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suspensão condicional da pena Sursis é a suspensão condicional da pena privativa de liberdade, na qual o réu, se assim desejar, se submete durante o período de prova à fiscalização e ao cumprimento de condições judicialmente estabelecidas. → NATUREZA JURÍDICA: A posição dominante é de que é um benefício, na qual o condenado cumpre a pena que lhe foi imposta, de forma menos gravosa. → REQUISITOS: Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: I - o condenado não seja reincidente em crime doloso; II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. a) Requisitos Objetivos → Natureza da pena: A pena deve ser privativa de liberdade. Art. 80, CP - A suspensão não se estende às penas restritivas de direitos nem à multa. **O sursis não se aplica a hipótese alguma a medida de segurança → Quantidade da pena aplicada: a pena concreta, não pode ser superior a dois anos. Se tratando de concurso de crimes, seja qual for sua espécie, a pena resultante da pluralidade de infrações penais não pode ultrapassar o limite legal. Além disso, o concurso de crimes, por si só, não exclui a suspensão condicional da pena. Contudo, há situações em que o CP e as leis especiais admitem o sursis para condenações superiores a dois anos, exemplo: (i) se tratando de condenado maior de 70 anos de idade, ao tempo da sentença ou acórdão (sursis etário) ou com problemas de saúde (sursis humanitário), a pena aplicada pode ser igual ou inferior a quatro anos; (ii) nos crimes ambientais, a execução da pena privativa de liberdade pode ser condicionalmente suspensa nas condenações iguais ou inferiores a 3 anos. → Que não tenha sido a pena privativa de liberdade substituída por restritiva de direitos. O inciso III do art. 77 do Código Penal evidencia ser o sursis subsidiário em relação às penas restritivas de direitos, por ser menos favorável ao condenado. *Em regra, quando cabível o sursis, será também possível a substituição da pena privativa de liberdade nos moldes do art. 44 do CP, mais vantajosa ao réu. Remanesce o sursis para raras hipóteses, tal como quando o réu, não reincidente em crime doloso, for condenado à pena privativa de liberdade igual ou inferior a dois anos por delito cometido com o emprego de violência à pessoa ou grave ameaça. b) Requisitos Subjetivos - Réu não reincidente em crime doloso, salvo se a condenação anterior foi exclusivamente a pena de multa. Art. 77, § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. Súmula 499 STF: “Não obsta a concessão do "sursis" condenação anterior à pena de multa.” - Que a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias do crime, autorizem a concessão do benefício. *A análise precisa ser feita exclusivamente no caso concreto. A existência de outras ações penais em trâmite contra o réu, embora não lhe retirem a primariedade, pode impedir a suspensão condicional da pena pelo não preenchimento do requisito subjetivo contido no inciso II do art. 77 do CP. Veja-se: PODE impedir, mas não impede automaticamente! O STF já decidiu que uma única ocorrência penal não é motivo suficiente para impedir a concessão do sursis. → MOMENTO ADEQUADO PARA A CONCESSÃO DO SURSIS: Art. 157, LEP. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar pena privativa de liberdade, na situação determinada no artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue. Ou seja, o cabimento ou não do sursis deve ser analisado, de maneira fundamentada, na sentença ou no acórdão. *O juízo da execução, em regra, não pode conceder a suspensão condicional da pena, por ser questão que deve ser solucionada durante o trâmite da ação penal. Porém, é possível a denegação dessa matéria ao juízo da execução quando a ação penal não apresentar elementos probatórios suficientes para decidir se o condenado preenche ou não os requisitos legalmente exigidos para a medida. Ou também, o juízo da execução poderá conceder o sursis quando, por força de fato superveniente, à sentença ou o acórdão, desaparecer o motivo que obsta a sua concessão. Art. 66. Compete ao Juiz da execução: III - decidir sobre: d) suspensão condicional da pena; → ESPÉCIES DE SURSIS: A) sursis simples: - quando o condenado não houver reparado o dano, injustificadamente; - as circunstâncias do art. 59 do CP não lhe forem inteiramente favoráveis. - no primeiro ano do período de prova, o condenado deverá prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de semana (cabe escolha do magistrado). B) sursis especial - o condenado reparou o dano (salvo impossibilidade de fazê-lo). - As circunstâncias do art. 59, CP não lhe forem inteiramente favoráveis. - em regra, o condenado não presta serviço à comunidade nem se submete a limitação de final de semana, porque o juiz pode substituir essa exigência por outras