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!!! GUANABARA KOOGAN w Editora lAS Sumário • Introdução, 1 • 1 Teorias de enfermagem, 5 • 2 O processo de enfermagem, 15 • 3 Primeira etapa do processo de enfermagem: investigação, 21 • 4 Segunda etapa do processo de enfermagem: diagnósticos de enfermagem, 39 • s Terceira etapa do processo de enfermagem: planejamento dos resultados esperados, 65 6 Quarta etapa do processo de enfermagem: implementação da assistência de enfermagem, 75 • 7 Quinta etapa do processo de enfermagem: avaliação da assistência de enfermagem, 713 • s Taxonomia NOC, 179 • 9 Classificação internacional das práticas de enfermagem, 127 • 1 o A pesquisa em enfermagem e os sistemas de classificação dos elementos da prática, 7 41 • Referências bibliográficas, 755 • fndice alfabético, 165 - - ------- - Introdução Introdução 3 Este guia prático foi elaborado para auxiliar estudantes, docentes e profis-sionais de enfermagem na implantação da sistematização da assistência de enfermagem (SAE). Ele é composto por 10 capítulos que abrangem as etapas necessárias para a implantação adequada, na prática cotidiana, das etapas do processo de en- fermagem. Convidamos você a ler o livro na seqüência numérica dos capítulos, a fim de que haja uma melhor compreensão dos assuntos abordados, pois cada um deles tem relação direta com o tema que o antecede, constituindo, de certo modo, pré-requisito para um melhor entendimento da matéria seguinte. O primeiro passo para a implantação da SAE é, segundo nosso modo de entender, selecionar uma teoria de enfermagem que irá direcionar as demais etapas da sistematização da assistência. Isso precisa ser feito de maneira bem refletida, cuidadosa, pois uma escolha equivocada pode ser danosa para as demais etapas do processo. Por este motivo começamos discoJTendo sobre as teorias de enfermagem; em seguida, apresentamos as etapas do processo de enfermagem visto como uma das ferr-amentas para auxiliar na implantação da SAE. No Capítulo 4, sobre a segunda etapa do processo de enfermagem, apre- sentamos a classificação da NANDA, muito usada para auxiliar na elaboração do diagnóstico de enfermagem. O Capítulo 6 discorre sobre a quarta etapa do processo de enfermagem, abordando a NIC, utilizada na elaboração das prescrições de enfermagem. Após o estudo das etapas do processo de enfermagem colocamos dois ca- pítulos que abordam outras duas classificações muito utilizadas na atualidade: NOC e CIPE. Em seguida. trouxemos um capítulo com as estratégias que têm sido mais utilizadas para a realização de pesquisas em enfermagem relaciona- das com esses sistemas de classificação. No final de cada capílulo há perguntas que servem para que o leitor avalie o que aprendeu. Sugerimos que você tente respondê-las e, se sentir insegu- rança quanto ao resultado, releia o capítulo antes de se dedicar ao capítulo seguinte. -- -- - ----- -- 1 Teorias de enfermagem Capítulo 1 • Teorias de enfermagem 7 -s teorias podem ser definidas como uma conceituação articulada :: :omunicada da realidade, criada ou descoberta, dentro da = 1fermagem ou pertinentes a ela, para o propósilo de descrição, -=.(p/icação, predição ou prescrição do cuidado de enfermagem. ~fafl. Meleis Um pouco de história A preocupação da enfermagem com a questão teórica nasce com Florence Night1ngale, que afirmava que a enfermagem requeria conhecimentos distin- tos dos da medicina. Ela definiu as premissas em que a profissão deveria se basear estabelecendo um conhecimento de enfermagem direcionado à pessoa às condições nas quais ela vivia e em como o ambiente poderia atuar, positiva- mente ou não, sobre a saúde das pessoas (Nightingale, 1989). Florence Nightingale idealizou uma profissão embasada em reflexões e questionamentos, tendo por objetivo edificá-la sob um arcabouço de conheci- mentos científicos diferentes do modelo