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TRABALHO DE DIREITO PENAL II SURSIS EM PDF IVANESIO JOSE ALVES

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SURSIS
Breve Histórico:
O sursis uma forma de suspensão condicional da pena, foi criado na França com a lei de 26 de março de 1891, como seu precedente e fonte inspiradora tem Sen. Berenger apresentada ao Parlamento em 1884.
No Brasil a primeira iniciativa foi em 18 de julho de 1906, apresentada à Câmara dos Deputados, sem sucesso, logo mais, devido a falência do sistema prisional brasileiro, e o alto risco de transformar pequenos infratores em grandes criminosos com a sua permanência nas prisões, repletas de marginais de alto escalão, além dos altos custos para manter um preso, pagos pelo Estado, o sistema judiciário brasileiro adotou tal prática com a Lei 4.577, de 5 de setembro de 1922, que autorizaria o Poder Executivo, a expedir o Decreto 16.588, de setembro de 1924, regulamentando o assunto.
Conceito:
Sursis é a suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade, aonde se desejar o réu, se submete a um período de prova à fiscalização e ao cumprimento de condições judicialmente estabelecidas.
Requisitos:
Os requisitos da suspensão condicional da execução da pena estão previstos no art. 77 do Código Penal:
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; 
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; 
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. 
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. 
Então, vejamos:
a) A pena deve ser restritiva de liberdade;
b) A sentença fixada deve ser igual ou inferior a 2 anos;
c) Se o condenado tiver problemas de saúde graves, incompatíveis com a permanência no presídio ou idade superior a 70 anos, a pena pode ser de até 4 anos. A idade deve ser a da data da sentença;
d) Não pode ser cabível a substituição da pena restritiva de liberdade por restritiva de direitos;
e) O réu não pode ser reincidente de crime doloso, ou seja, depois de transitado em julgado, o réu condenado por crime doloso comete crime culposo ou vice versa;
f) A culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade, motivação e circunstâncias do crime autorizem a concessão do crime;
Espécies de Sursis:
Existem duas espécies de sursis no Código Penal, o simples e o especial.
Simples: quando o condenado não reparar o dano, e/ou se as circunstâncias do art. 59 do Código Penal não lhe forem inteiramente favoráveis.
Especial: quando o condenado reparar o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e/ou se as circunstâncias do art. 59 do Código Penal lhe forem inteiramente favoráveis.
Condições:
Condições aplicadas ao réu no primeiro ano de prova:
No sursis simples, a condição legal e obrigatória é a prestação de serviços à comunidade, ou limitação de fim de semana.
No sursis especial, as condições são: proibição de freqüentar determinados lugares e de ausentar-se da comarca onde mora, sem autorização do juiz, e comparecimento pessoal obrigatório à juízo mensalmente.
E ainda temos condições legais e judiciais:
1) Legais:
a) Proibição de freqüentar determinados lugares.
b) Proibição de ausentar-se da comarca onde reside sem prévia autorização judicial.
c) Comparecimento mensal e obrigatório em juízo para justificar suas atividades.
2) Judiciais:
a) Fixadas pelo juiz, no primeiro ano de suspensão, desde que adequadas à condição do condenado.
b) Não pode ser vexatória, ociosa ou afrontar os direitos constitucionais
Período de prova:
É o intervalo de tempo que é dado na sentença condenatória concessiva do sursis, no qual o condenado deverá ter boa conduta, e cumprir as condições que lhe forem impostas pelo Poder Judiciário.
1 a 3 anos à Lei das Contravenções Penais (Decreto-lei 3.688/1941, art.11)
2 a 4 anos à Sursis comum (CP, art.77, caput)
2 a 6 anos à Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/1983, art. 5°)
4 a 6 anos à Sursis etário ou humanitário (CP, art.77, §2°)
Fiscalização das condições impostas durante o período de prova:
Poderá ser feita, pelo juiz, pelo Serviço Social Penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de serviços, inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério Público, ou por ambos.
Revogação:
No caso de revogação do sursis, o réu terá que cumprir sua pena inteira, não considerando o período de prova, ainda que, tenha tido tempo de cumprir as condições impostas.
A revogação pode ser obrigatória ou facultativa, vejamos:
1) Obrigatória: é advinda da lei, é dever do juiz decretá-la.
