Buscar

Nunca lhe prometi um jardim de rosa

Prévia do material em texto

Resumo
O livro se inicia com os pais de Deborah, levando-a para um hospital psiquiátrico. Deborah é uma adolescente de 16 anos, que pertence a uma família de classe média, a família vem se preocupando com os comportamentos fora do comum da filha, comportamentos esses causados por algum distúrbio psicológico, a gota d’agua para que tomassem a atitude de interná-la no hospital foi o fato de Deborah ter tentado cortar os pulsos, então resolvem interná-la no hospital, para que pudesse receber o tratamento e após uma melhora poder voltar para casa.
Ao chegar ao hospital Deborah se mostra recuada, e fica internada contra a sua vontade, ela tenta parecer o mais normal possível em sua primeira entrevista no hospital para convencer o médico que não há nada de “errado” com ela e possa voltar para casa, mas é perceptível sua atitude ao médico. 
Logo inicia o seu tratamento com a doutora Fried, uma psiquiatra muito implicada com seu trabalho. No início os sintomas aparecem com frequência, Deborah é diagnosticada com o transtorno de esquizofrênia, a jovem se divide entre dois mundos, o real e o imaginário reino Yr, vive uma realidade mais particularizada, e tem crises de delírios e alucinações. Deborah vive um sofrimento intenso, pois tanto o mundo real, quanto o imaginário lhe oferecem ameaças, medos e angústias. 
O livro também conta como a família lida com a situação de deixar a menina no hospital psiquiátrico. Os pais de Deborah escondiam de seus familiares a internação no hospital, dizendo que ela estava em uma escola para convalescentes e para outros diziam que estava em uma clínica de repouso. Sua mãe sente que é o certo a se fazer por mais que lhe parta o coração, já o pai muitas vezes sente-se culpado e impulsionado a tirar Deborah do hospital e trazê-la de volta para casa. O avô se revolta com esta decisão, pois para ele Deborah é uma menina muito inteligente incapaz de ter algum transtorno mental. De fato Deborah realmente era muito inteligente com um QI muito alto segundo o prontuário ao qual doutora Fried lê antes de ter o primeiro contato com a garota, mas isso em nada impediu para que fosse diagnosticada com esquizofrenia.
É contado no livro passagens de como Deborah sofreu em sua infância, passando por bullying na escola e no acampamento de férias por ser judia e muitas vezes nesses momentos fugia para seu mundo particular para escapar das ofensas dos colegas, o que gerava mais bullying e fosse taxada como “estranha”. Suas “escapadas” para seu mundo particular eram mal interpretadas por seus professores já que perdia o foco nas aulas.
Outra parte de sua infância abordada no livro foi aos cincos anos de idade quando passou por uma operação para retirada de um tumor no aparelho urinário, foi traumático para Deborah, pois a situação foi compreendida para ela como uma violência sexual. 
É notório que as relações sociais aversivas de Deborah, tanto com a sua família, escolas, entre outros, favoreceram para que esse transtorno latente se desenvolvesse. 
Aos poucos Deborah passa a confiar cada vez mais na Doutora Fried, e a chama de Furii. Deborah trás relatos sobre sua historia, sua infância traumática e também sobre os delírios e alucinações que vivencia em seu mundo chamado Yr, onde existiam vários personagens reais apenas para ela, Deborah acreditava que era uma pessoa maliciosa, que continha um veneno, e contaminava a todos ao seu redor.
Algum, tempo depois no hospital, Deborah faz amizade com Carla uma das pacientes do hospital e com outras pacientes também, para ela o hospital acaba se tornando lugar de liberdade onde ela podia ser ela mesma e livre de pré-conceitos.
Deborah acaba conhecendo as normas hierárquicas do hospital que era classificado por Ala A e B, onde ficavam as “malucas”, “piradas”, e a Ala D onde ficavam as “insanas’ e “loucas” que eram as que gritavam à todo momento.
No hospital psiquiátrico, existiam alguns profissionais capacitados, responsáveis, que tratavam os pacientes como um ser humano digno, mantendo uma relação sem pré-conceitos, que colaboravam para o restabelecimento da saúde mental dos mesmos, como o caso do funcionário Mc. Pherson, que era querido por todas as pacientes, mas também existiam funcionários como o senhor Hobby, que as tratavam com desprezo, indiferença, agressividade e violência, fato que deixava Deborah perturbada, e a leva a denunciá-lo para a doutora Fried, ela conta tudo de uma maneira amedrontada e apreensiva, a doutora a acolhe, mas também lhe fala: nunca lhe prometi um jardim de rosas, ou seja, nunca lhe prometi que seria fácil. Após a denúncia de Deborah, o senhor Hobby deixa o hospital, o que foi motivo de comemoração entre as pacientes. 
No hospital Deborah foi tomando arte como seu refúgio e promoção de sua sanidade, nas horas mais difíceis ela se apegava a arte e isso fazia com que ela crescesse e se desenvolvesse.
Com o passar do tempo da sua estadia nos hospital e de seu tratamento Deborah foi tendo mais discernimento de si mesma e quando sentia que iria ter um ataque pedia aos enfermeiros que a colocassem no casulo, ou seja, que a amarrassem com os lençóis.
Ao sair do hospital Deborah ainda passou por muitos momentos difíceis e desafios, pois depois de sair precisou lidar com o mundo de fora, lidar com seus medos, medos de solidão, pré- conceitos. Daí mais uma alusão ao nome do livro, nunca lhe prometi um jardim de rosas.
Análise
 
