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APS 5º- UNIP- JULGADO TRF-5 - APELREEX APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO REEX 76637620114058200 (TRF- 5)

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UNIVERSIDADE PAULISTA- UNIP
CURSO DE DIREITO
Atividades Práticas Supervisionadas
Paraíso – 5º semestre - noturno
São Paulo
Junho/2017
sumário
Problema Apresentado
Conceito de Interesse Público
Julgados que tratam O INTERESSE Público
Parecer do julgado apresentado
Referências e fontes de pesquisa
Problema apresentado
O grupo analisou o julgado abaixo.
TRF-5 - APELREEX Apelação / Reexame Necessário REEX 76637620114058200 (TRF- 5)
Data de publicação: 04/07/2013
Ementa: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REMOÇÃO A
PEDIDO, INDEPENDENTEMENTE DO INTERESSE DA ADMINISTRAÇÃO, PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE. LEI 8.112 /90. REQUISITOS NÃO ATENDIDOS. OFENSA AO PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO. PRECEDENTES DO STJ E DESTA CORTE. 1. O cerne da presente questão é o reconhecimento ou não, do direitoà remoção da apelada, ocupante do cargo de Professora Assistente-RETIDE da Universidade Federal da Paraíba para a Universidade Federal de São Paulo, para acompanhar seu cônjuge. 2. Conforme se observa dos documentos acostados aos autos, a apelada é civilmente casada desde 28.09.2010 e é professora da UFPB, do Departamento de Física, desde 08.08.2008, sendo lotada na Paraíba. O seu cônjuge Tomou posse no cargo efetivo na Polícia Federal, antes de contrair matrimônio, sendo lotado, inicialmente, no Pará e depois lotado em São Paulo em 05.11.2010, se encontrando nesta cidade desde então. 3. Infere-se que a situação da apelada se aproximaria a da alínea a, do inciso III do parágrafo único, do art. 36, da Lei no 8.112/90. Todavia, veja-se que quando a autora tomou posse na UFPB, já residia em cidade distinta da do seu marido. 4. O interesse da Administração é diametralmente oposto ao do apelado, eis que aquela, dentro da margem de discricionariedade que lhe é outorgada, julgou mais conveniente e oportuno a permanência da servidora na unidade de origem. 5. A UFPB e a UNIFESP possuem quadros de pessoal distintos, o que afastaria, conforme previsão legal, o instituto da remoção. E quanto aos outros
pedidos, exercício provisório ou licença, não restou demonstrado que há anuência dos órgãos envolvidos, o que desconstitui a pretensão da apelada. 6. Ao se submeter às regras do certame, a apelada assumiu conscientemente os riscos de se separar da sua família. Tendo dado causa a esse fato, é inconcebível que venha a tentar atenuar os seus efeitos desfavoráveis, mediante a deformação do Interesse Público. 7. Vislumbra-se o clássico embate entre o interesse privado e o público. Quando se trata de assuntos afetos à Administração Pública, deve-se ter como norte o princípio da supremacia do interesse público, que parte da premissa de que a vontade da comunidade, por ele representada, traz mais benefícios do que a de um só indivíduo. 8. Remessa oficial e apelação providas. Inversão dos ônus sucumbenciais.
CONCEITO DE INTERESSE PÚBLICO 
A construção de um conceito de interesse público não é, certamente, uma empreitada singela. Há quem defenda, inclusive, que o interesse público acabe por ser infenso ao aprisionamento em uma noção propriamente conceitual (que ostente um conteúdo determinado). Seria, portanto, uma noção muito mais funcional e dinâmica do que conceitual, podendo apresentar inúmeras variações segundo critérios quantitativos e qualitativos, se apurado em diferentes épocas (tempo) e países (espaço).
A aventada dificuldade em definir o interesse público também não escapou à aguçada lente do administrativista espanhol Jaime RODRÍGUEZ-ARANA MUÑOZ, atribuindo-lhe, dentre outras particularidades, ao fato de estar visceralmente ligado à realidade, não existindo a sua margem ou dela afastado. O interesse público restaria descortinado e projetado a partir da sua operação de materialização, precipuamente promovida pela Administração Pública. Mas isso não equivale dizer, por outro lado, que não existam parâmetros de aferição racional e normativa do interesse público, que reside atualmente “no marco dos princípios informadores do Estado social e democrático de Direito” (RODRÍGUEZ-ARANA MUÑOZ , 2010, p. 42).
