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LEI DE TORTURA LEI Nº 9.455/97 1 SUMÁRIO LEI DE TORTURA ............................................................................................................................................... 3 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................................................................... 3 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ......................................................................................................................... 3 LEI DE TORTURA X ECA X ABOLITIO CRIMINIS X CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA ......................................... 4 A LEI Nº 9.455/97 .................................................................................................................................................. 5 CRIMES DE MÁXIMO POTENCIAL OFENSIVO ......................................................................................................... 5 COMPETÊNCIA ........................................................................................................................................................... 6 AÇÃO PENAL .............................................................................................................................................................. 7 BEM JURÍDICO TUTELADO ......................................................................................................................................... 7 TORTURA E O CENÁRIO DA BOMBA-RELÓGIO ........................................................................................................... 8 PRESCRITIBILIDADE .................................................................................................................................................... 9 REPARAÇÃO CIVIL DO DANO DECORRENTE DA PRÁTICA DE TORTURA É IMPRESCRITÍVEL ................................... 9 SOFRIMENTO FÍSICO OU MENTAL ........................................................................................................................... 10 ORGANIZAÇÃO DA LEI ............................................................................................................................................. 11 DISTINÇÃO ENTRE TORTURA E TORTURA IMPRÓPRIA ............................................................................................ 12 CRIMES EM ESPÉCIE ....................................................................................................................................... 13 ART. 1º - INCISO I ..................................................................................................................................................... 13 OBJETIVIDADE JURÍDICA ...................................................................................................................................... 13 MEIOS DE EXECUÇÃO .......................................................................................................................................... 13 CONSUMAÇÃO .................................................................................................................................................... 14 ELEMENTO SUBJETIVO ........................................................................................................................................ 14 SUJEITO ATIVO..................................................................................................................................................... 15 SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................................................. 15 A) TORTURA PROVA ................................................................................................................................................ 15 B) TORTURA CRIME ................................................................................................................................................. 16 C) TORTURA RACISMO ............................................................................................................................................. 17 ART. 1º - INCISO II – TORTURA CASTIGO ................................................................................................................. 19 SUJEITO ATIVO..................................................................................................................................................... 19 SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................................................. 21 ELEMENTO SUBJETIVO ........................................................................................................................................ 21 RESULTADO ......................................................................................................................................................... 21 CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ............................................................................................................................... 21 TORTURA CASTIGO X MAUS TRATOS (ART. 136, CP) ........................................................................................... 21 2 ART. 1º, § 1º – TORTURA AO PRESO ........................................................................................................................ 23 SUJEITO ATIVO..................................................................................................................................................... 23 SUJEITO PASSIVO ................................................................................................................................................. 23 ART. 1º, § 2º TORTURA IMPRÓPRIA ........................................................................................................................ 25 QUALIFICADORAS .................................................................................................................................................... 27 ART. 1º, § 3º – TORTURA QUALIFICADA .............................................................................................................. 27 ART. 1º, § 4º – CAUSAS DE AUMENTO DA PENA: .................................................................................................... 29 ART. 1º, § 5º E § 6º – EFEITO DA CONDENAÇÃO ..................................................................................................... 31 ART. 1º, § 7º – REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA ................................................................................. 33 ART. 2º – EXTRATERRITORIALIDADE ........................................................................................................................ 35 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................ 39 3 LEI DE TORTURA Lei nº 9.455/97 CONSIDERAÇÕES INICIAIS A lei nº 9.455/97, a Lei de Tortura, é uma lei amplamente cobrada em concursos policiais e, mesmo sendo uma lei pequena, com poucos artigos, requer muita atenção! Além da Constituição Federal de 1988 (CF/88) que traz a vedação a tortura, o Brasil é signatário de Tratados e Convenções Internacionais de repúdio a Tortura, como a Convenção Contra a Tortura e outros Tratamentos e Penas Crieis, Desumanas e Degradantes, do ano de 1984, ratificada pelo Brasil em 1089, o Pacto de São José da Costa Rica, entre outros. A critério de curiosidade, em todos os Tratados Internacionais dos quais o Brasil é signatário, a tortura é crime próprio, ou seja, com sujeito ativo sendo funcionário público. A Lei de Tortura, de modo diverso, tratou a Tortura como um crime comum. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 A Constituição Federal de 1988, trazem seu art. 5º, inciso III, o repúdio à tortura, bem como ao tratamento desumano e degradante. Vejamos: Art. 5º, III “Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante” Ainda na CF/88, em seu art. 5º, inciso XLIII, segundo doutrina costuma mencionar, há um mandado de criminalização expresso. Vejamos: Art. 5°, XLIII “A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem” O constituinte “determina” que o legislador crie uma lei que considere crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos. 4 LEI DE TORTURA X ECA X ABOLITIO CRIMINIS X CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA Mas, professor, a lei de tortura é de 1997! Existia algum dispositivo que criminalizasse a tortura antes da edição da referida lei? Sim! Mesmo após esse mandado expresso de criminalização da tortura decorrente do texto constitucional, não havia, entretanto, uma tipificação específica para os crimes de tortura. Antes da Lei de Tortura de 1997, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) trazia uma modalidade especial de tortura. O ECA foi o primeiro dispositivo legal a tipificar o crime de tortura no ordenamento, porém com sujeito passivo próprio, a saber, a criança e o adolescente. (2) Com a entrada em vigor da Lei nº 9.455/97, o instituto foi revogado. Lei n. 8.069/90 (ECA) Art. 233. