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Apresentação
Meu nome é Thiago Merlo e sou Professor de Educação Física. Além de Doutorando em Educação, Mestre
em Educação, Especialista em Docência Superior, Especialista em Engenharia de Software e Licenciado
em Educação Física, sou servidor público. Lecionei em graduações e sazonalmente trabalho com
preparação presencial de concursos públicos da Educação Física.
Em 1999, ingressei no serviço público como Técnico em Processamento de Dados da IplanRio – Empresa
Municipal de Informática – da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Entre 2011 à 2013, lecionei na Rede
Municipal de Educação da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro como Professor de Educação Física. Em
2014, ingressei na UNESA/RJ – Universidade Estácio de Sá – como Professor de Tecnologia da
Informação.
O ebook é uma reunião de artigos publicados entre 2011 à 2014 nos Portais Thiago Merlo
(www.thiagomerlo.com.br) e Educação Física Concursos (www.efconcursos.com.br). Os textos são
reflexões sobre Educação Física e assuntos correlatos, por exemplo concursos públicos, lazer e cultura
corporal.
A leitura dos artigos ajudará você a melhor compreender a importância da Educação Física na formação dos
alunos, bem como na preparação para os concursos públicos.
Comece agora sua preparação e construa um novo futuro na sua formação profissional.
Bons estudos!
Em 23 de Dezembro de 2014,
Thiago Merlo
Índice
Artigo 1 – Os concursos públicos da Educação Física – Como são e como deveriam ser...................2
Artigo 2 – 30 dicas de preparação para os concursos públicos da Educação Física............................4
Artigo 3 – As diferenças entre a Abordagem Pedagógica Crítico-superadora e Crítico-emancipatória
da Educação Física...............................................................................................................................8
Artigo 4 – Qual a Abordagem Pedagógica da Educação Física você utiliza na escola?......................9
Artigo 5 – Por que as Abordagens Pedagógicas Críticas da Educação Física são tão difíceis?.........11
Artigo 6 – Abordagens, Tendências e Concepções – Uma cultura de estudo da Educação e Educação
Física...................................................................................................................................................12
Artigo 7 – Por que não vi os conteúdos dos concursos da Educação Física enquanto estava na 
faculdade?...........................................................................................................................................14
Artigo 8 – Porque a educação que você recebeu não te serve mais...................................................16
Artigo 9 – O esporte como nunca antes visto.....................................................................................19
Artigo 10 – Educação Física escolar na academia – Polêmica à vista...............................................21
Artigo 11 – Lazer – Gênero de primeira necessidade.........................................................................22
Artigo 12 – Corpo e Cultura – A natureza em plena harmonia..........................................................23
Artigo 13 – Reflexões Epistemológicas Sobre Mediação Política E Cultural Na Educação Física 
Escolar: Estudo De Caso Realizado Em Uma Escola De Ensino Fundamental Da Mangueira/Rj....24
Artigo 14 – Reflexões Sobre O Lazer Na Formação Do Docente Do Ensino Fundamental..............31
1
Artigo 1 – Os concursos públicos da Educação 
Física – Como são e como deveriam ser
Os concursos públicos são dispositivos de seleção para ingresso no serviço governamental utilizados desde
a década de 1970. Dizem os especialistas que é a “melhor forma de seleção dentre as piores”. Embora os
concursos já tenham quase 40 anos, a obrigatoriedade da seleção pública é recente. A promulgação da
Constituição Federal de 1988 define que a seleção deve ocorrer para a ocupação dos cargos públicos, cuja
natureza existencial advenha de razões estatais e técnicas. Cargos de natureza política são comissionados
e de livre nomeação. Alguns cargos são ocupados por eleição direta. De acordo com a Constituição Federal,
todas as seleções para o serviço público, seja através de concurso público, livre nomeação ou eleição
direta, devem respeitar os princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
Historicamente os primeiros grandes concursos públicos no Brasil foram para as carreiras docentes. Devido
ao grande volume de vagas e profissionais interessados, o poder público optou por seleções maiores e
transparentes. Os professores de Educação Física também foram contemplados.
Os atuais processos seletivos são bastante similares aqueles de quatro décadas atrás. A prova é objetiva.
São questões de múltipla escolha, separados por blocos de conhecimentos. Quem marca mais respostas
certas, fica no topo da lista de aprovados. Nos últimos anos, os processos seletivos consideram titulações
acadêmicas (especializações, mestrados e doutorados), oferecendo pontos adicionais na classificação.
Após quase 40 anos organizando concursos públicos, o poder público selecionou bons profissionais para
seus quadros, porém sob suspensão metodológica: estariam todos aptos ao exercício público porque são
suficientemente qualificados ou por que marcaram o “x” na posição correta?
Os gestores dos concursos públicos para professores de Educação Física poderiam efetuar singelas
modificações nas suas seleções, espantando de vez qualquer suspensão, desconfiança ou imoralidade.
São gestos técnicos e políticos que, somados no tempo e espaço oportuno, agregariam valor aos quadros
as seleções. São eles:
1) Provas discursivas: As questões dissertativas permitem que os candidatos apresentem conteúdos de
forma livre, espontânea e contextualizada, além de avaliar a organização de ideias e domínio da língua;
2) Unificação dos conhecimentos pedagógicos com conhecimentos específicos: todas as disciplinas
escolares são apoiadas na Educação. A Educação Física escolar se embasa nos princípios fundamentais da
Educação universal. Como avaliar os conteúdos educacionais separadamente das especificidades da
disciplina? Algo realmente complexo;
3) Avaliação discursiva dos conhecimentos gerais (atualidades): O professor é, sobretudo, um formador de
opinião. Faz-se mister que o docente apresente, discuta e opine sobre questões de interesse social diverso;
4) Prova de aula: O professor deve demonstrar habilidades, comportamentos, competências e eficiências no
trato docente. Não basta apenas a formação acadêmica;
2
5) Prova de títulos: O professor com maior formação acadêmica merece pontuações proporcionalmente
altas na classificação geral. Atualmente os títulos oferecem pontuações irrisórias;
6) Experiência profissional e publicações acadêmicas/científicas: Professores que se dedicam, além da
docência, a pesquisa e a extensão, produziram para além das suas obrigações. Por isso mais pontos
devem ser acrescidos na classificação geral;
Observação (1): Alguns itens sugeridos estão contemplados nas seleções públicas, porém com valorizações
deturpadas. É necessário pontuar com critério e justiça.
Observação (2): As instituições federais costumam implementar concursos públicos seguindo critérios muito
similares aos citados acima. Incorrem num erro crasso: organizarem seu próprio processo seletivo. Os
princípios constitucionais da Impessoalidade e Moralidade estão sempre sob questionamento.
3
Artigo 2 – 30 dicas de preparação para os 
concursos públicos da Educação Física
Dica (1) – Não existe concurso ruim! No mundo dos concursos públicos, algumas seleções possuem poucas
vagas ou salários baixos. Pensando assim, muitos candidatos desistem da inscrição. Hojeum concurso
pode não te servir, mas amanhã o emprego público poderá te ajudar a manter seu trabalho na academia,
clube, estúdio ou mesmo permitir que você estude uma pós-graduação, casar, tenha filhos e se prepare
para seu concurso preferencial.
Dica (2) – Concurso público é até passar! Estudar para concursos de Professores de Educação Física
requer muita dedicação e comprometimento. Poucos são aqueles que ficam bem posicionados nas
primeiras vezes que fazem as seleções. Lembre-se que concurso não é um sprint de 100 metros, mas uma
maratona de 42 quilômetros.
Dica (3) – Beijinho no ombro pro recalque passar longe! As pessoas irão te elogiar: “Que sorte einh! Marcou
os “x” nas posições certinhas. Parabéns!”. Sorte? Você teve sorte? Ninguém irá te perguntar quantas horas
você estudou, quantas festas você deixou de ir, quantos(a) namorados(a) você deixou de ter, quanto
dinheiro você economizou para comprar os livros, quantas noites mal dormidas. Isso se chama sorte?
Trabalho e perseverança são as chaves do sucesso!
Dica (4) – Dominar os conteúdos é o bicho! Todos os concursos publicam os conteúdos programáticos e/ou
as referências bibliográficas. Não meça esforços para conseguir todos os livros, resumos e artigos para sua
preparação. Após conseguir os materiais necessários, leia todos e faça seus próprios resumos. Evite, num
primeiro momento, ler resumos de outras pessoas. Tire suas próprias conclusões.
Dica (5) – Você é o(a) senhor(a) do seu tempo! Preparação para concursos públicos requer tempo de
estudo. Quanto mais tempo tiver para estudar, melhor. Não existe uma quantidade de tempo ideal para
estudar, mas a dedicação e comprometimento são atalhos para o sucesso.
Dica (6) – Você estudará o que não gosta! Conheço um monte de amigos, colegas e alunos que não gostam
de História, Filosofia, Sociologia e Psicologia da Educação Física. Saiba que Ciências Humanas e Sociais
da Educação Física e Esportes compõem 85% dos conteúdos dos concursos públicos.