O livro traz o relato da vida de Deborah uma adolescente de diagnosticada com esquizofrenia. A esquizofrenia é classificada como transtorno mental que em suas características tem a desintegração dos processos de pensamento e a capacidade de resposta emocional. Acontece uma cisão do mundo interno e externo que acarreta muito sofrimento e uma grande dificuldade em lidar com a realidade. Podemos ver isso no livro quando percebemos as fugas de Deborah para seu mundo particular nomeado por ela de Yr, ela ia para esse mundo para fugir da realidade que vivia e a fazia sofrer.
Outras características do transtorno são as alterações na percepção ou expressão da realidade e pensamentos negativos; podemos destacar aqui quando Deborah não soube mais distinguir a realidade da fantasia misturando os dois mundos, um desses momentos é quando Deborah nomeia sua psiquiatra de Furii em seu mundo Yr; quanto aos pensamentos negativos Deborah por muitas vezes tinha sobre si pensamentos de que era uma pessoa ruim que fazia mal aos outros. Como vemos nesses pontos destacados sobre Deborah, no geral as crises na esquizofrenia são acompanhadas de delírios, alucinações e podendo ocorrer até mesmo a perda da consciência; o transtorno alterou toda a estrutura vivencial de Deborah que, muitas vezes, agiu como alguém que fica preso as suas fantasias e desconsidera a razão.
Ocorreram muitos fatores para que a garota desenvolvesse o transtorno e até mesmo a família contribui para isso, um avô rígido que não deixava os sentimentos serem expressados, a falta mesmo que por pouco tempo do calor da mãe, ainda quando bebê, o ambiente escolar onde os colegas a discriminavam por ser judia. Os fatores ambientais ajudam para que a esquizofrenia se desenvolva e apareça, por exemplo, o bullying que é algo terrível que destrói quem o sofre, pois, normalmente quem sofre isso guarda o sofrimento para si, não desabafa com ninguém, não tenta fazer o agressor parar pelo fator medo. Todo o estresse emocional, as agressões verbais, tudo o que acumula de ruim contribui para a esquizofrenia que cria uma realidade externa para a pessoa, além de que no caso de Deborah ela não podia expressar seus sentimentos por conta de seu avô rígido. Juntando o que ela já havia “guardado” muito tempo e com o bullying, a esquizofrenia se manifestou de modo que ela criasse uma realidade externa, onde somente ele podia entrar, obtendo delírios, alucinações, se apegou em suas fantasias pois era melhor do que sua vida real.

Continue navegando