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1 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE 2 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE Olá, Olá, Antes de começarmos, queria te contar um pouco sobre o SimulaJURIS. Esse é um projeto pioneiro, que surgiu do interesse da REDE JURIS em oferecer ao aluno a experiência máxima de prova, com 80 Questões Inéditas formuladas no Padrão FGV, preparadas por Professores e Monitores capacitados. Tudo foi pensado para que o aluno, ao longo da sua preparação, esteja em contato direto com aspectos que serão vividos no dia da prova, e possa assim estar preparado de forma mais efetiva. Essa prova leva em consideração Tamanho de Fonte, Diagramação, Tempo de Prova, Tamanho de Enunciados, Questões Interdisciplinares, Sequência de Matérias abordadas, índice de Temas mais cobrados, e diversas outras prerrogativas adotadas pela FGV na criação da Prova do Exame de Ordem. Apesar de não fazer parte desse material, nosso Cartão de Respostas é exatamente igual ao que a FGV entrega aos inscritos no dia da Prova, para que não hajam surpresas, e o aluno possa extrair todo o conteúdo que aprendeu ao longo desses meses de preparação. Considerada uma Ferramenta Poderosa de Estudo Aprofundado, o SimulaJURIS constitui um dos pilares da Metodologia Imersiva proposta pela Rede Juris. Esse SimulaJURIS Comentado foi preparado para auxiliar os alunos na correção, tendo comentários pontuais (em azul) a cerca da matéria cobrada em cada questão (gabaritos em cinza). Espero que aproveitem ao máximo! Um grande abraço, 3 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE Direito Processual Civil Questão 1 Acerca de normas processuais e jurisdição, assinale a opção correta de acordo com as disposições do CPC. A) O novo CPC aboliu o processo cautelar como espécie de procedimento autônomo e as ações cognitivas meramente declaratórias. Alternativa errada. De fato, o processo cautelar autônomo foi abolido pelo NCPC (temos agora a Tutela Cautelar), mas não as ações cognitivas meramente declaratórias. (Ex: ação declaratória de extinção de hipoteca, ação declaratória de nulidade em escritura pública. Outro exemplo dado pela doutrina de Daniel Neves: "Diferentemente das nulidades relativas e absolutas, o vício que gera a inexistência do ato não se convalida jamais, podendo ser reconhecido na constância da demanda e após o seu encerramento, independentemente de prazo, por meio de mera ação declaratória de inexistência de ato jurídico.") (2016, p.931) B) Os processos sujeitos a sentença terminativa sem resolução de mérito ficam excluídos da regra que determina a ordem cronológica de conclusão para a sentença. Alternativa certa. "Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 (cujo dispositivo trata de hipóteses de julgamento sem resolução do mérito) e 932, NCPC." Os processos sujeitos a sentença terminativa sem resolução de mérito ficam excluídos da regra que determina a ordem cronológica de conclusão para a sentença. C) As limitações e restrições aplicadas aos processos caracterizados como de segredo de justiça não se estendem aos feitos cujo curso se processe nos órgãos jurisdicionados superiores. Alternativa errada. Não existe tal limitação. O segredo de justiça existirá em todas as instâncias caso verificados os seus pressupostos. Lembre-se que parte das investigações Lava Jato que tramita no STF está sob sigilo. D) Sentença estrangeira que verse sobre sucessão hereditária e disposição testamentária de bens situados no Brasil poderá ser executada no Poder Judiciário brasileiro após homologação pelo STJ. Alternativa errada. Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. Questão 2 A respeito da lei processual civil, assinale a alternativa correta. A) A lei vigente na data do oferecimento da peça recursal é a reguladora dos efeitos e dos requisitos da admissibilidade dos recursos. Alternativa errada. A lei vigente na data do oferecimento da peça recursal é a reguladora dos efeitos e dos requisitos da admissibilidade dos recursos. B) O prazo de vacatio legis do novo Código de Processo Civil foi de seis meses decorrido da data de sua publicação. Alternativa errada. O prazo de vacatio legis do novo Código de Processo Civil foi de seis meses decorrido da data de sua publicação. INCORRETA Art. 1.045. Este Código entra em vigor após decorrido 1 (um) ano da data de sua publicação oficial. C) A revelia, bem como os efeitos, regulam-se pela lei vigente na data do ajuizamento da demanda. Alternativa errada. A revelia, bem como os efeitos, regulam-se pela lei vigente na data do ajuizamento da demanda. D) As condições da ação regem-se pela lei vigente à data de propositura da ação. Alternativa certa. Conforme As condições da ação regem-se pela lei vigente à data de propositura da ação. Questão 3 Quanto ao exercício da função jurisdicional pelo Estado-Juiz e no que se refere à jurisdição e ação, é incorreto afirmar: A) Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico; em havendo substituição processual, o substituído será excluído do feito, não lhe cabendo intervir como assistente litisconsorcial. Alternativa certa. De fato, dispõe o art. 18, caput, do CPC/15, que "ninguém poderá pleitear direito alheio, em nome próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico. Porém, o que dispõe o parágrafo único deste dispositivo legal é que "havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial. B) É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do direito. Alternativa errada. É o que dispõe, literalmente, o art. 20, do CPC/15. C) Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade. Alternativa errada. É o que dispõe, literalmente, o art. 17, do CPC/15. D) O interesse do autor pode limitar-se à declaração da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica, da autenticidade ou da falsidade de documento. Alternativa errada. É o que dispõe, literalmente, o art. 19, do CPC/15. Questão 4 A atividade jurisdicional é caracterizada pela inércia, sendo indispensável que a provoque pelo uso da AÇÃO. Assinale a opção correta: A) Havendo substituição processual, o substituído não poderá intervir como assistente litisconsorcial. Alternativa errada. Disposição expressa do artigo 18, parágrafo único do CPC em sentidocontrário. B) Há litispendência quando uma ação é idêntica à outra possuindo as mesmas partes, a mesma causa de pedir ou pedido. A litispendência não poderá ser reconhecida de ofício pelo juiz, obrigando-o a prolatar uma sentença terminativa, que fará coisa julgada formal e material. Alternativa errada. Haverá litispendência entre duas ações quando tiverem os mesmos autores, réus, forem baseadas nos mesmos fatos e o provimento e bem da vida forem os mesmos. Pelo que a assertiva indica, seriam condições alternativas, quando na verdade são condições cumulativas. Ademais, ela pode sim ser reconhecida de ofício pelo juiz, o que acarretaria em uma sentença de extinção do processo sem resolução de mérito (artigo 485, inciso V do CPC). C) O artigo 8º, III, da Constituição Federal dispõe que "ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas". Logo, é correto afirmar que o sindicato possui legitimidade extraordinária na defesa dos 4 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE direitos e interesses da categoria profissional, sendo a legitimidade ad