condições cumulativas: proibição de frequentar determinados lugares e de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz, e comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. ATENÇÃO: Não é possível a cumulação das condições do sursis simples e especial. → CONDIÇÕES: A suspensão da pena é CONDICIONAL, ou seja, depende de condições. Sursis simples § 1º - No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48). Essa é a condição legal obrigatória durante o primeiro ano do período de suspensão. Sursis especial Devem ser cumpridas no primeiro ano do período de suspensão: proibição de frequentar determinados lugares e de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz, e comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições (além dessas) a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. → Condições judiciais: jamais podem ser vexatórias ou abusivas, não se admitindo que violem direitos fundamentais do condenado. → Condições legais indiretas: autorizam a revogação do sursis. (Revogação obrigatória, art. 81, CP). → SURSIS INCONDICIONADO: O CP não admite o sursis sem condições. Se o juiz se esquecer de lançar as condições na sentença condenatória, a acusação deve recorrer para que a decisão seja reformada pela instância superior. → PERÍODO DE PROVA: É o intervalo de tempo fixado na sentença condenatória concessiva do sursis, no qual o condenado deverá revelar boa conduta e cumprir com as condições impostas pelo Judiciário. Regra geral: varia de 2 a 4 anos (Art. 77, CP- A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos). *A fixação do período de prova acima do previsto legalmente deve ser justificada, sob pena de nulidade e redução pela instância superior. *O período de prova tem início com a audiência admonitória (também conhecida como audiência de advertência), realizada pelo juiz depois do trânsito em julgado da condenação. Art. 160. Transitada em julgado a sentença condenatória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, advertindo-o das conseqüências de nova infração penal e do descumprimento das condições impostas. Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte) dias,o réu não comparecer injustificadamente à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será executada imediatamente a pena. 1 a 3 anos Lei das Contravenções Penais 2 a 4 anos - Sursis comum - Lei dos crimes ambientais 2 a 6 anos Lei de Segurança Nacional 4 a 6 anos Sursis etário ou humanitário ART. 77, § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. → FISCALIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES IMPOSTAS DURANTE O PERÍODO DE PROVA: ART. 158, § 3º A fiscalização do cumprimento das condições, reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal por normas supletivas, será atribuída a serviço social penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de serviços, inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério Público, ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por ato, a falta das normas supletivas. → REVOGAÇÃO: Com a revogação do sursis, o condenado deverá cumprir integralmente a pena privativa de liberdade que se encontrava suspensa, observando-se o regime prisional (fechado, semiaberto ou aberto), determinado na sentença. Não se considera o tempo em que permaneceu no período de prova, ainda que nesse intervalo tenha cumprido as condições impostas. a) OBRIGATÓRIA Decorre da lei. É dever o juiz decretá-la, não havendo margem para discricionariedade acerca da decisão de manter ou não suspensa. Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. b) FACULTATIVA Art. 78, § 2° Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste Código lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: a) proibição de freqüentar determinados lugares; b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do condenado. Juiz tem liberdade para revogar ou não o benefício. Ao invés de decretá-la o juiz pode prorrogar o período de prova até o máximo, se este ainda não foi fixado. Art. 81, §1º - § 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. **Condições indicadas nos artigos 78, §2º e 79: **Atenção: o descumprimento das condições arroladas no art. 78, §1º, enseja a revogação obrigatória do sursis. **Condenação irrecorrível: a condenação em trânsito em julgado, por crime culposo ou contravenção penal, a pena privativa de liberdade, somente comportará a manutenção do sursis quando for imposto o regime prisional aberto para o seu cumprimento. **DA OBRIGATÓRIA: I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso; ● É causa da revogação a prática de crime doloso antes ou durante o período de prova, pois a lei fala em condenação irrecorrível durante o prazo de suspensão condicional da pena. Pouca importa o momento da prática do delito.O fato decisivo é