Conforme o art. 81, I, II e III do Código Penal:
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; 
II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; 
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. 
2) Facultativa: permite ao juiz a liberdade de revogar ou não o benefício.
Conforme o art. 81, §1° do Código Penal:
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
Revogação do sursis e prévia oitiva do condenado:
Em respeito aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, se entende que deve ser ouvido o condenado antes da revogação do benefício.
Se for o caso de condenação irrecorrível por crime doloso ou culposo, ou por contravenção penal, é impertinente e desnecessária essa oitiva.
Cassação:
É quando se perde o efeito do benefício, antes do início do período de prova, ocorre quando:
a) Quando o beneficiário, não aparece à audiência admonitória, sem justificativa.
b) Quando o réu renuncia ao benefício, ele tem o direito de optar por cumprir a pena. Às vezes, por não concordar com a condenação, para poder provar sua inocência. (O aceite do benefício significa aceitar a culpa).
c) Quando for condenado irrecorrivelmente à pena privativa de liberdade não suspensa.
d) Quando a pena é aumentada no tribunal, ficando acima de 2 anos.
Sursis simultâneos:
Ocorre quando o réu recebe o benefício do sursis durante o benefício anterior, ou seja, já está em sursis e comete crime culposo ou contravenção, irrecorrível, com pena privativa de liberdade inferior ou igual a 2 anos.
Sursis sucessivos: 
Ocorre quando o réu recebe outro sursis após o término do outro, por prática de crime culposo ou de contravenção.
Prorrogação:
Quando se prorroga o período da prova, isso acontece quando é apresentada queixa ou denúncia de outro crime culposo ou de contravenção.
E existem duas formas para prorrogação do período de prova, são eles art.81, §2.° e §3.° do Código Penal:
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. 
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
Extinção da pena:
Quando cumprido integralmente o período de prova, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.
Sursis para estrangeiros que estejam no Brasil em caráter temporário:
É possível, quando este esteja em situação regular e com visto permanente, e que ainda não haja nenhuma medida decretando sua expulsão.
E ainda, com fundamento no art.5.°, caput, da Constituição Federal, que proíbe distinções entre brasileiros, natos ou naturalizados, e estrangeiros.
Sursis e Direitos Políticos:
Durante o períodode prova, ficam suspensos os direitos políticos.
LIVRAMENTO CONDICIONAL 
Conceito:
Benefício que permite ao réu, liberdade antecipada, condicional e precária. Antecipada, pois o condenado volta ao convívio social antes do cumprimento da pena. Condicional, pois se submete ao atendimento de determinadas condições fixadas na decisão que lhe concede o benefício. Precária, pois pode ser revogada se sobreviver uma ou mais condições previstas nos arts. 86 e 87 do Código Penal.
Requisitos:
Objetivos: 
a) Espécie da pena: deve ser privativa de liberdade.
b) Quantidade da pena: deve ser igual ou superior a 2 anos, mas convém destacar, nos termos do art. 84 do Código Penal: “As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito de livramento”.
c) Parcela de pena já cumprida: mais de 1/3, tendo bons antecedentes e não seja reincidente em crime doloso, mais da metade da pena, se reincidente em crime doloso, entre 1/3 e a metade, se tiver maus antecedentes, mas não for reincidente em crime doloso.
d) Reparação de dano: dispensa-se esse requisito quando for comprovada a impossibilidade do condenado em atendê-lo.
Subjetivos: 
a) Comportamento satisfatório durante a execução da pena: importa a vida carcerária do condenado, ele deve ser disciplinado, deve ter o “bom comportamento”. Esse requisito deverá ser comprovado, pelo diretor do estabelecimento prisional.
b) Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído: para ter esse benefício o preso deverá praticar o exercício de atividade laboral, esse requisito deve ser desprezado, quando nenhum trabalho for atribuído pelo presídio ao condenado.
c) Aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto.
d) Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltara a cometer.
e) Não ser reincidente específico, nos crimes hediondos ou assemelhados.