Dica (7) – Por onde começar? Você já tem os materiais, definiu seu tempo de estudo e talvez tenha feito
algumas leituras superficiais. Faça uma coleta de exercícios para treinar suas aptidões.
Dica (8) – Como procurar os exercícios? Encontre provas anteriores dos concursos públicos da banca
examinadora que você pretende fazer o próximo concurso. Não busque provas com mais de 5 anos.
Dica (9) – Como fazer os exercícios? Após encontrar as provas, faça os exercícios sem comprometimento
com acerto. Apenas testes seus conhecimentos. Faça as questões com muita tranquilidade e guarde os
resultados. Em algumas semanas e depois de muitas leituras, você perceberá que o número de acertos
crescerá substancialmente.
4
Dica (10) – O que é uma banca examinadora? É uma instituição contratada pelo poder público (municípios,
estados ou união) para confeccionar provas e aplicar as seleções. Cada banca tem uma “personalidade”.
Dica (11) – Exercícios e Bancas examinadoras: a dobradinha! As bancas examinadoras têm um jeito
particular de fazer exercícios. Algumas apresentam questões mais curtas, mais longas, mais difíceis, mais
fáceis, tendendo ao esporte educacional e tendendo a História. Se você tem algum concurso em mente,
busque questões anteriores da banca para qual você se prepara.
Dica (12) – Ainda sobre as bancas examinadoras! As bancas examinadoras mais recorrentes na área de
Educação Física são: UnB/CESPE, CONSULPLAN, Trompowsky, CEPERJ, CEPUERJ, FUNCAB, FUNRIO,
BIORIO, IBFC, FGV e FJG. Cada uma delas tem um jeito de construir as seleções. Tome intimidade com as
provas.
Dica (13) – Hora de conhecer os conteúdos! Você já sabe que estudar os conteúdos não é fácil, porém não
é impossível. Você já encontrou o edital, livros, artigos, resumos e exercícios. Comece separando seu
material por grandes áreas de conhecimento.
Dica (14) – Quais são as grandes áreas de conhecimento na preparação para os concursos públicos?
História da Educação Física Brasileira (além do contexto social e político); Abordagens Pedagógicas da
Educação Física; Aspectos Legais da Educação e Educação Física; Crescimento e Desenvolvimento
Infantil; Aspectos Desportivos; Avaliação em Educação Física; Didática da Educação Física; Função Social
da Educação Física. Com menor frequência nos concursos surgem: Aspectos Filosóficos, Psicológicos e
Antropológicos da Educação Física; Aspectos Anatômicos, Fisiológicos, Biológicos, Bioquímicos e
Biomecânicos da Educação Física. Comentarei em detalhes cada uma das grandes áreas de conhecimento.
Dica (15) – Como assimilar os conteúdos? Você já conhece as grandes áreas de conhecimento e precisa
iniciar as leituras. Os livros contêm textos técnicos, pesados e detalhados. Por isso, comece com artigos e
evite, num primeiro momento, ler resumos prontos
Dica (16) – Vamos de História da Educação Física brasileira? Os conteúdos sobre História começam com
os conteúdos ginásticos do Brasil Império e passam pela sistematização dos conteúdos físicos do Brasil
República. Contudo o foco dos concursos está na Educação Física do Brasil pós-ditadura de 1964 à 1985.
Dica (17) – Proclamação da República e Educação Física estão ligadinhas! A Reforma Couto Ferraz de
1854 e a inclusão dos conteúdos ginásticos solicitado por Ruy Barbosa em 1872 apresentaram uma nova
forma de pensar a atividade física durante o Brasil Império. Por isso a consolidação da área ocorre já no
Brasil República de 1889, apresentando a importância da saúde, bem-estar e qualidade de vida na escola.
Dica (18) – O que são as Abordagens Pedagógicas da Educação Física? São um conjunto de reflexões
sobre a área, especialmente ligadas ao âmbito escolar, apresentados por grandes estudiosos de
universidades públicas brasileiras. Cada uma delas traz características que as qualificam através de tônicas
e crenças bastante peculiares. As primeiras abordagens surgem no início da década de 1980 e as
releituras/reinterpretações ocorrem cotidianamente.
Dica (19) – O que são os Aspectos Legais da Educação e Educação Física? São legislações e documentos
oficiais que regulam a Educação Física no âmbito escolar, desde sua obrigatoriedade até sua aplicação.
5
São eles: CF, LDB, ECA e PCN´s da Educação Física. Outro documento importante, porém menos
requisitado nos concursos públicos é o Código de Ética.
Dica (20) – O que é o Crescimento e Desenvolvimento Infantil? São estudos que discutem o processo de
crescimento e desenvolvimento humano que, verdadeiramente, transcendem a infância. Ou seja, por ser
uma área de conhecimento bastante ampla, podemos afirmar que o crescimento admite limitações, mas
desenvolvimento humano é absoluto e fantástico. Nos concursos públicos, há alguns autores mais
recorrentes com obras extensas. E por isso é a área de conhecimento mais complexa e detalhada de toda a
preparação.
Dica (21) – O que são os Aspectos Desportivos? São conteúdos ligados aos esportes mais comuns no
âmbito escolar. As questões dos concursos abordam regras e práticas de jogos do “Quadrado Mágico”
(futebol, basquetebol, voleibol e handebol) e ginástica. Na década de 1980, questões sobre os Aspectos
Desportivos eram muito recorrentes, Na década de 2000, elas praticamente somem e na década de 2010
reaparecem unificando questões técnicas com estudos de casos práticos.
Dica (22) – O que é Avaliação em Educação Física? Nos concursos públicos, o tema aparece como um
“bicho-papão”, mas não é nada disso. Entender Avaliação na Educação Física é o mesmo que compreender
a importância e relevância da avaliação em todos os âmbitos da Educação. Alguns poucos autores da
Educação Física falam sobre avaliação, porém aqueles que discorrem sobre se limitam a discutir o temacontextualizando com suas propostas técnicas e pedagógicas. A dica é bastante simples: conheça os
fundamentos da avaliação na escola e os fundamentos das abordagens pedagógicas. Depois é só interagir
os conceitos.
Dica (23) – O que é Didática da Educação Física? A lógica de estudo e aprendizado da Avaliação em
Educação Física também se aplica a Didática. Para entender como a Educação Física deve ser ensinada, é
indispensável compreendermos os princípios fundamentais da abordagem pedagógica elencada. Entenda a
abordagem e você entenderá a didática contida e/ou preconizada por ela.
Dica (24) – O que é Função Social da Educação Física? Inspirado nos conceitos da Biologia e Ciências
Sociais, a Função Social da Educação Física consiste na mensuração objetiva e subjetiva das ações da
área na formação discente, especialmente em âmbito escolar. Em suma, a Função Social interage com
outros valores e princípios, utilizando as práticas físicas como veículos promotores de saúde, qualidade de
vida e bem-estar.
Dica (25) – O que são os Aspectos Filosóficos, Psicológicos e Antropológicos da Educação Física? São
reflexões sobre Ciências Sociais, Esportes e Educação Físicas apresentadas especialmente durante a
década de 1980. A parte “dura” das disciplinas nunca foram o cerne dos concursos, mas hoje aparecem
contextualizados em assuntos pedagógicos e didáticos.
Dica (26) – O que são os Aspectos Anatômicos, Fisiológicos, Biológicos, Bioquímicos e Biomecânicos da
Educação Física? São o conjunto de disciplinas mais populares da nossa área e talvez os menos
recorrentes nos concursos públicos. Na década de 1980, os temas eram até comuns, mas na década de
1990, com a popularização das Abordagens Pedagógicas, sumiram dos concursos públicos. Nos anos 2000
e 2010, eles voltaram, mas de forma bastante discreta.
6
Dica (27) – Você conhece as Abordagens Pedagógicas da Educação Física? Segundo a Prof. Suraya
Darido, as Abordagens Pedagógicas são: Desenvolvimentista, Construtivista, Sistêmica, Cultural, Saúde
Renovada, Crítica Superadora, Crítica Emancipatória, Jogos Cooperativos, Psicomotricidade e PCN´s. A
bem da verdade, as três últimas citadas surgem em contexto epistemológico diferente das demais
abordagens nos concursos públicos.
Dica (28) – O que são as Abordagens Pedagógicas Críticas da Educação Física? São linhas de pensamento
que interagem elementos técnicos da área, práticas de ensino e principalmente ideologias políticas
influências pelo marxismo clássico e o pós-marxismo. O requisito básico para compreensão das abordagens
pedagógicas críticas é o estudo aprofundado das ideologias políticas contemporâneas, especialmente o
socialismo.
Dica (29) – Uma sugestão de última hora! Se seu tempo é curto e não há mais tempo de fazer muitas
leituras e exercícios, a dica de última hora é ler os PCN´s. Os PCN´s foram formatados a partir das
Abordagens Pedagógicos, práticas de ensino e elementos históricos. Ler os PCN´s seria o mesmo que fazer
um “resumão”.
Dica (30) – É hora de correr pro abraço! Você fez o que estava ao seu alcance. Estudando pouco ou muito,
é hora de relaxar e aceitar seus resultados de coração aberto, sejam eles bons ou ruins. Uma nova
oportunidade te espera e seu emprego público está chegando.
