiu a cadeira pontífica no meio destas condiçoes tão favoráveis 
ao papado, mas sem se adaptar a elas conservou aquele espírito de arrogância e mandonismo, muito 
característico de seus antecessores. Em 1305, foi eleito um francês, Clemente V, como papa. Este não 
foi a Roma, mas estabeleceu sua corte Papal em Avignon e tornou se subservinte de Felipe rei da 
frança. Aqui, ele e seus sucessores todos franceses serviram durante setenta anos. Tão notório se 
tornaram as condições que os historiadores católicos estigmatizaram o período de cativeiro 
babilônico do papado. Em virtude da presença da corte papal de Roma em Avignon, na França, a 
Europa conseguiu muitas inimizades. O catolicismo dividiu-se, ficando uma parte com a França e 
outra com a Itália. Aparecem então dois papas um lançando maldições sobre o outro e cada qual 
julgando-se legítmo chefe da cristandade. Em1408, houve uma conferência em Livorno, entre 
representantes dos dois papas e um ano depois reunia-se um concílio geral em Pisa. Discutida 
largamente a questão, ambos os papas foram declarados heréticos e excomungados. O concílio 
elegeu então a Papa, o cardeal de Milão que tomou o nome de Alexandre V. A questão não ficou 
resolvida, pois, três papas levantarar-se disputando a cadeira pontificia, cada um formando em 
torno de si um considerado número de admiradores. O pontificado de Nicolau V (l448-1455) foi 
notável, tendo sido construído nesse tempo o Vaticano e a Basílica de São Pedro, considerados como 
duas magnificas obras de arte. Talves nesta época tenha-se resolvido o problema dos três papas. 
Inocêncio VIII (l484-l492). para melhorar a fortuna de seus filhos ilegítimos, pelejou contra Napoles e 
recebia tributo anual de Sultão, por manter seu irmão e rival na prisão em vez de envia-lo como 
cabeça de um exercito contra os inimigos da cristandade. Isto se deu numa epoca de ignorância, 
senão no período do renascimento literário e quando a Europa tinha entrado numa era de invenções 
e descobrimentosdestinados a transformar a civilizaçao. O estado de desmoralização em que a 
Igreja Romana se achava na vespera da reforma era um fato geralmente reconhecido. 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 21 
As Cruzadas 
Um grande movimento da Idade Média, sob a inspiração e mandado da igreja, foram as Cruzadas, 
que se iniciaram no fim do século onze. A primeira cruzada foi anunciada pelo papa Urbano II, era 
composta de 275000 dos melhores guerreiros, para combater os Sarracenos que tinham invadido 
Jerusalém. Após grande batalha Jerusalém foi reconquistada. A Segunda Cruzada foi convocada em 
virtude das invasões dos Sarracenos às províncias adjacentes ao reino de Jerusalém. Sob a influência 
de Luiz VII da França e Conrado III da Alemanha, um grande exército foi conduzido em socorro dos 
lugares reconhecido como santos. Enfrentara grandes dificuldades, mas obtiveram vitória. A terceira 
Cruzada foi dirigida por Ricardo I " Coração de Leão", da Inglaterra e outros como; Frederico 
Barbarroxa, Filipe Augusto. Barbarroxa morrerá afogado e Filipe desentendeu-se com Ricardo I e 
voltou para França. A coragem de Ricardo I, sozinho, não foi suficiente para conduzir seu exército 
para Jerusalém. Contudo fez um acordo para que os cristãos tivessem direito a visitar o santo 
sepulcro. A Quarta Cruzada foi um completo fracasso, porque causou grande prejuízo a igreja 
cristã. Os cruzados, se afastaram do propósito de conquistar a Terra Santa e fizeram guerra a 
Constantinopla, conquistaram-na e saquearam-na. Constantinopla ficou, posteriomente, a mercê dos 
inimigos. Na Quinta Cruzada, Frederico II, conduziu um exército até a Palestina e conseguiu um 
tratado no qual as cidades de Jerusalém, Haifa, Belém e Nazaré, eram cedidas aos cristãos. Porém 16 
anos depois a cidade de Jerusalém foi tomada pelos maometanos. A Sexta Cruzada foi empreendida 
por São Luiz. Invadiu a Palestina através do egito, mas não obteve êxito, foi derrotado pelos 
maometanos e libertado por uma grande soma . A sétima Cruzada teve também a direção de São 
Luiz juntamente com Eduardo I. A rota escolhida foi novamente a África, porém São Luiz morreu e 
Eduardo I voltou para ocupar o trono na Inglaterra e a cruzada teve um fracasso total. Esta foi 
considerada a última Cruzada, porém houve outras de menor vulto. 
 
O Desenvolvimento da vida Monástica 
Este movimento desenvolveu-se grandemente na Idade Média entre homens e mulheres, com 
resultados bons e maus. Com o crescimento dessas comunidades, tornava-se necessária alguma 
forma de organização, de modo que nesse período surgiram quatro grandes ordens. 
 
A Ordem dos Beneditinos - Fundada por por São Bento em 529, em Monte Cassino. Essa ordem 
tornou-se a maior de todas as ordens monásticas da Europa. Suas regras exigiam obediência ao 
superior do mosteiro, a renúncia a todos os bens materiais, e bem assim a castidade pessoal. 
Cortava bosques, secava e saneava pântanos, lavrava os campos e ensinava ao povo muitos ofícios 
úteis. 
 
A Ordem dos Cistercienses - Surgiram em 1098, com objetivo de fortalecer a disciplina dos 
Beneditinos, que se relaxava. Seu nome deve-se a cidade francesa de Citeaux, fundada por São 
roberto. Deu ênfase às arte, arquitetura e especialmente à literatura, copiando e escrevendo livros. 
 
A Ordem dos Franciscanos fundada em 1209 por São Francisco de Assis. Tornou-se a mais 
numerosa de todas as ordens. Por causa da cor que usavam, tornaram-se conhecido como os "frades 
cinzentos". 
 
A Ordem dos Dominicanos - Ordem esponhola fundada por São Domingos, em 1215. Os 
Dominicanos e os Franciscanos diferenciavam-se das outras ordens, pois eram pregadores, iam por 
toda parte a fortalecer a fé dos crentes. 
 
No início, cada ordem monástica era um benefício para a sociedade. Vamos ver alguns bons 
resultados. Os mosteiros davam hospedagem aos viajantes, aos enfermos e aos pobres. Serviam de 
abrigo e proteção aos indefesos, principalmente às mulheres e crianças. Guardavam em suas 
bibliotecas muitas obras antigas da literatura clássica e cristã. Sem as obras escritas nos mosteiros, a 
Idade média teria passado em branco. Os monges serviram como missionários na expansão do 
evangelho, até mesmo entre os bárbaros. Apesar dos bons resultados que emanaram do sistema 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 22 
monástico, também houve péssimos resultados. O monacato apresentava o celibato como a vida 
mais elevada, o que é inatural e contrário às Escrituras. Impôs a adoção da vida monástica a 
milhares de pessoas das classes nobres da época. Os lares e as famílias foram, assim, constituídos 
não pelos melhores, mas pelos de ideais inferiores, já que os melhores, não participavam da família, 
nem da vida social, nem da vida cívica nacional. O crescimento da riqueza dos mosteiros levou a 
indisciplina, ao luxo, à ociosidade e até a imoralidade. No início do século dezesseis, os mosteiros 
estavam tão desmoralizados no conceito do povo, que foram suprimidos, e os que neles habitavam 
foram obrigados a trabalhar para se manterem. 
 
Início da Reforma Religiosa 
Cinco grandes movimentos de reformas surgiram na igreja; contudo, o mundo não estava 
preparado para recebê-los, de modo que foram reprimidos com sangrentas perseguições. 
Os Albigenses - "Puritanos" surgiram em 1170 no sul da França. Eles rejeitavam a autoridade da 
tradição, distribuíam o Novo Testamento e opunham-se às doutrinas romanas do purgatório, à 
adoração de imagens e às pretensões sacerdotais. O papa Inocêncio III, promoveu uma grande 
perseguição contra eles, e a seita foi dissolvida com o assassinato de quase toda a população da 
região. 
Os Valdenses - Apareceram ao mesmo tempo, em 1170, com Pedro Valdo, que lia, explicava e 
distribuía as Escrituras, as quais contrariavam os costumes e as doutrinas dos católicos romanos. 
Foram cruelmente perseguidos e expulsos da França; apesar das perseguições, eles permaneceram 
firmes, e atualmente constituem uma parte do pequeno grupo de protestante na Itália. 
João Wyclif - Nascido em 1324, Recusava-se a reconhecer a autoridade do papa e opunha-se a ela. 
Era contra a doutrina da transubstanciação, considerando o pão e o vinho meros símbolos. Traduziu 
o Novo testamento para o Inglês e seus seguidores foram exterminados por Henrique V. 
João Huss - Nascido em 1369 foi um dos leitores de Wyclif, pregou as mesmas doutrinas, e 
especialmente proclamou a necessidade de se libertarem da autoridade papal. Foi excomungado 
pelo papa, e então retirou para algum esconderijo desconhecido. Ao fim de dois ano voltou a 
convite da igreja para participar de um concílio católico-romana de Constança, sob a proteção de um 
salvo-conduto. Entretanto, o acordo foi violado sob o pretexto de que "Não se deve ser fiel a 
hereges". Assim João Huss foi condenado e queimado. 
Jerônimo Savonarola - Nascido em 1452 foi monge Dominicano, em Florença. A grande catedral 
enchia-se de multidões ansiosas, não só de ouví-lo, mas também para obedecer aos seus ensinos. 
Pregava contra os male sociais, eclesiásticos e político de seu tempo. Foi preso, condenado e 
enforcado e seu corpo queimado na praça de Florença em 1498. 
 
A Queda de Constantinopla 
A queda de Constantinopla, em 1453, foi assinalada como linha divisória entre os tempos medievais 
e os tempos modernos. Província após província do grande império foi tomada, até ficar somente a 
cidade de Constantinopla, que finalmente, em 1453, foi tomada pelos turcos sob as ordens de 
Maomé II. O templo foi transformado em mesquita. Constantinopla ( Istambul ) tornou-se a capital 
do Império Turco e assim terminou também o período da Igreja Medieval. 
 
Resumo da Apostasia 
Mencionaremos algumas das doutrinas que não tem apoio nas Escrituras Sagradas, e quando foram 
implantadas na igreja. 
 
Ano Doutrina 
310 Reza pelos defuntos, 320 Uso de Velas, 375 Culto dos santos, 431 Culto à virgem Maria, 503 
Obrigatoriedadede se beijar os pés do papa, 850 Uso da água benta, 993 Canonização dos Santo, 
1073 Celibato Sacerdotal, 1184 Instituição da Santa Inquizição, 1190 Venda de Indulgências, 200 
Substituição do pão pela hóstia, 1215 Dogma da transubstanciação, 1229 Proibição da leitura Bíblica, 
1316 Instituição da reza à Ave Maria, 1546 Introdução dos livros apócrifos, 1870 Dogma da 
infabilidade papal, 1950 Ascenção de Maria 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 23 
 
AA IIGGRREEJJAA RREEFFOORRMMAADDAA 
Desde a Queda de Constantinopla, 1453 Até ao Fim da Guerra dos Trinta Anos, 1648. 
 
A Reforma na Alemanha 
Neste periodo de duzentos anos, o grande acontecimento foi a Reforma; iniciada na Alemanha, e 
teve como resultado o estabelecimento de igrejas nacionais que não prestavam obediência nem 
fidelidade a Roma. Anotemos algumas das forças que conduziram à Reforma e ajudaram o seu 
progresso. Uma dessas forças foi, o movimento conhecido como Renascença, ou despertar da 
Europa para um novo interesse pela literatura, pelas artes e pela ciência, isto é, a transformação dos 
médodos e propósitos medievais em métodos modernos. 
 
A maioria dos estudiosos italianos desse período eram homem destituídos de vida religiosa; até os 
próprios papas dessa época destacavam-se mais por sua cultura do que pela fé. No norte dos Alpes, 
na Alemanha, na Inglaterra, e na França o movimento possuía sentimento religioso, despertando 
novo interesse pelas Escrituras, pelas línguas grega e hebraica, levando o povo a investigar os 
verdadeiros fundamentos da fé, independente dos dogmas de Roma. Por toda parte, de norte a sul, 
a Renascença solapava a igreja católica romana. A invenção da imprensa veio a ser um arauto e 
aliado da Reforma que se aproximava. A imprensa possibilitou o uso comum das Escrituras, e 
incentivou a tradução e a circulação da Bíblia em todos os idiomas da Europa. As pessoas que liam a 
Bíblia, prontamente se convenciam de que a igreja papal estava muito distanciada do ideal do Novo 
Testamento. Os novos ensinos dos Reformadores, logo que eram escritos, também eram logo 
publicados em livros e folhetos, e circulavam aos milhões em toda a Europa. 
 
O patriotismo dos povos começou a manifestar-se, mostrando-se inconformados com a autoridade 
estrangeira sobre suas próprias igrejas nacionais; resistindo à nomeação de bispos, abades e 
dignitários da igreja feitas por um papa que vivia em um pais distante. Não se conformava, o povo, 
com a contribuição do "óbolo de S. Pedro", para sustentar o papa e para a construção de majestosos 
templos em Roma. Havia uma determinação de reduzir o poder dos concílios eclesiásticos, 
colocando o clero sob o poder das mesmas leis e tribunais que serviam para os leigos. Enquanto o 
espírito de reforma e de independência despertava a Europa, a chama desse movimento começou a 
arder primeiramente na Alemanha, no eleitorado da Saxônia, sob a direção de Martinho Lutero, 
monge e professor da Universidade de Wittenberg. O papa reinante, Leão X, em razão da 
necessidade de avultadas somas para terminar as obras do templo de S. Pedro em Roma, permitiu 
que um seu enviado, João Tetzel, percorresse a Alemanha vendendo bulas, assinadas pelo papa, as 
quais, dizia, possuíam a virtude de conceder perdão de todos os pecados, não só aos possuidores da 
bula, mas também aos amigos, mortos ou vivos, em cujo nome fossem as bulas compradas, sem 
necessidade de confissão, nem absolvição pelo sacerdote. Tetzel fazia esta indagação ao povo: "Tão 
depressa o vosso dinheiro caia no cofre, a alma de vossos amigos subirá do purgatório ao céu." 
 
