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Lei de Tortura

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Crimes de Tortura 
(Lei nº. 9.455/97) 
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Antecedentes históricos 
 Fim da 2ª Guerra Mundial 
 Movimento de repúdio a tortura 
 Organização de convenções internacionais 
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 Convenção contra a tortura ou outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes (1984)
 Convenção interamericana para prevenir e punir a tortura (1985)
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Brasil 
 Inserido entre os direitos e garantias fundamental 
Art. 5º, III, da CF - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante
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 Maioria doutrinária 
 Não submissão a tortura é uma garantida que não admite / comporta exceção 
 Regra para direitos e garantias fundamentais 
 Admite exceção 
 P.ex.: Vida e Legitima defesa 
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Divisão dos Crimes Hediondos
 Previstos no Código Penal 
 Genocídio 
 Equiparados 
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C.H. por equiparação 
I – Prática de tortura – Lei nº. 9.455/97 
II – Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas (Lei nº. 11.343/06) 
III – Terrorismo (Decreto nº. 5.639/2005) 
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Atenção
 Sujeito ativo dos C.T. 
 Funcionário Público 
 Particular 
 Não se trata de crime próprio – crime comum 
Bem jurídico tutelado é BIFRONTE
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Definição de Tortura 
 L.C.T. não define o que é tortura 
 Apenas explica os comportamentos que constituem tortura 
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Art. 2º da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir Tortura (1985) - Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por tortura todo ato pelo qual são infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou qualquer outro fim. (...)
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(...) Não estarão compreendidas no conceito de tortura as penas ou sofrimentos físicos ou mentais que sejam unicamente consequência de medidas legais ou inerentes a elas, contanto que não incluam a realização dos atos ou a aplicação dos métodos a que se refere este artigo
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Elemento subjetivo dos C.T. 
 Dolo
 Vontade livre e consciente de torturar
 Alguns tipos da LCT 
 Exigência de uma finalidade específica 
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Art. 1º da LCT - Constitui crime de tortura (inciso I) constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental
 Sujeito ativo – qualquer pessoa (Crime comum) 
 Sujeito passivo – qualquer pessoa 
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Constranger (VNT) 
 “(...) obrigar, forçar, compelir, coagir alguém (...)” (Bittencourt) 
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Art. 1º da LCT - Constitui crime de tortura (I) constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental (alínea a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa
 Doutrina: TORTURA PROVA 
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Exemplos
 Credor tortura devedor para que este confesse uma dívida 
 Policial que tortura alguém para confessar um crime 
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Cuidado
 Consumação 
 Constrangimento causador do sofrimento da vítima, dispensando a efetiva obtenção da declaração, informação ou confissão 
 Obtenção – exaurimento do tipo 
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 Crime plurissubisistente 
 Constituídos de vários atos 
 Conduta por ser fracionada 
 Admite tentativa 
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Art. 1º da LCT - Constitui crime de tortura (I) constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental (alínea b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa
 Doutrina: TORTURA PARA A PRÁTICA DE CRIME ou TORTURA CRIME MEIO
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 Agente busca do torturado a prática de infração penal 
 P.ex.: Professor tortura Mévio para matar Tício. Mévio, torturado, mata Tício. Quais os crimes foram cometidos. 