7
Artigo 3 – As diferenças entre a Abordagem 
Pedagógica Crítico-superadora e Crítico-
emancipatória da Educação Física
As diferenças entre as abordagens são bastante sutis para quem estuda focado nos concursos públicos. Os
arcabouços teóricos de cada abordagem são riquíssimos, mas as dúvidas surgem porque a origem
ideológica das duas abordagens são as mesmas: o marxismo. Principalmente por tal característica
associado a tantas outras importantes que as abordagens são consideradas CRÍTICAS. As considerações
abaixo podem te ajudar a marcar o “x” na posição certa:
1) As duas abordagens são oriundas da mesma origem ideológica: o marxismo. A Abordagem Pedagógica
Crítico-superadora pauta-se num modelo de marxismo “clássico”, “tradicional”. Já a Abordagem Pedagógica
Crítico-emancipatória dialoga com bases marxistas “modernas e pós-modernas”;
2) A visão tradicional do marxismo aponta soluções de mundo de forma mais rígida, dicotômica, dualista e
sempre pautado na luta de classes. A visão pós-moderna de marxismo interage com maior flexibilidade com
as questões sociais, culturais, artísticas e principalmente econômicas, valorizando a ascensão social
através do esforço individual;
3) A Abordagem Pedagógica Crítico-superadora organiza-se a partir da Pedagogia Histórico-crítica e do
Materialismo Histórico-dialético. A Abordagem Pedagógica Crítico-emancipatória basea-se através das
obras da Escola de Frankfurt e a Teoria Sociológica da Razão Comunicativa (Habermas);
4) A Abordagem Pedagógica Crítico-superadora valoriza o resgate histórico e a expressividade corporal,
enquanto a Abordagem Pedagógica Crítico-emancipatória defende o exercício do movimento consciente,
livrando-se de modelos opressores e coercivos. Utiliza o esporte como um instrumento de transformação
didática e pedagógica;
5) A Abordagem Pedagógica Crítico-superadora nasce através de uma sistematização de conhecimentos e
uma proposta pedagógica referenciada bastante concisa. Já a Abordagem Pedagógica Crítico-
emancipatória tem perfil de análise e observação, sem com isso dispor de obras para sua aplicabilidade;
6) A Abordagem Pedagógica Crítico-superadora baseia-se na JUSTIÇA SOCIAL. A Abordagem Pedagógica
Crítico-emancipatória baseia-se na TRANSFORMAÇÃO SOCIAL.
8
Artigo 4 – Qual a Abordagem Pedagógica da 
Educação Física você utiliza na escola?
Se eu ganhasse um centavo para cada resposta a pergunta, talvez estivesse bem rico. E sempre respondo
com o maior prazer porque é uma pergunta sincera e legítima. Quando eu e o receptor dispomos de um
bom tempo, tenho uma prosa leve e bem divertida, explicando cada detalhe.
A primeira coisa que você precisa saber é que a escolha da abordagem pedagógica não é uma opção do
professor de Educação Física, mas do Projeto Político-Pedagógico – PPP – da escola. Neste documento
obrigatório por lei, há orientações sociais, políticas, culturais, históricas e a proposta de ensino da
instituição, sendo válido por apenas um ano letivo. Não há algo do tipo: “utilize a abordagem X ou Y”, porém
a escola apresenta suas concepções sobre a sociedade e a cultura presente dentro e fora do âmbito
escolar. Naturalmente surgem as orientações políticas que a escola seguirá pelos próximos meses.
As colocações posteriores são as mesmas: “Eu não sei se a minha escola tem PPP.”, “Eu nunca vi o PPP
da minha escola.”, “Quem faz o PPP?”, “PPP? Me explica melhor o que é isso…”.
Infelizmente o PPP é algo realmente complicado. Sua compreensão está condicionada a sua proposta.
Após a leitura minuciosa do PPP, seus conhecimentos teóricos sobre as abordagens devem ser somados as
suas percepções de ideologias políticas. Depois falo mais sobre isso…
E se você não souber onde está o PPP da sua escola? Se o PPP pouco ou nada te esclarecer? Se o PPP
estiver desatualizado porque a direção escolar não providenciou a revisão? Então será necessário que sua
observação seja detalhada para que você possa identificar a orientação política e educacional da instituição.
Já sei! Você ficou confuso de novo.
Se com o PPP, já estava difícil de entender, imagina sem ele. Observação e percepção da ideologia política
e educacional da instituição? Isso está dentro do PPP? Isso está fora do PPP? Isso está no dia a dia da
escola? Isso está em todos os lugares?
A abordagem pedagógica só terá algum efeito nas aulas de Educação Física se houver a ligação diretacom
a percepção da ideologia política e educacional da instituição. Ou seja, o pré-requisito para que você sabia
qual a abordagem deve ser utilizada é entender um pouco de política, filosofia política e correntes
ideológicas.
Apresentarei dois exemplos de instituições com formação política e ideológica diametralmente opostas.
A “abc” é uma escola centenária católica localizada no Rio de Janeiro. Suas mensalidades são caríssimas e
os alunos são filhos de empresários, profissionais liberais e membros da alta classe social. A instituição de
ensino presa por uma educação tradicional, defendendo valores como a propriedade privada, grandes
latifúndios, um estado mais enxuto, menos patriarcal e sem políticas de distribuição de renda.
9
A “xyz” é uma escola criada na década de 1980 localizada no Pontal do Paranapanema no Paraná. A escola
é privada, porém gratuita. É gerida por organizações sociais ligadas as entidades de base religiosa e social.
A instituição de ensino acredita numa educação renovada e progressivista. Defende a reforma agrária,
distribuição de assentamentos e moradias, políticas de ação afirmativa e um estado interventor nas
questões sociais e econômicas.
Com este breve levantamento, já é possível discutir qual abordagem melhor cabe em cada contexto. Como
você bem sabe, a maioria das abordagens possuem um capital ideológico embutido na sua constituição. Há
outras que fazem questão de serem despolitizadas.
Percebam que as escolas supracitadas têm um viés político bastante claro e por isso optar por uma
abordagem despolitizada não faz sentido.
Você conhece a ideologia política de cada abordagem? Deixo o leitor definir qual a melhor abordagem para
cada escola exemplificada.
E se ainda assim, você não conseguir definir a abordagem pedagógica? Há duas opções: se a instituição for
pública, você deve usar obrigatoriamente os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN´s da Educação
Física. Se a instituição for privada, você poderá utilizar uma abordagem pedagógica despolitizada.
Lembre-se que os PCN´s e as abordagens pedagógicas despolitizadas não são “coringas”. Há a abordagem
certa para a instituição certa e o momento certo.
10
Artigo 5 – Por que as Abordagens Pedagógicas
Críticas da Educação Física são tão difíceis?
Os professores de Educação Física, especialmente os candidatos aos concursos públicos, possuem notória
dificuldade de compreensão das abordagens pedagógicas críticas da Educação Física. A bem da verdade, o
arcabouço teórico que sustenta a formação epistemológica das abordagens, sejam elas críticas ou não, é
variado, sem haver maior ou menor grau de “robustez” na construção dos pensamentos. O que existe é um
desconhecimento de assuntos mínimos para compreensão das abordagens.
A abordagem pedagógica conhecida como Desenvolvimentista utiliza recursos técnicos dos mais
diversificados e justifica suas práticas afirmando que o movimento tem fi em si próprio. Em algumas
oportunidades, a abordagem e seu autor Prof. Dr. Go Tani critica a eficácia da politização na aprendizagem
e transmissão dos conhecimentos para construção do movimento. Logo o conhecimento prévio para
compreensão da abordagem Desenvolvimentista se sustenta quase todo dentro da própria construção
técnica do movimento, bem como no processo de crescimento e desenvolvimento motor.
As abordagens pedagógicas críticas conhecidas como Crítica-superadora e Crítica-emancipatória são
instrumentos a serviço da socialização, politização e disseminação cultural, associando suas ações práticas
ao resgate da historicidade da cultura corporal. Além das contribuições no campo social e político, as
abordagens valorizam a técnica esportiva e a expressividade corporal. As tônicas das abordagens transitam
pelas temáticas da justiça social e da transformação social.
As descrições acima foram realizadas com o intuito de demonstrar a indelével necessidade de
conhecimentos prévios para compreensão profundada das abordagens. Tais conhecimentos podem
transcender a própria área da Educação ou Educação Física. Se os conhecimentos prévios para
compreensão da abordagem Desenvolvimentista se sustentam dentro da própria técnica utilizada para
construção dos movimentos, as abordagens pedagógicas críticas exigem que os estudantes dominem os
princípios fundamentais de ciências políticas e sociais, especialmente o marxismo e o socialismo.
Ou seja, as abordagens pedagógicas críticas possuem conteúdos tão “comuns” quanto de qualquer outra
abordagem. A questão chave é nossa falta de discernimento social e político sobre questões básicas na
formação da cidadania. Sem conhecermos pontos básicos sobre o que é e como se iniciou o capitalismo,
capitalismo primitivo, capitalismo moderno pós-revolução industrial, marxismo, socialismo, liberalismo,
neomarxismo e pós-marxismo, é improvável que haja a compreensão apropriada das abordagens
pedagógicas críticas da Educação Física.