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a tortura: Pena - reclusão de um a cinco anos. (Revogado pela Lei n. 9.455/97) §1º Se resultar lesão corporal grave: Pena - reclusão de dois a oito anos. §2º Se resultar lesão corporal gravíssima: Pena - reclusão de quatro a doze anos. § 3º Se resultar morte: Pena - reclusão de quinze a trinta anos. O artigo 233, do ECA/90, foi expressamente revogado: Lei n. 9.455/97 (Lei de Tortura) Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei n. 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente. Professor, é possível dizer que houve Abolitio Criminis? Não! Não houve abolitio criminis (norma posterior deixa de considerar crime uma conduta que até então era criminosa). A conduta tipificada pelo art. 233, do ECA/90 MIGROU para o art. 1º da Lei 9.455/97 em decorrência do Princípio da Continuidade Normativo-Típica – a conduta não deixa de ser crime porque migra de um dispositivo para outro. Ou seja, a conduta de torturar não se tornou atípica. Aquele que realiza a conduta criminosa não mais responderá de acordo com o ECA e sim pela Lei de Tortura. 5 A LEI Nº 9.455/97 A lei de tortura define os crimes de tortura e estabelece outras tantas disposições acerca das formas qualificadas, causas de aumento de pena, das sanções e demais consequências etc. Analisando o art. 5º, inciso XLIV, da Constituição Federal: XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. A Constituição Federal separa os Crimes Hediondos dos equiparados a hediondos. Tortura, Tráfico de Drogas e Terrorismo são equiparados a hediondos. Os Crimes Hediondos estão dispostos em um rol taxativo na Lei nº 8.072/90. CRIMES DE MÁXIMO POTENCIAL OFENSIVO Para o STF, os crimes hediondos e os Equiparados a Hediondos, tal qual a tortura, são chamados Crimes de Máximo Potencial Ofensivo e estão previstos no art. 5º, XLII, XLIII e XLIV da Constituição Federal. Art. 5º - CF/88 LII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. (...) A Constituição explicitamente trabalha com dois extremos em matéria de política criminal: os crimes de máximo potencial ofensivo (dentre os quais os chamados delitos hediondos e os que lhe sejam equiparados, de parelha com os crimes de natureza jurídica imprescritível) e as infrações de pequeno potencial ofensivo (inciso I do art. 98 da CF). HC 109.277 / SE 13/12/11 Para fixarmos o assunto até então estudado, vamos assistir esse vídeo complementar! Lei de Tortura – QR CODE 01 6 COMPETÊNCIA Em regra, a competência para julgar os crimes de tortura é da Justiça Comum Estadual. Justiça Federal: “Se o crime estiver previsto em um tratado ou convenção internacional, e seja dotado de uma internacionalidade territorial do resultado.” Como vimos no início de nossa aula, tortura é um crime previsto em Tratado ou Convenção Internacional. Na redação do art. 109 da CF/88 temos: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) V - Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; Assim, não basta que o crime esteja em Tratado ou Convenção Internacional para atrair a competência para Justiça Federal. Como vimos no inciso V do art. 109 da CF/88, será de competência da Justiça Federal os crimes previstos em Tratados ou Convenções Internacionais (Tortura, por exemplo) quando iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; Justiça Federal: Súmula n. 147 do STJ: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra/por funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função”. Justiça Federal: STJ: “(...) existindo indícios de que o crime de tortura fora praticado por policiais militares estaduais no interior de Delegacia da Polícia Federal, compete à Justiça Federal, a teor do art. 109, IV, da Constituição Federal, o processamento e julgamento do feito. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da Subseção. Judiciária de Rio Verde/GO, o suscitante”. STJ, 3ª Seção, CC 102.714/GO, 10/06/2010 Justiça Militar: Nesse momento, peço a você, aluno, que se lembre de nossa aula de Abuso de Autoridade e da atualização que ocorreu em decorrência da Lei 13.491/2017. A referida Lei alterou o Código Penal Militar em seu art. 9º, expandido o rol de possibilidades de inclusão de crimes não militares como sendo militares. Com a alteração legislativa, a previsão é de que “os crimes previstos neste Código” (Código Penal Militar) e os “previstos na legislação penal” também se tornem crimes militares, quando preenchida uma das hipóteses do inciso II do Código Penal Militar. 7 Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: II – Os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando praticados: (...) c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da reserva, ou reformado, ou CIVIL; (...) CRIME DE TORTURA PRATICADO POR POLICIAL MILITAR ATUANDO EM RAZÃO DE SUA FUNÇÃO. SUPERVENIÊNCIA DA LEI 13.491/17 QUE AMPLIOU A DEFINIÇÃO DE CRIMES MILITARES. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA CASTRENSE. 1. Em que pese o crime atribuído ao acusado tenha sido praticado, em tese, antes da edição da Lei nº 13.491/17 que ampliou a definiçãodos crimes militares, não há se falar, no caso concreto, em ofensa ao princípio que veda a retroatividade de lei posterior mais gravosa, pois o crime de tortura atribuído ao réu não configura infração de menor potencial ofensivo, na qual se possa aplicar medidas despenalizadoras previstas na Lei nº 9.099/95. 2. Constatado, pela descrição fática contida na denúncia e pelos indícios de provas até então colhidos, que o crime de tortura foi praticado por policial militar da ativa que, embora não estivesse em serviço, atuava em razão de sua função, deve o feito ser processado e julgado perante a Justiça castrense em face do disposto na nova redação do artigo 9º, inciso II, alínea ?c?, do Código Penal Militar. 3. Conflito de Jurisdição conhecido para declarar competente o Juízo suscitante, qual seja, o Juízo da Auditoria Militar. TJ-DF, 02/08/2019 AÇÃO PENAL A ação penal no crime de tortura será sempre pública incondicionada. BEM JURÍDICO TUTELADO O Bem Jurídico tutelado é a Dignidade da pessoa humana, bem como a integridade física e psíquica. 8 Vamos revisar em vídeo esse tópico? Lei de Tortura – QR CODE 02 TORTURA E O CENÁRIO DA BOMBA-RELÓGIO Tortura para salvamento ou Ticking Time Bomb Scenario Theory É um tipo de tortura para se evitar um ataque terrorista iminente. Ou seja, é usada a tortura como meio de obter informações específicas e essenciais para uma emergência terrorista. Há correntes de entendimento: • 1º corrente: Para usar esse método existiriam alguns requisitos a serem contemplados como por exemplo: a) que o ataque acontecerá em um prazo muito próximo; b) a pessoa tem informações que impedirão o ataque e que; c) a tortura seria o único meio de salvar muitas vidas. Segundo Renato Brasileiro (2), trata-se de uma situação de tortura forçada pelo dilema moral com o qual se depara a autoridade pública. São partidários dessa corrente muitos países que já sofreram ataques terroristas. • 2ª corrente: Segundo Renato Brasileiro, é dominante o entendimento no sentido de que a tortura seria um direito absoluto, não existindo relativizações ou exceções. (2) CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES ARTIGO 2º 1. (...) 2. Em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias excepcionais tais como ameaça ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como justificação para tortura. Segundo Norberto Bobbio50: O direito a não ser escravizado implica a eliminação do direito de possuir escravos, assim como o direito de não ser torturado implica a eliminação do direito de torturar. Esses dois direitos podem ser considerados absolutos, já que a ação que é considerada ilícita em consequência de sua instituição e proteção e universalmente condenada"1 1 Fundamentos dos Direitos Humanos: Uma Análise Comparada – citando: Norberto Bobbio. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. Disponível em: (15) 9 PRESCRITIBILIDADE Tortura prescreve? A imprescritibilidade da Tortura no âmbito penal é muito discutida na doutrina e envolve questões Constitucionais, Tratados Internacionais e divergência entre eles! A questão é a seguinte: Os Tratados Internacionais dos quais o Brasil é signatário tratam a tortura como imprescritível, em especial, o Estatuto de Roma, promulgado no Brasil apenas em 2002 no Decreto nº 4.388/02. Não é nosso objetivo mostrar o que a Doutrina escreve e quais os argumentos de todas as correntes (quem quiser se aprofundar, está bem completo nos livros de Renato Brasileiro (2) e Rogério Sanches (5), todos de 2020). Segundo os próprios doutrinadores citados acima, prevalece a prescritibilidade do crime de tortura de acordo com a CF/88, porquanto as normas internacionais não se submeteram a aprovação nos moldes de Emenda Constitucional. Aplicam-se os prazos prescricionais previstos no Código Penal. Os únicos crimes imprescritíveis no nosso ordenamento jurídico são (art. 5, XLII e XLIV CF), Racismo e Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. O que é IMPRESCRITÍVEL (em relação à tortura) é a ação de reparação por danos morais (âmbito civil), ajuizadas em decorrência de atos de tortura cometidos durante o Regime Militar. REPARAÇÃO CIVIL DO DANO DECORRENTE DA PRÁTICA DE TORTURA É IMPRESCRITÍVEL Como vimos, o crime de tortura é prescritível! Embora seja pacífico que o crime de tortura prescreva, há precedentes dos Tribunais Superiores (STF/STJ) no sentido de que a reparação civil do dano decorrente da prática de tortura é imprescritível: “(...) As ações indenizatórias por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar de exceção são imprescritíveis. Inaplicabilidade do prazo prescricional do art. 1º do Decreto 20.910/1932. Precedentes do STJ. STF, 1ª Turma, RE 715.268, 22/05/2014 10 SOFRIMENTO FÍSICO OU MENTAL O crime de tortura pode ou não deixar vestígios. É mais comum ao imaginarmos um crime de tortura, ter como primeira ideia a presença de marcas físicas, lesões, sangue e sofrimento causado por castigos físicos. Porém, é importante deixar claro que nem toda tortura é causada com sofrimento físico. A tortura causada pelo torturador pode ser mental. Como consequência, a tortura pode deixar vestígios físicos ou mentais (psíquicos). No Direito Penal, o crime que não deixa vestígios físicos é chamado de crime transeunte e, por isso, não são alvos do exame de corpo de delito. Diante disso, caso sua banca de concurso cobrasse a resposta da afirmação abaixo, o que você marcaria? “Nem todos os crimes de tortura deverão ter como prova de materialidade o exame de corpo de delito.” A resposta é certa! Quando a infração penal não possuir vestígios físicos (crime transeunte) a prova de sua existência poderá ser realizada por qualquer forma admitida em direito ou quando os vestígios desaparecerem, a prova testemunhal poderá suprir a falta do exame de corpo de delito. Quando a infração penal deixar vestígios (ou seja, no caso de crime não transeunte) será obrigatória a realização do exame de corpo de delito. Em se tratando do crime de tortura, previsto no artigo 1º, inciso I, ‘a’, da Lei 9.445/97, e sendo impingido à vítima apenas e tão somente sofrimento de ordem mental, e que, portanto, e de regra, não deixa vestígios, é suficiente a sua comprovação por meio de prova testemunhal. STJ-6a Turma. HC 72.084/PB, 16/04/2009. A prática de tortura mediante grave ameaça não deixa vestígios, não se exigindo, para sua constatação, a realização do exame de corpo de delito (art. 158 do CPP). HC 16142 RJ STJ: “(...) O crime previsto no artigo 1º, inciso I, letra a, da Lei 9.455/1997 pressupõe o suplício físico ou mental da vítima, não se podendo olvidar que a tortura psicológica não deixa vestígios, não podendo, consequentemente, ser comprovada por meio de laudo pericial, motivo pelo qual a materialidade delitiva depende da análise de todo o conjunto fático-probatório constante dos autos, principalmente do depoimento da vítima e de eventuais testemunhas. Precedentes. (...)”. STJ, 5ª Turma, HC 214.770, DJe 19/12/2011 Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: Policial Para que um cidadão seja processado e julgado por crime de tortura, é prescindível que esse crime deixe vestígios de ordem física. Gabarito:2 2 Certo. 11 Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PC-BA Prova: Delegado Determinado policial militar efetuou a prisão em flagrante de Luciano e o conduziu à delegacia de polícia. Lá, com o objetivo de fazer Luciano confessar a prática dos atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu interrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no seu pescoço, asfixiando-o. ComoLuciano não confessou, o policial deixou-o trancado na sala de interrogatório durante várias horas, pendurado de cabeça para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele não confessasse, seria morto. O delegado de polícia, ciente do que ocorria na sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior, Luciano afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso sofrimento físico e mental. Para a comprovação da materialidade da conduta do policial, é imprescindível a realização de exame de corpo de delito que confirme as agressões sofridas por Luciano. Gabarito:3 Viram isso? Mesmo ano, mesmo assunto, mesma palavra! Veja a importância de fazer questões anteriores! ORGANIZAÇÃO DA LEI 3 Errado. 12 DISTINÇÃO ENTRE TORTURA E TORTURA IMPRÓPRIA Os crimes de tortura estão previstos no artigo 1º, inciso I e inciso II, e parágrafos 1º e 2º, da Lei 9.455, de 1997. a) Tortura Propriamente dita: Correspondem as condutas previstas nos incisos I e II, e no § 1º do art. 1º da Lei de Tortura. Observem os verbos: “constranger” e “submeter”. Art. 1º Constitui crime de tortura: I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. b) Tortura Imprópria: Corresponde a conduta prevista no parágrafo 2º, do artigo 1º. § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. 13 CRIMES EM ESPÉCIE ART. 1º - INCISO I Art. 1º Constitui crime de tortura: I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; Pena - reclusão, de dois a oito anos Esse dispositivo contém três alíneas caracterizadoras do crime de tortura, que se diferenciam apenas no que se refere à finalidade específica (“a” e “b”) e o especial fim de agir (“c”) do agente torturador. OBJETIVIDADE JURÍDICA A incolumidade física e mental das pessoas. MEIOS DE EXECUÇÃO O verbo “constranger”, segundo o dicionário4, significa obrigar pela força, obrigar alguém a fazer alguma coisa pelo uso da violência, intimidação ou força; coagir. O constrangimento deve ser feito mediante violência ou grave ameaça. Só que existe uma forma para esse constrangimento acontecer: Através de VIOLÊNCIA ou GRAVE AMEAÇA. Violência é a violência física empregada pela força contra o corpo de alguém, e pode ser chutes, socos, pontapés etc. A grave ameaça, por sua vez, é a violência moral capaz de causar temor na vítima, de forma a viciar sua vontade e incapacitar sua resistência. (2) E esse constrangimento deve ter o “poder” de causar SOFRIMENTO FÍSICO ou MENTAL na vítima. Para a tipificação dos crimes de tortura do art. 1º, inciso I, além do dolo de constranger alguém por meio de violência ou grave ameaça, deve existir também, como já mencionamos, a FINALIDADE ESPECÍFICA e o ESPECIAL FIM DE AGIR. 4 https://www.dicio.com.br/constranger/ 14 Segundo Renato Brasileiro, caso alguém seja submetido um constrangimento por meio de violência ou grave ameaça que não cause sofrimento ou mental, não se estará diante de um crime de Tortura, podendo caracterizar um crime de Constrangimento Ilegal (art. 146, CP). (2) CONSUMAÇÃO A consumação do crime está diretamente ligada ao SOFRIMENTO FÍSICO ou MENTAL da vítima por meio do constrangimento de alguém por meio da violência o grave ameaça e independe da conclusão ou da realização da finalidade específica. Há doutrinadores que definem a tortura como crime formal, se consumando no exato momento em que houver o sofrimento físico ou mental, mesmo que o agente não consiga obter o resultado. E, se acontecer, como por exemplo, a confissão ou declaração, será um mero exaurimento. Nesse sentido Renato Brasileiro (2) e Cláudia Barros (4), ambos classificando como crime formal as alíneas “a” e “b”. Para outra parte da doutrina, o crime de tortura consiste em um crime material, que tem como resultado naturalístico o sofrimento físico ou mental provocado na vítima. Nesse sentido, Ricardo Andreucci (7). STJ: “Não é necessária a existência de sofrimento físico ou mental simultaneamente para a caracterização do crime de tortura, pois a caracterização do crime de tortura, por si só, já é suficiente para a comprovação da tortura psicológica” Critica-se o fato de o legislador ter colocado as finalidades da tortura na lei. Desse modo, não estão inseridas como Tortura a título de mera vingança ou Tortura mediante pagamento ou promessa etc. ELEMENTO SUBJETIVO O elemento subjetivo é o dolo (direto ou eventual), não existindo a modalidade culposa. Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PC-DF Prova: Escrivão O agente carcerário X dirigiu-se ao escrivão de polícia Y para informar que, naquele instante, o agente carcerário Z estava cometendo crime de tortura contra um dos presos e que Z disse que só pararia com a tortura depois de obter a informação desejada. Nessa situação hipotética, se nada fizer, o escrivão Y responderá culposamente pelo crime de tortura. Gabarito:5 5 Errado. O elemento subjetivo da tortura é o dolo, não existindo a modalidade culposa. 