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Modelagem de Comportamento para Exercícios

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115 
11 
 
 
Levando um Novo Comportamento a Ocorrer 
através de Modelagem 
 
 
“Carlos, você já foi correr hoje?” 
 
MELHORANDO O COMPORTAMENTO DE EXERCITAR-SE DE CARLOS1 
 
 Após uma aposentadoria precoce aos 55 anos, Carlos decidiu fazer algumas mudanças 
em sua vida. Mas não sabia ao certo por onde começar. Sabendo que tinha que modificar 
alguns de seus antigos hábitos, inscreveu-se num curso de modificação de comportamento 
no centro comunitário local. A seguir, a conselho de seu médico, resolveu iniciar um programa 
regular de exercícios. Carlos, durante toda a vida, sempre foi um sedentário. Tipicamente, 
chegava em casa após o trabalho, pegava uma lata de cerveja e se plantava em frente ao 
aparelho de TV. Carlos deu início ao seu programa de exercícios com uma promessa a sua 
esposa de que correria quatrocentos metros todos os dias. Mas, após algumas tentativas, ele 
voltou a sua rotina sedentária. Sua expectativa foi muito alta para muito pouco tempo. Decidiu, 
então, tentar um procedimento chamado modelagem que havia estudado em seu curso de 
modificação de comportamento. Os três estágios abaixo resumem tal procedimento. 
 
1. Especificar o comportamento final desejado. O objetivo de Carlos era correr quatrocentos 
metros diariamente. Mas, para um sedentário crônico, isso era mais do que se poderia 
esperar. Para atingir tal objetivo, era necessário reforçar antes algum outro 
comportamento. 
2. Identificar uma resposta que possa ser usada como ponto de partida, em direção ao 
comportamento final desejado. Carlos decidiu que, no mínimo, calçaria seus tênis e 
caminharia uma vez ao redor da parte externa da casa (aproximadamente 30 metros). 
Embora isso estivesse longe dos 400 metros, era pelo menos um início. 
3. Reforçar a resposta inicial; depois, realizar tentativas sucessivas e cada vez mais próximas 
à resposta final desejada, até que por fim a resposta desejada seja alcançada. Carlos 
decidiu usar a oportunidade de beber uma cerveja como reforçador. Explicou seu programa 
à esposa e pediu-lhe que o lembrasse de que tinha que completar seu exercício, antes de 
poder tomar uma cerveja. Depois que a primeira aproximação ocorreu em várias tardes 
sucessivas, Carlos aumentou a exigência para andar ao redor da casa duas vezes 
(aproximadamente 60 metros). Alguns dias depois, a distância foi aumentada para 
caminhar ao redor da casa quatro vezes (aproximadamente 120 metros), depois seis vezes 
(180 metros), depois mais e mais, até que a distância fosse de aproximadamente 400 
metros, e depois, finalmente, percorrer essa distância correndo. Carlos alcançou o ponto 
em que corria 400 metros regularmente. (A aplicação de técnicas de modificação de 
comportamento para melhorar o autocontrole é discutida em mais detalhe no Capítulo 26.) 
 
 
MODELAGEM 
 
 Nos dois capítulos anteriores, descrevemos como o treino de discriminação de 
estímulos e o esvanecimento podem ser utilizados para estabelecer controle de estímulo 
 