causam um dos requisitos (condições) necessários para a existência de um provimento final de mérito. Alternativa certa. A disposição constitucional demonstrada na alternativa é uma das exceções autorizadas pelo artigo 18, caput, do CPC, na qual alguém vai a juízo em nome próprio postular por direito alheio (definição de legitimidade extraordinária). Como a legitimidade para figurar no processo é uma das condições da ação, assim como indicado na alternativa, a assertiva está correta. D) Compete à autoridade judiciária brasileira, conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil, desde que as partes não tenham convencionado foro de eleição. Alternativa errada. Artigo 23 do CPC traz hipóteses de jurisdição exclusiva da justiça brasileira, sendo uma delas em relação a ações sobre imóveis situados no País. Portanto, não caberia às partes convencionar foro para julgamento da causa nesses casos. Questão 5 Sobre o tema dos sujeitos do processo, de acordo com o Código de Processo Civil, assinale a alternativa incorreta: A) Salvo para os cônjuges casados sob o regime de separação absoluta de bens, o cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário e os cônjuges serão necessariamente citados para a ação que verse sobre direito real imobiliário. Alternativa errada. Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. § 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; B) Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo. Alternativa errada. Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo. C) Constatado ato atentatório à dignidade da justiça, deve o juiz aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta. Alternativa errada. Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação; VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. § 2o A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta. D) Constatada a irregularidade de representação da parte na fase recursal, o relator não deve conhecer do recurso, sem qualquer necessidade de oportunizar prazo razoável para a parte saná-la. Alternativa certa. Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício. § 2o Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator: I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente; II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido. Questão 6 Sobre o tema de litisconsórcio, de acordo com o Código de Processo Civil, haverá litisconsórcio necessário: A) sempre que ele for unitário. Alternativa errada. Não se confunde o conceito de litisconsórcio unitário e necessário: NCPC, Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes. NCPC, Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes. B) ativo, entre os cônjuges, na ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo se casados sob regime de separação absoluta de bens. Alternativa errada. hipótese do artigo 73, I, NCPC faz com que os cônjuges sejam citados e, portanto, ingressem no processo como réus. Trata-se de litisconsórcio passivo e não ativo; C) passivo, entre os cônjuges, na ação fundada em obrigação contraída por um deles, em proveito da família. Alternativa certa. Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens. § 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens; II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles; III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família; IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges. D) entre alienante e adquirente quando ocorrer a alienação de coisa ou de direito litigioso. Alternativa errada. A alienação não acarreta a alteração das partes. NCPC, Art. 109. A alienação da coisa ou do direito litigioso por ato entre vivos, a título particular, não altera a legitimidade das partes. § 1o O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, sucedendo o alienante ou cedente, sem que o consinta a parte contrária. § 2o O adquirente ou cessionário poderá intervir no processo como assistente litisconsorcial do alienante ou cedente. § 3o Estendem-se os efeitos da sentença proferida entre as partes originárias ao adquirente ou cessionário. Questão 7 No que se refere a pressupostos processuais e condições da ação, assinale a opção correta. A) Constatada a carência do direito de ação, o juiz deverá determinar que o autor emende ou complemente a petição inicial e indique, com precisão,o objeto da correção ou da complementação. ERRADA, pois o feito deverá ser extinto sem resolução do mérito. Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; B) Na fase de cumprimento definitivo da sentença, o juiz poderá conhecer de ofício a falta de pressuposto de constituição ocorrido na fase cognitiva e declarar a nulidade da sentença exequenda. ERRADA, pois se o cumprimento é definitivo, já houve trânsito em julgado. No caso, a sentença só poderá ser alterada através de ação rescisória. C) A inépcia da petição inicial por falta de pedido e a existência de litispendência são exemplos de defeitos processuais insanáveis que provocam o indeferimento in limine da petição inicial 5 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE ERRADA, pois no caso da falta de pedido, realmente a petição inicial será indeferida (art. 330, I, c.c. o § 1º, I, do mesmo artigo), mas no caso de litispendência, o feito será extinto sem resolução do mérito. Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; D) A falta de condição da ação, ainda que não tenha sido alegada em preliminar de contestação, poderá ser suscitada pelo réu nas razões ou em contrarrazões recursais. CORRETA, pois se trata de matéria de ordem pública, podendo ser alegada, até o trânsito em julgado, em qualquer tempo e grau de jurisdição. Direito Administrativo Questão 8 O Ministério Público recebeu representação anônima denunciando supostas fraudes ocorridas em processo licitatório na modalidade concorrência, do tipo menor preço, levado a efeito pela Secretaria de Estado e Planejamento de determinado Estado-membro. Após a instauração do inquérito civil público, apurou-se que os sócios das empresas licitantes negociaram secretamente os valores a serem apresentados nas respectivas propostas, de modo que a proposta da empresa GL seria considerada a mais vantajosa à Administração Pública. Fazendo isso, os valores excedentes seriam repartidos entre as empresas. Desta feita, a empresa GL se sagrou vencedora da licitação, sendo o objeto adjudicado por um valor muito acima do praticado no mercado. A partir da narrativa, é correto afirmar que os sócios das empresas: A) cometeram ato de improbidade administrativa na modalidade enriquecimento ilícito. Alternativa incorreta. Para que terceiro, não integrante da administração, cometa ato de improbidade administrativa, é imprescindível que, de alguma forma, haja conluio com agente público. (lei 8.429/92, art. 3º). Porém, tal situação não foi suscitada no enunciado da questão. Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. B) incorreram na prática de tipo penal previsto na Lei 8.666/93. Alternativa correta. Os sócios das empresas praticaram o crime previsto no artigo 90, da lei 8.666/93: C) caso sejam condenados em ação de improbidade administrativa, não poderão sofrer ação penal pelo mesmo fato, sob pena de se incorrer em bis in idem. Alternativa incorreta. A alternativa apresenta dois erros: Os sócios não poderão ser réus em ação de improbidade administrativa, uma vez que não agiram em conluio com agente público, portanto, não praticaram o ilícito civil. A responsabilização por improbidade administrativa não repercute na instância criminal. Dessa forma, uma vez condenado por ato de improbidade administrativa, poderá o agente ímprobo ser responsabilizado em ação penal. D) só poderão ser responsabilizados em ação de improbidade administrativa caso seja comprovado efetivo prejuízo ao erário. Alternativa incorreta. Não podem ser responsabilizados em ação de improbidade administrativa, pois não agiram em conluio com agente público. Questão 9 João, proprietário de uma fazenda no norte de Goiás, foi notificado pelo Poder Público que, em determinadas áreas de seu imóvel rural, seriam instaladas torres de transmissão de energia. Por razões técnicas e de segurança, o espaço contido no raio de 500 m² do local de instalação deveria ser inutilizado. Ocorre que a sede da fazenda se localiza exatamente dentro do perímetro delimitado para a instalação de uma torre. Considerando a situação acima, é correto afirmar que: A) O Poder Público se utilizou da limitação administrativa, cabendo a João a comprovação do prejuízo para fazer jus à indenização. Alternativa incorreta. Não se trata de limitação administrativa, uma vez que essa modalidade interventiva se caracteriza por ser medida de caráter geral, que impõe a proprietários indeterminados obrigações positivas ou negativas, com a finalidade de assegurar que a propriedade atenda à sua função social. B) Não há amparo constitucional na atuação do Poder Público, uma vez que o direito à propriedade integra o rol de direitos fundamentais. Alternativa incorreta. Em que pese o direito à propriedade integre o rol de direitos fundamentais, a própria constituição federal condiciona o uso desse direito ao atendimento da função social (cf, art. 5º, xxiii). Além do mais, a intervenção do estado na propriedade privada é fundamentada no princípio da supremacia do interesse público. C) O meio interventivo a ser utilizado é a desapropriação, que deverá ser precedida de indenização. Alternativa incorreta. Não se trata de desapropriação, tendo em vista que não houve transferência da propriedade particular para o poder público. D) Caso João se recuse a celebrar acordo administrativo com o Poder Público, a instituição da servidão administrativa poderá se dar mediante sentença judicial. Alternativa correta. A servidão administrativa se caracteriza por ser um ônus real de uso imposto pela administração pública à propriedade particular para assegurar a execução de obras e serviços de interesses coletivos. Trata- se de modalidade interventiva que pode ser imposta sob duas formas: por acordo administrativo, quando o proprietário do imóvel particular e o poder público celebram acordo formal por escritura pública, e por sentença judicial, na ausência de acordo entre as partes. Questão 10 A empresa Beta, concessionária de distribuição de energia do estado Alfa, a fim de minimizar a ação das árvores sobre a rede elétrica durante a ocorrência de chuvas e ventos, executa rotineiramente o serviço de poda de árvores. Ocorre que, durante a execução desse serviço, Pedro e João, funcionários da concessionária, não tomam as devidas precauções, deixando cair pesados galhos sobre o carro de Maria, que estava estacionado próximo à árvore que estava recebendo a poda. Em decorrência disso, Maria teve que desembolsar considerável quantia no conserto dos amassados e arranhados provocados em seu veículo. Com base no relato acima, relativamente aos danos provocados à Maria, é correto afirmar que: A) Caso seja responsabilizada, a empresa Beta poderá ingressar com ação de regresso contra Pedro e João. 6 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE Alternativa correta. Trata-se de direito previsto no artigo 37, §6º, in fine, daconstituição federal. Nesse caso, a responsabilidade de pedro e joão é subjetiva, ou seja, depende de comprovação de dolo ou culpa. B) Em decorrência da teoria do risco integral, a empresa Beta e o Estado Alfa respondem de forma objetiva. Alternativa incorreta. Segundo a teoria do risco integral, ainda que o evento danoso decorra de culpa exclusiva do particular, cabe à administração pública o dever de indenizar. Não se trata de teoria adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro. Todavia, a responsabilidade objetiva, que prescinde de demonstração de culpa da administração pública, decorre da teoria do risco administrativo. C) Maria poderá demandar a empresa Beta e/ou Estado Alfa. Alternativa incorreta. A assertiva dá a entender que a empresa Beta e o Estado Alfa responderiam solidariamente. Contudo, o Estado Alfa, na qualidade de concedente, responde de forma subsidiária pelos danos causados pela concessionária de serviço público. D) O estado Alfa responde de forma objetiva, porém a responsabilização da empresa Beta está condicionada à demonstração de culpa. Alternativa incorreta. Tanto o estado alfa como a empresa beta respondem de forma objetiva pelos danos causados à maria, ou seja, independe de demonstração de culpa. Ressalta-se, porém, que a responsabilidade da entidade política, estando na qualidade de concedente de serviço público, é subsidiária. Questão 11 Em relação as pessoas jurídicas da Administração Indireta, assinale a alternativa correta: A) As autarquias são criadas mediante lei com personalidade de direito público. Correta, pois as autarquias sao pessoas juridicas de direito público (Art. 5, I, Dec-Lei 200/167) e sua criação é feita diretamente por lei (art. 37, XIX, CF/88) B) As autarquias são autorizadas mediante lei com personalidade jurídica de direito privado. Incorreta, primeiramente que as autarquias são criadas mediante e lei e não autorizadas (art. 37, XIX, CF/88) e são pessoas de direito público. C) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei. Incorreta, pois as empresas públicas são pessoas juridicas de direito privado (art. 5, II, do Decreto-Lei 200/1967), e sua criação é autorizada por lei (art. 37, XIX, CF/88) D) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, criadas para o exercício de atividades típicas do Estado Incorreta, pois as autarquias são criadas para explorar atividade economica ou para meramente executar serviços públicos. Questão 12 Sobre os órgãos públicos, assinale a alternativa correta: A) Em seus quadros só podem conter servidores estatutários com estabilidade. Incorreta, pois nos órgãos podem conter servidores celetistas. B) São compartimentos internos das pessoas de direito público destituído de personalidade jurídica, mas dotados de competência especifica Correta, visto que é exatamente a definição de orgãos. C) Não possuem capacidade de ser parte em processos judiciais em virtude da ausência de personalidade jurídica Incorreta, pois para defender suas prerrogativas institucionais, a lei defere, excepcionalmente, personalidade judiciaria a certos órgãos. D) São de natureza colegiada e só produzem sua vontade com os votos da totalidade de seus membros. Incorreta, pois tal matéria pode ser disposta de outra maneira no regimento do órgão assegurando, por exemplo, que a maioria de votos possa ser suficiente. Questão 13 A estabilidade do servidor público está prevista no art. 41 da Constituição Federal, a partir disso, assinale a alternativa correta. A) O servidor