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Prévia do material em texto

BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE
Professora Me. Lilian Capelari Soares
GRADUAÇÃO
GESTÃO AMBIENTAL
MARINGÁ-PR
2012
Reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo
Coordenação de Marketing: Bruno Jorge
Coordenação Comercial: Helder Machado
Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha
Coordenação de Curso: Silvio Silvestre Barczsz
Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura
Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Jaime de Marchi Junior, Luiz Fernando Rokubuiti e 
Thayla Daiany Guimarães Cripaldi
Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo 
Revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Gabriela Fonseca Tofanelo, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina 
Kutsunugi e Maria Fernanda Canova Vasconcelos.
 !"#$%"$&$'()*+,!"$%-'$.(*$/$%0-'$%1!.'!(&-"$%2-3&*$'%4%256789:
 
 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
 a distância:
 
C397 Biologia e diversidade / Lilian Capelari Soares. Maringá - 
 PR, 2012.
 216 p.
 “Graduação em Gestão Ambiental - EaD”.
 1. Biodiversidade. 2. Biologia. 3.EaD. I. Título.
 CDD - 22 ed. 578.7 
 CIP - NBR 12899 - AACR/2
 
“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTERSTOCK.COM”.
Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - ead@cesumar.br - www.ead.cesumar.br
BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE
Professora Me. Lilian Capelari Soares
5BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
APRESENTAÇÃO DO REITOR
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. 
A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para 
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no 
mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos 
nossos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso 
de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos 
brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-ex-
tensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que 
contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên-
cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão 
universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação 
da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social 
de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também 
pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação 
continuada.
Professor Wilson de Matos Silva
Reitor
6 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
Caro aluno, “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua 
produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de 
Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se 
fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da 
realidade social em que está inserido.
Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o 
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, 
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas 
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que, 
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se 
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.
Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente, 
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada 
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do 
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de 
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para 
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu 
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências 
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.
Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os 
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos 
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, 
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os 
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe 
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie 
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma 
comunidade mais universal e igualitária.
Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem!
Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo
Coordenadora Pedagógica do NEAD- CESUMAR
7BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
APRESENTAÇÃO
Livro: Biologia e Biodiversidade
Professora Me. Lilian Capelari Soares
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo a mais uma disciplina do curso de Gestão Ambiental EAD 
– Cesumar. É com grande satisfação que apresento a você o livro da disciplina de Biologia 
e Biodiversidade, assunto de extrema importância para os cidadãos de nosso planeta e 
principalmente para os futuros profissionais da área. Sou a professora Lilian Capelari Soares e 
preparei este material com muita dedicação e carinho, para que você adquira conhecimentos 
necessários para essa nova etapa de sua vida. Este livro é um instrumento eficaz de informação 
e formação do qual você levará para sua vida profissional. 
Sou bióloga, trabalho na área há cerca de cinco anos e tenho percebido que precisamos 
compreender cada vez mais a morada humana, o espaço da natureza que reservamos, 
organizamos e cuidamos para fazê-lo nosso habitat. A partir dele nos enraizamos, 
estabelecemos nossas relações e elaboramos o sentimento tão decisivo para a felicidade 
humana que é “sentir-se em casa”. Ocorre que este local não é apenas a morada que 
habitamos, a cidade na qual vivemos, o país no qual nascemos; é a casa comum, o planeta 
Terra. Mas como fazer com que essa única casa comum que temos para habitar possa incluir 
a todos, possa se regenerar das chagas que lhe infligimos, possa se manter viva e assegurar 
sua integridadee beleza?
Conforme diz Boof (2007), em seus discursos em defesa do meio ambiente, a ética ambiental 
não pode ser imposta de cima para baixo. Ela deve nascer da essência do humano. Deve 
poder ser compreendida e praticada por todos, sem a necessidade de mediações explicativas 
e complexas que mais confundem do que convencem. Ela supõe uma nova ótica que dê as 
boas razões para a nova ética e seus valores. 
Infelizmente, nós excermos enorme impacto em nosso meio ambiente. Transformamos, para 
pior aproximadamente metade da superfície terrestre, alteramos a composição da atmosfera, 
levando a severas mudanças climáticas. Introduzimos muitas espécies em regiões que elas 
não fazem parte, podendo ocasionar efeitos negativos e severos tanto nas espécies nativas 
como na economia humana. Mesmo os oceanos, aparentemente tão grandes, nos mostram 
muitos sinais de deteriorização devido às atividades humanas, entre elas o declínio dos 
8 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
estoques pesqueiros, as perdas de recifes de corais e a formação de zonas mortas, regiões 
em que os níveis de oxigênio são muito baixos para sustentar a vida marinha.
Porém, as pessoas informadas e praticantes da educação ambiental estão começando a 
perceber a importância dos ecossistemas, da biodiversidade e principalmente que somos 
parte do meio ambiente, de modo a antecipar as consequências de nossas ações e consertar 
os problemas que já causamos. Assim, neste livro debateremos sobre o estudo da biologia e 
biodiversidade, e sua relevância para a população humana.
Este livro foi dividido em cinco unidades compostas por temas relevantes que envolvem biologia 
e biodiversidade. Logo na primeira unidade, será debatida a Biologia da Conservação, 
questões como o que é diversidade biológica; o que é a biologia da conservação; quais são as 
categorias de conservação de espécies existentes, e ainda o uso múltiplo de recursos florestais. 
Na segunda unidade será abordado a Distribuição das Espécies e os Padrões de Riqueza, 
que engloba tópicos como: o que é biogeografia: a biogeografia global e regional; biogeografia 
de ilhas segundo McArthur e Wilson; gradientes da riqueza em espécies e a taxa de extinção 
e seus principais focos. A terceira unidade compreenderá o foco das Principais Ameaças 
à Diversidade Biológica debatendo os seguintes conteúdos: ameaças à biodiversidade: 
destruição, degradação e fragmentação de habitat; a superexploração de espécies e 
sua relação com o declínio da biodiversidade; poluição, mudanças climáticas e doenças 
enfraquecem a variabilidade de espécies; fragmentação de habitat e suas consequências. A 
quarta unidade esclarecerá a Conservação de População e Comunidades por meio de seus 
tópicos: conservação de população e comunidades; populações: o problema de pequenas 
populações; abordagens para conservação, e a quinta parte do livro demonstrará quais os 
tipos de biomas existentes em nosso planeta por meio dos principais tipos de ecossistemas e 
biomas.
"Queremos uma justiça social que combine com a justiça ecológica. Uma não existe sem a 
outra". 
Leonardo Boff
Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE I
BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO
O QUE É BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO? 16
CATEGORIAS DE CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES 25
O USO MÚLTIPLO DE RECURSOS FLORESTAIS 31
UNIDADE II
DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES: PADRÕES NA RIQUEZA
O QUE É BIOGEOGRAFIA 44
BIOGEOGRAFIA DE ILHAS 51
GRADIENTES DA RIQUEZA EM ESPÉCIES 58
TAXA DE EXTINÇÃO 61
PERDA E FRAGMENTAÇÃO DE HABITAT 66
ESPÉCIES EXÓTICAS E ESPÉCIES INVASORAS 69
UNIDADE III
PRINCIPAIS AMEAÇAS À DIVERSIDADE BIOLÓGICA
AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE: DESTRUIÇÃO, DEGRADAÇÃO 
E FRAGMENTAÇÃO DE HABITAT 82
ESPÉCIES INVASORAS: GRANDE AMEAÇA À BIODIVERSIDADE 87
MUDANÇA CLIMÁTICA GLOBAL 94
O EFEITO DE BORDA 112
CORREDORES ECOLÓGICOS: AUXÍLIO NA PRESERVAÇÃO DAS ESPÉCIES DA BIODIVERSIDADE 
EM PAISAGENS FRAGMENTADAS 116
UNIDADE IV
CONSERVAÇÃO DE POPULAÇÕES E COMUNIDADES
CONSERVAÇÃO DE POPULAÇÃO E COMUNIDADES 129
POPULAÇÕES 132
OS PROBLEMAS DE PEQUENAS POPULAÇÕES 134
ABORDAGENS PARA CONSERVAÇÃO 138
CONSERVAÇÃO IN SITU E EX SITU PARA SALVAR ESPÉCIES À BEIRA DA EXTINÇÃO 142
MEDIDAS LEGAIS E POLÍTICAS E OS MÉTODOS BIOLÓGICOS DE PROTEÇÃO 149
UNIDADE V
PRINCIPAIS TIPOS DE ECOSSISTEMAS E BIOMAS
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS ECOSSISTEMAS E BIOMAS 155
ECOSSITEMAS MARINHOS 160
PÂNTANOS SALGADOS 163
FLORESTAS DE MANGUES 164
ECOSSISTEMAS DE ÁGUA DOCE 170
ECOSSISTEMAS TERRESTRES 175
CARACTERIZAÇÃO DOS BIOMAS BRASILEIROS 189
FLORESTA AMAZÔNICA 192
BIOMA MARINHO 194
CONCLUSÃO 203
REFERÊNCIAS 205
GLOSSÁRIO 212
UNIDADE I
BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO
Professora Me. Lilian Capelari Soares
Objetivos de Aprendizagem
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$*1!'!%*&*!*1!*,+0+)*)'1!52$*(*16!1'()#!.*%*7!)'!)'8(+&!'1%9.+'!'!*!+$%#&,-(.+*!
da biologia da conservação. 