1
 Este caso se baseia em outro descrito por Watson e Tharp (1997). 
 116 
adequado sobre um comportamento, desde que tal comportamento ocorresse ao menos 
ocasionalmente. Mas o que fazer quando um comportamento desejado nunca ocorre? Em tal 
caso, não é possível aumentar a freqüência do comportamento, apenas esperando que ele 
ocorra e depois o reforçando. No entanto, um procedimento chamado modelagem pode ser 
utilizado para instalar um comportamento que o indivíduo nunca emitiu. O modificador de 
comportamento começa por reforçar uma resposta que ocorre com freqüência superior a zero 
e que se pareça, pelo menos remotamente, com a resposta final desejada. (Carlos, por 
exemplo, foi reforçado inicialmente por caminhar uma vez ao redor da casa porque tal 
comportamento ocorria ocasionalmente e porque se aproximava remotamente do 
comportamento (inexistente) de correr quatrocentos metros.) Quando tal resposta inicial está 
ocorrendo numa freqüência elevada, o modificador de comportamento pára de reforçá-la e 
começa a reforçar uma resposta ligeiramente mais próxima à resposta final desejada. Assim, a 
resposta final desejada é por fim instalada pelo reforçamento de aproximações sucessivas da 
mesma. Por essa razão, a modelagem às vezes é chamada de “método das aproximações 
sucessivas”. A modelagem pode ser definida como o desenvolvimento de um novo 
comportamento através do reforçamento sucessivo de respostas cada vez mais próximas ao 
comportamento final desejado e da extinção das respostas anteriormente emitidas. 
 Os comportamentos que um indivíduo adquire durante a vida se desenvolvem a partir 
de uma variedade de fontes e influências. Às vezes, um comportamento novo se desenvolve 
quando o indivíduo emite algum comportamento inicial e o ambiente (seja o ambiente físico, 
sejam outras pessoas) então reforça variações pequenas de tal comportamento, durante uma 
série de ocorrências. Eventualmente, o comportamento inicial pode ser modelado de maneira 
que a forma final não se pareça mais com ele. Por exemplo, a maioria dos pais utiliza a 
modelagem para ensinar seus filhos a falar. Quando um bebê começa a balbuciar, alguns dos 
sons emitidos se aproximam remotamente de palavras do idioma dos pais. Quando isso 
acontece, os pais geralmente reforçam o comportamento com abraços, carícias, beijos e 
sorrisos. Os sons “mmm” e “paa” recebem, tipicamente, doses excepcionalmente grandes de 
reforço por parte de pais que falam português. Eventualmente, “mã-mã” e “pa-pa” são 
emitidos e são fortemente reforçados, e o “mmm” e o “paa” mais primitivos, são submetidos à 
extinção. Num estágio posterior, o reforço é dado quando a criança diz “mamãe” e “papai”, 
e “mã-mã” e “pa-pa” são colocados em extinção. 
 O mesmo processo ocorre com outras palavras. Primeiro, a criança passa por um 
estágio em que aproximações muito remotas de palavras do idioma dos pais são reforçadas. 
Depois, a criança entra em um estágio em que a fala infantil (ou seja, aproximações mais 
claras de palavras verdadeiras) é reforçada. Finalmente, os pais e outras pessoas exigem que 
a criança pronuncie as palavras de acordo com as práticas da comunidade verbal, antes que o 
reforço seja apresentado. Por exemplo: se uma criança diz “ua” num estágio inicial, lhe é dado 
um copo de água, e se ela está com sede, isso reforça a resposta. Num estágio posterior, 
“aua”, em vez de “au”, é reforçado com água. Finalmente, é exigido que a criança diga 
“água”, antes que o reforçador água seja apresentado. 
 Logicamente, tal descrição simplifica extremamente a maneira pela qual uma criança 
aprende a falar. No entanto, serve para ilustrar a importância da modelagem no processo pelo 
qual crianças normais progridem gradualmente do balbuciar para a fala infantil e, por fim, para 
falar de acordo com as convenções sociais prevalentes. Outros processos que têm papéis 
importantes no desenvolvimento da fala são discutidos em outras partes do livro; por 
 117 
exemplo, o reforçamento automático, descrito no Capítulo 4, a equivalência de estímulos, no 
Capítulo 8, e o esvanecimento no Capítulo 9. 
 Há cinco aspectos ou dimensões do comportamento que podem ser modelados: 
topografia, freqüência, duração, latência e intensidade (ou força). Topografia se refere à 
configuração espacial ou à forma de uma determinada resposta (i.e., os movimentos 
específicos envolvidos). Escrever uma palavra em letra de forma e escrever a mesma palavra 
em letra cursiva são exemplos da mesma resposta, apresentada com duas topografias 
diferentes. A modelagem da topografia ocorre, por exemplo, quando se ensina uma criança a 
passar de uma resposta de escrever emletra de forma, para uma resposta de letra cursiva; ao 
modelar uma criança para falar “Mamãe”, em vez de “Mamã”; ao aprender a patinar com 
passos cada vez maiores, em vez de com pequenos passos curtos; ao modelar os movimentos 
de dedos adequados para comer com hashi2. Um exemplo de um estudo antigo, relacionado 
à modelagem de topografia, envolveu ensinar uma criança a usar seus óculos, através do 
reforçamento de aproximações sucessivas de tocá-los, erguê-los, colocá-los no rosto e, 
finalmente, usá-los (Wolf, Risley e Mees, 1964). 
 Eventualmente nos referimos à freqüência ou à duração de um determinado 
comportamento como quantidade de tal comportamento. A freqüência de um 
comportamento é o número de vezes que ele ocorre em um determinado período de tempo. 
Exemplos de modelagem de freqüência incluem aumentar o número de passos (a distância) 
que Carlos caminhava em seu programa de exercícios; ou aumentar gradualmente o número 
de vezes que um jogador de golfe treina um determinado lance. A freqüência de uma resposta 
também pode ser reduzida por modelagem, como num programa de modificação de 
comportamento em que um paciente com esclerose múltipla aprendeu, através de modelagem, 
a aumentar gradualmente o tempo entre (e, conseqüentemente, reduzir a freqüência de) as 
idas ao banheiro (O’Neill e Gardner, 1983). A duração de uma resposta é o período de 
tempo que ela dura. Exemplos de modelagem de duração incluem estender gradualmente o 
tempo que se passa estudando, antes de fazer um intervalo; ou ajustar gradualmente o tempo 
durante o qual se mistura massa de panquecas para que atinja a consistência correta. 
 Latência se refere ao tempo entre a ocorrência de um estímulo e a resposta evocada 
por tal estímulo. Um termo comum para latência é tempo de reação. Em programas de 
perguntas e respostas na TV, o tempo entre a apresentação de uma pergunta pelo animador e 
até que um participante pressione o botão é a latência do participante em responder àquele 
estímulo em particular. Numa corrida, o tempo entre o disparo da pistola e a saída do atleta 
da marca de largada é a latência da resposta do atleta ao disparo da pistola. A modelagem da 
latência pode fazer com que o atleta reaja mais rapidamente ao som da pistola. 
 A intensidade ou força de uma resposta se refere ao efeito físico que a resposta tem 
(ou potencialmente tem) sobre o ambiente. Como exemplo de modelagem de força, imagine 
um jovem trabalhador agrícola cujo serviço é bombear água de um poço com uma antiga 
bomba de mão. Quando a bomba foi instalada, estava recém-lubrificada e o rapaz aplicava 
uma certa força à manivela; esta se movia facilmente para cima e para baixo, produzindo 
água. Suponhamos, no entanto, que por falta de lubrificação regular a bomba tenha 
gradualmente adquirido um pouco de ferrugem. A cada dia, o rapaz provavelmente aplica 
aproximadamente a mesma força que aplicara no dia anterior. Quando tal força não for mais 
reforçada pela produção de água, porque o acréscimo da pequena quantidade de ferrugem 
 