público estável está sujeito a perder seu cargo apenas em caso de decisão em processo administrativo disciplinas Incorreto, pois não é apenas nesse caso, tendo também a possibilidade de uma sentença judicial transitada em julgado. B) É facultada a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade como condição para a aquisição da estabilidade. Incorreta, pois a avaliação especial de desempenho é obrigatória e não facultativa. C) São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. Correto, pois está em perfeita conformidade com o art. 41, caput da CF/88 D) São estáveis os servidores públicos que se encontravam, na data da promulgação da Constituição de 1988, em exercício, no serviço público, por quatro anos continuados Incorreta, pois nos termos do art. 19 do ADCT são exigidos cinco anos. Direito Tributário Questão 14 No dia 01/01/2014, devido a um grande terremoto que assolou o município de Fãina/GO, foi aprovada uma lei que reabria, por um ano, o prazo de pagamento do IPTU já vencido dos contribuintes proprietários de imóveis localizados nas áreas atingidas pela enchente. Ao instituto que reabre ou concede um prazo maior para pagamento, dá-se o nome de: A) Parcelamento; O parcelamento é forma de suspensão da exigibilidade do crédito tributário e consiste em parcelar o valor do tributo em atraso; B) Depósito do Montante Integral; O depósito do Montante Integral é forma de suspensão da exigibilidade do crédito tributário e consiste em depositar o valor judicialmente compreendendo o valor nominal do crédito acrescido dos acréscimos legais para suspender a exigibilidade do crédito tributário. Importante ressaltar que a Súmula 112 do STJ dispõe sobre o depósito integral e em dinheiro. Este, inclusive, é o entendimento do STJ com relação ao depósito capaz de suspender a exigibilidade do crédito. C) Dilação Temporal Tributária; Não existe tal instituto. D) Moratória. A moratória é forma de suspensão da exigibilidade do crédito tributário e consiste na prorrogação do prazo ou a outorga de novo prazo, se já findo o original, para o cumprimento da obrigação principal. Está prevista nos artigos 152 a 155 do CTN. Questão 15 Acerca do empréstimo compulsório, regulado pelo artigo 148 da CF/1988 e artigo 15 do Código Tributário Nacional, e suas peculiaridades, marque a alternativa correta: 7 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE A) O empréstimo compulsório pode ser caracterizado como receita pública, já que arrecada, compulsoriamente, dinheiro para o Estado. Errada pois o empréstimo compulsório deve ser restituído posteriormente. Portanto, não é caracterizado como receita pública; B) Pode ser instituído pela União, Estados, DF e Municípios, por meio de lei ordinária ou lei complementar, desde que atendam os requisitos previstos em lei. Errada, pois o empréstimo compulsório só pode ser instituído pela União e por meio de lei complementar, conforme disposição do artigo 148 da CF/88; C) O empréstimo compulsório só pode ser instituído pela União, mediante lei complementar, e não configura receita pública, já que deve ser restituído quando cessados os requisitos que deram origem à sua instituição. Correta, já que o empréstimo compulsório só pode ser instituído pela União por meio de lei complementar (art. 148 da CF) e não configura receita pública, dado seu caráter restituidor; D) É instituído para atender despesas extraordinárias de interesse local do Estado ou Município, e o contribuinte só estará obrigado a pagar após decorridos 90 dias de sua instituição. Errada, pois o empréstimo compulsório não pode ser instituído pelo Estado ou Município e muito menos para atenderà interesses locais desses entes. Além disso, o empréstimo compulsório pode ser exigido já no mês seguinte à sua instituição, não precisando de aguardar 90 dias, como disse o enunciado da questão, já que não se aplica a vedação ao princípio da anterioridade nonagesimal, conforme art. 150, §1º da CF/1988. Questão 16 Sobre o Imposto de Importação, marque a alternativa correta: A) A majoração da alíquota do Imposto de Importação pode se dar por meio de mero ato do poder executivo, como por exemplo, um decreto, sendo exceção ao princípio da legalidade; Correta. A majoração do I.I pode ser realizada por decreto do poder executivo, conforme art. 153, §1º da CF; B) Quando instituído, o Imposto de Importação só pode ser exigido no exercício financeiro subsequente, sendo submisso ao princípio da anterioridade previsto na Constituição Federal; Errada. O imposto de importação é uma das exceções ao princípio da anterioridade previsto na CF, podendo ser exigido no mesmo exercício financeiro, nos termos do art. 150, §1º da CF/88; C) Não serve para regular a economia e o mercado; Errada. O referido imposto serve justamente para regular o mercado e a economia. Por esse motivo ele é exceção ao princípio da anterioridade e legalidade; D) Só pode ser instituído mediante lei complementar ou ordinária, devendo ainda submeter-se à anterioridade nonagesimal, nos termos do art. 150, §1º da CF/88; Errada. O I.I pode ser instituído por decreto executivo e não somente por lei ordinária ou complementar, como quis a questão. Além disso, não está sujeito à anterioridade nonagesimal, já que o referido imposto é uma exceção ao princípio da anterioridade e da legalidade, justamente porque serve como parâmetro para regular a economia e controlar o mercado; Questão 17 A empresa W realizou a importação de mercadorias e não fez o recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Diante de tal fato, o Fisco reteu as mercadorias da empresa W e condicionou sua devolução ao pagamento do referido tributo, interditando, ainda, o estabelecimento comercial. Diante dos fatos narrados, marque a alternativa correta: A) O fisco agiu corretamente ao interditar o estabelecimento comercial da Empresa W, já que o ICMS é tributo e como tal deve ser exigido pelo Estado; Errada. O fisco não poderia ter interditado o estabelecimento comercial. Isso porque, consoante súmula nº 70 do STF, “é inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo”. B) A devolução da mercadoria condicionada ao pagamento do tributo (ICMS) está correta, uma vez que evita a sonegação fiscal e ajuda na fiscalização do Fisco; Correta. A retenção de mercadorias e sua posterior devolução condicionada ao pagamento do ICMS encontra amparo legal na súmula vinculante nº 48, que assim dispõe: “na entrada de mercadoria importada do exterior é legítima a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço aduaneiro”. O STF também já se manifestou em várias ocasiões como no RE 193817, ARE 1022791 (2017). C) A devolução da mercadoria condicionada ao pagamento do tributo (ICMS) não está correta, uma vez que a retenção de mercadorias, por parte do Fisco, a fim de exigir o pagamento do tributo, constitui ato ilícito e repreensível, podendo o contribuinte, inclusive, exigir, por meio de ação judicial própria, a devolução de sua mercadoria além de perdas e danos oriundos do ato praticado; Errada. Como dito, a retenção de mercadorias pelo Fisco a fim de exigir o pagamento do tributo é admissível e não constitui ato ilícito, nos termos da súmula vinculante nº 48. D) O fisco agiu de maneira errada nos dois casos (retenção da mercadoria e interdição do estabelecimento) vez que o tributo não pode ser exigido através de meio ou