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papéis.
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Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
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15BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Nesta primeira etapa de nosso material iremos debater sobre a importância da 
biologia da conservação para o nosso ambiente e as questões que envolvem a biodiversidade. 
Lembrando que os sistemas naturais são governados pelos modos com que os organismos 
interagem entre si e com o ambiente físico. Isso não necessariamente significa que exista 
uma forte conexão entre todos os organismos que vivem em determinada área, duas espécies 
podem viver na mesma área e exercer pouca influência uma sobre a outra. Porém, todos os 
organismos estão conectados às características do ambiente, eles não só requerem alimento, 
espaço e outros recursos, como também interagem com outras espécies e com o ambiente 
físico ao buscarem aquilo de que necessitam para viver, e como resultado, mesmo as espécies 
que não interagem diretamente podem estar conectadas ao compartilhar características do 
ambiente.
Vinculada a essas especificações das espécies e de seus habitats, a biologia da conservação 
tenta buscar meios para que os recursos naturais sejam bem utilizados, promovendo assim a 
sustentabilidade e a manutenção da biodiversidade existente.
Espero que goste desta unidade e compreenda a importância da biodiversidade para a 
manutenção dos ecossistemas e para as atividades humanas, sendo capaz de definir espécie 
e a importância da biologia da coonservação.
16 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
O QUE É BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO?
Com o avanço tecnológico e crescimento populacional, os seres humanos cada vez mais têm 
descuidado da questão ambiental e com isso o desmatamento, as lavouras e as represas 
têm contribuído com o declínio das espécies, que por sua vez perderam os seus habitats por 
destruição definitiva ou por mudanças em suas propriedades físicas. Desta forma, a biologia da 
conservação tem como finalidade o estudo científico dos fenômenos que afetam a manutenção, 
a perda e a restauração da biodiversidade. É uma ciência que tem por objetivo buscar meios 
de se utilizar adequadamente os recursos do meio ambiente (as espécies, comunidades e 
ecossistemas), promovendo a sustentabilidade e a manutenção da biodiversidade.
Dependemos da diversidade da natureza em vários aspectos, além das espécies que 
domesticamos para ficaremao nosso lado como companhia, fazemos o seu uso como 
alimento, combustível, fibras. Também utilizamos espécies selvagens para remédios, material 
de construção, decoração, até mesmo como temperos. Muitas pessoas necessitam dos 
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17BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
recursos naturais para sobreviverem economicamente e a população em geral utiliza os 
“serviços ambientais” em vários aspectos, tais como: para a purificação da água, para a 
geração e manutenção do solo, para a regulação climática, para a polinização e cultivo agrícola 
entre outras (CAIM; BOWMAN; HACKER, 2011). Dependemos da integridade ambiental em 
vários momentos de nossas vidas como, por exemplo, para o lazer, para relaxar e cuidar da 
saúde mental em uma aula de yoga, e até mesmo para cuidar dos nossos relacionamentos 
emocionais, mas estes ecossistemas, tão úteis às nossas vidas, estão sendo devastados/
degradados pela nossa própria espécie, por pensarem ou simplesmente verem os recursos 
naturais como mercadorias à espera da extração humana.
De acordo com Boof (2007), a humanidade parte de um vasto universo em evolução; a Terra, 
nosso lar, está viva como uma comunidade de vida única; a Terra providenciou as condições 
essenciais para a evolução da vida, cada um compartilha da responsabilidade pelo presente e 
pelo futuro, pelo bem-estar da família humana e de todos os seres vivos do mundo; o espírito 
de solidariedade humana e de parentesco com toda vida é fortalecido quando vivemos com 
reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildades o lugar 
que o ser humano ocupa na natureza.
Segundo Primack e Rodrigues (2001), a Biologia da Conservação se apoia em alguns 
pressupostos básicos a cerca de princípios típicos e ideológicos que deveriam levar a debates 
sociais em favor da conservação da diversidade biológica. São eles: (I) todas as espécies têm o 
direito de existir, pois são frutos de uma história evolutiva e são adaptadas; (II) todas as espécies 
são interdependentes, pois essas interagem de modo complexo no mundo natural, e a perda 
de uma espécie leva a consequente influência sobre as demais; (III) os humanos vivem dentro 
das mesmas limitações que as demais espécies, que são restritas a um desenvolvimento, em 
razão da capacidade do meio ambiente, e a espécie humana deveria seguir esta regra para 
não prejudicar a sua e as outras espécie; (IV) a sociedade tem a responsabilidade de proteger 
a Terra, devendo usar os recursos de modo a não esgotá-los para as próximas gerações; (V) o 
respeito pela diversidade humana é compatível com o respeito pela diversidade biológica, pois 
18 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
como apreciamos a diversidade cultural humana, deveríamos apreciar a diversidade biológica; 
(VI) a natureza tem um valor estático e espiritual que transcende o seu valor econômico, e isto 
deve ser mantido independente de qualquer coisa; (VII) a diversidade biológica é necessária 
para determinar a origem da vida, espécies que vão se extinguindo poderiam ser importantes 
nas pesquisas sobre a origem da vida.
Como os efeitos das atividades humanas são, atualmente, a principal ameaça da biodiversidade, 
é necessário que se analise essas atividades, buscando discipliná-las. O monitoramento dos 
fatores bióticos (seres vivos) e abióticos (características do meio ambiente) possibilita fazer 
previsões sobre como o meio ambiente reage, como é degradado, e a traçar planos para 
minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente. Essa tarefa de compatibilização das 
atividades humanas com a manutenção dos recursos naturais são bastante complexas e, por 
isso, a Conservação Biológica incorpora ideias e busca ferramentas em diversas ciências da 
Biologia.
Mas afinal, o que é diversidade biológica?
Discutida desde a década de 90 entre biólogos, ambientalistas e cidadãos envolvidos com a 
preservação de um ambiente íntegro, a biodiversidade ou diversidade biológica é a variedade 
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19BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
das diversas formas de vida existentes no planeta Terra, dentre elas as variadas espécies da 
fauna, flora, fungos, macro e micro-organismos, a variabilidade genética existente dentro das 
populações e espécies, as variadas funções ecológicas desempenhadas por cada organismo, 
a variedade de comunidade de habitats, comunidades e ecossistemas. De acordo com 
Wilcox (1984), a diversidade é a variedade de formas de vida, os papéis ecológicos que cada 
organismo desempenha e a diversidade genética que contêm. Assim, a diversidade biológica 
encontra-se presente em todos os lugares.
Cerca de 1,75 milhões de espécies já foram identificadas, sendo que mais da metade delas 
são constituídas por insetos. Há ainda muitos organismos não conhecidos ou espécies não 
descritas cientificamente, especialmente aquelas pequenas e de difícil visualização, como 
bactérias, fungos e vírus. A biodiversidade pode ser avaliada também no nível genético, que 
refere-se às diferenças entre as espécies em termos de variabilidade, do qual determina a 
individualidade de cada espécie. As diferentes cores das penas, o tamanho maior ou menor dos 
indivíduos ou a resistência a doenças são exemplos da expressão da diversidade genética. Ela 
determina o grau de variação dentro das populações, que pode ser alta, como nas populações 
de rinocerontes indianos (Rhinoceros unicornis), ou baixa, como nas populações de guepardos 
africanos (Acinonyx jubatus). Populações com diversidade genética baixa estão mais sujeitas 
à extinção.
A Biodiversidade pode ainda ser avaliada como diversidade de ecossistemas, que se relaciona 
a variedade de comunidades e processos em um ecossistema íntegro, bem como os diferentes 
ecossistemas de uma paisagem, desertos, florestas, manguezais, montanhas, lagos, rios ou 
áreas de uso agrícola. Em cada ecossistema, existem fortes relações entre as diferentes 
espécies e entre estas e o meio físico. A variedade dessas relações, funções e processos nos 
ecossistemas também definem outro aspecto da biodiversidade.
Como as atividades humanas representam sempre impactos positivos ou negativos sobre o 
meio ambiente e os seres vivos, a diversidade cultural também precisa ser considerada, pois 
as diversas culturas humanas interagem de forma diferente com o ambiente. O nomadismo, a 
20 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
agricultura de subsistência, a caça-coleta e a monocultura intensiva têm impactos diferentes 
sobre a biodiversidade. Crenças religiosas e estruturas sociais também têm influência 
importante em como os recursos naturais são utilizados.
Para avaliar o grau de biodiversidade de um ecossistema, deve-se considerar sua riqueza 
(número de espécies presentes) e a abundância relativa de cada espécie. Para duas áreas 
que apresentam o mesmo número de espécies, a biodiversidade será maior na área onde a 
quantidade de indivíduos de cada espécie for mais balanceada em relação ao total, ou seja, 
onde não houver grande dominância de uma espécie sobre as outras. Por exemplo, uma ilha 
onde há 20 indivíduos de uma espécie de arara e 20 indivíduos de uma espécie de papagaio 
possui uma diversidade maior do que outra ilha onde há 10 indivíduos da espécie de arara e 
30 indivíduos da espécie de papagaio.