Revogação:
Obrigatória:
a) Se o liberado vem a ser condenado irrecorrivelmente à pena privativa de liberdade por crime cometido durante a vigência do livramento.
b) Se o liberado vem a ser condenado irrecorrivelmente à pena privativa de liberdade por crime por crime anterior, neste caso observando-se o disposto no art. 84 do Código Penal.
c) Neste caso, se, somando-se as penas da nova condenação com a anterior o liberado poderá continuar em liberdade, se o tempo de cumprimento da pena atual, incluído o período em que esteve em liberdade condicional, for tempo suficiente para o livramento condicional em relação às duas penas.
Facultativa:
a) Se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes da sentença.
b) Se o liberado for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade. 
Extinção da pena:
Superado sem revogação o período de prova do livramento condicional, considera-se extinta a pena privativa de liberdade, conforme art.90 do Código Penal.
Diferenças do sursis:
Execução da pena: não tem início no sursis, já no livramento condicional o condenado cumpre parte da pena.
Duração do período da prova: 2 a 4 anos no sursis, no livramento condicional, o restante da pena.
Momento da concessão: o sursis é concedido na sentença, ou no acórdão, enquanto no livramento condicional, durante a execução da pena.
Agravantes:
É o caso de acréscimo da pena, que faz parte da segunda fase de fixação de pena, de acordo com o critério de pena fixa, do Código de 1830, as penas estavam estabelecidas em três graus (máximo, médio e mínimo) o juiz é quem vai decidir esse acréscimo no caso concreto, uma vez que a lei não indica a quantidade de aumento. Na terceira fase de fixação o juiz vai decidir o aumento da pena, com base nos arts. 61 e 62 do Código Penal. Vejamos:
a) Cometem o delito “para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime” – é um elemento subjetivo, já que não tem tipificação, mas quando já faz parte do tipo penal não poderá ser um agravante.
b) O agente ter cometido o crime “à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido” – o injusto sempre é maior quando a vítima encontra-se indefeso, ou quando suas possibilidades de defesa são mínimas, está regra poderá ser atribuída também as alíneas, d,f,h,j. do inciso II do art.61 do Código Penal.
c) Os restantes dos agravantes, corresponde a um maior grau de 
afetação contra a vítima como as alíneas d,e,f,g,i. do inciso II do art. 61 do Código Penal.
d) E o art. 62, nos seus três primeiros incisos, estabelece como agravantes os que no caso de concurso de pessoas, desempenham papéis mais importantes, o mandante, o organizador.
Atenuantes:
Como na segunda fase de fixação da pena, o juiz pode agravar, também poderá diminuir, e as condições para se atenuar uma pena estão nos arts. 65 e 66 do Código Penal. Como exemplo:
O art.65, I do CP não se considera por não ter alcançado o agente os vinte e um anos de idade, mas sim, que o amadurecimento pleno só se alcança ao redor dos vinte e cinco anos. O inc. II do art.65 considera circunstância atenuante o desconhecimento da lei, que como se sabe, ninguém pode alegar desconhecimento da lei, mas se leva em conta que o agente, pode ter um menor grau de compreensão da antijuricidade. 
Circunstâncias político-criminais: se relaciona a um comportamento posterior a prática do delito, são elas: “procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano” (art.65, III, b), e “confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime” (art.65, III, d).
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Conceito:
Condenação é o ato exclusivo do Poder Judiciário, que representado por um de seus membros, obedecendo ao devido processo legal, aplica por sentença uma pena, ao agente responsável por um ato típico e ilícito.
Efeitos principais:
São as penas como, privativas de liberdade, restritivas de direitos, pecuniárias, e ainda, as medidas de segurança aos semi-imputáveis. A imposição da sanção penal, sem dúvida, é o principal efeito de condenação.
Efeitos secundários:
Conhecido também como, efeitos mediatos, acessórios, reflexos ou indiretos, os efeitos secundários se dividem, em penais e extrapenais.
Natureza penal: Conta-se assim no Código Penal:
a) Caracterização da reincidência, se posteriormente for praticado novo crime, com todas as conseqüências daí resultante. (arts. 63 e 64)
b) Fixação de regime fechado para cumprimento da pena privativa de liberdade. (art. 33, §2°)
c) Configuração de maus antecedentes (art. 59)
d) Revogação, obrigatória ou facultativa, do sursis e do livramento condicional (arts. 77, I e §1°, 86, caput, e 87)
e) Aumento ou interrupção do prazo da prescrição da pretensão executória (arts. 110, caput, e 117, VI)
f) Revogação da reabilitação (art. 95)
g) Conversão da pena restritiva de direitos por privativa de liberdade (art. 44, §5°)
h) Vedação da concessão de privilégios a crimes contra o patrimônio (arts. 155, §2°, 170 e 171, §1°)
Natureza extrapenal:
1)Genéricos: recai sobre todos os crimes, é efeito automático em toda condenação, ou seja, não precisa estar expresso na sentença.