Lutero, por sua vez, começou a pregar contra Tetzel e sua campanha de venda de indulgências, 
denunciando como falso esse ensino. A data exata fixada pelos historiadores como início da grande 
Reforma foi registrada como 31 de outubro de 1517. Na manhã desse dia, Martinho Lutero afixou na 
porta da Catedral de Wittenberg um pergaminho que continha noventa e cinco teses ou declarações, 
quase todas relacionadas com a venda de indulgências; porém em sua aplicação atacava a 
autoridade do papa e do sacerdócio. Os dirlgentes da igreja procuravam em vão restringir e 
lisonjear Martinho Lutero. Ele, porém, permaneceu firme, e os ataques que lhe dirigiam, apenas 
serviram para tornar mais resoluta sua oposição às doutrinas não apoiadas nas Escrituras Sagradas. 
Após longas e prolongadas controvérsias e a publicação de folhetos que tornaram conhecidas as 
opiniões de Lutero em toda a Alemanha, seus ensinos foram formalmente condenados. Lutero foi 
excomungado por uma bula do papa Leão X, no mês de junho de 1520. Pediram então ao eleitor 
Frederico da Saxônia que entregasse preso Lutero, a fim de ser julgado e castigado. Entretanto, em 
vez de entregar Lutero, Frederico deu-lhe ampla proteção, pois simpatizava com suas idéias. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 24 
Martinho Lutero recebeu a excomunhão como um desafio, classificando-a de "bula execrável do 
anticristo". No dia 10 de dezembro, Lutero queimou a bula, em reunião pública, à porta de 
Wittemberg, diante de uma assembléia de professores, estudantes e do povo. Juntamente com a 
bula, Lutero queimou também cópias dos cânones ou leis estabelecidas por autoridades romanas. 
Esse ato constituiu a renúncia defínitiva de Lutero à igreja católica romana. Em 1521 Lutero foi 
citado a comparecer ante a do Concílio Supremo do Reno. 
 
 O novo imperador Carlos V concedeu um salvo-conduto a Lutero, para comparecer a Worms. 
Apesar de advertido por seus amigos de que poderia ter a mesma sorte de João Huss, que nas 
mesmas circunstâncias, no Concílio de Constança, em 1415, apesar de possuir um salvo-conduto, foi 
morto por seus inimigos, Lutero respondeu-hes: "Irei a Worms ainda que me cerquem tantos 
demônios quantas são as telhas dos telhados." Finalmente, no dia 17 de abril de 1521 Lutero 
compareceuao Concílio. Em resposta a um pedido de que se retratasse, e renegasse o que havia 
escrito, após algumas considerações respondeu que não podia retratar-se, a não ser que fosse 
desaprovado pelas Escrituras e pela razão, e terminou com estas palavras: "Aqui estou. Não posso 
fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém." Instaram com o imperador Carlos para que 
prendesse Lutero, apresentando como razão, que a fé não podia ser confiada a hereges. 
 
 Contudo, Lutero pôde deixar Worms em paz. Enquanto viajava de regresso à sua cidade, Lutero foi 
cercado e levado por soldados do eleitor Frederico para o castelo de Wartzburg. Ali permaneceu 
durante um ano, enquanto as tempestades de guerra e revoltas rugiam no império. Entretanto, 
durante esse tempo, Lutero não permaneceu ocioso; nesse período traduziu o Novo Testamento 
para a lingua alemã, obra que por si só o teria imortalizado, pois essa versão é considerada como o 
fundamento do idioma alemão escrito. Isto aconteceu no ano de 1521. O Antigo Testamento só foi 
completado alguns anos mais tarde. Ao regressar do castelo de Wartzburg a Wittenberg, Lutero 
reassumiu a direção do movimento a favor da igreja Reformada, exatamente a tempo de salvá-la de 
excessos extravagantes. Em 1529 a Dieta reuniu-se na cidade de Espira, com o objetivo de reconciliar 
as partes em luta. Nessa reunião da Dieta os governadores católicos, que tinham maioria, 
condenaram as doutrinas de Lutero. 
 
Os principes resolveram proibir qualquer ensino do luteranismo nos estados em que dominassem os 
católicos. Ao mesmo tempo determinaram que nos estados em que governassem luteranos, os 
católicos poderiam exercer livremente sua religião. Os príncipes luteranos protestaram contra essa 
lei desequilibrada e odiosa. Desde esse tempo ficaram conhecidos como protestantes, e as doutrinas 
que defendiam também ficaram conhecidas como religião protestante. 
 
A Contra-Reforma 
Logo após haver-se iniciado o movimento da Reforma, um poderoso esforço foi também iniciado 
pelaigreja católica romana no sentido de recuperar o terreno perdido, para destruir a fé protestante 
e para enviar missões a países estrangeiros. Esse movimento foi chamado Contra-Reforma. Tentou-
se fazer a reforma dentro da própria igreja por via do Concílio de Trento, convocado no ano de 1545 
pelo papa Paulo III, principalmente com o objetivo de investigar os motivos e pôr fim aos abusos 
que deram causa à Reforma. O Concílio era composto de todos os bispos e abades da igreja, e durou 
quase vinte anos, durante os governos de quatro papas, de 1545 a 1563. Todos esperavam que a 
separação entre católicos e protestantes teria fim, e que a igreja ficaria outra vez unida. Contudo, tal 
coisa não sucedeu. Fizeram-se, porém, muitas reformas na igreja católica e as doutrinas foram 
definitivamente estabelecidas. Os próprios protestantes admitem que depois do Concílio de Trento 
os papas se conduziram com mais acerto do que os que governaram antes do Concílio. O resultado 
dessa reunião pode ser considerado como uma reforma conservadora dentro da igreja católica 
romana. De ainda maior influência na Contra-Reforma foi a Ordem dos Jesuítas, fundada em 1534 
pelo espanhol Inácio de Loyola. Era uma ordem monástica caracterizada pela combinação da mais 
severa disciplina, intensa lealdade à igreja e à Ordem, profunda devoção religiosa, e um marcado 
esforço para arrebanhar prosélitos. Seu principal objetivo era combater o movimento protestante, 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 25 
tanto com métodos conhecidos como com formas secretas. Tornou-se tão poderosa a Ordem dos 
Jesuítas, que teve contra ela a oposição mais severa, até mesmo nos países católicos; foi suprimida 
em quase todos os países da Europa, e por decreto do papa Clemente XIV, no ano de 1773, a Ordem 
dos Jesuítas foi proibida de funcionar dentro da igreja. Apesar desse fato, ela continuou a funcionar, 
secretamente durante algum tempo, mais tarde abertamente, e foi reconhecida pelo papa em 1814. 
 
Hoje é uma das forças mais ativas para divulgar e fortalecer a igreja católica romana em todo o 
mundo. A perseguição ativa foi outra arma poderosa usada para impedir o crescente espírito da 
Reforma. É Certo que os protestantes também perseguiram, e até mataram, porém geralmente isso 
aconteceu por sentimentos politicos e não religiosos. Entretanto, no continente europeu, todos os 
governos católicos preocupavam-se em extirpar a fé protestante, usando para isso a espada. Na 
Espanha estabelceu-se a Inquisição, por meio da qual inumerável multidão sofreu torturas e muitas 
pessoas foram queimadas vivas. Nos Países-Baixos o governo espanhol determinou matar todos 
aqueles que fossem suspeitos de heresias. Na França o espírito de perseguição alcançou o climax, na 
matança da noite de São Bartolomeu, 24 de agosto de 1572, e que se prolongou por várias semanas. 
Segundo o cálculo de alguns historiadores, morreram de vinte a setenta mil pessoas. Essas 
perseguições nos países em que o governo não era protestante não só retardavam a marcha da 
Reforma, mas, em alguns países, principalmente na Boêmia e na Espanha, a extinguiram. 
 
Os esforços missionários da igreja católica romana devem ser recõnhecidos, também, como uma das 
forças da Contra-Reforma. Esses esforços eram dirigidos em sua maioria pelos jesuítas, e tiveram 
como resultado a conversão das raças nativas da América do Sul, do México e de grande parte do 
Canadá. Na India e países circunvizinhos estabeleceram-se missões por intermédio de Francisco 
Xavier, um dos fundadores da sociedade dos jesuítas. As missões católicas, nos países pagãos, 
iniciaram-se séculos antes das missões protestantes e conquistaram grande número de membros e 
bem assim poder para a respectiva igreja. Como resultado inevitável de interesses e propósitos 
contrários dos estados da Reforma e católicos na Alemanha, iniciou-se então uma guerra no ano de 
1618, isto é, um século depois da Reforma. Essa guerra envolveu quase todas as nações européias. 
Na história ela é conhecida como a Guerra dos Trinta Anos. As rivalidades políticas e religiosas 
estavam ligadas a essa guerra. Ás vezes estados que professavam a mesma fé, apoiavam partidos 
contrários. A luta estendeu-se durante quase. uma geração, e toda a Alemanha sofreu ou seus efeitos 
terríveis. Finalmente, em 1648, a guerra terminou, com a assinatura do tratado de paz de Westfália, 
que fixou os limites dos estados católicos e protestantes, que duram até hoje. O periodo da Reforma 
pode ser considerado terminado nesse ponto. 
 
AA IIGGRREEJJAA AATTUUAALL 
Nos últimos três séculos, nossa atenção dirigir-se-á especialmente para as igrejas que nasceram da 
Reforma. Pouco depois da Reforma apareceram três grupos diferentes na igreja inglesa: Os 
elementos romanistas que procuravam fazer amizade e nova união com Roma; O anglicanismo, que 
estava satisfeito com as reformas moderadas estabelecidas nos reinados de Henrique VIII e da 
rainha Elisabete; E o grupo protestante radical que desejava uma igreja igual às que se 
estabeleceram em Genebra e Escócia. Este último grupo ficou conhecido, cerca do ano de 1654, como 
"os puritanos", e opunha-se de modo firme ao sistema anglicano no governo de Elisabete, e por essa 
razão muitos de seus dírigentes foram exilados. Os puritanos também estavam divididos entre si: 
uma parte mais radical, era favorável à forma presbiteriana; a outra parte desejava a independência 
de cada grupo local, conhecidos como "independentes" ou "congregacionais". Apesar dessas 
diferenças, continuavam como membros da igreja inglesa. Na luta entre Carlos I e o Parlamento, os 
puritanos eram fortes defensores dos direitos populares. No início o grupo presbiteriano 
predominava. Por ordem do Parlamento, um concílio de ministros reunido em Westminster, em 
1643, preparou a "Confissão de Westminster" e os dois catecismos, considerados durante muito 
tempo como regra de fé por presbiterianos e congregacionais. Após a Revolução de 1688, os 
puritanos foram reconhecidos como dissidentes da igreja da Inglaterra e conseguiram o direito de 
organizarem-se independentemente. Do movimento iniciado pelos puritanos surgiram três igrejas, 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 26 
a saber, a Presbiteriana, a Congregacional, e a Batista. Nos primeiros cinquenta anos do século 
dezoito, as igrejas da Inglaterra, a oficial e a dissidente, entraram em decadência. Os cultos eram 
formalistas, dominados por uma crença intelectual, mas sem poder moral sobre o povo. A Inglaterra 
foi despertada dessa condição, por um grupo de pregadores sinceros dirigidos pelos irmãos João e 
Carlos Wesley e Jorge Whitefield. Dentre os três, Whitefield era o pregador mais poderoso, que 
comovia os corações de milhares de pessoas, tanto na Inglaterra como na América do Norte. Carlos 
Wesley era o poeta sacro, cujos hinos enriqueceram a coleção hinológica a partir de seu tempo. João 
Wesley foi, sem dúvida alguma, o indiscutível dirigente e estadista do movimento. Na idade de 
trinta e cinco anos, quando desempenhava as funções de clérigo anglicano, João Wesley encontrou a 
realidade da religião espiritual entre os morávios, um grupo dissidente da igreja Luterana. Em 1739 
Wesley começou a pregar "o testemunho do Espírito" como um conhecimento pessoal interior, e 
fundou sociedades daqueles que aceitavam seus ensinos. A princípio essas sociedades eram 
orientadas por dirigentes de classes, porém mais tarde Wesley convocou um corpo de pregadores 
leigos para que levassem as doutrinas e relatassem suas experiências em todos os lugares, na Grã-
Bretanha e nas colônias norte-americanas. Os seguidores de Wesley foram chamados "metodistas", e 
Wesley aceitou sem relutância esse nome. 
 
Na inglaterra foram conhecidos como "metodistas wesleyanos", e antes da morte de seu fundador, 
contavam-se aos milhares. Apesar de haver sofrido, durante muitos anos, violenta oposiçãoda 
igreja de Inglaterra, sem que lhe permitissem usar o púlpito para pregar, Wesley afirmava 
considerar-se membro da referida igreja; considerava o movimento que dirigia como uma sociedade 
não separada, mas dentro da igreja da Inglaterra. Contudo após a revolução norte-americana, em 
1784, organizou os metodistas nos Estados Unidos em igreja independente, de acordo com o modelo 
episcopal, e colocou "superintendentes", titulo que preferiu ao de "bispo". 
 
 Nos Estados Unicos o nome "bispo" teve melhor aceitação e foi por isso adotado. Nesse tempo os 
metodistas na América eram cercade 14.000. O movimento wesleyano despertou clérigos e 
dissidentes para um novo poder na vida cristã. Também contribuiu para a formação de igrejas 
metodistas sob várias formas em muitos países. Na América do Norte, presentemente a igreja 
metodista conta com aproximadamente onze milhões de membros. Nenhum dirigente na igreja 
cristã conseguiu tantos seguidores como João Wesley. A Igreja da Inglaterra (Episcopal), foi a 
primeira religião protestante a estabelecer-se na América do Norte. Em 1579 realizou-se um culto 
sob a direção de Sir Francis Drake, na Califórnia. 
 