Conforme discorre Odum e Barret (2008), é extremamente importante manter a redundância 
em um ecossistema, isto é, ter mais que uma espécie ou grupo de espécies para executar 
as diversas funções existentes na teia alimentar. A perda de espécies-chave ocasiona 
mudanças importantes na estrutura das comunidades e no funcionamentodo ecossistema. De 
acordo com estudos debatidos por Caim, Bowman e Hacker (2011), a atividade humana afeta 
negativamente as distribuições e as abundâncias de organismos. 
No século XIX, Wallace (Alfred Russel Wallace, o pai da biogeografia), previu a atual crise 
na biodiversidade e em 1869 nos advertiu de que a humanidade corria o risco de obscurecer 
o registro de seu passado evolutivo pelo advento das extinções. Nos Estados Unidos da 
América, por exemplo, a caça desenfreada e descontrolada ao pombo-passageiro (Ectopistes 
migratorius) levou à sua extinção, o último pombo morreu em um zoológico no ano de 1914. 
Os efeitos ecológicos de sua extinção nas florestas coincide com a perda do castanheiro 
americano (Castanea dentata), do qual viviam em constante mutualismo. 
21BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
Figura 1 - Pombo-passageiro (Castanea dentata)
Fonte: <http://imaginacaoativa.wordpress.com/2009/05/15/10-animais-extintos-nos-ultimos-500-anos-
aves-01/>.
Perda da biodiversidade
O declínio das populações de pandas, tigres, elefantes e baleias chamou a atenção da 
sociedade para o risco de extinção das espécies, que tem ocorrido em uma taxa de 50 a 
100 vezes maior do que a taxa natural. A grande ameaça à biodiversidade mundial é o uso 
que a humanidade vem fazendo do meio ambiente, causando a fragmentação e degradação 
de habitats, além da perda de ecossistemas naturais. Cerca de 45% das áreas originais de 
florestas tropicais do Planeta já foram destruídas,a maior parte no último século. 
Mais de 10 barreiras de corais - um dos mais ricos ecossistemas do Planeta - já foram 
destruídas e 1/3 do que resta vai desaparecer nos próximos 10 a 20 anos. Os manguezais, 
que são berçários de inúmeras espécies, foram reduzidos a 50% de sua área original.
Essa fragmentação e destruição dos ecossistemas, com substituição de ambientes naturais 
por áreas urbanas, agrícolas ou industriais, causa a morte de um grande número de 
indivíduos, restando somente populações pequenas e isoladas nas "ilhas" remanescentes. As 
consequências são um alto grau de endocruzamento, a perda da variabilidade genética e a 
invasão por espécies exóticas 
22 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
A invasão por espécies exóticas causa alterações nas relações tróficas, aumento da 
competição entre as espécies (por alimento ou espaço), que leva à maior vulnerabilidade das 
espécies nativas. Mudanças atmosféricas globais aumentam ainda mais a degradação do 
meio ambiente. A destruição da camada protetora de ozônio aumenta a incidência de radiação 
ultravioleta (UV) na superfície da Terra e o aquecimento resultante modifica as condições 
ambientais. Ecossistemas desequilibrados são incapazes de realizar seus processos normais, 
como a ciclagem de nutrientes e a autodepuração, o que compromete sua produtividade e 
afeta a sobrevivência das espécies em todos os níveis da cadeia trófica.
Por causa desta complexidade dos problemas ambientais, a conservação da biodiversidade 
exige a união de estratégias políticas, jurídicas, econômicas, educativas e ambientais. 
As desigualdades sociais e tecnológicas entre os países "desenvolvidos" e os países "em 
desenvolvimento" impedem que se melhore a qualidade de vida dos cidadãos, resultando em 
explosão populacional e aumento da pobreza, principalmente nos países em desenvolvimento.
Este quadro só pode ser revertido se forem adotados modos de produção sustentáveis que 
permitam a utilização racional dos recursos naturais (uso adequado de terras, das fontes de 
energia e dos recursos minerais), com a criação de leis que disciplinem e limitem a utilização 
de ecossistemas, com o desenvolvimento de técnicas de restauração e reabilitação de áreas 
degradadas ou contaminadas, com tecnologias limpas de produção de bens e serviços, com 
a reciclagem de materiais, e com a conscientização da população quanto à importância da 
conservação do ambiente que ela ocupa, para garantir sua própria qualidade de vida.
A biodiversidade no Brasil
Os países tropicais são os que possuem maior biodiversidade. As condições amenas 
de temperatura e a maior disponibilidade de água favorecem o desenvolvimento de novas 
espécies. Além disso, a vida parece ter surgido nos trópicos e o maior tempo de evolução junto 
a uma maior disponibilidade de energia e água podem ter permitido que um maior número de 
organismos e de interações tenham se desenvolvido. Acredita-se que os trópicos também 
23BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
serviram de refúgio para várias espécies durante os períodos de glaciação.
O Brasil é um dos países que abrigam maior biodiversidade no Planeta, segundo o Ministério 
do Meio Ambiente. Estima-se que o Brasil possua de 15 a 20% de toda a biodiversidade 
mundial. As estimativas não param por aí, no Brasil encontramos 45 mil espécies de plantas 
superiores (22% do total mundial), 524 mamíferos (131 espécies endêmicas), 517 anfíbios 
(294 endêmicas), 1.677 espécies de aves (191 endêmicas) e 468 répteis (172 endêmicas). 
As estimativas seguem com cerca de 3.000 espécies de peixes de água doce e cerca de 1,5 
milhão de insetos, mas este valor pode superar a marca dos 10 milhões.
É possível, então, que grande parte da biodiversidade brasileira seja desconhecida da ciência. 
E somente com investimento e pesquisa poderemos descobrir mais sobre essa incrível 
biodiversidade. Não é a toa que regiões da Mata Atlântica, Floresta Amazônica e Cerrado são 
classificadas como "Hot Spots" mundiais. 
Curiosidade:
Você gosta de feijoada? E de caipirinha? E de abelhas? Se você gosta de uma das duas primeiras, ou 
)*1!)2*16!9!/#$!,'&!$2+,*!.#(1+)'&*34#!%';*1!*/';5*1CCC!D11*!)2%;*!E!?'+B#*)*!.#$!.*%+&+(5*!E!8!.*&+*!
muito ameaçada sem elas. Esses insetos polinizam o feijão, o limão e a cana-de-açúcar. 
Mostrou-se, recentemente, que os polinizadores são responsáveis por 9,5% do valor da produção 
agrícola mundial. Assim, se as abelhas sumissem, e elas estão desaparecendo em muitos lugares, os 
preços dos alimentos subiriam muito, dada a queda da produção. Ficaríamos sem mel, mas também 
sem batata, tomate, feijão, repolho, berinjela, pepino, cana-de-açúcar, amendoim, laranja, melancia, 
limão... ou seja, nada de caipirinha e nada de feijoada.
Disponível em: <http://www.biotrix.com.br/conexoes.html>. Acesso em: 06 mar. 2012.
24 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
Colocando em prática:
A palestra “Biodiversidade, Água e Vida!” orientada pelo Professor Jorge Paiva suscitou um conjunto 
de questões que despertaram no decorrer da mesma interesse e curiosidade. 
Deste modo, seguem-se as respostas às questões colocadas:
1. Atualmente, fala-se bastante da necessidade das escolas incentivarem a educação ambien-
tal. O que acha que deve ser feito em concreto para que os jovens possam crescer com a 
consciência de que é necessário proteger o planeta? 
R. Fazer com que os alunos conheçam a Natureza, levando-os ao campo. Infelizmente, o nosso 
Ensino está cada vez mais teórico e não há tempo, nem dinheiro, para levar os alunos para o campo. 
F11+$6!*!G(+.*!1#;234#!9!$#1,&*&E;5'1!8!;$'1!1#/&'!*!H*,2&'7*!'!';2.+)IE;#1!1#/&'!*!&';'0-(.+*!)*!
respectiva Biodiversidade para a nossa sobrevivência. 
2. Na sua opinião quais são as principais causas da extinção de espécies no nosso país? 
R. A destruição dos ecossistemas naturais, feita egoisticamente e estupidamente pela espécie huma-
na. 
3. Que medidas podemos adotar individualmente para evitar a catástrofe que é a diminuição da bio-
diversidade? 
R. Há muitas maneiras. Uma delas é não ter engaiolados animais de estimação (não de companhia, 
como gatos e cães), como aves raras, pequenas tartarugas, etc., etc. Outra maneira é sabermos an-
darna Natureza, não a destruindo, não a sujando, não fazendo barulho, não matando os animais sem 
ser por necessidade de os consumir, etc. 
4. Acha que estão a ser feitos, no nosso país, os esforços necessários para que os rios deixem 
25BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
de ser poluídos? 
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truturas para as conservarem e protegerem. O Ministério do Ambiente (de Governos sucessivos) tem 
defendido mais os interesses econômicos do que o Ambiente, a Natureza e a Biodiversidade. 
5. Há semanas deu uma notícia acerca da preservação das espécies através da criação de uma 
Arca de Noé que consiste em recolher o DNA das espécies em extinção e recriá-las em labora-
tório. Qual é a sua opinião acerca deste tema?
