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ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 3 PPLLAANNOO DDEE AAUULLAA AAPPOOSSTTIILLAADDOO Escola de Teologia do Espírito Santo HHHHHHHHiiiiiiiissssssssttttttttóóóóóóóórrrrrrrriiiiiiiiaaaaaaaa ddddddddaaaaaaaa IIIIIIIIggggggggrrrrrrrreeeeeeeejjjjjjjjaaaaaaaa Da igreja primitiva à reformada ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 4 © Copyright 2004, Escola de Teologia do ES A Escola de Teologia do ES é amparada pelo disposto no parecer 241/99 da CES – Câmara de Ensino Superior O ensino à distância é regulamentado pela lei 9.394/96 – Artº 80 e é considerado um dos mais avançados sistemas de ensino da atualidade ■ Todos os direitos em língua portuguesa reservados por ESCOLA DE TEOLOGIA DO ES Rua Cabo Ailson Simões, 560 - Centro – Vila Velha- ES Edifício Antônio Saliba – Salas 802/803 CEP 29 100-325 Telefax (27) 3062-0773 www.esutes.com.br ■ PROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE. Todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Versão Almeida Corrigida e Fiel(ACF) ©2008, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana. O presente material é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em questão. A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da apostila, segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo aborda, bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados. TEOLOGIA DO ES, Escola de - Título original: História da Igreja, Da igreja primitiva à reformada – Espírito Santo: ESUTES, 2004. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 5 ____________________________ SSSSSSSSUUUUUUUUMMMMMMMMÁÁÁÁÁÁÁÁRRRRRRRRIIIIIIIIOOOOOOOO ____________________________ UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIII AAAAAAAA PPPPPPPPRRRRRRRRÉÉÉÉÉÉÉÉ--------EEEEEEEEXXXXXXXXIIIIIIIISSSSSSSSTTTTTTTTÊÊÊÊÊÊÊÊNNNNNNNNCCCCCCCCIIIIIIIIAAAAAAAA DDDDDDDDAAAAAAAA IIIIIIIIGGGGGGGGRRRRRRRREEEEEEEEJJJJJJJJAAAAAAAA A origem da Igreja................................................................................................................................................5 A plenitude dos Tempos.......................................................................................................................................6 Contribuições religiosas dos Judeus....................................................................................................................9 A Igreja Apostólica..............................................................................................................................................10 UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIII AAAAAAAASSSSSSSS EEEEEEEERRRRRRRRAAAAAAAASSSSSSSS DDDDDDDDAAAAAAAA IIIIIIIIGGGGGGGGRRRRRRRREEEEEEEEJJJJJJJJAAAAAAAA A era sombria.....................................................................................................................................................12 As perseguições Imperiais.................................................................................................................................13 A igreja Imperial.................................................................................................................................................15 A igreja Medieval................................................................................................................................................17 A igreja Reformada.............................................................................................................................................22 A igreja Atual......................................................................................................................................................24 UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII OOOOOOOO AAAAAAAAVVVVVVVVAAAAAAAANNNNNNNNÇÇÇÇÇÇÇÇOOOOOOOO DDDDDDDDOOOOOOOO CCCCCCCCRRRRRRRRIIIIIIIISSSSSSSSTTTTTTTTIIIIIIIIAAAAAAAANNNNNNNNIIIIIIIISSSSSSSSMMMMMMMMOOOOOOOO Primeiro aos Judeus..........................................................................................................................................28 O ambiente de Paulo.........................................................................................................................................31 Com os bispos e os diaconos............................................................................................................................31 A vida da Igreja..................................................................................................................................................34 UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIVVVVVVVV RRRRRRRREEEEEEEEAAAAAAAAVVVVVVVVIIIIIIIIVVVVVVVVAAAAAAAAMMMMMMMMEEEEEEEENNNNNNNNTTTTTTTTOOOOOOOO,,,,,,,, DDDDDDDDIIIIIIIIVVVVVVVVIIIIIIIISSSSSSSSÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO NNNNNNNNAAAAAAAA IIIIIIIIGGGGGGGGRRRRRRRREEEEEEEEJJJJJJJJAAAAAAAA EEEEEEEE RRRRRRRREEEEEEEEFFFFFFFFOOOOOOOORRRRRRRRMMMMMMMMAAAAAAAA Reavivamento no Ocidente...............................................................................................................................35 Os precurssores da Reforma............................................................................................................................37 As interpretações da Reforna............................................................................................................................41 Outros motivos de perseguições......................................................................................................................43 BBBBBBBBIIIIIIIIBBBBBBBBLLLLLLLLIIIIIIIIOOOOOOOOGGGGGGGGRRRRRRRRAAAAAAAAFFFFFFFFIIIIIIIIAAAAAAAA.................................................................................................................................................46 ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 6 UUNNIIDDAADDEE II AA PPRRÉÉ--EEXXIISSTTÊÊNNCCIIAA DDAA IIGGRREEJJAA ............................................................... “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor”. .............................................................. AA OORRIIGGEEMM DDAA IIGGRREEJJAA A igreja de Cristo sempre existiu na mente e coração do Pai, desde antes da fundação do universo. “I Pedro 1.20 O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimostempos por amor de vós”. O plano de Salvação estava traçado por Deus desde o eterno passado. O sacrifício fora feito antes da fundação do universo, isto é, antes mesmo de ser efetuado no calvário, o cordeiro já era conhecido pelo Pai. Em uma ordem lógica, podemos admitir que : Deus fundou a Igreja, Jesus Cristo formou a Igreja e o Espírito Santo confirmou a Igreja. Assim, o projeto no coração de Deus, a formação pelo ministério de Cristo e a confirmação, no dia de Pentecostes, pelo poderoso derramamento do Espírito Santo. A Fundação da Igreja “Efésios 3.9 demonstra a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo”. A Igreja que antes era um mistério " oculta em Deus " fora revelada em Cristo, tornando-se o " segredo de Deus " conhecido aos homens. A expressão " oculto em Deus " indica que a igreja esteve sempre na mente de Deus, e vindo a ser conhecida pelo ministério terreno de Jesus Cristo e o Espírito Santo. A Igreja de Deus, começou a formar e revelar-se no tempo, quando João Batista disse; “Eis o Cordeiro de Deus”. João 1.36. O Nascimento da Igreja A Igreja de Cristo iniciou sua história com um movimento de âmbito mundial, no dia de Pentecostes, cinqüenta dias após a ressurreição, e dez dias depois da ascensão do Senhor Jesus Cristo. Na manhã do dia de Pentecostes - 120 seguidores de Jesus oravam reunidos - Línguas de fogo desceram sobre eles - Falaram em outras línguas O tríplice efeito do Pentecostes - Iluminou a mente dos discípulos - Compreenderam que o Reino não era político - Deveriam estar totalmente na dependência do Espírito Santo ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 7 AA PPLLEENNIITTUUDDEE DDOOSS TTEEMMPPOOSS Em Gálatas 4.4, Paulo chama a atenção para a era histórica da preparação providencial que antecedeu a vinda de Cristo a terra em forma humana: "Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho..." Marcos também indica que a vinda de Cristo aconteceu quando estava tudo já preparado na terra (Mc 1.15). O estudo dos eventos que antecederam o aparecimento de Cristo sobre esta terra faz com que o estudante equilibrado reconheça a verdade das afirmações de Paulo e Marcos. Na maioria das discussões sobre este assunto, esquece-se que não apenas os judeus, mas os gregos e os romanos também, contribuíram para a preparação religiosa para a aparição de Cristo. A contribuição grega e romana foi, na realidade, negativa, mas em muito contribuiu para levar o desenvolvimento histórico até o ponto em que Cristo pudesse exercer o impacto máximo sobre a história de uma forma até então impossível. Contribuições Políticas dos Romanos A contribuição política anterior à vinda de Cristo foi basicamente obra dos romanos. Este povo, seguidor do caminho da idolatria, dos cultos de mistérios e do culto ao imperador, foi então usado por Deus, a quem ignoravam, para cumprir a sua vontade. Os romanos, como nenhum outro povo até então, desenvolveram um sentido da unidade da espécie sob uma lei universal. Este sentido da solidariedade do homem no Império criou um ambiente favorável à aceitação do Evangelho que proclamava a unidade de raça humana, baseada no fato de que todos os homens estavam sob a pena do pecado e no fato de que a todos era oferecida a salvação que os integra num organismo universal, a Igreja Cristã, o Corpo de Cristo. Nenhum império do antigo Oriento Próximo, nem mesmo o império de Alexandre, tinha conseguido dar aos homens um sentido de unidade numa organização política. A unidade política seria a contribuição particular de Roma. A aplicação da lei romana aos cidadãos de todo o Império era imposta diariamente a todos os cidadãos e súditos do Império pela justiça imparcial das cortes romanas. Esta lei romana se originava da lei consuetudinária da antiga monarquia. Durante a primeira república, no quinto século, antes de Cristo, esta lei foi codificada nas Doze Tábuas, que eram parte essencial na educação de toda criança romana. A compreensão de que os grandes princípios da lei romana eram também parte das leis de todas as nações sob o domínio dos romanos como praetor peregrinus, que era encarregado da tarefa de tratar com as cortes em que estrangeiros estivessem sendo julgados, tornou-se realidade para todos os sistemas jurídicos desses estrangeiros. Assim, o código das Doze Tábuas, baseado no costume romano, foi enriquecido pelas leis de outras nações. Os romanos de inclinação filosófica explicavam essas semelhanças pelo uso do conceito grego de uma lei universal cujos princípios foram escritos na natureza do homem e seriam descobertos por um processo racional. Um passo adicional no estabelecimento da idéia de unidade foi a garantia de cidadania romana aos não romanos. Este processo foi principiado no período anterior ao nascimento de Cristo e foi completado quando Caracala concedeu, em 212, a todos os homens livres do Império Romano a cidadania romana. O Império Romano reunia todo o mundo mediterrâneo que contava na história de então; desse modo para todos os propósitos práticos, todos os homens estavam debaixo de um sistema jurídico, como cidadãos de um só reino. A lei romana com sua ênfase sobre a dignidade do indivíduo, e no direito deste à justiça e a cidadania romana, além de sua tendência a agrupar homens de raças diferentes numa só organização política, antecipou um Evangelho que proclamava a unidade da raça ao anunciar a pena do pecado e o Salvador do pecado. Paulo lembrou aos da igreja de Filipenses que eles eram membros de uma comunidade celestial (Fp 3.20). A movimentação livre em torno do mundo mediterrâneo teria sido mais difícil para os mensageiros do Evangelho antes de César Augusto (27 a.C. - 14 d.C). A divisão do mundo antigo em grupos, cidades – estados ou tribos, pequenos e enciumados um do outro, impedia a circulação e a propagação de idéias. Com o aumento do poderio imperial romano no período da expansão imperial, uma era de desenvolvimento pacífico ocorreu nos países ao redor do Mediterrâneo. Pompeu tinha varrido os piratas do Mediterrâneo e os soldados romanos mantinham a paz nas estradas da Ásia, África e ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 8 Europa. Este mundo relativamente pacífico tornou mais fácil a movimentação dos primeiros cristãos nas cidades onde pregavam o Evangelho a todos os homens. Os romanos criaram um ótimo sistema de estradas que iam do marco áureo no fórum a todas as regiões do Império. As estradas principais eram de concreto e duraram séculos. Elas passavam por montes e vales até chegarem aos pontos mais distantes do Império; algumas delas são usadas até hoje. Um estudo das viagens de Paulo indica que ele se serviu muito deste ótimo sistema viário para atingir os centros estratégicos do Império Romano. As estradas romanas e as cidades estrategicamente localizadas às margens dessas estradas foram uma ajuda indispensável na concretização da missão de Paulo. O papel do exército romano .no desenvolvimento do ideal de uma organização universal é na propagação do Evangelho não pode ser ignorado. Os romanos adotavam a prática de usar habitantes das províncias no exército como forma de suprir a falta de cidadãos romanos atingidos pelas guerras e pelo conforto da vida. Os provincianos entravam em contato com a cultura romana e ajudavam a divulgar suas idéias através do mundo antigo. Em muitos casos, alguns destes homens converteram-se ao cristianismo e levaram o Evangelho às regiões para onde eram designados. É provável que a introdução do cristianismo na Bretanha seja um resultado dos esforços de soldados cristãos que acantonaram por lá. As conquistas romanas levaram muitos povos à falta de fé em seus deuses, uma vez que eles não foram capazes de protegê-los dos romanos. Tais povos foram deixados num vácuoespiritual que não estava sendo satisfeito pelas religiões de então. Além disso, os substitutos que Roma tinha a oferecer em lugar das religiões perdidas nada mais podiam fazer além de levar os povos a compreenderem sua necessidade de uma religião mais espiritual. O culto ao imperador romano, que surgiu cedo na Era Cristã, fazia um apelo ao povo somente como um meio de tornar tangível o conceito de Império romano. As várias religiões de mistério pareciam oferecer muito mais que isso como um meio de auxílio espiritual e emocional, e nelas o Cristianismo achou seu maior rival. A adoração de Cibele, a grande mãe terra, foi trazida da Frigia para Roma. A adoração desta deusa da fertilidade tinha ritos tais como o drama da morte e ressurreição do consorte de Cibele, Átis, o que parecia suprir as necessidades emocionais dos homens. O culto à Ísis, importado do Egito, era semelhante ao de Cibele, com sua ênfase sobre a morte e ressurreição. O Mitraísmo importado da Pérsia, teve aceitação especial entre os soldados romanos. Tinha um festival em dezembro, um Maligno, um Salvador nascido miraculosamente Mitra, um deus-salvador além de capelas e cultos de adoração. Contribuições Intelectuais dos Gregos Embora importante para a preparação para a vinda de Cristo, a contribuição romana foi ofuscada pelo ambiente intelectual criado pela mente grega. A cidade de Roma pode ser identificada com o ambiente político do cristianismo, mas foi Atenas que ajudou a criar um ambiente intelectual propício à propagação do Evangelho. Os romanos podem ter sido os conquistadores dos gregos, mas como indicou Horácio; (65 a.C - 8 d.C) em sua poesia, os gregos conquistaram os romanos culturalmente. A mente prática dos romanos pode ter construído boas estradas, pontes fortes e belos edifícios, mas a grega erigiu os grandiosos edifícios da mente. Foi graças à influência grega que a cultura basicamente rural da antiga República deu lugar à cultura intelectual do Império. O Evangelho universal precisava de uma língua universal para poder exercer um impacto real sobre o mundo. Os homens têm procurado desde a Torre de Babel criar uma língua universal para que possam comunicar suas idéias uns aos outros sem problemas. Assim como o inglês no mundo moderno e o latim no mundo medieval erudito, o grego tornou-se no mundo antigo, ao tempo em que o Império Romano apareceu, a língua universal. Os romanos mais ilustres sabiam grego e latim. O processo pelo qual o grego se tomou o vernáculo do mundo é interessante. O dialeto ático usado pelos atenienses começou a ser usado amplamente no quinto século antes de Cristo com a solidificação do Império Ateniense. Mesmo depois de o Império ser destruído ao final do quinto século, o dialeto de Atenas, que se originara da literatura grega clássica, tornou-se a língua que Alexandre, seus soldados e os comerciantes do mundo helenístico, entre 338 e 146 a.C., modificaram, enriqueceram e espalharam através do mundo mediterrâneo. Foi através deste dialeto ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 9 do homem comum, conhecido como koinê e diferente do grego clássico, que os cristãos foram capazes de se comunicar com os povos do mundo antigo, usando-o inclusive para escrever o seu Novo Testamento, o mesmo fazendo os judeus de Alexandria para escrever seu Velho Testamento, a Septuaginta . Só recentemente se soube que o grego do Novo Testamento era o grego do homem comum dos dias de Jesus Cristo, o que o diferencia do grego dos clássicos. Um teólogo alemão chegou mesmo a dizer que o grego do Novo Testamento era um grego especial criado pelo Espírito Santo para a produção do Novo Testamento. A filosofia grega preparou o caminho para a vinda do Cristianismo por ter levado à destruição as antigas religiões. Qualquer um que chegasse a conhecer seus princípios, fosse grego ou romano, logo perceberia que sua disciplina intelectual tornou a religião tão ininteligível que a acabava abandonando em favor da filosofia. A filosofia falhou, porém, na satisfação das necessidades espirituais do homem, que se via obrigado então a tornar-se um cético ou a procurar conforto nas religiões de mistério do Império Romano. Á época do advento de Cristo, a filosofia descera do ponto elevado que alcançara com Platão para um sistema de pensamento individualista egoísta, como é o caso do Estoicismo ou do Epicurismo. Na maioria dos casos, a filosofia apenas aspirava por Deus, fazendo dele uma abstração; jamais revelava um Deus pessoal de amor. Este fracasso da filosofia do tempo da vinda de Cristo tornou as mentes humanas prontas para entender uma apresentação mais espiritual da vida. Só o cristianismo pode preencher o vazio na vida espiritual de então. A outra forma pela qual os grandes filósofos gregos ajudaram o cristianismo está ligada ao fato de chamarem a atenção dos gregos para uma realidade que transcendia o mundo temporal e visível em que viviam. Tanto Sócrates quanto Platão ensinaram, cinco séculos antes de Cristo, que este presente mundo temporal dos sentidos é apenas uma sombra do mundo real em que os ideais supremos são ao mesmo tempo abstrações intelectuais, o bem, a beleza e a verdade. Insistiam que a realidade não era temporal e material, mas espiritual e eterna. Sua busca da verdade jamais lhes conduziram a um Deus pessoal, mas evidenciou que o melhor que o homem deve fazer é buscar a Deus através do intelecto. O cristianismo ofereceu a este povo que aceitava a filosofia de Sócrates e Platão, a revelação histórica do Bem, da Beleza e da Verdade na pessoa do Deus-homem, Cristo. Os gregos aceitavam a imortalidade da alma, mas não tinham lugar para a ressurreição do corpo. Os gregos, entretanto, viam o pecado como um problema mecânico e contratual; não o viam como um problema pessoal que afrontava a Deus e prejudicava os homens. A época da vinda de Cristo, os homens tinham compreendido finalmente a insuficiência da razão humana e do politeísmo. As filosofias individualistas de Epicuro (341-270 a.C.) O cristianismo, com sua oferta de um relacionamento pessoal, forneceu aquilo para o que a cultura grega, em função de sua própria inadequação, tinha produzido muitos corações famintos. O povo grego também contribuiu no campo da religião para preparar o mundo a aceitar a nova religião cristã quando ela surgisse. O advento da filosofia grega materialista no sexto século antes de Cristo destruiu a fé das pessoas no velho culto politeísta como descrito na Ilíada e na Odisséia de Homero. Embora os elementos deste culto se baseassem no culto mecânico oficial, logo perderiam a sua vitalidade. O povo voltou, então, à filosofia. Esta também, entretanto, perdeu o seu vigor. A filosofia tornou-se um sistema de individualismo pragmático, dirigido pelos sucessores dos sofistas ou um sistema de individualismo subjetivista. Desse modo, os sistemas gregos e romanos de filosofia e religião contribuíram negativamente para a vinda do cristianismo, ao destruírem as velhas religiões politeís- tas e demonstrarem a incapacidade da razão para alcançar Deus. As religiões de mistério, para onde muitos foram, familiarizaram o povo a pensar em termos de pecado e redenção. Então, quando o cristianismo apareceu, as pessoas do Império Romano estavam bem receptivas a uma religião que parecia oferecer uma perspectiva espiritual para a vida. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 10 CCOONNTTRRIIBBUUIIÇÇÕÕEESS RREELLIIGGIIOOSSAASS DDOOSS JJUUDDEEUUSS As contribuições religiosas para a "plenitude do tempo" incluem tanto a dos gregos e romanos como a dos judeus. Todavia, por mais importantes que as contribuições de Atenas e Roma, como pano-de- fundo histórico, tenham sido para o cristianismo, as contribuições dos judeus formam a Herança do Cristianismo. O cristianismo pode ter se desenvolvido no sistema político de Roma e pode ter encontradoo ambiente intelectual criado pela mente grega, mas seu relacionamento com o Judaísmo foi muito mais íntimo. Ao contrário dos gregos, os judeus não intentavam encontrar a Deus pelos processos da razão humana. Eles pressupunham Sua existência e lhe prestavam o culto que sentiam lhe dever. O povo judeu foi muito influenciado a estas atitudes pelo fato de que Deus o procurou e Se revelou a ele na história por Suas aparições a Abraão e a outros grandes líderes da raça. Jerusalém tornou-se o símbolo de uma preparação religiosa positiva para a vinda do cristianismo. A salvação viria, pois "dos judeus", como Cristo diria à mulher no poço (Jo 4.22). Monoteísmo O Judaísmo contrastava flagrantemente com a maioria das religiões pagãs, ao fundamentar-se num sólido monoteísmo espiritual. Nunca, depois da sua volta do cativeiro Babilônico, os judeus caíram em idolatria. A mensagem de Deus para eles através de Moisés ligava-os ao único Deus verdadeiro de toda a terra. Os deuses dos pagãos eram apenas ídolos que os profetas judeus condenavam em termos muito claros. Este sublime monoteísmo foi espalhado por numerosas sinagogas localizadas em volta da área mediterrânea durante os três últimos séculos anteriores à vinda de Cristo. Esperança Messiânica Os judeus ofereceram ao mundo a esperança de um Messias que estabeleceria a justiça na Terra. A esperança de um Messias tinha sido popularizada no mundo romano a partir desta firme proclamação pelos judeus. Até mesmo os discípulos depois da morte e ressurreição de Cristo ainda esperavam por um reino messiânico sobre a terra (At 1.6). Certamente, os homens instruídos que viveram em Jerusalém na época imediatamente anterior ao nascimento de Cristo tiveram contato com esta esperança. A expectativa de muitos cristãos hoje em torno da vinda de Cristo ajuda-nos a compreender a atmosfera da expectação no mundo judeu acerca da vinda do Messias. Sistema Ético Na parte moral da lei judaica, o judaísmo também ofereceu ao mundo o mais puro sistema ético de então. O elevado padrão proposto nos Dez Mandamento se chocava com os sistemas éticos prevalecentes e com as práticas por demais corruptas dos sistemas morais pelos quais se pautavam. Para os judeus, o pecado não era o fracasso externo, mecânico e contratual dos gregos e romanos, mas era uma violação da vontade de Deus, violação esta que se expressava num coração impuro e, mais ainda, em atos pecaminosos, externos e visíveis. Esta perspectiva moral e espiritual do Velho Testamento favoreceu uma doutrina de pecado e redenção que realmente resolvesse o problema do pecado. O Antigo Testamento O povo judeu, ademais, preparou o caminho para a vinda do cristianismo ao legar à Igreja em formação um livro sagrado, o Velho Testamento. Mesmo um estudo superficial do Novo Testamento revela a profunda dívida de Cristo e dos apóstolos para com o Velho Testamento e sua reverência por ele como a palavra de Deus para o homem. Muitos gentios também o leram e se familiarizaram com os fundamentos da fé judaica. Este fato é indicado pelos relatos de vários prosélitos judeus. Muitos desses prosélitos foram capazes de passar do judaísmo ao cristianismo por causa do Velho Testamento, o livro sagrado da nova Igreja. Muitas religiões, o Islamismo por exemplo, confiam em seu fundador por causa do seu Livro sagrado, mas Cristo não deixou textos sagrados para a Igreja. Os livros do Velho Testamento e os do Novo Testamento, produzidos sob a inspiração do Espírito Santo, seriam a literatura viva da Igreja. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 11 Filosofia da História Os judeus tornaram possível uma filosofia da história por insistirem que a história tem significado. Eles se opuseram a toda e qualquer visão que deixasse a história sem significado, como uma série de círculos ou como um processo de evolução linear. Eles sustentavam uma visão linear e cataclísmica da história, na qual o Deus soberano, que criou a história, iria triunfar sobre a falha do homem na história para trazer uma era dourada. A Sinagoga Os judeus também forneceram uma instituição da qual muitos cristãos esquecem a utilidade, no surgimento e desenvolvimento do cristianismo primitivo. Esta instituição era a sinagoga judia. Nascida da necessidade decorrente da ausência dos judeus do templo de Jerusalém durante o cativeiro babilônico, a sinagoga se tornou parte integrante da vida judaica. Através dela, os judeus e também muitos gentios se familiarizaram com uma forma superior de viver. Em nenhum outro lugar na história do mundo antes da vinda de Cristo houve uma região tão grande sob uma mesma lei e um mesmo governo. O mundo mediterrâneo tinha seu centro cultural em Roma. Uma língua comum tornou possível levar o Evangelho à maioria das pessoas do Império numa língua comum a elas e ao pregador. A Palestina, o berço da nova religião estava estrategicamente neste mundo. Paulo estava certo ao mostrar que o cristianismo "não se fez em qualquer canto", porque a Palestina era um importante cruzamento que ligava os continentes da Ásia e da África com a Europa por via terrestre. Negativamente, através da contribuição do mundo grego e romano, e positivamente, através do judaísmo, o mundo foi preparado para a "plenitude dos tempos" quando Deus enviou Seu Filho para levar a redenção a uma humanidade partida pelas guerras e fatigada pelo pecado. AA IIGGRREEJJAA AAPPOOSSTTÓÓLLIICCAA Desde a Ascensão de Cristo, 30 AD até o final do século ( 100 AD ). O Crescimento Da Igreja. ”Atos 5.14 E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais”. A arma usada pela igreja, através da qual a igreja crescia demasiadamente, era o testemunho de seus membros. Enquanto aumentava o número de membros aumenta o número de testemunhas, pois cada membro era um mensageiro de Cristo. Os motivos desse crescimento foi : - Perseveravam na doutrina dos apóstolos; - Perseveravam na comunhão e partir do pão; - Perseveravam na oração; - Possuíam temor; - Muitos sinais e maravilhas se faziam; - Muita alegria e sinceridade; A Igreja Pentecostal era uma igreja poderosa na fé e no testemunho, pura em seu caráter, e abundante no amor. Entretanto, o seu defeito era a falta de zelo missionário. Foi necessário o surgimento de severa perseguição, para que se decidisse a ir a outras regiões. A Expansão Da Igreja. “Atos 8.4 Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra”. Na perseguição iniciada com a morte de Estevão, a igreja em Jerusalém dispersou-se por toda a terra. Alguns chegaram até Damasco e outros até a Antioquia. Por qual motivo sobreveio então as perseguições ? “Marcos 16.15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura”. A partir desta perseguição, os cristãos fugiam, porém pregavam o evangelho e testemunhavam das maravilhas que Jesus operava. A Era Sombria. A última geração do primeiro século, a que vai do ano 60 ao 100 AD, chamamos de "Era Sombria", em razão de as trevas da perseguição estarem sobre a igreja, e a falha de muitas informações sobre este período. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 12 Perseguição sob Nero - Nero chegou ao poder em 54, todos os que se opunham à sua vontade, ou morriam ou recebiam ordens de se suicidar. Assim estavam as coisas quando em 64 AD aconteceu o incêndio em Roma. Diz-se que foi Nero, quem ateou fogo à cidade, Contudo essa acusação ainda é discutível. Entretanto a opinião pública responsabilizou Nero por esse crime. Afim de escapar dessa responsabilidade, Nero apontou os cristãos como culpados do incêndio de Roma, e moveu contra eles tremenda perseguição. O fogo durou seis dias e sete noites e depois voltou a se acender em diversos lugares por mais três dias. - Milhares de cristãos foram torturados e mortos. - Muitos serviram de iluminaçãopara a cidade, amarrados em postes e ateado fogo. - Muito foram vestidos com peles de animais e jogados para os cães. - Nesta época morreram : - Pedro - Crucificado em 67 - Paulo - Decapitado em 68 - Tiago - Apedrejado depois de ser jogado do alto do templo Além de matá-los fê-los servir de diversão para o público. A Perseguição sob Domiciano - No ano 81 Domiciano sucedeu ao imperador Tito que invadira destruíra Jerusalém no ano 70. Com a destruição de Jerusalém Domiciano ordenou que todos os judeus deviam enviar à Roma as ofertas anuais, que eram enviadas a Jerusalém, estes, por sua vez não obedeceram, o que desencadeou a segunda perseguição, não somente aos judeus mas também aos cristãos. Durante esses dias milhares de cristão foram mortos, especialmente em Roma e em toda a Itália. Nesta época o apóstolo João, que vivia em Éfeso, foi preso e exilado na ilha de Patmos, foi quando recebeu a revelação do Apocalipse. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 13 UUNNIIDDAADDEE IIII AASS EERRAASS DDAA IIGGRREEJJAA ............................................................... “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé” .............................................................. AA EERRAA SSOOMMBBRRIIAA A última geração do primeiro século, a que vai do ano 60 ao 100 AD, chamamos de "Era Sombria", em razão de as trevas da perseguição estarem sobre a igreja, e a falha de muitas informações sobre este período. Perseguição sob Nero Nero chegou ao poder em 54, todos os que se opunham à sua vontade, ou morriam ou recebiam ordens de se suicidar. Assim estavam as coisas quando em 64 AD aconteceu o incêndio em Roma. Diz-se que foi Nero, quem ateou fogo à cidade, Contudo essa acusação ainda é discutível. Entretanto a opinião pública responsabilizou Nero por esse crime. Afim de escapar dessa responsabilidade, Nero apontou os cristãos como culpados do incêndio de Roma, e moveu contra eles tremenda perseguição. O fogo durou seis dias e sete noites e depois voltou a se acender em diversos lugares por mais três dias. - Milhares de cristãos foram torturados e mortos. - Muitos serviram de iluminação para a cidade, amarrados em postes e ateado fogo. - Muito foram vestidos com peles de animais e jogados para os cães. - Nesta época morreram : - Pedro - Crucificado em 67 - Paulo - Decapitado em 68 - Tiago - Apedrejado depois de ser jogado do alto do templo Além de matá-los fê-los servir de diversão para o público. A Perseguição sob Domiciano No ano 81 Domiciano sucedeu ao imperador Tito que invadira destruíra Jerusalém no ano 70. Com a destruição de Jerusalém Domiciano ordenou que todos os judeus deviam enviar à Roma as ofertas anuais, que eram enviadas a Jerusalém, estes, por sua vez não obedeceram, o que desencadeou a segunda perseguição, não somente aos judeus mas também aos cristãos. Durante esses dias milhares de cristão foram mortos, especialmente em Roma e em toda a Itália. Nesta época o apóstolo João, que vivia em Éfeso, foi preso e exilado na ilha de Patmos, foi quando recebeu a revelação do Apocalipse. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 14 AASS PPEERRSSEEGGUUIIÇÇÕÕEESS IIMMPPEERRIIAAIISS Este período vai da morte do Apóstolo João, ano 100 AD até o Edito de Constantino, ano 313 AD. O fato de maior destaque na História da Igreja neste período foi, sem dúvida, as perseguições realizadas pelos Imperadores Romanos. Estas perseguições duraram até o ano 313 AD, quando Constantino, o primeiro Imperador Romano, " cristão ", fez cessar todos os propósitos de destruir a Igreja. A de ressaltar que durante este período houve épocas em que as perseguições foram mais amenas. No início do segundo século, os cristãos já estavam radicados em todas as nações e em quase todas as nações, e alguns crêem que se estendia até a Espanha e Inglaterra. O número de membros da comunidade cristã subia a muitos milhões. A famosa carta de Plínio ( Governador da Bitínia - hoje Turquia ) ao Imperador Trajano, declara que os templos dos deuses estavam quase abandonados, enquanto os cristãos em toda parte formavam uma multidão, e pertenciam a todas classes , desde a dos nobres, a até a dos escravos. Os Motivos das perseguições O Paganismo em suas práticas aceitava as novas formas e objetos de adoração que iam surgindo, enquanto o Cristianismo rejeitava qualquer forma ou objeto de adoração. A adoração aos ídolos estava entrelaçada com todos os aspectos da vida. As imagens eram encontradas em todos os lares, e até em cerimônias cívicas, para serem adoradas. Os cristãos, é claro, não participavam dessas formas de adoração. Por essa razão o povo considera os cristãos como " Anti-social e ateus que não tinham deuses. A adoração ao Imperador era considerada como prova de lealdade. Havia estátuas dos imperadores reinantes nos lugares mais visíveis para o povo adorar. Os cristãos recusavam-se a prestar tal adoração. As reuniões secretas dos cristãos despertaram suspeitas. De praticarem atos imorais e criminosos, durante a celebração da Santa Ceia, eram vetada a entrada dos estranhos. O Cristianismo considerava todos os homens iguais. Não havia distinção entre seus membros, nem em suas reuniões, por isso foram considerados como " niveladores da sociedade ", portanto anarquistas, perturbadores da ordem social. Os Perseguidores - Imperador Trajano 98 a 117 AD - Estabeleceu a Lei, que sendo cristão acusado de qualquer coisa e não negar fé, será castigado, não tendo acusação estão livres. Mandava crucificar e lançar às feras. - Imperador Adriano 117 a 138 AD - Morreu em agonia, gritando, "Quão desgraçado é procurar a morte e não encontrar". - Imperador Marco Aurélio 161 a 180 AD - Mandava decapitar e lançar às feras. Apesar de possuir boas qualidades como homem e governante justo, contudo foi acérrimo perseguidor dos cristãos. Opunha-se, pois, aos cristãos por considerá-los inovadores. Milhares foram decapitados e devorados pelas feras na arena. Os Imperadores acima mencionados, foram considerados como os " bons imperadores ", nenhum cristão podia podia ser preso sem culpa definida e comprovada. Contudo, quando se comprovava acusações e os cristãos se recusavam a retratar-se, os governantes eram obrigados, a por em vigor a lei e ordenar a execução. - Imperador Severo 193 a 211 AD - Mandava decapitar e lançar às feras. Iníciou uma terrível perseguição que durou até à sua morte em 211 AD. Possuía uma natureza mórbida e melancólica; era muito rigoroso na execução da disciplina. Tão cruel fora o espírito do imperador, que foi considerado por muitos como o anticristo. - Imperador Décio 249 a 251 AD - Décio observava com inveja o poder crescente dos cristãos, e determinou reprimi-lo. Via as igrejas cheias enquanto os templos pagãos desertos. Por conseqüencia, mandou que os cristãos tinham que se apresentar ao Imperador para comunicar e religião. Quem renunciava recebia um certificado, que não renunciava era considerado criminoso e conduzidos às prisões e sujeitos às mais horrorosas torturas. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 15 - Imperador Diocleciano 305 a 310 - A última, a mais sistemática e a mais terrível de todas as perseguições deu-se neste governo. Em uma série de editos determinou-se que: - Todos os exemplares da Bíblia fossem queimados. - Todos os templos construídos em todo o império durante meio século, fossem destruídos. - Todos os pertencentes as ordens clericais fossem presos. Ninguém seria solto sem negar o Cristianismo. Pena de morte para quem não adorasse aos deuses. Prendiam os cristãos dentro dos templos e depoisateva fogo. Consta que o imperador erigiu um monumento com esta inscrição " Em honra ao extermínio da superstição cristã ". Os Principais Mártires Inácio - Provável discípulo de João, bispo em Antioquia, foi condenado no ano 107 AD por não adorar a outros deuses. Foi morto como mártir, lançado para as feras no anfiteatro romano, no ano 108 ou 110 enquanto o povo festejava. Ele estava disposto a ser martirizado, pois durante a viagem para Roma escreveu cartas às igrejas manifestando o desejo de não perder a honra de morrer por seu Senhor. Policarpo - Bispo em Esmirna, na Ásia Menor, morreu no ano 155. Ao ser levado perante o governador, e instado para abandonar a fé e negar o nome de Jesus, assim respondeu: " Oitenta e seis anos o servi, e somente bens recebi durante todo o tempo, Como poderia eu agora negar ao meu Salvador ? Policarpo foi queimado vivo. Justino Mártir - Era um dos homens mais competente de seu tempo, e um dos principais defensores da fé. Seus livros, que ainda existem, oferecem valiosas informações acerca da vida da igreja nos meados do segundo século. Seu martírio deu-se em Roma, no ano 166. Os Efeitos Produzidos pelas Perseguições As perseguições produziram uma igreja pura pois conservava afastados todos aqueles que não eram sinceros em sua confissão de fé. Ninguém se unia à igreja para obter lucros ou popularidade. Somente aqueles que estavam dispostos a ser fiéis até a morte, se tornavam publicamente seguidores de Cristo. A Igreja multiplicava-se. Apesar das perseguições ou talvez por causa delas, a igreja crescia com rapidez assombrosa. Ao findar-se o período de perseguição, a igreja era suficientemente numerosa para constituir a instituição mais poderosa do império. Apesar de considerarmos as perseguições o fato mais importante da História da Igreja, no segundo e terceiro séculos, contudo, fatos interessantes aconteceram neste período que devem ser observados. Vejamos O Cânon Bíblico Os escritos do Novo Testamento foram terminados, entretanto a formação do Novo Testamento com os livros que o compõem, como cânon, não foi imediata. Algumas Igreja aceitavam somente alguns livros como inspirados e outra igrejas livros diferentes. Gradualmente os livros do Novo Testamento, tal como usamos hoje, conquistaram a proeminência de escritura inspirada. O Crescimento e a Expansão da Igreja O crescimento e a expansão da Igreja foi a causa da organização e da disciplina. A perseguição aproximou as Igrejas e exerceu influência para que elas se unissem e se organizassem. O aparecimento da heresias impôs, também, a necessidade de se estabelecerem alguns artigos de fé, e, com eles, algumas autoridades para executá-las. Outra característica que distingue esse período é sem dúvida, o desenvolvimento da doutrina. Na era apostólica a fé era do coração, uma entrega pessoal a vontade de Cristo. Entretanto no período que agora focalizamos, a fé gradativamente passara a ser mental, era uma fé do intelecto, fé que acreditava em um sistema rigoroso e inflexível de doutrinas. O credo Apostólico, a mais antiga e mais simples declaração da crença cristã, foi escrito durante esse período. Nesta época surgiram três escolas teológicas. Uma em Alexandria, outra na Ásia Menor e outra na África. Os maiores vultos da historia do Cristianismo passaram por essas escolas: Orígenes, Tertulianao e Cipriano. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 16 Seitas e Heresias Juntamente com o desenvolvimento da doutrina teológica, desenvolviam-se também as seitas, ou como lhes chamavam, as heresias na igreja cristã. Os cristãos não só lutaram contra as perseguições , mas contra as heresias e doutrinas corrompidas. Os Gnósticos - Do grego "Gnósis = Sabedoria, Conhecimento" Acreditavam que Deus Supremo é espírito absoluto e causa de todo bem, enquanto a matéria é completamente má criada por um ser inferior que é Jeová. O propósito é então escapar deste corpo que aprisiona o espírito. Afim de chegar a libertação, é necessário que venha um mensageiro do reino espiritual. Cristo. Cristo portanto não era matéria, possuía somente a natureza divina. Os Ebionitas - Do hebraico que significa "Pobre" eram judeus-cristãos que insistiam na observância da lei e dos costumes judaicos. Rejeitavam as cartas escritas por Paulo. Eram considerados como apostatas pelo Judeus não convertidos. Os Maniqueus - De origem persa, foram chamados por esse nome, em razão de seu fundador Ter o nome de Mani. Acreditavam que o universo compõe-se do reino das trevas e da luz e ambos lutam pelo domínio do homem. Rejeitavam a Jesus, porém criam em um "Cristo celestial". AA IIGGRREEJJAA IIMMPPEERRIIAALL Desde o Edito de Constantino, 313 AD até à queda de Roma em 476 AD. No ano 305, quando Diocleciano abdicou o trono imperial, a religião cristã era terminantemente proibida, e aqueles que a professassem eram castigados com torturas e morte. Logo após a abdicação de Diocleciano, quatro aspirantes à coroa estavam em guerra. Os dois rivais mais poderosos eram Majêncio e Constantino. Constantino afirmou ter visto no céu uma cruz luminosa com os seguintes dizeres: "Por este sinal vencerás". Constantino ordenou que seus soldados empregassem para a batalha o símbolo que se conhece como " Labarum ", e que consistia na superposição de duas letras gregas, X e P. Em batalha travada sobre a ponte Mílvio, Constantino venceu o exercito de Majêncio e este morreu afogado caindo nas águas do rio. Após este vitoria Constantino fez aliança com Licínio e posteriormente com Maximino os outros dois pretendentes a coroa. Em 323 AD, Constantino alcançou o posto supremo de Imperador, e o Cristianismo foi então favorecido. Os templos das Igrejas foram restaurados e novamente abertos em toda parte. Em muitos lugares os templos pagãos foram dedicados ao culto cristão. Em todo o império os templos pagãos eram mantidos pelo Estado, mas, com, a conversão de Constantino, passaram a ser concedido às Igrejas e ao clero cristão. O Domingo foi proclamado como dia de descanso e adoração. Como se vê, do reconhecimento do Cristianismo como religião preferida surgiram alguns bons resultados, tanto para o povo como para a igreja: As perseguições acabaram; A crucificação foi abolida; Templos restaurados e muitos construídos; O infanticídio foi reprimido; As lutas de gladiadores foram proibidas. Apesar de os triunfos do Cristianismo haverem proporcionado boas coisas ao povo, contudo a sua aliança com o Estado, inevitavelmente devia trazer, como de fato trouxe, maus resultados para a igreja. As Igrejas eram mantidas pelo Estado e seus ministros privilegiados, não pagavam impostos, os julgamentos eram especiais. Iniciou-se as perseguições aos pagãos, ocorrendo assim muitas conversões falsas. Todos queriam ser membros da Igreja e quase todos eram aceitos. Homens mundanos, ambiciosos e sem escrúpulos, todos desejavam postos na Igreja, para, assim obterem influência social e política. Os cultos de adoração aumentaram em esplendor, é certo, porém eram menos espirituais e menos sinceros do que no passado. Aos poucos as festas pagãs tiveram seus lugares na Igreja, porém com outros nomes. A adoração a Venus e Diana foi substituída pela adoração a virgem Maria. As imagens dos mártires começaram a aparecer nos templos, como objeto de reverência. No ano 363 AD todos os governadores professaram o Cristianismo e antes de findar o quarto século o Cristianismo, foi virtualmente estabelecido como religião do Império. A Fundação de Constantinopla O Imperador Constantino compreendeu que a cidade de Roma estava intimamente ligada à adoração pagã, cheia de templos e estátuas pagãs. Ele desejava uma capital sob os auspícios da nova religião. Na nova capital, a igreja era honrada e considerada, não havia templos pagãos. Logo depois ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 17 da fundaçãoda nova capital, deu-se a divisão do império. As fronteiras eram tão grande que um imperador sozinho não podia defender seu vastíssimo território. As Controvérsias A Primeira Controvérsia - Apareceu por causa da doutrina da Trindade. O Presbítero Ario de Alexandria defendia a tese de que Jesus era superior aos homens porém inferior ao Pai, não admitia a existência eterna de Cristo. Seu principal opositor foi Atanásio também de Alexandria afirma a unidade de cristo com o Pai e sua divindade. Constantino não teve êxito em resolver a questão por isso convocou o concílio de Nicéia em 325 AD onde a doutrina de Ário foi condenada. A Controvérsia de Apolinário - Apolinário era Bispo em Laodicéia quando declarou que a natureza divina tomou lugar da natureza humana de Cristo. Este Heresia foi condenada no Concílio de Constantinopla em 381 AD. A Controvérsia de Nestor - Nestor era sacerdote em Antioquia quando se opôs a aplicação do termo " Mãe de Deus ", a Maria, afirmou que as duas natureza de Cristo agiam em harmonia. No Concílio de Éfeso em 433 Nestor foi banido e suas obras foram queimadas e aprovado o termo "Mãe de Deus”. O Desenvolvimento do poder na Igreja Romana Roma reclamava para si autoridade apostólica. A Igreja de Roma era a única que declara poder mencionar o nome de dois apóstolo como fundadores, isto é, Pedro e Paulo. A organização da Igreja de Roma e bem assim seus dirigentes defendiam fortemente estas afirmações. Neste ponto há um contraste notável entre Roma e Constantinopla. Roma havia feito os imperadores, ao passo que os imperadores fizeram Constantinopla. Além disso Roma apresentava um Cristianismo prático. Nenhuma outra igreja a sobrepujava no cuidado para com os pobres, não somente com os seus membros , mas também entre os pagãos. Foi assim que em todo o ocidente o bispo de Roma, começou a ser considerado como autoridade principal de toda a igreja. Foi dessa forma que o Concílio Calcedônia, na Ásia Menor, no ano 451 AD, Roma ocupou o primeiro lugar e Constantinopla o segundo lugar. O Cristianismo Vivo O Cristianismo dessa época decadente ainda era vivo e ativo. Devemos mencionar aqui alguns bispos e dirigentes da igreja nesse período que contribuíram para manter vivo o Cristianismo. Atanásio ( 296 - 373 ) - Foi ativo defensor da fé no início do período. Ja vimos como ele se levantou e se destacou na controvérsia de Ário; foi escolhido bispo de Alexandria. Cinco vezes exilado por causa da fé, mas lutou fielmente até o fim. Ambrósio ( 340 - 397 ) - Foi eleito bispo enquanto ainda era leigo e nem mesmo batizado. Converteu-se posteriormente, repreendeu o próprio imperador (Teodósio) por causa de um ato cruel e mais tarde o próprio imperador o tratou com alta distinção. Foi autor de vários livros. João Crisóstomo ( 345 - 407 ) - " Boca de ouro " em razão de sua eloqüência inigualável, foi o maior pregador desse período. Chegou a ser bispo em Constantinopla. Entretanto, sua fidelidade, zelo reformador e coragem, não agradava à corte. Foi exilado e morreu no exílio. Jerônimo ( 340 - 420 ) - Foi o mais erudito de todos. Estudou literatura e oratória em Roma. De seus numerosos escritos, o que teve maior influência foi a tradução da Bíblia para o latim, obra que ficou conhecida como Vulgata Latina, isto é, a Bíblia em linguagem comum, até hoje usada pela Igreja católica Romana. Agostinho ( 354 - 430 ) - O nome mais ilustre desse período, bispo em Hipona na África. Escritor de vários livros sobre o Cristianismo e sobre a própria vida. Porém a fama e a influência de Agostinho estão nos seus escritos sobre a teologia cristã, da qual ele foi o maior expositor, desde o tempo de Paulo. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 18 AA IIGGRREEJJAA MMEEDDIIEEVVAALL Este período vai desde a queda de Roma em 476 AD até a queda de Constantinopla, 1453 AD. Progresso Papal – O termo "papa", significa simplesmente "papai", sendo, portanto, um termo de carinho e respeito, este termo era usado para qualquer bispo, sem importar se ele era de Roma. Como Roma era, pelo menos de nome, a capital do Império, a igreja e o bispo desta cidade logo se viram em posição de destaque. Quando os bárbaros invadiram o Império, a igreja de Roma começou a seguir um rumo bem diferente Constantinopla. No Ocidente, o Império desapareceu, e a igreja veio a ser a guardiã do que restava da velha civilização. Por isto, o papa, chegou a Ter grande prestígio e autoridade. Porém, enquanto que no Oriente duvidava-se de sua autoridade, em Roma e vizinhanças esta autoridade se estendia até além dos assuntos religiosos. Tudo isto nops mostra que em uma época em que a Europa estava em caos, o papado preencheu o vazio, proporcionando certa estabilidade. O período de crescimento do poder papal começou com o pontificado de Gregório I, o Grande, e teve o apogeu no tempo de Gregório VII, mais conhecido por Hildebrando. Hildebrando reformou o clero que se havia corrompido, elevou as normas de moralidade de todo o clero, exigiu celibato dos sacerdotes, libertou a igreja da influência do estado, podo fim à nomeação de papas pelos reis e imperadores. Hildebrando impôs a supremacia da igreja sobre o Estado. Origem E Desenvolvimento Do Papado - A autoridade monárquica do papa, é fruto de um longo processo. De um bispo igual aos outros, o de Roma passa a ser o primeiro entre os demais e finalmente cabeça incontestável da Igreja. Vários papas de grande envergadura, dos quais devemos citar: Inocêncio (402-417); Celestino (422-432); Leão I (440-461); e Gregório I (590-604). Até Constantino - Os antigos autores católicos tenham insistido que a Igreja de Roma foi fundada por Pedro e que tenha tido uma linha de papas, vigários de Cristo, desde então. Oscar Cullmann, teólogo protestante, examina detalhadamente a questão de Pedro ter estado em Roma. Conclui que estava lá e lá foi martirizado. Nega entretanto que tenha fundado a Igreja ou passado seus direitos aos bispos subsequentes. A lista dos primeiros bispos consta destes nomes: Lino, Cleto ou Anacleto, Clemente (91-100), Evaristo, Alexandre(109-119), Sixto I (119-127), Telesforo (127-138), Higino (139- 142), Pio I (142-157), Aniceto (157-168), Soter (168-177), Eleutero (177-193). Estas datas são aproximadas e temos poucas informações do seu pontificado. Vitor (193--202) - Parece ser o primeiro a procurar estabelecer a autoridade papal além das fronteira de sua igreja. Cipriano. Bispo em Cartago durante o pontificado de Cornêlio e Estevão, contribuiu bastante para fortalecer a autoridade do bispo de Roma. Defendeu as reivindicações petrinas (Mt:16:18) sem entretanto colocar o papa sobre os demais bispos. Estevão (253-257) - Procurou forçar as demais igrejas a seguir o costume romano quanto ao cálculo da data da páscoa. Um outro elemento que contribuiu para fortalecer a posição de Roma neste período foi a crescente prática das igrejas rurais ou de pequenas cidades serem relacionadas a alguma igreja em cidade grande ou incorporadas num sistema diocesano. Esta prática começou no II século como resultado do sistema missionário das igrejas mães. De Constantino a Gregório Magno - A oficialização da Igreja trouxe em seu bojo rápido desenvolvimento hierárquico. Constantino se considerava bispo e até bispo dos bispos em coisas formais e até doutrinárias. Sem sua permissão não se pode reunir um sínodo. Roma surge como árbitro entre as igrejas. No conflito entre os arianos e Atanásio, este contribuiu para fortalecer Júlio por ter recorrido ao bispo de Roma, pedindo que convocasse um concílio. Esta e outras questões entre as igrejas do leste e da África foram exploradas pelos papas para fortalecer suas próprias posições. Assim questões religiosas seriam resolvidas pelo "sumo-pontífice"de religião e não pelos magistrados civis. ESUTES – Escola de Teologia do EspíritoSanto 19 Siricius (354-398) - Conseguiu que um concílio realizado em Roma decretasse que nenhum bispo deve ser consagrado sem o conhecimento e consentimento do bispo de Roma. Mesmo que seja um decreto falso, é muito antigo e exerceu grande influência. Inocêncio I (402-417) - Demonstrou grande ousadia em explorar as reivindicações de Roma, exigindo submissão universal a sua autoridade. Insistia que era a obrigação de todas as igrejas ocidentais se conformarem aos costumes de Roma. Celestino (422-432) - Durante o exercício do seu papado foi resolvido a mui agitada questão do direito de apelar a Roma decisões nas províncias. Celestino manipulou as questões de uma maneira que sempre saía ganhando o prestígio de Roma, até o ponto de dispensar os cânones de um concílio geral. Leão I (440)-461) - Homem humilde, insistia que era sucessor de Pedro e que não se pode infringir a autoridade deste. Conseguiu do jovem e fraco imperador Valentino III um edito em que este reconhece a primazia da sé de Pedro e insiste que ninguém pode agir sem a permissão desta sé. Gregório I (589-604) - Possivelmente o maior papa deste período. filho de um senador, adotou o costume monástico. Pretendia ser missionário aos ingleses quando foi consagrado papa aos 49 anos de idade. Reclamou que Máximo foi eleito patriarca de Constantinopla no lugar de seu candidato e suspendeu todos os bispos que o consagraram sob pena de anátema de Deus e do apóstolo Pedro. Repreendeu o patriarca de Constantinopla por ter assumido o título de bispo ecumênico. A Coroação De Carlos Magno - Abriu a história política e eclesiástica da Europa um novo período, no qual os dois poderes o civil e o papal aparecem intimamente ligados, em busca de ideal comum de poderio e domínio. Leão III (795-816) - O período começa com Leão III assentado na cadeira pontificial. Foi ele quem colocou Carlos Magno como imperador no ano 800. Estevão IV (816-817) - Este papa coroou o Rei Luiz o Pio, em Roma ato que elevou ainda mais a posiçao do papa. Gregório IV (827-844) - Foi nos dias desse papa que apareceram falsos documentos a favor da prerrogativa papal. Gregório defendeu Roma contra os sarracenos. Nicolau I (858-867) - Ascendeu a cadeira papal num momento de agitaçao e desordens, aproveitando-se dos documentos falsos a favor da absoluta soberania e irresponsabilidade do papado, procurou firmar os direitos de supremacia do papa e de sua juridiçao suprema. Adrião II (867-872) - Trabalhou principalmente à sombra a influencia atingida pelo seu antecessor. João VIII (872-882) - O maior problema durante o papado de Joao VIII foi a ameaça sarracena, forçando-o a pedir ao novo imperador Carlos a sua proteçao, mas Carlos e o papa aceitou o tratado humilhante com os sarracenos. O período de 882 a 903 caracteriza-se pela torpe degradação do poder papal. O poder papal enfraqueceu-se notadamente. As eleições pontificiais feitas nesse período são memoráveis pela torpeza que as acompanhou. O papa Formoso subiu ao poder em 891 e, dois anos depois de sanguinolento pontificado, morreu, provavelmente envenenado. Estevao VI, foi aprisionado e morto. E depois foi eleito o Papa Marino, cujo pontificado durou apenas meses. João X, feito papa, procurou abrogar os atos de Estevão, e de fato abrogou muitos deles. Leão V, depois de um breve pontificado, foi morto por seu próprio capelão seu sucessor, Mas ao assassino coube o mesmo fim trágico, decorrido apenas oito meses. No período de 903 a 963 Com Sergio III, começa a influência perniciosa de uma aventureira de alta linhagem sobre o governo papal. De 936 a ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 20 956 o papado esteve sob inf1uência de Alberico que nomeou quatro papas. Um filho do mesmo, sob o nome de João XIII, assumiu o ofício papal sendo o seu pontificado havido como um dos mais imorais e licenciosos. Este papa morreu assassinado, Otão, O Grande, fez sentir a sua interferência no papado em 983, com a convocação de um sínodo para depor o imoral João XIII e substituí-lo por Leão VIII. Duante este período, até 1073, foram nomeados vário papas e os imperadores ficaram no direito de nomear e controlá-los para evitar a dissolução completa do clero. Hildebrando (1073). Foi inquestionavelmente o maior estadista eclesiástico da Idade Media. Seu objetivo foi tornar um fato o domínio universal e absoluto do papado, e sua política subordinou-se completamente a este propósito. Este papa tomou o nome de Gregório VII. Concílio De Roma Em 1059 A nomeação do papa pelos bispos cardeais sancionada pelo clero cardeal e depois aprovada pelo clero inferior e os leigos. Nenhum oficial da igreja, sob pretesto algum, pode aceitar benefício algum de qualquer leigo ou ser chamado a contar ou dar conta a jurisdição. Nenhum cristão pode, assistir a missa rezada por padre de quem se sabia ter concumbina, apesar da renhida oposição, Hildebrando executou a risco esses decretos. No entanto a vitoria de Hildebrando, nunca foi completa e permanente. Inocêncio III (1198-1216), aproveitou as prerrogativas papais fimando umas e alargando outras. Foi durante seu papado que o poder papal, que evoluia gradativamente através dos séculos chegou ao auge. Ele foi o maior papa do século. Declinio Do Poder Papal Do século treze em diante começa o suave declínio do poder papal para o que concorreram fatos e circunstâncias históricas diferentes. Com o século XIII desapareceu completamente o gosto pelas cruzadas. A corrupção constante na corte de Roma, o favoritismo e o mercantilismo que presidiam as decisões do Papa e da Curia, igualmente estimulava a dissidência. Á imoralidade dominava o clero. A cadeira papal era objeto de ambição mais desenfreada. A influência adquirida pelos franceses na Itália e Sicília após queda dos imperadores germânicos foi sobremodo prejudicial ao papado. Bonifácio VII (1294-l303), subiu a cadeira pontífica no meio destas condiçoes tão favoráveis ao papado, mas sem se adaptar a elas conservou aquele espírito de arrogância e mandonismo, muito característico de seus antecessores. Em 1305, foi eleito um francês, Clemente V, como papa. Este não foi a Roma, mas estabeleceu sua corte Papal em Avignon e tornou se subservinte de Felipe rei da frança. Aqui, ele e seus sucessores todos franceses serviram durante setenta anos. Tão notório se tornaram as condições que os historiadores católicos estigmatizaram o período de cativeiro babilônico do papado. Em virtude da presença da corte papal de Roma em Avignon, na França, a Europa conseguiu muitas inimizades. O catolicismo dividiu-se, ficando uma parte com a França e outra com a Itália. Aparecem então dois papas um lançando maldições sobre o outro e cada qual julgando-se legítmo chefe da cristandade. Em1408, houve uma conferência em Livorno, entre representantes dos dois papas e um ano depois reunia-se um concílio geral em Pisa. Discutida largamente a questão, ambos os papas foram declarados heréticos e excomungados. O concílio elegeu então a Papa, o cardeal de Milão que tomou o nome de Alexandre V. A questão não ficou resolvida, pois, três papas levantarar-se disputando a cadeira pontificia, cada um formando em torno de si um considerado número de admiradores. O pontificado de Nicolau V (l448-1455) foi notável, tendo sido construído nesse tempo o Vaticano e a Basílica de São Pedro, considerados como duas magnificas obras de arte. Talves nesta época tenha-se resolvido o problema dos três papas. Inocêncio VIII (l484-l492). para melhorar a fortuna de seus filhos ilegítimos, pelejou contra Napoles e recebia tributo anual de Sultão, por manter seu irmão e rival na prisão em vez de envia-lo como cabeça de um exercito contra os inimigos da cristandade. Isto se deu numa epoca de ignorância, senão no período do renascimento literário e quando a Europa tinha entrado numa era de invenções e descobrimentosdestinados a transformar a civilizaçao. O estado de desmoralização em que a Igreja Romana se achava na vespera da reforma era um fato geralmente reconhecido. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 21 As Cruzadas Um grande movimento da Idade Média, sob a inspiração e mandado da igreja, foram as Cruzadas, que se iniciaram no fim do século onze. A primeira cruzada foi anunciada pelo papa Urbano II, era composta de 275000 dos melhores guerreiros, para combater os Sarracenos que tinham invadido Jerusalém. Após grande batalha Jerusalém foi reconquistada. A Segunda Cruzada foi convocada em virtude das invasões dos Sarracenos às províncias adjacentes ao reino de Jerusalém. Sob a influência de Luiz VII da França e Conrado III da Alemanha, um grande exército foi conduzido em socorro dos lugares reconhecido como santos. Enfrentara grandes dificuldades, mas obtiveram vitória. A terceira Cruzada foi dirigida por Ricardo I " Coração de Leão", da Inglaterra e outros como; Frederico Barbarroxa, Filipe Augusto. Barbarroxa morrerá afogado e Filipe desentendeu-se com Ricardo I e voltou para França. A coragem de Ricardo I, sozinho, não foi suficiente para conduzir seu exército para Jerusalém. Contudo fez um acordo para que os cristãos tivessem direito a visitar o santo sepulcro. A Quarta Cruzada foi um completo fracasso, porque causou grande prejuízo a igreja cristã. Os cruzados, se afastaram do propósito de conquistar a Terra Santa e fizeram guerra a Constantinopla, conquistaram-na e saquearam-na. Constantinopla ficou, posteriomente, a mercê dos inimigos. Na Quinta Cruzada, Frederico II, conduziu um exército até a Palestina e conseguiu um tratado no qual as cidades de Jerusalém, Haifa, Belém e Nazaré, eram cedidas aos cristãos. Porém 16 anos depois a cidade de Jerusalém foi tomada pelos maometanos. A Sexta Cruzada foi empreendida por São Luiz. Invadiu a Palestina através do egito, mas não obteve êxito, foi derrotado pelos maometanos e libertado por uma grande soma . A sétima Cruzada teve também a direção de São Luiz juntamente com Eduardo I. A rota escolhida foi novamente a África, porém São Luiz morreu e Eduardo I voltou para ocupar o trono na Inglaterra e a cruzada teve um fracasso total. Esta foi considerada a última Cruzada, porém houve outras de menor vulto. O Desenvolvimento da vida Monástica Este movimento desenvolveu-se grandemente na Idade Média entre homens e mulheres, com resultados bons e maus. Com o crescimento dessas comunidades, tornava-se necessária alguma forma de organização, de modo que nesse período surgiram quatro grandes ordens. A Ordem dos Beneditinos - Fundada por por São Bento em 529, em Monte Cassino. Essa ordem tornou-se a maior de todas as ordens monásticas da Europa. Suas regras exigiam obediência ao superior do mosteiro, a renúncia a todos os bens materiais, e bem assim a castidade pessoal. Cortava bosques, secava e saneava pântanos, lavrava os campos e ensinava ao povo muitos ofícios úteis. A Ordem dos Cistercienses - Surgiram em 1098, com objetivo de fortalecer a disciplina dos Beneditinos, que se relaxava. Seu nome deve-se a cidade francesa de Citeaux, fundada por São roberto. Deu ênfase às arte, arquitetura e especialmente à literatura, copiando e escrevendo livros. A Ordem dos Franciscanos fundada em 1209 por São Francisco de Assis. Tornou-se a mais numerosa de todas as ordens. Por causa da cor que usavam, tornaram-se conhecido como os "frades cinzentos". A Ordem dos Dominicanos - Ordem esponhola fundada por São Domingos, em 1215. Os Dominicanos e os Franciscanos diferenciavam-se das outras ordens, pois eram pregadores, iam por toda parte a fortalecer a fé dos crentes. No início, cada ordem monástica era um benefício para a sociedade. Vamos ver alguns bons resultados. Os mosteiros davam hospedagem aos viajantes, aos enfermos e aos pobres. Serviam de abrigo e proteção aos indefesos, principalmente às mulheres e crianças. Guardavam em suas bibliotecas muitas obras antigas da literatura clássica e cristã. Sem as obras escritas nos mosteiros, a Idade média teria passado em branco. Os monges serviram como missionários na expansão do evangelho, até mesmo entre os bárbaros. Apesar dos bons resultados que emanaram do sistema ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 22 monástico, também houve péssimos resultados. O monacato apresentava o celibato como a vida mais elevada, o que é inatural e contrário às Escrituras. Impôs a adoção da vida monástica a milhares de pessoas das classes nobres da época. Os lares e as famílias foram, assim, constituídos não pelos melhores, mas pelos de ideais inferiores, já que os melhores, não participavam da família, nem da vida social, nem da vida cívica nacional. O crescimento da riqueza dos mosteiros levou a indisciplina, ao luxo, à ociosidade e até a imoralidade. No início do século dezesseis, os mosteiros estavam tão desmoralizados no conceito do povo, que foram suprimidos, e os que neles habitavam foram obrigados a trabalhar para se manterem. Início da Reforma Religiosa Cinco grandes movimentos de reformas surgiram na igreja; contudo, o mundo não estava preparado para recebê-los, de modo que foram reprimidos com sangrentas perseguições. Os Albigenses - "Puritanos" surgiram em 1170 no sul da França. Eles rejeitavam a autoridade da tradição, distribuíam o Novo Testamento e opunham-se às doutrinas romanas do purgatório, à adoração de imagens e às pretensões sacerdotais. O papa Inocêncio III, promoveu uma grande perseguição contra eles, e a seita foi dissolvida com o assassinato de quase toda a população da região. Os Valdenses - Apareceram ao mesmo tempo, em 1170, com Pedro Valdo, que lia, explicava e distribuía as Escrituras, as quais contrariavam os costumes e as doutrinas dos católicos romanos. Foram cruelmente perseguidos e expulsos da França; apesar das perseguições, eles permaneceram firmes, e atualmente constituem uma parte do pequeno grupo de protestante na Itália. João Wyclif - Nascido em 1324, Recusava-se a reconhecer a autoridade do papa e opunha-se a ela. Era contra a doutrina da transubstanciação, considerando o pão e o vinho meros símbolos. Traduziu o Novo testamento para o Inglês e seus seguidores foram exterminados por Henrique V. João Huss - Nascido em 1369 foi um dos leitores de Wyclif, pregou as mesmas doutrinas, e especialmente proclamou a necessidade de se libertarem da autoridade papal. Foi excomungado pelo papa, e então retirou para algum esconderijo desconhecido. Ao fim de dois ano voltou a convite da igreja para participar de um concílio católico-romana de Constança, sob a proteção de um salvo-conduto. Entretanto, o acordo foi violado sob o pretexto de que "Não se deve ser fiel a hereges". Assim João Huss foi condenado e queimado. Jerônimo Savonarola - Nascido em 1452 foi monge Dominicano, em Florença. A grande catedral enchia-se de multidões ansiosas, não só de ouví-lo, mas também para obedecer aos seus ensinos. Pregava contra os male sociais, eclesiásticos e político de seu tempo. Foi preso, condenado e enforcado e seu corpo queimado na praça de Florença em 1498. A Queda de Constantinopla A queda de Constantinopla, em 1453, foi assinalada como linha divisória entre os tempos medievais e os tempos modernos. Província após província do grande império foi tomada, até ficar somente a cidade de Constantinopla, que finalmente, em 1453, foi tomada pelos turcos sob as ordens de Maomé II. O templo foi transformado em mesquita. Constantinopla ( Istambul ) tornou-se a capital do Império Turco e assim terminou também o período da Igreja Medieval. Resumo da Apostasia Mencionaremos algumas das doutrinas que não tem apoio nas Escrituras Sagradas, e quando foram implantadas na igreja. Ano Doutrina 310 Reza pelos defuntos, 320 Uso de Velas, 375 Culto dos santos, 431 Culto à virgem Maria, 503 Obrigatoriedadede se beijar os pés do papa, 850 Uso da água benta, 993 Canonização dos Santo, 1073 Celibato Sacerdotal, 1184 Instituição da Santa Inquizição, 1190 Venda de Indulgências, 200 Substituição do pão pela hóstia, 1215 Dogma da transubstanciação, 1229 Proibição da leitura Bíblica, 1316 Instituição da reza à Ave Maria, 1546 Introdução dos livros apócrifos, 1870 Dogma da infabilidade papal, 1950 Ascenção de Maria ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 23 AA IIGGRREEJJAA RREEFFOORRMMAADDAA Desde a Queda de Constantinopla, 1453 Até ao Fim da Guerra dos Trinta Anos, 1648. A Reforma na Alemanha Neste periodo de duzentos anos, o grande acontecimento foi a Reforma; iniciada na Alemanha, e teve como resultado o estabelecimento de igrejas nacionais que não prestavam obediência nem fidelidade a Roma. Anotemos algumas das forças que conduziram à Reforma e ajudaram o seu progresso. Uma dessas forças foi, o movimento conhecido como Renascença, ou despertar da Europa para um novo interesse pela literatura, pelas artes e pela ciência, isto é, a transformação dos médodos e propósitos medievais em métodos modernos. A maioria dos estudiosos italianos desse período eram homem destituídos de vida religiosa; até os próprios papas dessa época destacavam-se mais por sua cultura do que pela fé. No norte dos Alpes, na Alemanha, na Inglaterra, e na França o movimento possuía sentimento religioso, despertando novo interesse pelas Escrituras, pelas línguas grega e hebraica, levando o povo a investigar os verdadeiros fundamentos da fé, independente dos dogmas de Roma. Por toda parte, de norte a sul, a Renascença solapava a igreja católica romana. A invenção da imprensa veio a ser um arauto e aliado da Reforma que se aproximava. A imprensa possibilitou o uso comum das Escrituras, e incentivou a tradução e a circulação da Bíblia em todos os idiomas da Europa. As pessoas que liam a Bíblia, prontamente se convenciam de que a igreja papal estava muito distanciada do ideal do Novo Testamento. Os novos ensinos dos Reformadores, logo que eram escritos, também eram logo publicados em livros e folhetos, e circulavam aos milhões em toda a Europa. O patriotismo dos povos começou a manifestar-se, mostrando-se inconformados com a autoridade estrangeira sobre suas próprias igrejas nacionais; resistindo à nomeação de bispos, abades e dignitários da igreja feitas por um papa que vivia em um pais distante. Não se conformava, o povo, com a contribuição do "óbolo de S. Pedro", para sustentar o papa e para a construção de majestosos templos em Roma. Havia uma determinação de reduzir o poder dos concílios eclesiásticos, colocando o clero sob o poder das mesmas leis e tribunais que serviam para os leigos. Enquanto o espírito de reforma e de independência despertava a Europa, a chama desse movimento começou a arder primeiramente na Alemanha, no eleitorado da Saxônia, sob a direção de Martinho Lutero, monge e professor da Universidade de Wittenberg. O papa reinante, Leão X, em razão da necessidade de avultadas somas para terminar as obras do templo de S. Pedro em Roma, permitiu que um seu enviado, João Tetzel, percorresse a Alemanha vendendo bulas, assinadas pelo papa, as quais, dizia, possuíam a virtude de conceder perdão de todos os pecados, não só aos possuidores da bula, mas também aos amigos, mortos ou vivos, em cujo nome fossem as bulas compradas, sem necessidade de confissão, nem absolvição pelo sacerdote. Tetzel fazia esta indagação ao povo: "Tão depressa o vosso dinheiro caia no cofre, a alma de vossos amigos subirá do purgatório ao céu." Lutero, por sua vez, começou a pregar contra Tetzel e sua campanha de venda de indulgências, denunciando como falso esse ensino. A data exata fixada pelos historiadores como início da grande Reforma foi registrada como 31 de outubro de 1517. Na manhã desse dia, Martinho Lutero afixou na porta da Catedral de Wittenberg um pergaminho que continha noventa e cinco teses ou declarações, quase todas relacionadas com a venda de indulgências; porém em sua aplicação atacava a autoridade do papa e do sacerdócio. Os dirlgentes da igreja procuravam em vão restringir e lisonjear Martinho Lutero. Ele, porém, permaneceu firme, e os ataques que lhe dirigiam, apenas serviram para tornar mais resoluta sua oposição às doutrinas não apoiadas nas Escrituras Sagradas. Após longas e prolongadas controvérsias e a publicação de folhetos que tornaram conhecidas as opiniões de Lutero em toda a Alemanha, seus ensinos foram formalmente condenados. Lutero foi excomungado por uma bula do papa Leão X, no mês de junho de 1520. Pediram então ao eleitor Frederico da Saxônia que entregasse preso Lutero, a fim de ser julgado e castigado. Entretanto, em vez de entregar Lutero, Frederico deu-lhe ampla proteção, pois simpatizava com suas idéias. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 24 Martinho Lutero recebeu a excomunhão como um desafio, classificando-a de "bula execrável do anticristo". No dia 10 de dezembro, Lutero queimou a bula, em reunião pública, à porta de Wittemberg, diante de uma assembléia de professores, estudantes e do povo. Juntamente com a bula, Lutero queimou também cópias dos cânones ou leis estabelecidas por autoridades romanas. Esse ato constituiu a renúncia defínitiva de Lutero à igreja católica romana. Em 1521 Lutero foi citado a comparecer ante a do Concílio Supremo do Reno. O novo imperador Carlos V concedeu um salvo-conduto a Lutero, para comparecer a Worms. Apesar de advertido por seus amigos de que poderia ter a mesma sorte de João Huss, que nas mesmas circunstâncias, no Concílio de Constança, em 1415, apesar de possuir um salvo-conduto, foi morto por seus inimigos, Lutero respondeu-hes: "Irei a Worms ainda que me cerquem tantos demônios quantas são as telhas dos telhados." Finalmente, no dia 17 de abril de 1521 Lutero compareceuao Concílio. Em resposta a um pedido de que se retratasse, e renegasse o que havia escrito, após algumas considerações respondeu que não podia retratar-se, a não ser que fosse desaprovado pelas Escrituras e pela razão, e terminou com estas palavras: "Aqui estou. Não posso fazer outra coisa. Que Deus me ajude. Amém." Instaram com o imperador Carlos para que prendesse Lutero, apresentando como razão, que a fé não podia ser confiada a hereges. Contudo, Lutero pôde deixar Worms em paz. Enquanto viajava de regresso à sua cidade, Lutero foi cercado e levado por soldados do eleitor Frederico para o castelo de Wartzburg. Ali permaneceu durante um ano, enquanto as tempestades de guerra e revoltas rugiam no império. Entretanto, durante esse tempo, Lutero não permaneceu ocioso; nesse período traduziu o Novo Testamento para a lingua alemã, obra que por si só o teria imortalizado, pois essa versão é considerada como o fundamento do idioma alemão escrito. Isto aconteceu no ano de 1521. O Antigo Testamento só foi completado alguns anos mais tarde. Ao regressar do castelo de Wartzburg a Wittenberg, Lutero reassumiu a direção do movimento a favor da igreja Reformada, exatamente a tempo de salvá-la de excessos extravagantes. Em 1529 a Dieta reuniu-se na cidade de Espira, com o objetivo de reconciliar as partes em luta. Nessa reunião da Dieta os governadores católicos, que tinham maioria, condenaram as doutrinas de Lutero. Os principes resolveram proibir qualquer ensino do luteranismo nos estados em que dominassem os católicos. Ao mesmo tempo determinaram que nos estados em que governassem luteranos, os católicos poderiam exercer livremente sua religião. Os príncipes luteranos protestaram contra essa lei desequilibrada e odiosa. Desde esse tempo ficaram conhecidos como protestantes, e as doutrinas que defendiam também ficaram conhecidas como religião protestante. A Contra-Reforma Logo após haver-se iniciado o movimento da Reforma, um poderoso esforço foi também iniciado pelaigreja católica romana no sentido de recuperar o terreno perdido, para destruir a fé protestante e para enviar missões a países estrangeiros. Esse movimento foi chamado Contra-Reforma. Tentou- se fazer a reforma dentro da própria igreja por via do Concílio de Trento, convocado no ano de 1545 pelo papa Paulo III, principalmente com o objetivo de investigar os motivos e pôr fim aos abusos que deram causa à Reforma. O Concílio era composto de todos os bispos e abades da igreja, e durou quase vinte anos, durante os governos de quatro papas, de 1545 a 1563. Todos esperavam que a separação entre católicos e protestantes teria fim, e que a igreja ficaria outra vez unida. Contudo, tal coisa não sucedeu. Fizeram-se, porém, muitas reformas na igreja católica e as doutrinas foram definitivamente estabelecidas. Os próprios protestantes admitem que depois do Concílio de Trento os papas se conduziram com mais acerto do que os que governaram antes do Concílio. O resultado dessa reunião pode ser considerado como uma reforma conservadora dentro da igreja católica romana. De ainda maior influência na Contra-Reforma foi a Ordem dos Jesuítas, fundada em 1534 pelo espanhol Inácio de Loyola. Era uma ordem monástica caracterizada pela combinação da mais severa disciplina, intensa lealdade à igreja e à Ordem, profunda devoção religiosa, e um marcado esforço para arrebanhar prosélitos. Seu principal objetivo era combater o movimento protestante, ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 25 tanto com métodos conhecidos como com formas secretas. Tornou-se tão poderosa a Ordem dos Jesuítas, que teve contra ela a oposição mais severa, até mesmo nos países católicos; foi suprimida em quase todos os países da Europa, e por decreto do papa Clemente XIV, no ano de 1773, a Ordem dos Jesuítas foi proibida de funcionar dentro da igreja. Apesar desse fato, ela continuou a funcionar, secretamente durante algum tempo, mais tarde abertamente, e foi reconhecida pelo papa em 1814. Hoje é uma das forças mais ativas para divulgar e fortalecer a igreja católica romana em todo o mundo. A perseguição ativa foi outra arma poderosa usada para impedir o crescente espírito da Reforma. É Certo que os protestantes também perseguiram, e até mataram, porém geralmente isso aconteceu por sentimentos politicos e não religiosos. Entretanto, no continente europeu, todos os governos católicos preocupavam-se em extirpar a fé protestante, usando para isso a espada. Na Espanha estabelceu-se a Inquisição, por meio da qual inumerável multidão sofreu torturas e muitas pessoas foram queimadas vivas. Nos Países-Baixos o governo espanhol determinou matar todos aqueles que fossem suspeitos de heresias. Na França o espírito de perseguição alcançou o climax, na matança da noite de São Bartolomeu, 24 de agosto de 1572, e que se prolongou por várias semanas. Segundo o cálculo de alguns historiadores, morreram de vinte a setenta mil pessoas. Essas perseguições nos países em que o governo não era protestante não só retardavam a marcha da Reforma, mas, em alguns países, principalmente na Boêmia e na Espanha, a extinguiram. Os esforços missionários da igreja católica romana devem ser recõnhecidos, também, como uma das forças da Contra-Reforma. Esses esforços eram dirigidos em sua maioria pelos jesuítas, e tiveram como resultado a conversão das raças nativas da América do Sul, do México e de grande parte do Canadá. Na India e países circunvizinhos estabeleceram-se missões por intermédio de Francisco Xavier, um dos fundadores da sociedade dos jesuítas. As missões católicas, nos países pagãos, iniciaram-se séculos antes das missões protestantes e conquistaram grande número de membros e bem assim poder para a respectiva igreja. Como resultado inevitável de interesses e propósitos contrários dos estados da Reforma e católicos na Alemanha, iniciou-se então uma guerra no ano de 1618, isto é, um século depois da Reforma. Essa guerra envolveu quase todas as nações européias. Na história ela é conhecida como a Guerra dos Trinta Anos. As rivalidades políticas e religiosas estavam ligadas a essa guerra. Ás vezes estados que professavam a mesma fé, apoiavam partidos contrários. A luta estendeu-se durante quase. uma geração, e toda a Alemanha sofreu ou seus efeitos terríveis. Finalmente, em 1648, a guerra terminou, com a assinatura do tratado de paz de Westfália, que fixou os limites dos estados católicos e protestantes, que duram até hoje. O periodo da Reforma pode ser considerado terminado nesse ponto. AA IIGGRREEJJAA AATTUUAALL Nos últimos três séculos, nossa atenção dirigir-se-á especialmente para as igrejas que nasceram da Reforma. Pouco depois da Reforma apareceram três grupos diferentes na igreja inglesa: Os elementos romanistas que procuravam fazer amizade e nova união com Roma; O anglicanismo, que estava satisfeito com as reformas moderadas estabelecidas nos reinados de Henrique VIII e da rainha Elisabete; E o grupo protestante radical que desejava uma igreja igual às que se estabeleceram em Genebra e Escócia. Este último grupo ficou conhecido, cerca do ano de 1654, como "os puritanos", e opunha-se de modo firme ao sistema anglicano no governo de Elisabete, e por essa razão muitos de seus dírigentes foram exilados. Os puritanos também estavam divididos entre si: uma parte mais radical, era favorável à forma presbiteriana; a outra parte desejava a independência de cada grupo local, conhecidos como "independentes" ou "congregacionais". Apesar dessas diferenças, continuavam como membros da igreja inglesa. Na luta entre Carlos I e o Parlamento, os puritanos eram fortes defensores dos direitos populares. No início o grupo presbiteriano predominava. Por ordem do Parlamento, um concílio de ministros reunido em Westminster, em 1643, preparou a "Confissão de Westminster" e os dois catecismos, considerados durante muito tempo como regra de fé por presbiterianos e congregacionais. Após a Revolução de 1688, os puritanos foram reconhecidos como dissidentes da igreja da Inglaterra e conseguiram o direito de organizarem-se independentemente. Do movimento iniciado pelos puritanos surgiram três igrejas, ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 26 a saber, a Presbiteriana, a Congregacional, e a Batista. Nos primeiros cinquenta anos do século dezoito, as igrejas da Inglaterra, a oficial e a dissidente, entraram em decadência. Os cultos eram formalistas, dominados por uma crença intelectual, mas sem poder moral sobre o povo. A Inglaterra foi despertada dessa condição, por um grupo de pregadores sinceros dirigidos pelos irmãos João e Carlos Wesley e Jorge Whitefield. Dentre os três, Whitefield era o pregador mais poderoso, que comovia os corações de milhares de pessoas, tanto na Inglaterra como na América do Norte. Carlos Wesley era o poeta sacro, cujos hinos enriqueceram a coleção hinológica a partir de seu tempo. João Wesley foi, sem dúvida alguma, o indiscutível dirigente e estadista do movimento. Na idade de trinta e cinco anos, quando desempenhava as funções de clérigo anglicano, João Wesley encontrou a realidade da religião espiritual entre os morávios, um grupo dissidente da igreja Luterana. Em 1739 Wesley começou a pregar "o testemunho do Espírito" como um conhecimento pessoal interior, e fundou sociedades daqueles que aceitavam seus ensinos. A princípio essas sociedades