Neste contexto, algumas questões assumem capital relevância, merecendo uma abordagem mais detida (ainda que não exaustiva, ante os limites do presente ensaio!): O interesse público pode ser considerado um conceito universal? Quem pode legitimamente definir o que seja o interesse público? A quem compete aplicar tais definições e determinar o seu conteúdo e abrangência? E quais os limites ao controle judicial acerca do conteúdo do interesse público concretamente aplicado?
A noção de interesse público, com esta ou outra designação (bem comum, interesse geral, sempre acompanhou a civilização humana. Esse é o entendimento de RODRÍGUEZ-ARANA MUÑOZ, para quem desde sempre os homens têm se organizado para questões de interesses comuns, quer locais, quer gerais; quer na defesa de interesses de coletividades profissionais, quer para gerir ou administrar interesses supra individuais em geral (RODRÍGUEZ-ARANA MUÑOZ , 2010, p. 35).
Por outro lado, ainda que se possa buscar a construção de uma noção de interesse público já na Antiguidade (sobretudo a partir da ideia de bem comum), não se pode negar que a sua acentuada centralidade ocorre a partir do advento da Modernidade, associada às construções dos ideais do Estado de direito, da separação de poderes, dos conceitos de interesses individuais (privados) e coletivos (públicos), em meio ao substrato político e filosófico do qual germinou o próprio Direito Administrativo moderno.
Questão de inequívoca pertinência refere-se ao debate em torno do suposto caráter de validade universal do conceito de interesse público, que ostentaria uma noção geral e abstrata da qual seria possível extrair uma ideia de seu conteúdo e significação (RODRÍGUEZ-ARANA MUÑOZ, 2010, p. 36). Sobre o tema, cabe recordar o escólio do jurista Dalmo de Abreu DALLARI, que há mais de duas décadas atrás defendia a impossibilidade de uma “consideração genérica, prévia e universalmente válida do que seja o interesse público, revelando-se inevitável a avaliação pragmática do que é interesse público. Em cada situação será indispensável fazer a verificação, uma vez que não há um interesse público válido universalmente” (DALLARI, 1987, p. 15).
Nada obstante, e partindo de uma concepção estritamente normativa de universalização, seria possível defender a ideia de um caráter universal do conceito de interesse público, com base, por exemplo, em pautas assecuratórias do primado dos direitos humanos, sobretudo a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. A universalidade do conceito de interesse público passaria, necessariamente, pelo reconhecimento da primazia dos direitos fundamentais, valores que devem ser colocados acima de quaisquer interesses ocasionais, acima de quaisquer governos, governantes, Estados e das próprias pessoas as quais se pretende defender.
Mas a ideia de universalidade do conceito de interesse público não ilide a problemática relacionada à definição do seu conteúdo e significação. Partindo-se da premissa de que em um Estado constitucional de direito vigora o primado da Constituição como norma fundamental do sistema jurídico-político do Estado, não se pode conceber outro espaço legítimo de concretização dos valores e interesses aceitos como válidos em uma dada sociedade política, que não primeiramente a Constituição.
Em diversos casos, inclusive, a própria ordem constitucional define, expressamente, a preponderância de determinado interesse sobre os demais (quer públicos, quer privados), como ocorre, v. g., no caso do artigo 5º, XXIV da Constituição de 1988, que prevê a possibilidade de “desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro”, submetendo o interesse privado (individual) ao interesse público (coletividade). Em outras situações, a Constituição acaba por preveruma ordem limitadora de um determinado direito ou interesse, mas transfere ao legislador ordinário a atribuição de estabelecer os contornos da referida limitação. Isso ocorre, v. g., quando o artigo 5º, XXIII da Constituição de 1988 determina que “a propriedade atenderá a sua função social”, sendo que o seu artigo 186 estabelece os requisitos pelos quais restaria cumprida a aludida função social da propriedade, mas deixa para a lei ordinária a fixação dos respectivos critérios e graus de exigência.
Quando a Constituição estabelece uma relação de prevalência de determinado direito ou interesse, não se pode admitir como legítima outra interpretação que não aquela comprometida com a supremacia constitucional. Da mesma forma, ressalvados os casos de vícios de inconstitucionalidade, há que se reconhecer a prevalência das escolhas políticas do órgão legislativo, sob pena, inclusive, de grave ofensa ao princípio democrático e ao primado da legalidade.