2
 Utensílios (par de varetas) que japoneses e chineses utilizam para levar a comida à boca (N. da T.). 
 118 
tornou a manivela da bomba mais difícil de movimentar, o rapaz provavelmente aplicará um 
pouco mais de força e perceberá que isso dá resultado. Com o decorrer de vários meses, o 
comportamento do rapaz é modelado gradualmente, de forma que ele pressiona com muita 
força na primeira tentativa, o que é um comportamento final bem diferente do comportamento 
inicial. Outros exemplos de modelagem de intensidade incluem aprender a cumprimentar com 
um aperto de mão mais firme e aprender a aplicar a força ideal ao se coçar, a fim de aliviar a 
coceira sem prejudicar a pele. Um exemplo de modelagem de intensidade, em um programa 
de modificação de comportamento, envolveu ensinar uma menina socialmente retraída, cuja 
fala mal se podia ouvir, a falar cada vez mais alto, até chegar a um volume normal de voz 
(Jackson e Wallace, 1974). Ver Tabela 10-1 para um resumo das dimensões do 
comportamento. 
 A modelagem é tão comum na vida diária, que a maioria das pessoas nem têm 
consciência dela. Às vezes, o procedimento de modelagem é aplicado sistematicamente 
(como no caso de Carlos), às vezes não sistematicamente (como quando os pais modelam a 
pronúncia correta das palavras ditas por seus filhos) e, às vezes, a modelagem ocorre devido 
às conseqüências existentes no ambiente natural (você aperfeiçoa gradualmente seu método 
para virar as panquecas na frigideira). 
 É preciso cuidado para evitar confusão entre modelagem e esvanecimento. Ambos 
são procedimentos de mudança gradual. No entanto, como descrito no Capítulo 9, o 
esvanecimento envolve o reforçamento de uma resposta específica na presença de ligeiras 
mudanças num estímulo, de maneira que o estímulo venha gradualmente a se parecer com 
aquele que você que r que controle aquela resposta em particular. A modelagem, por sua vez, 
envolve o reforçamento de ligeiras mudanças no comportamento, de maneira que ele venha 
gradualmente a se parecer com o comportamento-alvo. 
 
 
FATORES QUE INFLUENCIAM A EFICÁCIA DA MODELAGEM 
 
1. Especificando o Comportamento Final Desejado 
 
 O primeiro estágio da modelagem é identificar claramente o comportamento final 
desejado, que muitas vezes é chamado de comportamento terminal. No caso de Carlos, o 
comportamento final desejado era correr quatrocentos metros todos os dias. Com uma 
definição tão específica quanto essa, havia pouquíssima possibilidade de que Carlos ou sua 
esposa desenvolvessem expectativas diferentes a respeito do desempenho dele. Caso as 
diferentes pessoas que estão trabalhando com o mesmo indivíduo esperem coisas diferentes, 
ou se uma das pessoas não for consistente, de uma sessão de treinamento para a próxima, 
então é provável que o progresso seja lento. Uma identificação exata do comportamento final 
desejado aumenta as chances de reforçamento consistente das aproximações sucessivas de tal 
comportamento. O comportamento final desejado deve ser determinado de maneira que 
todas as características relevantes do mesmo (sua topografia, quantidade, latência e 
intensidade) sejam identificadas. Além disso, as condições sob as quais o comportamento 
deve ou não ocorrer têm que ser determinadas, e quaisquer outras diretrizes eventualmente 
necessárias para a consistência devem ser fornecidas. 
 