11
Artigo 6 – Abordagens, Tendências e 
Concepções – Uma cultura de estudo da 
Educação e Educação Física
Alguns alunos e colegas de profissão questionam os termos “Abordagens, Tendências e Concepções” no
contexto da Educação e Educação Física, sempre voltado para concursos públicos.
Sabemos o quão difícil é correlacionar os termos no momento dos estudos. Mais difícil será nesse artículo
explicar cada umas das palavras empregadas sem parecer (mais já sendo) superficial.
Para início de conversa, utilizemos o dicionário Michaelis (http://michaelis.uol.com.br/) para definições dos
termos apresentados. Segundo dicionário, “abordagem” significa “sf (abordar+agem) 1 Ação de abordar, de
ir ou chegar a bordo; abordada. 2 Assalto de um navio pela tripulação de outro.”. A palavra “tendência”
significa “sf (lat tendentia) 1 Disposição natural e instintiva; pendor, propensão, inclinação, vocação. 2 Psicol
Forma espontânea da atividade. (...)”. A palavra “Concepção” significa “sf (lat conceptione) 1 Ato de
conceber ou ser concebido. 2 Geração. 3 Faculdade de compreender as coisas; percepção. 4 Fantasia,
imaginação. 5 Criação ou obra do espírito. 6 Imagem de uma coisa na mente. C. de papel, Sociol: ideia que
a pessoa formula da sua própria atuação e status nos grupos sociais a que pertence. C. do mundo: imagem
subjetiva do mundo, concebida por um indivíduo ou grupo, de acordo com determinado ponto de vista.”.
Cada palavra surge em meio a conteúdos correlatos. As “abordagens” são comuns a Educação Física. As
“tendências” aparecem em meio a História da Educação Brasileira. E a palavra “concepção” aparece nas
duas áreas.
Considerando as definições apresentadas pelo dicionário e os princípios pedagógicos da Educação Física,
as Abordagens Pedagógicos da Educação Física são reflexões produzidas a partir de análises sistêmicas
de modelos de currículo e avaliação para aulas de Educação Física Escolar. Os conteúdos são discutidos
pela “academia” e depois servem de subsídio para as práticas laborais.
Já as Tendências Pedagógicas Brasileiras são reflexões construídas a partir de observações empíricas,
contínuas e detalhadas acerca do comportamento educacional brasileiro, especialmente correlacionado com
aulas influenciadas por diretivas políticas. Tendências explicitam posicionamentos políticos de direita
(liberal) ou de esquerda (progressista ou socialista). Ou seja, as “tendências” são construídas na prática
laboral educacional e descritas (ou discriminadas) por especialistas da área.
As “Concepções” são, no contexto educacional brasileiro, mais do que um termo generalista. Elas tem uma
função indelével: produzir novos pensamentos sobre termos já consolidados. Conceber,para Educação e
Educação Física, significa trazer “nova luz” sobre definições que podem (e devem) ser repensadas,
especialmente quando surgem outras novas concepções e mudanças sociais, políticas e culturais
relevantes.
12
Em última análise, “abordagens” significam conteúdos produzidos DENTRO da “academia” e vão para
FORA, onde chamamos campo de trabalho. As “tendências” são observadas FORA, onde chamamos
campo de trabalho e repensadas DENTRO da “academia”. Concepções são reflexões geradas DENTRO ou
FORA das reflexões teóricas e/ou práticas.
13
Artigo 7 – Por que não vi os conteúdos dos 
concursos da Educação Física enquanto 
estava na faculdade?
A pergunta é uma oportunidade tripla de respondermos ao título do artigo. Lembramos da graduação e nos
questionamos: não vimos os conteúdos por que não nos foram apresentados, não nos lembramos se foram
apresentados ou não demos a importância quando foram apresentados? Analisando os conteúdos
ministrados ao longo de vários períodos, as respostas devem ser formuladas com bom senso e
responsabilidade.
E por que os termos “bom senso” e a “responsabilidade” parecem no contexto das respostas? Conversando
com vários candidatos e já diante da grandeza dos assuntos, a resposta é quase unânime: “não tive este
conteúdo na graduação”. No estudo dos temas e refazendo algumas considerações, os alunos colocam
suas posições e, aos poucos, retificam suas posições. Afirmam que um conteúdo ou outro pode ter sido
apresentado.
Afinal por que os conteúdos dos concursos da Educação Física não são, digamos, explícitos como
Anatomia, Biomecânica ou Fisiologia? Por que os conteúdos parecem estar na página 56 de um livro pouco
ou nada famoso? Por que os conteúdos parecem estar escondidos dentro de assuntos pouco avaliados na
faculdade?
As respostas são até simples. Difíceis são os temas que circundam as respostas.
A Educação Física no Brasil esteve (e ainda está) a serviço dos interesses políticos e sociais de cada
época. Quando o momento político e social tende ao higienismo, a tônica é “corpo são, mente sã”. Quando
o momento político e social é militarista, preparar os cidadãos para representar o país através do esporte
passa a ser a tônica.
O efeito prático da formatação da Educação Física a luz de cada momento social e interesse político é, no
mínimo, complexo. A “cara da Educação Física” é reflexo do nosso tempo e espaço.
A Educação Física brasileira está formalmente constituída a quase cem anos e os Professores de Educação
Física foram graduados por várias gerações. Ou seja, uma legião de professores ativos pensam a Educação
Física de acordo com os princípios políticos na qual se graduaram ou enquanto reuniam argumentos para
constituírem sua maturidade profissional.
A Educação Física foi pensada de tantas formas que as graduações podem formar exímios professores
anatomistas ou excelentes cientistas sociais (sic), além dos professores de Educação Básica. As
discrepâncias nas formações acadêmicas são resultados de diversas correntes de pensamento de uma
mesma área.
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Os concursos públicos da Educação Física refletem nos conteúdos alguns valores, normas, princípios,
habilidades e competências influenciados pelas ciências sociais, políticas e culturais. Os conteúdos ligados
as ciências da saúde quase não aparecem nas seleções públicas, mas são unânimes nas graduações.
Trocando em miúdos: as bancas examinadoras pensam a Educação Física de um jeito e sua formação
acadêmica foi outra. Por isso os conteúdos mais importantes para os concursos estão “perdidos” ou
“esquecidos” em meio a tantos assuntos importantes. Por exemplo, eu estudei Educação Física sendo parte
numa universidade privada, parte noutra pública e, pasmem, não vi os conceitos de Abordagens
Pedagógicas em qualquer instituição.
Sem qualquer cabotinismo, acredito que meu exemplo é a prova cabal de que nada está perdido. Se você
não aprendeu um determinado conteúdo, torne a situação um fator motivacional para que você avance na
carreira e consiga seu emprego público.
Se as circunstancias não te favoreceram, crie uma rotina de estudos, além do hábito da leitura, e pense que
não houve “tempo perdido” durante a graduação. Houve o estudo de outras questões importantes e que um
novo momento chegou. Os conteúdos outrora novos se tornarão seus melhores amigos.
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Artigo 8 – Porque a educação que você recebeu
não te serve mais
Talvez você não saiba, mas o sistema educacional na qual todos nós fomos inseridos têm suas bases
datadas do século V, período em que a Igreja assume parte das funções de Estado – entre elas a educação
– decorrente da Queda do Império Romano.
Como o acesso à educação deixou a exclusividade da nobreza, a burguesia exigia formação intelectual
ampla e qualificada para seus filhos. Ao longo dos séculos, a Igreja sistematiza a educação, dividindo o
conhecimento em grandes áreas como línguas, matemática, geometria, artes, história, ciências naturais,
astrologia e até ciências militares. Os livros, bem como os métodos de escrita e impressão, são geridos por
grupos religiosos e disponibilizados ao público com parcimônia. Afinal conhecimento é poder.
A população cresceu por cinco séculos e com ela a demanda pela universalização do conhecimento.
Surgem instituições exclusivas para educação, munidas de profissionais inspirados na figura do pedagogo.
São abertas salas de aulas e as classes seriadas de ensino. A formação educacional foi dividida em básica,
média e superior.
Estamos falando de um sistema educacional vitorioso. São cinco séculos a educar as elites, universalizando
informações outrora disponíveis a pequenos grupos tomadores de decisão.
Podemos afirmar que o sistema de educação universal atendeu seus propósitos, observando dois
parâmetros básicos. O primeiro é a competência tática e estratégica em gerir um modelo de ensino,
observando e atualizando os anseios da população. O segundo refere-se a gestão do conhecimento,
definindo quem teria acesso as informações, limitando a quantidade e a qualidade das decisões. A opção de
tornar finito o acesso ao conhecimento sempre foi moralmente questionável, porém bastante útil. O maior de
todos os movimentos a afrontar o “monopólio do conhecimento” foi o Iluminismo.
Os dois parâmetros básicos se mantiveram estáveis até meados do século XX até que uma nova aurora
resplandeceu no horizonte (que piegas…).