R. A referida "Arca de Noé" já existe com os "Bancos de Sementes e de Germoplasma" que existem. A 
dita "Arca de Noé", não é mais do que um Bancos desses, instalado na Calote de gelo do Ártico. Esses 
"Bancos" são importantíssimos para a preservação da Biodiversidade, particularmente das espécies 
em risco.
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em: 30 maio 2012.
Biodiversidade
<http://www.biodiversidade.rs.gov.br/portal/index.php>. 
CATEGORIAS DE CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES
De acordo com estudos realizados por Nascimento e Magalhães (1998), até o ano de 1968, 
o Brasil possuía uma lista oficial de espécies da flora ameaçadas de extinção produzida pelo 
26 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Mas, entre as décadas de 70 e 80, academias, 
ONGs, instituições públicas e privadas, se preocuparam com a degradação ao meio ambiente 
e perceberam que os órgãos públicos não estavam desenvolvendo o trabalho de acordo com 
a necessidade do ambiente, passando buscar alternativas que demonstrassem a importância 
da definição de critérios e definições de categorias de conservação das espécies. Assim, o 
Brasil passou a utilizar as Diretrizes da Comissão de Sobrevivência de Espécies, criada em 
1994, da qual classifica as espécies em via de extinção em 11 (onze) diferentes categorias de 
conservação, entretanto, tal diretriz não é devidamente seguida, uma vez que autores utilizam 
categorias com iguais definições, porém com nomenclaturas diferentes.
Assim, com o intuito de informar as categorias de classificação de espécies existentes e sua 
evolução, segue a lista de categorias, adotadas por diferentes autores:
- De acordo com Lucas e Synge (1977):
Extinta: esta categoria é usada somente para as espécies que não mais existem em estado 
selvagem, após inúmeras buscas na localidade típica e em outros locais conhecidos ou onde 
ainda possa ocorrer.
Ameaçada: a espécie em perigo de extinção e cuja sobrevivência é improvável se os fatores 
responsáveis continuarem operando. Incluem-se nesta categoria as espécies cujo número 
haja diminuído a um nível crítico ou cujos habitats tenham sido drasticamente reduzidos. 
Assim, podem ser considerados como estando em perigo de extinção.
Indeterminada: espécie conhecida por ser ameaçada, rara ou vulnerável, mas não há 
informação suficiente para se afirmar a qual categoria pertença.
Fora de Perigo: espécie anteriormente incluída nas categorias de ameaçada, rara ou 
vulnerável, mas que agora é considerada relativamente segura, por causa de medidas efetivas 
de conservação que tenham sido tomadas ou por causa da remoção das ameaças à sua 
sobrevivência. 
27BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
Pouco Conhecida: espécie que não pode ser classificada nas categorias de conservação 
tratadas anteriormente, devido ao fato de, por insuficiência de informações específicas da 
espécie, não se poder precisar, sem dúvidas, a que categoria esta pertence.
- De acordo com Carauta et al. (1981):
Ameaçada: qualquer espécie em perigo de extinção devido a um desequilíbrio ecológico.
Vulnerável: são vulneráveis as espécies cuja propagação seja naturalmente difícil e cujo 
mecanismo de germinação seja desconhecido, assim como aquelas cuja propagação e 
desenvolvimento sejam lentos e também as que possuam baixo rendimento de biomassa, mas 
que são exploradas pelo homem, em paralelo com espécies mais produtivas, as quais tomam 
aos poucos o seu lugar.
Rara: apresentam poucos indivíduos, tanto em vasta área quanto em pequena área, ou 
mostram-se endêmicas.
Indeterminada: espécie conhecida que por encontrar-se em uma das categorias anteriormente 
citadas, não se obtém informações em quantidade satisfatória para se afirmar em qual 
categoria deve ser classificada.
Pouco Conhecida: espécie que não se pode afirmar com certeza, não pertence às categorias 
aqui referidas, por falta de informação.
Fora de Perigo: espécie que fora inicialmente classificada na categoria ameaçada, rara ou 
vulnerável, mas que em momento atual é considerada fora de perigo.
Singular: sob o ponto de vista biológico, todo o organismo é singular. Incluem-se nesta categoria 
as espécies que excitam a imaginação por sua beleza, exotismo ou aspecto fora do comum.
Desprezadas: são espécies que por apresentarem caracteres não atrativos ou mesmo 
inconvenientes ao homem como, por exemplo, muitos espinhos, são logo eliminadas quando 
28 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
seu habitat é invadido. Incluem-se aqui, também, as espécies que, por não apresentarem usos 
imediatos para o homem, são consideradas inúteis e eliminadas indiscriminadamente.
- De acordo com Mello Filho et al. (1992):
Extinta (Ex): espécies seguramente não identificadas na natureza durante os últimos 5 anos, 
(critério usado pela Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna 
and Flora - CITES).
Em Perigo (E): taxas em perigo de extinção e cuja sobrevivência improvável é se os fatores 
causais continuarem operando. Incluem-se taxas cujos números forem reduzidos a um nível 
crítico ou cujos habitats foram tão drasticamente reduzidos que eles estão sujeitos a um perigo 
imediato de extinção.
Vulnerável (V): taxas com probabilidade de passarem para a categoria Em perigo em futuro 
próximo, se os fatores causais continuarem operando. Incluem-se as taxas cujas populações 
encontram-se em declínio em consequência de exploração excessiva, de destruição dos 
habitats ou outra alteração ambiental; taxas com populações que tenham sido seriamente 
reduzidas e cuja sobrevivência definitiva ainda não tenha sido assegurada; e taxas com 
populações ainda abundantes, mas sob ameaça de fatores adversos graves em sua área de 
ocorrência.
Rara (R): taxas com pequenas populações mundiais que ainda não estão Em perigo ou 
Vulneráveis, mas encontram-se sem condições de enfrentar eventual extinção. Estas taxas 
são geralmente localizadas em áreas geográficas ou habitats restritos ou encontram-se em 
ocorrências escassas sobre uma área mais extensa.
Indeterminada ( I ): taxas sabidamente Em perigo, Vulneráveis ou Raras, mas sobre as quais 
não existe informação suficiente para estabelecer qual categoria apropriada.
29BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
Fora de Perigo (O): taxas, anteriormente incluídas em uma das categorias acima, mas que são 
agora consideradas relativamente garantidas, em razão de terem sido tomadas providências 
efetivas de conservação.
Insuficientemente Conhecida (K): taxas que se suspeita, mas não se sabe com certeza se 
pertencem a alguma das categorias acima, devido à falta de informação.
Candidata (C): taxas cuja categoria está sendo avaliada e que suspeita-se, mas não se tem 
certeza de pertencer a alguma das categorias acima.
Na prática, as categorias Em perigoe Vulnerável podem incluir, temporariamente, taxas cujas 
populações começam a se recuperar, como resultado de providências tomadas, mas cuja 
recuperação é insuficiente para justificar sua transferência para outra categoria.
- De acordo com IUCN (1994):
Extinto (EX): diz respeito a quando não permanece dúvida de que o último indivíduo de uma 
espécie está morto.
Extinto em Estado Silvestre (EW): uma categoria está extinta em estado silvestre quando 
sobrevive em cultivo, em cativeiro ou como população natural completamente fora de sua 
área de distribuição natural. Esta categoria presume a extinção em estado silvestre quando 
encontram-se exauridos seus habitats conhecidos e/ou esperados, nos momentos apropriados. 
Os levantamentos devem ser realizados em períodos de tempos apropriados ao ciclo vital das 
formas de vida desse taxon. 
Em Perigo Crítico (CR): ocorre quando determinada espécie enfrenta um risco extremamente 
alto de extinção em estado silvestre num futuro imediato.
Em Perigo (EN): uma espécie está em perigo quando não pertence à classificação de Em 
Perigo Crítico, masencontra-se enfrentando um alto risco de extinção em estado silvestre num 
futuro próximo.
30 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
Vulnerável (VU): diz respeito a uma espécie que não está em perigo crítico ou em perigo, mas 
enfrenta um alto risco de extinção em estado silvestre a médio prazo.
Menor Risco (LR): é atribuída à categoria de menor risco a espécie quando esta, depois de ter 
sido estudada, não se adéqua a nenhuma das categorias de Em Perigo Crítico, em Perigo ou 
Vulnerável; e não possuem-se dados suficientes a seu respeito. A categoria de menor risco 
pode ser dividida em três subcategorias:
1) Dependente de Conservação (dc): categoria em que as espécies são o centro de um pro-
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para alguma categoria de ameaça antes citada.
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servação ou quase ameaçado.
Dados Insuficientes (DD): utiliza-se quando as informações a respeito de uma determinada 
espécie são inadequadas para se fazer uma avaliação, direta ou indireta, de seu risco de 
extinção com base na distribuição ou na condição da população. Uma espécie nesta categoria 
pode ser bem estudada e sua biologia estar bem conhecida, porém se carece de dados 
apropriados sobre a sua quantidade ou distribuição. Essa categoria indica que se requer um 
maior volume de informações, e se reconhece a possibilidade de investigações futuras.
