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8 Resumo Direito Penal Geral Aula 08 Teoria do Crime Andre Estefam3

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MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
Disciplina: Direito Penal Geral 
Professor: André Estefam 
Aula: 08 | Data: 07/02/2018 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
TEORIA DO CRIME (Continuação) 
3.4. Sistema Finalista 
3.5. Sistema Funcionalista 
4. Fato típico 
4.1. Conduta 
4.1.1. Espécies 
4.1.2. Elementos 
4.1.3. Crimes Omissivos 
 
 
TEORIA DO CRIME (Continuação) 
 
3.4. Sistema Finalista 
 
Observações: 
 O dolo e culpa passam a ser examinados junto com a conduta! 
CRIME: INJUSTO 
CULPÁVEL
Aspecto objetivo
Fato típico
1) Conduta (ação 
ou omissão) + 
DOLO OU CULPA
2) Tipicidade
Nos crimes 
materiais: 3) 
Resultado + 4) 
Nexo causal
Antijuridicidade
Ausência de 
excludentes de 
ilicitude
Aspecto subjetivo
**Culpabilidade**
Imputabilidade
Potencial 
consciência da 
ilicitude
Exigibilidade de 
conduta diversa
 
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 A antijuridicidade continua sendo entendida como ausência de excludentes de ilicitude, mas a intenção 
do agente é examinada. No exemplo da aula anterior, do tiro no desafeto atrás do muro, não há 
excludente de ilicitude, pois o agente não tinha intenção de defender a outra vítima que seria morta, mas 
que ele não via. 
 Esse é o sistema aplicado no Brasil hoje. 
 
Nos concursos públicos: predomina como diretriz geral o finalismo. 
 
3.5. Sistema Funcionalista 
Há várias vertentes do funcionalismo, sendo que duas se destacam: 
 Racional-teleológico (moderado) – Roxin 
 Sistêmico (radical) – Jakobs 
 
A ideia de funcionalismo quer dizer: toda estrutura do crime, dogmática penal, deve sempre levar em conta a 
função do direito penal. Essa função é o que há de mais importante. É preciso, então, que toda estrutura do crime 
seja elaborada pensando na função para a qual o direito penal foi criado. 
A estrutura do crime que destacaremos se pautará pelo funcionalismo racional-teleológico, de Roxin, que é o 
mais adotado, para o qual a finalidade do direito penal é a proteção subsidiária de bens jurídicos. Essa proteção 
se da em caráter subsidiário porque o direito penal é a ultima ratio. A proteção do bem jurídico se dá, portanto, 
através da eficácia preventiva exercida pelo direito penal que, se conseguir evitar que um bem jurídico seja 
afetado, cumpriu sua missão, protegendo esse bem jurídico. 
Segundo Roxin, o crime deixa de ser o injusto culpável, passando a ser o injusto responsabilizável, porque em vez 
de culpabilidade, Roxin sustenta que se deve enxergar uma nova categoria: a responsabilidade. O injusto continua 
sendo fato típico e antijurídico: 
 
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A responsabilidade é a soma da culpabilidade com a satisfação de necessidades preventivas (se torna muito mais 
rigorosa a análise do crime). Continua contendo o “IMPOEX”, mas vai além: será necessário verificar no caso 
concreto se a aplicação da pena cumpre a finalidade preventiva, senão não faz sentido que a pena seja imposta. 
 
4. Fato típico 
 
4.1. Conduta 
 
4.1.1. Espécies 
 Ação (“facere”): crimes comissivos. 
 Omissão (“non facere”): crimes omissivos. 
 
4.1.2. Elementos 
Quais são os fatores necessários para que haja uma conduta, para o Direito Penal? A conduta é composta dos 
seguintes elementos: 
 
CRIME: INJUSTO 
RESPONSABILIZÁVEL
Aspecto 
objetivo
Fato típico
1) 
Conduta 
(ação ou 
omissão) 
+ DOLO 
OU 
CULPA
2) 
Tipicidade
3) 
Resultado
4) 
Nexo 
causal
5) 
Imputação 
objetiva
Antijuridicidade
Ausência de 
excludentes 
de ilicitude
Aspecto 
subjetivo
**Responsabilidade**
Imputabilidade
Potencial 
consciência 
da ilicitude
Exigibilidade 
de conduta 
diversa
Satisfação de 
necessidades 
preventivas
1) 
Exteriorização 
do 
pensamento
2) Consciência 3) Vontade
4) Finalidade 
(para o 
finalismo)
 
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1) “Cogitationis poenam nemo patitur”. 
2) Consciência de si e da realidade que está ao seu redor. Há situações raras em que o sujeito pratica 
comportamentos sem ter essa consciência. Há atos inconscientes, que ocorrem em duas situações, 
segundo a doutrina: 
a. Hipnose e 
b. Sonambulismo: o sonambulismo gera um ato inconsciente; por não haver consciência, não há 
conduta, e se não há conduta, o fato é atípico, e se o fato é atípico, não há crime. 
3) Vontade. 
Observação: Atos involuntários – São atos involuntários os chamados atos-reflexo (movimentos corporais 
que não são por nós controlados) e a coação física irresistível. 
4) Finalidade: sem finalidade, não há conduta humana, para o finalista. Podemos imaginar uma situação em 
que não há consciência, ou uma em que não há vontade, mas a finalidade sempre irá existir. 
 
4.1.3. Crimes Omissivos **IMPORTANTE** 
 
a) Omissivos próprios ou puros: o tipo penal descreve um “não fazer”. A leitura do tipo penal já demonstra que se 
está punindo uma conduta omissiva (artigos 1351, 2442 e 2693 do CP). 
Características: 
o Todos são crimes de mera conduta. A lei só descreve a conduta (no caso, a conduta omissiva). 
Pune-se o não fazer. 
o NÃO ADMITEM TENTATIVA!!! 
 
 
1 Omissão de socorro 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao 
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
2 Abandono material 
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente 
inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente 
acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo: 
 Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
 Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou 
função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. 
3 Omissão de notificação de doença 
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
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b) Omissivos impróprios, impuros ou comissivos por omissão: Trata-se de um crime comissivo, portanto o tipo 
penal descreve uma ação, imputada/atribuída a quem se omitiu, deixando de impedir o resultado. 
o ADMITEM TENTATIVA. 
 
Exemplo: indivíduo caminha com o smartphone e vê uma senhora atravessar a rua bem devagar. Ouve um veículo 
em alta velocidade, desgovernado, se aproximando e, ao invés de ajudar a senhora, começa a filmar a cena, para 
capturar o atropelamento. Omitiu-se, tendo plena condição de impedir o resultado. 
Podemos considerar que esse sujeito praticou um homicídio contra a idosa? Basta que ele possa impedir, ou, 
além disso,há outras exigências? Saberemos na própria aula.

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