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Resenha do filme “A Plataforma” de Zhangke Jia

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Marina Middendorf Mattos​ ​RA:​21060314; 
Surgimento da China como Potência Mundial, 
Profª. Valéria Lopes Ribeiro. 
Resenha do filme “A Plataforma”, de Zhangke Jia. 
 
 
A PLATAFORMA 
(Festival Internacional de Veneza, 2000) 
 
 
Do aclamado roteirista e diretor chinês Zhangke Jia, o longa metragem “A Plataforma” (ano 2000) 
retrata a realidade passada da China, do final dos anos 1970 até o começo dos anos 1990 em Fenyang, na 
província de Shanxi. O filme, dono de inúmeras premiações e críticas positivas, é reconhecido pela 
representação da visão interna da população sobre as mudanças que ocorreram no cenário político e social 
oriundas da abertura internacional do país para influências ocidentais, afetando principalmente os jovens, 
que tal como os personagens principais do filme, serviram também de propagadores dessas mudanças. 
Pela primeira vez depois do longo período Maoísta, no qual a preocupação do governo com a união 
interna e o coletivismo geraram uma forte retração, a China adota um novo modelo comercial de entrada de 
tecnologia estrangeira, visando o crescimento econômico interno a partir do aumento da capacidade de 
produção e exportação de produtos. O resultado desta política econômica da China é ainda refletido da 
economia mundial, na qual domina em termos de exportação devido aos baixíssimos preços e enorme 
capacidade produtiva industrial. 
No quesito social, o filme procura explorar a quebra do período super conservador do socialismo, tal 
como observa-se no grupo de teatro estatal retratado, que viverá ao longo da história situações diversas no 
âmbito socioeconômico e cultural. O drama envolve também a euforia de liberdade vivida pelos jovens 
nascidos na era de Mao Tsé Tung, mas também o contraste com os personagens conservadores que 
Mingliang, um rapaz desinteressado, sofre com relação ao seu pai, sua namorada Ruijuan, e os companheiros 
Zhang Pin, Chang Jun, Yao e Sanming. 
Uma grande crítica é feita, tanto quanto ao abandono de tradições milenares, tal como costumes 
autoritários. Na trama, os personagens Mingliang e Ruijuan assistem sua paixão ameaçada pela imposição de 
um casamento arranjado entre as famílias da moça e de um jovem de uma família de prestígio na região, 
enquanto a jovem personagem Jun lida com um aborto em detrimento do medo de rejeição e decide sair da 
cidade. No âmbito cultural, o filme mostra as músicas e filmes ocidentais infiltrando-se aos poucos nos 
entretenimentos tradicionais, como por exemplo, as músicas de pop e rock que são inseridas na peça do 
grupo de teatro retratado na história, acompanhado do corte de investimentos públicos nessa área. 
O drama ​cult ​teve sua estréia em 2000, na França, sendo aclamado pelo conteúdo histórico e também 
pela fotografia de caráter documental, marcada por cenas minimalistas e desprovidas de marcas 
hollywoodianas. Apresentado no Festival Internacional de Veneza, a obra foi vencedora de sete prêmios e 
duas indicações em oito competições internacionais nos anos de 2000 e 2001.

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