O estabelecimento permanente da igreja inglesa data de 1607, na primeira colônia inglesa em 
Jamestown, na Virgima. A Igreja da Inglaterra era a única forma de adoração reconhecida no início, 
na Virgínia e em outras colônias do sul. A igreja, nos Estados Unidos, tomou o nome oficial de 
Igreja Protestante Episcopal. O crescimento da igreja Episcopal desde então tem sido rápido e 
constante. Atualmente conta quase três milhões e meio de membros. A igreja Episcopal reconhece 
estas três ordens no ministêrio: bispos, sacerdotes e diáconos, e aceita quase todos os trinta e nove 
artigos da Igreja da Inglaterra, modificados para serem adaptados à forma de governo norte-
americano. Sua autoridade legislativa está concentrada em uma convenção geral que se reúne cada 
três anos. Trata-se de dois corpos, uma câmara de bispos e outra de delegados clérigos e leigos 
eleitos por convenções nas diferentes dioceses. Uma das maiores igrejas existentes na América do 
Norte é a denominação Batista, a qual conta com mais de vinte milhões de membros. Seus princípios 
distintivos são dois: (1) Que o batismo deve ser ministrado somente àqueles que confessam sua fé 
em Cristo; por conseguinte, as crianças não devem ser batizadas. (2) Que a única forma bíblica do 
batismo é a imersão do corpo na água, e não a aspersão ou derramamento. Os batistas são 
congregacionais em seu sistema de governo. Cada igreja local é absolutamente independente de 
qualquer jurisdição externa, fixando suas próprias regras. Não possuem uma Confissão de Fé nem 
catecismo algum para instruir jovens acerca de seus dogmas. Contudo, não há no país igreja mais 
unida em espírito, mais ativa e empreendedora em seu trabalho e mais leal aos seus princípios, do 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 27 
que as igrejas batistas. Surgiram os batistas pouco depois da Reforma, na Suíça, e espalharam-se 
rapidamente no norte da Alemanha e na Holanda. 
No princípio foram chamados anabatistas, porque batizavam novamente aqueles que haviam sido 
batizados na infância. Na Inglaterra, a princípio, estavam unidos com os independentes ou 
congregacionais, mas pouco a pouco tornaram-se um corpo independente. Com efeito, a igreja de 
Redford, da qual João Bunyan era pastor, cerca do ano 1660, e que existe até hoje, considera-se tanto 
batista como congregacional. Na América do Norte a denominação batista iniciou suas atividades 
com Roger Williams, clérigo da Igreja da Inglaterra expulso de Massachusetts porque se recusou a 
aceitar as regras e opiniões congregacionais. Roger fundou a colônia de Rhode Island, em 1644. 
Ali todas as formas de adoração religiosa eram permitidas, e os membros de religiões perseguidas 
em outras partes eram bem-vindos. De Rhode Island os batistas espalharam-se rapidamente por 
todo o continente. Depois da Reforma iniciada por Martinho Lutero, as igrejas nacionais que se 
organizaram na Alemanha e nos países escandinavos tomaram o nome de luteranas. 
No início da história da colonização holandesa da Nova Amesterdã, hoje Nova lorque, que se supôe 
haja sido em 1623, os luteranos, ainda que da Holanda, chegaram a essa cidade. Em 1652, 
solicitaram licença para fundar uma igreja e contratar um pastor. Entretanto, as autoridades da 
Igreja Reformada da Holanda opuseram-se a esse desejo, e fizeram com que o primeiro ministro 
luterano voltasse à Holanda, em 1657. Os cultos continuaram a ser realizados, embora não 
oficialmente. Contudo, em 1664, quando a Inglaterra conquistou Nova Amsterdã, os luteranos 
conseguiram liberdade de culto. 
 
Em 1638, alguns luteranos suecos estabeleceram-se próximo ao rio Delaware, e construíram o 
primeiro templo luterano na América do Norte, perto de Lewes. Porém a imigração sueca cessou até 
ao século seguinte. Em 1710, uma colônia de luteranos exilados do Palatinado, na Alemanha, 
estabeleceu a sua igreja em Nova Iórque e na Pensilvânia. No século dezoito os protestantes alemães 
e suecos emigraram para a América do Norte, aos milhares. 
 
Isso deu motivo à organizaçãodo primeiro Sínodo Luterano na cidade de Filadélfia, em 1748. A 
partir daí as igrejas luteranas cresceram, não só por causa da imigração, mas também pelo aumento 
natural, sendo que atualmente há aproximadamente nove milhões e meio de membros nas igrejas 
luteranas. 
 
Uma das primeiras igrejas presbiterianas dos Estados Unidos foi organizada em Snow Hili, 
Marvland, em 1648, pelo Rev. Francis Makemie, da Irlanda. Makemie mais seis ministros reuniram-
se em Filadélfia, em 1706 e uniram suas igrejas em um presbitério. Em 1716, as igrejas e seus 
ministros, havendo aumentado em numero, e bem assim penetrado em outras colônias, decidiram 
organizar-se em sínodo, dividido em quatro presbitérios incluindo dezessete igrejas. 
As igrejas metodistas do Novo Mundo existem desde o ano de 1766, quando dois pregadores 
wesleyanos locais, naturais da Irlanda, se transferiram para os Estados Unidos e começaram a 
realizar cultos segundo a ordem metodista. Não se sabe ao certo se Filipe Embury realizou o 
primeiro culto em sua própria casa em Nova lorque ou se foi Roberto Strawbridge, em Fredrick 
County, Maryland. 
Esses dois homens organizaram sociedades, e, em 1768, Filipe Embury edificou uma capela na Rua 
João, onde funciona ainda um templo metodista episcopal. O número de metodistas na América do 
Norte cresceu. Por essa razão, em 1769, João Wesley enviou dois missionários, Ricardo Broadman e 
Tomás Pilmoor, a fim de inspecionarem a obra e cooperarem na sua extensão. 
Outros pregadores, sete ao todo, foram enviados da Inglaterra, dentre os quais se destacou 
Francisco Asbury, que chegou aos Estados Unidos em 1771. A primeira Conferência Metodista nas 
colônias foi realizada em 1773, presidida por Tomás Rankin. Porém, em razão do início da Guerra 
de Independência, todos os pregadores deixaram o país; exceto Asbury, e a maior parte do tempo, 
até que a paz foi assinada em 1783, ele esteve afastado. Quando o governo dos Estados Unidos foi 
reconhecido pela Grã-Bretanha, os metodistas da América do Norte alcançavam o número de 
quinze mil. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 28 
UUNNIIDDAADDEE IIIIII 
OO AAVVAANNÇÇOO DDOO CCRRIISSTTIIAANNIISSMMOO 
............................................................... 
 
"Sobre esta pedra edificarei a minha igreja. Lucas destaca isto ao nos informar em seu Evangelho ". 
 
.............................................................. 
 
 
 
PPRRIIMMEEIIRROO AAOOSS JJUUDDEEUUSS 
Cristo é mais o Fundamento do que o Fundador da Igreja. Isto fica evidente pelo uso do tempo 
futuro que faz em Mateus 16.18, ao dizer: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja. Lucas destaca 
isto ao nos informar emseu Evangelho "acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar" (At 
1.1). Em Atos ele relatou a fundação e a divulgação da Igreja cristã pelos apóstolos sob a direção do 
Espírito Santo. Até mesmo os discípulos compreenderam mal a natureza espiritual da missão de 
Cristo por quererem saber, após Sua ressurreição, quem restauraria o reino messiânico (At 1.6). 
Cristo mesmo já lhes tinha dito que, depois de fortalecidos pelo Espírito Santo, a sua tarefa seria 
testemunhar dele "em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra" (At 1.8). 
Cristo deu prioridade à proclamação aos judeus. Mesmo um estudo superficial dos Atos dos 
Apóstolos revelará que esta é a ordem seguida pela Igreja primitiva. O Evangelho foi primeiro 
proclamado em Jerusalém por Pedro no dia de Pentecoste; depois, foi levado pelos cristãos judeus a 
outras cidades da Judéia e da Samaria. Desse modo, a Igreja foi primeiramente judia e existiu dentro 
do judaísmo. O desenvolvimento do cristianismo aí e sua chegada a Antioquia é descrito por Lucas 
nos primeiros 12 capítulos do Atos. 
 
A Fundação da Igreja em Jerusalém 
Parece paradoxal que o principal centro de inimizade contra Cristo tenha sido a cidade onde a 
religião cristã começou. Mas esta é a realidade. Do ano 30 a aproximadamente 44, a igreja em 
Jerusalém manteve uma posição de liderança na comunidade cristã primitiva. O Espírito Santo teve 
o papel de proeminência na fundação da Igreja Cristã. Ele se tornou o Agente da Trindade na 
mediação da obra de redenção dos homens. Judeus de todas as partes do mundo mediterrâneo 
estavam presentes em Jerusalém para vera Festa do Pentecoste por ocasião da fundação da Igreja 
(At 2.5-11). A manifestação sobrenatural do poder divino no falar em línguas, claramente 
relacionada à origem da Igreja, e a vinda do Espírito Santo levaram os judeus presentes a 
declararem a maravilha das obras de Deus em sua própria língua (At 2.11). Pedro aproveitou a 
oportunidade para proferir o primeiro e possivelmente o mais fecundo sermão já pregado, e 
proclamar a messianidade de Cristo e a graça salvadora. Por fim, três mil pessoas aceitaram a sua 
palavra e foram batizados (At 2.41). Foi desta maneira que, a entidade ou organismo espiritual, a 
Igreja invisível, o Corpo do Cristo ressuscitado, começou a existir. O crescimento foi rápido. Outros 
eram acrescidos diariamente ao número dos três mil até chegarem logo a cinco mil (At 4.4). Há 
menção de multidões se integrando à Igreja (At 5.14). É interessante que muitos eram judeus 
helenistas (At 6.1) da dispersão e que estavam em Jerusalém para celebrar as grandes festas 
relacionadas com a Páscoa e o Pentecoste. Nem mesmo os sacerdotes ficaram imunes ao contágio da 
nova fé. "Muitos sacerdotes" (At 6.7) são mencionados como estando entre os membros da igreja 
primitiva em Jerusalém. Talvez alguns deles tivessem visto a abertura do grande véu do templo, 
logo depois da morte de Cristo, e isto, junto com a pregação dos apóstolos, levou-os a se 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 29 
comprometerem com Cristo. Este crescimento tão rápido não se fez sem a oposição da parte de 
judeus. As autoridades eclesiásticas logo perceberam que o cristianismo representava uma ameaça a 
suas prerrogativas como intérpretes e sacerdotes da lei; por isto, reuniram suas forças para combater 
o cristianismo. A perseguição veio primeiro de um organismo político-eclesiástico o Sinédrio, que, 
com permissão romana, supervisionava a vida civil e religiosa do estado. Pedro e João tiveram que 
comparecer perante este egrégio órgão duas vezes e foram proibidos de pregar o Evangelho, mas 
eles se recusaram a cumprir a ordem. Mais tarde a perseguição tomou cunho mais político. Herodes 
matou Tiago e prendeu Pedro (At 12) nesta fase de perseguição. Daí por diante a perseguição tem 
seguido esse padrão eclesiástico ou político. 
 
Esta perseguição deu ao cristianismo seu primeiro mártir, Estevão. Fora ele um dos mais destacados 
dos sete homens escolhidos para administrar os fundos de caridade na Igreja de Jerusalém. 
Testemunhos falsos, que não podiam resistir ao espírito e à lógica com que ele falou, obrigaram-no a 
comparecer diante do Sinédrio. Após um emocionante discurso em que denunciou líderes judeus 
por sua rejeição de Cristo, foi retirado e apedrejado até a morte. Sua morte, como o primeiro mártir 
da fé cristã, foi um fator importante na divulgação e crescimento do cristianismo. Saulo depois 
Paulo o apóstolo, guardou as capas daqueles que apedrejaram Estevão. É claro que a coragem e o 
espírito perdoador de Estevão diante de uma morte tão trágica marcaram bem fundo no coração de 
Saulo. Aquilo que Cristo lhe disse, em Atos 9.5, "Duro será para ti recalcitrar contra os 
aguilhões, parecia indicar esta realidade. A perseguição que se seguiu foi mais dura e acabou sendo 
o meio usado pela igreja nascente para que sua mensagem fosse levada a outras partes do mundo ( 
At 8.4). Nem todos os convertidos ao cristianismo tinham, entretanto, um coração puro. 
 
Ananias e Safira constituíram-se nos primeiros objetos da disciplina da igreja em Jerusalém por 
causa da cobiça. Pronta e terrível, esta disciplina foi ministrada através dos apóstolos que eram os 
líderes da organização. O relato da aplicação da disciplina sobre este casal culpado suscita o 
problema se a igreja em Jerusalém, praticou, ou não o comunismo. Um jovem comunista se 
empenhou muito para demonstrar a este autor que os cristãos praticavam o comunismo. Realmente 
passagens como Atos 2.44-45 e 4.32 parecem sugerir a prática de um tipo utópico de socialismo 
baseado no princípio máximo do socialismo: "a cada um segundo a sua capacidade, de acordo com a 
sua necessidade". O fato que tudo era feito voluntariamente é importante. Pedro afirmou claramente 
em Atos 5.3-4 que Ananias e Safira tinham liberdade para reter ou vender sua propriedade. O ter 
tudo em comum era uma decisão de caráter fundamentalmente livre. A Bíblia não pode ser usada 
como Escritura autoritativa para o Capitalismo estatal. Agora, sem dúvida, o cristianismo primitivo 
promoveu uma grande mudança social em certas regiões. A igreja de Jerusalém insistiu sobre a 
igualdade espiritual dos sexos e deu muita importância às mulheres na igreja. A liderança de Dorcas 
na promoção do trabalho de caridade foi registrada por Lucas (At 9.36) . 
 
 A criação de um grupo de homens para tomar conta das necessidades foi outro acontecimento de 
relevância social ocorrido ainda nos primeiros anos do nascimento da Igreja. A caridade deveria ser 
administrada por um corpo organizado, os precursores dos diáconos. Com isto, os apóstolos ficaram 
completamente livres para o exercício de sua liderança espiritual. A necessidade, devido ao rápido 
crescimento e possivelmente à imitação das práticas da sinagoga judaica, levou à multiplicação de 
ofícios e oficiais bem cedo na história da Igreja. Algum tempo depois, os presbíteros (anciãos) 
passaram a integrar o corpo de oficiais, finalmente formado de apóstolos, presbíteros e diáconos, 
que dividiam a responsabilidade de liderar a Igreja de Jerusalém. 
 