eram orientadas por dirigentes de classes, porém mais tarde Wesley convocou um corpo de pregadores leigos para que levassem as doutrinas e relatassem suas experiências em todos os lugares, na Grã- Bretanha e nas colônias norte-americanas. Os seguidores de Wesley foram chamados "metodistas", e Wesley aceitou sem relutância esse nome. Na inglaterra foram conhecidos como "metodistas wesleyanos", e antes da morte de seu fundador, contavam-se aos milhares. Apesar de haver sofrido, durante muitos anos, violenta oposiçãoda igreja de Inglaterra, sem que lhe permitissem usar o púlpito para pregar, Wesley afirmava considerar-se membro da referida igreja; considerava o movimento que dirigia como uma sociedade não separada, mas dentro da igreja da Inglaterra. Contudo após a revolução norte-americana, em 1784, organizou os metodistas nos Estados Unidos em igreja independente, de acordo com o modelo episcopal, e colocou "superintendentes", titulo que preferiu ao de "bispo". Nos Estados Unicos o nome "bispo" teve melhor aceitação e foi por isso adotado. Nesse tempo os metodistas na América eram cercade 14.000. O movimento wesleyano despertou clérigos e dissidentes para um novo poder na vida cristã. Também contribuiu para a formação de igrejas metodistas sob várias formas em muitos países. Na América do Norte, presentemente a igreja metodista conta com aproximadamente onze milhões de membros. Nenhum dirigente na igreja cristã conseguiu tantos seguidores como João Wesley. A Igreja da Inglaterra (Episcopal), foi a primeira religião protestante a estabelecer-se na América do Norte. Em 1579 realizou-se um culto sob a direção de Sir Francis Drake, na Califórnia. O estabelecimento permanente da igreja inglesa data de 1607, na primeira colônia inglesa em Jamestown, na Virgima. A Igreja da Inglaterra era a única forma de adoração reconhecida no início, na Virgínia e em outras colônias do sul. A igreja, nos Estados Unidos, tomou o nome oficial de Igreja Protestante Episcopal. O crescimento da igreja Episcopal desde então tem sido rápido e constante. Atualmente conta quase três milhões e meio de membros. A igreja Episcopal reconhece estas três ordens no ministêrio: bispos, sacerdotes e diáconos, e aceita quase todos os trinta e nove artigos da Igreja da Inglaterra, modificados para serem adaptados à forma de governo norte- americano. Sua autoridade legislativa está concentrada em uma convenção geral que se reúne cada três anos. Trata-se de dois corpos, uma câmara de bispos e outra de delegados clérigos e leigos eleitos por convenções nas diferentes dioceses. Uma das maiores igrejas existentes na América do Norte é a denominação Batista, a qual conta com mais de vinte milhões de membros. Seus princípios distintivos são dois: (1) Que o batismo deve ser ministrado somente àqueles que confessam sua fé em Cristo; por conseguinte, as crianças não devem ser batizadas. (2) Que a única forma bíblica do batismo é a imersão do corpo na água, e não a aspersão ou derramamento. Os batistas são congregacionais em seu sistema de governo. Cada igreja local é absolutamente independente de qualquer jurisdição externa, fixando suas próprias regras. Não possuem uma Confissão de Fé nem catecismo algum para instruir jovens acerca de seus dogmas. Contudo, não há no país igreja mais unida em espírito, mais ativa e empreendedora em seu trabalho e mais leal aos seus princípios, do ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 27 que as igrejas batistas. Surgiram os batistas pouco depois da Reforma, na Suíça, e espalharam-se rapidamente no norte da Alemanha e na Holanda. No princípio foram chamados anabatistas, porque batizavam novamente aqueles que haviam sido batizados na infância. Na Inglaterra, a princípio, estavam unidos com os independentes ou congregacionais, mas pouco a pouco tornaram-se um corpo independente. Com efeito, a igreja de Redford, da qual João Bunyan era pastor, cerca do ano 1660, e que existe até hoje, considera-se tanto batista como congregacional. Na América do Norte a denominação batista iniciou suas atividades com Roger Williams, clérigo da Igreja da Inglaterra expulso de Massachusetts porque se recusou a aceitar as regras e opiniões congregacionais. Roger fundou a colônia de Rhode Island, em 1644. Ali todas as formas de adoração religiosa eram permitidas, e os membros de religiões perseguidas em outras partes eram bem-vindos. De Rhode Island os batistas espalharam-se rapidamente por todo o continente. Depois da Reforma iniciada por Martinho Lutero, as igrejas nacionais que se organizaram na Alemanha e nos países escandinavos tomaram o nome de luteranas. No início da história da colonização holandesa da Nova Amesterdã, hoje Nova lorque, que se supôe haja sido em 1623, os luteranos, ainda que da Holanda, chegaram a essa cidade. Em 1652, solicitaram licença para fundar uma igreja e contratar um pastor. Entretanto, as autoridades da Igreja Reformada da Holanda opuseram-se a esse desejo, e fizeram com que o primeiro ministro luterano voltasse à Holanda, em 1657. Os cultos continuaram a ser realizados, embora não oficialmente. Contudo, em 1664, quando a Inglaterra conquistou Nova Amsterdã, os luteranos conseguiram liberdade de culto. Em 1638, alguns luteranos suecos estabeleceram-se próximo ao rio Delaware, e construíram o primeiro templo luterano na América do Norte, perto de Lewes. Porém a imigração sueca cessou até ao século seguinte. Em 1710, uma colônia de luteranos exilados do Palatinado, na Alemanha, estabeleceu a sua igreja em Nova Iórque e na Pensilvânia. No século dezoito os protestantes alemães e suecos emigraram para a América do Norte, aos milhares. Isso deu motivo à organizaçãodo primeiro Sínodo Luterano na cidade de Filadélfia, em 1748. A partir daí as igrejas luteranas cresceram, não só por causa da imigração, mas também pelo aumento natural, sendo que atualmente há aproximadamente nove milhões e meio de membros nas igrejas luteranas. Uma das primeiras igrejas presbiterianas dos Estados Unidos foi organizada em Snow Hili, Marvland, em 1648, pelo Rev. Francis Makemie, da Irlanda. Makemie mais seis ministros reuniram- se em Filadélfia, em 1706 e uniram suas igrejas em um presbitério. Em 1716, as igrejas e seus ministros, havendo aumentado em numero, e bem assim penetrado em outras colônias, decidiram organizar-se em sínodo, dividido em quatro presbitérios incluindo dezessete igrejas. As igrejas metodistas do Novo Mundo existem desde o ano de 1766, quando dois pregadores wesleyanos locais, naturais da Irlanda, se transferiram para os Estados Unidos e começaram a realizar cultos segundo a ordem metodista. Não se sabe ao certo se Filipe Embury realizou o primeiro culto em sua própria casa em Nova lorque ou se foi Roberto Strawbridge, em Fredrick County, Maryland. Esses dois homens organizaram sociedades, e, em 1768, Filipe Embury edificou uma capela na Rua João, onde funciona ainda um templo metodista episcopal. O número de metodistas na América do Norte cresceu. Por essa razão, em 1769, João Wesley enviou dois missionários, Ricardo Broadman e Tomás Pilmoor, a fim de inspecionarem a obra e cooperarem na sua extensão. Outros pregadores, sete ao todo, foram enviados da Inglaterra, dentre os quais se destacou Francisco Asbury, que chegou aos Estados Unidos em 1771. A primeira Conferência Metodista nas colônias foi realizada em 1773, presidida por Tomás Rankin. Porém, em razão do início da Guerra de Independência, todos os pregadores deixaram o país; exceto Asbury, e a maior parte do tempo, até que a paz foi assinada em 1783, ele esteve afastado. Quando o governo dos Estados Unidos foi reconhecido pela Grã-Bretanha, os metodistas da América do Norte alcançavam o número de quinze mil. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 28 UUNNIIDDAADDEE IIIIII OO AAVVAANNÇÇOO DDOO CCRRIISSTTIIAANNIISSMMOO ............................................................... "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja. Lucas destaca isto ao nos informar em seu Evangelho ". .............................................................. PPRRIIMMEEIIRROO AAOOSS JJUUDDEEUUSS Cristo é mais o Fundamento do que o Fundador da Igreja. Isto fica evidente pelo uso do tempo futuro que faz em Mateus 16.18, ao dizer: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja. Lucas destaca isto ao nos informar emseu Evangelho "acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar" (At 1.1). Em Atos ele relatou a fundação e a divulgação da Igreja cristã pelos apóstolos sob a direção do Espírito Santo. Até mesmo os discípulos compreenderam mal a natureza espiritual da missão de Cristo por quererem saber, após Sua ressurreição, quem restauraria o reino messiânico (At 1.6). Cristo mesmo já lhes tinha dito que, depois de fortalecidos pelo Espírito Santo, a sua tarefa seria testemunhar dele "em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra" (At 1.8). Cristo deu prioridade à proclamação aos judeus. Mesmo um estudo superficial dos Atos dos Apóstolos revelará que esta é a ordem seguida pela Igreja primitiva. O Evangelho foi primeiro proclamado em Jerusalém por Pedro no dia de Pentecoste; depois, foi levado pelos cristãos judeus a outras cidades da Judéia e da Samaria. Desse modo, a Igreja foi primeiramente judia e existiu dentro do judaísmo. O desenvolvimento do cristianismo aí e sua chegada a Antioquia é descrito por Lucas nos primeiros 12 capítulos do Atos. A Fundação da Igreja em Jerusalém Parece paradoxal que o principal centro de inimizade contra Cristo tenha sido a cidade onde a religião cristã começou. Mas esta é a realidade. Do ano 30 a aproximadamente 44, a igreja em Jerusalém manteve uma posição de liderança na comunidade cristã primitiva. O Espírito Santo teve o papel de proeminência na fundação da Igreja Cristã. Ele se tornou o Agente da Trindade na mediação da obra de redenção dos homens. Judeus de todas as partes do mundo mediterrâneo estavam presentes em Jerusalém para vera Festa do Pentecoste por ocasião da fundação da Igreja (At 2.5-11). A manifestação sobrenatural do poder divino no falar em línguas, claramente relacionada à origem da Igreja, e a vinda do Espírito Santo levaram os judeus presentes a declararem a maravilha das obras de Deus em sua própria língua (At 2.11). Pedro aproveitou a oportunidade para proferir o primeiro e possivelmente o mais fecundo sermão já pregado, e proclamar a messianidade de Cristo e a graça salvadora. Por fim, três mil pessoas aceitaram a sua palavra e foram batizados (At 2.41). Foi desta maneira que, a entidade ou organismo espiritual, a Igreja invisível, o Corpo do Cristo ressuscitado, começou a existir. O crescimento foi rápido. Outros eram acrescidos diariamente ao número dos três mil até chegarem logo a cinco mil (At 4.4). Há menção de multidões se integrando à Igreja (At 5.14). É interessante que muitos eram judeus helenistas (At 6.1) da dispersão e que estavam em Jerusalém para celebrar as grandes festas relacionadas com a Páscoa e o Pentecoste. Nem mesmo os sacerdotes ficaram imunes ao contágio da nova fé. "Muitos sacerdotes" (At 6.7) são mencionados como estando entre os membros da igreja primitiva em Jerusalém. Talvez alguns deles tivessem visto a abertura do grande véu do templo, logo depois da morte de Cristo, e isto, junto com a pregação dos apóstolos, levou-os a se ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 29 comprometerem com Cristo. Este crescimento tão rápido não se fez sem a oposição da parte de judeus. As autoridades eclesiásticas logo perceberam que o cristianismo representava uma ameaça a suas prerrogativas como intérpretes e sacerdotes da lei; por isto, reuniram suas forças para combater o cristianismo. A perseguição veio primeiro de um organismo político-eclesiástico o Sinédrio, que, com permissão romana, supervisionava a vida civil e religiosa do estado. Pedro e João tiveram que comparecer perante este egrégio órgão duas vezes e foram proibidos de pregar o Evangelho, mas eles se recusaram a cumprir a ordem. Mais tarde a perseguição tomou cunho mais político. Herodes matou Tiago e prendeu Pedro (At 12) nesta fase de perseguição. Daí por diante a perseguição tem seguido esse padrão eclesiástico ou político. Esta perseguição deu ao cristianismo seu primeiro mártir, Estevão. Fora ele um dos mais destacados dos sete homens escolhidos para administrar os fundos de caridade na Igreja de Jerusalém. Testemunhos falsos, que não podiam resistir ao espírito e à lógica com que ele falou, obrigaram-no a comparecer diante do Sinédrio. Após um emocionante discurso em que denunciou líderes judeus por sua rejeição de Cristo, foi retirado e apedrejado até a morte. Sua morte, como o primeiro mártir da fé cristã, foi um fator importante na divulgação e crescimento do cristianismo. Saulo depois Paulo o apóstolo, guardou as capas daqueles que apedrejaram Estevão. É claro que a coragem e o espírito perdoador de Estevão diante de uma morte tão trágica marcaram bem fundo no coração de Saulo. Aquilo que Cristo lhe disse, em Atos 9.5, "Duro será para ti recalcitrar contra os aguilhões, parecia indicar esta realidade. A perseguição que se seguiu foi mais dura e acabou sendo o meio usado pela igreja nascente para que sua mensagem fosse levada a outras partes do mundo ( At 8.4). Nem todos os convertidos ao cristianismo tinham, entretanto, um coração puro. Ananias e Safira constituíram-se nos primeiros objetos da disciplina da igreja em Jerusalém por causa da cobiça. Pronta e terrível, esta disciplina foi ministrada através dos apóstolos que eram os líderes da organização. O relato da aplicação da disciplina sobre este casal culpado suscita o problema se a igreja em Jerusalém, praticou, ou não o comunismo. Um jovem comunista se empenhou muito para demonstrar a este autor que os cristãos praticavam o comunismo. Realmente passagens como Atos 2.44-45 e 4.32 parecem sugerir a prática de um tipo utópico de socialismo baseado no princípio máximo do socialismo: "a cada um segundo a sua capacidade, de acordo com a sua necessidade". O fato que tudo era feito voluntariamente é importante. Pedro afirmou claramente em Atos 5.3-4 que Ananias e Safira tinham liberdade para reter ou vender sua propriedade. O ter tudo em comum era uma decisão de caráter fundamentalmente livre. A Bíblia não pode ser usada como Escritura autoritativa para o Capitalismo estatal. Agora, sem dúvida, o cristianismo primitivo promoveu uma grande mudança social em certas regiões. A igreja de Jerusalém insistiu sobre a igualdade espiritual dos sexos e deu muita importância às mulheres na igreja. A liderança de Dorcas na promoção do trabalho de caridade foi registrada por Lucas (At 9.36) . A criação de um grupo de homens para tomar conta das necessidades foi outro acontecimento de relevância social ocorrido ainda nos primeiros anos do nascimento da Igreja. A caridade deveria ser administrada por um corpo organizado, os precursores dos diáconos. Com isto, os apóstolos ficaram completamente livres para o exercício de sua liderança espiritual. A necessidade, devido ao rápido crescimento e possivelmente à imitação das práticas da sinagoga judaica, levou à multiplicação de ofícios e oficiais bem cedo na história da Igreja. Algum tempo depois, os presbíteros (anciãos) passaram a integrar o corpo de oficiais, finalmente formado de apóstolos, presbíteros e diáconos, que dividiam a responsabilidade de liderar a Igreja de Jerusalém. A natureza da pregação dos líderes dessa igreja primitiva desponta logo no relato do surgimento do cristianismo. O sermão de Pedro (At 2.14-36) é o primeiro sermão de um apóstolo. A igreja judaica em Jerusalém, cuja história foi descrita, logo perdeu seu lugar de líder do cristianismo para outras igrejas. A decisão tomada no Concílio em Jerusalém, de que os gentios não eram obrigados a obedecer a lei, abriu o caminho para a emancipação espiritual das igrejas gentílicas do controle judaico. Durante o cerco de Jerusalém em 70 por Tito, os membros da Igreja foram forçados a fugir ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 30 para Pela, do outro lado do Jordão. Depois da destruição do templo da fuga da Igreja judaica, Jerusalém deixou de ser vista como o centrodo cristianismo; a liderança espiritual da Igreja Cristã se centralizou, então, em outras cidades, especialmente em Antioquia. Isto evitou o perigo de que o cristianismo jamais se libertasse dos quadros do judaísmo. A Igreja na Palestina A visita de Filipe a Samaria ( Atos 8.5-25) levou o Evangelho a um povo que não era de sangue judeu puro. Os samaritanos eram os descendentes daquelas dez tribos que não foram levadas para a Assíria depois da queda da Samaria e dos colonos que os assírios trouxeram de outras partes do seu império em 721 a.C. Os judeus e os samaritanos fizeram-se inimigos ferrenhos desde então. Pedro e João foram chamados a Samaria para ajudar Filipe, pois o trabalho crescera tão rapidamente que ele estava sem condições de atender a todas as necessidades. Este reavivamento foi a primeira brecha na barreira racial a divulgação do Evangelho. Filipe foi compelido pelo Espírito Santo, após completar seu trabalho em Samaria, a pregar o Evangelho a um eunuco etíope, alto oficial do governo da Etiópia. Pedro, o primeiro a pregar o Evangelho aos judeus, foi também o primeiro a levar oficialmente o Evangelho aos gentios. Depois de uma visão, que deixou claro para ele que os gentios também tinham direito ao Evangelho, Pedro foi à casa de Cornélio, o centurião romano, e se assombrou quando as mesmas manifestações ocorridas no dia de Pentecoste voltavam a se verificar na casa de Cornélio (Atos 10-11). A partir daí, ele se dispôs a levar aos gentios o Evangelho da graça. O eunuco etíope e Cornélio foram os primeiros gentios a ter o privilégio de receber a mensagem da graça salvadora de Cristo. Embora aqueles que tinham sido obrigados a sair de Jerusalém pregassem somente aos judeus (At 11.19), não demorou para que surgisse uma grande igreja gentia que brotou em Antioquia. Aí o termo "cristão", inicialmente empregado com sentido, pejorativo, por mordazes antioquienses ,tornou-se a designação de honra dos seguidores de Cristo. Foi em Antioquia que Paulo começou seu ministério público ativo entre os gentios e foi daí que ele partiu para suas viagens missionárias cujo objetivo final era chegar a Roma. A igreja em Antioquia era tão grande que foi capaz de socorrer as igrejas judaicas quando elas passaram fome. Ela foi o principal centro do cristianismo, de 44-68 d. C. A tarefa de levar o Evangelho aos gentios nos "confins" estava apenas começando. Começada por Paulo, esta tarefa continua ainda hoje como a missão, inacabada da Igreja de Cristo. Também Aos Gregos A Igreja judaico-cristã primitiva demorava a compreender o sentido universal do cristianismo embora Pedro tivesse sido o instrumento na comunicação do Evangelho aos primeiros convertidos judeus. Foi Paulo, capacitado pela revelação de Deus, que teve a visão das necessidades do mundo gentio, dedicando sua vida à pregação do Evangelho a este mundo. Como nenhum outro na Igreja primitiva, Paulo entendeu o caráter universal do cristianismo e entregou-se à sua pregação aos confins do Império Romano ( Rm 11.13; 15.16). Poder-se-ia até dizer que ele tinha em sua mente o slogan "O Império Romano para Cristo" pelo tanto que ele fez no ocidente com a mensagem da Cruz (Rm 15.15, 16, 18-28; At 9.15, 22.21). Embora não poupasse esforços na consecução deste ministério, ele não negligenciou seu próprio povo, os judeus. Isto se evidencia por sua procura das sinagogas judaicas logo que chegava a uma cidade e pela proclamação do Evangelho a todos os prosélitos judeus e gentios que pudessem ouvi-lo. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 31 OO AAMMBBIIEENNTTEE DDEE PPAAUULLOO Paulo estava consciente de que devia três lealdades temporais. Como jovem judeu, ele recebera educação ministrada apenas aos jovens judeus de futuro e foi educado aos pés do grande mestre judeu, Gamaliel. Poucos podiam se orgulhar de ter mais instrução do que Paulo no que dizia respeito à educação religiosa judaica e poucos se aproveitaram tanto quanto ele da educação que recebeu ( Fp 3.4-6). Era ele também cidadão de Tarso, a principal cidade da Cicília, "cidade não insignificante" (At 21.39). Era também cidadão romano livre (At 22.28) e não tinha dúvidas em usar os privilégios de sua cidadania romana quando estes privilégios podiam ajudá-lo em sua missão por Cristo (At 16.37; 25.11). O judaísmo foi seu ambiente religioso anterior a sua conversão; Tarso foi sua grande universidade e sua atmosfera intelectual, o palco dos primeiros anos de sua vida; e o Império romano foi o espaço político em que viveu e agiu. Este ambiente político não parecia ser tão favorável a alguém para a proclamação do Evangelho. A situação social e moral era mais assustadora do que a política. A pilhagem do Império criou uma classe alta rica de novos aristocratas que tinham escravos e dinheiro para satisfazer seus muitos desejos legítimos e ilegítimos. Esta classe desdenhava de certo modo a nova religião e viam seu apelo às classes pobres como uma ameaça à sua posição elevada na sociedade. Assim mesmo, alguns desta classe se converteram com a pregação do Evangelho feita por Paulo na prisão em Roma (Fl 1.13). Paulo enfrentou também a rivalidade de outros sistemas de religião. Os romanos eram de certo modo ecléticos em sua vida religiosa e se dispunham a tolerar toda religião desde que esta não proibisse seus seguidores de participar no culto do Estado, que misturava o culto ao imperador com o velho culto do estado republicano e exigia a obediência de todos os povos do Império exceto aos judeus, que por lei eram isentos destes rituais. Aos cristãos não se concedeu tal privilégio e eles tiveram que enfrentar o problema da oposição do Estado. As religiões de mistério subjetivistas de Mitra, Cibele e ísis pediam a associação de muitos outros no Império. O judaísmo, de quem o cristianismo foi distinto como seita separada, enfrentou uma oposição cada vez maior. Os intelectuais romanos aceitavam os sistemas filosóficos, como o Estoicismo, o Epicurismo e o Neo-pitagorismo, que sugeriam a contemplação filosófica como o caminho da salvação. O estoicismo, com sua interpretação panteística de Deus, sua concepção de leis éticas naturais descobríveis pela razão e sua doutrina da paternidade de Deus e fraternidade do homem, parecia dar um fundamento filosófico para o Império Romano. Alguns imperadores, como Marco Aurélio (161-180), aceitaram suas formulações éticas. Paulo teve que enfrentar este confuso cenário religioso com o simples Evangelho redentor da morte de Cristo. A Arqueologia nos ajuda a datar pontos-chave na vida e obra de Paulo. Paulo esteve em Corinto 18 meses quando Gálio tornou-se procônsul (At 18.12-13). CCOOMM OOSS BBIISSPPOOSS EE OOSS DDIIAACCOONNOOSS A Igreja existe em dois níveis. Um deles é um organismo eterno, invisível, bíblico, que é consolidado em um corpo pelo Espírito Santo. O outro nível é o da organização temporal, histórica, visível, humana. O primeiro é o fim, o segundo os meios. O desenvolvimento da Igreja como uma organização foi iniciado pelos apóstolos sob a direção do Espírito Santo. Todo corpo organizado precisa de uma liderança e, quanto mais cresce, a divisão de funções e a especialização da liderança acontecem para que possa funcionar eficientemente. Uma liturgia para conduzir o culto da Igreja de modo ordenado (I Co 14.40) é outra conseqüência lógica do crescimento da Igreja como organização. O objetivo final da Igreja como um organismo que cultua é a conquista da qualidade de vida. O Governo Da Igreja A origem da administração eclesiástica deve ser creditada a Cristo, ao escolher os 12 apóstolos que seriam os líderes da Igreja nascente. Os apóstolos tomaram a iniciativa no desenvolvimento de outros ofícios na Igreja quando dirigidos pelo Espírito Santo. Isto não implica numa hierarquia piramidal, como a desenvolvida pela IgrejaCatólica Romana, porque os novos oficiais deviam ser escolhidos pelo povo, ordenados pelos apóstolos e precisavam ter qualificações espirituais próprias ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 32 que envolviam a subordinação ao Espírito Santo. Assim, havia uma chamada interna pelo Espírito Santo para o ofício, uma chamada externa pelo voto democrático da igreja e a ordenação ao ofício pelos apóstolos. Não deveria haver uma classe especial de sacerdotes à parte para ministrar o sistema sacerdotal da salvação, porque tanto os oficiais da Igreja como os membros eram sacerdotes com o direito de acesso direto a Deus através de Cristo ( Ef 2.18). Estes oficiais podem ser divididos em duas classes. Os oficiais carismático - ( charisma em grego significa dom) foram escolhidos por Cristo e revestidos com dons espirituais próprios (Ef 4.11-12; I Co 12-14); suas funções eram basicamente inspirativas. Os oficiais administrativos - constituíam a segunda classe. Suas funções eram principalmente administrativas, embora após a morte dos apóstolos, os presbíteros tenham assumido muitas responsabilidades espirituais. Estes oficiais eram escolhidos pela congregação depois de orarem pedindo a orientação do Espírito Santo e depois da indicação pelos apóstolos. Oficiais Carismáticos - Estes homens, cujas responsabilidades principais eram a preservação da verda- de do Evangelho e sua proclamação inicial, foram selecionados especialmente por Cristo através do Espírito Santo para exercer a liderança da Igreja. Houve quatro ou cinco destes ofícios designados por Paulo: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e/ou mestres. Muitos pensam que pastor e mestre sejam designações para a mesma pessoa. Os apóstolos eram homens que tinham sido testemunhas da vida, morte e principalmente da ressurreição de Cristo e que tinham sido chamados pessoalmente por Cristo. Paulo baseou seu apostolado numa chamada direta do Cristo vivo. Estes homens, que foram os primeiros oficiais da Igreja primitiva, combinaram em seu ministério todas as funções posteriormente exercidas por vários oficiais quando os apóstolos se tornaram incapazes de cuidar das necessidades da Igreja primitiva em rápida expansão. Pedro é a figura principal entre os apóstolos nos primeiros 12 capítulos do relato lucano da história da Igreja primitiva. Ele não só fez a primeira proclamação oficial aos judeus em Jerusalém no dia de Pentecostes como também foi o primeiro a introduzir o Evangelho entre os gentios com sua pregação na casa de Cornélio. Tiago, o filho de Zebedeu, estava presente na transfiguração e no Getsêmani. Foi o primeiro dos 12 a ser martirizado, decapitado que foi por Herodes Agripa l em 44. Tiago, o irmão de Cristo, tornou-se logo, com Pedro o líder da Igreja em Jerusalém. Sua proeminência na Igreja é evidente por sua posição de liderança no Concílio de Jerusalém. Embora mais próximo do legalismo do que a maioria dos líderes da primitiva igreja de Jerusalém, ele exerceu um papel de mediador entre cristãos judeus e gentios no Concílio. João é mencionado junto com Pedro como um líder da Igreja primitiva. A tradição relaciona suas últimas atividades com a cidade de Éfeso. Ele foi confinado por Domiciano na ilha de Palmos, uma solitária e infrutífera ilha pedregosa, distante da costa ocidental da Ásia Menor. Aí escreveu o livro de Apocalipse. Após a morte de Domiciano, recebeu permissão para voltar a Éfeso, onde morou, pastoreando as Igrejas da Ásia até morrer em avançada idade. Seu Evangelho, suas três epístolas e Apocalipse integram ricamente a herança literária da Igreja do Novo Testamento. André, irmão de Pedro, pregou em regiões do Oriente Antigo. Segundo tradição posterior, foi crucificado numa cruz em forma de X que tomou o seu nome. Pouco se sabe da vida de Filipe, que muito possivelmente morreu de morte natural em Hierápolis após a destruição de Jerusalém. Nada se sabe das últimas atividades e da morte de Tiago o Menor, filho de Alfeu. A tradição sobre Judas Tadeu fala de suas atividades na Pérsia, onde teria sido martirizado. Matias, que substituiu Judas, pregou na Etiópia e aí conheceu o martírio, de acordo com o relato. Simão o zelote também foi martirizado. A tradição não é clara acerca da forma do martírio de Bartolomeu, mas seu nome é associado à proclamação do Evangelho na índia, por uma tradição. Mateus talvez tenha trabalhado na Etiópia também. O nome do mais célico dos discípulos, Tomé, é ligado ao trabalho em Parto, mas outros relatos colocam seu trabalho e martírio na índia. O silêncio do Novo Testamento e mesmo da tradição sobre estes homens marca um notável contraste com a tendência medieval de glorificar a morte dos homens mais notáveis da Igreja. Os profetas pareciam estar entre os líderes mais influentes da Igreja do ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 33 Novo Testamento. Eles exerceram a função de proclamar ou pregar o Evangelho (At 13.1, 15.32) bem como de antecipar ou predizer o futuro. Filipe exerceu o dom do evangelismo (At 21.8), mas pouco se sabe de seu trabalho e suas funções específicas. Talvez tenha se dedicado ao trabalho do missio- nário itinerante cuja principal tarefa era proclamar o Evangelho em áreas novas ainda não atingidas. Oficiais Administrativos Todos os oficiais de que tratamos eram especialmente indicados para seus cargos por Deus e não pelos homens. Havia outra classe de oficiais que eram democraticamente escolhidos "com o consenso de toda igreja". Sua tarefa era executar as funções administrativas dentro da igreja local. Diferentemente dos apóstolos e dos outros líderes carismáticos, estes homens, e, em alguns casos, mulheres, operavam e exerciam sua autoridade na igreja ou congregação local e não na Igreja de Cristo como um todo. Estes oficiais surgiram com a divisão de funções e a especialização necessárias para ajudar os sobrecarregados apóstolos diante dos problemas de uma Igreja em crescimento. O ofício do ancião ou presbítero era o mais elevado na congregação local. Aqueles que defendem a existência de uma organização tríplice na Igreja entendem que os termos ancião (presbuteros) e bispo ( episkopos) não são sinônimos mas representam os ofícios separados de bispo e presbítero. As qualificações de um presbítero são detalhadamente esboçadas pelo menos duas vezes no Novo Testamento (I Tm 3.1-7; Tt 1.5-9). Os presbíteros deviam ser homens de boa reputação entre os membros da igreja e para os de fora. A direção do culto público parece ter sido uma de suas principais funções (I Tm 5.17; Tt 1.9) bem como a responsabilidade pela boa administração e pela disciplina segura da Igreja. Os diáconos tinham uma posição de subordinação aos anciãos, mas aqueles que exerciam tal função precisavam das mesmas qualidades exigidas dos presbíteros (At 6.3; I Tm 3.8-13). A prática de eleição democrática era também uma recomendação dos apóstolos em Jerusalém (At 6.3,5). A ministração da caridade pela Igreja era a principal tarefa dos diáconos. Mais tarde, eles ajudaram os presbíteros na distribuição dos elementos da Ceia à congregação. O Culto Da Igreja Primitiva A questão de uma forma segura de culto parece ter sido uma preocupação ao tempo dos apóstolos. Paulo exortara a igreja em Cristo a conduzir sua adoração de uma forma decente e ordeira, (I Co 14.40). Cristo afirmou a essência do verdadeiro culto quando disse que, como Deus era um espírito, o verdadeiro culto estava no domínio do espírito (Jo 4.24). Os cristãos primitivos não concebiam a igreja como um lugar de culto como se faz hoje. Igreja significava um corpo de pessoas numa relação pessoal com Cristo. Para tanto, os cristãos se reuniam em casas (At 12.12; Rm 16.5,23; Cl 4.15;), no templo (At 5.12), nos auditórios públicos de escolas (At 19.9) e nas sinagogas até quando foram permitidos (At 14.1,3; 17.1; 18.4). O lugar não era tão importantecomo o propósito de encontro para comunhão uns com os outros e para culto a Deus. No primeiro século, dois cultos eram realizados no primeiro dia da semana, adotado como o dia de culto por ter sido o dia em que Cristo ressuscitou dentre os mortos (At 20.7; I Co 16.2; Ap 1.10). O culto da manhã certamente incluía leitura da Bíblia (CI 3.16), a exortação pelo presbítero principal, orações e cânticos,(Ef 5.19). A. festa do amor (I Co 11.20-22) ou ágape precedia a Ceia no culto da noite. Ao final do primeiro século, a festa do amor tinha praticamente desaparecido, sendo a Ceia celebrada no culto da manhã. A Ceia do Senhor e o batismo eram os dois sacramentos da Igreja primitiva, usados por terem sido instituídos por Cristo. A imersão parece ter sido amplamente praticada no primeiro século, mas de acordo com o Didaquê, o batismo podia ser administrado com água na cabeça do balizando, se nenhuma corrente ou uma grande quantidade de água não estivessem à disposição. Somente os batizados participavam da Ceia. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 34 AA VVIIDDAA DDAA IIGGRREEJJAA A Igreja primitiva não tinha uma organização de benemerência para ajudar aos cobres e doentes. Cada igreja tomava sobre si esta responsabilidade. O dinheiro coletado, daqueles que podiam dar, na oferta que seguia à celebração da Ceia era dedicado para a satisfação destas necessidades. Paulo também mencionou a prática de coleta de doações dos crentes todos os domingos (I Co 16.1-2). Os diáconos deveriam então cuidar daqueles que passavam por necessidades. As mulheres das igrejas também ajudavam esta obra de caridade ao fazer roupas para aqueles que necessitassem (At 9.36-41). A Igreja primitiva insistia na separação das práticas pagãs da sociedade romana, mas não insistia na separação dos vizinhos pagãos em relações sociais que não fossem prejudiciais. Realmente, Paulo permitiu por inferência o convívio social que não comprometesse ou sacrificasse os princípios cristãos (I Co 10.20-33). Ele mesmo exortou, porém; à separação total de qualquer prática que pudesse estar relacionada à idolatria ou à imoralidade pagã. O cristão devia seguir os princípios de não fazer nada que prejudicasse o corpo do qual Cristo era Senhor (I Co 6.12), nada fazer que prejudicasse os outros ou enfraquecesse os cristãos (I Co 8.13; 10.24), evitar tudo que não glorificasse a Deus (I Co 6.20; 10.31). Estes princípios proibiam a freqüência a teatros, estádios, jogos ou templos pagãos. Apesar desta atitude de separação moral e espiritual, os cristãos estavam prontos para, como o próprio Paulo exortou, cumprir suas obrigações cívicas de obediência e de respeito às autoridades constituídas, pagamento de taxas e de oração pelas autoridades (Rm 13.7, l Tm 2.1-2). Eles eram excelentes cidadãos, desde que não fossem instados a violar os preceitos de Deus, a maior autoridade a quem deviam obediência absoluta. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 35 UUNNIIDDAADDEE IIVV RREEAAVVIIVVAAMMEENNTTOO,, DDIIVVIISSÃÃOO NNAA IIGGRREEJJAA EE RREEFFOORRMMAA ............................................................... “ Se fosse, com efeito, alguma injustiça ou crime da maior gravidade , ó judeus, de razão seria atender-vos, mas se é questão de palavra, de nomes, e de vossa lei, tratai disso vós mesmos; eu não quero ser juiz destas cousas" .............................................................. RREEAAVVIIVVAAMMEENNTTOO NNOO OOCCIIDDEENNTTEE Não foi sempre de ordem espiritual o reavivamento porque passou a Igreja ocidental. Assim mesmo, foi uma renovação que a ajudou em sua luta contra o Estado, representado pelo Santo Império Romanos. Vários fatores contribuíram para um refortalecimento do poder eclesiástico do papa. Os Documentos de Apoio ao Papado A Doação de Constantino tornou-se a base legal para a propriedade de terras pelo papa. A maior doação de terras, em que este documento foi usado como justificativa, foi feita por Pepino em 756. Pensam alguns que por volta dos meados do século IX, o papa Nicolau l, que foi papa de 858 a 867, foi o primeiro a usar uma coleção dos decretos de vários pontífices de Roma. Esta coleção é conhecida de variadas formas, como Falsas Decretais ou Decretais de Pseudo-lsidoro. O notável documento incluía a Doação de Constantino, decretos ou decretais autênticos ou mesmo forjados dos papas de Roma desde o tempo de Clemente de Roma, além de alguns cânones dos grandes concílios da Igreja. A Doação de Constantino, primeiramente usada no século VIII, serviu para justificar as solicitações papais de terra na Itália as Decretais, no entanto, foram usadas para aumentar a força do papa dentro da própria lgreja. As decretais estabeleciam a supremacia do papa sobre todos os líderes eclesiásticos da Igreja e concediam a qualquer bispo o direito de apelar diretamente para o papa, ultrapassando o chefe secular. Pretendia também o direito da Igreja de ser livre do controle secular. Embora não seja certo que algum papa o tenha forjado, muitos papas usaram a coleção para apoiar suas alegações de poder dentro da Igreja. A Doutrina da Missa A controvérsia em torno da natureza da presença de Cristo na Comunhão agitou a Igreja ocidental ainda no século VIII. A aceitação da idéia da Ceia do Senhor como um sacrifício prestado através do sacerdote era uma vitória para o papado, porque o papa dirigia a hierarquia de clérigos, que eram os únicos a ministrar o milagre da Missa. Em 831, Pascásio Radberto (785 - 860), um monge do mosteiro de Corbie próximo à cidade de Amiens, começou a ensinar que, por milagre divino, a substância do pão e do vinho era imediatamente transformada em corpo e sangue de Cristo. Muito embora ele não chamasse esta transformação de Transubstanciação, seu ensino indicava claramente isto. Esta doutrina aumentava o poder do sacerdote e seu superior na hierarquia, o papa, apesar de que a Igreja Romana só a adotasse oficialmente em 1215, e a definisse plenamente no Concilio de Trento em 1545. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 36 A Reforma Monástica As reformas monásticas produzidas pelos mosteiros cluniacenses nos séculos X e XI deram uma grande contribuição á supremacia do papado. Os tipos solitário e comunal de monasticismo surgiram por volta de 529; daí até 910, os líderes do monasticismo estiveram ocupados na sistematização de sua empreitada. No século X, os mosteiros tinham se tornado ricos e corruptos e necessitavam urgente de reforma. O primitivo ideal de serviço fora substituído pelo ideal de salvação pessoal combinado com uma vida confortável num mosteiro rico. O movimento de reforma começado em Cluny foi o primeiro de vários movimentos sucessivos de reforma do monasticismo romano. Ele teve efeitos de longo-alcance. No velho sistema monástico cada mosteiro tinha seu próprio abade e era independente dos outros mosteiros da mesma ordem. O abade de Cluny, entretanto, indicava os abades dos novos mosteiros fundados por ele ou por outros abades que deviam submissão ao de Cluny. Esta inovação criou uma ordem centralizada sob a direção de um chefe, o abade de Cluny, que trabalhava em íntima harmonia com o papado. Em meados do século X, havia perto de 70 mosteiros sob a liderança do abade de Cluny. Os líderes cluniacenses demandavam reformas na vida clerical. Condenaram a simonia a prática de comprar e vender cargos eclesiásticos por dinheiro e o nepotismo a prática de favorecimento de parentes nas indicações para cargos. O celibato foi outro ponto de sua plataforma. Os clérigos não deviam se casar nem ter concubinas, para que pudessem dedicar toda a sua atenção aos assuntos eclesiásticos. Estes monges pensavam tambémque a Igreja não deveria ser controlada temporalmente ou secularmente pelo rei, pelo imperador ou pelo duque. Este programa foi colocado em prática por uma série de papas reformistas com a ajuda dos mosteiros cluniacenses. Uma nova ênfase foi dada também à vida ascética. A Origem Da Igreja Ortodoxa Grega A Igreja no Oriente jamais conseguiu ser independente como era a do Ocidente, primeiro porque estava diante dos olhos do imperador e, segundo, porque tinha que competir com a tradição grego- romana da cultura que fora preservada no Oriente ao tempo em que o Ocidente atravessava o caos cultural da Idade das Trevas. Após a queda do Império Romano, a Igreja no Ocidente não enfrentou nenhum grande rival político no trono imperial e ainda cresceu na luta que travou contra os problemas relacionados ao caos cultural que sucedeu à queda do Império. Diferenças e Causas da Separação do Ocidente e Oriente Ao transferir sua capital para Constantinopla em 330, Constantino pavimentou a rodovia da separação política e, depois, eclesiástica da Igreja em duas grandes seções. Teodósio deu a administração das porções oriental e ocidental do Império a diferentes chefes em 395. Com a queda do Império Romano no Ocidente na última parte do século V, esta divisão se realizou completamente. A Igreja no Oriente esteve sob a jurisdição do imperador , mas o papa em Roma estava longe de ser submetido ao seu controle. Na ausência de controle político efetivo no Ocidente, o papa tornou-se o líder temporal e espiritual em tempos de crise. Isto deu às duas igrejas uma perspectiva inteiramente diferente em relação ao poder temporal. A visão intelectual do Ocidente também diferia da do Oriente O Ocidente latino era mais inclinado à consideração de assuntos práticos de administração e teve poucos problemas na formulação de uma teologia ortodoxa. A mente grega do Oriente se interessava mais pela solução de problemas teológicos em termos filosófi- cos. A maioria das controvérsias teológicas entre 325 e 451 surgiram no Oriente, mas os mesmos problemas provocaram poucas dificuldades em muitos casos no Ocidente. Desse modo, uma série de controvérsias dificultou as relações entre o Oriente e o Ocidente. As duas Igrejas diferiam ainda em matérias teológicas. Outra diferença entre as duas Igrejas gira em torno do celibato. O casamento dos clérigos abaixo da posição