Mas o certo é que, tanto no caso da ausência de parâmetros normativos definitivos, bem como pela própria complexidade e acirrada disputa entre direitos e interesses que povoam uma ordem constitucional aberta e plural, compete à Administração Pública a função de concretização dos conteúdos, a definição política dos limites e abrangências dos direitos e interesses assegurados pela Constituição e pelas leis. Não a partir de qualquer parâmetro vago e irracional de supremacia do interesse público, mas sim com base em modernas técnicas e critérios de ponderação dos interesses em jogo (justificadas por uma sólida teoria da argumentação jurídica), levando em consideração as circunstâncias e peculiaridades da situação concreta.
Isso acarreta não somente o afastamento de uma justificação a priori das escolhas político-administrativas, com base em um totêmico parâmetro (vazio e incontrolável) de supremacia do interesse público, mas impõe também a obrigação da Administração Pública declinar todas as razões e justificativas de suas escolhas – o que antes vinha acobertado por um arremedo de justificação, baseado nas (tão famosas quanto ocas!) “razões de interesse público”.
A superação da noção de supremacia do interesse público favorece e torna mais efetivo, inclusive, o próprio controle jurisdicional da atividade administrativa, uma vez que impõe ao juiz (guardião da Constituição e das leis) o dever de perquirir acerca da conformação constitucional ou legal das escolhas da Administração Pública, mas agora com base em efetivas justificativas e motivações e não limitado ao quase intransponível dogma da prevalência prima facie do interesse público.
Segundo o pensamento de Celso Antônio BANDEIRA DE MELLO, o “interesse público deve ser conceituado como o interesse resultante do conjunto dos interesses que os indivíduos pessoalmente têm quando considerados em sua qualidade de membros da Sociedade e pelo simples fato de o serem” (BANDEIRA DE MELLO, 2005, p. 51).
Aprofundando o debate, Marçal JUSTEN FILHO propõe uma conceituação negativa de interesse público, ou seja, a partir daquilo que não configura o conceito ou com ele se confunde, a fim de chegar àquilo que poderia ser assim definido. Primeiramente, defende que o interesse público não se confunde com o interesse do Estado, já que este é sim instrumento de realização daquele. O interesse público sequer é essencialmente de titularidade do Estado, já que existem interesses públicos não estatais, como o caso do chamado terceiro setor. Por outro lado, sob as balizas de uma Constituição republicana e democrática como a nossa, não se pode entender o Estado senão como instrumento de satisfação dos interesses públicos, ou seja, a consecução dos direitos fundamentais, instância última de legitimação da própria estrutura estatal (JUSTEN FILHO, 2005, p. 37).
Da mesma forma, “nenhum ‘interesse público’ se configura como ‘conveniência egoística da administração pública’”, já que o chamado interesse secundário ou interesse da Administração Pública não é público, sendo sequer verdadeiro interesse, mas mera conveniência circunstancial. Nem se confunde com os interesses do agente público, que deve pautar suas ações segundo os interesses da coletividade abstratamente considerada, e não interesses privados e egoísticos. O Estado “somente está legitimado a atuar para realizar o bem comum e a satisfação geral” (JUSTEN FILHO, 2005, p. 39).
O interesse público também não pode, por certo, ser qualificado como o interesse da maioria da população, o que afrontaria sobremaneira ao princípio do Estado democrático de direito, destruindo e marginalizando os interesses das minorias, em uma perigosa supremacia ou ditadura dos interesses da maioria, esta quase sempre eventual, sazonal e manipulável.
O interesse público (um conceito jurídico indeterminado[23]) não pode ser resumido a uma questão numérica, sob pena de afronta direta e extremamente perigosa ao princípio do Estado democrático de direito. Não se trata de um conceito quantitativo, mas sim qualitativo, devendo ser entendido como o interesse coletivo abstratamente considerado, a partir dos valores consolidados pelo sistema constitucional.
O interesse público é a expressão dos valores indisponíveis e inarredáveis assegurados pela Constituição, sob o signo inarredável dos direitos fundamentais e da centralidade do princípio da dignidade da pessoa humana (personalização da ordem constitucional). Não se deve, pois, buscar o interesse público (singular), mas os interesses públicos consagrados no texto constitucional, que inclusive podem se apresentar conflitantes na conformação do caso concreto, o que exige necessariamente uma ponderação de valores, a fim que resolver o conflito entre princípios no problema prático[24].