A natureza da pregação dos líderes dessa igreja primitiva desponta logo no relato do surgimento do 
cristianismo. O sermão de Pedro (At 2.14-36) é o primeiro sermão de um apóstolo. A igreja judaica 
em Jerusalém, cuja história foi descrita, logo perdeu seu lugar de líder do cristianismo para outras 
igrejas. A decisão tomada no Concílio em Jerusalém, de que os gentios não eram obrigados a 
obedecer a lei, abriu o caminho para a emancipação espiritual das igrejas gentílicas do controle 
judaico. Durante o cerco de Jerusalém em 70 por Tito, os membros da Igreja foram forçados a fugir 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 30 
para Pela, do outro lado do Jordão. Depois da destruição do templo da fuga da Igreja judaica, 
Jerusalém deixou de ser vista como o centrodo cristianismo; a liderança espiritual da Igreja Cristã se 
centralizou, então, em outras cidades, especialmente em Antioquia. Isto evitou o perigo de que o 
cristianismo jamais se libertasse dos quadros do judaísmo. 
 
A Igreja na Palestina 
A visita de Filipe a Samaria ( Atos 8.5-25) levou o Evangelho a um povo que não era de sangue 
judeu puro. Os samaritanos eram os descendentes daquelas dez tribos que não foram levadas para a 
Assíria depois da queda da Samaria e dos colonos que os assírios trouxeram de outras partes do seu 
império em 721 a.C. Os judeus e os samaritanos fizeram-se inimigos ferrenhos desde então. Pedro e 
João foram chamados a Samaria para ajudar Filipe, pois o trabalho crescera tão rapidamente que ele 
estava sem condições de atender a todas as necessidades. 
 
Este reavivamento foi a primeira brecha na barreira racial a divulgação do Evangelho. Filipe foi 
compelido pelo Espírito Santo, após completar seu trabalho em Samaria, a pregar o Evangelho a um 
eunuco etíope, alto oficial do governo da Etiópia. Pedro, o primeiro a pregar o Evangelho aos 
judeus, foi também o primeiro a levar oficialmente o Evangelho aos gentios. Depois de uma visão, 
que deixou claro para ele que os gentios também tinham direito ao Evangelho, Pedro foi à casa de 
Cornélio, o centurião romano, e se assombrou quando as mesmas manifestações ocorridas no dia de 
Pentecoste voltavam a se verificar na casa de Cornélio (Atos 10-11). A partir daí, ele se dispôs a levar 
aos gentios o Evangelho da graça. O eunuco etíope e Cornélio foram os primeiros gentios a ter o 
privilégio de receber a mensagem da graça salvadora de Cristo. Embora aqueles que tinham sido 
obrigados a sair de Jerusalém pregassem somente aos judeus (At 11.19), não demorou para que 
surgisse uma grande igreja gentia que brotou em Antioquia. 
 
Aí o termo "cristão", inicialmente empregado com sentido, pejorativo, por mordazes antioquienses 
,tornou-se a designação de honra dos seguidores de Cristo. Foi em Antioquia que Paulo começou 
seu ministério público ativo entre os gentios e foi daí que ele partiu para suas viagens missionárias 
cujo objetivo final era chegar a Roma. A igreja em Antioquia era tão grande que foi capaz de 
socorrer as igrejas judaicas quando elas passaram fome. Ela foi o principal centro do cristianismo, de 
44-68 d. C. A tarefa de levar o Evangelho aos gentios nos "confins" estava apenas começando. 
Começada por Paulo, esta tarefa continua ainda hoje como a missão, inacabada da Igreja de Cristo. 
 
Também Aos Gregos 
A Igreja judaico-cristã primitiva demorava a compreender o sentido universal do cristianismo 
embora Pedro tivesse sido o instrumento na comunicação do Evangelho aos primeiros convertidos 
judeus. Foi Paulo, capacitado pela revelação de Deus, que teve a visão das necessidades do mundo 
gentio, dedicando sua vida à pregação do Evangelho a este mundo. Como nenhum outro na Igreja 
primitiva, Paulo entendeu o caráter universal do cristianismo e entregou-se à sua pregação aos 
confins do Império Romano ( Rm 11.13; 15.16). Poder-se-ia até dizer que ele tinha em sua mente o 
slogan "O Império Romano para Cristo" pelo tanto que ele fez no ocidente com a mensagem da Cruz 
(Rm 15.15, 16, 18-28; At 9.15, 22.21). Embora não poupasse esforços na consecução deste ministério, 
ele não negligenciou seu próprio povo, os judeus. Isto se evidencia por sua procura das sinagogas 
judaicas logo que chegava a uma cidade e pela proclamação do Evangelho a todos os prosélitos 
judeus e gentios que pudessem ouvi-lo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 31 
OO AAMMBBIIEENNTTEE DDEE PPAAUULLOO 
Paulo estava consciente de que devia três lealdades temporais. Como jovem judeu, ele recebera 
educação ministrada apenas aos jovens judeus de futuro e foi educado aos pés do grande mestre 
judeu, Gamaliel. Poucos podiam se orgulhar de ter mais instrução do que Paulo no que dizia 
respeito à educação religiosa judaica e poucos se aproveitaram tanto quanto ele da educação que 
recebeu ( Fp 3.4-6). Era ele também cidadão de Tarso, a principal cidade da Cicília, "cidade não 
insignificante" (At 21.39). Era também cidadão romano livre (At 22.28) e não tinha dúvidas em usar 
os privilégios de sua cidadania romana quando estes privilégios podiam ajudá-lo em sua missão por 
Cristo (At 16.37; 25.11). O judaísmo foi seu ambiente religioso anterior a sua conversão; Tarso foi sua 
grande universidade e sua atmosfera intelectual, o palco dos primeiros anos de sua vida; e o 
Império romano foi o espaço político em que viveu e agiu. Este ambiente político não parecia ser tão 
favorável a alguém para a proclamação do Evangelho. 
 
A situação social e moral era mais assustadora do que a política. A pilhagem do Império criou uma 
classe alta rica de novos aristocratas que tinham escravos e dinheiro para satisfazer seus muitos 
desejos legítimos e ilegítimos. Esta classe desdenhava de certo modo a nova religião e viam seu 
apelo às classes pobres como uma ameaça à sua posição elevada na sociedade. Assim mesmo, 
alguns desta classe se converteram com a pregação do Evangelho feita por Paulo na prisão em Roma 
(Fl 1.13). Paulo enfrentou também a rivalidade de outros sistemas de religião. Os romanos eram de 
certo modo ecléticos em sua vida religiosa e se dispunham a tolerar toda religião desde que esta não 
proibisse seus seguidores de participar no culto do Estado, que misturava o culto ao imperador com 
o velho culto do estado republicano e exigia a obediência de todos os povos do Império exceto aos 
judeus, que por lei eram isentos destes rituais. Aos cristãos não se concedeu tal privilégio e eles 
tiveram que enfrentar o problema da oposição do Estado. 
 
 As religiões de mistério subjetivistas de Mitra, Cibele e ísis pediam a associação de muitos outros 
no Império. O judaísmo, de quem o cristianismo foi distinto como seita separada, enfrentou uma 
oposição cada vez maior. Os intelectuais romanos aceitavam os sistemas filosóficos, como o 
Estoicismo, o Epicurismo e o Neo-pitagorismo, que sugeriam a contemplação filosófica como o 
caminho da salvação. O estoicismo, com sua interpretação panteística de Deus, sua concepção de 
leis éticas naturais descobríveis pela razão e sua doutrina da paternidade de Deus e fraternidade do 
homem, parecia dar um fundamento filosófico para o Império Romano. Alguns imperadores, como 
Marco Aurélio (161-180), aceitaram suas formulações éticas. Paulo teve que enfrentar este confuso 
cenário religioso com o simples Evangelho redentor da morte de Cristo. A Arqueologia nos ajuda a 
datar pontos-chave na vida e obra de Paulo. Paulo esteve em Corinto 18 meses quando Gálio 
tornou-se procônsul (At 18.12-13). 
 
CCOOMM OOSS BBIISSPPOOSS EE OOSS DDIIAACCOONNOOSS 
A Igreja existe em dois níveis. Um deles é um organismo eterno, invisível, bíblico, que é consolidado 
em um corpo pelo Espírito Santo. O outro nível é o da organização temporal, histórica, visível, 
humana. O primeiro é o fim, o segundo os meios. O desenvolvimento da Igreja como uma 
organização foi iniciado pelos apóstolos sob a direção do Espírito Santo. Todo corpo organizado 
precisa de uma liderança e, quanto mais cresce, a divisão de funções e a especialização da liderança 
acontecem para que possa funcionar eficientemente. Uma liturgia para conduzir o culto da Igreja de 
modo ordenado (I Co 14.40) é outra conseqüência lógica do crescimento da Igreja como organização. 
O objetivo final da Igreja como um organismo que cultua é a conquista da qualidade de vida. 
 
O Governo Da Igreja 
A origem da administração eclesiástica deve ser creditada a Cristo, ao escolher os 12 apóstolos que 
seriam os líderes da Igreja nascente. Os apóstolos tomaram a iniciativa no desenvolvimento de 
outros ofícios na Igreja quando dirigidos pelo Espírito Santo. Isto não implica numa hierarquia 
piramidal, como a desenvolvida pela IgrejaCatólica Romana, porque os novos oficiais deviam ser 
escolhidos pelo povo, ordenados pelos apóstolos e precisavam ter qualificações espirituais próprias 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 32 
que envolviam a subordinação ao Espírito Santo. Assim, havia uma chamada interna pelo Espírito 
Santo para o ofício, uma chamada externa pelo voto democrático da igreja e a ordenação ao ofício 
pelos apóstolos. Não deveria haver uma classe especial de sacerdotes à parte para ministrar o 
sistema sacerdotal da salvação, porque tanto os oficiais da Igreja como os membros eram sacerdotes 
com o direito de acesso direto a Deus através de Cristo ( Ef 2.18). Estes oficiais podem ser divididos 
em duas classes. 
 
Os oficiais carismático - ( charisma em grego significa dom) foram escolhidos por Cristo e revestidos 
com dons espirituais próprios (Ef 4.11-12; I Co 12-14); suas funções eram basicamente inspirativas. 
 
Os oficiais administrativos - constituíam a segunda classe. Suas funções eram principalmente 
administrativas, embora após a morte dos apóstolos, os presbíteros tenham assumido muitas 
responsabilidades espirituais. Estes oficiais eram escolhidos pela congregação depois de orarem 
pedindo a orientação do Espírito Santo e depois da indicação pelos apóstolos. 
 
Oficiais Carismáticos - Estes homens, cujas responsabilidades principais eram a preservação da verda-
de do Evangelho e sua proclamação inicial, foram selecionados especialmente por Cristo através do 
Espírito Santo para exercer a liderança da Igreja. Houve quatro ou cinco destes ofícios designados 
por Paulo: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e/ou mestres. Muitos pensam que pastor e 
mestre sejam designações para a mesma pessoa. Os apóstolos eram homens que tinham sido 
testemunhas da vida, morte e principalmente da ressurreição de Cristo e que tinham sido chamados 
pessoalmente por Cristo. Paulo baseou seu apostolado numa chamada direta do Cristo vivo. Estes 
homens, que foram os primeiros oficiais da Igreja primitiva, combinaram em seu ministério todas as 
funções posteriormente exercidas por vários oficiais quando os apóstolos se tornaram incapazes de 
cuidar das necessidades da Igreja primitiva em rápida expansão. Pedro é a figura principal entre os 
apóstolos nos primeiros 12 capítulos do relato lucano da história da Igreja primitiva. Ele não só fez a 
primeira proclamação oficial aos judeus em Jerusalém no dia de Pentecostes como também foi o 
primeiro a introduzir o Evangelho entre os gentios com sua pregação na casa de Cornélio. Tiago, o 
filho de Zebedeu, estava presente na transfiguração e no Getsêmani. Foi o primeiro dos 12 a ser 
martirizado, decapitado que foi por Herodes Agripa l em 44. Tiago, o irmão de Cristo, tornou-se 
logo, com Pedro o líder da Igreja em Jerusalém. 
 
 Sua proeminência na Igreja é evidente por sua posição de liderança no Concílio de Jerusalém. 
Embora mais próximo do legalismo do que a maioria dos líderes da primitiva igreja de Jerusalém, 
ele exerceu um papel de mediador entre cristãos judeus e gentios no Concílio. João é mencionado 
junto com Pedro como um líder da Igreja primitiva. A tradição relaciona suas últimas atividades 
com a cidade de Éfeso. Ele foi confinado por Domiciano na ilha de Palmos, uma solitária e 
infrutífera ilha pedregosa, distante da costa ocidental da Ásia Menor. Aí escreveu o livro de 
Apocalipse. Após a morte de Domiciano, recebeu permissão para voltar a Éfeso, onde morou, 
pastoreando as Igrejas da Ásia até morrer em avançada idade. Seu Evangelho, suas três epístolas e 
Apocalipse integram ricamente a herança literária da Igreja do Novo Testamento. André, irmão de 
Pedro, pregou em regiões do Oriente Antigo. Segundo tradição posterior, foi crucificado numa cruz 
em forma de X que tomou o seu nome. Pouco se sabe da vida de Filipe, que muito possivelmente 
morreu de morte natural em Hierápolis após a destruição de Jerusalém. Nada se sabe das últimas 
atividades e da morte de Tiago o Menor, filho de Alfeu. A tradição sobre Judas Tadeu fala de suas 
atividades na Pérsia, onde teria sido martirizado. Matias, que substituiu Judas, pregou na Etiópia e 
aí conheceu o martírio, de acordo com o relato. Simão o zelote também foi martirizado. A tradição 
não é clara acerca da forma do martírio de Bartolomeu, mas seu nome é associado à proclamação do 
Evangelho na índia, por uma tradição. Mateus talvez tenha trabalhado na Etiópia também. O nome 
do mais célico dos discípulos, Tomé, é ligado ao trabalho em Parto, mas outros relatos colocam seu 
trabalho e martírio na índia. O silêncio do Novo Testamento e mesmo da tradição sobre estes 
homens marca um notável contraste com a tendência medieval de glorificar a morte dos homens 
mais notáveis da Igreja. Os profetas pareciam estar entre os líderes mais influentes da Igreja do 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 33 
Novo Testamento. Eles exerceram a função de proclamar ou pregar o Evangelho (At 13.1, 15.32) bem 
como de antecipar ou predizer o futuro. Filipe exerceu o dom do evangelismo (At 21.8), mas pouco 
se sabe de seu trabalho e suas funções específicas. Talvez tenha se dedicado ao trabalho do missio-
nário itinerante cuja principal tarefa era proclamar o Evangelho em áreas novas ainda não atingidas. 
 