Não Avaliado (NE): categoria que se considera quando a espécie não foi avaliada em relação 
a nenhum dos critérios relacionados anteriormente.
De acordo com o que foi exposto por vários autores, as várias designações e atribuições de 
categorias apresentadas contribuem para a ausência padronização das listas. Tais divergências 
podem limitar as ações necessárias a preservação de uma determinada espécie. Algumas 
informações conflitantes podem tornar as listas de conservação de espécies uma ferramenta 
31BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
duvidosa, suscitando, assim, a necessidade de comparação de várias listas antes de se tomar 
qualquer medida relacionada ao meio ambiente.
Diante do que foi exposto, nos deparamos com duas questões: como podemos alocar os 
recursos limitados disponíveis para a conservação das espécies? Protegemos as espécies 
mais ameaçadas ou focamos naquelas que têm um papel ecológico substancial?
O USO MÚLTIPLO DE RECURSOS FLORESTAIS
O conceito de uso múltiplo de recursos florestais é anterior ao ano de 1990. Esse termo foi 
criado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos, na década de 50, quando se adotou o 
manejo integrado dos principais recursos naturais renováveis, em substituição à prática de 
manejo baseada em recursos isolados. O uso múltiplo em regime de rendimento sustentável é 
definido como o manejo de recursos naturais renováveis, de modo que sejam utilizados numa 
combinação que melhor atinja as necessidades da unidade.
A Fundação Brasileira para Conservação da Natureza enfatiza que uso múltiplo expressa o 
manejo dos recursos naturais, para que produzam água, madeira, vida silvestre, forragem 
e recreação ao ar livre, de modo que as necessidades econômicas, sociais e culturais da 
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32 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
população sejam satisfeitas, com desgaste mínimo aceitável dos recursos básicos do solo e 
dos demais fatores ambientais.
Conforme explica Lobo e Bispo, o uso múltiplo não é um conjunto de quaisquer usos, requer, 
antes de tudo uma administração consciente e coordenada dos diferentes recursos, sem 
menosprezar a produtividade da terra. A ocorrência casual de mais de um único uso, não é 
uso múltiplo. Ao contrário de uma prática passiva, a integração deliberada é cuidadosamente 
planejada dos distintos usos, sem conflitos, complementando-se ao máximo.
A fragmentação é um dos principais processos que afetam a paisagem a nível mundial, 
manifestando-se nas regiões em que houve alterações no uso do solo. A substituição das 
florestas por culturas agrícolas, por exemplo, modificou a paisagem, anteriormente contínua, 
por fragmentos de habitat, alterando, também, a composição de espécies e seus processos 
ecológicos básicos (SEPÚLVEDA et al., 1997).
Rosot (2007) ressalta que o abandono dos fragmentos florestais nas propriedades rurais 
é entendido aqui como a falta de manejo de qualquer natureza, e contribui para seu 
empobrecimento e degradação. Entre essas ações encontram-se:
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ração natural;
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2!&+*(&-$+"$H&!,-("$2&!$(,!%,3!&-K
c) a falta de medidas adequadas de proteção contra incêndios provocados por atividades 
humanas;
+=$"$+3#3'*3/0&$+"$%&8,!(*!"$H&!,-(";$2,;"$"#2;3"/0&$;,'("$,$2!& !,--3."$+,$B!,"-$*(3;3G"+"-$
para a agricultura e/ou pecuária.
Por outro lado, em áreas já abandonadas pela agricultura ou em áreas de pousio, inicia-se o 
processo da sucessão secundária que, mesmo atingindo a cobertura arbórea, sofre processo 
33BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
de estagnação. Isso se deve a muitos fatores, tais como a intensidade e frequência de luz 
incidente, a distância de árvores porta-sementes, a competição intra e interespecífica e 
predadores de sementes e mudas. Observa-se que mesmo vários anos após o estabelecimento 
de uma floresta secundária, há presença de espécies pioneiras, que beneficiadas pela 
exploração das florestas naturais, deixaram de ser raras, como seria de se esperar nessa fase, 
e formam grandes agrupamentos, correspondentes a áreas de extensas clareiras criadas por 
atividade antrópica. Nessas situações, somente uma intervenção humana pode desencadear 
a retomada do processo sucessório.
Na mesma linha de raciocínio, Rosot (2007) afirma que sem um manejo adequado, as 
florestas naturais subtropicais submetidas à intensa pressão pela expansão das atividades 
agropecuárias, o fogo resultante da atividade antrópica, extração de madeira e conversão para 
outros usos, levariam cerca de 150 anos ou mais para retornar sua condição original. 
Um exemplo de fragmentação é a Floresta de Araucária (Floresta Ombrófila Mista - FOM), 
uma dasmais expressivas fontes de recursos madeireiros até meados do século passado 
na economia dos estados do Sul do Brasil, que ocupava uma área original de 2 milhões de 
hectares, conforme Reitz e Klein (1966), e dos quais se estima que existam hoje apenas 
40mil (GUERRA et al., 2000). Em um levantamento posterior, Carauta et al. ( 2001) indicaram 
a existência de quase 3 milhões de hectares remanescentes da FOM, sendo cerca de 1,6 
milhões de hectares em estágio médio ou avançado de sucessão; destes, porém, apenas 275 
mil são representados por fragmentos superiores a 5 hectares em tamanho. A discrepância 
entre números nos levantamentos efetuados é resultado de diferentes métodos e definições 
utilizados nas classificações e não altera o fato de que a maioria dos remanescentes encontra-
-se, hoje, empobrecida pela extração predativa e seletiva dos últimos 60 anos.
Desde a publicação da Resolução nº 278, de 24 de maio de 2001, que determina ao Ibama 
a suspensão de autorizações para corte ou exploração de espécies ameaçadas de extinção, 
entre elas a Araucária angustifolia, Ocotea porosa, Ocotea pretiosa e Ocotea catharinensis, 
todas presentes na FOM, ficou vedado todo e qualquer aproveitamento comercial dessas 
34 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
espécies, com a suspensão dos planos de manejo florestal em execução. Desde o ano de 
2004, a produção da Floresta com Araucária se restringe à exploração de bracatingais, 
fornecimento de lenha, e a produtos não madeireiros, tais como: erva-mate, plantas medicinais 
e ornamentais, frutas silvestres e pinho (SANTOS; MULLER, 2006).
Outro exemplo do uso irracional dos recursos naturais remanescentes é a crise pela qual 
passa a região cacaueira. A degradação verificada no agrossistema Camac levou a sociedade 
a exigir dos órgãos competentes uma posição quanto às ações predatórias, riscos envolvidos, 
coibição dos excessos, normas de utilização e alternativas para a crise. Hoje, mais de dez 
instituições atuam na região cacaueira com maior ou menor intensidade, e várias ações e 
programas estão em andamento. Contudo, essas ações, normalmente, são segmentadas sem 
preocupação multidisciplinar e/ou interinstitucional, o que tem gerado ações descoordenadas 
e pouco efetivas para solução dos problemas. O período em que a grande maioria das áreas 
com cacau ficaram abandonadas e a lentidão com que as políticas públicas de recuperação 
da lavoura cacaueira se processam, fazem com que legalmente parte delas corram o risco de 
estarem legalmente imobilizadas. Uma outra preocupação que exige resposta imediata é o 
destino a ser dado às àreas que não serão contempladas nos programas de recuperação da 
lavoura cacaueira. 
O modelo de administração, empregando-se os conceitos de uso múltiplo em regime 
de rendimento sustentável, pode no futuro ser uma alternativa viável, pois possibilita a 
diversificação baseada na sustentabilidade, entretanto, algumas dificuldades terão que ser 
superadas, tais como:
- tradição regional em monocultivos;
L$ M";("$+,$(!"+3/0&$'&$#"',N&$,$%&#,!%3";3G"/0&$+,$2!&+*(&-$H&!,-("3-K
- ausência de políticas públicas adequada para a cadeia produtiva do cacau;
L$ M";("$+,$2&;)(3%"-$2O8;3%"-$,$+,(,!#3'"/0&$2"!"$3#2;"'("!$+3.,!-34%"/0&1$%&'-,!."/0&$2!&-
dutiva e uso múltiplo da propriedade agrícola;
35BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
L$ #"(,!3";$8&(J'3%&$+,$2!&2" "/0&$,#$:*"'(3+"+,$,$:*";3+"+,$3'-*4%3,'(,-K
- baixo nível cultural dos trabalhadores rurais (LOBO; BISPO, s/a).
Para McEvoy (2004), é enfático afirmar que se pretendemos manter as florestas na paisagem, 
é necessário manejá-las como tal, pois florestas sem manejo estão destinadas a desaparecer, 
sendo gradualmente convertidas para outros usos. A manutenção dos ambientes florestais está 
indissoluvelmente ligada à melhoria das condições da floresta, buscando um equilíbrio de longo 
prazo com relação às características físicas e antrópicas da região onde está localizada. A 
conservação da floresta e seu uso sustentável, portanto, não prescindem de ações de manejo.
É inegável que propor um modelo de manejo, hoje, é um desafio, pela multiplicidade e fragilidade 
dos ecossistemas envolvidos, pelos inúmeros fatores e variáveis a considerar quando do 
planejamento de operações e pela falta de parâmetros técnicos suficientes e adequadamente 
validados por experiências anteriores. 