Com inteira razão, portanto, está JUSTEN FILHO quando defende que o conceito de interesse público envolve uma questão ética e não técnica. “Há demandas diretamente relacionadas à realização de princípios e valores fundamentais, especialmente a dignidade da pessoa humana... O ponto fundamental é a questão ética, a configuração de um direito fundamental. Ou seja, o núcleo do direito administrativo não reside no interesse público, mas nos direitos fundamentais” (JUSTEN FILHO, 2005, p. 43-44).
Julgados que tratam O INTERESSE Público
STJ - MANDADO DE SEGURANÇA : MS 20335 DF 2013/0237766-0
Processo
MS 20335 DF 2013/0237766-0
Orgão Julgador
S1 - PRIMEIRA SEÇÃO
Publicação
DJe 29/04/2015
Julgamento
22 de Abril de 2015
Relator
Ministro BENEDITO GONÇALVES
Ementa
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. CONTRATAÇÃO DE PESSOAL POR TEMPO DETERMINADO PARA ATENDER A NECESSIDADE TEMPORÁRIA DE EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER. DIREITO LÍQUIDO E CERTO INEXISTENTE.
1. Mandado de Segurança coletivo impetrado pelo Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação - Sinagências contra a Portaria Interministerial n. 140/2013, expedida pelo Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e pelo Ministro da Saúde, a qual autorizou a contratação, por tempo determinado, de 200 profissionais para a Agência Nacional de Saúde Suplementar.
2. O ato apontado como coator foi editado em observância às normas de regência (art. 37, IX, da CF e art. 2º da Lei n. 8.745/1993), preenchendo os requisitos exigidos para a contratação temporária de pessoal, mediante o assentamento expresso da motivação para a referida providência (crescente número de demandas e enorme passivo de procedimentos administrativos), da existência de disponibilidade orçamentária para o seu custeio e da comprovação de que as atividades a serem desempenhadas, ainda que permanentes do órgão, são de natureza temporária para suprir interesse público relevante (mormente diante da inexistência de cargos vagos para a realização imediata de concurso público).
3. Mandado de segurança denegado.
Acordão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministrosda PRIMEIRA Seção do Superior Tribunal de Justiça prosseguindo no julgamento, por unanimidade, denegar a segurança e julgar prejudicado o agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. A Sra. Ministra Assusete Magalhães e os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Marga Tessler (Juíza Federal convocada do TRF 4ª Região), Herman Benjamin, Napoleão Nunes Maia Filho, Og Fernandes e Mauro Campbell Marques votaram com o Sr. Ministro Relator.
TRF-4 - APELAÇÃO CIVEL : AC 50107411720144047100 RS 5010741-17.2014.404.7100 -
RELATORA:
Juiza Federal SALISE MONTEIRO SANCHOTENE
APELANTE:
CLAUDIO VLADIMIR DE ALMEIDA
ADVOGADO:
VICTOR HUGO RODRIGUES VIANNA
APELADO:
UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO
EMENTA
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REMOÇÃO A PEDIDO DE SERVIDOR PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE. LEI Nº 8.112/90.
O fato da esposa do autor ter sido removida, de ofício, por interesse público, para a cidade de Itaara não autoriza, de forma automática, a remoção do autor com fulcro no inciso III, alínea a, do art. 36 da Lei nº 8.112/90, tendo havido, ou não, troca de seu domicílio. No caso concreto, verifica-se que as cidades de Santa Maria e Itaara são limítrofes, ou seja, distantes em apenas 15 quilômetros.
Manutenção da sentença de improcedência.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 3a. Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 08 de outubro de 2014.
Trata-se de apelação interposta pela parte autora contra sentença que julgou improcedente o pedido remoção do autor do Município de General Câmara para Itaara, onde se encontra lotada sua esposa. A parte autora foi condenada ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da causa, restando a sua exigibilidade suspensa em razão do deferimento de AJG.
A apelante requer, preliminarmente, a apreciação do agravo retido. No mérito, reitera as alegações da inicial e réplica, requerendo a reforma da sentença para que seu pedido seja julgado procedente.
Com contrarrazões, vieram os autos a esta Corte.