15 SUJEITO ATIVO Como já dissemos, em todos os Tratados Internacionais dos quais o Brasil é signatário, a tortura é crime próprio, ou seja, com sujeito ativo sendo funcionário público. A Lei de Tortura, de modo diverso, tratou a Tortura como um crime comum, ou seja, pode ser cometido por qualquer pessoa. Bifronte Como o objetivo é fazer com que você não deixe de fazer com segurança qualquer questão, quero trazer um conceito que pode ser cobrado em prova. Muitos doutrinadores dizem que a Lei de Tortura apresenta um caráter bifronte. Com o caráter bifronte da Lei de Tortura busca-se a proteção às garantias constitucionais básicas do cidadão, não apenas em relação aos agravos realizados por funcionário público, mas também no que tange aos abusos praticados por qualquer pessoa. O § 4º prevê que o crime terá sua pena aumentada de um sexto até um terço se for cometido por agente público. SUJEITO PASSIVO O sujeito ativo é a pessoa contra quem é empregada a violência ou a grave ameaça e, eventualmente, outras pessoas prejudicadas pela conduta (exemplo: tortura contra uma pessoa para obter confissão da outra). Há uma causa de aumento de pena relacionada ao sujeito passivo do crime. A) TORTURA PROVA “Com o fim de OBTER INFORMAÇÃO, DECLARAÇÃO, ou CONFISSÃO da vítima ou terceira pessoa. ” Também chama de persecutória ou inquisitorial. Finalidade específica: Indivíduo constrange a vítima, causa sofrimento físico ou mental para obter informação, declaração ou confissão dela ou de outra pessoa. Violência aplicada contra a vítima: Exemplo: Esposa que tortura o marido para que ele confesse uma traição. Exemplo: Policial que tortura uma pessoa para que ela confesse a prática de um crime. Violência aplicadacontra terceira pessoa: Exemplo: Empregar a violência contra o filho para obter declaração dos pais. Delito de Intenção (Tendência Interna Transcendente): No crime de tendência interna transcendente (ou crime de intenção), o sujeito tem uma finalidade ou intenção adicional de obter um resultado ulterior. O sujeito ativo quer um resultado dispensável para a consumação do delito. O tipo subjetivo é composto pelo dolo e por elemento subjetivo especial. 16 Crime Formal. Caso o torturador consiga obter a informação desejada, será mero exaurimento do crime. (2) (4) Não importa a natureza da informação, declaração ou confissão. Pode ser pessoal ou profissional, por exemplo. Admite-se tentativa. STJ 2018: Tortura-prova dispensa comprovação de sofrimento intenso B) TORTURA CRIME “Para provocar AÇÃO ou OMISSÃO de NATUREZA CRIMINOSA” A violência ou grave ameaça aplicada na vítima tem como objetivo a provocação de um comportamento criminoso ativo ou omissivo. Em outras palavras, a força física ou a coação moral é empregada para que a vítima pratique uma conduta que se tipifica como crime17. Crime Formal: A tortura estará consumada com o sofrimento físico ou mental da vítima, mesmo sem haver a ocorrência do crime pretendido pelo agente. (4) (2) Caso a vítima cometa o crime, o torturador responderá pelo crime de tortura em concurso material com o delito cometido pela vítima. A vítima não responderá pelo crime, já que foi coagida para a praticá-lo. A vítima irá agir sob coação moral irresistível. (art. 22, CP) ou coação física irresistível. Em Direito Penal aprendemos que esse tipo de coação, a coação moral irresistível, isenta o agente de pena, na medida em que não era exigível, no caso concreto, que a pessoa sob coação adotasse uma conduta diversa da cometida (finalidade específica da alínea “b”: ação ou omissão de natureza criminosa). Dessa forma, presente a chamada “inexigibilidade de conduta diversa”, exclui a culpabilidade. No caso da coação física irresistível, exclui-se a conduta. O autor do crime de tortura é quem também será responsabilizado pela ação ou omissão de natureza criminosa praticada pela vítima. Quanto à tortura, ele será autor imediato. Em relação à conduta criminosa da vítima, por ele provocada, essa lhe será imputada a título de autoria mediata. Esta modalidade de crime não abrange o emprego da violência ou grave ameaça para a provocação de uma contravenção penal, do contrário seria uma analogia in malam partem. (4) (2) (6)6 6 Vitor Eduardo Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar Júnior, Legislação Penal Especial Esquematizado. 5º Edição, Ed. Saraiva, 2019 17 C) TORTURA RACISMO “Em razão de discriminação RACIAL ou RELIGIOSA” Também chamada de Tortura Preconceito ou Discriminação. Perceba que diferentemente da tortura prova (a) e da tortura crime (b), em que o agente age com uma finalidade específica, na Tortura Racismo o agente age com uma motivação específica! O agente não tem finalidade, tem motivação! O criminoso, motivado por discriminação racial ou religiosa, constrange a vítima, empregando violência ou grave ameaça, causando sofrimento físico ou mental. O agente já inicia a tortura motivado pela discriminação. De qualquer forma, sempre deve existir a específica motivação discriminatória, seja racial, seja religiosa. MUITA ATENÇÃO Há uma divergência entre os professores e doutrinadores acerca da possibilidade de a tortura praticada em razão de discriminação por ORIENTAÇÃO SEXUAL ser tipificada como TORTURA RACISMO. A divergência se deve ao fato do Supremo Tribunal Federal entendeu que a ORIENTAÇÃO SEXUAL DEVERIA SER INCLUÍDA NO CONCEITO DE “RAÇA”, razão pela qual a prática discriminatória em razão desse elemento caracterizaria o delito de racismo previsto na Lei nº 7.716/89 (julgamento conjunto da ADI 26 e do MI 4733, 13/06/2019). Então, é crime de racismo qualquer discriminação ou preconceito por raça, cor, etnia, religião e procedência nacional e agora, também, por HOMOFOBIA e TRANSFOBIA. Alguns professores acreditam que isso vincula a Lei de Tortura, na qual seria tortura racismo a discriminação por questão racial, religiosa e orientação sexual. Outros autores, porém, refutam essa analogia. Corrente 1º: Embora não haja previsão expressa no tipo penal, a discriminação em razão da orientação sexual da vítima também configura tortura preconceito. Corrente 2º: A decisão do STF abrange somente a Lei 7.716/89 e não se pode ampliar suas conclusões para outros delitos sob pena de violação ao Princípio da Legalidade. Seria, portanto, analogia in malam partem. Nesse sentido: Renato Brasileiro (2), Cláudia Barros (4), Rogério Sanches e Ronaldo Batista Pinto (5), Flávio Milhomem (12) 7. 7 Flávio Milhomem, Tortura por Homofobia ou Transfobia, 4/06/2019, aula disponível em: encurtador.com.br/cGQ49 18 Recomendo que os alunos aguardem o Legislativo resolver essa lacuna ou o STF dirimir esse questionamento. Caso não tenhamos essa “resposta” até o dia da prova, recomendo irmos de acordo com o Princípio da Legalidade e com a vedação da Analogia in malam partem, até para fins de fundamentação em possíveis recursos. Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Defensor Público Federal Em relação aos crimes contra a fé pública, aos crimes contra a administração pública, aos crimes de tortura e aos crimes contra o meio ambiente, julgue o item a seguir. Caracteriza uma das espécies do crime de tortura a conduta consistente em, com emprego de grave ameaça, constranger outrem em razão de discriminação racial, causando-lhe sofrimento mental. Gabarito:8 8 Certo. 19 ART. 1º - INCISO II – TORTURA CASTIGO Art. 1º II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. No crime de tortura castigo temos a conduta do agente que submete alguém que esteja sob sua guarda/poder/autoridade, mediante o emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, com o intuito de castigá-lo ou aplicar-lhe medida de caráter preventivo. SUJEITO ATIVO O sujeito ativo é aquele que tem guarda, poder ou autoridade. Guarda significa o dever de vigilância atribuído a determinadas pessoas por meio de lei ou convenção particular, ainda que de maneira informal3 (pais, professores, babás, tutores, cuidador de idosos). “(...) A conduta da paciente enquadra-se no tipo penal previsto no art. 1º, II, § 4º, II, da Lei n. 9.455/1997. A paciente possuía os atributos específicos para ser condenada pela prática da conduta descrita no art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997. Indubitável que o ato foi praticado por quem detinha as crianças sob guarda, na condição de babá. (...)”. STJ, 6ª Turma, HC 169.379/SP, 31/08/2011 Poder é a relação de sujeição do sujeito passivo em relação ao torturador. Segundo Renato Brasileiro (2), há vínculo de submissão exercido pelo torturador sobre a vítima. O autor cita do exemplo de uma cuidadora em relação a um idoso e cita o exemplo do caso do ladrão que teve o rosto tatuado pela vítima do furto. A critério de curiosidade, no caso do ladrão que teve a testa tatuada, os agressores não foram denunciados por tortura e sim por lesão corporal gravíssima e constrangimento ilegal. A promotora alegou que a vítima não estava em poder deles. Segundo Cláudia Barros (4): “Ter poder significa ter direito de deliberar, agir, mandar, exercer autoridade, soberania, ter a posse de um domínio” “Autoridade vem associada ao poder. (...) também pode ser autores de tortura nessa modalidade traficantes, milicianos que exerçamcontrole de comunidades, onde habitantes estão sob seu jugo e a eles devem obediência como condição de sobrevivência.” (pág. 1276) Autoridade, segundo Renato Brasileiro, tem seu conceito extraído da Lei de Abuso de Autoridade e é quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. 