Anotação 1 
 119 
2. Escolhendo um Comportamento Inicial 
 
 Como o comportamento final desejado inicialmente não ocorre e como é necessário 
reforçar algum comportamento que se aproxime dele, você deve identificar um ponto de 
partida. Este deve ser um comportamento que ocorra com freqüência suficiente para ser 
reforçado dentro do tempo de duração da sessão e deve se assemelhar ao comportamento 
final desejado. Por exemplo: o comportamento de Carlos de andar ao redor da casa uma vez 
(aproximadamente 30 metros) é algo que ele fazia periodicamente. Esse era o comportamento 
mais próximo, entre os que ele regularmente emitia, do objetivo final de correr quatrocentos 
metros. 
 Num programa de modelagem, é crucial saber não apenas onde você está indo (o 
comportamento terminal), mas também o nível de desempenho do indivíduo no início do 
programa. O objetivo do programa de modelagem é passar do comportamento atual para o 
desejado através do reforçamento de aproximações sucessivas, ainda que os dois 
comportamentos sejam muitos dessemelhantes. Por exemplo: num estudo clássico, Isaacs, 
Thomas e Goldiamond (1960) aplicaram modelagem para reinstalar comportamento verbal 
em um homem esquizofrênico catatônico que estivera mudo por 19 anos.Usando goma de 
mascar como reforçador, o pesquisador acompanhou o paciente através de passos de 
modelagem que avançaram de movimento de olhos em direção à goma de mascar, para 
movimentos faciais, movimentos de boca, movimentos de lábios, vocalizações, emissão de 
palavras até, finalmente, a fala compreensível. 
 
3. Escolhendo os Passos da Modelagem 
 
 Antes de iniciar o programa de modelagem, é de grande auxílio planejar as 
aproximações sucessivas através das quais a pessoa será conduzida, na tentativa de se 
aproximar do comportamento final desejado. Por exemplo: suponha que o comportamento 
final desejado, num programa de modelagem para uma criança, seja dizer “papai”. Foi 
observado que a criança diz “paa”, e tal resposta é definida como comportamento inicial. 
Suponhamos que tenhamos decidido partir do comportamento inicial “paa”, passando pelas 
seguintes etapas: “pa-pa”, “papa”, “papi” e “papai”. Inicialmente, o reforço é apresentado 
durante algumas vezes diante da emissão do comportamento inicial (“paa”). Quando tal 
comportamento estiver ocorrendo repetidamente, o treinador passa para a etapa 2 (“pa-pa”) 
e reforça tal aproximação durante várias ocorrências. Tal procedimento passo a passo 
continua, até que a criança finalmente diga “papai”. 
 Quantas aproximações sucessivas deve haver? Em outras palavras, qual o tamanho 
razoável para cada passo? Infelizmente, não há diretrizes específicas para identificar o 
tamanho ideal de cada passo. Ao tentar especificar as etapas comportamentais, do 
comportamento inicial até o comportamento terminal, o modificador de comportamento pode 
tentar pensar nos passos ele próprio seguiria. Além disso, algumas vezes é útil observar 
aprendizes que já conseguem emitir o comportamento terminal e pedir-lhes que emitam o 
comportamento inicial e as aproximações subseqüentes. Quaisquer que sejam as diretrizes ou 
hipóteses usadas, é importante tentar mantê-las e, ao mesmo tempo, ser flexível caso o 
treinando não avance rápido o bastante ou esteja aprendendo mais rápido do que era 
Anotação 2 
 120 
esperado. Algumas diretrizes a serem seguidas no programa comportamental são oferecidas 
na seção seguinte. 
 
4. Avançando no Ritmo Certo 
 
 Quantas vezes cada aproximação deve ser reforçada, antes de passar para a 
aproximação seguinte? Mais uma vez, não há regras específicas para responder a tal pergunta. 
No entanto, há várias regras baseadas na experiência que podem ser seguidas no 
reforçamento de aproximações sucessivas de uma resposta final desejada: 
 
a. Reforce a aproximação várias vezes antes de passar para o passo seguinte. Em outras palavras, evite 
o sub-reforçamento de uma etapa da modelagem. Tentar passar para um novo passo, antes que a 
aproximação anterior esteja bem instalada, pode resultar em perda da aproximação anterior através 
de extinção, além de não alcançar a nova aproximação. 
b. Evite reforçar um número excessivo de vezes quaisquer dos passos da modelagem. O item a adverte 
contra ir rápido demais. É igualmente importante não progredir de maneira excessivamente lenta. 
Caso uma aproximação seja reforçada por tanto tempo que se torna extremamente forte, novas 
aproximações terão menor probabilidade de aparecer. 
c. Caso você perca um comportamento porque está caminhando muito rápido ou por dar um passo 
grande demais, volte a uma aproximação anterior na qual possa retomar o comportamento. Talvez 
você tenha também que inserir um ou dois passos a mais. 
 