Os avanços nos meios de comunicação alteraram o modo como a informação e o conhecimento chegavam
as pessoas. As correspondências de longa distância, eletricidade, telégrafo, telefone, rádio e TV trouxeram
mudanças de paradigma. O aperfeiçoamento dos meios de comunicação como transmissões de TV via
satélite, telefones celulares e principalmente a internet são os ratificadores da mudança pela qual a
informação e o conhecimento se propagam pelo mundo.
O sistema de educação universal não é mais gerido pela Igreja. Discussões de várias naturezas foram
travadas em meio a uma nova sociedade pós-Revolução Industrial. A academia – especialmente as
universidades – apresentaram estudos e pesquisas sobre diversos campos do saber, tornando a ciência
mais madura e menos questionável. A educação foi posta em voga por pensadores como Jean Piaget, Henri
Wallon, Lev Vygotsky, Célestin Freinet e Reuven Feuerstein. No Brasil surgem grandes nomes como Paulo
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Freire, Moacir Gadotti, Anísio Teixeira e Rubens Alves.
Então por que a educação que recebemos não nos serve mais?
Você e a maioria das pessoas foram educadas formalmente durante a segunda metade do século XX e/ou
no século XXI. Somos “filhosda revolução dos meios de comunicação” e por isso toda nossa educação, em
tese, já estaria adaptada ao universo digital. Se você pensou assim, lamento informar: você errou.
Os cinco séculos de educação formal, repito, são vitoriosos, mas seu ciclo de vida está chegando ao fim. As
escolas ainda preconizam um modelo que não mais atendem os anseios da sociedade contemporânea. Os
alunos são postos em fileiras, de fronte aos “detedores do saber” dizendo-lhes o que é certo e errado,
ditando normas de conduta e proferindo falácias de um mundo diferente da realidade.
O compositor Renato Russo, auspicioso na sua forma de descrever o mundo, afirma: “Quando nascemos
somos programados a receber o que vocês nos empurraram com os enlatados dos USA de 9h (A.M.) às 6h
(P.M)”. Ainda na juventude, um dos seus maiores dramas era não ser compreendido por um sistema que
não educa, mas impõe padrões e persegue os que não se adaptam. Os músicos Lobão e os ingleses Tony
Iommi e Eric Clapton também tiveram problemas na escola.
A escola não ensina, mas reproduz conhecimentos sistematicamente, desconectado da vida real.
Segundo Rubens Alves, a escola não deveria se preocupar com o conhecimento, pois os mesmos estão nos
“livros e por ai”. O dever da escola contemporânea é educar o aluno a se educar. Não mais dizer o que deve
ser estudado, mas permitir-lhes que busque o conhecimento no seu tempo, espaço e momento etário. A
escola deve apenas direcionar e guiar através do caminho do conhecimento para que a tomada de decisão
seja exclusivamente do aluno. Sem dúvida, os meios de comunicação como a internet devem ser
observados como indeléveis veículos para que o conhecimento seja democratizado. E a escola é insipiente
quando trata das tecnologias.
Esqueçam as classes seriadas! O mundo não diz qual é o seu nível. Ninguém sequer tem o direito sobre
outro ser humano de dizer qual é o seu nível. Você se encaixa no mundo e faz dele um lugar melhor para
viver. Se você adquire conhecimento de forma livre, por que a escola pode afirmar o que, como, onde e por
que o conhecimento será oferecido ou aplicado?
E as avaliações, testes e provas? Um momento de terror “ofertado” desde a mais tenra idade até os últimos
dias de estadia na educação formal. Nenhum professor pode dizer que o aluno realmente aprendeu,
observando os tipos e critérios de avaliação, assim como o aluno não apresenta todo seu potencial por que
chegou o dia e a hora. Aprender, ensinar e produzir conhecimento é um processo lento, longo e gradual.
Não é a prova – ou algo que o valha – que ratificará ou acelerará o processo.
Você percebeu que a(s) escola(s) por onde passou não te prepararam para o mundo, mas para mudar de
“série” ou “ano”. Ninguém te educou, mas te instruíram. Assim como fazem os instrutores dos Centros de
Formação de Condutores – as antigas autoescolas: você fez as aulas práticas e pode até ter sido aprovado
pelo DETRAN do seu estado, mas provavelmente não aprendeu a dirigir.
A escola deve te “por no mundo” vivendo, sentindo, agindo, atuando, sendo protagonista da sua própria
vida. As instituições de ensino devem fomentar o interesse pelos grandes pensadores e referenciá-los entre
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os discentes para que seus nomes e ideias ecoem eternamente.
O sentido da educação é a progredir a espécie. Não se trata de funcionalismo barato, mas uma forma de
garantir que nossa breve estadia nesse planeta faça algum sentido. A escola formal sempre pensou desta
forma e precisa se renovar para continuar a existir.
Contudo nem tudo são trevas na educação. Alguns dos nossos irmãos além-mar e patrícios já modificaram
seus modos de agir e pensar a educação. A Escola da Ponte, localizada no Porto em Portugal, aboliu as
séries e restituiu a figura do pedagogo como facilitador do processo de ensino e aprendizagem. As turmas
têm 5 ou 6 alunos com idades diferentes e aproximadas, ocupando o mesmo espaço físico. Os discentes
são direcionados pelo caminho do conhecimento. Eles decidem como e quando trilhá-lo. Os resultados têm
sido, no mínimo, satisfatórios, pois o objetivo da escola é formar pessoas para contribuírem com outras
pessoas.
A educação recebida por todos nós teve serventia, mas só até a “página 12”. Tudo que nos fez seguir em
frente foram nossas próprias decisões. Devemos compreender que nem todos são autônomos e
emancipados por natureza, sendo para alguns a necessária intervenção institucional, popularmente
conhecido como “empurrãozinho”. A escola contemporânea deve preparar o indivíduo para o mundo e não
para a própria escola.
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Artigo 9 – O esporte como nunca antes visto
O esporte tornou-se uma vendável reunião de produtos para entretenimento. Foi só por isso que a grande
mídia tomou parte do assunto. Os políticos se apropriaram dos benefícios das atividades esportivas porque
emplacavam suas ideias e ideais, além de “roubar” a popularidade dos atletas e seus feitos. As afirmativas
refletem a realidade? Pergunta retórica e nada além disso. Na Roma dos imperadores, o esporte já possuía
todas as características fundamentais para condução das massas.
A mídia que forma opiniões também utiliza o esporte para criar ídolos e destronar reinados esportivos.
Novos “Pelés”surgem todos os dias ao passo em que os antigos “Pelés” somem da mídia. Enaltecem
vitórias esportivas e desmoralizam frontalmente qualquer atleta ou interesse que não atenda aos
patrocinadores. No ciclismo, Lace Armstrong entende bem o que a mídia voraz é capaz de fazer.
O conjunto de distorções sobre esporte e mídia criou “monstros” que a população (e até os Educadores
Físicos) assimilam sem exercer o senso crítico necessário a decisões sociais e culturais consecutivas.
A seguir, debateremos os erros crassos associados ao esporte exclusivamente porque “vende” para alguns
grupos em vez de educar, socializar e evoluir pessoas.
“Esporte é saúde”: As pessoas perdem sua saúde praticando esportes. A prática de atividades físicas sem o
devido acompanhamento profissional leva as pessoas a perderem sua saúde e até sua vida. A mídia
estimula a prática esportiva sem atrelar a orientação outras circunstâncias elementares como boa
alimentação e atividades dirigidas por profissionais que realmente saibam o que é necessário para o
alcance da saúde, qualidade de vida e bem-estar.
“Esporte é vida”: Todos os dias as pessoas perdem suas vidas porque praticam esporte. Ainda que todos os
meios de proteção sejam mitigados, algumas modalidades são naturalmente perigosas a vida. Por exemplo,
esportes radicais e alpinismo.
“Esporte afasta das drogas”: A prática esportiva pode levar seus praticantes a utilização de drogas, sendo
algumas até ilegais ao que concerne ao porte e/ou consumo. Alguns atletas de alto rendimento utilizam
recursos ergogênicos ilegais (esteroides e anabolizantes) para manterem seus padrões de resultados. Sem
contar os atletas que conhecem o submundo das drogas recreativas para aliviar a pressão por resultados.
“Esporte tira as crianças da rua”: E desde quando a rua é um lugar inapropriado para as crianças? As
crianças devem aprender desde cedo o quão importante é se apropriar do espaço urbano. O antropólogo
Roberto Da Matta escreveu um clássico das Ciências Sociais chamado a “A Casa e a Rua”, debatendo as
questões de ordem que circulam nas intimidades morais da “casa” e os códigos de ética da “rua”. Imagine
se os atletas de futebol não começassem na várzea? Certamente que a afirmativa se refere as crianças
ociosas, dentro ou fora do âmbito escolar, cujo esporte poderia ser uma ferramenta de agregação social. O
problema é quando o esporte recebe atribuições escolares e principalmente de manutenção da ordem
pública e controle da segurança pública…
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“Esporteé lazer”: Definitivamente esporte não é lazer. Não para todos. Lazer é uma equação simples:
tempo livre mais prazer. Jogadores profissionais podem ter prazer na realização das suas tarefas laborais,
mas não estão no seu tempo livre. Estão em tempo de trabalho.