O que é manejo florestal? 
Várias definições são encontradas para o manejo florestal ao longo da história da ciência 
florestal, um dos conceitos mais clássicos discutido em 1958 pela Sociedade Norte-Americana 
de Engenheiros Florestais, manejo florestal é a aplicação de métodos comerciais e princípios 
técnicos florestais na operação de uma propriedade florestal.
Logo após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 
92), agregou-se o termo sustentável à palavra manejo, incorporando-se o conceito a muitos 
Fo
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36 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
instrumentos legais publicados a partir de então no Brasil como, por exemplo, o Decreto 1.282, 
de 1 de outubro de 1995, que regulamentava a exploração das florestas da Bacia Amazônica 
e o manejo florestal sustentável, a administração da floresta para a obtenção de benefícios 
econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema.
Assim, manejo florestal, em seu sentido mais amplo, pode ser definido como o conjunto de 
medidas tomadas em relação à floresta, principalmente de caráter sivicultural, visando otimizar 
a produção de determinados bens e/ou serviços de forma sustentável ao longo do tempo. 
Durante todo o século XX, o manejo de recursos naturais esteve focado em manter os 
recursos econômicos, como a madeira, gado, soja, milho. Este foco permaneceu até meados 
dos anos 80. Por fim, as agências dos recursos naturais incluíram áreas de uso múltiplo, 
reconhecendo que as pessoas necessitam destes ambientes e possuem diferentes interesses. 
Assim houve a compartimentalização de espaços pelo tipo de uso e extração da madeira, zona 
de recreação e refúgio silvestre. Desta forma, o manejo de ecossistemas surgiu para gerenciar 
essas áreas e proteger espécies da fauna e principalmente da flora, e focalizar não apenas 
a sustentabilidade de um recurso de interesse, mas a sustentabilidade de todo o sistema. O 
manejo de ecossistema é motivado por metas, é executado por políticas, protocolos e práticas, 
tornando-se adaptável ao monitoramento e pesquisa. 
Os humanos são partes integrais dos ecossistemas e suas ações alteram os ecossistemas 
naturais, e com isso a economia é afetada pela falta dos recursos naturais. Deste modo, as 
pessoas responsáveis a gerirem o ecossistema não devem apenas administrar os recursos 
naturais, a biodiversidade do local, mas também fazer planos que protejam de forma conjunta, 
o ecossistema envolvido e a economia. Assim, o manejo de ecossistema incorpora fatores 
sociais e econômicos como partes fundamentais para tomada de decisões, juntamente com 
questões de legislação e integridade ecológica. As pessoas necessitam dos ambientes naturais 
em vários aspectos e o manejo de ecossistemas incorpora a educação do público sobre suas 
dependências, o meio ambiente como todo, como parte de sua missão 
37BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
Estudo de caso 1 - (CAIM; BOWMAN; HACKER, 2011) 
Pássaros e bombas podem coexistir?
Será possível que usar terras para testes de bombardeios é o segredo para o sucesso da conserva-
ção?
Embora seja estranho, décadas de bombardeios em uma base militar na Carolina do Norte, nos Es-
tados Unidos, têm protegido milhares de hectares de savanas com pinheiros-de-folha-longa,o qual 
contribui com a conservação da espécie pica-pau-de-topete-vermelho.
P--"$H$&!,-("$ (,#$-3+&$*(3;3G"+"$7B$QR$"'&-$2"!"$ (!,3'"#,'(&-$#3;3("!,-1$,$ (,#$-3+&$+, !"+"+"$2&!$
veículo of-road, equipamentos terrestres e incendiadas por explosivos. Essas atividades acontecem 
em meio a um ecossistema que ironicamente sobrevive devido à presença militar. Isso ocorre pelo fato 
das savanas com pinheiros-de-folha-longa dependerem do fogo para sobreviver. 
S&#$&$"*#,'(&$2&2*;"%3&'";1$7&*.,$"$',%,--3+"+,$+,$ !"'+,-$,-2"/&-1$%&#&$&-$,-2"/&-$H$&!,-("3-1$
2"!"$%&'-(!*/0&$+,$7"83("/0&1$,-2"/&$" !)%&;"$,$#"',N&$H$&!,-(";1$"--3#$"$B!,"$:*,$%&'(3'7"$-"."'"$
foi reduzida em apenas 3% de sua cobertura original. Com o declínio desse ambiente, diversas espé-
cies de plantas, insetos e invertebrados que dependiam do ecossistema também sofreram declínios 
substânciais. Uma dessas espécies é o pica-pau-de-topete-vermelho, pequeno pássaro insetívoro, 
,-2,%34$%"#,'(,$"+"2("+&$"$ !"'+,-$,5(,'-T,-$"8,!("-$+,$-"."'"C$P--"$,-29%3,$+,$2B--"!&$',%,-L
sita de árvores maduras de pinheiros-de-folhas-longas para o seu ninho.
O fogo natural periódico ajuda a manter a savana de pinheiros-de-folhas-longas, sem o fogo, essa 
comunidade logo sofre sucessão. À medida que outras árvores se desenvolvem no local da savana, 
os pica-paus-de-topete-vermelho abandonam os seus ninhos, devido ao decréscimo de alimento.
?$73-(I!3"$+&$23%"L2"*L+,L(&2,(,L.,!#,;7&$,$+"$-"."'"$+,$23'7,3!&-L+,LM&;7"-L;&' "-$!,H$,(,$":*,;"$
de milhares de outras espécies em perigo mundo afora, do qual passaram de componente vital de um 
grande ecossistema por um declínio gradual pela perda de habitat, até atingirem números populacio-
nais criticamente baixos. Quando organismos dependem de um determinado habitat que é perdido 
devido aos efeitos das atividades humanas, são encontrados em números decrescentes, até, em 
alguns casos, desaparecem. 
O que as pessoas podem fazer para salvar essas espécies da extinção?
Temos a responsabilidade de proteger a biodiversidade existente e restaurar parte da que tem sido 
38 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
perdida? Em caso positivo, como nós podemos alocar nossos recursos limitados para sermos mais 
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V>*"'+&$&$7&#,#$%&#2!,,'+,$-*"$!,";3+"+,1$2&+,$;,."'("!$732I(,-,-$-&8!,$&$+,-"4$&$+,--"$!,";3+"L
de e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e seu trabalho pode criar um mundo próprio, seu 
eu e suas circunstâncias”.
Paulo Freire
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A biologia da conservação é parte de um estudo científico impregnada com o valor da 
biodiversidade e com a crescente consciência da aceleração das perdas da biodiversidade, 
pesquisadores viram a necessidade da aplicação dos princípios da ecologia para a preservação 
das espécies e do ecossistema.
Infelizmente a biodiversidade está declinando globalmente e a biota terrestre está se tornando 
cada vez mais homogenizada, e com isso a Terra está perdendo espécies em uma taxa 
acelerada, em grande parte devido à pegada ecológica da humanidade sobre o planeta. 
As principais ameaças à biodiversidade são a perda e a degradação de habitats, a introdução 
de espécies invasoras e a sobre-exploração das espécies existentes. Outros fatores que 
erodem a viabilidade das populações e contribuem para a perda da diversidade incluem a 
poluição do ar e da água, as mudanças climáticas globais e as doenças.
A extinção é o ponto final do aumento do declínio crescente, à medida que as espécies perdem 
indivíduos e populações e tornam-se cada vez mais vulneráveis aos problemas de pequenas 
populações. Priorizar as espécies ajuda a maximizar a biodiversidade e a proteger a espécie 
humana.
39BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1) Quais são as principais ameaças à biodiversidade? Descreva alguns exemplos nos quais 
as múltiplas ameaças têm contribuído para o declínio das espécies.
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mamífero, um pássaro, um peixe e um invertebrado. Algumas dessas espécies é endêmica 
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rara antes da colonização humana da região. Quais ameaças essas espécies sofrem atu-
almente? O que tem sido feito para protegê-las? Com base nos conhecimentos que você 
adquiriu, que tópicos você pensa que deveriam ser pesquisados para ajudar na recupera-
ção das espécies? (Para auxílio, acesse o site: <http://www.natureserve.org>).
3) Qual a diferença de uma espécie determinada como Em Perigo pelo autor Mello Filho 
(1992) e uma espécie Em Perigo debatida por IUCN (1994)?
Livro: Gestão e Educação Ambiental – Água, Biodiversidade e Cultura 
Autor: José Eduardo dos Santos, Carla Galbiati (orgs.).
Editora: Rima Editora
A abordagem conceitual para o desenvolvimento da pesquisa que integra os aspectos ecológicos aos 
sócio-econômico-culturais no tratamento da problemática ambiental. Os trabalhos demonstram que as 
"(3.3+"+,-$7*#"'"-$:*,$&2,!"#$'"$2"3-" ,#1$"&$#&+34$%"!,#$&-$2"+!T,-$,$2!&%,--&-$,%&;I 3%&-$,$
sociais, tanto deliberada quanto inadvertidamente, alteram a estrutura e o funcionamento dos diferen-
tes sistemas ambientais relacionados aos biomas da Amazônia, Cerrado e Pantanal que compõem o 
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40 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
tempo tem desenhado novas unidades da paisagem. A compreensão desses padrões e processos no 
contexto regional é de importância fundamental para o planejamento ambiental, seja na perspectiva 
da produção ou para a conservação da biodiversidade. 