 Tais diretrizes podem não parecer muito úteis. Por um lado, é aconselhável não 
caminhar rápido demais de uma aproximação para outra; por outro lado, é aconselhável não 
caminhar muito devagar. Caso pudéssemos acrescentar a tais diretrizes uma fórmula 
matemática para calcular o tamanho exato dos passos que devem ser dados em qualquer 
situação e exatamente quantos reforços deveriam ser dados a cada passo, as diretrizes seriam 
muito mais produtivas. Infelizmente, ainda não foram realizados os experimentos necessários 
para fornecer tais informações. O professor deve observar o comportamento cuidadosamente 
e estar preparado para fazer modificações no procedimento — mudando o tamanho das 
etapas, reduzindo sua velocidade, apressando-as ou voltando atrás — sempre que o 
comportamento não pareça estar se desenvolvendo adequadamente. A modelagem exige 
muita prática e habilidade para ser realizada com um máximo de eficácia. 
 
 
CILADAS DA MODELAGEM 
 
 Assim como os outros princípios e procedimentos do comportamento, a modelagem 
pode ser acidentalmente mal utilizada por pessoas que não tenham conhecimento sobre a 
mesma. Um exemplo disso pode ser visto na Figura 10-1. Um comportamento prejudicial 
que, sem modelagem, talvez não tivesse ocorrido é desenvolvido gradualmente como 
resultado desta. 
 
 
 Figura 10-1 Uma aplicação errada da modelagem. 
 
 
 121 
 Outro exemplo da má utilização da modelagem, observado às vezes em crianças com 
desenvolvimento atípico, leva a comportamento autodestrutivo. Lembre-se do caso da criança 
que batia a cabeça em superfícies duras, que foi dado nos Capítulos 8 e 9 como possível 
exemplo de ciladas na utilização do treino de discriminação de estímulos e do esvanecimento, 
respectivamente. Ele também poderia ser um exemplo de cilada da modelagem. Suponha que, 
devido a uma situação familiar incomum e lastimável, uma criança pequena receba pouca 
atenção social quando emite comportamento adequado. Um dia, a criança talvez caia 
acidentalmente e bata a cabeça de leve contra um piso duro. Mesmo que a criança não tenha 
se machucado seriamente, um pai (ou mãe) pode vir correndo e cumular a criança com 
atenções exageradas a respeito do incidente. Devido a tal reforço, e porque tudo o mais que a 
criança faz de adequado raramente evoca atenção, ela tem probabilidade de repetir a 
resposta de bater levemente a cabeça contra o piso. Nas primeiras vezes em que isso voltar a 
ocorrer, o pai (ou mãe) talvez continue a reforçar a resposta. Aos poucos, no entanto, ao ver 
que a criança não está realmente se machucando, a pessoa talvez pare de reforçá-la. Uma vez 
que o comportamento foi agora colocado em extinção, a intensidade do comportamento 
pode aumentar (ver Capítulo 5). Ou seja, a criança pode começar a bater a cabeça com mais 
força, e o barulho ligeiramente mais alto talvez faça com que o pai (ou a mãe) venha correndo 
novamente. Caso tal processo de modelagem continue, a criança eventualmente baterá a 
cabeça com força suficiente para causar danos físicos. É extremamente difícil, se não 
impossível, usar extinção para eliminar um comportamento tão violentamente autodestrutivo. 
Teria sido melhor nunca ter permitido que o comportamento se desenvolvesse até o ponto em 
que os pais da criança foram forçados a continuar a reforçá-lo, aumentando sua força. 
 Muitos comportamentos indesejados comumente observados em crianças com 
necessidades especiais — por exemplo: ataques violentos de birra, agitação constante, 
machucar outras crianças, vômitos voluntários —são, com freqüência, produtos de 
modelagem. É bem possível que tais comportamentos possam ser eliminados através de uma 
combinação de extinção do comportamento indesejado e reforçamento positivo do 
comportamento desejado. Infelizmente, isso muitas vezes é difícil de fazer, porque (a) o 
comportamento às vezes é tão prejudicial que não se pode permitir que ocorra nem uma vez 
durante o período em que a extinção deveria acontecer, e (b) adultos que ignoram os 
princípios do comportamento às vezes frustram, sem saber, os esforços daqueles que estão 
cuidadosamente tentando aplicar tais princípios. 
 No Capítulo 22, descrevemos como diagnosticar e tratar comportamentosproblemáticos que podem ter sido desenvolvidos inadvertidamente através de modelagem. 
Como na medicina, no entanto, a melhor “cura” é a prevenção. De maneira ideal, todas as 
pessoas responsáveis por cuidar de outras pessoas deveriam ser conhecedoras tão profundas 
dos princípios de comportamento, que evitariam a modelagem de comportamentos 
indesejados. 
Outra cilada. Outro tipo de cilada é quando uma pessoa, inadvertidamente, deixa de aplicar 
a modelagem quando esta deveria ser aplicada. Alguns pais, por exemplo, simplesmente não 
são muito sensíveis ao comportamento de balbuciar de seu filho. Talvez esperem demais da 
criança, desde o início, e não estejam inclinados a reforçar aproximações remotas da fala 
normal. (Alguns pais, por exemplo, parecem esperar que seu pequenino gênio diga “Pai!”, de 
cara, e não ficam nem um pouco impressionados quando a criança diz “pa-pa”.) Ou talvez 
seus problemas pessoais os impeçam de devotar a necessária atenção à criança. O tipo 
 122 
oposto de comportamento também existe. Ao invés de não apresentar suficiente reforço para 
o comportamento correto, alguns pais dão à criança bastante reforço de maneira não-
contingente. Talvez sejam tão preocupados com o bem-estar da criança, que fornecem a ela 
todos os tipos de reforço, sem que a criança jamais tenha que dizer ou fazer algo para isso. 
Em outras palavras, embora a modelagem seja um processo que a maioria dos pais aplica 
mais ou menos adequadamente (provavelmente sem nem mesmo estarem totalmente cientes 
de o estarem fazendo, na maioria dos casos), há alguns pais aos quais isso não se aplica. 
Assim, muitas variáveis podem impedir que uma criança fisicamente normal receba a 
modelagem necessária para estabelecer comportamentos normais. Caso uma criança não 
tenha aprendido a falar até uma certa idade, pode ser rotulada como tendo déficit de 
desenvolvimento ou autismo. É bem possível que existam indivíduos com déficits de 
desenvolvimento cuja deficiência exista não devido a algum defeito físico ou genético, mas 
simplesmente porque nunca foram expostos a procedimentos eficazes de modelagem. 
 