1.1)Reparação do dano: quando cometido um crime, são acarretados duas responsabilidades ao autor, uma civil e outra penal, e o juiz ao proferir a sentença condenatória, obrigatoriamente fixará o valor mínimo para reparação de danos causado pela infração.
1.2)Confisco: esse está previsto no art.91, II, do Código Penal.
2)Específicos: são indicados pelo art.92 do Código Penal, é aplicado somente em determinados crimes, e não são automáticos, é necessário estar expresso na sentença condenatória para produzir efeito.
2.1) Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: previsto no art.92, I, do Código Penal. Esse não é automático deve ser declarado na sentença, e é permanente, já que reabilitado,jamais poderá ocupar o cargo, função ou mandato, salvo se o recuperar por investidura legítima.
2.2) Perda do cargo de membro vitalício do Ministério Público: “Os membros do Ministério Publico da União, após dois anos de efetivo exercício, só poderão ser demitidos por decisão judicial transitada em julgado”(art.208 da Lei Complementar 75/1993).
2.3) Inabilitação para dirigir veículo: São três requisitos: (1) crime deve ser doloso, (2) utilização do veículo como meio de execução, (3) declaração expressa na sentença. Mas essa inabilitação não é permanente, é passível de ser atingida pela reabilitação.
REABILITAÇÃO
Conceito:
É promover a reinserção social do condenado, garantindo o sigilo de seus antecedentes criminais, e a suspensão condicional de determinados efeitos secundários de natureza extrapenal e específicos da condenação.
Cabimento:
Só cabe reabilitação quando existir sentença condenatória com trânsito em julgado, cuja pena tenha sido executada ou esteja extinta.
Modalidades de reabilitação no Código Penal:
Sigilo do processo e da condenação: o art. 202 da Lei de Execução Penal, estatui que após cumprida ou extinta a pena, assegura sigilo total sobre o processo, mas não é absoluto, pois condenações anteriores deverão ser mencionadas, quando requisitadas as informações pelo juiz.
Suspensão dos efeitos extrapenais específicos: está previsto no art.92 do Código Penal. A suspensão desses efeitos é condicional, porque o reabilitando exige-se o cumprimento de condições para retornar à situação em que estava previamente à condenação.
Revogação:
“A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa”. É o que diz o art. 95 do Código Penal.
Bibliografia:
ZAFFARONI, Eugenio Raul; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro. 6. ed.rev. e atual. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2006.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. 8ed. São Paulo, Saraiva, 2006.
MASON, Cleber. Direito penal esquematiza – parte geral. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo, Método, 2009. 
Sursis
Suspensão Condicional da Pena ou Sursis é um instituto de direito penal com a finalidade de permitir que o condenado não se sujeite à execução de pena privativa de liberdade de pequena duração, ou seja, permite que, mesmo condenada, uma pessoa não fique na cadeia. Sursis quer dizer suspensão derivado de surseoir, que significa suspender.
Se o juiz define o prazo de dois anos para o sursis, o condenado ficará durante esse período em observação. Se não praticar nova infração penal e cumprir as determinações impostas pelo juiz, este, ao final do período de prova, determinará o fim da pena. Se durante o período de prova houver revogação do sursis, o condenado cumprirá a pena que se achava com a execução suspensa.
Vantagens
Muito se temia, em relação ao sursis, pois o condenado não ficava na cadeia, o que pareceria com impunidade e estimularia o condenado a praticar novos crimes. Na prática, porém, demonstrou-se serem infundados tais temores; ao contrário, trouxe vantagens na aplicação da justiça, por evitar o contato de réus condenados por pequenos crimes com delinqüentes de grande periculosidade. Favoreceu até a certeza da punição, impedindo que juízes, temerosos de promiscuidade dos delinqüentes nas prisões, absolvessem freqüentemente acusados de crimes leves e que nenhuma periculosidade apresentavam.