O esporte não é vilão e tão pouco herói. Esporte deve ser aquilo que desejamos porque, além de um
fenômeno da modernidade, é uma representação social idealizada. Então devemos idealizar de modo
correto e para o bem.
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Artigo 10 – Educação Física escolar na 
academia – Polêmica à vista
A Educação Física escolar poderá tomar novos rumos nos próximos anos. Se for confirmada a nova
tendência de formação de parcerias e prestações de serviço entre academias e escolas, uma nova
configuração profissional na área de Educação Física será observada em breve. Sendo o mercado de
fitness brasileiro o segundo maior do mundo, as escolas serão assediadas por novos interesses comerciais.
Seria uma boa ideia as academias estreitarem laços com as escolas na promoção da Educação Física
escolar?
O ímpeto de sanar a questão é grande, porém a resposta não é nada simples. Algumas pessoas observam
com bons olhos a possibilidade das crianças e adolescentes utilizarem os espaços e equipamentos para
fitness como mais um veículo de promoção de saúde. Outros já observam como um processo de corrosão
cada vez mais latente da qualidade educacional, atendendo aos interesses do capitalismo e não mais da
sociedade. A resposta sim ou não vai além dos interesses das grandes corporações. Devemos pensar quais
os propósitos da Educação Física na escola e depois avaliarmos se as academias, de fato e direito, tem
interesse – e principalmente qualificações – para organizar suas práticas profissionais dentro de parâmetros
educacionais já conhecidos.
Atualmente os 3 (três) principais documentos oficiais ligados a Educação e Educação Física são a
Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases e os Parâmetros Curriculares Nacionais. Nenhum deles veta
a promoção da Educação e Educação Física escolar no âmbito das academias. O que os documentos
oficiais preconizam são normas e orientações, defendendo uma educação de qualidade, equilibrada,
igualitária, mensurável e democrática. A Educação Física escolar deve seguir as orientações gerais
observadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, cujos temas transversais podem ser aplicados fora de
uma quadra de esportes ou laboratórios de movimentos.
Os pontos observados para defesa e ou condenação da Educação Física escolar dentro do fitness são
demasiadamente longos e controversos. O debate merece mais espaço e mais informações. Contudo a
iniciação das discussões coloca em voga uma ocorrência que tem tudo para não ser mais algo pontual.
Fonte: Central de Cursos (https://centraldecursosedf.wordpress.com/2013/11/08/escolar-
academia/comment-page-1/#comment-129)
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Artigo 11 – Lazer – Gênero de primeira 
necessidade
O lazer é um assunto tão comum, quanto desconhecido. A falta de informação não se aplaca somente aos
incautos indivíduos que buscam diversão e entretenimento nas horas vagas. Professores de Educação
Física não atuam nesse mercado por puro desconhecimento, ignorando um nicho que cresce
aproximadamente três vezes mais do que o PIB brasileiro.
Lazer nada mais é do que uma simples equação. Consiste em tempo livre mais prazer. Outras variáveis
podem ser adicionadas, mas não há lazer se as duas variáveis anteriores não estiverem presentes. Tempo
livre também pode ser conhecido como tempo de não trabalho ou tempo de ócio. Prazer é algo
pessoalíssimo e efêmero. Só sabe quem sente.
Por exemplo, ler um livro, andar na praia ou simplesmente permanecer por longas horas numa
espreguiçadeira podem ser considerados lazer. Porém se você lê um livro técnico para agregar valor a sua
profissão ou caminha na praia porque vende picolés, a equação do lazer se descaracteriza. Ainda que você
sinta prazer na realização das atividades, as mesmas não são realizadas no tempo livre. Ou seja, é tempo
de trabalho.
Quase tão importante quanto definir as variáveis do lazer é saber como se apropriar do tempo livre.
Fundamentalmente quem avança nas discussões sobre tempo livre e tempo de trabalho são os marxistas.
Na ideologia socialista, tempo de não trabalho nem sempre é tempo livre. A classe trabalhadora deve dispor
de oito horas de trabalho, oito horas de sono e oito horas de não trabalho. Se você utiliza as oito horas de
não trabalho apenas para recuperar as forças para o tempo de trabalho, o lazer nunca será contemplado. O
ideal é a classe trabalhadora se apropriar do tempo de não trabalho para que, criticamente, possa definir
como utilizá-la a favor do lazer.
Os professores de Educação Física desenvolvem projetos sócio-esportivos em praças, comunidades e
condomínios, mas enfrentam obstáculos por desconhecimento dos princípios básicos do lazer. Como a
maior parte do público atendido pelos projetos têm menos de dezoito anos, os professores de Educação
Física esbarram nos problemas da falta de apoio financeiro, desinteresse do público e a evasão.
A equação do lazer não é complexa. Difícil é reuni-las no tempo e espaço apropriado. Ainda que se gere
divisas a família e a sociedade, o ser humano precisa da sua “válvula de escape”. Ninguém produz o tempo
todo, mas ninguém deve permanecer sem produzir. Afinal lazer só existe no antagonismo do tempo de
trabalho. E quem faz parte da sociedade, pode e deve entender que o trabalho é tão importante quanto o
lazer.
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Artigo 12 – Corpo e Cultura – A natureza em 
plena harmonia
O corpo é o símbolo do poder. Poucos são os elementos naturais capazes de interferir no cosmos –
especialmente no tempo e no espaço – quanto o corpo. Não por acaso, a tríade corpo, mente e alma são
indissociáveis. Cada qual representando sua posição no universo. Porém o corpo é o poder: conduz mais
do que é conduzido.
Ainda que um ingênuo desavisado acreditasse que o corpo é conduzido pela alma ou pela mente – senhora
da razão, incorreria num erro crasso. O corpo transcende e é transcendido pela alma. O corpo transcende e
é transcendido pela mente. O corpo é a vida em movimento.
O corpo movimenta-se perpetuando o gesto da vida. Os hábitos e costumes que cercam o corpo adotam tal
postura por mera razão simbiótica. A natureza existencial dos hábitos e costumes começa e termina no
corpo. Os hábitos precedem o abandono da inércia comportamental. E o término não se dá pelo retorno da
inércia, outrora citada como o início, mas pela ratificação do hábito.
Quando os hábitos, costumes, práticas e comportamentos identificam, qualificam e enaltecem a existência
da vida, há a cultura na sua arte bruta.
Que tipo de cultura não passa pelo existencialismo corporal? Há folclore, dança, interpretação, música e
artes plásticas sem o corpo?
Pergunta sem sentido, sem razão e sem cultura. Logo sem corpo.
23
Artigo 13 – Reflexões Epistemológicas Sobre 
Mediação Política E Cultural Na Educação 
Física Escolar: Estudo De Caso Realizado 
Em Uma Escola De Ensino Fundamental Da 
Mangueira/Rj
Introdução
A aplicabilidade social da Educação Física tem sido discutida em diversos foros de estudo, principalmente
nos foros ligados a esporte, saúde e educação. Alguns estudiosos acalantam com maior ênfase a ideia da
esportivização, enquanto outros estudiosos refletem sobre bem-estar, saúde e formação educacional. Ao
utilizarmos os elementos disponíveis na construção de significados para Educação Física – movimento
corporal, signos sociais, representações culturais, elementos de esportivização – não podemos ignorar sua
capacidade de resolução de conflitosde várias naturezas correlacionadas diretamente ou indiretamente
com Motricidade Humana, especialmente no contexto escolar.
A Mediação é a promoção de entendimento entre partes que pontualmente apresentam-se em conflito,
possibilitando a coexistência e convivência pacífica. A Mediação Política e Cultural trata-se de uma
resolução de conflito entre membros de uma determinada organização social que produzem e consomem
cultura, resultando numa nova ordem de construção de diálogos transparecidos nos bens culturais,
possibilitados através de trocas contínuas de experiências.
A Educação Física escolar tem papel fundamental na construção da Mediação Política e Cultural porque
orientam as práticas educacionais ligadas direta ou indiretamente a Motricidade Humana, formalmente
oferecida por um currículo básico educacional e organizadas pelas vivências políticas e culturais do
alunado.
A organização do processo entre quem consome e produz cultura, associado a uma série de ações
intervencionistas da Educação Física escolar resulta numa Mediação Política e Cultural que deve ser
compreendida de modo existencial, quantitativo, qualitativo, buscando propostas interventivas,
modificadoras e transformadoras.
Os pressupostos teóricos da Educação Física escolar interagiram com a produção acadêmica ligada a
Educação, especialmente de caráter progressivista. O que significa afirmarmos que os princípios
norteadores da nova visão acadêmica da Educação contemporânea estão pautados na busca pela
emancipação crítica e social dos discentes, bem como uma nova postura docente no processo laboral
cotidiano (GHIRADELLI JR, 1987). Ao passo em que a escola observa a si própria, o corpo docentes
representadas por profissionais regentes e envolvidos educacionalmente com as questões escolares
percebe que as organizações sociais demandam uma necessidade absolutamente justificável, porém não
24
recente: o desenvolvimento de habilidades e condutas educacionais por parte das escolas que atendam os
anseios culturais e políticos das organizações sociais.