Livro: Educação Ambiental Empresarial no Brasil
Autor: Alexandre de Gusmão Pedrini
Editora: Rima
Organizado por Alexandre de Gusmão Pedrini. Esta obra foi idealizada e planejada com o objetivo 
de mostrar o que se tem disponível no seio da Educação Ambiental Empresarial no Brasil (EAEB). 
Muito tem sido feito no campo da EAEB, mas não se sabe quem a tem feito, como tem feito e o que 
é feito. Uma vez que o contexto empresarial é o principal contribuinte para o caos socioambiental, é 
fundamental e premente mapear o que vem sendo realizado com a denominação de EAEB e inves-
(3 "!$-*"$,4$%B%3"$,$ 3#2"%(&C$P-("$%&;,(J',"$(,'%3&'"$-,!$"$2!3#,3!"$%&'(!38*3/0&$+3-2&'383;3G"+"$'&$
Z!"-3;1$,$2!&.".,;#,'(,$'&$,5(,!3&!$("#89#1$%&#$&$4$#$2!3#&!+3";$+,$"2!,-,'("!$;3.!,#,'(,$,$+,$#&+&$
emblemático o que os principais atores da EAEB têm realizado. Deseja ainda estimular o embate 
construtivo na seara dos educadores ambientais, empresários e população interessada em geral e 
receber novas contribuições, quem sabe, para outras coletâneas, mostrando outras experiências e 
estimulando novas pesquisas no campo.
UNIDADE II
DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES: PADRÕES NA 
RIQUEZA
Professora Me. Lilian Capelari Soares
Objetivos de Aprendizagem
[$ S&#2!,'+,!$:*";$&$!,";$-3 '34%"+&$+"$83& ,& !"4"$,$:*";$"$-*"$ 3#2&!(J'%3"$,#$
relação à distribuição e preservação das espécies terrestres.
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[$ W+,'(34%"!$:*"3-$&-$ !"+3,'(,-$:*,$,'.&;.,#$"$!3:*,G"$,#$,-29%3,-$,$%&#2!,,'+,!$
a sua importância ecológica para cada comunidade.
[$ ?.";3"!$%&#&$9$+,(,!#3'"+"$"$("5"$+,$,5(3'/0&$,$%&#2!,,'+,!$:*"3-$&-$!,"3-$#&(3-
vos que levam a esse acontecimento.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ! "!#$%!&!'()*%)*+,-,.!,!'()*%)*+,-,!*/)',/!%!+%*()0,/
 ! 1()*%)*+,-,!2%!(/3,4!4%*$02)!567+83$+!%!9(/4)0
 ! :+,2(%08%4!2,!+(#$%;,!%<!%4=&6(%4
 ! >,?,!2%!%?8(0@A)!%!4%$4!=+(06(=,(4!B)6)4
43BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a DistânciaINTRODUÇÃO
Caro aluno, nesta etapa iremos estudar as questões ecológicas por meio do foco geográfico, 
fazendo uma intertextualização com essas importantes áreas do ensino. Por meio do 
surgimento de alguns recursos como, por exemplo, a fotografia que nos proporciona, de modo 
fiel, olharmos para grandes áreas ou locais que nunca visitamos. A tecnologia que permeia os 
satélites, cuja capacidade de registrar imagens ao longo do espaço é imensa, também colabora 
com as pesquisas científicas, principalmente quando trata-se de estudos que envolvem grandes 
escalas como, por exemplo, a Biogeografia. Ao olhar para uma comunidade marítima, fica 
óbvio que a localização das espécies na margem da praia é controlada por importantes fatores 
físicos, tais como altura da maré e ação das ondas, e também por interações biológicas. As 
estrelas-do-mar alimentam-se de mexilhões sésseis na zona entremarés baixa, limitando-os 
assim a zonas entremarés altas. Nessas zonas, as fendas entre os mexilhões proporcionam 
habitat para muitas espécies, que em outras condições não sobreviveriam. Condições locais 
como essas são importantes reguladores da distribuição das espécies. Contudo, por mais 
importante que essas condições nos pareçam, precisamos estar sempre cientes da influência 
de processos que operam em escalas geográficas maiores. 
Os processos oceanográficos, como as correntes ou ressurgência, regulam a distribuição de 
espécie das costas rochosas. Em escala global, os padrões de circulação oceânica controlam 
a direção das correntes e podem isolar as espécies ao longo de períodos ecológicos e 
evolutivos. Assim, se faz necessário compreender esses processos por envolverem questões 
de imigração e principalmente extinção de algumas espécies faunísticas e florísticas. 
Esta unidade será dividida em quatro etapas, tratando em cada uma delas assuntos que 
envolvem distribuição das espécies. Você também encontrará tópicos específicos para 
orientações como: deriva genética e curvas entre área e espécie, os quais auxiliarão em 
relação ao conteúdo estudado; e também a divulgação sobre obra e vida de dois grandes 
nomes do evolucionismo: Charlis Darwin e Alfred Russel Wallace. 
44 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
O QUE É BIOGEOGRAFIA
De acordo com Caim, Bowman e Hacker (2011), um dos padrões mais óbvios na Terra é 
a variação que vemos na composição e na diversidade de espécies entre localizações 
geográficas. O estudo dessa variação é conhecido como biogeografia.
Biogeografia é a área da ciência biológica que estuda a distribuição dos seres vivos no espaço 
ao longo do tempo, assim, esse campo da ecologia estuda a distribuição da vida com base 
em sua dinâmica na escala espacial e temporal no planeta Terra. É um parâmetro útil para 
entendermos qual a forma e como os organismos estão distribuídos no planeta e porque os 
organismos estão em determinado local.
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 S
H
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45BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
De acordo com Brown (1984), uma das funções da ecologia e biogeografia é estudar como 
as condições ambientais e os processos bióticos determinam a abundância e a distribuição 
das espécies e como os padrões espaciais e temporais em comunidades são resultados 
de complexos relacionamentos ecológicos entre as espécies, estando limitados pelas 
características ambientais de cada ecossistema e pela sua composição, os quais estabelecem 
mecanismos de consistentes variações espaço-temporais no uso do espaço limitado.
Os padrões biogeográficos da Terra, conforme demonstra as comunidades florestais, das 
quais são ótimos representantes para esse parâmetro, a riqueza e composição de espécies 
variam com a latitude, ou seja, as latitudes menores, tropicais, apresentam maior número e 
maior diversidade de espécies do que as latitudes maiores, temperadas e polares. A riqueza 
e a composição das espécies também variam de um continente para o outro, mesmo onde 
a latitude ou a longitude são similares ou próximas. O mesmo tipo de comunidade ou bioma 
também pode variar na riqueza e na composição de espécies dependendo da localização 
na Terra. Desta forma, esses padrões têm se repetido em muitas regiões do mundo e em 
muitos tipos de comunidades. Mas por que alguns locais apresentam mais espécies que os 
outros? Por que alguns locais comportam grande quantidade de espécies não encontradas em 
nenhum outro local da Terra?
Biogeografia global
Os padrões de diversidade global e a composição de espécies são controlados pela área e 
o isolamento geográficos, a história evolutiva e o clima (CAIM; BOWMAN; HACKER, 2011).
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M
46 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
Alfred Russel Wallace, o pai da biogeografia, por meio de suas pesquisas publicou um trabalho 
contendo dois volumes, do qual aborda a divisão de espécies de acordo com as regiões 
geográficas e revela dois importantes padrões: 
- a m"--"$+,$(,!!"$+&$2;"',("$2&+,$-,!$+3.3+3+"$,#$-,3-$!, 3T,-$83& ,& !B4%"-1$:*,$+3M,!,#$
em composição e riqueza de espécies;
- há um gradiente de diversidade de espécies de acordo com a latitude; a diversidade é maior 
nos trópicos e diminui rumo aos polos.
Wallace comprova em suas publicações que esses padrões são inter-relacionados pelo 
gradiente latitudinal ser sobreposto às regiões biogeográficas.
As seis regiões biogeográficas citadas por ele são: Neártica (América do Norte), Neotropical 
(Américas Central e do Sul), Paleártica (Europa e partes da Ásia e África), Etiópica (maior parte 
da África), Oriental (Índia, China e sudeste da Ásia) e Australásica (Austrália, Indo-Pacífico e 
Nova Zelândia), como mostra a figura a seguir:
Neártica
Neo-
tropical
Etiópica
Paleártica
Oriental
Australásica 
C(*$+,!D!E!F%*(G%4!'()*%)*+HB(6,4!4%*$02)!7/B+%2!F$44%/!9,//,6%
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47BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
As regiões biogeográficas descritas por Wallace em 1876 correspondem às seis maiores placas 
tectônicas da Terra. Caim, Bowman e Hacker (2011) mencionam que as placas tectônicas são 
trechos da crosta terrestre que movimentam-se ou ficam à deriva de um lado para o outro 
da superfície da Terra devido à ação de correntes geradas no fundo de seu manto de rocha 
fundida (fig. 3). Em áreas conhecidas como cadeias meso-oceânicas, essa rocha fundida flui 
para fora das fendas entre as placas e esfria, criando uma nova crosta e forçando as placas 
a se espalharem. Em algumas áreas, onde há encontro entre duas placas, conhecidas como 
zonas de subducção, uma placa é forçada para baixo da outra. Essas áreas estão sujeitas a 
fortes abalos sísmicos, atividades vulcânicas e formação de cadeias de montanhas. Em áreas 
onde as placas de encontram, elas deslizam lateralmente entre si, formando uma falha.