Nossos legisladores, ao adotarem a suspensão condicional da pena, aproximaram-se do sistema a que podemos chamar belga-francês, que consiste em o juiz proferir a condenação, suspendendo ao mesmo tempo a execução penal por determinado prazo e mediante condições.
Origem
A suspensão condicional da pena nos moldes, da que possuímos, surgiu na França com o projeto Bèrander, que foi origem do chamado sistema continental europeu, ao qual nos filiamos.
O artigo 77 do CP especifica que a pena pode ser suspensa. Isso significa que o juiz pode arbitrariamente suspender a pena ou negar a suspensão, de acordo com sua apreciação. De acordo com o sistema das nossas leis penais, o juiz tem liberdade de apreciação para decidir sempre que ele deve se pronunciar.
Natureza
Quanto à natureza do instituto, ocorre ainda, que é a de condição pessoal, já que a execução da pena fica subordinada a acontecimento futuro, não cumprida a cláusula imposta à indulgência deixa de haver lugar executando-se a pena. Difere, portanto do indulto, que e perdão definitivo e da prescrição que consiste na perda do direito de agir pela negligencia.
Com efeitos, a lei manda que se atenda aos antecedentes do condenado, não apenas os judiciais, mas também a vida pregressa, com os antecedentes familiares e sociais. Considera-se também, a personalidade, isto e, a índole, os motivos, que são as razões por que a vontade se determina e que constituem a pedra de toque da personalidade e as circunstâncias que rodeiam o delito e que se referem ao modo de agir, atitude durante o fato.
Período de prova
No período de prova, no primeiro ano, o condenado deverá prestar serviços comunitários (art.46 CP) e/ou submeter-se a limitação de fins de semana (art.48 CP).
Portanto, no tocante às condições obrigatórias, o juiz deverá, ao conceder o sursis, fazer a escolha entre as hipóteses previstas nos § 1º e 2º do art.78, c, impondo uma das três para o primeiro ano.
A prorrogação desse lapso de prova é obrigatória, nos termos do § 2 do art.81 do CP, sempre que durante esse período, o condenado estiver sendo processado.
Benefício
O sursis se apresenta como direito público subjetivo do réu e tem caráter sancionatório. A fiscalização do cumprimento das condições impostas é atribuída ao serviço social penitenciário patronato, conselho da comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de serviços, inspecionados pelo conselho penitenciário, pelo MP, ou ambos (art.158 § 3º LEP).
Sursis especial
Nos termos legais, a suspensão condicional da pena é benefício que permite não executar a pena privativa de liberdade, aplicada quando o condenado preenche determinados requisitos e se submete às condições estabelecidas na lei e pelo juiz.
Nos termos do art. 77 do CP, a execução da pena privativa de liberdade, não superior a dois anos, poderá ser suspensa por 2 a 4 anos, desde que o condenado preencha determinados requisitos.
Nos termos da lei vigente, existem agora duas espécies de suspensão condicional da pena.
• I.O sursis simples; que tem como condição obrigatória a prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana. 
• II. O sursis especial; em que tem como condição e substituição por uma ou mais de outras estabelecidas na lei prevê a lei, o chamado sursis etário, simples ou especial, que permite a concessão do beneficio aos condenados maiores de 70 anos, com um prazo de prova de 4 a 6 anos. 
Não se confunde a suspensão condicional da pena (sursis), com a suspensão condicional do processo instituto criado pelo art.89 da lei 9099 de 26/06/95, que dispõe sobre os juizados especiais civis e criminais.
Este se aplica, aos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, por proposta do Ministério Público, antes do oferecimento da denúncia e com prazo de 2 a 4 anos, desde que o condenado, não esteja sendo processado, ou não tenha sido condenado por outro crime, presente os demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da pena previstos no art.77 do CP.
Requisitos objetivos
Pressupostos objetivos são, a natureza e a qualidade da pena (art.77 caput do CP) e o não cabimento da substituição por pena restritiva de direitos (art.77, III do CP).