de bispo era permitido no Oriente mas no Ocidente os clérigos não podiam contrair casamento. Os mesmos problemas surgiram em algumas ocasiões em relação ao uso de barba. No Ocidente, o sacerdote poderia raspava barba, mas no Oriente os clérigos tinham que mante-la. Embora esses problemas e outros semelhantes possam parecer irrelevantes agora, foram de grande importância para as duas metades da Igreja. A controvérsia iconoclasta na Igreja oriental nos séculos VIII e IX provocou muitos sentimentos hostis. Em 726, Leão III, como ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 37 Imperador do Oriente, proibiu qualquer genuflexão diante de esculturas ou imagens, e em 739 ordenou que tudo, exceto a Bíblia, fosse removido das igrejas e destruído para limitar os poder dos monges e para refutar as acusações de idolatria feitas pelos muçulmanos. Esta tentativa de reavivamento laico na Igreja oriental gerou a clara oposição entre o clero paroquial e o clero monástico. No Ocidente, o papa e até mesmo o Imperador Carlos Magno colocaram-se a favor do uso de símbolos visíveis da realidade divina. Esta interferência do Ocidente nos negócios da Igreja do Oriente aumentou o antagonismo entre as duas facções. A Igreja no Ocidente continuou a usar imagens e esculturas no culto; a Igreja no Oriente, entretanto, eliminou as esculturas mas conservou os ícones, geralmente imagens de Cristo às quais se deveria reverenciar mas não cultuar, atitude que se deve a Deus somente. A Vida e o Culto Na Idade Média A arquitetura gótica foi precedida por um estilo bizantino no qual grandes abóbadas sobre pendentes e mosaicos decorativos foram usadas em Santa Sofia e São Marcos. A arquitetura romanesca, posterior, de 1100 a 1150, tinha arcos cilíndricos e uma forma cruciforme. Embora o pensamento da arquitetura renascentista mundana visse a arquitetura medieval como bárbara e, por isto, gótica, esta idéia não foi sustentada no correr dos séculos. As construções góticas têm certas características que mostram a argúcia dos construtores medievais. Quando se vai a uma catedral gótica, deve-se notar o plano do teto do edifício em forma de cruz e que expressa o símbolo central da Igreja Cristã. O significado da catedral gótica é mais importante do que suas características físicas. A catedral representava o espírito sobrenaturalista da época, o que se vê claramente por sua posição central na cidade e pela expressão simbólica que faz da verdade bíblica. A catedral teve também um grande valor educacional, porque nas janelas de vidro colorido e nas estátuas, o camponês iletrado, poderia ver por si mesmo a verdade da Bíblia. A criação da música polifônica, que consistia de muitas partes e era, por isto, melhor cantada por coros treinados, acabou com a prática do cântico congregacional em uníssono. A música tornou-se sofisticada e colorida como um acompanhamento próprio para os mistérios sagrados da missa. Os Impostos Papais Os impostos papais para sustentar duas cortes papais tornaram-se uma carga pesada para o povo da Europa. As rendas papais eram obtidas através das rendas das propriedades papais, dos dízimos pagos pelos fiéis, das anatas, que era o pagamento do primeiro salário do ano ao papa de parte do dignatário eclesiástico, do direito de abastecimento, pelo qual os clérigos e seus dependentes tinham que pagar as despesas de viagem do papa enquanto estivesse em sua região, do direito de espólio pelo qual a propriedade pessoal do alto clero era passado ao papa depois de sua morte, do Dinheiro de Pedro, que era pago anualmente pelos leigos em muitas regiões e da renda dos cargos vacantes bem como numerosas taxas. Os novos e poderosos soberanos dos estados nacionais e a forte classe média que os sustentavam sentiram o desvio de reservas do tesouro nacional para o tesouro papal. Isto foi verdade especialmente com relação aos reis da Inglaterra e da França. Durante o longo período do Cativeiro, no século XIV, os ingleses abominaram ter que pagar um dinheiro que por certo ia para a França inimiga, uma vez que a residência do papa se localizava em território dominado pelo rei francês. OOSS PPRREECCUURRSSSSOORREESS DDAA RREEFFOORRMMAA O movimento místico, a forma clássica de piedade católica, decorreu de uma reação contra o ritual sacerdotal formal e mecânico e contra o escolasticismo árido da Igreja de seu tempo. Refletiu a tendência constante para o aspecto subjetivo do cristianismo que sempre se manifesta quando se acentua demais os atos externos de adoração cristã. Neste sentido, o misticismo pode ser visto como antecipador do toque mais pessoal da religião que seria uma das características fundamentais da Reforma. Os perigos da substituição da Bíblia pela autoridade interior subjetiva e da minimização da doutrina foram alguns dos desvios desses movimentos. Em seus excessos, como foi o caso de Meister Eckhart, há o perigo de se ser tão passivo que seus adeptos tornam-se introspectivos e anti- sociais. No caso de Eckhart, o movimento inclinou-se filosoficamente para uma espécie de ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 38 panteísmo que identificava Deus com Sua criação e Suas criaturas. Os místicos tinham tentado tornar pessoal a religião, mas os reformadores, como Wycliffe, Huss e Savonarola, empenharam-se mais numa tentativa de fazer a Igreja voltar ao ideal do Novo Testamento. Wycliffe e Huss foram capazes de capitalizar o sentimento nacionalista anti-papal durante o período do CativeiroBabilônico quando o papa residia em Avignon. João Wycliffe (1328-1384). João Huss (1373-1415). Savonarola (1452-1498). Os Concílios Reformadores, 1409-1449 Os líderes dos concílios do século XIV procuraram a reforma pela criação de uma liderança eclesiástica que representasse os leigos. Os concílios achavam que os representantes do povo da Igreja Romana eliminariam os líderes eclesiásticos corruptos. Os concílios não acentuaram o valor da Bíblia como o fizeram Huss e Wycliffe, nem procuraram a reforma pela expressão religiosa própria dos místicos. A necessidade da reforma dentro da Igreja Romana tornou-se evidente como desdobramento do Grande Cisma de 1378. Neste ano, Urbano VI e Clemente Vil se auto-aclamaram como sucessores legítimos de São Pedro. Como os países passaram a escolher a quem seguir, a Europa tornou-se dividida eclesiástica e politicamente. A França e a Espanha seguiram Clemente Vil de Avignon enquanto a Inglaterra e outros países seguiram a Urbano VI de Roma. Os dois tinham sido escolhidos pelo Colégio dos Cardeais. Quem decidiria qual deles era o papa? Os teólogos mais destacados da Universidade de Paris propuseram que um concílio da Igreja Católica Romana resolvesse o problema. Argumentavam eles com o precendente dos concílios ecumênicos do séculos IV, V e VI. Um concílio, que representasse toda a igreja, parecia ser a melhor solução visto que nenhum dos papas abdicava ou aceitava a decisão de mediadores." Não faltaram justificações para um concílio que depusesse um dos papas. Dante, em sua Da Monarquia, escrita em 1311, defendia a idéia de que a Igreja não era independente do Estado; o Estado como a Igreja era um braço de Deus; ambos são concessões de Deus. O imperador devia assegurar a felicidade do homem aqui; o papa deveria levar os homens aos céus. Nenhum tinha supremacia sobre o outro. O concílio foi convocado para acabar com o cisma na liderança da Igreja Romana, para reformar esta igreja a partir de dentro e para aniquilar com a heresia. O Concilio de Pisa (1409). O Concílio de Constança (1414-1418). Os Concílios de Basiléia (1431-1449) e Ferrara-Florença (1438-1449). Por Que Aconteceu A Reforma? Alguns fatores tornaram inevitável a Reforma. Entre muitos, pode-se destacara relutância da Igreja Católica Romana medieval em aceitar as mudanças sugeridas por reformadores sinceros como os místicos, Wycliffe e Hus, os lideres dos concílios reformadores e os humanistas; o surgimento das nações-estados, que se opuseram ao poderio universal do papa e a formação da classe média, que se revoltou contra a remessa de reservas para Roma. Sua fixação ao passado, clássico e pagão, indiferente às forças dinâmicas que estavam formando uma nova sociedade, a italiana, da qual o papado fazia parte, adotou uma forma de vida corrupta, sensual e imoral, embora ilustrada. A Emergência de um novo Mundo em Expansão Por volta de 1500, os fundamentos da velha sociedade medieval estavam ruindo e uma nova sociedade, com uma dimensão geográfica muito ampla e com transformações nos padrões políticos, econômicos, intelectuais e religiosos, começava a surgir. As mudanças foram realmente revolucionárias, por sua natureza e pela força de seus efeitos sobre a ordem social. A síntese medieval foi desafiada durante a Reforma, em sua política, pela idéia que a igreja universal deveria ser substituída por igrejas nacionais ou estatais e igrejas livres. A sua filosofia escolástica, unida à filosofia grega, deu lugar à teologia bíblica protestante. Os sacramentos e as obras deram terreno à justificação pela fé somente. A Bíblia, e não a Bíblia e a tradição como interpretada pela igreja, ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 39 tornou-se a norma. Tudo isto, contudo, após 1650, foi solapado pela filosofia idealista alemã e pela. critica bíblica. A civilização ocidental tornou-se cada vez mais secularizada. Como a Europa se expandiu globalmente, todo o mundo foi afetado por essa situação. Mudanças Geográficas. O conhecimento geográfico do homem medieval sofreu mudanças fundamentais entre 1492 e 1600. A civilização do mundo antigo é tida como Botâmica, por estar ligada aos sistemas fluviais do mundo antigo. A civilização da Idade Medieval tem sido chamada de talássica, por ter-se desenvolvido em torno dos mares Mediterrâneo e Báltico. Em 1517 as descobertas de Colombo e de outros exploradores inauguraram uma era de civilização oceânica, em que os mares do mundo tornaram-se as estradas do mundo. Ao tempo em que Lutero traduzia o Novo Testamento para o alemão, em 1522, o navio de Magalhães completava a sua volta ao mundo. As rotas marítimas para as riquezas do Oriente Antigo eram já uma realidade. Países católicos romanos, como Portugal, França e Espanha, tornaram-se líderes nas navegações, enquanto as nações protestantes, como Inglaterra e Holanda, logo os alcançariam em exploração e colonização. Dois continentes novos e ricos do hemisfério ocidental estavam abertos à exploração pelo Velho Mundo. Espanha e Portugal tinham o monopólio na América Central e na América do Sul, mas a maior parte da América do Norte, depois de um confronto entre a França e a Inglaterra, acabou por ser a nova terra dos anglo-saxões. Espanha, Portugal, e mais tarde a França, exportaram uma cultura latina com o catolicismo da Contra-reforma levado por conquistadores e clérigos a Quebec, no Canadá e a América Central e do Sul, formando uma cultura homogênea. O povo do noroeste europeu exportou a cultura Anglo- Saxônica, ou teutônica, e o Protestantismo pluralista para formar a cultura dos Estados Unidos e do Canadá. Estas culturas têm persistido até o presente no Hemisfério Ocidental. Mudanças Políticas As perspectivas mudaram também no campo político. O conceito medieval de um estado universal estava dando lugar ao novo conceito de nação-estado. Diante da independência de cada estado, o novo princípio do balanço do poder, orientador das relações internacionais, tomou o seu lugar de importância nas guerras religiosas do século XVI e de princípios do XVII. Mudanças Econômicas Surpreendentemente, algumas mudanças econômicas ocorreram um pouco antes da Reforma. Durante a Idade Média, a economia dos países da Europa baseava-se na agricultura, sendo que fazia do solo a base da riqueza. Por volta de 1500, o ressurgimento das cidades, a abertura de novos mercados e a descoberta de fontes de matéria-prima nas recentes terras descobertas inauguraram uma era de comércio, em que a classe média mercantil tomou a frente da nobreza feudal na liderança da sociedade. Só com a erupção da Revolução. Mudanças Intelectuais As transformações intelectuais provocadas pelo Renascimento, ao norte e ao sul dos Alpes, criaram um clima intelectual que favoreceu o desenvolvimento do protestantismo. O interesse pela volta às fontes do passado levou os humanistas cristãos do norte ao estudo da Bíblia nas línguas originais. Deste modo, as diferenças entre a Igreja do Novo Testamento e a Igreja Católica Romana tornaram- se claras, para prejuízo da organização eclesiástica, medieval e papista. A ênfase renascentista no indivíduo foi um fator preponderante no desenvolvimento do ensino protestante de que a salvação era uma questão pessoal, a ser resolvida pelo indivíduo em íntima relação com seu Deus, sem a interferência de um sacerdote como mediador humano. O espírito crítico do Renascimento foi usado pelos reformadores para justificar sua crítica à hierarquia e aos sacramentos, mediante comparação com as Escrituras. Embora o Renascimento na Itália tivesse contornos humanistas e pagãos, as tendências que gerou foram assumidas no norte da Europa pelos humanistas e reformadores cristãos e por eles usadas para justificar o estudo da Bíblia no original como documento básico da fé cristã. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 40Mudanças Religiosas A uniformidade religiosa deu lugar, no início do século XVI, à diversidade religiosa. A autoridade da lgreja Romana foi substituída pela autoridade da Bíblia, de leitura livre a qualquer um. O crente, individualmente, seria agora o seu próprio sacerdote e o mentor de sua própria vida religiosa em comunhão com Deus, depois de aceitar Seu Filho como seu Salvador, pela fé somente. Entre a época da descoberta da América, por Colombo, e a fixação das 95 teses na porta da igreja em Wittenberg, em 1517, por Lutero, transformações surpreendentes aconteceram ou começaram a acontecer. Os padrões estáticos da civilização medieval foram substituídos pelos padrões dinâmicos da sociedade moderna. As mudanças no setor religioso não foram as menos importantes que ocorreram na civilização européia ocidental. O cristão é impelido à reverência quando nota a mão de Deus nos problemas dos homens daquele tempo. O Que quer Dizer "Reforma"? O nome e o sentido dados à Reforma são condicionados pela visão do historiador. O historiador católico romano entende-a apenas como uma revolta de protestantes contra a Igreja universal. O historiador protestante considera-a como uma reforma que fez a vida religiosa voltar aos padrões do Novo Testamento. O historiador secular interpreta-a como um movimento revolucionário. Se se considera a Reforma somente a partir de uma perspectiva da política ou da administração eclesiástica, ela pode ser tida como uma revolta contra a autoridade da Igreja de Roma e seu chefe, o papa. Ao se admitir que a Reforma teve um caráter revolucionário, não se está dizendo necessariamente que a verdadeira igreja se restringisse a Roma. Os reformadores, e muitos outros que os precederam, procuraram malogradamente reformar a Igreja Católica Romana medieval a partir de dentro, mas foram forçados a deixar a velha organização, por causa de suas idéias renovadoras. No Catolicismo Romano, porém, a renovação veio mais tarde. O bem conhecido termo "Reforma Protestante" foi consagrado pelo tempo. Porque a Reforma procurava voltar à pureza original do Cristianismo do Novo Testamento é que se continuou a usar o termo para descrever o movimento religioso de 1517 a 1545. Os reformadores estavam interessados em desenvolver uma teologia que estivesse em completa concordância com o Novo Testamento; eles criam que isto seria possível a partir do instante em que a Bíblia se tornasse a autoridade final da Igreja. Muitos protestantes ignoram que o movimento protestante provocou, numa tentativa de lhe conter os passos, um movimento de reforma dentro da lgreja Católica Romana que impossibilitou à Reforma ganhar mais terreno como vinha fazendo. O movimento reformista que se desenvolveu na Igreja Católica Romana, entre 1545 e1563, é conhecido como Contra-Reforma. Na maioria dos casos, a Reforma se restringiu à Europa ocidental e aos povos teutônicos de classe média. A igreja oriental e os povos latinos do velho império romano não aceitaram a Reforma. Nestas regiões os ideais medievais de unidade e uniformidade permaneceram, mas no norte e no ocidente da Europa os povos teutônicos os trocaram pela diversidade do protestantismo. Não é fácil aclarar o sentido do termo "Reforma". Se for considerada apenas como um movimento religioso de criação de igrejas nacionais, seu período de duração vai de 1517 a 1648. Como, porém, a Holanda só aderiu ao protestantismo depois do Concílio de Trento, parece mais correio circunscrever a parte mais impor- tante da Reforma aos anos de 1517 a 1563. Assim, a Reforma é tomada aqui como um movimento de reforma religiosa que resultou na formação de igrejas nacionais entre 1517e 1545. A Contra-Reforma, por conseguinte, pode aqui ser conceituada então como um movimento de reforma religiosa no interior da Igreja Católica Romana, entre 1545 e 1563, graças ao qual ela se estabilizou e se fortaleceu depois de duras perdas sofridas para o protestantismo e promoveu um grande movimento missionário católico no século XVI que ganhou a América do sul, América Central, Quebec, Indochina e Filipinas. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 41 AASS IINNTTEERRPPRREETTAAÇÇÕÕEESS DDAA RREEFFOORRMMAA A Reforma Calvínista em Genebra - Os milhões que aceitam a fé reformada e sua fundamentação doutrinária testemunham a importância do sistema teológico formulado por João Calvino (1509- 1564), designado geralmente pelo termo "calvinismo". O termo "fé reformada" aplica-se ao sistema de teologia desenvolvido a partir do sistema de Calvino. "Presbiterianismo" é a palavra usada para exprimir a forma de organização eclesiástica concebida por Calvino, que fez de Genebra o centro de execução de suas idéias. Calvino pode ser apontado como o líder de segunda geração de Reformadores. Lutero e Calvino Calvino faz um interessante contraste com Lutero. Este era de família camponesa, mas o pai de Calvino era um tabelião que fez do filho um membro da classe profissional. A formação universitária de Lutero foi feita de filosofia e teologia; Calvino no, porém, recebeu uma formação humanística; por isso, enquanto ele foi organizador por excelência do protestantismo, Lutero foi a sua voz profética. Lutero era fisicamente forte, enquanto Calvino teve de enfrentar problemas de saúde durante todo o seu período de trabalho em Genebra. Lutero amava o lar e a família, ao passo que Calvino preferia o estudo solitário. Lutero, que vivia numa Alemanha monárquica, esperava o apoio dos aristocratas e dos príncipes; Calvino, numa Suíça republicana, interessava-se mais pelo desenvolvimento de uma igreja governada representativamente. Lutero e Calvino diferiam tanto teologicamente como pessoalmente. Lutero enfatizava a pregação; Calvino preocupava-se com a formulação de um sistema formal de teologia. Os dois aceitaram a autoridade da Bíblia, só que a ênfase maior de Lutero era sobre a justificação pela fé e a de Calvino, sobre a soberania de Deus. Lutero interpretava a consubstanciação como a melhor teologia para a Ceia do Senhor; Calvino negava a presença física de Cristo, aceitando apenas a presença espiritual de Cristo pela fé nos corações dos participantes. Lutero só rejeitava o que a Bíblia não aprovava; Calvino rejeitava tudo o que não pudesse ser provado pela Bíblia. Lutero aceitava a predestinação dos eleitos mas se preocupava muito pouco com a eleição para a condenação. Calvino, por sua vez, defendia uma eleição dupla, para a salvação e para a condenação, baseada na vontade de Deus, e rejeitou qualquer concepção da salvação como fruto do mérito do eleito ou da presciência de Deus, como se Deus elegesse para a salvação aqueles que Ele sabia de antemão que creriam. A Vida de Calvino (até 1536) A vida de Calvino pode ser dividida, claramente, em dois grandes períodos. Até 1536, um estudante distraído; de 1536 até sua morte em 1564, exceto por um pequeno período de exílio em Estrasburgo, de 1538 a 1541, o grande líder de Genebra. Nascido em Noyon, em Picardy, ao norte da França, seu pai era um respeitado cidadão, a quem era possível reservar a renda de um benefício eclesiástico para a educação de Calvino, a partir dos seis anos de idade. Dois outros benefícios eclesiásticos permitiram a Calvino receber o melhor preparo possível antes de ingressar na universidade. Calvino se converteu, adotando as idéias da Reforma e dispensando imediatamente o dinheiro das rendas eclesiásticas. Forçado a abandonar a França, em 1534, por colaborar com Nicholas Cop, reitor da Universidade de Paris, na elaboração de um documento, recheado de Humanismo e de Reforma, seguiu para Basiléia. Em Basiléia, terminou sua grande obra As Instituías da Religião Cristã, na primavera de 1536; tinha ele então 26 anos de idade. O pequeno livro era dirigido a Francisco l, da França, numa tentativa de defender os protestantes da França, que sofriampor sua fé, e pedia a Francisco que aceitasse as idéias da Reforma. A primeira edição era apologética e nela Calvino demonstrava como entendia a fé cristã. A influência do Catecismo, de Lutero, pode ser percebida na seqüência desta primeira edição. Calvino, primeiro, discutia os Dez Mandamentos; depois, tomando como base o Credo dos Apóstolos, a Fé; a seguir, a oração, a partir do Pai Nosso; os dois Sacramentos; os perigos da doutrina romana acerca da Ceia do Senhor; e, finalmente, a liberdade cristã do cidadão, que relacionou à liberdade política. A obra passou por várias edições até a edição final em 1559. Esta edição final compõe-se de quatro livros e oito capítulos, constituindo-se num amplo texto de teologia. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 42 A Teologia de Calvino Mesmo correndo o risco de simplificar demais, pode-se resumir a teologia de Calvino com um recurso mnemônico simples, geralmente usado pelos estudantes. As primeiras letras dos principais termos da teologia de Calvino formam o anagrama TELIP. Coordena sua teologia a idéia da soberania absoluta de Deus. Calvino tinha uma concepção majestosa de Deus, a exemplo de alguns dos profetas do Antigo Testamento. Ele acentuava a Totalidade da depravação humana, entendendo que o homem herdou a culpa do pecado de Adão e nada pode fazer por sua salvação, uma vez que a sua vontade está totalmente corrompida. Calvino ensinava que a salvação é um assunto de Eleição incondicional e independe do mérito humano ou da presciência de Deus; a eleição é fundamentada na soberania da vontade de Deus, havendo uma predestinação dupla, para a salvação e para a perdição. Calvino concebia ainda a Limitação da redenção, ao propor que a obra de Cristo na cruz é restringida aos eleitos para a salvação. A doutrina da Irresistibilidade da graça é necessária, então; o eleito é salvo independentemente de sua vontade, pois o Espírito Santo o dirige irresistivelmente para Cristo. A Perseverança (Ou preservação) dos santos é o ponto final do seu sistema; os eleitos, irresistivelmente salvos pela obra do Espírito Santo, jamais se perderão. Embora a teologia de Calvino tenha contornos muito próximos de Agostinho, ela se deve mais ao estudo da Bíblia do que a Agostinho. Como outros reformadores, ele não foi de Agostinho para a Bíblia e daí para as doutrinas da Reforma, mas da Bíblia para Agostinho, em busca de apoio do príncipe dos Pais da Igreja. Vitorioso, o calvinismo, porém, teve no arminianismo sua primeira oposição na Holanda. James Arminius (1559-1609), seu intérprete, foi educado com fundos levantados por amigos e, depois, pelas autoridades civis de Amsterdã. Estudou em Leyden, foi aluno de Beza em Genebra e viajou muito pela Itália. Em 1603, depois de pastorear por quinze anos em Amsterdã, tornou-se professor de teologia em Leyden. Sua tentativa de mudar o calvinismo, para que Deus não fosse considerado autor de pecado, nem o homem um autômato nas Suas mãos, gerou a oposição de seu amigo Francisco Gomarra. Armínio, então, pediu ao governo a convocação de um sínodo nacional, mas morreu antes. Seus seguidores, entre os quais estava Hugo Grotius, entendido em direito internacional, compilaram suas idéias na "Representação", de 1610. Armínio e Calvino ensinavam que o homem, por ter herdado o pecado de Adão, está sob a ira de Deus. Armínio, porém, cria que o homem era capaz de procurar a salvação antes mesmo de Deus lhe conceder a graça fundamental que habilita a sua vontade para cooperar com Deus, Calvino entendia que a vontade do homem fora tão corrompida pela queda que a salvação era uma questão exclusiva da graça divina. Armínio aceitava a eleição mas cria que o processo de salvar alguns e condenar outros tinha "seu fundamento na presciência de Deus". Ademais, esta eleição era condicional e não incondicional. Calvino, por sua vez, aceitava uma eleição incondicional feita por um Deus soberano, tanto para a graça como para a condenação. Armínio interpretava a morte de Cristo como suficiente para todos, embora só fosse eficaz para os crentes. Calvino limitou a redenção aos eleitos para a salvação. Armínio ensinava ainda que todos os homens poderiam resistir a graça salvadora de Deus. Calvino tomava esta graça como irresistível. Armínio respondia à insistência calvinista sobre a perseverança dos santos afirmando que Deus concedia aos santos uma graça tamanha que eles não precisariam cair, embora a Bíblia praticamente ensinasse que era possível ao homem perder a salvação. Armínio não quis fazer de Deus o autor do pecado nem o homem um autômato. Ele supunha que estas modificações no calvinismo eliminariam esses perigos da teologia. Só em 1618, até 1619, o sínodo se reuniu em Dort, constituindo-se realmente numa assembléia calvinista internacional, porque 28 dos 130 presentes eram calvinistas vindos da Inglaterra, de Bremen do Palatinado, da Suíça e de outros países. Os 13 arminianos participaram do encontro na condição de defensores. Aprovados cinco artigos calvinistas contrários à Representação de 1610, os ministros que seguiram Armínio foram depostos de seu cargos. Só em 1625 cessou a perseguição aos arminianos. O arminianismo exerceu influência considerável sobre uma ala da Igreja Anglicana do século XVII, sobre o movimento metodista do século XVIII e sobre o Exército da Salvação. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 43 OOUUTTRROOSS MMOOTTIIVVOOSS DDEE PPEERRSSEEGGUUIIÇÇÕÕEESS Os primeiros cristãos não criam que pertenciam a uma nova religião. Eles eram judeus, e a principal diferença que os separava do resto do judaísmo era que criam que o Messias tinha vindo, enquanto que os demais judeus ainda aguardavam o seu advento. Sua mensagem aos judeus não era, portanto, que tinham de deixar de ser judeus , mas ao contrário, agora a idade messiânica havia sido inaugurada, dessa forma deviam ser melhores judeus. “ Se fosse, com efeito, alguma injustiça ou crime da maior gravidade , ó judeus, de razão seria atender-vos, mas se é questão de palavra, de nomes, e de vossa lei, tratai disso vós mesmos; eu não quero ser juiz destas cousas" (Atos 18.14-15). E mais tarde, quando se produz um motim no Templo porque alguns acusam Paulo de haver introduzido um gentio no recinto sagrado, e os judeus tratam de matá-lo, são os oficiais romanos que salvam a vida do apóstolo. Logo, os romanos concordavam com os primeiros cristãos e com os judeus de que se tratava aqui de um conflito entre judeus. E, sempre que não se produzisse um alvoroço excessivo, os romanos preferiam que os próprios judeus resolvessem essa classe de problemas. Mas quando o tumulto era demasiado, os romanos intervinham para restaurar a ordem e às vezes para castigar os culpados. Um caso que ilustra esta situação é a expulsão dos judeus de Roma pelo imperador Cláudio, por volta do ano 51. Atos 18.2 menciona esta expulsão, ainda que sem explicar suas razões. Mas o historiador romano Suetônio nos oferece um dado intrigante, ao nos dizer que os judeus foram expulsos de Roma porque estavam causando distúrbios constantes "por causa de Cresto". A maioria dos historiadores concorda em que "Cresto" é o próprio Cristo, cujo nome teria sido mal escrito. Portanto, o que sucedeu em Roma parece ter sido que, como em tantos outros lugares, a pregação cristã causou tantas desordens entre os judeus, que o imperador decidiu expulsar todos eles. Em Roma, nestes tempos, a disputa entre judeus e cristãos parecia ser uma questão interna dentro do judaísmo. Entretanto, à medida que o cristianismo foi se estendendo cada vez mais entre os gentios e a proporção de judeus dentro da igreja foi diminuindo, tanto cristãos como judeus e romanos foram estabelecendo distinções cada vez mais claras entre o judaísmo e o cristianismo. Há também certas indicações de que, em meio ao crescente sentimento nacionalista que levou os judeusa se revelarem contra Roma e que culminou na destruição de Jerusalém, os cristãos — especialmente os gentios entre eles trataram de mostrar claramente que eles não formavam parte desse movimento. O resultado de tudo isto foi que as autoridades romanas enfrentaram pela primeira vez o cristianismo como uma religião à parte do judaísmo. Foi então que começou a história dos dois séculos e meio de perseguições por parte do Império Romano. Tinham de deixar de ser judeus, mas ao contrário, agora a idade messiânica havia sido inaugurada, dessa forma deviam ser melhores judeus. De igual modo, a primeira pregação aos gentios não foi um convite para aceitar uma nova religião recém criada, mas foi o convite de fazer-se participante das promessas feitas a Abraão e sua descendência. Convidaram os gentios a se fazerem filhos de Abraão segundo a fé, já que não podiam selos segundo a carne. E a razão para que este convite fosse possível era que, desde os tempos dos profetas, o judaísmo havia crido que, com o advento do Messias, todas as nações seriam trazidas a Sião. Para aqueles cristãos, o judaísmo não era uma religião rival do cristianismo, mas sim a mesma religião, muito embora os que a seguissem não entendessem que as profecias já se haviam cumprido. Do ponto de vista dos judeus não cristãos, a situação era a mesma. O cristianismo não era uma nova religião, mas sim uma seita herética dentro do judaísmo. Já vimos que o judaísmo do século primeiro não era uma unidade monolítica, mas que havia diversas seitas e opiniões. Portanto, ao aparecer o cristianismo, os judeus não o viam senão como mais uma seita. A conduta daqueles judeus em relação ao cristianismo pode ser compreendida se nos colocarmos em seu lugar, e virmos o cristianismo, a partir do seu ponto de vista, como uma nova heresia que ia de cidade em cidade tentando os bons judeus a se tornarem hereges. Ademais, naquela época — e não sem fundamentos bíblicos muitos judeus criam que a razão pela qual haviam perdido sua antiga independência e haviam sido reduzidos ao papel de súditos do Império, era que o povo não havia sido suficientemente fiel à fé de seus antepassados. Portanto, o sentimento nacionalista e patriótico se exacerbava diante da possibilidade de que estes novos hereges pudessem uma vez mais provocar a ira de Deus sobre Israel. Por estas razões, em boa parte do Novo Testamento os judeus perseguem os cristãos, que por sua vez encontram refúgio nas autoridades romanas. Isto se pode ver, por exemplo, quando alguns judeus em Corinto acusam ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 44 Paulo diante do Procônsul Gálio, dizendo que "este persuade os homens a adorar a Deus de modo contrário à lei", e Gálio responde: "Se fosse, com efeito, alguma injustiça ou crime da maior gravidade, ó judeus, de Império Romano. Nesse contexto a perseguição sob Nero foi de enorme importância, não tanto por sua magnitude, mas por ter sido a primeira de uma larga série, de crueldade sempre crescente. Durante os primeiros anos do cristianismo, este existiu dentro do marco do judaísmo. Nessa situação, o judaísmo tratou de extirpá-lo, e disso há abundantes provas no livro de Atos e em outros livros do Novo Testamento. Mas a partir de então, nunca mais esteve o judaísmo em posição de perseguir os cristãos, enquanto que muitas vezes estes tenham estado em posição de perseguir os judeus. Quando o cristianismo veio a ser a religião da maioria, e os judeus se tornaram uma minoria dentro de toda uma sociedade que se chamava cristã, foram muitos os cristãos que, levados pelo que se diz no Novo Testamento acerca da oposição dos judeus ao cristianismo, fomentaram o sentimento anti-judaico. Justino, o Mártir Durante todo o século segundo, e boa parte do terceiro não houve uma perseguição sistemática contra os cristãos. Ser cristão era ilícito; mas só eram castigados quando por alguma razão os cristãos eram levados diante dos tribunais. Se por alguma razão alguém queria destruir algum cristão, tudo o que tinha de fazer era levá-lo diante dos tribunais. Tal parece ter sido o caso de Justino, acusado por seu rival Crescente. Em outras ocasiões, como no martírio dos cristãos de Leão e Viena, era a populaça que, instigada por toda classe de rumores acerca dos cristãos, exigi? que fossem presos e castigados. Em tais circunstâncias, os cristãos se viam na necessidade de fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para dissipar os rumores e as falsas acusações que circulavam acerca de suas crenças e de suas práticas. Se conseguissem que seus concidadãos tivessem um conceito mais elevado da fé cristã, ainda que não chegassem a convencê-los, pelo menos conseguiriam diminuir a ameaça da perseguição. A esta tarefa se dedicaram alguns dos mais hábeis pensadores e escritores entre os cristãos, aos quais é dado o nome de "apologistas", isto é, defensores. E alguns dos argumentos em prol da fé cristã que aqueles apologistas empregaram vêm sendo utilizados na defesa da fé através dos séculos. As acusações contra os cristãos O que se dizia acerca dos cristãos pode ser classificado em duas categorias; os rumores populares e as críticas por parte da classe culta. Os rumores populares se baseavam geralmente em algo que os pagãos ouviam dizer ou viam os cristãos fazer, e então o interpretavam erroneamente. Por exemplo, os cristãos se reuniam todas as semanas para celebrarem uma refeição a que freqüentemente chamavam "festa de amor". Essa refeição era celebrada em privativo, e somente eram admitidos os que haviam sido iniciados na fé, isto é, os batizados. Além disso, os cristãos se chamavam "irmãos" entre si, e não faltavam casos em que homens e mulheres diziam estar casados com seus "irmãos" e "irmãs". Baseados nestes fatos, foram se tecendo rumores cada vez mais exagerados, e muitos chegaram a crer que os cristãos se reuniam para celebrar uma orgia em que se davam uniões incestuosas. Segundo os rumores, os cristãos comiam e bebiam até embriagarem-se, e então apagavam as luzes e davam corda às suas paixões. O resultado era que muitos se uniam sexualmente a seus parentes mais próximos. Também baseado na comunhão surgiu outro rumor. Já que os cristãos falavam de comer a carne de Cristo, e já que também falavam do menino que havia nascido em um estábulo, alguns dos pagãos chegaram a crer que o que os cristãos faziam era esconder um menino recém-nascido dentro de um pão, e o colocarem diante de uma pessoa que desejava ser cristã. Os cristãos então ordenavam que cortasse o pão, e logo devoravam o corpo ainda palpitante do menino. O neófito, que se havia feito participante de tal crime, ficava assim comprometido a guardar o segredo. Todas estas idéias e muitas outras que circulavam acerca dos cristãos eram todas luzes falsas, e para refutá-las os cristãos deviam apenas apontar para sua própria vida e conduta, cujos princípios eram muito mais restritos do que os dos pagãos. Mas havia outras acusações que se faziam contra os cristãos, não pelo vulgo mal informado, mas por pessoas cultas, muitas das quais conheciam algo das doutrinas cristãs. Sob diversas for-mas, todas estas acusações podiam ser resumidas em uma: os cristãos eram pessoas ignorantes cujas doutrinas, pregadas sob um verniz de sabedoria, eram em realidade néscias e contraditórias. Em geral, esta era a atitude que adotavam os pagãos cultos e de boa posição social, para quem os cristãos eram uma ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 45 gentalha desprezível. Fé crista e cultura pagã Os cristãos do segundo século eram acusados de ser gente bárbara e inculta, portanto eles se viram obrigados a discutir a questão das relações entre sua fé e a cultura paga. Naturalmente, dentro da igreja todos concordavam em que tudo aquilo que se relacionasse com o culto dos deuses devia ser rejeitado. Por esta razão os cristãos não participavam de muitas cerimônias civis,nas quais se ofereciam sacrifícios e juramentos aos deuses. Também lhes era proibido serem soldados, em parte porque poderiam se ver obrigados a matar a alguém e em parte porque os soldados deviam fazer juramentos e oferecer sacrifícios a César e aos deuses. De igual modo, haviam muitos cristãos que pensavam que as letras clássicas não deviam ser estudadas, pois nelas se contava toda a sorte de superstição e até de imoralidade acerca dos deuses. Para ser cristão era necessário se comprometer ao culto único de Deus e de Jesus Cristo, e qualquer concessão em sentido contrário equivalia a renegar Jesus Cristo, que por sua vez renegaria o apóstata no dia do juízo. Mas, se todos concordavam quanto à necessidade de se abster da idolatria, nem todos concordavam quanto à postura que devia ser adotada diante da cultura clássica pagã. Essa cultura incluía a obra e o pensamento de sábios tais como Platão, Aristóteles e os estóicos, cuja sabedoria tem recebido a admiração de muitos até nossos dias. Rejeitá-la equivalia a rejeitar muito do melhor que o espírito humano havia produzido. Aceitá-la poderia parecer como uma concessão ao paganismo e como o começo de uma nova idolatria. Diante desta alternativa, os cristãos dos séculos segundo e terceiro seguiram dois caminhos. De um lado, alguns não viam senão uma oposição radical entre a fé cristã e a cultura pagã. Esta postura foi expressada nos princípios do século terceiro por Tertuliano, em uma frase que se fez famosa: "Que tem Atenas a ver com Jerusalém? Ou que tem a ver a Academia com a Igreja?" Tertuliano escreveu estas linhas porque, como veremos mais adiante, em seu tempo circulavam muitas tergiversações do cristianismo, e ele estava convencido de que estas heresias se deviam ao fato de que alguns haviam tratado de combinar a fé cristã com a filosofia pagã. Mas ainda antes de que tais heresias constituíssem uma preocupação fundamental para os cristãos, já havia quem adotasse uma postura semelhante frente à cultura clássica. Talvez o melhor exemplo disso possa se ver no "Discurso aos gregos" composto por Taciano, o mais famoso discípulo de Justino. Esta obra é um ataque frontal contra tudo o que os gregos consideravam valioso, e uma defesa dos "bárbaros", isto é, dos cristãos. Os gregos chamavam "bárbaros " a todos os que não falavam como eles, e portanto o primeiro fato que Taciano lhes atira na cara é que eles mesmos não se puseram de acordo quanto a como se devia falar o grego, pois em cada região se falava de um modo diferente. Além disso, estas pessoas que pensam que sua língua é a suprema criação humana inventaram a retórica, que não é senão a arte de vender as palavras por ouro, oferecendo-lhes ao melhor licitador, mesmo que com isso se perca a liberdade de pensamento e se defenda a injustiça e a mentira. Tudo o que há de valioso entre os gregos — prossegue Taciano — eles o tomaram dos bárbaros. Assim, por exemplo, a astronomia aprenderam dos babilônios, a geometria dos egípcios e a escrita dos fenícios. E o mesmo pode se dizer acerca da filosofia e da religião, pois os escritos de Moisés são muito mais antigos que os de Platão, e até mais antigos que os de Homero. Em conclusão, a igreja crista antiga estava formada em sua maioria por pessoas humildes para quem o fato de haverem sido adotadas como herdeiras do Rei dos reis era motivo de grande regozijo. Isto pode ser visto em seu culto, em sua arte e em muitas outras manifestações. A vida cotidiana de tais cristãos desenvolvia-se na penumbra rotineira em que vivem os pobres de todas as sociedades. Mas aqueles cristãos viviam na esperança de uma nova luz que viria a suplantar a luz injusta e idólatra da sociedade em que viviam. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 46 BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA • CAIRNS, Earle E. - O Cristianismo Através dos Séculos, Uma história da igreja cristã – 2ª ed. 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Todas as citações bíblicas feitas nos manuais de estudo foram extraídas da Bíblia Versão Almeida Corrigida e Fiel(ACF), publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana,considerada a tradução em português mais fiel aos Manuscritos hebraicos e gregos. Visite também os sites:Visite também os sites:Visite também os sites:Visite também os sites: www.estudosgospel.com.br – www.wikipedia.org ESUTES ESUTES ESUTES ESUTES ---- ESCOLAESCOLAESCOLAESCOLA DE TEOLOGIA DO ESPÍRITO SANTODE TEOLOGIA DO ESPÍRITO SANTODE TEOLOGIA DO ESPÍRITO SANTODE TEOLOGIA DO ESPÍRITO SANTO HOME PAGE: HOME PAGE: HOME PAGE: HOME PAGE: www.esutes.com.br ORIENTAÇÕES PARA A AVALIAÇÃO ON LINE Agora que terminou o estudo de sua apostila, é necessário que sua AVALIAÇÃO seja respondida. TODAS AS AVALIAÇÕES do seu curso serão respondidas através do CAMPUS ON LINE. Para resolver as questões, proceda da seguinte maneira: a) Acesse o site da escola: www.esutes.com.br , vá até o CAMPUS ON LINE e entre usando seu LOGIN e SENHA. 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