É o relatório.
Peço dia.
VOTO
Segundo o art. 131 do CPC, o magistrado não está obrigado a julgar a questão posta a seu exame de acordo com o pleiteado pelas partes, mas sim com o seu livre convencimento, utilizando-se dos fatos, provas, jurisprudência e aspectos pertinentes ao tema, bem como da legislação que entender aplicável ao caso. Cabe ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias (CPC, art. 130).
Neste sentido a jurisprudência do E. STJ:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. MEDIDA CAUTELAR DE PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS. PERÍCIA. QUESITOS. ALEGADA OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. CONVICÇÃO DO JUIZ DESTINATÁRIO DA PROVA. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 7 DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO
1. Não há falar em afronta ao artigo 535 do CPC, uma vez que o acórdão recorrido examinou as questões controvertidas atinentes à solução da lide e declinou os fundamentos nos quais suportou suas conclusões. O fato de ter decidido de maneira contrária aos interesses da parte não o contamina da eiva de omissão apontada.
2. Investigar a motivação que levou o acórdão a rejeitar a diminuição dos honorários periciais e a realização de nova perícia, demandaria o exame do conjunto probatório, defeso ao STJ, nesta via especial, pela incidência da Súmula n.º 7 desta Corte Superior.
3. Em conformidade com os princípios da livre admissibilidade da prova e do livre convencimento do magistrado, este poderá, nos termos do artigo 130 do Código de Processo Civil, determinar as provas que entende necessárias à instrução do processo, bem como o indeferir as que considerar inúteis ou protelatórias.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 73.371/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 21/02/2013, DJe 26/02/2013) Grifei
Dessa forma, não há como acolher a alegação de cerceamento de defesa, apresentada no agravo retido.
No mérito, a Lei nº 8.112/90, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores publicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais, leciona em seu artigo 36 que remoção é o deslocamento do servidor, a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede.
As modalidades de remoção estão previstas em seu parágrafo único como sendo de ofício (I), no interesse da Administração; a pedido (II), a critério da Administração e a pedido, para outra localidade, independentemente do interesse da Administração (III):
a) para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil ou militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no interesse da Administração;
A remoção, no caso, é postulada em razão do deslocamento da cônjuge do servidor.
Penso que não há qualquer reparo a ser feito à bem lançada sentença, cujos fundamentos adoto como razões de decidir:
"(...)
A questão em discussão nos autos restou elucidada quando da análise do pedido de antecipação de tutela pela Des. Federal Marga Inge Barth Tessler nos autos do Agravo de Instrumento n.º 5006174-97.2014.404.0000/RS, verbis:
'(...) No caso em tela, o agravante, servidor civil do Exércio Brasileiro lotado no Município de General Câmara/RS desde 2012, contraiu matrimônio em 2010. Em outubro de 2013, sua esposa, servidora da Brigada Militar desde 2009, foi removida, por interesse público, da Santa Maria/RS para a cidade de Itaara/RS, razão pela qual o agravante protocolou requerimento administrativo de remoção para acompanhamento de cônjuge, o qual restou indeferido, em razão de não ter havido mudança de endereço de sua esposa.
Em que pese a relevância da proteção da família, constitucionalmente assegurada, não vejo como alterar a bem lançada decisão de primeira instância, que assim consignou:
Para a concessão de antecipação de tutela, exige o artigo 273 do CPC a presença de verossimilhança da alegação, a ser fundamentada em prova inequívoca, bem como de fundado perigo de dano irreparável ou de difícil reparação.
Relativamente ao caso sob exame, inviabilizam o fato de que a transferência da sua cônjuge para a referida localidade não implicou troca de domicílio de Santa Maria para Itaara, conforme consta do Boletim de Movimentação de Praças n. 058/DA-SMov/2013 (evento 1, OUT10), não tendo havido, assim, quebra da unidade familiar, já que, quando do ingresso do autor no Exército, sua esposa já residia em Santa Maria.
Ante o exposto, indefiro a antecipação de tutela postulada na inicial.
Cabe, ainda, destacar, que os municípios de Santa Maria/RS e Itaara/RS são município limítrofes, com distância entre ambos inferior a 15 quilômetros.
Ante o exposto, ausente a verossimilhança da tese do agravante, indefiro a antecipação da tutela recursal.'
