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TÍTULOS DE CRÉDITO DIREITO CAMBIÁRIO “Documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo nele mencionado” Cesare Vivante Professora Raquel Aragão TÍTULOS DE CRÉDITO • • • Direito Empresarial III – Profª Raquel Aragão 1 TÍTULOS DE CRÉDITO DIREITO CAMBIÁRIO Direito Empresarial III – Profª Raquel Aragão NOÇÕES GERAIS 1. Conceito de Títulos de Crédito Documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo nele mencionado. Cesare Vivante Art. 887, CC Características - bem móvel – art. 16, II, LUG (Decreto 57.663, 66) - natureza pro solvendo – a simples entrega do título ao credor não significa a efetivação do pagamento, ou seja, a obrigação somente será extinta com o efetivo pagamento do título - títulos de apresentação – para o exercício do direito representado no título, seu titular deve demonstrar esta condição, apresentando o título ao devedor. - obrigação quesível – cabe ao credor dirigir-se ao devedor para exigir o cumprimento da obrigação - título executivo extrajudicial – art. 784, NCPC - formal – o documento só tem valor como título de crédito se obedecer os requisitos legais previstos – art. 888, CC 2. Princípios a) Cartularidade ou Incorporação Exceções: 1 – Cópia autenticada para instruir ação executiva Hipóteses: DICAS • • • 1. O título de crédito pode ser conceituado como um documento abstrato e autônomo através do qual se representa um crédito líquido e certo, que será cobrado nas condições estipuladas no documento. 2. A principal legislação dos Títulos de Crédito continua sendo a Lei Uniforme de Genebra, Decreto 57.663/66, apesar de o Código Civil de 2002 ter trazido um Teoria Geral para os títulos. 3. Questão importante é quando estas duas leis tratam de forma antagônica o mesmo assunto. Pelo princípio da especialidade das leis, a lei especial valerá sobre a lei geral, ou seja, a LUG irá prevalecer sobre o Código Civil. TÍTULOS DE CRÉDITO • • • Direito Empresarial III – Profª Raquel Aragão 2 - questões de segurança - valor elevado ou risco de perda; - quando o original está juntado em outro processo – assuncao da obrigação de apresentar o original quando for pedido, ou com a certidão de que o original está em outro processo. 2 – Duplicata virtual – Informativo 502 do STJ e Enunciados 461 e 462 do CJF – execução da duplicata virtual com base no protesto por indicação e comprovante de entrega de mercadoria. b) Literalidade Exceções: 1 – Duplicata – art. 9º, Lei 5.474/68 2 – Folha de Alongamento ou extensão 3 – Juros de mora – art. 48, 2, LUG; art. 52, II, Lei 7.357/85 (Lei do Cheque) c) Autonomia Subprincípios I – Abstração II – Inoponibilidade das exceções pessoais Exceção: 1 – Nota promissória vinculada a um contrato. OBS.: Em razão do princípio da autonomia, a nulidade da obrigação em caso de assinatura de incapaz sem representação (art. 166, I, CC) ou falsidade de assinatura, não têm o condão de afastar a responsabilidade dos demais devedores. 3. Classificação a) Quanto à natureza/hipóteses de emissão - Causais – estão necessariamente ligados, são indissociáveis da causa que lhe deu origem. Exemplo: Duplicata - Abstratos ou não causais – o título não faz qualquer referencia ao negocio que lhe deu origem. Exemplos: Cheque, Letra de Cambio e Nota Promissória b) Quanto à estrutura - Ordem de Pagamento – a pessoa cria o título determinando que outra pessoa efetuará o pagamento. Exemplos: Letra de Câmbio, Duplicata e Cheque TÍTULOS DE CRÉDITO • • • Direito Empresarial III – Profª Raquel Aragão 3 Três polos: • SACADOR • SACADO • TOMADOR - Promessa de Pagamento – o próprio emitente do título assume diretamente a obrigação de pagar o beneficiário. Exemplo: Nota Promissória Dois polos: • SACADOR • TOMADOR c) Quanto ao modelo - Livres – não há um modelo determinado, específico, ou seja, qualquer documento que atenda aos requisitos legais poderá ser considerado um título de crédito. Exemplos: Letra de Câmbio e Nota Promissória - Vinculados – existe um padrão exigido, tem um modelo padronizado, sob pena de não valer como título. Exemplos: Cheque e Duplicata (CMN) d) Quanto à circulação - Títulos Nominativos – o proprietário do título é aquele cujo nome se encontra nos registros do emitente. A transferência, a circulação é feita por meio de cessão de crédito (art. 922, CC). Não basta a simples entrega para que seja