o tempo do trânsito em julgado da condenação. ● Também é pacífico o entendimento de que a condenação irrecorrível à pena de multa não autoriza a revogação do benefício, mesmo se tratando de crime doloso.Se a condenação a esse tipo de pena não impede o sursis, por igual fundamento não se pode revogá-lo. ● Conforme súmula 18 do STJ, a sentença que concede o perdão judicial pela prática de crime doloso não revoga o sursis, pois não é condenatória, mas declaratória de extinção de punibilidade. SÚMULA 18 - SENTENÇA CONCESSIVA DO PERDÃO JUDICIAL É DECLARATÓRIA DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, NÃO SUBSISTINDO QUALQUER EFEITO CONDENATÓRIO. II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; Em relação a inadimplência da multa, há duas posições acerca da possibilidade de revogação do susis: a. Não é possível. A multa deve ser tratada como dívida de valor. Como não pode ser convertida em prisão, sua inadimplência não justifica a revogação da suspensão condicional da pena. b. É possível. A pena privativa de liberdade já foi imposta e o sursis não se confunde com a pena de multa. **Prevalece o entendimento de que, se depois de revogado o benefício, o condenado paga a multa, é permitido o seu restabelecimento. **A lei determina a revogação do sursis em caso de ausência injustificada da reparação do dano. III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste Código. Ou seja, o descumprimento da prestação de serviço à comunidade ou da limitação de fim de semana, no primeiro ano do período de prova do sursis simples. → REVOGAÇÃO DO SURSIS E PRÉVIA OITIVA DO CONDENADO: Em respeito ao princípio da ampla defesa e do contraditório, entende-se que o condenado deve ser ouvido antes da revogação do benefício, conferindo a ele a oportunidade para justificar eventual manutenção da suspensão condicional da pena. **Entretanto, será impertinente e desnecessária essa oitiva quando for a condenação irrecorrível por crime doloso ou culposo, ou por contravenção penal. → CASSAÇÃO DO SURSIS (atenção: não é a mesma coisa que revogação): se verifica quando o benefício fica sem efeito antes do início do período de prova. Não se confunde com a revogação, que somente pode ser decretada durante a suspensão condicional da pena. Pode ocorrer por quatro hipóteses: 1. O condenado não comparece, injustificadamente, à audiência admonitória (Art. 161, LEP - Se, intimado pessoalmente ou por edital com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer injustificadamente à audiência admonitória, a suspensão ficará sem efeito e será executada imediatamente a pena). 2. O condenado renuncia ao benefício → o cumprimento do sursis é vinculado à aceitação do condenado, podendo o réu preferir o cumprimento da pena. 3. O réu é irrecorrivelmente condenado à pena privativa de liberdade não suspensa. ● condenação à prisão durante o período de prova → causa de revogação do sursis ● quando o trânsito em julgado ocorrer antes do início do período de prova, pois é incompatível o cumprimento simultâneo da pena em regime fechado ou semiaberto e do sursis. 4. A pena privativa de liberdade é majorada em grau de recurso de acusação, passando de dois anos. → SURSIS SUCESSIVOS: é concedido ao réu que, anteriormente, teve a sua pena privativa de liberdade extinta em razão do cumprimento integral do sursis originário da prática de outra infração penal. Essa situação é possível quando o agente, após cumprir a suspensão condicional da pena, comete crime culposo ou contravenção penal. Por não ser reincidente em crime doloso, é permitida a concessão de novo sursis. → SURSIS SIMULTÂNEOS: cumpridos ao mesmo tempo.Pode ocorrer em duas hipóteses: 1. O réu, durante o período de prova, é irrecorrivelmente condenado por crime culposo ou contravenção penal a pena privativa de liberdade inferior ou igual a dois anos. Pode ser concedido a ele um novo sursis, porque não é reincidente em crime doloso, e nada impede a manutenção do sursis anterior, porque a revogação é facultativa. 2. Antes do início do período de prova é condenado pela prática de crime doloso, sem ser reincidente e obtém novo sursis. O sursis anterior é preservado, porque a condenação por crime doloso apenas revoga quando o seu trânsito em julgado se verificar durante o período de prova. → PRORROGAÇÃO DO PERÍODODE PROVA: É a situação em que a duração da suspensão condicional da pena excede o prazo do período de prova determinado na sentença condenatória. Prevalece o entendimento de que durante a prorrogação do período de prova não subsistem as condições do sursis. Existem duas hipóteses de prorrogação: ART. 81, § 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo. → é automática a prorrogação, independe de decisão judicial expressa nesse sentido, basta o recebimento da denúncia ou da queixa. *A mera