A jurisprudência vem se manifestando em sentido contrário ao pedido do autor, especificamente em razão da remoção de ofício do cônjuge não ter interferido na quebra da unidade familiar, visto que inexistia prévia coabitação entre os cônjuges. Nesse sentido:
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REMOÇÃO PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE. CÔNJUGE ACOMPANHADO NÃO DESLOCADO NO INTERESSE DA ADMINISTRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CÔNJUGES QUE NÃO COABITAVAM ANTES DA REMOÇÃO DA ESPOSA, POR ATO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. 1. Apesar de ser a remoção para acompanhamento do cônjuge direito subjetivo do outro cônjuge que também seja servidor público, a regra somente tem aplicação nos casos em que efetivamente tenha havido deslocamento de um dos cônjuges no interesse da Administração, não podendo ser utilizada essa regra quando o cônjuge deslocado, ao ingressar no serviço público, é lotado em local diversode sua atual residência, tal hipótese de remoção encontra-se regulada pelo art. 36, parágrafo único, inciso III, alínea 'a', da Lei nº 8.112/90. 2. A Corte de origem, fundada em prova dos autos, reconheceu que a remoção de ofício da esposa do recorrente não interferiu na quebra da unidade familiar, uma vez que inexistia prévia coabitação entre os cônjuges. (TRF4, AG 5002342-56.2014.404.0000, Terceira Turma, Relator p/ Acórdão Fernando Quadros da Silva, juntado aos autos em 15/05/2014) grifei
ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. REMOÇÃO PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE.
IMPOSSIBILIDADE. CÔNJUGES QUE NÃO COABITAVAM ANTES DA REMOÇÃO DA ESPOSA, POR ATO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. INEXISTÊNCIA DE CONVIVÊNCIA DIÁRIA E DIRETA. IMPOSSIBILIDADE DE TRAUMA NA UNIÃO FAMILIAR. REJEIÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO A CONTENTO.
1. A Corte de origem, fundada em prova dos autos, reconheceu que a remoção de ofício da esposa do recorrente não interferiu na quebra da unidade familiar, uma vez que inexistia prévia coabitação entre os cônjuges.
2. O trauma à unidade familiar configura-se quando ocorre o afastamento do convívio familiar direto e diário entre os cônjuges, hipótese não verificada nos autos. Precedentes.
3. Decisões monocráticas não constituem paradigmas para fins de demonstração de dissídio jurisprudencial, nos termos do art. 266 do RISTJ.
Agravo regimental improvido.
(AgRg no REsp 1209391/PB, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/09/2011, DJe 13/09/2011) - grifei
Tenho que o princípio da proteção ao núcleo familiar não pode prevalecer, nas presentes circunstâncias, sobre o interesse público. De fato, o texto do dispositivo legal em comento traduz a intenção de tutelar a integridade da família nas hipóteses de deslocamento de um dos cônjuges. Contudo, a quebra da unidade familiar ocorreu quando o autor foi nomeado para cargo de eletricista no Exército Brasileiro, ou seja, quando assumiu cargo para o qual foi aprovado em concurso público, em 2012, tratando-se, portanto, de provimento inicial do cargo.
A partir de então, os cônjuges residem cidades diversas e distantes mais de 200Km, conforme o próprio autor afirma: ele em General Câmara; ela, em Santa Maria. O autor visitava a esposa, que é servidora pública estadual desde 2009, nos fins de semana.
O fato da esposa do autor ter sido removida, de ofício, por interesse público, para a cidade de Itaara não autoriza, de forma automática, a remoção do autor com fulcro no inciso III, alínea a, do art. 36 da Lei nº 8.112/90, tendo havido, ou não, troca de seu domicílio. No caso concreto, verifica-se que as cidades de Santa Maria e Itaara são limítrofes, ou seja, distantes em apenas 15 quilômetros.
A inexistência de linhas de ônibus regulares entre as cidades de General Câmara e Itaara não configura, também, impedimentos para visitas ao cônjuge. Isso porque o autor pode valer-se de linha de ônibus entre o município de sua residência e Santa Maria e, após, de linha intermunicipal que liga as cidades de Santa Maria e Itaara, tudo para a manutenção das visitas, que já realizava antes da remoção da sua esposa.
Desta forma, é de se rejeitar a pretensão deduzida na inicial."