Em primeiro lugar, concede-se o sursis somente ao condenado a pena privativa de liberdade, veda-se expressamente a suspensão da execução das penas de multa e restritiva de direitos (art.80 CP). Beneficiam-se, portanto somente os condenados, as penas de reclusão, detenção e prisão simples (nas contravenções). Permite-se a concessão dobeneficio, a pena privativa de liberdade que não seja superior a dois anos, incluída nesse limite a soma das penas aplicadas, em virtude de conexão ou continência.
Excedendo de dois anos, a pena cumulativamente aplicada não pode o sentenciado ser beneficiado com o sursis, pouco importando, que qualquer delas, isoladamente, consideradas não exceda o limite a que se refere o art.77 do CP.
Para a concessão do sursis especial, menos oneroso que o comum, exige-se mais um requisito objetivo, ter o condenado reparado o dano, causado pelo crime, salvo se estiver impossibilidade de fazê-lo (art.78 § 2º do CP).
Exigindo-se, por fim, que sejam inteiramente favoráveis ao condenado às circunstâncias do art.59 do CP, entre os quais estão alguns de caráter objetivo, como as conseqüências do crime, o comportamento da vítima ou outras que o juiz entender pertinentes.
Requisitos subjetivos
Os requisitos subjetivos da suspensão condicional da pena estão previstos no art.77, I e II do CP.
Em primeiro lugar, é necessário que o condenado não seja reincidente em crime doloso.
De acordo com o art. 63 do CP, só há reincidência nos casos em que o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que condenar o agente. Assim, é possível que a suspensão condicional da pena seja aplicada ao réu que já foi anteriormente condenado, desde que a sentença condenatória (do crime antecedente) transite em julgado após o cometimento do crime pelo qual está sendo julgado e com base no qual se está concedendo o sursis. Nesses casos, é bom que se antecipe, tratando-se de condenação por crime doloso, o sursis deverá ser obrigatoriamente revogado (art. 81, I do CP); e, tratando-se de condenação por crime culposo, por contravenção, a revogação do sursis será facultativa (art. 81, §1º do CP). Vale lembrar que é possível a concessão àquele que, condenado anteriormente, só cometeu o ilícito (com base no qual o sursis poderá ser concedido) após o decurso do prazo de cinco anos, contados a partir da data do cumprimento ou extinção da pena do delito antecedente, computado o tempo do sursis ou do livramento condicional anteriores (art. 63 do CP).
O sursis também poderá ser concedido ao condenado reincidente, em crime culposo, independentemente de ambos os crimes (antecedente e posterior) ou só um deles configurar crime de tipo culposo.
O segundo pressuposto subjetivo reporta-se à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social e personalidade do agente, bem como, aos motivos e às circunstâncias (art.77, II do CP). Dessa forma, mesmo que o agente não seja reincidente, condenações anteriores ou envolvimento em inúmeros processo-crimes podem, se assim o entender o juiz, impossibilitar a concessão da suspensão condicional da pena.
Sursis especial
Para a concessão do sursis especial, além de tudo, exige-se que as circunstancias do art.59 do código penal sejam inteiramente favoráveis, ao condenado (art.78 §2º do CP).
A segunda espécie de suspensão condicional da pena prevista pelo artigo e o chamado sursis especial, quando as circunstâncias do crime forem totalmente favoráveis ao condenado e tiver ele reparado o dano causado pelo crime, quando possível fazê-lo, sem tal reparação e inadmissível a concessão do benefício especial. Concedido tal benefício fica o condenado o sujeito obrigatoriamente, as condições do art.78 § 2º alíneas a, b, c.
Isso significa dizer que, e vedada a, aplicação de condições que importem em violação aos direitos fundamentais da pessoa humana ou se encontre subordinadas a fatores alheios ao condenado.
Sursis simultâneo
Nada impede que uma pessoa possa obter duas ou mais vezes, sucessivamente, a suspensão condicional das penas a ela impostas, diante da adoção do critério da pluralidade para o efeito da reincidência, decorridos mais de cinco anos entre o cumprimento ou a extinção da pena (art.64, I do CP).
Também é possível a concessão sucessiva ainda que não decorridos os cinco anos, ou seja, mesmo que o condenado seja reincidente, quando um ou ambos os crimes forem culposos.