métodos coercitivos; O fisco não agiu de maneira errada nos dois casos. A retenção de mercadorias é devida, nos termos da súmula vinculante nº 48. Já a interdição do estabelecimento comercial, realmente está em desacordo com o ordenamento jurídico, vez que a súmula nº 70 do STF proíbe a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para a cobrança de tributo. Questão 18 Sobre o instituto da moratória, assinale a alternativa incorreta: A) Moratória é uma das modalidades de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, mas que não dispensa o cumprimento, pelo sujeito passivo, das obrigações acessórias; 8 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE Correta. A moratória é uma modalidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art. 151, I do CTN e não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias B) A lei que institui a moratória não pode delimitar os sujeitos passivos que dela se beneficiarão e muito menos instituir prazo para o cumprimento da obrigação; Errada. A lei que institui a moratória pode delimitar os sujeitos passivos que dela se beneficiarão e ainda pode e deve instituir prazo para seu cumprimento, na forma do art. 152, parágrafo único do CTN C) A lei que institui a moratória deve ser interpretada em consonância com a literalidade de seu próprio texto. Tal requisito é exigido pelo CTN em razão da importância da moratória como benefício fiscal; Correta. A lei que institui a moratória deve ser interpretada em consonância com a literalidade de seu próprio texto, artigo 111 do código tributário nacional D) O benefício fiscal da moratória pode ser concedido de forma individual ou coletivo, devendo tais disposições estarem contidas na referida lei que instituir o benefício. Correta. A moratória pode ser instituída de forma individual ou coletiva, no entanto, suas peculiaridades devem estar dispostas na lei que a instituir, consoante previsão do art. 97, inciso VI do CTN Direito Internacional Questão 19 Aurélio é administrador de uma empresa industrial do ramo metalúrgico. Assistindo aos noticiários, veio a saber que o Ministro das Relações Exteriores do Brasil esteve em conferência em que foi assinado um tratado internacional. Este tratado regula procedimentos que em tese impingiriam que a empresa que Aurélio administra se adequasse a tais procedimentos. Neste caso, sabendo não ter havido nenhum ato posterior, A) ainda assim o tratado obrigada a empresa administrada por Aurélio, pois o Brasil adotou a internalização automática de tratados internacionais Alternativa errada. O Brasil não adota o sistema de internalização automática dos tratados internacionais, mas sim o sistema tradicional. B) a empresa administrada por Aurélio, não está ainda obrigado a observância do tratado, pois ainda está pendente o ato final de internalização, que é o decreto legislativo do Congresso Nacional Alternativa errada. O Decreto Legislativo, embora seja ato imprescindível a internalização de tratados, não é o último. O último é a Ratificação do Presidente da República. C) ainda assim o tratado obrigada a empresa administrada por Aurélio, pois sendo Ministro das Relações Exteriores a maior autoridade brasileira em tratados internacionais, sua assinatura é suficiente para internalizar o referido tratado Alternativa errada. No Brasil, não há qualquer autoridade que tenha poder de internalizar os tratados sem o devido procedimento, nem mesmo o Ministro das RelaçõesExteriores. D) a empresa administrada por Aurélio, não está ainda obrigado a observância do tratado, pois ainda estão pendentes o decreto legislativo do Congresso Nacional e a Ratificação pelo Presidente da República Alternativa certa. O Brasil adota o sistema tradicional de internalização de tratados internacionais. Por este sistema, além da assinatura do tratado pelo representante do Estado signatário, é necessária uma fase de internalização dos tratados. Questão 20 Richard é nacional de país estrangeiro e veio a falecer. Aberta a sucessão de seus bens, foi constatado em inventário que era proprietário de diversos imóveis situados no Brasil. Ocorre que, Richard era casado, mas não possuía filhos deste relacionamento. Seu único filho é Thomas, advindo de relação extraconjugal que tivera no Brasil, sendo, portanto, brasileiro. Considerando que a lei do país de origem de Richard exclui da sucessão os filhos “bastardos”, sabendo que não há testamento e à luz da LINDB, A) prevalecerá que os imóveis situados no Brasil terão a sucessão regulada pela lei brasileira, favorecendo Thomas Alternativa certa. A LINDB estabelece que a sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. Desta forma, em relação aos imóveis sitos em território nacional, considerarão a lei brasileira para fins de sucessão. B) prevalecerá que os imóveis situados no Brasil terão a sucessão regulada pela lei estrangeira, sendo efetivamente excluído Thomas, vez que Richard não era nacional do Brasil Alternativa errada. As normas estrangeiras não terão eficácia no Brasil, porquanto desfavoráveis ao nacional, Thomas. C) prevalecerá que todos os bens, móveis e imóveis, situados, ou não, no Brasil terão a sucessão regulada pela lei brasileira, pois havendo herdeiro brasileiro, aplica-se integralmente nosso ordenamento jurídico, favorecendo Thomas Alternativa errada. A lei brasileira condicionar a sucessão em território estrangeiro, vez que isto ofenderia a soberania dos demais Estados. D) prevalecerá que todos os bens, móveis e imóveis, situados, ou não, no Brasil terão a sucessão regulada pela lei estrangeira, sendo efetivamente excluído Thomas, vez que Richard não era nacional do Brasil Alternativa errada. Novamente, os imóveis sitos no Brasil terão a sucessão regulada por lei brasileira, vez que a estrangeira é desfavorável ao nacional. Direitos Humanos Questão 21 Roberta foi nomeada depositária judicial de sacas de soja. Vendo o progressivo perecimento dos grãos, e sem expressa autorização, veio a aliená-los e depositar o produto em instituição financeira. Instada pelo juiz a devolução dos grãos, não sendo possível fazê-la, veio a ter sua prisão civil decretada. 9 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE Sabendo que o Pacto de São José da Costa Rica proíbe a prisão de depositário infiel, ajuizou habeas corpus com causa de pedir na inconstitucionalidade do decreto de prisão. Neste caso, poderá A) ser declarada a inconstitucionalidade do decreto, vez que o Pacto de São José da Costa Rica tem status de norma constitucional Alternativa errada. O status normativo do Pacto de São José da Costa Rica é de norma supralegal, porquanto a época de sua incorporação não havia o permissivo constitucional do § 3º do art. 5º, introduzido pela EC nº 45. B) não poderá ser declarada a inconstitucionalidade do decreto, mas mesmo assim este poderá ser invalidado por controle de convencionalidade Alternativa certa. Muito embora seja verdade que no Brasil não é autorizada a prisão civil de depositário infiel, tal norma que se encontra no Pacto de São José da Costa Rica é de caráter infraconstitucional. Sendo assim, o procedimento de exame de atos que contrariem tal norma não será considerado controle difuso de constitucionalidade. Mesmo assim, considerando o caráter supralegal que a norma dispõe foi criada a terminologia “controle de convencionalidade” para representar o