20 CASO CONCRETO Dois indivíduos haviam sido condenados na primeira instância pelo crime de tortura (art. 1º, inciso II) por terem submetido a vítima a intenso sofrimento físico com a finalidade de castigá-la devido a uma dívida existente com um dos agentes. Em sede de apelação, a condenação foi mantida, mas no julgamento dos embargos infringentes o Tribunal de Justiça desclassificou o crime de tortura para o de lesão corporal, uma vez que, argumentou-se, a conduta praticada pelos agentes não encontrava adequação típica na Lei 9.455/97. O Ministério Público interpôs recurso especial contra essa decisão, o que levou o STJ a analisar a abrangência dos termos guarda, poder ou autoridade, contidos no artigo 1º, inciso II, da Lei de Tortura. “… O crime de tortura, na forma do art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997 (tortura-castigo), ao contrário da figura típica do inciso anterior, não pode ser perpetrado por qualquer pessoa, na medida em que exige atributos específicos do agente ativo, somente cometendo essa forma de tortura quem detiver outra pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade (crime próprio). 5. A expressão guarda, poder ou autoridade denota um vínculo preexistente, de natureza pública, entre o agente ativo e o agente passivo do crime. Logo, o delito até pode ser perpetrado por um particular, mas ele deve ocupar posição de GARANTE (obrigação de cuidado, proteção ou vigilância) com relação à vítima, seja em virtude da lei ou de outra relação jurídica. 6. Ampliar a abrangência da norma, de forma a admitir que o crime possa ser perpetrado por particular que não ocupe a posição de garante, seja em decorrência da lei ou de prévia relação jurídica, implicaria uma interpretação desarrazoada e desproporcional, também não consentânea com os instrumentos internacionais que versam sobre o tema. 7. No caso, embora a vítima estivesse subjugada de fato, ou seja, sob poder dos recorridos, inexistia uma prévia relação jurídica apta a firmar a posição de garante dos autores com relação à vítima, circunstância que obsta a tipificação da conduta como crime de tortura, na forma do art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997. 8. Recurso especial improvido. STJ, REsp 1.738.264/DF, 6ª Turma, 14.09.2018 Informativo 633 do STJ - Rogério Sanches Somente pode ser agente ativo do crime de tortura-castigo aquele que detiver outra pessoa sob sua guarda, poder ou autoridade (crime próprio). No julgamento do REsp 1.738.264/DF o STJ confirmou a necessidade de que o agente ostente a qualidade de garante para que cometa a tortura-castigo. No caso julgado, dois indivíduos haviam sido condenados em primeira instância por terem submetido uma pessoa a intenso sofrimento físico para aplicar castigo pessoal e para constrangê-la a devolver determinada quantia a um dos agentes. Nos embargos infringentes, o Tribunal de Justiça desclassificou a tortura para lesão corporal porque a conduta perpetrada não se subsumia a nenhum dos incisos do art. 1º da Lei 9.455/97: não havia, com efeito, as finalidades nem o motivo que caracterizam o inciso I, tampouco a qualidade especial dos sujeitos ativos necessária para a caracterização do inciso II, dispositivo no qual se baseara a condenação. Artigo extraído do portal: https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2018/10/12/633-tortura-castigo-pode- ser-cometida-pelo-garante/ 21 SUJEITO PASSIVO Aquele que está sob a guarda, poder ou autoridade do torturador É um crime BIPRÓPRIO, pois exige qualidade especial do sujeito ativo e do sujeito passivo. ELEMENTO SUBJETIVO Dolo de expor a vítima a intenso sofrimento como forma de aplicar castigo ou medida de caráter preventivo. Não há finalidade específica, não se espera nada em troca da vítima. RESULTADO O sofrimento físico ou mental ocasionado deve ser INTENSO. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA O crime se consuma quando a vítima, a qual se encontra sob a guarda, poder ou autoridade do agente, é submetida, mediante violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental como forma de imposição de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. É crime material e admite tentativa, na hipótese de iniciada a execução do crime, a vítima não for submetida a intenso sofrimento físico ou mental por circunstâncias alheias à vontade do agente. TORTURA CASTIGO X MAUS TRATOS (ART. 136, CP) Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. Na tortura castigo temos uma conduta mais grave e o fim visado pelo agente é o intenso sofrimento físico ou mental, como forma de castigo ou medida preventiva. Há o sadismo, o “sangue no olho”, a intenção de torturar. Segundo o professor Renato Brasileiro, essas são as principais diferenças entre os crimes: 22 TORTURA CASTIGO MAUS TRATOS Forma Livre O próprio legislador diz como o crime deve ser praticado: privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina. Dolo de DANO - Depende de Intenso Sofrimento Físico ou Mental Dolo de PERIGO - sendo suficiente a exposição do perigo de vida ou da saúde da pessoa. Especial fim de agir: Não é necessário. Especial fim de agir: O crime de maus tratos é praticado para fins de educação. “(...). Para que se configure o delito de maus tratos é necessária a demonstração de que os castigos infligidos tenham por fim a educação, o ensino, o tratamento ou a custódia do sujeito passivo, circunstâncias que não se evidenciam na hipótese. Precedente desta Corte. 2. A conduta verificada nos autos encontra melhor adequação típica na descrição feita pelo art. 1º., II da Lei 9.455/97 - tortura, o que não exclui a possibilidade de outra definição do fato se verificado, depois de realizada mais aprofundada cognição probatória, serem outras as circunstâncias delitivas. (...)”. STJ, 3ª Seção, CC 102.833/MG, 10/09/2009 Ano: 2019 Banca: IADES Órgão: SEAP-GO A tortura-castigo exige uma relação de guarda, poder ou autoridade entre o sujeito ativo e o passivo. Gabarito:9 9 Certo. 23 ART. 1º, § 1º – TORTURA AO PRESO Também chamada de Tortura Equiparada ou Tortura pela Tortura. § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. SUJEITO ATIVO Quanto ao sujeito ativo, temos divergência na doutrina. Para Renato Brasileiro (2) e Cláudia Barros (4), o crime é próprio pois só pode ser aquele que tem a custódia de preso ou pessoa sob medida de segurança, geralmente o agente público responsável pelos encarcerados (policial penal, por exemplo). Para Vitor Eduardo Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar Júnior (6) e Ricardo Silvares e Rogério Sanches (5) é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa. SUJEITO PASSIVO O preso (definitivo ou provisório) ou pessoa sujeita a medida de segurança (internado ou em tratamento ambulatorial). Pessoa presa é aquela que perdeu sua liberdade em razão de prisão em flagrante ou decorrente de ordem judicial. Pessoa sujeitaa medida de segurança é a que se encontra internada em hospital de custódia ou tratamento psiquiátrico, ou, na falta destes, em outro estabelecimento adequado, ou, ainda, a que está sendo submetida a tratamento ambulatorial. MUITA ATENÇÃO! Nas espécies de Torturas estudadas até aqui, de qual modo ou quais modos o torturador poderia causar o sofrimento físico ou mental na vítima? Violência ou Grave Ameaça, certo? Pois bem... Na Tortura ao Preso, a violência ou grave ameaça não é necessária. Pode existir, mas não é necessária. Basta que o agente torturador atinja o sofrimento físico ou mental PELA PRÁTICA DE ATO NÃO PREVISTO EM LEI ou NÃO RESULTANTE DE MEDIDA LEGAL. Perceber que NÃO HÁ NECESSIDADE DE PRATICAR ATO COM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA! Dizer que a violência não é necessária, não significa dizer que não pode haver violência. A tortura contra o preso pode ser praticada mediante violência, mas a violência não é o único meio possível. Não prevê finalidade específica e não prevê a necessidade de violência ou grave ameaça. Exemplo: Colocar o preso o durante todo o dia pelado andado pelo presídio ou privá-lo de alimentação e água. E se o preso sentir sofrimento físico ou mental por ato previsto em lei? Fato Atípico. 