As razões vertidas na apelação não foram suficientes para modificar o entendimento acima. Mantida a sentença.
Quanto ao prequestionamento, não há necessidade de o julgador mencionar os dispositivos legais e constitucionais em que fundamenta sua decisão, tampouco os citados pelas partes, pois o enfrentamento da matéria através do julgamento feito pelo Tribunal justifica o conhecimento de eventual recurso pelos Tribunais Superiores (STJ, EREsp nº 155.621-SP, Corte Especial, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ de 13-09-99).
Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação.
Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 08/10/2014, na seqüência 426, disponibilizada no DE de 25/09/2014, da qual foi intimado (a) UNIÃO - ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e as demais PROCURADORIAS FEDERAIS.
Certifico que o (a) 3ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO
 PARECER DO JULGADO APRESENTADO
EMENTA (SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO) - CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO- SERVIDOR PÚBLICO- REMOÇÃO A PEDIDO -  NÃO CABIMENTO - AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO -INDEPENDENTEMENTE DO INTERESSE DA ADMINISTRAÇÃO - PARA ACOMPANHAR CÔNJUGE - LEI 8112/90. REQUISITOS NÃO ATENDIDOS: OFENSA AO PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO. PARECER DESFAVORÁVEL
AO PEDIDO DA FUNCIONÁRIA SOBRE A QUESTÃO DE REMOÇÃO A PEDIDO DE INTERESSE PARTICULAR.
RELATÓRIO:
A Corte Especial do TRF5 quando do Julgamento da Apelação de numero ...........uniformizou o entendimento de que a transferência de Estado para lecionar em universidades federais não está condizente com os Princípios da Supremacia do Interesse Público sobre o particular, além de que o pedido formulado pela funcionária da Universidade sobre a questão de sua transferência fere os direitos garantidos dos estudantes universitários, pois no ano letivo em questão não haverá mais profissional para que
A questão em análise neste PARECER 001 é referente ao direito da funcionária pública ser  transferida para São Paulo, para manter-se perto de seu esposo neste Estado. A sra M é casada com o sr J, desde 28.09.2010, ambos funcionários públicos federais, além de ambos residirem em cidades distantes um do outro, desde o começo de seu matrimônio. Trata-se de um PEDIDO DE REMOÇÃO RECUSADO, pois não há fundamento jurídico para esta causa de pedir da contraente M; A requerente é Professora da UNIVERSIDADE DA PARAÍBA, desde 08.08.2008, após esta data contraiu um matrimônio na data do dia 28.09.2010 com o sr J, seu Cônjuge, servidor público da Polícia Federal.
Ele, por sua vez, já era lotado no Pará antes de contrair o matrimônio. Na data do dia 05.11.2010 foi transferido para São Paulo, onde se encontra desde então. A requerente pede o pedido de remoção a interesse particular, da UNIVERSIDADE DA PARAÍBA para a UNIVERSIDADE FEDERAL DE  SÃO PAULO. 
I-Verifica-se que o pedido da professora da Universidade Federal da Paraíba ofende ao PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PARTICULAR, além de prejudicar o bom atendimento do calendário letivo dos alunos das Universidades Públicas. A questão é que a professora inverte a hierarquia entre os interesses: sobrepondo o seu interesse particular acima do interesse público. Neste caso, devemos defender com ferrenhas regras a Supemacia do interesse público sobre o particular. Ela irá prejudicar todos os seus alunos, pois ficariam sem um professor capacitado para lecionar a matéria pretendida.
II – Para que a funcionária tenha seu pedido aceito pela Administração Pública Federal, há necessidade de outro professor universitário para o cargo em questão, pois nesta situação não haverá ofensa ao Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o particular, pois o calendário do ano letivo dos alunos da Universidade da Paraíba não ficará prejudicado.
Recorre a funcionária o pedido de transferência para outra Instituição Pública Universitária, na qual por unanimidade dos Ministros deste Tribunal não acataram o pedido solicitado pela funcionária, apenas, aceitando-o no caso de haver uma permuta com outro Professor da Universidade de São Paulo, pois esta situação não ofenderia à Supremacia do Interesse Público sobre o particular
Referências e fontes de pesquisa
https://jus.com.br
STJ- consulta acordão
Livros: Celso Antônio Bandeira de Mello
Marçal Justen Filho
JAIME RODRÍGUEZ-ARANA MUÑOZ

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