exame de validade dos atos legais ou infralegais que ofendam o Pacto de São José da Costa Rica. C) ser declarada a inconstitucionalidade do decreto, por ofensa ao princípio da livre iniciativa, que é autorizador da alienação do bem por depositário a fim de reinvestimento dos valores Alternativa errada. O Princípio da Livre Iniciativa, embora constitucionalmente consagrado como fundamento da República, não permite a alienação de bem alheio como se próprio fosse, por violar outro Princípio, este com status de Direito Individual, que é a Propriedade Privada. D) não poderá ser declarada a inconstitucionalidade do decreto, pois o Pacto de São José da Costa Rica não é norma cogente no ordenamento jurídico brasileiro Alternativa errada. Muito embora realmente não possa ser declarada a inconstitucionalidade do decreto de prisão, o Pacto de São José da Costa Rica é sim norma cogente. Questão 22 Eduardo, indignado com a atuação legislativa de determinada câmara municipal, em sessão deliberativa irrogou xingamento contra vereador que fazia uso da tribuna. O referido vereador, sentindo-se ofendido, ajuizou queixa- crime. Em seu instrumento de petição demandou que fossem criados em autos apartados incidente de deslocamento de competência do processo criminal da Justiça Estadual para a Justiça Federal, sob a alegação de que a ofensa de Eduardo se constituía como crime atentatório aos Direitos Humanos por cercear os seus Direitos Políticos. Nesta situação, A) deve ocorrer o deslocamento da competência, pois toda e qualquer ofensa à Direitos Humanos deve se processar perante a Justiça Federal Alternativa errada. Não é toda e qualquer ofensa à Direitos Humanos que devem ser processados na Justiça Federal. O referido crime, em tese, não possui a gravidade e compleição para tanto. B) não deve ocorrer o deslocamento, pois não se vislumbra no caso qualquer interesse da União Alternativa errada. Embora não seja caso de deslocamento e interesse da União de fato não esteja presente, esta não é a única hipótese de competência de juízo federal. C) deve ocorrer o deslocamento, pois a honra do parlamentar municipal recebe valoração distinta da honra dos cidadãos em geral, sendo a ofensa a tal direito excepcionalmente grave o suficiente para ensejar a competência da Justiça Federal Alternativa errada. Em princípio, não há qualquer distinção entre a honra de parlamentar municipal e cidadãos em geral, muito menos a ponto de ser fundamento para deslocamento da competência jurisdicional para o foro federal. D) não deve ocorrer o deslocamento, pois a federalização dos crimes contra Direitos Humanos é medida excepcional levada a cabo em casos de gravidade singular, o que não se vislumbra no caso Alternativa certa. A Emenda Constitucional nº 45, conhecida como Reforma do Judiciário, criou a hipótese de federalização do processamento de crimes atentatórios aos Direitos Humanos, que se encontra previsto no art. 5º, § 5º e art. 109, V-A. Contudo, o entendimento dominante na doutrina e jurisprudência é de que os crimes sujeitos a tal deslocamento de competência são aqueles excepcionalmente graves e que se deixados na esfera estadual poderiam vir a não serem efetivamente punidos. Um exemplode cabimento seria o caso ensejador de tal disposições do poder constituinte reformador, que foi o assassinato da missionária Dorothy Stang, em que as autoridades estaduais eram suspeitas de acobertar tal conduta. Não se pode equiparar mera injúria a quem quer que seja a casos sujeitos a federalização. Direito Processual do Trabalho Questão 23 Acerca da execução contra a Fazenda Pública na seara trabalhista assinale a alternativa correta: A) Se após a citação para apresentar embargos à execução, a Fazenda Pública se quedar inerte, o juiz expedirá mandado de expropriação direta dos bens do Estado. Incorreta – A omissão do Ente Público implica expedição de precatório ou de requisição de pequeno valor (RPV), haja vista que, os bens públicos não são passíveis de penhora B) Após liquidado o título executivo judicial, o juiz expedirá ofício ao governador do estado, em que circunda sua jurisdição, solicitando que o gestor pague a dívida sob pena de multa. Incorreta – A omissão do Ente Público implica expedição de precatório ou de requisição de pequeno valor (RPV), haja vista que, os bens públicos não são passíveis de penhora C) Apesar da omissão da CLT, a ordem de pagamento dos precatórios será cronológica. Correta – Embora seja omissa a CLT neste ponto, aplica-se a regra contida no art. 100 da CF: Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de 10 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. D) Não se admite a requisição de pequeno valor para o pagamento de obrigações que a Fazenda Pública seja condenada em sentença transitada em julgado. Incorreta – É perfeitamente admitido RPV na justiça trabalhista, tendo inclusive OJ Nº 09 do TST que trata sobre como é feito o cálculo da dívida de pequeno valor nas execuções plúrimas Questão 24 Uma reclamação trabalhista encontra-se na fase de liquidação de sentença, sendo assim, o juiz abre vista às partes e à União para impugnação devidamente fundamentada. Diante dessa hipótese e com relação à liquidação de sentença responda: A) A concessão de vistas para as partes e para a União, nesta fase, constitui faculdade do juiz. Correta – A concessão de vistas para as partes e para a União constitui faculdade do juiz, uma que ele pode optar em homologar, por sentença, os cálculos apresentados e remeter a discussão para a fase dos embargos à execução. Art. 879 §2º da CLT B) se as partes ou a União não oferecerem impugnação dentro do prazo, o juiz então concederá o prazo adicional de 08 (oito) dias para fazerem-na. Incorreta – Se as partes ou a União não oferecerem impugnação, arcaram com o ônus processual da preclusão que implica presunção de que concorda com os valores que constam dos cálculos de liquidação conforme parte final do §2º do art. 879 da CLT. C) O prazo para impugnação é de 15 dias. Incorreta – O prazo para impugnação é de 10 (dez) dias, conforme Art. 879 §2º da CLT. D) cabe recurso imediato da sentença de liquidação ao TRT. Incorreta – A sentença de liquidação possui natureza interlocutória, irrecorrível de forma imediata. Podendo ser impugnada, pelo executado, somente nos embargos à penhora Art. 884, §3º da CLT. Questão 25 Joana lhe procura em seu escritório advocatício manifestando o interesse em ajuizar reclamação trabalhista contra a empresa em que labora, pois, não está recebendo o adicional de insalubridade e periculosidade. Ajuizada a ação, a reclamada apresenta, como defesa, parecer técnico emitido por um diretor e assinado por diversos gestores da empresa afirmando que o ambiente não é insalubre ou perigoso. Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta: A) O juiz não precisará determinar a realização de uma perícia técnica em razão da celeridade processual, haja vista, que o parecer apresentado pela empresa é o suficiente para seu convencimento. Incorreta – Ver comentários à alternativa “C”. B) No processo do trabalho, a realização de perícia técnica é indispensável por determinação de súmula do STF, pois, a CLT é omissa a respeito do tema. Incorreta – A CLT não é omissa no tocante a realização de perícia técnica vide artigo 195 da CLT em diante; C) A realização de perícia técnica é indispensável por determinação legal, nas hipóteses de insalubridade e/ou periculosidade, mesmo que já existam nos autos pareceres técnicos. Correta – No processo do trabalho a realização de perícia técnica é indispensável, mesmo que já existam nos autos pareceres técnicos ou documentos elucidativos, o rol dos legitimados a realizarem a perícia é taxativo. (CLT, art. 195, §2º) Art. . 