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Universidade Estadual do Ceará – UECE Centro de Estudos Sociais Aplicados – CESA Curso de Administração Disciplina: Comércio Exterior I Sistema multilateral do comércio O que se quer dizer quando falamos em sistema multilateral de comércio? Faz referência ao conjunto de acordos e regras que regulam o comércio internacional, os quais são administrados pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Esse sistema é multilateral porque não fica restrito a apenas uma região do globo terrestre, envolve os 160 membros. Introdução Aproximação dos países ocorrência de fatos políticos + vantagens competitivas (abertura comercial) Gênese de organismos e organizações Idéia ganha força com o advento da Primeira Guerra Mundial (Liga das Nações) Após 2ª guerra mundial: ONU (maior organização criada até hoje) Introdução Organizações internacionais Sociedade entre Estados. Constituídas por meio de tratados ou acordos (Estatutos), têm a finalidade de incentivar a permanente cooperação entre seus membros, em diferentes áreas. Possui diferenças quantitativas e igualdade qualitativa Estados e Organizações Possui diferenças quantitativas e qualitativas Exemplos: ONU, OMC, OIT Organizações Objetivos genéricos e específicos Também conhecidas por organizações Coordenam ações entre as nações de domínio político, visam coordenar somente em determinados setores as relações entre países, independentemente da área de atuação. EX: OMC, FMI, agências da ONU EX : ONU GATT (Acordo sobre Tarifas e Comércio) Década de 30 – sobretaxar suas importações - Estimulou outros países - Crescimento do protecionismo em escala mundial Década de 40 – preocupação em criar um organismo que regularizasse o comércio – BrettonWoods Criar a Organização Internacional do Comércio (OIC) - Carta de Havana Assinada por 53 países (nov/1948) = cooperação internacional e estabelecer regras para combater o protecionismo. Propostas ambiciosas – investimentos internacionais, praticas anticoncorrenciais, políticas de emprego -Alguns países negociaram em paralelo (1945) - Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (out/1948) Elementos da Carta de Havana foram incorporados ao texto do GATT (1948 – 1995) Conjunto de normas a serem observadas na condução das trocas econômicas – efetivamente não funcionava como uma organização – solucionar controvérsias primitivas. Passou a ser o único documento regulatório multilateral em vigor Membros do GATT estabeleceram originalmente: Princípios fundamentais do GATT (e da OMC) Ajustes ao longo dos anos – dinamismo econômico, maior abrangência dos acordos. Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio1994 – versão que engloba todas as adaptações Grande desenvolvimento econômico Liberdade de comércio: por meios de acordos recíprocos e vantajosos Pleno emprego 1. Princípio da não discriminação Básico – todos os estados devem oferecer o mesmo tratamento em relação a todos os seus parceiros comerciais Duas cláusulas: Nação mais favorecida, que está expresso no artigo I do acordo. o Qualquer vantagem dada a um membro deve ser estendida aos demais Tiveram que ser flexibilizados – processos de integração, tratamento mais benéfico para países em desenvolvimento Tratamento nacional o Tratamento igual entre os produtos nacionais e importados, evitando o protecionismo da indústria doméstica o Condenava a aplicação de restrições quantitativas 2. Principio da transparência Menos abordado- funciona como mecanismo de confiança mútua entre os signatários do GATT Corolário – paradigma da publicidade o Defende a obrigação de publicação de todas as leis, regras, regulamentos e decisões judiciais de aplicação geral no comércio. Se irradia a todos os acordos firmados no âmbito da OMC/ GATT 3. Princípio da redução geral e progressiva das tarifas Barreiras eram mais tarifárias. Aumentar o intercambio comercial entra as partes, criando uma base sólida e estável de negociação co estabelecimento de tarifas máximas para determinados produtos. Atual – todas as barreiras 4.Principio da proibição de medidas não alfandegárias 5. Principio da previsibilidade Previsibilidade - estabilidade das relações jurídicas Vinculação dos compromissos assumidos multilateralmente, ou seja, pelo pleno atendimento das tarifas negociadas – torna o mercado mais atraente 6. Principio da concorrência leal maior desafio – promover mercados justos Cobate as práticas abusivas do comércio 7. Principio do tratamento diferenciado para países em desenvolvimento 3/4dos seus membros são assim classificados Maior flexibilidade em relação aos prazos Reconhece ações individuais e coletivas para o desenvolvimento desses países. Cláusula de habilitação 8. Principio flexibilização em caso de urgência Adoção de medidas especiais em determinadas situações 9. Principio da ação coletiva Impedir que os países adotem medidas unilaterais que ao prejudicarem os interesses de terceiros, promova uma reação protecionista em cadeia 10. Principio do reconhecimento dos processos de integração Flexibilização da Clausula da Nação mais favorecida Dispositivo já existia, mas tornou-se importante a partir de 1990. Obediência a certas condições: não imposição de novas