biomédico. Apesar da forte influência de Florence Nightingale, a enfermagem aca- bou por assumir uma orientação profissional dirigida para o imediatismo, ba- seando-se em ações práticas, de modo intuitivo e não-sistematizado. Alguns enfermeiros acostumaram-se a exercer a profissão sob a mesma ótica de pro- fissionais médicos, centralizando suas ações mais na doença do que no clien- te. Desse modo, ocorreu uma quase-estagnação da enfermagem centrada no modelo biomédico, que perdurou por muitas décadas (Souza, 1984 ). Por conta clisso, a enfermagem acostLunou-se a depender de conhecimen- tos e de conceitos preexistentes que lhe cli tassem o que fazer e como fazer , e na maioria das vezes não reli e tia sobre por que fazer e quando fazer. hl 'I IIII li III' 8 SAE- Sistematização da Assistência de Enfermagem Porém, sob influência de vários fatores, tais como guerras mundiais, revo- luções femininas, desenvolvimento das ciências e da educação, modificações socioeconômicas e politicas, as enfermeiras começaram a questionar o status quo da prática de enfermagem e a refletir sobre ela. Souza (1984) confi1ma isso ao relatar que a percepção da necessidade de condições menos servis para a profissão levou as enfermeiras norte-americanas a questionarem e refletirem sobre a situação profissional em que se encontra- vam inseridas. A partir desse evento surgiu a consciência de que era necessário que as enfermeiras fossem mais bem preparadas, por meio do aprimoramento da educação em enfermagem, de modo a alcançarem a melhoria da qual idade do cuidado prestado à população. Com isso percebeu-se a necessidade de se desenvolver um corpo específico e organizado de conhecimentos sobre a enfermagem, difundindo-se a preocupa- ção com o significado da enfermagem e com seu papel social. Segundo Iyer, Taptich e Bernocchi-Losey (1993), as primeiras atividades em enfermagem incluíam inúmeras funções de outras áreas profissionais, e o foco de atenção da enfermeira era voltado para medidas de alivio e manuten- ção de um ambiente higiênico (limpo e organizado). Hickman (2000) apresenta uma descrição da evolução das teorias de enfer- magem relatando que nos anos 1940, com a introdução dos estudos psicosso- ciais nos cun·ículos, o cuidado de enfermagem começou a ser enfatizado como W11 processo interpessoal. Nos anos 1950, iniciou-se o foco na assistência holistica da enfennagem. A visão dominante quanto ao cuidado vinculado apenas aos sistemas biológicos começa a ser enriquecida com um novo enfoque do ser humano. Surge, então, a ênfase no cuidado de enfermagem como um processo interpessoal, centra- lizando a assistência de enfermagem não mais na patologia, mas na pessoa e na promoção da sua integridade, percebendo-se o doente como pessoa com necessidades a serem atendidas pelas enfermeiras. As transformações advindas da Segunda Guerra Mundial fizeram com que as enfermeiras norte-americanas se organizassem em associações e iniciassem discussões sobre as necessidades e as dificuldades relativas à profissão. Foi um período caracterizado por uma grande busca de identidade própria, uma vez que despertou as enfermeiras para a necessidade de desenvolvinlento de um corpo de conhecimentos específicos e organizados para a enfermagem. Nos anos 1950, as teóricas Hildegard E. Peplau, Virgínia Henderson, Faye Glenn Abdellah e Dorothea E. Johnson enfocavam o papel dos enfermeiros Capitulo 1 • Teorias de enfennagem 9 quanto às necessidades dos doentes, e naquela época já se sugeria que os diag- nósticos de enfermagem deveriam ser diferentes dos diagnósticos médicos. Na década de 1960, as teorias de enfermagem procuravam relacionar fatos e estabelecer as bases para uma ciência de enfermagem, constituindo urna nova fase da evolução histórica da profissão. Nos EUA, naquela época, ocor- reu a liberação de verbas federais para estudos em doutorado em enfermagem,