Oficiais Administrativos 
Todos os oficiais de que tratamos eram especialmente indicados para seus cargos por Deus e não 
pelos homens. Havia outra classe de oficiais que eram democraticamente escolhidos "com o 
consenso de toda igreja". Sua tarefa era executar as funções administrativas dentro da igreja local. 
Diferentemente dos apóstolos e dos outros líderes carismáticos, estes homens, e, em alguns casos, 
mulheres, operavam e exerciam sua autoridade na igreja ou congregação local e não na Igreja de 
Cristo como um todo. Estes oficiais surgiram com a divisão de funções e a especialização necessárias 
para ajudar os sobrecarregados apóstolos diante dos problemas de uma Igreja em crescimento. O 
ofício do ancião ou presbítero era o mais elevado na congregação local. Aqueles que defendem a 
existência de uma organização tríplice na Igreja entendem que os termos ancião (presbuteros) e bispo 
( episkopos) não são sinônimos mas representam os ofícios separados de bispo e presbítero. As 
qualificações de um presbítero são detalhadamente esboçadas pelo menos duas vezes no Novo 
Testamento (I Tm 3.1-7; Tt 1.5-9). Os presbíteros deviam ser homens de boa reputação entre os 
membros da igreja e para os de fora. A direção do culto público parece ter sido uma de suas 
principais funções (I Tm 5.17; Tt 1.9) bem como a responsabilidade pela boa administração e pela 
disciplina segura da Igreja. Os diáconos tinham uma posição de subordinação aos anciãos, mas 
aqueles que exerciam tal função precisavam das mesmas qualidades exigidas dos presbíteros (At 
6.3; I Tm 3.8-13). A prática de eleição democrática era também uma recomendação dos apóstolos em 
Jerusalém (At 6.3,5). A ministração da caridade pela Igreja era a principal tarefa dos diáconos. Mais 
tarde, eles ajudaram os presbíteros na distribuição dos elementos da Ceia à congregação. 
 
O Culto Da Igreja Primitiva 
A questão de uma forma segura de culto parece ter sido uma preocupação ao tempo dos apóstolos. 
Paulo exortara a igreja em Cristo a conduzir sua adoração de uma forma decente e ordeira, (I Co 
14.40). Cristo afirmou a essência do verdadeiro culto quando disse que, como Deus era um espírito, 
o verdadeiro culto estava no domínio do espírito (Jo 4.24). Os cristãos primitivos não concebiam a 
igreja como um lugar de culto como se faz hoje. Igreja significava um corpo de pessoas numa 
relação pessoal com Cristo. Para tanto, os cristãos se reuniam em casas (At 12.12; Rm 16.5,23; Cl 
4.15;), no templo (At 5.12), nos auditórios públicos de escolas (At 19.9) e nas sinagogas até quando 
foram permitidos (At 14.1,3; 17.1; 18.4). O lugar não era tão importantecomo o propósito de 
encontro para comunhão uns com os outros e para culto a Deus. No primeiro século, dois cultos 
eram realizados no primeiro dia da semana, adotado como o dia de culto por ter sido o dia em que 
Cristo ressuscitou dentre os mortos (At 20.7; I Co 16.2; Ap 1.10). O culto da manhã certamente 
incluía leitura da Bíblia (CI 3.16), a exortação pelo presbítero principal, orações e cânticos,(Ef 5.19). 
A. festa do amor (I Co 11.20-22) ou ágape precedia a Ceia no culto da noite. Ao final do primeiro 
século, a festa do amor tinha praticamente desaparecido, sendo a Ceia celebrada no culto da manhã. 
A Ceia do Senhor e o batismo eram os dois sacramentos da Igreja primitiva, usados por terem sido 
instituídos por Cristo. A imersão parece ter sido amplamente praticada no primeiro século, mas de 
acordo com o Didaquê, o batismo podia ser administrado com água na cabeça do balizando, se 
nenhuma corrente ou uma grande quantidade de água não estivessem à disposição. Somente os 
batizados participavam da Ceia. 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 34 
AA VVIIDDAA DDAA IIGGRREEJJAA 
A Igreja primitiva não tinha uma organização de benemerência para ajudar aos cobres e doentes. 
Cada igreja tomava sobre si esta responsabilidade. O dinheiro coletado, daqueles que podiam dar, 
na oferta que seguia à celebração da Ceia era dedicado para a satisfação destas necessidades. Paulo 
também mencionou a prática de coleta de doações dos crentes todos os domingos (I Co 16.1-2). 
 
Os diáconos deveriam então cuidar daqueles que passavam por necessidades. As mulheres das 
igrejas também ajudavam esta obra de caridade ao fazer roupas para aqueles que necessitassem (At 
9.36-41). A Igreja primitiva insistia na separação das práticas pagãs da sociedade romana, mas não 
insistia na separação dos vizinhos pagãos em relações sociais que não fossem prejudiciais. 
Realmente, Paulo permitiu por inferência o convívio social que não comprometesse ou sacrificasse 
os princípios cristãos (I Co 10.20-33). 
 
Ele mesmo exortou, porém; à separação total de qualquer prática que pudesse estar relacionada à 
idolatria ou à imoralidade pagã. O cristão devia seguir os princípios de não fazer nada que 
prejudicasse o corpo do qual Cristo era Senhor (I Co 6.12), nada fazer que prejudicasse os outros ou 
enfraquecesse os cristãos (I Co 8.13; 10.24), evitar tudo que não glorificasse a Deus (I Co 6.20; 10.31). 
Estes princípios proibiam a freqüência a teatros, estádios, jogos ou templos pagãos. Apesar desta 
atitude de separação moral e espiritual, os cristãos estavam prontos para, como o próprio Paulo 
exortou, cumprir suas obrigações cívicas de obediência e de respeito às autoridades constituídas, 
pagamento de taxas e de oração pelas autoridades (Rm 13.7, l Tm 2.1-2). Eles eram excelentes 
cidadãos, desde que não fossem instados a violar os preceitos de Deus, a maior autoridade a quem 
deviam obediência absoluta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 35 
UUNNIIDDAADDEE IIVV 
RREEAAVVIIVVAAMMEENNTTOO,, DDIIVVIISSÃÃOO NNAA IIGGRREEJJAA EE RREEFFOORRMMAA 
............................................................... 
 
“ Se fosse, com efeito, alguma injustiça ou crime da maior gravidade , ó judeus, de razão seria atender-vos, 
mas se é questão de palavra, de nomes, e de vossa lei, tratai disso vós mesmos; eu não quero ser juiz destas 
cousas" 
 
.............................................................. 
 
 
 
RREEAAVVIIVVAAMMEENNTTOO NNOO OOCCIIDDEENNTTEE 
Não foi sempre de ordem espiritual o reavivamento porque passou a Igreja ocidental. Assim 
mesmo, foi uma renovação que a ajudou em sua luta contra o Estado, representado pelo Santo 
Império Romanos. Vários fatores contribuíram para um refortalecimento do poder eclesiástico do 
papa. 
 
Os Documentos de Apoio ao Papado 
A Doação de Constantino tornou-se a base legal para a propriedade de terras pelo papa. A maior 
doação de terras, em que este documento foi usado como justificativa, foi feita por Pepino em 756. 
Pensam alguns que por volta dos meados do século IX, o papa Nicolau l, que foi papa de 858 a 867, 
foi o primeiro a usar uma coleção dos decretos de vários pontífices de Roma. Esta coleção é 
conhecida de variadas formas, como Falsas Decretais ou Decretais de Pseudo-lsidoro. O notável 
documento incluía a Doação de Constantino, decretos ou decretais autênticos ou mesmo forjados 
dos papas de Roma desde o tempo de Clemente de Roma, além de alguns cânones dos grandes 
concílios da Igreja. A Doação de Constantino, primeiramente usada no século VIII, serviu para 
justificar as solicitações papais de terra na Itália as Decretais, no entanto, foram usadas para 
aumentar a força do papa dentro da própria lgreja. As decretais estabeleciam a supremacia do papa 
sobre todos os líderes eclesiásticos da Igreja e concediam a qualquer bispo o direito de apelar 
diretamente para o papa, ultrapassando o chefe secular. Pretendia também o direito da Igreja de ser 
livre do controle secular. Embora não seja certo que algum papa o tenha forjado, muitos papas 
usaram a coleção para apoiar suas alegações de poder dentro da Igreja. 
 
A Doutrina da Missa 
A controvérsia em torno da natureza da presença de Cristo na Comunhão agitou a Igreja ocidental 
ainda no século VIII. A aceitação da idéia da Ceia do Senhor como um sacrifício prestado através do 
sacerdote era uma vitória para o papado, porque o papa dirigia a hierarquia de clérigos, que eram os 
únicos a ministrar o milagre da Missa. Em 831, Pascásio Radberto (785 - 860), um monge do 
mosteiro de Corbie próximo à cidade de Amiens, começou a ensinar que, por milagre divino, a 
substância do pão e do vinho era imediatamente transformada em corpo e sangue de Cristo. Muito 
embora ele não chamasse esta transformação de Transubstanciação, seu ensino indicava claramente 
isto. Esta doutrina aumentava o poder do sacerdote e seu superior na hierarquia, o papa, apesar de 
que a Igreja Romana só a adotasse oficialmente em 1215, e a definisse plenamente no Concilio de 
Trento em 1545. 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 36 
A Reforma Monástica 
As reformas monásticas produzidas pelos mosteiros cluniacenses nos séculos X e XI deram uma 
grande contribuição á supremacia do papado. Os tipos solitário e comunal de monasticismo 
surgiram por volta de 529; daí até 910, os líderes do monasticismo estiveram ocupados na 
sistematização de sua empreitada. No século X, os mosteiros tinham se tornado ricos e corruptos e 
necessitavam urgente de reforma. O primitivo ideal de serviço fora substituído pelo ideal de 
salvação pessoal combinado com uma vida confortável num mosteiro rico. O movimento de 
reforma começado em Cluny foi o primeiro de vários movimentos sucessivos de reforma do 
monasticismo romano. Ele teve efeitos de longo-alcance. No velho sistema monástico cada mosteiro 
tinha seu próprio abade e era independente dos outros mosteiros da mesma ordem. O abade de 
Cluny, entretanto, indicava os abades dos novos mosteiros fundados por ele ou por outros abades 
que deviam submissão ao de Cluny. Esta inovação criou uma ordem centralizada sob a direção de 
um chefe, o abade de Cluny, que trabalhava em íntima harmonia com o papado. Em meados do 
século X, havia perto de 70 mosteiros sob a liderança do abade de Cluny. Os líderes cluniacenses 
demandavam reformas na vida clerical. Condenaram a simonia a prática de comprar e vender 
cargos eclesiásticos por dinheiro e o nepotismo a prática de favorecimento de parentes nas 
indicações para cargos. O celibato foi outro ponto de sua plataforma. Os clérigos não deviam se 
casar nem ter concubinas, para que pudessem dedicar toda a sua atenção aos assuntos eclesiásticos. 
Estes monges pensavam tambémque a Igreja não deveria ser controlada temporalmente ou 
secularmente pelo rei, pelo imperador ou pelo duque. Este programa foi colocado em prática por 
uma série de papas reformistas com a ajuda dos mosteiros cluniacenses. Uma nova ênfase foi dada 
também à vida ascética. 
 
A Origem Da Igreja Ortodoxa Grega 
A Igreja no Oriente jamais conseguiu ser independente como era a do Ocidente, primeiro porque 
estava diante dos olhos do imperador e, segundo, porque tinha que competir com a tradição grego-
romana da cultura que fora preservada no Oriente ao tempo em que o Ocidente atravessava o caos 
cultural da Idade das Trevas. Após a queda do Império Romano, a Igreja no Ocidente não enfrentou 
nenhum grande rival político no trono imperial e ainda cresceu na luta que travou contra os 
problemas relacionados ao caos cultural que sucedeu à queda do Império. 
 
Diferenças e Causas da Separação do Ocidente e Oriente 
Ao transferir sua capital para Constantinopla em 330, Constantino pavimentou a rodovia da 
separação política e, depois, eclesiástica da Igreja em duas grandes seções. Teodósio deu a 
administração das porções oriental e ocidental do Império a diferentes chefes em 395. Com a queda 
do Império Romano no Ocidente na última parte do século V, esta divisão se realizou 
completamente. A Igreja no Oriente esteve sob a jurisdição do imperador , mas o papa em Roma 
estava longe de ser submetido ao seu controle. Na ausência de controle político efetivo no Ocidente, 
o papa tornou-se o líder temporal e espiritual em tempos de crise. Isto deu às duas igrejas uma 
perspectiva inteiramente diferente em relação ao poder temporal. A visão intelectual do Ocidente 
também diferia da do Oriente O Ocidente latino era mais inclinado à consideração de assuntos 
práticos de administração e teve poucos problemas na formulação de uma teologia ortodoxa. A 
mente grega do Oriente se interessava mais pela solução de problemas teológicos em termos filosófi-
cos. A maioria das controvérsias teológicas entre 325 e 451 surgiram no Oriente, mas os mesmos 
problemas provocaram poucas dificuldades em muitos casos no Ocidente. Desse modo, uma série 
de controvérsias dificultou as relações entre o Oriente e o Ocidente. As duas Igrejas diferiam ainda 
em matérias teológicas. Outra diferença entre as duas Igrejas gira em torno do celibato. O 
casamento dos clérigos abaixo da posição de bispo era permitido no Oriente mas no Ocidente os 
clérigos não podiam contrair casamento. Os mesmos problemas surgiram em algumas ocasiões em 
relação ao uso de barba. No Ocidente, o sacerdote poderia raspava barba, mas no Oriente os clérigos 
tinham que mante-la. Embora esses problemas e outros semelhantes possam parecer irrelevantes 
agora, foram de grande importância para as duas metades da Igreja. A controvérsia iconoclasta na 
Igreja oriental nos séculos VIII e IX provocou muitos sentimentos hostis. Em 726, Leão III, como 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 37 
Imperador do Oriente, proibiu qualquer genuflexão diante de esculturas ou imagens, e em 739 
ordenou que tudo, exceto a Bíblia, fosse removido das igrejas e destruído para limitar os poder dos 
monges e para refutar as acusações de idolatria feitas pelos muçulmanos. Esta tentativa de 
reavivamento laico na Igreja oriental gerou a clara oposição entre o clero paroquial e o clero 
monástico. No Ocidente, o papa e até mesmo o Imperador Carlos Magno colocaram-se a favor do 
uso de símbolos visíveis da realidade divina. Esta interferência do Ocidente nos negócios da Igreja 
do Oriente aumentou o antagonismo entre as duas facções. A Igreja no Ocidente continuou a usar 
imagens e esculturas no culto; a Igreja no Oriente, entretanto, eliminou as esculturas mas conservou 
os ícones, geralmente imagens de Cristo às quais se deveria reverenciar mas não cultuar, atitude que 
se deve a Deus somente. 
 