barreiras e a proibição de aumento de tarifas ou restrições para países externos As rodadas no âmbito do GATT Conferencias comerciais multilaterais - Negociações (artigo XXVIII) – perfazendo um total de 8 Representam o reconhecimento pelos membros de que o livre comércio não será alcançado de uma hora para a outra. Ao contrário, a liberalização comercial será alcançada de forma progressiva. Era a consagração do princípio do gradualismo! Ponto de vista sistemático: GATT Etapa Provisional ( 1948 – 55) Etapa de Desenvolvimento ( 1955 – 70) Etapa de Maturidade ( 1970 – 85) Etapa de Reconstrução ( 1985 – 1994) 1ª etapa: Redução das barreiras tarifárias Rodada de Genebra – Suíça (1947) - 45 mil acordos Rodada de Annecy – França (1949)- 13 novos países aderiram + acordos Rodada de Torquay – Reino Unido (1951) – aprofundaram a redução tarifária+ países membros + EUA declara desistência a carta de Havana Características: a) Crescimento numero de países b) Reduções tarifárias significativas – pais a pais/ produto a produto c) Maior liberdade aos produtos agropecuários (devido a crise de abastecimento no pós guerra) 2ª etapa: período de maior crescimento no comercio Internacional A partir de 1964, passam a ser discutidas outras questões. Com isso, há uma redução das barreiras tarifárias e começa a surgir uma nova forma de protecionismo: as barreiras não tarifárias Rodada Genebra – Suíça (1956) – redução de tarifas e admissão de novos membros (Japão) Rodada Dillon - Suíça (entre 1960-1961) – impacto da comunidade européia Rodada Kennedy – Suíça (entre 1964-1967) – produtos agrícolas foram objeto de negociações 3ª etapa: coincide com um período de crise econômica internacional Rodada Tóquio - Suíça (entre 1973-1979) – continuidade a diminuição das barreiras não tarifárias) Destaque: década de 70 – duas crises de petróleo – atingiram as atividades dos países centrais – graves problemas econômicos 4ª etapa: surgiram diversas críticas em termos das medidas adotadas em face das profundas transformações no CI Rodada Uruguai – Suíça (entre 1986-1993). Divergência quanta as discussões Países centrais versus países periféricos (acordos firmados não haviam produzido benefíciosignificativo aos países em desenvolvimento Temas nunca debatidos como comercio de serviços e investimentos Temas que pouco avançaram – questão agrícola Objetivo: Revisão de todos os artigos e a expansão dos acordos – regras adicionais Implantação da OMC Elemento facilitador na aplicação das regras de comércio internacional já acordadas até então OMC (Organização Mundial do Comércio) A OMC foi criada em 1994 pelo Acordo de Marrakesh, também denominado de Acordo Constitutivo da OMC. O surgimento da OMC, após o período de regulação do GATT, demonstra que os Estados-Membros estão se conscientizando que um ordenamento jurídico internacional não ameaça a soberania nacional É uma organização permanente, com personalidade jurídica própria que conservou a maioria dos princípios e estrutura do GATT. GATT • Acordo provisório • Sem base institucional • Partes contratantes não eram membros OMC • Organização permanente • Objetivos abrangentes • Composta por membros Funções da OMC: Estão definidas pelo art. 3º do Acordo de Marrakesh: Administrar os acordos de comércio da OMC - acordos multilaterais e plurilaterais. Proporcionar um fórum para negociações comerciais - são realizadas levando-se em consideração o princípio da reciprocidade Arbitrar disputas comerciais - possível que seja instaurada uma controvérsia quando algum membro se sentir prejudicado Fiscalizar as políticas comerciais dos membros - permite que o sistema multilateral de comércio seja mais transparente As revisões são periódicas e ocorrem em intervalos diferentes, segundo a participação de cada país no comércio internacional de bens e serviços Proporcionar assistência técnica e formação aos países em desenvolvimento e aos menos desenvolvidos cooperação técnica, particularmente no que diz respeito à capacitação de funcionários governamentais de países em desenvolvimento Cooperar com outras organizações internacionais Conferência Ministerial de Doha (2001) Batizada de “Rodada do Desenvolvimento”, em virtude de os Ministros terem reconhecido a importância de se promover o desenvolvimento dos países menos favorecidos. Cabe destacar que a Rodada Doha foi a primeira rodada de negociações comerciais desde a criação da OMC O mandato de negociações da Rodada Doha é bastante complexo = agricultura, solução de controvérsias, comércio e política de concorrência, comércio e investimento, comércio e meio ambiente, facilitação de comércio, comércio eletrônico Estrutura da OMC Conferência Ministerial (representantes de todos os países membros) Conselho Geral Conselho dos Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionada ao Comércio. Conselho do Comércio de Serviços Conselho do Comércio de Mercadorias Secretariado (Diretor geral) Comitês Solução de Controvérsias e Revisão de Políticas Comerciais Países membros 160 países – representa a quase totalidade das operações internacionais– Rússia (2012) Para torna-se membro – inicia as negociações e demonstra que tem condições de acesso Formado um grupo de trabalho que vai analisar o processo