instauração do inquérito policial não autoriza a prorrogação do período de prova. § 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado. → não é automática e precisa de decisão expressa nesse sentido. → TÉRMINO DO PERÍODO DE PROVA E POSSIBILIDADE DE PRORROGAÇÃO E REVOGAÇÃO DO BENEFÍCIO: Se tratando de sentença declaratória, o ato que declara extinta a pena privativa de liberdade (art. 82, CP), pode o juiz depois de encerrado o período de prova, prorrogá-lo por descobrir que o condenado está sendo processado por outro crime ou contravenção penal, para decidir no futuro, se o benefício deve ou não ser revogado? Nesse sentido, existem duas posições: a) É possível a prorrogação (que será automática) → é o entendimento dominante, consagrado pelo STF e STJ. Contudo, a prorrogação será cabível desde que o juiz ainda não tenha declarado extinta a pena privativa de liberdade, com o consequente trânsito em julgado. Já tiver transitado em julgado a declaração de extinção de punibilidade, nada mais poderá ser feito. b) Não se admite a prorrogação. A pena estará automaticamente extinta com o término do período de prova. → EXTINÇÃO DA PENA: Cumprido integralmente o período de prova, sem revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade → Art. 82, CP- “Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade”. A sentença é meramente declaratória e retroage ao dia em que se encerrou o período de prova. Exige-se prévia manifestação do MP, sob pena de nulidade → Art. 67, LEP. O Ministério Público fiscalizará a execução da pena e da medida de segurança, oficiando no processo executivo e nos incidentes da execução. → SURSIS E CRIMES HEDIONDOS E EQUIPARADOS: Em regra, (tráfico de drogas, tortura e terrorismo), são superiores a 2 anos, por se trataram de infrações graves, por isso, seria extrapolado o limite quantitativo para a aplicação da suspensão condicional da pena. Todavia, em tese, podem ocorrer algumas situações em que com a causa de diminuição, a pena estaria dentro do teto previsto no artigo 77 do CP. É cabível? Formaram-se duas correntes: a) É inaplicável o sursis. A dimensão do benefício não se pactua com a natureza do delito. É A POSIÇÃO DOMINANTE. b) É cabível o sursis, que não foi vedado pela Lei de Crimes Hediondos. Não pode o juiz criar restrições não previstas em lei. Também há decisão do STF nesse sentido. → SURSIS PARA ESTRANGEIRO: Nada impede a concessão do sursis ao estrangeiro que se encontra em território nacional, de forma permanente ou transitória, ainda que responda a processo de expulsão por força da prática de crime comum → regra art. 54, §3º, da Lei 13.445/2017 - Lei de Imigração. → SURSIS E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS: enquanto não declara a extinção da sanção penal, o condenado cumprirá, a pena privativa de liberdade. Portanto, estarão presentes os efeitos da condenação criminal e incidirá a suspensão dos efeitos políticos (art. 15, III, CF). → SURSIS E HABEAS CORPUS: O HC não é adequado para se pleitear a concessão do sursis, porque seria necessário analisar as condições impostas no artigo 77, I e II, do CP, e não se admite a dilação probatória nesse remédio constitucional. Exceção: situações teratológicas, como, por exemplo, no caso de um antigo Prefeito a quem é imposta a condição de varrer as ruas do centro da cidade que governou. → SURSIS E DETRAÇÃO PENAL: em primeira análise, o sursis não é compatível com a detração penal. O benefício se destina a impedir a execução de uma pena privativa de liberdade, motivo pelo qual é impossível o desconto do período cumprido a título de prisão provisória do montante da pena imposta, que por estar suspensa, não é objeto do cumprimento pelo condenado. Entretanto, se o sursis for revogado, resultará o cumprimento integral da pena privativa de liberdade, autorizando-se, a partir de então, a aplicação da detração penal e de todos os seus efeitos. → SURSIS E REGIME PENITENCIÁRIO: Em cumprimento ao previsto no art. 59, III, do CP, deve o magistrado estabelecer o regime prisional inicial. E para encontrar o regime prisional adequado, o juiz se apoia nos critérios norteadores indicados no art. 33, §§2º e 3º do CP. Se a pena privativa de liberdade aplicada não foi substituída por restritiva de direitos ou multa, e não ultrapassar dois anos, o juiz ingressa na operação de aferir o cabimento da suspensão condicional da pena. Portanto, o juiz, ao decidir sobre a concessão ou não do sursis, já terá definido o regime prisional para início do cumprimento provisório da pena privativa de liberdade (fechado, semiaberto ou aberto), respeitando o direito do condenado de saber as condições em que cumprirá a sanção penal, caso não aceite o benefício, ou na hipótese de ser este revogado no futuro.
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