 
DIRETRIZES PARA A APLICAÇÃO EFICAZ DA MODELAGEM 
 
1. Selecione o comportamento terminal. 
a. Escolha um comportamento específico (tal como trabalhar tranqüilamente em uma 
escrivaninha por 10 minutos), em vez de uma categoria geral de comportamento (por 
exemplo: “bom” comportamento em sala de aula). A modelagem é adequada para 
modificar quantidade, latência e intensidade de comportamento, assim como para 
desenvolver um comportamento novo com uma topografia (forma) diferente. Caso 
seu comportamento terminal seja uma seqüência complexa de atividades (tais como 
arrumar uma cama), que você dividiu em etapas seqüenciais, e caso seu programa se 
resuma a ligar tais etapas numa determinada ordem, então seu programa não pode 
ser descrito como modelagem. Em vez disso, deve ser desenvolvido através de 
encadeamento (ver Capítulo 11). 
b. Se possível, selecione um comportamento que ficará sob controle de reforçadores 
naturais depois de ser modelado. 
2. Selecione um reforçador adequado. Veja a Figura 3-3 e as “Diretrizes para Aplicação 
Eficaz do Reforçamento Positivo”, p.XX. 
3. O plano inicial. 
a. Faça uma lista de aproximações sucessivas do comportamento terminal, começando 
com o comportamento inicial. Para escolher o comportamento inicial, encontre um 
comportamento que já faça parte do repertório do aprendiz, que mais se assemelhe ao 
comportamento terminal e que ocorra ao menos uma vez durante um período de 
observação. 
b. Suas etapas iniciais ou aproximações sucessivas geralmente são “hipóteses”. Durante 
seu programa, você pode modificá-las de acordo com o desempenho do aprendiz. 
4. Implementando o plano. 
a. Informe ao aprendiz sobre o plano, antes de começar. 
b. Comece reforçando imediatamente após cada ocorrência do comportamento inicial. 
c. Nunca passe para uma nova aproximação antes que o aluno tenha dominado a anterior. 
 123 
d. Caso você não tenha certeza de quando passar o aprendiz para uma nova 
aproximação, utilize a regra a seguir. Passe para a etapa seguinte quando o aprendiz 
realizar corretamente a etapa atual, em seis de cada dez tentativas (geralmente com uma 
ou duas ocorrências menos perfeitas do que o desejado e uma ou duas ocorrências nas 
quais o comportamento estará melhor do que no passo atual). 
e. Não reforce a mesma etapa um número excessivo de vezes e evite o sub-reforçamento 
de qualquer etapa. 
f. Caso o aluno pare de trabalhar, talvez você tenha avançado rápido demais; é possível 
que os passos não estejam de tamanho correto; ou o reforçador talvez não seja eficaz. 
(1) Primeiro, verifique a eficácia de seu reforçador. 
(2) Caso o aluno fique desatento ou demonstre sinais de tédio, é possível que os passos 
estejam curtos demais. 
(3) Desatenção e tédio podem significar também que você progrediu rápido demais. 
Nesse caso, retorne à etapa anterior, por mais algumas tentativas, e depois tente 
novamente a atual. 
(4) Caso o aprendiz continue a ter dificuldade, apesar do retreino em etapas anteriores, 
acrescente mais etapas no ponto de dificuldade. 
 