de adesão Ao longo do tempo adaptar os tratados e acordos de que já fazem parte aos princípios da OMC Sistema de decisão Consenso – com direito a voto de todos os membros. Diferente de unanimidade - quando nenhum país se manifestar formalmente de maneira contrária a ela Mediante concessões recíprocas até alcançar denominador comum. Soluções de controvérsias A cargo do Órgão Solução de controvérsias Surgiu como resposta a necessidade de conferir segurança jurídica e eficácia as disposições dos acordos multilaterais Soberania inerente a cada país confere a característica de que o orgão priorize acordos – conciliador Tribunal arbitral Painéis específicos para cada caso Formados por 3 ou 5 especialistas de países diferentes, aceitos mutuamente entre as partes (sem aceitação – diretor geral da OMC nomeia) Responsáveis pela elaboração de um relatório com a analise da questão e das provas apresentadas - submetido ao órgão Prazos processuais Pode ser invocado sempre que os membros se julgarem prejudicados pelas regras comerciais de seus parceiros. Duas etapas: a) Fase de consulta – tentativa de acordos entre as partes, com ou sem mediação da própria OMC, por até 60 dias antes de adotar os mecanismos para solução de controvérsias b) Painel – Caso não entendimento, o pais demandante poderá solicitar a criação de um painel, que em 45 dias deverá indicar os especialistas - 6 meses concluirá os trabalhos. (3 meses em caso de urgência) Painel - Duas audiências – relatório provisório – pedido de revisão (2 semanas) – relatório final – órgão de solução de controvérsias (60 dias) - Órgão de apelação (90 dias) - órgão de solução de controvérsias (30 dias). Os Acordos Internacionais no âmbito da OMC A Rodada Uruguai trouxe, portanto, novos temas à agenda multilateral, em contraposição ao GATT 47, que somente tratava do comércio de mercadorias 3 vertentes : acordos referentes ao comércio de bens, o GATS (Acordo Geral sobre Comércio de Serviços) e o TRIPS (Acordos sobre Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao comércio). 3 principais vertentes da OMC: comércio de bens, comércio de serviços e direitos de propriedade intelectual GATTS Na Rodada Uruguai, novos temas foram inseridos na agenda de negociações multilaterais, sendo um deles o comércio de serviços. Acordo destinado a regular o comércio de serviços em nível multilateral: o GATS Comércio de serviços é um tema que interessa especialmente aos países desenvolvidos, uma vez que são estes os principais exportadores de serviços. O conceito de serviço nunca foi de fácil definição. Afinal de contas, o que pode ser considerado um serviço? O valor agregado resultante da prestação de um serviço é humano por natureza Até então, não se falava sobre o comércio de serviços de forma ampla, mas tão somente em nível setorial Com efeito, na Rodada Uruguai, os países chegaram à conclusão de que deveriam regular o tema por meio de normas internacionais, promovendo a liberalização do comércio de serviços Se a conceituação de serviços é complexa, o entendimento do comércio internacional de serviços é ainda mais difícil. O comércio de serviços sob a égide do GATS tem uma definição muito mais ampla Modo 1 (Comércio Transfronteiriço): A prestação de serviço tem origem no território de um membro com destino ao território de qualquer outro membro Modo 2 (Consumo no Exterior): O prestador põe o serviço à disposição no seu próprio país de domicílio a um consumidor estrangeiro Modo 3 (Presença Comercial): O prestador se estabelece comercialmente no país de domicílio dos consumidores dos serviços. Modo 4 (Movimento Temporário de Pessoas Físicas): O prestador pessoa física apenas se ausenta temporariamente de seu país de domicílio realizando serviço a destinatário estabelecido ou domiciliado no exterior. ACORDO SOBRE OS ASPECTOS DOS DIREITOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL RELACIONADOS AO COMÉRCIO - TRIPS “... contribuir para a promoção da inovação tecnológica e para a transferência e difusão de tecnologia...” A inserção do tema na agenda de negociações multilaterais ocorreu por iniciativa dos EUA, que já demonstraram interesse por ele na Rodada Tóquio (1973-1979) Papel da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) OMC foi escolhida pois pode garantir o cumprimento das obrigaçõesassumidos – orgão de solução de controvérsias O objetivo central do TRIPS foi, portanto, estabelecer um quadro jurídico de referência para as negociações multilaterais de princípios, regras e normas relacionadas aos direitos de propriedade intelectual O TRIPS prevê a aplicação do princípio da não- discriminação em suas duas vertentes: tratamento nacional e cláusula da nação mais favorecida Direitos de propriedade intelectual são os direitos devidos às pessoas em virtude de criações de suas mentes = Em regra, eles conferem ao seu criador, um direito exclusivo de uso por um certo período de tempo. O TRIPS discrimina 7 categorias de direitos de propriedade intelectual: i) direitos de autor; ii) marcas; iii) indicações geográficas; iv) desenhos industriais; v) topografia de circuitos integrados; vi) proteção de informação confidencial e; vii) patentes.
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