A Vida e o Culto Na Idade Média 
A arquitetura gótica foi precedida por um estilo bizantino no qual grandes abóbadas sobre 
pendentes e mosaicos decorativos foram usadas em Santa Sofia e São Marcos. A arquitetura 
romanesca, posterior, de 1100 a 1150, tinha arcos cilíndricos e uma forma cruciforme. Embora o 
pensamento da arquitetura renascentista mundana visse a arquitetura medieval como bárbara e, por 
isto, gótica, esta idéia não foi sustentada no correr dos séculos. As construções góticas têm certas 
características que mostram a argúcia dos construtores medievais. Quando se vai a uma catedral 
gótica, deve-se notar o plano do teto do edifício em forma de cruz e que expressa o símbolo central 
da Igreja Cristã. O significado da catedral gótica é mais importante do que suas características 
físicas. A catedral representava o espírito sobrenaturalista da época, o que se vê claramente por sua 
posição central na cidade e pela expressão simbólica que faz da verdade bíblica. A catedral teve 
também um grande valor educacional, porque nas janelas de vidro colorido e nas estátuas, o 
camponês iletrado, poderia ver por si mesmo a verdade da Bíblia. A criação da música polifônica, 
que consistia de muitas partes e era, por isto, melhor cantada por coros treinados, acabou com a 
prática do cântico congregacional em uníssono. A música tornou-se sofisticada e colorida como um 
acompanhamento próprio para os mistérios sagrados da missa. 
 
Os Impostos Papais 
Os impostos papais para sustentar duas cortes papais tornaram-se uma carga pesada para o povo da 
Europa. As rendas papais eram obtidas através das rendas das propriedades papais, dos dízimos 
pagos pelos fiéis, das anatas, que era o pagamento do primeiro salário do ano ao papa de parte do 
dignatário eclesiástico, do direito de abastecimento, pelo qual os clérigos e seus dependentes tinham 
que pagar as despesas de viagem do papa enquanto estivesse em sua região, do direito de espólio 
pelo qual a propriedade pessoal do alto clero era passado ao papa depois de sua morte, do Dinheiro 
de Pedro, que era pago anualmente pelos leigos em muitas regiões e da renda dos cargos vacantes 
bem como numerosas taxas. Os novos e poderosos soberanos dos estados nacionais e a forte classe 
média que os sustentavam sentiram o desvio de reservas do tesouro nacional para o tesouro papal. 
Isto foi verdade especialmente com relação aos reis da Inglaterra e da França. Durante o longo 
período do Cativeiro, no século XIV, os ingleses abominaram ter que pagar um dinheiro que por 
certo ia para a França inimiga, uma vez que a residência do papa se localizava em território 
dominado pelo rei francês. 
 
OOSS PPRREECCUURRSSSSOORREESS DDAA RREEFFOORRMMAA 
O movimento místico, a forma clássica de piedade católica, decorreu de uma reação contra o ritual 
sacerdotal formal e mecânico e contra o escolasticismo árido da Igreja de seu tempo. Refletiu a 
tendência constante para o aspecto subjetivo do cristianismo que sempre se manifesta quando se 
acentua demais os atos externos de adoração cristã. Neste sentido, o misticismo pode ser visto como 
antecipador do toque mais pessoal da religião que seria uma das características fundamentais da 
Reforma. Os perigos da substituição da Bíblia pela autoridade interior subjetiva e da minimização 
da doutrina foram alguns dos desvios desses movimentos. Em seus excessos, como foi o caso de 
Meister Eckhart, há o perigo de se ser tão passivo que seus adeptos tornam-se introspectivos e anti-
sociais. No caso de Eckhart, o movimento inclinou-se filosoficamente para uma espécie de 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 38 
panteísmo que identificava Deus com Sua criação e Suas criaturas. Os místicos tinham tentado 
tornar pessoal a religião, mas os reformadores, como Wycliffe, Huss e Savonarola, empenharam-se 
mais numa tentativa de fazer a Igreja voltar ao ideal do Novo Testamento. Wycliffe e Huss foram 
capazes de capitalizar o sentimento nacionalista anti-papal durante o período do CativeiroBabilônico quando o papa residia em Avignon. 
João Wycliffe (1328-1384). 
João Huss (1373-1415). 
Savonarola (1452-1498). 
 
Os Concílios Reformadores, 1409-1449 
Os líderes dos concílios do século XIV procuraram a reforma pela criação de uma liderança 
eclesiástica que representasse os leigos. Os concílios achavam que os representantes do povo da 
Igreja Romana eliminariam os líderes eclesiásticos corruptos. Os concílios não acentuaram o valor 
da Bíblia como o fizeram Huss e Wycliffe, nem procuraram a reforma pela expressão religiosa 
própria dos místicos. A necessidade da reforma dentro da Igreja Romana tornou-se evidente como 
desdobramento do Grande Cisma de 1378. Neste ano, Urbano VI e Clemente Vil se auto-aclamaram 
como sucessores legítimos de São Pedro. Como os países passaram a escolher a quem seguir, a 
Europa tornou-se dividida eclesiástica e politicamente. A França e a Espanha seguiram Clemente Vil 
de Avignon enquanto a Inglaterra e outros países seguiram a Urbano VI de Roma. Os dois tinham 
sido escolhidos pelo Colégio dos Cardeais. Quem decidiria qual deles era o papa? Os teólogos mais 
destacados da Universidade de Paris propuseram que um concílio da Igreja Católica Romana 
resolvesse o problema. Argumentavam eles com o precendente dos concílios ecumênicos do séculos 
IV, V e VI. Um concílio, que representasse toda a igreja, parecia ser a melhor solução visto que 
nenhum dos papas abdicava ou aceitava a decisão de mediadores." Não faltaram justificações para 
um concílio que depusesse um dos papas. Dante, em sua Da Monarquia, escrita em 1311, defendia a 
idéia de que a Igreja não era independente do Estado; o Estado como a Igreja era um braço de Deus; 
ambos são concessões de Deus. O imperador devia assegurar a felicidade do homem aqui; o papa 
deveria levar os homens aos céus. Nenhum tinha supremacia sobre o outro. O concílio foi 
convocado para acabar com o cisma na liderança da Igreja Romana, para reformar esta igreja a 
partir de dentro e para aniquilar com a heresia. 
 
O Concilio de Pisa (1409). 
O Concílio de Constança (1414-1418). 
Os Concílios de Basiléia (1431-1449) e Ferrara-Florença (1438-1449). 
 
Por Que Aconteceu A Reforma? 
Alguns fatores tornaram inevitável a Reforma. Entre muitos, pode-se destacara relutância da Igreja 
Católica Romana medieval em aceitar as mudanças sugeridas por reformadores sinceros como os 
místicos, Wycliffe e Hus, os lideres dos concílios reformadores e os humanistas; o surgimento das 
nações-estados, que se opuseram ao poderio universal do papa e a formação da classe média, que se 
revoltou contra a remessa de reservas para Roma. Sua fixação ao passado, clássico e pagão, 
indiferente às forças dinâmicas que estavam formando uma nova sociedade, a italiana, da qual o 
papado fazia parte, adotou uma forma de vida corrupta, sensual e imoral, embora ilustrada. 
 
A Emergência de um novo Mundo em Expansão 
Por volta de 1500, os fundamentos da velha sociedade medieval estavam ruindo e uma nova 
sociedade, com uma dimensão geográfica muito ampla e com transformações nos padrões políticos, 
econômicos, intelectuais e religiosos, começava a surgir. As mudanças foram realmente 
revolucionárias, por sua natureza e pela força de seus efeitos sobre a ordem social. A síntese 
medieval foi desafiada durante a Reforma, em sua política, pela idéia que a igreja universal deveria 
ser substituída por igrejas nacionais ou estatais e igrejas livres. A sua filosofia escolástica, unida à 
filosofia grega, deu lugar à teologia bíblica protestante. Os sacramentos e as obras deram terreno à 
justificação pela fé somente. A Bíblia, e não a Bíblia e a tradição como interpretada pela igreja, 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 39 
tornou-se a norma. Tudo isto, contudo, após 1650, foi solapado pela filosofia idealista alemã e pela. 
critica bíblica. A civilização ocidental tornou-se cada vez mais secularizada. Como a Europa se 
expandiu globalmente, todo o mundo foi afetado por essa situação. 
 
Mudanças Geográficas. 
O conhecimento geográfico do homem medieval sofreu mudanças fundamentais entre 1492 e 1600. A 
civilização do mundo antigo é tida como Botâmica, por estar ligada aos sistemas fluviais do mundo 
antigo. A civilização da Idade Medieval tem sido chamada de talássica, por ter-se desenvolvido em 
torno dos mares Mediterrâneo e Báltico. Em 1517 as descobertas de Colombo e de outros 
exploradores inauguraram uma era de civilização oceânica, em que os mares do mundo tornaram-se 
as estradas do mundo. Ao tempo em que Lutero traduzia o Novo Testamento para o alemão, em 
1522, o navio de Magalhães completava a sua volta ao mundo. As rotas marítimas para as riquezas 
do Oriente Antigo eram já uma realidade. Países católicos romanos, como Portugal, França e 
Espanha, tornaram-se líderes nas navegações, enquanto as nações protestantes, como Inglaterra e 
Holanda, logo os alcançariam em exploração e colonização. Dois continentes novos e ricos do 
hemisfério ocidental estavam abertos à exploração pelo Velho Mundo. Espanha e Portugal tinham o 
monopólio na América Central e na América do Sul, mas a maior parte da América do Norte, depois 
de um confronto entre a França e a Inglaterra, acabou por ser a nova terra dos anglo-saxões. 
Espanha, Portugal, e mais tarde a França, exportaram uma cultura latina com o catolicismo da 
Contra-reforma levado por conquistadores e clérigos a Quebec, no Canadá e a América Central e do 
Sul, formando uma cultura homogênea. O povo do noroeste europeu exportou a cultura Anglo-
Saxônica, ou teutônica, e o Protestantismo pluralista para formar a cultura dos Estados Unidos e do 
Canadá. Estas culturas têm persistido até o presente no Hemisfério Ocidental. 
 
Mudanças Políticas 
As perspectivas mudaram também no campo político. O conceito medieval de um estado universal 
estava dando lugar ao novo conceito de nação-estado. Diante da independência de cada estado, o 
novo princípio do balanço do poder, orientador das relações internacionais, tomou o seu lugar de 
importância nas guerras religiosas do século XVI e de princípios do XVII. 
 
Mudanças Econômicas 
Surpreendentemente, algumas mudanças econômicas ocorreram um pouco antes da Reforma. 
Durante a Idade Média, a economia dos países da Europa baseava-se na agricultura, sendo que fazia 
do solo a base da riqueza. Por volta de 1500, o ressurgimento das cidades, a abertura de novos 
mercados e a descoberta de fontes de matéria-prima nas recentes terras descobertas inauguraram 
uma era de comércio, em que a classe média mercantil tomou a frente da nobreza feudal na 
liderança da sociedade. Só com a erupção da Revolução. 
 
Mudanças Intelectuais 
As transformações intelectuais provocadas pelo Renascimento, ao norte e ao sul dos Alpes, criaram 
um clima intelectual que favoreceu o desenvolvimento do protestantismo. O interesse pela volta às 
fontes do passado levou os humanistas cristãos do norte ao estudo da Bíblia nas línguas originais. 
Deste modo, as diferenças entre a Igreja do Novo Testamento e a Igreja Católica Romana tornaram-
se claras, para prejuízo da organização eclesiástica, medieval e papista. A ênfase renascentista no 
indivíduo foi um fator preponderante no desenvolvimento do ensino protestante de que a salvação 
era uma questão pessoal, a ser resolvida pelo indivíduo em íntima relação com seu Deus, sem a 
interferência de um sacerdote como mediador humano. O espírito crítico do Renascimento foi usado 
pelos reformadores para justificar sua crítica à hierarquia e aos sacramentos, mediante comparação 
com as Escrituras. Embora o Renascimento na Itália tivesse contornos humanistas e pagãos, as 
tendências que gerou foram assumidas no norte da Europa pelos humanistas e reformadores 
cristãos e por eles usadas para justificar o estudo da Bíblia no original como documento básico da fé 
cristã. 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 40Mudanças Religiosas 
A uniformidade religiosa deu lugar, no início do século XVI, à diversidade religiosa. A autoridade 
da lgreja Romana foi substituída pela autoridade da Bíblia, de leitura livre a qualquer um. O crente, 
individualmente, seria agora o seu próprio sacerdote e o mentor de sua própria vida religiosa em 
comunhão com Deus, depois de aceitar Seu Filho como seu Salvador, pela fé somente. Entre a época 
da descoberta da América, por Colombo, e a fixação das 95 teses na porta da igreja em Wittenberg, 
em 1517, por Lutero, transformações surpreendentes aconteceram ou começaram a acontecer. Os 
padrões estáticos da civilização medieval foram substituídos pelos padrões dinâmicos da sociedade 
moderna. As mudanças no setor religioso não foram as menos importantes que ocorreram na 
civilização européia ocidental. O cristão é impelido à reverência quando nota a mão de Deus nos 
problemas dos homens daquele tempo. 
 