 
QUESTÕES PARA ESTUDO 
 
1. Identifique os três estágios básicos de qualquer procedimento de modelagem, como 
apresentados no início deste capítulo, e descreva-os através de um exemplo (o caso 
de Carlos ou um exemplo seu). 
2. Explique como a modelagem envolve aplicações sucessivas dos princípios de 
reforçamento positivo e extinção. 
3. Para que se preocupar com modelagem? Por que não aprender apenas o uso direto 
de reforçamento positivo para aumentar um comportamento? 
4. Defina modelagem. 
5. Qual um outro nome dado à modelagem? 
6. Em termos dos três estágios de um procedimento de modelagem, descreva como os 
pais podem modelar o filho a dizer uma determinada palavra. 
7. Liste cinco dimensões do comportamento que podem ser modeladas. Dê dois 
exemplos de cada. 
8. Faça a diferenciação entre modelagem e esvanecimento. 
9. Como você sabe que tem suficientes aproximações sucessivas ou de etapas de 
modelagem de tamanho correto? 
10. Por que é necessário evitar o sub-reforçamento de qualquer passo da modelagem? 
11. Por que é necessário evitar reforçar um número excessivo de vezes qualquer passo 
da modelagem? 
12. Dê um exemplo de como a modelagem pode ser usada acidentalmente para 
desenvolver um comportamento indesejado. Descreva alguns dos passos de 
modelagem de seu exemplo. 
13. Dê um exemplo de como a não aplicação da modelagem pode ter um resultado 
indesejado. 
 124 
14. Dê um exemplo, de sua própria experiência, de um comportamento final desejado 
que pode ser desenvolvido melhor através de outro procedimento que não a 
modelagem (ver p.XX). Explique por que a modelagem provavelmente não seria 
eficaz no desenvolvimento desse comportamento. 
15. Como você sabe se está permitindo um número suficiente de repetições reforçadas 
em cada uma das aproximações? 
16. A que se referem os modificadores de comportamento com a expressão 
comportamento terminal num programa de modelagem? Dê um exemplo. 
17. Por que nos referimos ao reforçamento positivo e à extinção como sendo 
princípios e à modelagem como sendo um procedimento? (Dica: ver Capítulo 1, p. 
XX.) 
 
 
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 
 
A. Exercício Envolvendo Terceiros 
 
Pense numa criança normal, com idade entre dois e sete anos, com quem você tenha contato 
(por exemplo: irmão, irmã, vizinho). Especifique um comportamento real dessa criança que 
você poderia tentar desenvolver através da utilização de um procedimento de modelagem. 
Identifique o pontoinicial que você escolheria, o reforçador e as aproximações sucessivas que 
você usaria. 
 
B. Exercícios de Auto-Modificação 
 
1. Examine de perto muitas de suas habilidades — por exemplo: habilidades de interação 
pessoal, habilidades em relações sexuais e habilidades de estudo. Identifique duas 
habilidades específicas que provavelmente foram modeladas por outras pessoas, quer 
consciente, quer inadvertidamente. Identifique dois comportamentos específicos que 
provavelmente foram modelados pelo ambiente natural. Para cada exemplo, identifique o 
reforçador e pelo menos três aproximações pelas quais você provavelmente passou 
durante o processo de modelagem. 
2. Selecione um de seus déficits comportamentais, talvez um que você tenha listado no final 
do Capítulo 2. Delineie um programa completo de modelagem que você (com um pouco 
de ajuda por parte de seus amigos) poderia usar para superar tal déficit. Assegure-se de 
que seu plano siga as diretrizes apresentadas acima para a aplicação eficaz da modelagem. 
 