24 Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: DEPEN Prova: Agente Um agente penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia, permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber água ou alimentar-se, como forma de castigo, já que José havia cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar. Nessa situação, esse agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de violência ou grave ameaça contra José. Gabarito:10 Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PC-DF Prova: Agente O agente público que submeter pessoa presa a sofrimento físico ou mental, ainda que por intermédio da prática de ato previsto em lei ou resultante de medida legal, praticará o crime de tortura. Gabarito:11 Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: DEPEN Prova: Agente SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a saúde física de preso em virtude de excesso na imposição da disciplina, com a mera intenção de aplicar medida educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nessa situação, o referido agente responderá pelo crime de tortura. Gabarito:12 10 Certo. 11 Errado. 12 Errado. 25 ART. 1º, § 2º TORTURA IMPRÓPRIA Também conhecida como anômala ou atípica. Art. 1º § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. Renato brasileiro classifica a Tortura Imprópria como crime parasitário, ou seja, aquele que depende de um crime anterior ao menos tentado para que seja possível a omissão. É, na verdade, uma omissão penalmente relevante. O sujeito ativo não tem o dolo de torturar, não pratica efetivamente a tortura, mas de forma omissiva, permite que outro a realize. A tortura imprópria é crime próprio, pois só poderá ser praticada por aquele que estiver na posição de garante, o que tinha o dever de evitar ou apurar o crime. (5) (4) (2) • “Tinha o dever de evitar”: Funcionário Público e Garantidor Sempre uso o exemplo em sala de aula da mãe que está torturando o filho e o pai, com medo de ser o próximo a apanhar dela, por mais que não deseje e nem incentive a conduta, não faz nada para evitar. Observar que “fere” a CF/88 na medida que não pune como tortura aquele que, podendo evitar, se omitem. A própria CF/88 determina que devem responder por tortura, mas a lei dá uma pena mais branda para os que se omitem. “A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da TORTURA(...), por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; ” • “Tinha o dever de apurar”: O sujeito ativo não é o garante e somente pode ser o funcionário público, que tem o dever de apurar a conduta criminosa. Renato Brasileiro chama de um crime especial de prevaricação. (2) Crime Material A tortura omissiva será punida com pena de detenção de 1 a 4 anos, sendo cabível a concessão da suspensão condicional do processo, instituto previsto na Lei 9.099/95, em seu art. 89, para todos os delitos cuja pena mínima em abstrato não seja superior a 1 ano. Essa omissão NÃO SE SUBMETE às disposições dos CRIMES HEDIONDOS e EQUIPARADOS. 26 A condenação por crime de tortura omissiva, da mesma forma como ocorre nos crimes de tortura comissiva, acarreta a perda automática do cargo segundo entendimento do STJ sobre o tema. HC 47.846/MG – 22/02/2010 Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Federal Cinco guardas municipais em serviço foram desacatados por dois menores. Após breve perseguição, um dos menores evadiu-se, mas o outro foi apreendido. Dois dos guardas conduziram o menor apreendido para um local isolado, imobilizaram-no, espancaram-no e ameaçaram-no, além de submetê-lo a choques elétricos. Os outros três guardas deram cobertura. Nessa situação, os cinco guardas municipais responderão pelo crime de tortura, incorrendo todos nas mesmas penas. Gabarito:13 13 Certo. 27 QUALIFICADORAS ART. 1º, § 3º – TORTURA QUALIFICADA Lesão grave ou gravíssima: “§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos.” Morte: “Se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.” As qualificadoras são preterdolosas, ou seja, configuram-se somente quando existe dolo de torturar e culpa em relação ao resultado agravador (lesão grave ou morte). Se, como consequência da tortura, resultar lesão grave ou gravíssima a pena é de reclusão de 04 a 10 anos. Lesão corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão corporal de natureza grave § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias; II - Perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - Aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. Lesão corporal de natureza gravíssima § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - Enfermidade incurável; III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - Deformidade permanente; V - Aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Se sobrevier a morte, a pena é de reclusão de 8 a 16 anos. Não se confunde o crime de tortura qualificada pela morte com o homicídio qualificado pela tortura. Na tortura qualificada pela morte, o dolo do agente é de torturar e não de causar a morte. Acontece que, por excessos na execução do crime, o agente acaba causando culposamente a morte da vítima. 28 No homicídio qualificado pela tortura, o agente quer a morte da vítima ou assume o risco de produzi-la. O dolo do agente é de matar e a tortura foi o meio empregado para realizar o feito. Tortura qualificada pela morte • Lei de Tortura. • É crime equiparado a hediondo. • Elemento subjetivo: É crime preterdoloso. • Crime de competência do juízo comum. Homicídio qualificado pela tortura • art. 121, § 2º, III – Código Penal • É crime hediondo. • Elemento subjetivo: É crime doloso. A tortura é meio de execução para produzir a morte. • Crime de competência do tribunal do júri. Atenção! As qualificadoras alcançam o agente que cometeu a Tortura Imprópria? §2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. Não é consenso na doutrinase as qualificadoras também são aptas a alcançar a conduta do agente que se omite na tortura imprópria. Há uma corrente que sustenta que as qualificadoras apenas alcançam o executor da tortura. É a posição Majoritária (2) (5) Nesse sentido Cláudia Barros (4) Para uma segunda corrente, as qualificadoras abrangem todas as espécies de tortura, exceto a figura do agente que deixa de apurar. Se o agente deixou de apurar um crime de tortura consumado, não há como aplicar a qualificadora a ele. Nesse sentido Rogério Sanches e Ronaldo Batista Pinto (5) E para uma terceira corrente, a qualificadora é aplicável a todas as formas de omissão (deixar de evitar e deixar de apurar). Nesse sentido Renato Brasileiro (2) 29 ART. 1º, § 4º – CAUSAS DE AUMENTO DA PENA: (+1/6 A 1/3) § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: I - Se o crime é cometido por agente público; II - Se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; III - Se o crime é cometido mediante sequestro. I - Se o crime for cometido por AGENTE PÚBLICO; Qualidade do sujeito ativo. Segundo Renato Brasileiro, o conceito de agente público deve ser extraído do art. 2º da nova Lei de Abuso de Autoridade. (volte lá página que estudamos isso para dar uma lida!) Para incidir a causa de aumento e o crime de tortura é praticado por agente público no exercício da função ou em razão dela. Atenção ao julgado abaixo! A figura típica prevista no § 2º, do art. 1.º, da Lei de Tortura, constitui-se em crime próprio, porquanto exige condição especial do sujeito. Ou seja, é um delito que somente pode ser praticado por pessoa que, ao presenciar tortura, omite-se, a despeito do "dever de evitá-las ou apurá-las " (como é o caso do carcereiro policial). Em tais casos, a incidência da circunstância agravante prevista no art. 61, inciso II, alínea g, do Código Penal, e da majorante de pena estabelecida no art. 1.º, § 4.º, inciso I, da Lei n.º 9.455/1997 ("se o crime é cometido por agente público"), constitui evidente bis in idem na valoração da condição pessoal do sujeito ativo. STJ - HC Nº 131.828 – RJ 02/12/2013 II – Se o crime for cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou > 60 anos; Qualidade do sujeito passivo e fundamenta-se na situação de fragilidade ou debilidade da vítima. Para o conceito de criança adota-se o critério do ECA, ou seja, criança até 12 anos incompletos e adolescente de 12 a 18 anos incompletos. Como não há distinção do tipo de deficiência, prevalece que pode ser qualquer, por exemplo, deficiência física ou mental. No caso de crime de tortura perpetrado contra criança em que há prevalência de relações domésticas e de coabitação, não configura bis in idem a aplicação conjunta da causa de aumento de pena prevista no art. 1º, § 4º, II, da Lei n. 9.455/1997 (Lei de Tortura) e da agravante genérica estatuída no art. 61, II, f, do Código Penal. STJ, 6a Turma. HC 362.624/RJ – Info 589 30 III – Se o crime for cometido mediante sequestro. É o meio de execução do crime. Privação de liberdade. O sequestro aumenta a pena quando ele for meio empregado pelo agente para tortura. Por óbvio que o tempo do sequestro deve ser juridicamente relevante. Se o sequestro for realizado inicialmente para que seja pedido um resgate, por exemplo, e apenas depois, no cativeiro, a vítima é torturada, teremos 2 crimes em concurso material – extorsão mediante sequestro em concurso material com o crime de tortura. Apesar de haver divergência, segundo Rogério Sanches [1], a maioria da doutrina entende que as causas de aumento de pena se aplicam às qualificadoras. 