Atualmente a produção acadêmica e científica da Educação Física brasileira dispõe de vastos documentos
que apontam a necessidade da transcendência da atual realidade e a construção de espaços reacionários
na Educação Física escolar. Em geral quase todos direcionam os caminhos libertários e libertadores de
Educação para uma nova sociedade democrática do século XXI. Embora seja um assunto polêmico e de
difícil abstração, devemos compreender o fenômeno relacionado ao processo contínuo de aproximação e
distanciamento das relações sociais inerentes a escola/docente/discentes.
A compreensão do fenômeno passa pela resolução de um tipo de conflito tácito. O conflito caracteriza-se
entre partes interessadas: corpo discente e escola. De um lado encontra-se o corpo discente que traz
consigo valores, comportamentos, conceitos e condutas próprias da sua formação moral, escolar, familiar e
comunitária; de outro lado encontra-se a escola interessada em manter o diálogo entre várias partes
envolvidas, selecionando o conhecimento universal moralmente aceito; o conhecimento popular que deve
ser resignificado, transcendido e adaptado pela escola e por último, afastar o conhecimento que não
agregará qualquer tipo de valor ao crescimento, desenvolvimento, formação moral e educacional discente.
E para que todo o processo de seleção do conhecimento seja implantado de modo satisfatório, a escola e
corpo discente instauram a Mediação Política e Cultural para que haja equilíbrio e atendimento das partes
envolvidas. Ao que tange a Educação Física escolar, o professor busca estratégias para sua ação laboral,
incentivando as manifestações da Motricidade Humana (inclusive as esportivas) que reúnam elementos
culturais e políticos presentes naquela localidade.
O estudo apresentará as reflexões sobre a Mediação Política e Cultural na escola, principalmente nas aulas
de Educação Física, respeitando os princípios de emancipação e criticidade das práticas físicas. A
construção do processo avaliativo de mediação necessitou de dois elementos básicos: um lugar onde os
valores locais, culturais e sociais fossem representações nítidas dentro da corporeidade dos indivíduos
inseridos no contexto escolar e houvesse a observação da Educação Física como elemento que
contextualizasse o conflito tácito entre a produção e consumo de cultura local.
O local escolhido para observar, analisar e promover as reflexões epistemológicas foi a Escola Municipal
Humberto de Campos – a primeira escola pública construída em uma área de vulnerabilidade social no
Brasil. Fundada em 1936 na comunidade da Mangueira – Rio de Janeiro com a presença do então prefeito
da cidade Pedro Ernesto e o ícone do samba brasileiro Cartola, a escola é um espelho sistêmico da
interação e mediação acerca de diversas questões culturais e políticas.
Discutiremos o conflito, sua proposta de resolução, a interação contínua entre a produção e consumo de
cultura discente e os valores do ambiente escolar com os elementos culturais empíricos das organizações
sociais. Por fim apontaremos caminhos intervencionistas como um indicador de trabalho técnico do
profissional de Educação Física.
Desenvolvimento
A simbiose entre Mediação Política, Mediação Cultural e as aulas de Educação Física escolar se articulam
25
no imaginário discente, seja na construção de jogos pelos alunos, na esportivização emanada pela
comunidade, em atividades cooperadas e na inclusão de grupos que outrora estavam excluídos do
processo educacional. 
A justificativa para as reflexões sobre Mediação Política e Cultural na Educação Física escolar residem na
construção de documentações acadêmicas acerca dos temas propostos. Para isso efetuamos a fusão dos
termos técnicos do sistema de resolução de conflitos e mediação escolar com reflexões sobre o papel
docente contemporâneo do profissional de Educação Física escolar (FONTANA, 1996).
A fundamentação metodológica para construção do documento acadêmico estrutura-se em duas vertentes
bibliográficas: os estudos sobre resolução de conflitos e mediação escolares elaboradas para
desenvolvimento e manutenção do ambiente escolar favorável ao ensino e aprendizagem; e obras ligadas a
Educação Física escolar que ratifiquem posições ideológicas de caráter intervencionista, crítico,
transformador, reativo, reacionário e engrandeçam valores contemporâneos defendidos pela Educação
Física escolar pós-ditatura militar 1964-1985, presentes em obras como “Metodologia de Ensino da
Educação Física” do Coletivo de Autores de 1992.
A resolução de conflitos e mediação é um tema relevante no meio acadêmico. O principal elemento que
norteará a produção de conteúdo da presente obra será o conceito de mediação com indivíduos unidos
através de concepções, valores, cultura e organização política comum. Logo a mediação não poderá ser
observada apenas como um elemento estanque entre pares e indivíduos. O conceito da mediação deve ser
considerado como uma ação contínua, continuada e dinâmica de compreensão de atos, ações, valores e
ocorrências educacionais presentes nas aulas, direcionados institucionalmente entre grupos e intragrupos.
Apresentação e informações adicionais
A Escola Municipal Humberto de Campo oferece inúmeras particularidades para construção de análises
empíricas. Não obstante ao fato do pesquisador lecionar Educação Física na unidade de ensino do primeiro
ano da Educação Infantil até o terceiro ano do Ensino Fundamental, muitas particularidades podem ser
interligadas,formando arcabouços fenomenológicos sobre diversos elementos sociais e afirmando
resultados de impressões colhidas próximo aos fenômenos.
Sendo a primeira escola pública construída em área de vulnerabilidade social no Brasil e no Rio de Janeiro,
a unidade de ensino catalisa os efeitos de uma comunidade que transcende a realidade artística clássica do
Rio de Janeiro através de valores culturais próprios. A escola está lateralmente posicionada ao Grêmio
Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. As relações de corporeidade representadas
nos signos sociais (VARGAS, 1993) são nitidamente correlatas ao próprio existencialismo da escola de
samba.
E as relações de corporeidade não se limitam ao samba, cultura e arte. A unidade escolar está
aproximadamente setecentos e cinquenta metros da Vila Olímpica da Mangueira, um ícone de sucesso do
esportivismo social implantado pelo poder público estadual. Os valores ligados ao esportivismo e
necessidade de ascensão social através do esporte de alto rendimento permeiam o imaginário sociológico
da comunidade. A bem da verdade, a ascensão social através do esporte não é característica específica da
Mangueira, mas a Vila Olímpica é considerada um “oásis esportivo”. Há vários casos de jovens que
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alcançaram notoriedade nacional e internacional utilizando o espaço da Vila Olímpica.
Associados ao conjunto de valores culturais e esportivos próprios da comunidade, a observação
participativa (FERNANDES, 1959) realizadas entre maio a setembro de dois mil e onze foram produtivas e
intrigantes. A coleta de dados ocorreu através de captações sequenciadas das vivências motoras
experimentadas pelos discentes, bem como a interação social dos fenômenos culturais envolvidos nas
aulas. A partir da coleta descritiva de ações pontuais e globais de Motricidade Humana, foram desenvolvidas
análises empíricas sobre a perspectiva da Educação Física escolar contextualmente envolvida com valores
sociais, políticos e culturais, tais quais os modelos de fundações teóricas das Ciências Sociais. 
Os relatórios diários são relatos das experiências técnicas e pessoais colhidas aula após aula a partir da
aplicabilidade das atividades motoras dirigidas, bem como a interação do resultado das atividades motoras
oriundas do universo discente que ofereçam relação de causa/efeito esperada ou não. Os conjuntos dos
relatórios formam documentos que apontam um direcionamento empírico de observações sistematizadas,
associadas a uma perspectiva sociológica de resolução de conflitos e mediação. A resposta discente as
atividades motoras contextualizadas são resultados superficiais, todavia são os melhores indicadores de
resultados promissores interventivos a longo prazo.
Os efeitos complicadores de fatores externos
No decorrer dos meses de junho e julho de 2011, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro auxiliado pelo
BOPE – Batalhão de Operações Especiais – retomou o espaço urbano da Mangueira para instalação da
UPP – Unidade de Polícia Pacificadora, retirando o tráfico de drogas ostensivo. Ou seja, um fenômeno
atípico e de difícil avaliação de impacto no contexto do ensaio.
Por consequência houve uma “reconfiguração” social entre escola/polícia/comunidade, trazendo as relações
de consenso e conflito para patamares únicos. Pela carência de maiores estudos sobre a permanência da
Polícia Militar em tempo integral na comunidade, não aprofundaremos os debates sobre o específico
impacto social dessa intervenção. Entretanto não há como ignorar as mudanças sociais diante da
notoriedade da “nova vizinhança”.
As análises da observação participativa
As características das aulas de Educação Física no contexto da comunidade não se assemelham ao
modelo tradicional de replicação de movimentos corporais ou mecanização de atividades. A afirmação tão
pouco tem a ver como questões ideológicas ou técnicas. Devido às características comportamentais e
culturais dos discentes, seria impossível replicar atuações sistematizadas de Educação Física, seja de
caráter técnico, tecnicista ou mesmo progressista (GHIRALDELLI JR, 1987).