O Que quer Dizer "Reforma"? 
O nome e o sentido dados à Reforma são condicionados pela visão do historiador. O historiador 
católico romano entende-a apenas como uma revolta de protestantes contra a Igreja universal. O 
historiador protestante considera-a como uma reforma que fez a vida religiosa voltar aos padrões do 
Novo Testamento. O historiador secular interpreta-a como um movimento revolucionário. Se se 
considera a Reforma somente a partir de uma perspectiva da política ou da administração 
eclesiástica, ela pode ser tida como uma revolta contra a autoridade da Igreja de Roma e seu chefe, o 
papa. Ao se admitir que a Reforma teve um caráter revolucionário, não se está dizendo 
necessariamente que a verdadeira igreja se restringisse a Roma. Os reformadores, e muitos outros 
que os precederam, procuraram malogradamente reformar a Igreja Católica Romana medieval a 
partir de dentro, mas foram forçados a deixar a velha organização, por causa de suas idéias 
renovadoras. No Catolicismo Romano, porém, a renovação veio mais tarde. O bem conhecido termo 
"Reforma Protestante" foi consagrado pelo tempo. Porque a Reforma procurava voltar à pureza 
original do Cristianismo do Novo Testamento é que se continuou a usar o termo para descrever o 
movimento religioso de 1517 a 1545. Os reformadores estavam interessados em desenvolver uma 
teologia que estivesse em completa concordância com o Novo Testamento; eles criam que isto seria 
possível a partir do instante em que a Bíblia se tornasse a autoridade final da Igreja. Muitos 
protestantes ignoram que o movimento protestante provocou, numa tentativa de lhe conter os 
passos, um movimento de reforma dentro da lgreja Católica Romana que impossibilitou à Reforma 
ganhar mais terreno como vinha fazendo. O movimento reformista que se desenvolveu na Igreja 
Católica Romana, entre 1545 e1563, é conhecido como Contra-Reforma. Na maioria dos casos, a 
Reforma se restringiu à Europa ocidental e aos povos teutônicos de classe média. A igreja oriental e 
os povos latinos do velho império romano não aceitaram a Reforma. Nestas regiões os ideais 
medievais de unidade e uniformidade permaneceram, mas no norte e no ocidente da Europa os 
povos teutônicos os trocaram pela diversidade do protestantismo. Não é fácil aclarar o sentido do 
termo "Reforma". Se for considerada apenas como um movimento religioso de criação de igrejas 
nacionais, seu período de duração vai de 1517 a 1648. Como, porém, a Holanda só aderiu ao 
protestantismo depois do Concílio de Trento, parece mais correio circunscrever a parte mais impor-
tante da Reforma aos anos de 1517 a 1563. Assim, a Reforma é tomada aqui como um movimento de 
reforma religiosa que resultou na formação de igrejas nacionais entre 1517e 1545. A Contra-Reforma, 
por conseguinte, pode aqui ser conceituada então como um movimento de reforma religiosa no 
interior da Igreja Católica Romana, entre 1545 e 1563, graças ao qual ela se estabilizou e se fortaleceu 
depois de duras perdas sofridas para o protestantismo e promoveu um grande movimento 
missionário católico no século XVI que ganhou a América do sul, América Central, Quebec, 
Indochina e Filipinas. 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 41 
AASS IINNTTEERRPPRREETTAAÇÇÕÕEESS DDAA RREEFFOORRMMAA 
A Reforma Calvínista em Genebra - Os milhões que aceitam a fé reformada e sua fundamentação 
doutrinária testemunham a importância do sistema teológico formulado por João Calvino (1509-
1564), designado geralmente pelo termo "calvinismo". O termo "fé reformada" aplica-se ao sistema 
de teologia desenvolvido a partir do sistema de Calvino. "Presbiterianismo" é a palavra usada para 
exprimir a forma de organização eclesiástica concebida por Calvino, que fez de Genebra o centro de 
execução de suas idéias. Calvino pode ser apontado como o líder de segunda geração de 
Reformadores. 
 
Lutero e Calvino 
Calvino faz um interessante contraste com Lutero. Este era de família camponesa, mas o pai de 
Calvino era um tabelião que fez do filho um membro da classe profissional. A formação 
universitária de Lutero foi feita de filosofia e teologia; Calvino no, porém, recebeu uma formação 
humanística; por isso, enquanto ele foi organizador por excelência do protestantismo, Lutero foi a 
sua voz profética. Lutero era fisicamente forte, enquanto Calvino teve de enfrentar problemas de 
saúde durante todo o seu período de trabalho em Genebra. Lutero amava o lar e a família, ao passo 
que Calvino preferia o estudo solitário. Lutero, que vivia numa Alemanha monárquica, esperava o 
apoio dos aristocratas e dos príncipes; Calvino, numa Suíça republicana, interessava-se mais pelo 
desenvolvimento de uma igreja governada representativamente. Lutero e Calvino diferiam tanto 
teologicamente como pessoalmente. Lutero enfatizava a pregação; Calvino preocupava-se com a 
formulação de um sistema formal de teologia. Os dois aceitaram a autoridade da Bíblia, só que a 
ênfase maior de Lutero era sobre a justificação pela fé e a de Calvino, sobre a soberania de Deus. 
Lutero interpretava a consubstanciação como a melhor teologia para a Ceia do Senhor; Calvino 
negava a presença física de Cristo, aceitando apenas a presença espiritual de Cristo pela fé nos 
corações dos participantes. Lutero só rejeitava o que a Bíblia não aprovava; Calvino rejeitava tudo o 
que não pudesse ser provado pela Bíblia. Lutero aceitava a predestinação dos eleitos mas se 
preocupava muito pouco com a eleição para a condenação. Calvino, por sua vez, defendia uma 
eleição dupla, para a salvação e para a condenação, baseada na vontade de Deus, e rejeitou qualquer 
concepção da salvação como fruto do mérito do eleito ou da presciência de Deus, como se Deus 
elegesse para a salvação aqueles que Ele sabia de antemão que creriam. 
 
A Vida de Calvino (até 1536) 
A vida de Calvino pode ser dividida, claramente, em dois grandes períodos. Até 1536, um estudante 
distraído; de 1536 até sua morte em 1564, exceto por um pequeno período de exílio em Estrasburgo, 
de 1538 a 1541, o grande líder de Genebra. Nascido em Noyon, em Picardy, ao norte da França, seu 
pai era um respeitado cidadão, a quem era possível reservar a renda de um benefício eclesiástico 
para a educação de Calvino, a partir dos seis anos de idade. Dois outros benefícios eclesiásticos 
permitiram a Calvino receber o melhor preparo possível antes de ingressar na universidade. 
Calvino se converteu, adotando as idéias da Reforma e dispensando imediatamente o dinheiro das 
rendas eclesiásticas. Forçado a abandonar a França, em 1534, por colaborar com Nicholas Cop, reitor 
da Universidade de Paris, na elaboração de um documento, recheado de Humanismo e de Reforma, 
seguiu para Basiléia. Em Basiléia, terminou sua grande obra As Instituías da Religião Cristã, na 
primavera de 1536; tinha ele então 26 anos de idade. O pequeno livro era dirigido a Francisco l, da 
França, numa tentativa de defender os protestantes da França, que sofriampor sua fé, e pedia a 
Francisco que aceitasse as idéias da Reforma. A primeira edição era apologética e nela Calvino 
demonstrava como entendia a fé cristã. A influência do Catecismo, de Lutero, pode ser percebida na 
seqüência desta primeira edição. Calvino, primeiro, discutia os Dez Mandamentos; depois, tomando 
como base o Credo dos Apóstolos, a Fé; a seguir, a oração, a partir do Pai Nosso; os dois 
Sacramentos; os perigos da doutrina romana acerca da Ceia do Senhor; e, finalmente, a liberdade 
cristã do cidadão, que relacionou à liberdade política. A obra passou por várias edições até a edição 
final em 1559. Esta edição final compõe-se de quatro livros e oito capítulos, constituindo-se num 
amplo texto de teologia. 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 42 
A Teologia de Calvino 
Mesmo correndo o risco de simplificar demais, pode-se resumir a teologia de Calvino com um 
recurso mnemônico simples, geralmente usado pelos estudantes. As primeiras letras dos principais 
termos da teologia de Calvino formam o anagrama TELIP. Coordena sua teologia a idéia da 
soberania absoluta de Deus. Calvino tinha uma concepção majestosa de Deus, a exemplo de alguns 
dos profetas do Antigo Testamento. Ele acentuava a Totalidade da depravação humana, entendendo 
que o homem herdou a culpa do pecado de Adão e nada pode fazer por sua salvação, uma vez que a 
sua vontade está totalmente corrompida. Calvino ensinava que a salvação é um assunto de Eleição 
incondicional e independe do mérito humano ou da presciência de Deus; a eleição é fundamentada 
na soberania da vontade de Deus, havendo uma predestinação dupla, para a salvação e para a 
perdição. Calvino concebia ainda a Limitação da redenção, ao propor que a obra de Cristo na cruz é 
restringida aos eleitos para a salvação. A doutrina da Irresistibilidade da graça é necessária, então; o 
eleito é salvo independentemente de sua vontade, pois o Espírito Santo o dirige irresistivelmente 
para Cristo. A Perseverança (Ou preservação) dos santos é o ponto final do seu sistema; os eleitos, 
irresistivelmente salvos pela obra do Espírito Santo, jamais se perderão. Embora a teologia de 
Calvino tenha contornos muito próximos de Agostinho, ela se deve mais ao estudo da Bíblia do que 
a Agostinho. Como outros reformadores, ele não foi de Agostinho para a Bíblia e daí para as 
doutrinas da Reforma, mas da Bíblia para Agostinho, em busca de apoio do príncipe dos Pais da 
Igreja. Vitorioso, o calvinismo, porém, teve no arminianismo sua primeira oposição na Holanda. 
James Arminius (1559-1609), seu intérprete, foi educado com fundos levantados por amigos e, 
depois, pelas autoridades civis de Amsterdã. Estudou em Leyden, foi aluno de Beza em Genebra e 
viajou muito pela Itália. Em 1603, depois de pastorear por quinze anos em Amsterdã, tornou-se 
professor de teologia em Leyden. Sua tentativa de mudar o calvinismo, para que Deus não fosse 
considerado autor de pecado, nem o homem um autômato nas Suas mãos, gerou a oposição de seu 
amigo Francisco Gomarra. Armínio, então, pediu ao governo a convocação de um sínodo nacional, 
mas morreu antes. Seus seguidores, entre os quais estava Hugo Grotius, entendido em direito 
internacional, compilaram suas idéias na "Representação", de 1610. Armínio e Calvino ensinavam 
que o homem, por ter herdado o pecado de Adão, está sob a ira de Deus. Armínio, porém, cria que o 
homem era capaz de procurar a salvação antes mesmo de Deus lhe conceder a graça fundamental 
que habilita a sua vontade para cooperar com Deus, Calvino entendia que a vontade do homem fora 
tão corrompida pela queda que a salvação era uma questão exclusiva da graça divina. Armínio 
aceitava a eleição mas cria que o processo de salvar alguns e condenar outros tinha "seu fundamento 
na presciência de Deus". Ademais, esta eleição era condicional e não incondicional. Calvino, por sua 
vez, aceitava uma eleição incondicional feita por um Deus soberano, tanto para a graça como para a 
condenação. Armínio interpretava a morte de Cristo como suficiente para todos, embora só fosse 
eficaz para os crentes. Calvino limitou a redenção aos eleitos para a salvação. Armínio ensinava 
ainda que todos os homens poderiam resistir a graça salvadora de Deus. Calvino tomava esta graça 
como irresistível. Armínio respondia à insistência calvinista sobre a perseverança dos santos 
afirmando que Deus concedia aos santos uma graça tamanha que eles não precisariam cair, embora 
a Bíblia praticamente ensinasse que era possível ao homem perder a salvação. Armínio não quis 
fazer de Deus o autor do pecado nem o homem um autômato. Ele supunha que estas modificações 
no calvinismo eliminariam esses perigos da teologia. Só em 1618, até 1619, o sínodo se reuniu em 
Dort, constituindo-se realmente numa assembléia calvinista internacional, porque 28 dos 130 
presentes eram calvinistas vindos da Inglaterra, de Bremen do Palatinado, da Suíça e de outros 
países. Os 13 arminianos participaram do encontro na condição de defensores. Aprovados cinco 
artigos calvinistas contrários à Representação de 1610, os ministros que seguiram Armínio foram 
depostos de seu cargos. Só em 1625 cessou a perseguição aos arminianos. O arminianismo exerceu 
influência considerável sobre uma ala da Igreja Anglicana do século XVII, sobre o movimento 
metodista do século XVIII e sobre o Exército da Salvação. 
 