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 Professor 
 Autor imediato – art. 1º, I, b, da LCT
 Autor mediato – art. 121 do CP 
 Apenas se Mévio matar Tício 
 Mévio – Não há crime 
 Coação moral irresistível (art. 22 do CP) 
Concurso material de crimes 
(art. 69 do CP) 
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 Consumação 
 Com o constrangimento 
 Dispensa que o torturado pratique a conduta criminosa 
 Ocorrendo o crime visado pelo torturador 
 Caracteriza concurso de crimes 
 Admite tentativa 
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“Natureza criminosa” e Contravenção Penal 
 Corrente majoritária 
 Não abrange a contravenção penal 
 Vedada analogia in malam partem 
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Art. 1º da LCT - Constitui crime de tortura (I) constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental (alínea c) em razão de discriminação racial ou religiosa
 Doutrina: TORTURA DISCRIMINATÓRIA OU PRECONCEITO 
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STF 
 Raça no sentido sociológico 
 P.ex.: negro ou judeu 
 Discriminação do negro – racismo 
 Discriminação do homossexual – preconceito 
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Cuidado 
 Não abrange o preconceito 
 Econômico 
 Social 
 Sexual 
Vedada analogia in malan partem 
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Art. 1º da LCT - Constitui crime de tortura (II) submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo
 Doutrina: TORTURA-PENA OU TORTURA-CASTIGO
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 Sujeito ativo 
 Crime próprio 
 Só pode ser praticado por quem tem guarda, poder ou autoridade sobre a vítima 
 Sujeito passivo 
 Só pode ser ofendido quem esta sob (...) 
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SUBMETER (VNT) 
 “(...) sujeitar ou subjugar (...)” (Andreucci)
 Não é mais o “constranger” 
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Exemplos 
 Favela Naval em Diadema 
 Policiais que faziam blitz e batiam nos cidadãos que eram parados 
 Babás que batem nas crianças 
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Art. 1º, II, da LCT ≠ Art. 136 do CP
 (maus-tratos)
 Diferença reside na intensidade 
 P.ex.: Professor que coloca o aluno no milho será maus-tratos
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PM que auxilia a Secretaria da Administração Penitenciária na contenção de rebelião em estabelecimento prisional, durante a operação, detém, legitimamente, guarda, poder ou autoridade sobre os detentos, ainda que momentânea, podendo responder pelo crime de Tortura-Castigo (STJ) 
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 Consumação 
 Intenso sofrimento da vítima 
 Admite tentativa 
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Pena do art. 1º da LCT 
Reclusão, de 2 a 8 anos 
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Art. 1º, §1º, da LCT - Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
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Sujeito ativo 
 Crime comum 
 P.ex.: linchamento por populares 
 Pessoa presa em flagrante delito e os populares passam a linchá-lo 
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Sujeito passivo 
 Pessoa presa – qualidade especial 
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Atenção 
I – Crime de ação (ou execução) livre 
II – LCT não exige, no dolo, uma finalidade especial do agente 
 Art. 1º, caput, da LCT tem motivação específica 
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Exemplo 
Menina, menor infratora, que ficou presa em cela de preso comum em uma delegacia junto com homens, e lá sendo estuprada por eles. O agente público que a prendeu é o responsável.
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 Consumação 
 Tentativa 
 P.ex.: Pessoa irá dar um choque na vítima, mas acaba a força elétrica 
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Art. 1º, §2º, da LCT - Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos
 Obs.: Não é equiparado a hediondo 
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Espécies de omissão 
 Imprópria 
 Omitente com dever de evitar a tortura 
 Própria 
 Omitente com dever de apurar a tortura, mas não apurou 
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Omissão Imprópria 
 Sujeito ativo 
 Crime próprio 
 Art. 13, §2º, do CP – “Garante”
ou “Garantidor” 
 Sujeito passivo 
 Qualquer pessoa 
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Crítica (majoritária) 
 Art. 13, §2º, do CP 
 “Garantidor” é equiparado ao agente do delito 
 Responde pelo mesmo delito do executor 
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Art. 5º, inciso XLIII, da CF - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem
 Omissão imprópria fosse punida com a mesma pena do executor 
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 Art. 1º, I, II e §1º, da LCT 
 Pena: Reclusão, de 2 a 8 anos 