A impossibilidade de sistematização “clássica” das aulas pauta-se numa premissa básica de interação social
entre discentes e docentes. A carga cultural, social e política presente no existencialismo de crianças de
quatro a onze anos é um dos pontos de condução dos planejamentos de aulas. O corpo discente demanda
por atividades inerentes ao contexto da Motricidade Humana, porém se reconhece como elemento
integrante da sua comunidade em aspectos sociais e culturais. O resultado dos trabalhos de movimentação
corporal é uma simbiose entre consumo e produção de cultura.
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O equívoco comum produzido por uma visão superficial das aulas de Educação Física está na crença de
que todo processo foi pautado num modelo de consenso entre as partes envolvidas: corpo discente, corpo
docente, gestão escolar e elementos culturais, políticos e sociais. Toda a forma e conteúdo das aulas são
resultados de tensões e conflitos inerentes a acomodações de representações sociais de diversas
naturezas. 
A resolução de conflitos é o resultado da mediação de ideias, objetivos ou mesmo ideais. E no caso das
aulas de Educação Física que abarca diversos interesses conexos entre si, faz-se mister compreender a
demanda discente do ponto de vista analítico e mensurar o impacto da sua aplicabilidade. O docente é o
mediador escolhido de modo implícito pelo alunado. Contudo em determinadas situações a mediação das
ideias e proposições é feita entre pares. Alguns alunos propõem atividades eminentemente culturais e/ou
artísticas e os demais devem acatar ou refutar a sugestão. Em função da faixa etária, a resolução de
conflitos e mediação entre pares sempre é mais tenso e conflituoso que a média dos processos de
mediação realizados pelo docente, mas nada foge ao padrão comportamental.
A Mediação Política e Cultural é um processo complexo e sua representação necessitaria de alongados
estudos em segmentos multidisciplinares. Todavia através de exemplos de aulas, podemos ilustrar como a
mediação acontece em determinados seguimentos. 
O público infantil usufrui nas aulas de brincadeiras e atividades lúdicas trazidos por duas vias principais:
algumas atividades são oferecidas pelo planejamento docente e outras atividades são trazidas pelos
próprios alunos na convivência com outras crianças da comunidade. Quando o docente “impõe” um
planejamento de aula, há uma participação coletiva satisfatória, mas só há reconhecimento das práticas
quando as brincadeiras são trabalhadas e geridas pelos próprios alunos.
O público infantojuvenil se apetece das brincadeiras e atividades lúdicas gerais, bem como as atividades de
iniciação desportiva. A prática do futebol é recebida com muito entusiasmo entre os discentes. A afirmação
não chega a ser uma surpresa. A surpresa é a receptividade única do público feminino que demanda
espaços e condições igualitárias durante a prática. Algo comum em comunidades em vulnerabilidade social
e especialmente na Mangueira. Em função do “machismo” imperante nas relações de gênero nas práticas
esportivas, torna-se uma constante a busca pelo direito igualitário entre os gêneros. Em casos extremos, a
mediação política e social é direcionada naturalmente ao docente que deve intervir de modo democrático. 
A definição do jogo através de uma visão sistêmica – regras, adversários, vencedores, perdedores, “fair
play” - também são trabalhadas com os discentes através de outras atividades lúdicas que se tornam
culturais: os jogos de tabuleiro conhecidos como “damas” e “dominó”. A competiçãoe cooperação surgem
como um elemento agregador nos jogos de tabuleiro. Pequenos grupos se formam tanto para o “jogar”
quanto para auxílio das dificuldades inerentes às regras dos jogos, porém refutando a visão funcionalista do
jogo (VARGAS, 2001). Os grupos formados para competição são organizados com a nomenclatura das sub-
comunidades da Mangueira: Buraco Quente, Chalé, Candelária e Telégrafos.
As relações de corporeidade discentes são geralmente uniformes. Consequentemente a mediação e
resolução de conflitos também se assemelham entre si. No caso da corporeidade, o melhor exemplo para
representar os signos sociais está na música, especialmente o “Funk” e Samba. É impressionante como
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aproximadamente noventa percento das crianças conhecem parte ou todo o atual samba-enredo da Escola
de Samba Mangueira. Como a interação com a Escola de Samba transcende o ambiente intraescolar, torna-
se salutar a aplicação de trabalhos artísticos utilizando o Samba como referencial. O modo pelo qual as
crianças utilizarão os recursos corporais como à dança, música e arte podem ser desenvolvidas com a
opinião pertinente do grupo, unificando ideias e conceitos comuns.
Conclusão
O ensaio não objetiva ser definitivo, tão pouco esgota as temáticas aqui abordadas. A intenção é oferecer
subsídios mínimos para compreendermos porque há situações de conflito escolar abarcadas por elementos
sociais e culturais, bem como contextualizarmos a Educação Física escolar como um elemento importante
do processo de mediação. O passo inicial é reconhecer a Educação Física escolar como articulador da
mediação, utilizando seu ferramental técnico e pedagógico.
Todavia a mediação, seja de qualquer natureza, precisa de indivíduos capacitados para seu exercício. O
professor de Educação Física deve se preparar para o desenvolvimento da sua prática laboral com a
mesma desenvoltura que interage com valores e bens culturais, resignificando sua prática a partir de
estudos axiológicos pertinentes (VARGAS, 2011). A mediação é fruto da compreensão dos anseios de todos
os lados, sem que haja necessariamente a formação de juízo de valor por parte do mediador. Aliás, a
inserção das impressões pessoais do mediador não costuma ser um comportamento adequado tão pouco
aceitável. 
Quando o professor de Educação Física precisa mediar dentro da escola, além da compreensão axiológica
da cultura local, é preciso que o grupo aceite como válida a decisão da mediação, por mais destoante da
decisão global. O respeito pelos resultados das mediações deve ser indelével. E por essa razão, a escola
deve possuir um ambiente estável e propício a interagir com segmentos sociais distintos.
A Escola Municipal Humberto de Campo é um ambiente rico na composição de estudos de vários
fenômenos. Observamos superficialmente à relação existencial e comportamental entre
comunidade/escola/cultura, as relações de corporeidade entre o corpo discente/corpo docente/Escola de
Samba da Mangueira e discutimos como a prática física em contexto escolar pode servir aos propósitos de
resolução de conflitos e mediação, especialmente nos momentos de conflitos.
As relações de consumo e produção de cultura ficaram evidenciadas no momento das mediações
cotidianas. É factível concluirmos que novos valores são formados na fusão de valores teoricamente alheios
ao certame escolar, contudo é evidente que sem tais valores, a cultural escolar seria absolutamente distinta
da observada.
Algumas considerações sobre o processo de Mediação Política e Cultural foram debatidas com sobriedade
e franqueza. Os conflitos tácitos deixam sua discrição usual para que os debates na mediação ocorram com
fluência. Os resultados cotidianos da mediação inseridos na prática educacional da Educação Física
apontam algum sucesso e uma trilha de trabalho árduo.
Palavras-chaves: Mediação; Cultura; Política; Educação Física.
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Referenciais Bibliográficos
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SOUZA, Gisele M.C. (org). Educação Física Escolar: Elementos para pensar a prática educacional. 1. ed.
São Paulo: Phorte, 2011.
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Artigo 14 – Reflexões Sobre O Lazer Na 
Formação Do Docente Do Ensino 
Fundamental
Introdução
O lazer é uma área de conhecimento multidisciplinar. A partir desse pressuposto há uma demanda de
estudos dialéticos, epistemológicos e empíricos para profissionais de diversas áreas, em especial os
responsáveis pela formação acadêmica, social e cultural humana: o docente. A temática do lazer, bem como
sua aplicabilidade reflexiva, deve estar inserida na atuação dos profissionais da área de educação e
captada pelos discentes a partir da interiorização de práticas educacionais pautadas no uso crítico do tempo
livre, tempo de não trabalho e prazer.
A seguir apresentaremos definições fundamentais sobre as questões ligadas ao lazer, tempo livre, tempo de
não trabalho, ócio, prazer e suas implicações sociais e no âmbito escolar.
Lazer: Definições Fundamentais
O lazer pode ser inserido como parte do processo de desenvolvimento humano, referente antagonicamente
ao tempo de produção ou tempo de trabalho. Esta oposição pode ser entendimento sob diversos prismas. A
visão história de tempo livre varia de acordo com os valores incutidos no processo de convivência natural.
Os gregos acreditavam no tempo livre unido ao prazer e como forma de reflexão mundana debatendo seus
papéis sociais. Os romanos acreditavam no tempo livre como um momento de contemplação existencial a
partir do prazer, instrumentalizando o olhar para mudanças sociais. Os cidadãos da Idade Média já tinham
as primeiras formas de lazer instrumentalizado, sendo parte emanada “do povo para o povo e parte das
camadas burguesas, na tentativa de recorte de olhar das camadas menos favorecidas e assim estabelecer
a opressão social. (MELO E ALVES JR, 2003. Pág. 2 a 5).
A concepção de lazer na modernidade tem forte influência política ocasionada

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