 
 
 
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OOUUTTRROOSS MMOOTTIIVVOOSS DDEE PPEERRSSEEGGUUIIÇÇÕÕEESS 
Os primeiros cristãos não criam que pertenciam a uma nova religião. Eles eram judeus, e a principal 
diferença que os separava do resto do judaísmo era que criam que o Messias tinha vindo, enquanto 
que os demais judeus ainda aguardavam o seu advento. Sua mensagem aos judeus não era, 
portanto, que tinham de deixar de ser judeus , mas ao contrário, agora a idade messiânica havia sido 
inaugurada, dessa forma deviam ser melhores judeus. “ Se fosse, com efeito, alguma injustiça ou 
crime da maior gravidade , ó judeus, de razão seria atender-vos, mas se é questão de palavra, de 
nomes, e de vossa lei, tratai disso vós mesmos; eu não quero ser juiz destas cousas" (Atos 18.14-15). 
E mais tarde, quando se produz um motim no Templo porque alguns acusam Paulo de haver 
introduzido um gentio no recinto sagrado, e os judeus tratam de matá-lo, são os oficiais romanos 
que salvam a vida do apóstolo. Logo, os romanos concordavam com os primeiros cristãos e com os 
judeus de que se tratava aqui de um conflito entre judeus. E, sempre que não se produzisse um 
alvoroço excessivo, os romanos preferiam que os próprios judeus resolvessem essa classe de 
problemas. Mas quando o tumulto era demasiado, os romanos intervinham para restaurar a ordem 
e às vezes para castigar os culpados. Um caso que ilustra esta situação é a expulsão dos judeus de 
Roma pelo imperador Cláudio, por volta do ano 51. Atos 18.2 menciona esta expulsão, ainda que 
sem explicar suas razões. Mas o historiador romano Suetônio nos oferece um dado intrigante, ao nos 
dizer que os judeus foram expulsos de Roma porque estavam causando distúrbios constantes "por 
causa de Cresto". A maioria dos historiadores concorda em que "Cresto" é o próprio Cristo, cujo 
nome teria sido mal escrito. Portanto, o que sucedeu em Roma parece ter sido que, como em tantos 
outros lugares, a pregação cristã causou tantas desordens entre os judeus, que o imperador decidiu 
expulsar todos eles. Em Roma, nestes tempos, a disputa entre judeus e cristãos parecia ser uma 
questão interna dentro do judaísmo. Entretanto, à medida que o cristianismo foi se estendendo cada 
vez mais entre os gentios e a proporção de judeus dentro da igreja foi diminuindo, tanto cristãos 
como judeus e romanos foram estabelecendo distinções cada vez mais claras entre o judaísmo e o 
cristianismo. Há também certas indicações de que, em meio ao crescente sentimento nacionalista 
que levou os judeusa se revelarem contra Roma e que culminou na destruição de Jerusalém, os 
cristãos — especialmente os gentios entre eles trataram de mostrar claramente que eles não 
formavam parte desse movimento. O resultado de tudo isto foi que as autoridades romanas 
enfrentaram pela primeira vez o cristianismo como uma religião à parte do judaísmo. Foi então que 
começou a história dos dois séculos e meio de perseguições por parte do Império Romano. Tinham 
de deixar de ser judeus, mas ao contrário, agora a idade messiânica havia sido inaugurada, dessa 
forma deviam ser melhores judeus. De igual modo, a primeira pregação aos gentios não foi um 
convite para aceitar uma nova religião recém criada, mas foi o convite de fazer-se participante das 
promessas feitas a Abraão e sua descendência. Convidaram os gentios a se fazerem filhos de Abraão 
segundo a fé, já que não podiam selos segundo a carne. E a razão para que este convite fosse 
possível era que, desde os tempos dos profetas, o judaísmo havia crido que, com o advento do 
Messias, todas as nações seriam trazidas a Sião. Para aqueles cristãos, o judaísmo não era uma 
religião rival do cristianismo, mas sim a mesma religião, muito embora os que a seguissem não 
entendessem que as profecias já se haviam cumprido. Do ponto de vista dos judeus não cristãos, a 
situação era a mesma. O cristianismo não era uma nova religião, mas sim uma seita herética dentro 
do judaísmo. Já vimos que o judaísmo do século primeiro não era uma unidade monolítica, mas que 
havia diversas seitas e opiniões. Portanto, ao aparecer o cristianismo, os judeus não o viam senão 
como mais uma seita. A conduta daqueles judeus em relação ao cristianismo pode ser 
compreendida se nos colocarmos em seu lugar, e virmos o cristianismo, a partir do seu ponto de 
vista, como uma nova heresia que ia de cidade em cidade tentando os bons judeus a se tornarem 
hereges. Ademais, naquela época — e não sem fundamentos bíblicos muitos judeus criam que a 
razão pela qual haviam perdido sua antiga independência e haviam sido reduzidos ao papel de 
súditos do Império, era que o povo não havia sido suficientemente fiel à fé de seus antepassados. 
Portanto, o sentimento nacionalista e patriótico se exacerbava diante da possibilidade de que estes 
novos hereges pudessem uma vez mais provocar a ira de Deus sobre Israel. Por estas razões, em boa 
parte do Novo Testamento os judeus perseguem os cristãos, que por sua vez encontram refúgio nas 
autoridades romanas. Isto se pode ver, por exemplo, quando alguns judeus em Corinto acusam 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 44 
Paulo diante do Procônsul Gálio, dizendo que "este persuade os homens a adorar a Deus de modo 
contrário à lei", e Gálio responde: "Se fosse, com efeito, alguma injustiça ou crime da maior 
gravidade, ó judeus, de Império Romano. Nesse contexto a perseguição sob Nero foi de enorme 
importância, não tanto por sua magnitude, mas por ter sido a primeira de uma larga série, de 
crueldade sempre crescente. Durante os primeiros anos do cristianismo, este existiu dentro do 
marco do judaísmo. Nessa situação, o judaísmo tratou de extirpá-lo, e disso há abundantes provas 
no livro de Atos e em outros livros do Novo Testamento. Mas a partir de então, nunca mais esteve o 
judaísmo em posição de perseguir os cristãos, enquanto que muitas vezes estes tenham estado em 
posição de perseguir os judeus. Quando o cristianismo veio a ser a religião da maioria, e os judeus 
se tornaram uma minoria dentro de toda uma sociedade que se chamava cristã, foram muitos os 
cristãos que, levados pelo que se diz no Novo Testamento acerca da oposição dos judeus ao 
cristianismo, fomentaram o sentimento anti-judaico. Justino, o Mártir Durante todo o século 
segundo, e boa parte do terceiro não houve uma perseguição sistemática contra os cristãos. Ser 
cristão era ilícito; mas só eram castigados quando por alguma razão os cristãos eram levados diante 
dos tribunais. Se por alguma razão alguém queria destruir algum cristão, tudo o que tinha de fazer 
era levá-lo diante dos tribunais. Tal parece ter sido o caso de Justino, acusado por seu rival 
Crescente. Em outras ocasiões, como no martírio dos cristãos de Leão e Viena, era a populaça que, 
instigada por toda classe de rumores acerca dos cristãos, exigi? que fossem presos e castigados. Em 
tais circunstâncias, os cristãos se viam na necessidade de fazer tudo o que estivesse ao seu alcance 
para dissipar os rumores e as falsas acusações que circulavam acerca de suas crenças e de suas 
práticas. Se conseguissem que seus concidadãos tivessem um conceito mais elevado da fé cristã, 
ainda que não chegassem a convencê-los, pelo menos conseguiriam diminuir a ameaça da 
perseguição. A esta tarefa se dedicaram alguns dos mais hábeis pensadores e escritores entre os 
cristãos, aos quais é dado o nome de "apologistas", isto é, defensores. E alguns dos argumentos em 
prol da fé cristã que aqueles apologistas empregaram vêm sendo utilizados na defesa da fé através 
dos séculos. 
 
As acusações contra os cristãos 
O que se dizia acerca dos cristãos pode ser classificado em duas categorias; os rumores populares e 
as críticas por parte da classe culta. Os rumores populares se baseavam geralmente em algo que os 
pagãos ouviam dizer ou viam os cristãos fazer, e então o interpretavam erroneamente. Por exemplo, 
os cristãos se reuniam todas as semanas para celebrarem uma refeição a que freqüentemente 
chamavam "festa de amor". Essa refeição era celebrada em privativo, e somente eram admitidos os 
que haviam sido iniciados na fé, isto é, os batizados. Além disso, os cristãos se chamavam "irmãos" 
entre si, e não faltavam casos em que homens e mulheres diziam estar casados com seus "irmãos" e 
"irmãs". Baseados nestes fatos, foram se tecendo rumores cada vez mais exagerados, e muitos 
chegaram a crer que os cristãos se reuniam para celebrar uma orgia em que se davam uniões 
incestuosas. Segundo os rumores, os cristãos comiam e bebiam até embriagarem-se, e então 
apagavam as luzes e davam corda às suas paixões. O resultado era que muitos se uniam 
sexualmente a seus parentes mais próximos. Também baseado na comunhão surgiu outro rumor. Já 
que os cristãos falavam de comer a carne de Cristo, e já que também falavam do menino que havia 
nascido em um estábulo, alguns dos pagãos chegaram a crer que o que os cristãos faziam era 
esconder um menino recém-nascido dentro de um pão, e o colocarem diante de uma pessoa que 
desejava ser cristã. Os cristãos então ordenavam que cortasse o pão, e logo devoravam o corpo ainda 
palpitante do menino. O neófito, que se havia feito participante de tal crime, ficava assim 
comprometido a guardar o segredo. Todas estas idéias e muitas outras que circulavam acerca dos 
cristãos eram todas luzes falsas, e para refutá-las os cristãos deviam apenas apontar para sua 
própria vida e conduta, cujos princípios eram muito mais restritos do que os dos pagãos. Mas havia 
outras acusações que se faziam contra os cristãos, não pelo vulgo mal informado, mas por pessoas 
cultas, muitas das quais conheciam algo das doutrinas cristãs. Sob diversas for-mas, todas estas 
acusações podiam ser resumidas em uma: os cristãos eram pessoas ignorantes cujas doutrinas, 
pregadas sob um verniz de sabedoria, eram em realidade néscias e contraditórias. Em geral, esta era 
a atitude que adotavam os pagãos cultos e de boa posição social, para quem os cristãos eram uma 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 45 
gentalha desprezível. 
 
Fé crista e cultura pagã 
Os cristãos do segundo século eram acusados de ser gente bárbara e inculta, portanto eles se viram 
obrigados a discutir a questão das relações entre sua fé e a cultura paga. Naturalmente, dentro da 
igreja todos concordavam em que tudo aquilo que se relacionasse com o culto dos deuses devia ser 
rejeitado. Por esta razão os cristãos não participavam de muitas cerimônias civis,nas quais se 
ofereciam sacrifícios e juramentos aos deuses. Também lhes era proibido serem soldados, em parte 
porque poderiam se ver obrigados a matar a alguém e em parte porque os soldados deviam fazer 
juramentos e oferecer sacrifícios a César e aos deuses. De igual modo, haviam muitos cristãos que 
pensavam que as letras clássicas não deviam ser estudadas, pois nelas se contava toda a sorte de 
superstição e até de imoralidade acerca dos deuses. Para ser cristão era necessário se comprometer 
ao culto único de Deus e de Jesus Cristo, e qualquer concessão em sentido contrário equivalia a 
renegar Jesus Cristo, que por sua vez renegaria o apóstata no dia do juízo. Mas, se todos 
concordavam quanto à necessidade de se abster da idolatria, nem todos concordavam quanto à 
postura que devia ser adotada diante da cultura clássica pagã. Essa cultura incluía a obra e o 
pensamento de sábios tais como Platão, Aristóteles e os estóicos, cuja sabedoria tem recebido a 
admiração de muitos até nossos dias. Rejeitá-la equivalia a rejeitar muito do melhor que o espírito 
humano havia produzido. Aceitá-la poderia parecer como uma concessão ao paganismo e como o 
começo de uma nova idolatria. Diante desta alternativa, os cristãos dos séculos segundo e terceiro 
seguiram dois caminhos. De um lado, alguns não viam senão uma oposição radical entre a fé cristã e 
a cultura pagã. Esta postura foi expressada nos princípios do século terceiro por Tertuliano, em uma 
frase que se fez famosa: "Que tem Atenas a ver com Jerusalém? Ou que tem a ver a Academia com a 
Igreja?" Tertuliano escreveu estas linhas porque, como veremos mais adiante, em seu tempo 
circulavam muitas tergiversações do cristianismo, e ele estava convencido de que estas heresias se 
deviam ao fato de que alguns haviam tratado de combinar a fé cristã com a filosofia pagã. Mas ainda 
antes de que tais heresias constituíssem uma preocupação fundamental para os cristãos, já havia 
quem adotasse uma postura semelhante frente à cultura clássica. Talvez o melhor exemplo disso 
possa se ver no "Discurso aos gregos" composto por Taciano, o mais famoso discípulo de Justino. 
Esta obra é um ataque frontal contra tudo o que os gregos consideravam valioso, e uma defesa dos 
"bárbaros", isto é, dos cristãos. Os gregos chamavam "bárbaros " a todos os que não falavam como 
eles, e portanto o primeiro fato que Taciano lhes atira na cara é que eles mesmos não se puseram de 
acordo quanto a como se devia falar o grego, pois em cada região se falava de um modo diferente. 
Além disso, estas pessoas que pensam que sua língua é a suprema criação humana inventaram a 
retórica, que não é senão a arte de vender as palavras por ouro, oferecendo-lhes ao melhor licitador, 
mesmo que com isso se perca a liberdade de pensamento e se defenda a injustiça e a mentira. Tudo 
o que há de valioso entre os gregos — prossegue Taciano — eles o tomaram dos bárbaros. Assim, 
por exemplo, a astronomia aprenderam dos babilônios, a geometria dos egípcios e a escrita dos 
fenícios. E o mesmo pode se dizer acerca da filosofia e da religião, pois os escritos de Moisés são 
muito mais antigos que os de Platão, e até mais antigos que os de Homero. Em conclusão, a igreja 
crista antiga estava formada em sua maioria por pessoas humildes para quem o fato de haverem 
sido adotadas como herdeiras do Rei dos reis era motivo de grande regozijo. Isto pode ser visto em 
seu culto, em sua arte e em muitas outras manifestações. A vida cotidiana de tais cristãos 
desenvolvia-se na penumbra rotineira em que vivem os pobres de todas as sociedades. Mas aqueles 
cristãos viviam na esperança de uma nova luz que viria a suplantar a luz injusta e idólatra da 
sociedade em que viviam. 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 46 
 
BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA 
 
• CAIRNS, Earle E. - O Cristianismo Através dos Séculos, Uma história da igreja cristã – 2ª ed. 
São Paulo, Vida Nova, 1995. 
• GONZÁLEZ, Justo L. – E até os Confins da Terra: Uma história ilustrada do cristianismo, A era 
dos mártires – São Paulo, Vida Nova, 1995. 
• SCOTT , Benjamin - As Catacumbas de Roma – Benjamin Scott – Editora CPAD. 
• VIELHAUER, Philipp - História da Literatura Cristã Primitiva – Ed. São Paulo, Ed. Academia 
Cristã, 2005. 
• GONZALEZ, Justo L. - A Era dos Novos Horizontes – Reimpressão da 1ª Ed. São Paulo, Edições 
Nova Vida, 1991. 
• GONZALEZ, Justo L. - A Era dos Conquistadores – Reimpressão da 1ª Ed. São Paulo, Edições 
Nova Vida, 1995. 
• HURLBUT, Jesse Lyman - História da Igreja Cristã - 14a Edição, São Paulo, Editora Vida, 2002. 
• CURTIS, Kenneth A. - LANG, Stephen J. - PETERSEN,Randy Petersen - Os 100 Acontecimentos 
mais importantes da história do Cristianismo, Do incêndio de Roma ao crescimento da igreja na China 
- 5ª Edição, São Paulo, Editora Vida, São Paulo, 2003. 
• KNIGHT, A. & ANGLIN, W. - História do Cristianismo - Dos apóstolos do Senhor Jesus ao século 
XX -11a Edição, Rio de Janeiro, Editora CPAD, 2001. 
 
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