 Art. 1º, §2º, da LCT 
 Pena: Detenção, de 1 a 4 anos
 Obs.: legislador não observou a vontade da CF/88
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Omissão própria 
 Pressuposto: 
 Tortura já foi praticada contra a vítima 
 P.ex.: MP ouve na audiência que o réu preso foi torturado por policiais 
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 Sujeito ativo 
 Crime próprio 
 Agente com dever de apurar 
 Sujeito passivo 
 Qualquer pessoa 
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 Conduta (Andreucci) 
 Agente tolera 
 É condescendente com a tortura pretérita 
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Art. 1º, §3º, da LCT – (i) Se resulta lesão corporal de natureza grave (art. 129, §1º, do CP) ou gravíssima (art. 129, §2º, do CP), a pena é de reclusão de quatro a dez anos; (ii) se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos
 TORTURA QUALIFICADA PELO RESULTADO 
 Crime preterdoloso (ou preterintencional) 
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 Obs.: não se aplica a LCT no art. 121, §2º, III, do CP, frente a proibição do bis in idem 
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Aplicação do §3º nos dispositivos anteriores 
 Doutrina (majoritária) 
 Aplica-se no art. 1º, I, II, e §1º, da LCT
 Não se aplica ao art. 1º, §2º, da LCT 
 Jurisprudência 
 Não há posição majoritária 
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Art. 1º, §4º, da LCT - Aumenta-se a pena de um sexto até um terço
 Causa de aumento de pena (ou majorante de pena) 
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I – Crime cometido por agente público 
 Art. 327 do CP 
 Obs.: para ocorrer o aumento é necessário que o agente público atue nessa qualidade ou em razão dela (Nucci) 
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II – Se o crime é cometido contra 
 Criança 
 Menor de 12 anos (ECA)
 Agente deve conhecer a condição etária da vítima 
 Evita responsabilidade penal objetiva 
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II – Se o crime é cometido contra 
 Gestante 
 Agente deve conhecer a condição da vítima
 Evita responsabilidade penal objetiva 
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II – Se o crime é cometido contra 
 Portador de deficiência 
 Física ou mental 
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II – Se o crime é cometido contra 
 Adolescente 
 Menor de 18 anos (ECA)
 Agente deve conhecer a condição etária da vítima 
 Evita responsabilidade penal objetiva 
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II – Se o crime é cometido contra 
 Idoso maior de 60 anos 
 Obs.: Não abrange todos os idosos 
 Não especificaram o igual a 60 anos 
 Agente deve conhecer a condição etária da vítima 
 Evita responsabilidade penal objetiva
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III - se o crime é cometido mediante sequestro
 Crime fim – tortura 
 Crime meio – sequestro (art. 148 do CP) 
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Efeitos da condenação na LCT 
Art. 1º, §5º, do LCT - A condenação acarretará (i) a perda do cargo, função ou emprego público e (ii) a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada
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Só retiram os efeitos penais da condenação 
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 Posição do STJ e majoritária na doutrina 
 Os efeitos da LCT são automáticos 
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Interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada
 Com o decurso do prazo o condenado poderá 
 Assumir outro cargo, emprego ou função pública 
 Jamais poderá voltar ao cargo anterior 
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Art. 1º, §6º, da LCT - O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia
 Cabe liberdade provisória na LCT?
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Inafiançabilidade ≠ Liberdade provisória
 Quem decide se cabe ou não L.P. é o magistrado 
 Posição defendida pelo Min. Celso de Mello 
 Prevalecendo 
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Insuscetível de graça ou anistia 
 Indulto = graça coletiva (Nucci) – majoritária 
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Art. 1º, §7º, da LCT - O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado 
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Progressão de regime na LCT 
 Requisitos: 
 Tempo de cumprimento de pena 
 Primário – 2/5 da pena 
 Reincidente – 3/5 da pena
 Fundamento: Art. 2º, §2º, da LCH, com redação alterada pela Lei nº. 11.464/07
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Art. 2º da LCT - O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
 Extraterritorialidade incondicionada 
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professor.irineu.ruiz@gmail.com
Nome / UMC / Tópicos Penais 
Irineu Ruiz

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