realizada sua transferência, é necessária a alteração do registro do emitente. - Títulos à ordem – o nome do beneficiário consta do teor do documento acompanhado da “cláusula à ordem”. Os títulos com cláusula à ordem circulam por simples endosso, isto é, por meio da assinatura do proprietário no próprio título, no verso ou na frente da cártula. - Títulos não à ordem – o nome do beneficiário consta no teor do documento acompanhado da cláusula especial – não à ordem. Dessa forma, o título não circula por meio de endosso, mas por cessão de crédito. Esta clausula não é instrumento impeditivo de circulação. - Títulos ao portador – o nome do beneficiário não consta do título, isto é, será beneficiário do título aquele que seja o legítimo proprietário do documento. Estes títulos circulam por simples tradição (art. 904, CC). OBS.: A cláusula à ordem é implícita ou presumida, ou seja, escrita ou não, os títulos circulam por meio de endosso. OBS.: Nas Duplicatas, a cláusula à ordem é obrigatória, isto é, estas somente poderão circular por meio de endosso. TÍTULOS DE CRÉDITO • • • Direito Empresarial III – Profª Raquel Aragão 4 OBS.: Diferentemente da cláusula à ordem, a cláusula não à ordem não é implícita, só produzindo efeitos quando expressamente escrita no documento. OBS.: No Brasil, não se admite a emissão de títulos ao portador, com exceção do Cheque no valor de até R$ 100,00 (Lei 9.069/95, art. 69). ENDOSSO CESSÃO DE CRÉDITO Declaração unilateral de vontade Contrato Não pode ser parcial Pode ser parcial Deve ser incondicional É possível condição suspensiva ou resolutiva Em regra, o endossante responde solidariamente pelo pagamento Em regra, não responde solidariamente Só existe em título de crédito Pode ser feito em qualquer negócio jurídico Deve ser feito no título Qualquer documento Súmulas Aplicáveis Súmula 387 STF – A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto. Súmula 258 STJ – A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia razão da liquidez do título que a originou. TÍTULOS DE CRÉDITO • • • Direito Empresarial III – Profª Raquel Aragão 5 LETRA DE CÂMBIO 1. Conceito É uma ordem de pagamento à vista ou à prazo, formal, autônomo e completo, contendo obrigação de fazer pagar determinada quantia em dinheiro, no lugar e tempo designados. 2. Partes SACADOR SACADO TOMADOR 3. Requisitos Arts. 1º e 2º, LUG Art. 1º. A letra contém: 1. a palavra "letra" inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título; 2. o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada; 3. o nome daquele que deve pagar (sacado); 4. a época do pagamento; 5. a indicação do lugar em que se deve efetuaro pagamento; 6. o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 7. a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada; 8. a assinatura de quem passa a letra (sacador). DICAS • • • 1. O desenvolvimento do comércio internacional e a exigência de documentos para efetivação de pagamento de bens e serviços tornou urgente a adoção de medidas extraterritoriais, levando a várias tentativas de uniformizar os títulos de crédito existentes. 2. Em 1930, com a presença de 31 Estados, entre eles o Brasil, a conferencia de Genebra, na Suiça, aprova a Convenção de Genebra ou Lei Uniforme de Genebra (LUG). TÍTULOS DE CRÉDITO • • • Direito Empresarial III – Profª Raquel Aragão 6 Art. 2º. O escrito em que faltar algum dos requisitos indicados no artigo anterior não produzirá efeito como letra, salvo nos casos determinados nas alíneas seguintes: A letra em que se não indique a época do pagamento entende-se pagável à vista. Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado considera-se como sendo o lugar do pagamento, e, ao mesmo tempo, o lugar do domicilio do sacado. A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no lugar designado, ao lado do nome do sacador. Art. 6º. Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por extenso e em algarismos, e houver divergência entre uma e outra, prevalece a que estiver feita por extenso. Se na letra a indicação da quantia a satisfazer se achar feita por mais de uma vez, quer por extenso, quer em algarismos, e houver divergências entre as diversas indicações, prevalecerá a que se achar feita pela quantia inferior. TÍTULOS DE CRÉDITO • • • Direito Empresarial III – Profª Raquel Aragão 7
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