31 ART. 1º, § 5º E § 6º – EFEITO DA CONDENAÇÃO § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.” A condenação pela Tortura gera efeitos penais e extrapenais. Os efeitos extrapenais são a PERDA DO CARGO, FUNÇÃO ou EMPREGO PÚBLICO e a interdição para seu exercício pelo DOBRO do prazo da pena aplicada. Esse efeito da condenação é OBRIGATÓRIO e AUTOMATICO, sendo desnecessária a fundamentação por parte do juiz. Ou seja, uma vez condenado (com trânsito em julgado) por crime de tortura, automaticamente o criminoso perderá o cargo, emprego ou função, ficando interditado para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Uma vez condenado, o agente não poderá, pelo dobro do prazo da pena aplicada, exercer qualquer cargo, emprego ou função na Administração Pública. Após esse lapso temporal o sujeito poderá concorrer novamente a outros cargos públicos, porém jamais aquele cuja perda foi declarada. (5) (2) O efeito da condenação também é aplicado ao condenado pela tortura imprópria. (2) A condenação criminal transitada em julgado não acarreta a cassação da aposentadoria automaticamente. O STJ não admitiu a interpretação extensiva do art. 1º, § 5º da Lei para alcançar a cassação de aposentadoria O tribunal ressalvou a possibilidade de aplicação da penalidade de cassação da aposentadoria na esfera administrativa, por meio do devido processo administrativo disciplinar. STJ – 1.317.487/MT, 22/08/2014 A condenação por tortura omissiva gera a perda automática do cargo segundo entendimento do STJ HC 47.846/MG – 22/02/2010 § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. Esse dispositivo é uma repetição do texto constitucional. Porém, ao contrário da Lei de Crimes Hediondos que veda expressamente a graça, anistia e o indulto, a Lei de Tortura proíbe apenas a graça e a anistia. Cláudia Barros (4) e Ricardo Andreucci (7) entendem que é cabível o indulto para o condenado pela tortura. Para Guilherme Souza Nucci, onde se lê “graça” deve-se ler “indulto” pois o indulto nada mais é que o perdão coletivo, sendo assim, seria vedado tanto a graça quanto o indulto para o condenado pela tortura. Há precedentes no STF no sentido de que é vedada a concessão do indulto aos condenados pela prática de tortura, ou de qualquer outro crime hediondo ou equiparado. (STF, Pleno, ADI 2.795 MC/DF, 08/05/2003.) É o que prevalece. Além disso, a liberdade provisória é possível, caso o juiz entenda pela sua concessão, mas sempre sem fiança, pois, como sabemos, estamos diante de um crime inafiançável. 32 Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: STJ Prova: Analista Tendo como referência a legislação penal extravagante e a jurisprudência das súmulas dos tribunais superiores, julgue o item que se segue. A condenação pela prática de crime de tortura acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para o seu exercício por prazo igual ao da pena aplicada. Gabarito:14 Ano: 2015 Banca: FUNIVERSA Órgão: SEAP-DF A condenação por crime de tortura acarretará a perda do cargo, da função ou do emprego público e a interdição, para seu exercício, pelo triplo do prazo da pena aplicada. Gabarito:15 14 Errado. 15 Errada. 33 ART. 1º, § 7º – REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. O §7° prevê que o regime inicial obrigatoriamente será o fechado para os crimes de tortura comissivos, como a exceção expressa da não aplicabilidade dessa obrigação ao condenado pela Tortura Imprópria. O STF já declarou a inconstitucionalidade da obrigatoriedade do regime inicial de cumprimento de pena pois violava o Princípio da Individualização da pena. Para estabelecer o regime prisional, deveria o magistrado avaliar o caso concreto, seguindo os parâmetros estabelecidospelo Código Penal. É firme neste Tribunal a orientação de que é necessária a apresentação de motivação concreta para a fixação de regime mais gravoso, fundada nas circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal - CP. Nesse sentido, foi elaborado o enunciado n. 440 da Súmula desta Corte que prevê: "fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito". No mesmo sentido, são os enunciados n. 718 e 719 da Súmula do Supremo Tribunal Federal. O exame dos autos revela que após manterem a pena-base no mínimo legal, por considerarem favoráveis as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP, o regime fechado foi fixado pelo Magistrado sentenciante e mantido pelo Tribunal de Justiça sem fundamentação idônea, baseado exclusivamente na imposição legal contida na Lei n. 9.455/97, o que contraria a jurisprudência desta Corte. Ademais, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no dia 27 de junho de 2012, ao julgar o HC n. 111.840/ES, por maioria, declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do § 1º, do art. 2.º, da Lei n. 8.072/90, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 11.464/07, afastando, dessa forma, a obrigatoriedade do regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e equiparados, incluído aqui o crime de tortura. Dessa forma, em razão da primariedade do paciente, do quantum de pena aplicado, inferior a 4 anos (art. 33, § 2º, "c", do CP), da inexistência de circunstância judicial desfavorável (art. 59 do CP), bem como da fixação da pena-base no mínimo legal, o regime a ser imposto deve ser o aberto. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para fixar o regime inicial aberto. HC 383.090/SP, 30/03/2017 REGIME INICIAL FECHADO FIXADO EXCLUSIVAMENTE COM BASE NO ART. 1º, § 7º, DA LEI 9.455/97. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA. RECONHECIMENTO DA ILEGALIDADE PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. ALTERAÇÃO DO REGIME PARA O SEMIABERTO, COM FULCRO NO ART. 33 E PARÁGRAFOS DO CÓDIGO PENAL.REFORMATIO IN PEJUS. AUSÊNCIA. REPRIMENDA FINAL INFERIOR A 4 ANOS DE RECLUSÃO. REGIME INICIAL SEMIABERTO. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. A obrigatoriedade do regime inicial fechado prevista na Lei do Crime de Tortura foi superada pela Suprema Corte, de modo que a mera natureza do crime não configura fundamentação idônea a justificar a fixação do regime mais gravoso para os condenados pela prática de crimes hediondos e equiparados. Para estabelecer o regime prisional, deve o magistrado avaliar o caso concreto, seguindo os parâmetros estabelecidos pelo artigo 33 e parágrafos do Código Penal. RHC 76.642/RN, 28/10/2016 34 A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. Súmula 719 A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada. Súmula 718 Pelo que vimos nos julgados acima, parece que é pacífica a situação da inconstitucionalidade do regime inicial fechado, não? Logico que não! Nada é fácil para o concurseiro! A primeira turma do STF já julgou diferente: STF - PRIMEIRA TURMA O condenado por crime de tortura iniciará o cumprimento da pena em regime fechado, nos termos do disposto no § 7º do art. 1º da Lei 9.455/1997 - Lei de Tortura. Com base nessa orientação, a Primeira Turma denegou pedido formulado em “habeas corpus”, no qual se pretendia o reconhecimento de constrangimento ilegal consubstanciado na fixação, em sentença penal transitada em julgado, do cumprimento das penas impostas aos pacientes em regime inicialmente fechado. Alegavam os impetrantes a ocorrência de violação ao princípio da individualização da pena, uma vez que desrespeitados os artigos 33, § 3º, e 59 do CP. Apontavam a existência de similitude entre o disposto no artigo 1º, § 7º, da Lei de Tortura e o previsto no art. 2º, § 1º, da Lei de Crimes Hediondos, dispositivo legal que já teria sido declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do HC 111.840/ES (DJe de 17.12.2013). Salientavam, por fim, afronta ao Enunciado 719 da Súmula do STF. O Ministro Marco Aurélio (relator) denegou a ordem. Considerou que, no caso, a dosimetria e o regime inicial de cumprimento das penas fixadas atenderiam aos ditames legais. Asseverou não caber articular com a Lei de Crimes Hediondos, pois a regência específica (Lei 9.455/1997) prevê expressamente que o condenado por crime de tortura iniciará o cumprimento da pena em regime fechado, o que não se confundiria com a imposição de regime de cumprimento da pena integralmente fechado. Assinalou que o legislador ordinário, em consonância com a CF/1988, teria feito uma opção válida, ao prever que, considerada a gravidade do crime de tortura, a execução da pena, ainda que fixada no mínimo legal, deveria ser cumprida inicialmente em regime fechado, sem prejuízo de posterior progressão. HC 123316/SE, rel. Min. Marco Aurélio, 9.6.2015. 