 
NOTAS E DISCUSSÃO ADICIONAL 
 
1. A modelagem parece ser útil na modificação não apenas de comportamento externo, mas 
também de comportamento interno. Por exemplo: R. W. Scott e colegas (1973) demonstraram 
que a modelagem poderia ser usada para modificar o ritmo cardíaco. Neste estudo, o aparelho 
que monitorava o ritmo cardíaco estava ligado à parte de imagens de um aparelho de TV ao qual o 
indivíduo assistia. Apesar do som da TV permanecer continuamente ligado, a imagem só aparecia 
quando o ritmo cardíaco do indivíduo se modificava, em algumas pulsações por minuto, em 
relação a seu nível anterior. Quando o ritmo cardíaco do sujeito permanecia em um novo nível por 
 125 
três sessões consecutivas, a imagem da TV era usada para reforçar uma nova mudança no ritmo 
cardíaco. Num caso que envolvia um paciente psiquiátrico que sofria de ansiedade crônica e 
apresentava um ritmo cardíaco moderadamente elevado, os investigadores modelaram várias 
reduções no ritmo cardíaco do indivíduo. De maneira interessante, quando o ritmo cardíaco do 
cliente era reduzido a um nível inferior, relatórios de sua enfermaria indicavam que “ele parecia 
menos „tenso‟ e „ansioso‟” e que “ele fazia menos solicitações de medicação”. 
 Em outros estudos, informações sobre os processos fisiológicos de uma pessoa, tais 
como ritmo cardíaco ou tensão muscular, são mostradas numa tela ou, de alguma forma, 
disponibilizadas imediatamente para o indivíduo. Tais técnicas, que são chamadas de 
biofeedback, permitem que os indivíduos tenham controle sobre os processos fisiológicos que 
estão sendo monitorados. Aplicações clínicas do biofeedback o têm utilizado, com sucesso, 
para reduzir ataques epilépticos, ao ajudar os indivíduos a controlar a atividade elétrica associada 
a seus ataques; para reduzir a pressão sangüínea, permitindo assim que pacientes hipertensos 
utilizem menos medicação; e para reduzir dores de cabeça crônicas, ritmo cardíaco acelerado e 
ansiedade (Schwartz e Andrasic, 1998). 
 
2. Com que velocidade você deve passar de uma etapa para a seguinte? Qual deve ser a duração 
de cada passo? Uma razão para não haver respostas específicas para essas perguntas é a 
dificuldade de medir a duração específica das etapas e reforçar consistentemente respostas que 
satisfaçam uma determinada duração. O discernimento humano simplesmente não é rápido o 
suficiente, ou preciso o suficiente, para assegurar que determinado procedimento de modelagem 
está sendo aplicado consistentemente, a fim de fazer comparações entre esse e outros 
procedimentos de modelagem consistentemente aplicados. Isso é particularmente verdadeiro 
quando a topografia é o aspecto do comportamento que está sendo modelado. Os computadores, 
no entanto, são precisos e rápidos, podendo, portanto, ser úteis na resposta a questões 
fundamentais sobre os procedimentos de modelagem mais eficazes (Midgley, Lea e Kirby, 1989; 
Pear e Legris, 1987). Por exemplo: usando duas câmaras de vídeo conectadas a um 
microcomputador programado para detectar a posição da cabeça de um pombo dentro de uma 
câmara de teste, Pear e Legris (1987) demonstraram que um computador pode modelar a direção 
em que o pombo move sua cabeça. 
 Além de fornecer uma metodologia para estudar a modelagem, tais estudos sugerem que 
os computadores podem ser capazes de modelar pelo menos alguns tipos de comportamento tão 
eficazmente quanto os seres humanos. Por exemplo: um aparelho que modela movimentos pode 
ajudar uma pessoa a reconquistar o uso de um membro paralisado devido a um derrame ou 
acidente. Tal aparelho levaria vantagem sobre um modelador humano em sua precisão, sua 
capacidade de fornecer feedback extremamente rápido e sistemático e sua paciência (i.e., 
computadores não criticam e não se cansam). 
 
3. Rasey e Iversen (1993) forneceram uma boa demonstração, em laboratório, de um potencial 
efeito autodestrutivo da modelagem. Eles reforçaram ratos, com alimento, para que estendessem 
o nariz por sobre a beirada de uma plataforma, na qual estavam pisando. Em tentativas 
sucessivas, os ratos foram obrigados a estender o nariz cada vez mais, por sobre a beirada, 
antes de receber o reforço. Eventualmente, cada rato estendia o nariz tão longe, por sobre a 
beirada, que até caía da plataforma. Uma rede, sob a plataforma, impedia que o rato se 
machucasse; no entanto, esse experimento demonstra que os animais (e, portanto, 
provavelmente também os seres humanos) podem ser modelados a emitir um comportamento que 
lhes é prejudicial. 
 
 
 
Questões para Estudo sobre as Anotações 
 
1. Descreva como Scott e colegas usaram a modelagem para reduzir o ritmo cardíaco de um 
homem que sofria de ansiedade crônica. 
2. O que é biofeedback? 
3. Descreva como a tecnologia de computador poderia ser usada para modelar movimentos 
específicos de membros, em uma pessoa paralisada. 
 126 
4. Descreva como a tecnologia de computador poderia ser usada para estudar a modelagem de 
forma mais precisa do que é possível com os procedimentos de modelagem normais. 
5. Descreva um experimento demonstrando que um comportamento de desadaptação pode ser 
modelado.

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