Condições legais
Algumas leis especificam, minuciosamente as condições a que fica subordinado o beneficio do sursis, e que não obedecidas podem causar a revogação do beneficio. A lei penal brasileira estabelece um sistema em que, além das condições legais expressamente mencionadas ou decorrentes implicitamente do texto, podem ser impostas outras a critério do juiz e que, por isso são chamadas condições judiciais.
Modificações das condições
Pode o juiz, a qualquer tempo, modificar as condições e regras estabelecidas na sentença, em que se concede a suspensão condicional da pena.
Pode ocorrer que o sentenciado, perante a entidade fiscalizadora ou se dirigindo diretamente ao juiz, faça sentir a necessidade, de alteração de qualquer das condições especificas originariamente.
Em qualquer das hipóteses de alteração, é obrigatório que seja ouvido previamente o condenado, que poderá apresentar sua versão dos fatos, justificar suas atitudes, apontar as razões para a modificação pretendida ou cancelamento de uma condição judicial.
As alterações devem ser comunicadas ao condenado em audiência especialmente designada, procedendo-se a nova advertência.Tendo em vista, o princípio da proibição reformatio in pejus, não pode o juiz alterar as condições do sursis para efeitos de impor situação mais gravosa ao condenado.
No sursis especial, pode-se impor entre outras condições a proibição ao condenado de ausentar-se da comarca onde reside sem prévia autorização do juiz, o condenado que esteja submetido à suspensão condicional da pena não pode mudar de residência sem a devida comunicação, essa restrição decorre da própria natureza do benefício, já que o condenado está submetido, a fiscalização do cumprimento das condições impostas.
O prazo do sursis começa a correr da audiência admonitória, conta-se o dia do início, já que se trata de matéria de direito penal (art.10 do CP). O prazo é fatal e improrrogável, salvo nas hipóteses previstas expressamente no art.81 § 2º e 3º do CP.
Revogação
A suspensão da pena é condicional e, assim, pode ser revogada se não forem obedecidas as condições, nos termos em que a lei estabelecer devendo o sentenciado nessa hipótese, cumprir integralmente a pena que lhe foi imposta.
Existem causas de revogação obrigatória e de revogação facultativa do sursis.
Revogação obrigatória
A primeira causa de revogação obrigatória ocorre quando o beneficiário, no curso do prazo, “é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso” (art.81, I do CP).
A segunda causa de revogação obrigatória do sursis ocorre quando o beneficiário frustrar, embora solvente a execução da pena de multa (art.81, II – segunda, hipótese do CP). Comprovada a impossibilidade de revogação, por dificuldades econômicas ou outra causa não se pode revogar o benefício.
Por fim, revoga-se obrigatoriamente o sursis, quando o condenado descumpre a condição do art.78 §1º do CP: "No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (Art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (Art. 48)".
Diante da nova redação do art.51 do CP, não há como substituir a frustração da execução da pena de multa como causa obrigatória de revogação da suspensão condicional da pena.
Revogação facultativa
As causas de revogação facultativa do sursis estão previstas no art.81 §1º do CP. Pode a suspensão ser revogada, em primeiro lugar se o condenado deixar de cumprir qualquer das condições impostas.
Refere-se a lei às condições jurídicas previstas no art.79 do CP, bem como aquelas escolhidas pelo magistrado entre as do art.78 § 2º do CP quando, de concessão do sursis especial.
A condenação irrecorrível por crime culposo ou contravenção penal e do descumprimento da prestação de serviços, a comunidade ou limitação de fim de semana, acarretam a revogação obrigatória do beneficio.
Efeitos da revogação
O condenado deve cumprir as condições durante o período de prova. Se não as cumpre, revoga-se o sursis, devendo cumprir por inteiro a penaprivativa de liberdade que se encontrava com a sua execução suspensa.
O sursis é uma forma de execução da pena de modo que durante a sua vigência a sentença penal produz efeitos que perduram até a reabilitação. O período de prova consiste no lapso temporal durante o qual o condenado ficará obrigado ao cumprimento das condições impostas, como garantia de sua liberdade.
Finalidade
O sursis é medida de política criminal, que tem o fim de estimular o condenado a viver, doravante de acordo com os imperativos sociais cristalizados na lei penal, donde logicamente para ser concedido é necessário haver convicção de que a semente será lançada em bom terreno.

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