35 ART. 2º – EXTRATERRITORIALIDADE Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. O Brasil manifesta interesse punitivo ainda que o crime de tortura não seja cometido dentro do território nacional, constituindo uma exceção ao princípio da territorialidade (art. 5º do Código Penal) A regra é a territorialidade. Extraterritorialidade é a aplicação da lei brasileira praticada no estrangeiro. Requisitos: VÍTIMA BRASILEIRA • Segundo Renato Brasileiro, nesse caso em especial, toda em qualquer pessoa, independentemente de nacionalidade, que praticar tortura contra uma vítima brasileira, poderá ser processado e condenado, ainda que não tenha entrado em território nacional, pouco importando se foi condenado ou absolvido no país em que o crime foi executado. • Devemos lembrar que se o agente tiver sido já punido no Brasil, diz o art. 8º do CP que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil. • Estamos diante de uma hipótese de Extraterritorialidade Incondicionada. ENCONTRANDO-SE O AGENTE EM LOCAL DE JURISDIÇÃO BRASILEIRA • Nesse caso, o agente, independentemente de nacionalidade, que praticar tortura em território estrangeiro e, posteriormente ingressar no Brasil, será aplicada a lei Brasileira. • Caso não exista extradição, o Brasil assume o compromisso de processá-lo e julgá-lo a partir do momento que ingressar no território brasileiro. • Lembram do exemplo que dou em sala? “Um italiano tortura um Japonês na em Paris e depois vai passar o carnaval em Salvador!” Poderá ser julgado e processado no Brasil? Sim. • A polêmica como sempre está na classificação que a doutrina traz para o tipo de extraterritorialidade: • Para alguns, trata-se de extraterritorialidade incondicionada. (Nucci) • Para outros, consiste em extraterritorialidade condicionada. (Marcelo Azeredo) (13) “Entendemos que se trata de extraterritorialidade condicionada. A condição não está prevista na lei especial nem no Código Penal, mas em duas convenções sobre a tortura: Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (art. 12) e a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (art. 5º). Os dispositivos citados condicionam que a lei será aplicada caso não haja extradição. Ou seja, se for caso de extradição, não incidirá a lei do país em que o agente se encontrar. ” 16 • Competência: Em regra, Justiça Comum Estadual. 16 Marcelo André Azeredo, Direito Penal. Parte Geral. Salvador: Juspodivm, 2012, p. 122. 36 DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSARE JULGAR CRIME DE TORTURA COMETIDO FORA DO TERRITÓRIO NACIONAL. O fato de o crime de tortura, praticado contra brasileiros, ter ocorrido no exterior não torna, por si só, a Justiça Federal competente para processar e julgar os agentes estrangeiros. De fato, o crime de tortura praticado integralmente em território estrangeiro contra brasileiros não se subsume, em regra, a nenhuma das hipóteses de competência da Justiça Federal previstas no art. 109 da CF. Esclareça-se que não há adequação ao art. 109, V, da CF, que dispõe que compete à Justiça Federal processar e julgar "os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente", pois não se trata de crime à distância. De igual modo, não há possibilidade de aplicar o inciso IV do art. 109 da CF, visto que não se tem dano direto a bens ou serviços da União, suas entidades autárquicas ou empresas públicas. Ademais, ressalte-se que o deslocamento de competência para a jurisdição federal de crimes com violação a direitos humanos exige provocação e hipóteses extremadas e taxativas, nos termos do art. 109, V- A e § 5º, da CF. Desse modo, o incidente só será instaurado em casos de grave violação aos direitos humanos, em delitos de natureza coletiva, com grande repercussão, e para os quais a Justiça Estadual esteja, por alguma razão, inepta à melhor apuração dos fatos e à celeridade que o sistema de proteção internacional dos Direitos Humanos exige CC 107.397-DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 24/9/2014. Ano: 2020 Banca: CESPE Órgão: MPE-CE Prova: Analista Ministerial A Lei de Crimes de Tortura, ao prever sua incidência mesmo sobre crimes que tenham sido cometidos fora do território nacional, estabelece hipótese de extraterritorialidade incondicionada. Gabarito:17 Ano: 2010 Banca: CESPE Órgão: DPE-BA Prova: Defensor Público Pela lei que define os crimes de tortura, o legislador incluiu, no ordenamento jurídico brasileiro, mais uma hipótese de extraterritorialidade da lei penal brasileira, qual seja, a de o delito não ter sido praticado no território e a vítima ser brasileira, ou encontrar-se o agente em local sob a jurisdição nacional. Gabarito:18 Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: Perito Criminal Federal Tendo em vista que o médico-legista deve descrever, em seu laudo, as lesões que eventualmente encontrar, e cuja natureza jurídica pode ser leve, grave e gravíssima, ou, ainda, lesão corporal seguida de morte, em conformidade com o art. 129 do Código Penal, julgue o item que se segue. A legislação brasileira define tortura como constrangimento com emprego de violência ou grave ameaça, de modo a causar sofrimento, para se obter informação, ou para provocar ação ou omissão, com o objetivo de discriminação racial, religiosa ou ainda como forma de castigo. Gabarito:19 17 Certo. 18 Certo. 19 Certo. Perceba, aluno, que o examinador tentou elencar as modalidades da tortura na redação da questão. Em relação ao sofrimento, por mais que existam outros tipos, vale o gênero que engloba o físico e o mental. Atenção caso existam palavras como “exclusivamente” ou “todos”. 37 Ano: 2021 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PRF Prova: Policial Rodoviário Federal Praticam o crime de tortura policiais rodoviários federais que, dentro de um posto policial, submetem o autor de crime a sofrimento físico, independentemente de sua intensidade. Gabarito:20 Ano: 2020 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PRF Prova: Policial Rodoviário Federal - Curso de Formação Se um policial rodoviário federal, com o objetivo de obter confissão de uma pessoa que tenha sido flagrada cometendo infração, praticar intencionalmente algum ato para causar sofrimento mental a essa pessoa, essa conduta poderá ser caracterizada como tortura. Gabarito:21 Ano: 2019 Banca: Itame Órgão: Prefeitura de Senador Canedo - GO Prova: Guarda Municipal Caso um agente público responda pelo crime de tortura, sua pena poderá ser aumentada em (um) sexto a (um) terço devido a sua função pública. Gabarito:22 Ano: 2019 Banca: IBFC Órgão: CBM-BA A tortura é proibida pela Constituição de 1988, sendo essa proibição, inclusive, um direito fundamental. Sua prática é considerada como crime, sendo disciplinada pela Lei nº 9455/1977. Sobre os crimes de tortura, assinale a alternativa incorreta. A Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial ou religiosa B Aquele que se omite em face da prática do crime de tortura, quando tinha o dever de evita- las ou apura-las, também pratica crime C O crime de tortura é afiançável e suscetível de graça e anistia D Constitui crime de tortura submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo E A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada Gabarito:23 20 Errado. Para que fosse uma tortura própria era necessário o especial fim de agir, que a questão não traz. E para ser possível supor que seria a tortura castigo, o sofrimento físico tinha que ser intenso, como há na redação da lei. 21 Certo. Poderá se caracterizar a chamada Tortura Prova! Art. 1º Constitui crime de tortura: I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 22 Certo. 23 “C” 38 Ano: 2019 Banca: IBGP Órgão: Prefeitura de Jacutinga - MG Prova: Guarda Municipal De acordo com a Lei nº 9.455, de 07 de abril de 1977, que define os crimes de tortura, assinale a alternativa CORRETA: A Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. B A condenação não acarretará a perda do cargo, função ou emprego público, podendo o condenado exercer suas funções normalmente. C Constitui crime de tortura constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental em razão de discriminação racial, religiosa, ou qualquer outro sofrimento que a vítima julgue ser vexatório. D O guarda municipal, quando extremamente necessário poderá submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Gabarito:24 24 “A” 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Justiça, Ministério da. Site da Polícia Federal. [Online] 2020. http://www.pf.gov.br/servicos-pf/armas/registro. 2. Lima, Renato Brasileiro de. Legislação Criminal Comentada. 8º Edição. Editora Juspodivm, 2020. Vol. Único. 3. STJ. Jurisprudências em Teses - STJ. http://www.stj.jus.br/. [Online] http://www.stj.jus.br/internet_docs/jurisprudencia/jurisprudenciaemteses/Jurisprud%C3%AAncia%20em%20teses %20102%20-%20Estatuto%20do%20Desarmamento%20-%20I.pdf. 4. Portocarrero, Cláudia Barros e Ferreira, Wilson Palermo. Leis Penais Extravagantes. 5º Edição. Editora Juspodivm, 2020. 5. Cunha, Rogério Sanches, Ó Souza, Renee do e Pinto, Ronaldo Batista. Leis Especiais Comentadas. 3º Edição. Juspodivm, 2020. 6. Gonçalves, Victor Eduardo Rios e Junior, José Paulo Baltazar. Legislação Penal Especial. 5º Edição. Editora Saraiva, 2019. 7. Andreucci, Ricardo Antônio. Legislação Penal Especial. 14º edição. Editoria Saraiva, 2019. 8. Ó Souza, Renee, Cunha, Rogério Sanches
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