Na falha de Sto, André, a placa do Pacífico e a Norte-Americana 
deslizam ao longo de uma da outra - limite conservativo. Ocorrem 
violentos sismos. Não há erupções vulcânicas
Na Dorsal Médio-Atlântica, o material quente do manto sai pelo rifle,
originando crosta oceânica. A Placa Norte-Americana e a Euro-Asiática
afastam-se - limite divergente. A actividade vulcânica e sísmica é variável.
A Placa de Nazca move-se em direcção à Sul-Americana - limite convergente
A crosta ocânica, mais pesada, mergulha. Ocorrem violentos sismos,
erupções vulcânicas e formação de montanhas.
A Placa Indo-Australiana colide com a Euro-Asiátca - limite convergente.
Os terrenos entre elas são erguidos, formando altas montanhas. Ocorrem
violentos sismos.
Figura 3 - Placas tectônicas
Fo
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 C
ET
EC
G
EO
48 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educaçãoa Distância
Devido à movimentação das placas tectônicas, as posições das placas e o continente disposto 
sobre elas sofrem constantes mudanças ao longo do período geológico (ver fig. 4 para consultar 
os períodos geológicos), cerca de 150 milhões de anos atrás, a Terra era um grande continente 
denominado Pangeia, esse continente no período Cretáceo começou a separar, havendo a 
formação de dois continentes, Norte (Laurásia) e Sul (Gondawa). Esses continentes também 
sofreram processos geológicos no início do período terciário e separaram-se em: Gondawa 
nos atuais continentes - América do Sul, África, Índia, Antártica e Autrália, e Laurásia - América 
do Norte, Europa e Ásia (CAIM; BOWMAN; HACKER, 2011).
Com toda essa separação da Pangeia em vários continentes, as espécies que ali habitavam 
também foram separadas em seis grupos biogeograficamente distintos pelo isolamento de 
diferentes continentes, gerando desta forma espécies da fauna e da flora muito distintas 
umas das outras. Por exemplo, como descreve Flessa (1975), as oriundas do Gondawa 
foram isoladas por algum tempo e têm formas de vida distintas das demais. Em outros casos, 
espécies distintas umas das outras foram unidas. As espécies existentes na região Neotropical 
são diferentes das espécies da região Neártica, apesar da proximidade dos continentes. Como 
a América do Norte foi originada pelo continente Laurásia e a América do Sul pela Gondawa, 
ambas não tiveram contato cerca de 6 milhões de anos atrás. Já o Neártico e o Paleártico, 
ambos descenderam da Laurásia, têm similaridades na biota atual Groelândia e no Estreito 
de Bering, onde uma ponte de terra permitiu trocas de espécies durante 100 milhões de anos.
A separação evolutiva das espécies devido a barreiras como deriva continental é conhecida 
como vicariância. Um exemplo de vicariância são as aves ratitas, as quais têm o mesmo 
ancestral comum, originado no Gondawa. Quando esse continente fragmentou-se, as Emas 
(América do Sul), os avestruzes (África), os casuares e emus (Austrália) e as moas (Nova 
Zelândia) foram isolados uns dos outros e assim, cada espécie em seu novo continente 
desenvolveu características singulares ao seu isolamento, mas ainda conservam características 
comuns, tais como a habilidade de voar e o tamanho.
49BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
É necessário considerar que o regionalismo biogeográfico também está presente nos oceanos, 
que perfazem 75% da superfície terrestre, eles também derivam com os movimentos das 
placas tectônicas, no sentido de que são criados, reunidos ou destruídos. Quanto à troca 
de biota no oceano, existem certos impedimentos, tais como: correntes, diferenças termais, 
diferença de gradiente e diferenças na profundidade. Dessa forma, as espécies são isoladas, 
permitindo mudanças evolutivas e criando regiões biogeográficas únicas.
Figura 4 - Períodos geológicos
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50 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
Biogeografia regional 
A diversidade regional das espécies são controladas por área e distância, devido ao balanço 
entre as taxas de migração e extinção. A riqueza de espécies aumenta com o aumento da área 
amostrada e tem sido documentada em uma variedade de escalas espaciais, de pequenas 
lagoas até continentes inteiros. Estudos de relações espécie-área têm sido realizados em 
escalas espaciais regionais, onde tendem a ser bons preditores das diferenças na diversidade 
de espécies (CAIM; BOWMAN; HACKER, 2011).
O pesquisador H. C. Watson fez em 1859 um importante gráfico demonstrando a quantidade 
de éspecie por área para plantas na Grã-Bretanha e concluiu que a cada aumento de área 
obtido em seus experimentos, a riqueza de espécies aumenta significativamente (ver mais 
a respeito no final da unidade em Curvas espécie-área). Em seus estudos, a maioria das 
relações espécie-área foi documentado para ilhas, nesse caso, ilhas incluem todos os tipos 
de áreas isoladas circundadas por habitats distintos, conhecidos como habitats matriz. 
Assim, pode-se incluir ilhas circundadas por oceano, lagos circundados por terra, ilhas de 
montanhas circundadas por vales e fragmentos de habitat como, por exemplo, os destruídos 
por desmatamento. 
Devido ao isolamento natural das ilhas, a diversidade de espécies mostra uma forte relação 
negativa com a distância da fonte principal de espécies, por exemplo. Lomolino e Brow 
(1984) observaram que a riqueza de espécies de mamíferos em topos de montanhas no 
sudoeste americano diminui em função da distância das principais fontes de espécies (fontes 
populacionais), neste caso, duas grandes cadeias de montanhas. Isso demonstra que ilhas mais 
distantes de fontes populacionais, tais como áreas continentais ou habitats não fragmentados, 
apresentam menos espécies do que ilhas próximas a essas fontes. 
51BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
BIOGEOGRAFIA DE ILHAS
As ilhas, porções de terras menos extensas que os continentes e rodeadas por água por todos 
os lados, servem de palco para o espetáculo de especiações advindas da deriva genética. Em 
uma ilha pode ser encontrado um complexo de ecossistemas de pequena extensão espacial 
com número de códigos genéticos restrito, pois as trocas genéticas e ocorrência de colonização 
são potencialmente reduzidas. Esse isolamento favorece o processo de especiação.
Conforme debatido por Dambros (2010), a biogeografia de ilhas constitui-se em um ramo 
da ciência biogeográfica repleta de fortes emoções. Muitas das formas de vida mais 
espalhafatosas do mundo ocorrem em ilhas. Encontram-se nelas gigantes, anões, exímios 
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52 BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
artistas da permutação e não conformistas de todo tipo. Essas criaturas improváveis habitam 
as zonas mais isoladas e remotas do planeta e conferem uma definição biológica vívida à 
palavra exótico (QUAMMEN, 2008).
Tal fato sempre despertou a atenção dos biogeógrafos, pois conforme Quammen (2008, p.19): 
a biogeografia de ilhas é, pois, um catálogo de excentricidades e superlativos. E é por 
isso que as ilhas sempre desempenharam um papel central no estudo da evolução. O 
próprio Charles Darwin foi um biogeógrafo de ilhas antes de se tornar darwinista.
Na década de 60, o ecólogo canadense Robert Helmer MacArthur e o biólogo norte-americano 
Edward Osborne Wilson propuseram a Teoria da Biogeografia de Ilhas ou Teoria do Equilíbrio 
Biogeográfico Insular.
Essa teoria baseava-se em alguns pressupostos: 
1. Comunidades insulares são muito mais pobres em espécies do que as comunidades con-
tinentais equivalentes.
2. Esta riqueza aumenta com o tamanho da ilha.
3. Esta riqueza diminui com o aumento do isolamento da ilha.
A riqueza de espécies aumenta com o tamanho da ilha. Nesse sentido, MacArthur e Wilson 
(2001, p.8) enfatizam que “there exists within a given region of a relatively uniform climate an 
orderly relation between the size of a sample area and the number of species found in that 
area”. Ou seja, existe, no interior de uma dada região, de um clima relativamente uniforme, 
uma relação ordenada entre o tamanho de uma área de amostra e do número de espécies 
encontradas naquela área.
53BIOLOGIA E BIODIVERSIDADE | Educação a Distância
RedondaSaba
Monte Serrat
Puerto
Rico Jamaica
Hispanola
Cuba
Num
ber
 of 
Spe
cies
Area in Square Miles
1 1 10 100 1000 10.000 100.000
10
100
Gráfico 1- Relação entre número de espécies de anfíbios e répteis e área das ilhas
Fonte: MacArthur e Wilson (2001).
Esta riqueza diminui com o aumento do isolamento da ilha, pois a probabilidade

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