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho. § 1º - omissis. § 2º - Arguida em juízo insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por Sindicato em favor de grupo de associado, o juiz designará perito habilitado na forma deste artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do Ministério do Trabalho. D) determinada a realização de perícia técnica, o perito judicial encontra agente insalubre diverso do apontado pela reclamante, sendo assim, a ação deverá ser julgada improcedente. Incorreta – O fato de o perito ter encontrado agente insalubre diverso daquele apontado na inicial não obsta o deferimento do pleito do adicional respectivo conforme entendimento sumulado do TST: Súmula nº 293 do TST ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CAUSA DE PEDIR. AGENTE NOCIVO DIVERSO DO APONTADO NA INICIAL (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 A verificação mediante perícia de prestação de serviços em condições nocivas, considerado agente insalubre diverso do apontado na inicial, não prejudica o pedido de adicional de insalubridade. Questão 26 Em reclamação trabalhista, na qual você figurava como advogado da autora, seu processo era o primeiro da pauta de audiências, designado para as 9h30min.. Entretanto, já passados 25 minutos do horário da sua audiência, o juiz ainda não havia comparecido e você e seu cliente tinham audiência em outra Vara às 10h30min. Nesse caso, de acordo com previsão expressa na CLT, assinale a opção que apresenta o procedimento a ser adotado. A) O advogado e o cliente poderão se retirar, devendo o ocorrido constar do livro de registro de audiências. B) O advogado e o cliente deverão aguardar até que se completem 30 minutos para, então, se retirar e consignar o ocorrido em livro próprio. C) O advogado e o cliente deverão tentar inverter a pauta de audiências, comunicando ao secretário de audiências que estarão em outra Vara para posterior retorno e realização da assentada. D) O advogado e o cliente deverão se retirar e depois juntar cópia da ata da audiência da outra Vara com a justificativa pela ausência. Art. 815 - À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a audiência, sendofeita pelo secretário ou escrivão a chamada das partes, testemunhas e demais pessoas que devam comparecer. 11 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE Parágrafo único - Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências. Questão 27 Com o advento do Novo Código de Processo Civil, a conciliação tomou ares de protagonista na tramitação dos processos judiciais, sendo uma das formas de solução dos litígios. Sabendo disso, responda as questões a seguir sobre a conciliação na justiça do trabalho: A) As empresas e os sindicatos não podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, uma vez que, tal comissão somente é formada após determinação do juiz do trabalho. Incorreta – As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia: Art. 625-A CLT: As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representante dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho. B) Se na localidade dos serviços prestados houver sido instituída Comissão de Conciliação Prévia no âmbito da empresa ou do sindicato, toda demanda de natureza trabalhista será submetida à sua apreciação. Correta – Inteligência do art. 625-D da CLT: Art. 625-D. Qualquer demanda de natureza trabalhista será submetida à Comissão de Conciliação Prévia se, na localidade da prestação de serviços, houver sido instituída a Comissão no âmbito da empresa ou do sindicato da categoria. C) As Comissões de Conciliação Prévia têm prazo de 30 (trinta) dias para a realização da sessão de tentativa de conciliação. Incorreta – O prazo correto é de 10 (dez) dias conforme Art. 625-F D) As Comissões de Conciliação Prévia não podem ser formadas por grupos de empresas. Incorreta – A alternativa está em desacordo com o que preconiza o parágrafo único do art. 625-A, ou seja, as CCP’s podem ser formadas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical. Veja-se: 625-A. CLT. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representantes dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho. Parágrafo único. As Comissões referidas no caput deste artigo poderão ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical. Direito Penal Questão 28 Para a caracterização do concurso de pessoas são necessários, entre outros elementos: A) liame subjetivo e relevância causal das condutas. São requisitos do concurso de pessoas: Pluralidade de pessoas Relevância causal Identidade de infrações Liame subjetivo. B) acordo de vontades entre os agentes e relevância causal das condutas. Não é necessário acordo de vontades, uma vez que o concurso pode ocorrer mesmo que agentes tenham ânimos distintos. Nelson Hungria adiciona esse requisito ao concurso de pessoas, mas trata-se de doutrina minoritária. C) pluralidade de agentes e acordo de vontades entre os agentes. Não é necessário acordo de vontades, uma vez que o concurso pode ocorrer mesmo que agentes tenham ânimos distintos. Nelson Hungria adiciona esse requisito ao concurso de pessoas, mas trata-se de doutrina minoritária. D) pluralidade de agentes e pluralidade de infrações penais. Pelo contrário, faz-se necessário a identidade de ifrações. Questão 29 Orígenes é um homem aventureiro e não se importa em descumprir as normas penais. No mês de janeiro, casou-se sendo casado. No mês seguinte, manteve relações sexuais com adolescente de 13 anos de idade, com o consentimento da menor. Em julho, Orígenes vilipendiou cinzas humanas de um cadáver já cremado, no mês que se seguiu, utilizando de grave ameaça exigiu para si vantagem econômica, sendo empregado de empresa pública. Orígenes lhe procura para saber sobre suas condutas praticas. Assinale a alternativa correta sobre as condutas por ele praticadas: A) As cinzas humanas podem ser objeto material do crime de vilipêndio a cadáver. Código Penal Brasileiro. Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. B) No crime de bigamia, a data do fato constitui o termo inicial do prazo prescricional. Código Penal Brasileiro. Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. C) Comete o crime de concussão o empregado de empresa pública que, utilizando-se de grave ameaça, exige para si vantagem econômica. Código Penal Brasileiro. Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. O artigo 316 descreve que para caracterização a exigência de vantagem econômica deve ser em razão da função, ainda que fora dela. O descritivo no enunciado não disse em função de que ele pediu vantagem indevida. O fato de ser servidor público não é elementar do crime. D) Ao contrário do que ocorria com a Parte Geral do Código Penal de 1940, o Código Penal atual não prevê, expressamente, a aplicabilidade das regras de excesso punível às quatro causas de exclusão de ilicitude. Código Penal Brasileiro. Art. 23. Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. Questão 30 Atanásio iniciou o cumprimento de sua pena em janeiro de 2010. Em dezembro de 2012, por conta de induto natalino foi colocado em liberdade. Crisóstomo, companheiro de sela de Atanásio, obteve na mesma data a saída temporária do estabelecimento para visitar a família, sem que seja estabelecido judicialmente a vigilância direta. Sobre os institutos supracitados, é correto afirmar, exceto: A) O induto natalino trata-se de perdão aos condenados por determinados crimes, desde que cumpram as condições do 12 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE induto, e, portanto, induz a extinção das penas a eles impostas. Trata-se de um verdadeiro perdão aos condenados por determinados crimes, ensejando a extinção de suas penas. O preso sai do estabelecimento prisional para nunca mais voltar, porque extinta está sua pena, conforme permitido no artigo 84, XII da Constituição Federal. B) A saída temporária para visitar a família não é prevista legalmente para condenados em regime fechado. Lei 7.210/84 (lei de Execuções Penais – LEP) Art. 122. “Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta” A saída temporária, tendo em vista seu objetivo ressocializador, é concedida apenas aos presos definitivos em regime semiaberto e depende da observância de alguns requisitos como o comportamento adequado, por exemplo, exigido pelo artigo 123 da mesma Lei. C) A ausência de vigilância direta impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônico pelo condenado, na saída temporária do condenado. Lei 7.210/84 (lei de Execuções Penais – LEP) Art. 122. Parágrafo único. A ausência de vigilância diretanão impede a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução. D) A saída temporária pode ser concedida para participação em atividades que concorram para o retorno do condenado ao convívio social. Lei 7.210/84 (lei de Execuções Penais – LEP) Art. 122. “Os condenados que cumprem pena em regime semi-aberto poderão obter autorização para saída temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos seguintes casos: III - participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.” Questão 31 Pelágio, motorista irregular, quando abordado por guarda municipal, temeu que lhe fosse aplicada sanção. Sendo assim, ofereceu a Agostinho, guarda municipal, o valor de R$20,00, que era todo o dinheiro que tinha no momento, para que ignorasse o estado das peças de seu carro, alegando não ter condições financeiras para trocá-las. Agostinho, embora policial comprometido e que nunca recebera vantagem ilícita, decidiu não receber o dinheiro por ter se compadecido da dificuldade econômica de Pelágio e o deixou partir sem que lhe fosse aplicada sanção. Diante do entendimento do Superior Tribunal de Justiça: A) A conduta pautada no oferecimento de vantagem econômica a guarda municipal com o objetivo de escapar de sanção é crime formal, consumando-se no momento do oferecimento da vantagem indevida, ainda que o agente público não receba a referida vantagem, tipificada como corrupção passiva. A conduta descrita é de corrupção ativa e não ativa. Códgo Penal Brasileiro. Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. B) O agente não integrante dos quadros da administração pública não pode ser sujeito ativo do crime de concussão. Código Penal Brasileiro. Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. O fato de ser servidor público não é elementar do crime. C) Somente podem ser delegados no Poder de Polícia o consentimento e a fiscalização, mas não a legislação e a aplicação de sanções, razão pela qual o município não pode estabelecer órgão que aplique sanções administrativas, mas apenas fiscalizar a ocorrência de infrações. O que é dito na questão concernente ao Poder de Polícia é verdadeiro, mas sua conclusão é falsa. Órgãos não são entes a parte do Município, mas sim compõem a mesma pessoa jurídica. Assim sendo, não se trata de delegação ao particular a criação de órgão pelo município que exerça plenamente o Poder de Polícia. D) Responderá Agostinho por prevaricação, crime de menor potencial ofensivo, por ter deixado de praticar indevidamente ato de ofício, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Questão 32 Tertuliano, Gregório, Clemente, Irineu e Policarpo, todos maiores de 18 anos, formaram associação secreta, reunindo- se periodicamente, com divisão de tarefas e caráter transnacional, compromissados em ocultar o objetivo da referida associação. Diante da conduta supracitada Tertuliano, Gregório, Clemente, Irineu e Policarpo: A) Não praticam infração penal. Embora não seja crime, é contravenção penal a conduta descrita, conforme o artigo 39 da Lei de Contravenções Penais. Decreto-Lei nº 3.688 de 1941. Art. 39. Participar de associação de mais de cinco pessoas, que se reunam periodicamente, sob compromisso de ocultar à autoridade a existência, objetivo, organização ou administração da associação: Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. B) Não cometeram crime. Não há nenhuma conduta de crime descrita no enunciado. C) Cometem o crime associação criminosa, previsto no Código Penal. Código Penal Brasileiro. Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. O tipo exige a associação com o fim de prática de crime, o que não ocorreu. D) Conforme previsão constitucional, é livre a associação para quaisquer fins, vedado apenas as associações de caráter paramilitar. CRFB.Art. 5º, inciso XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; Sendo assim, não é livre a associação para quaisquer fins, mas sim para fins lícitos. Questão 33 Durante a realização de guerra externa, lei temporária estabeleceu pena de morte, em caso de agressão estrangeira, em guerra autorizada pelo Congresso Nacional, mas não referendada. Durante a vigência desta lei, Inácio incorreu nas condutas descritas pela lei, mas conseguiu fugir para Burkina Fasso, onde se escondeu até o fim da guerra e da vigência da lei. Diante da situação descrita: 13 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE A) Inácio não poderá ser condenado a pena de morte, visto já ter acabado a vigência da lei. Código Penal Brasileiro. Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. B) É inconstitucional a lei temporária que estabeleceu pena de morte, visto não ter sido referendada pelo congresso a declaração de guerra que autorizaria o estabelecimento de pena de morte. CRFB. “Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;” Assim sendo, é necessário que a declaração de guerra seja autorizada OU referendada pelo Congresso Nacional. C) Inácio será condenado a pena de morte, ainda que tenha cessado a vigência da lei e a circunstância que a determinou, por ter praticado o ato na vigência da lei temporária. Código Penal Brasileiro. Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. D) Lei posterior que de qualquer modo estabelecer pena menos severa para a conduta praticada por Inácio, aplica- se aos fatos anteriores por ele praticados, visto que a lei penal só retroage em benefício do agente. Lei penal mais benéfica não retroage diante de lei temporária vigente ao tempo do fato. Direito Civil Questão 34 No dia 31 de maio de 2017, Marcos celebrou contrato de compra e venda com André, dono de uma loja de barcos, para adquirir a lancha X pelo valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), pagos à vista na data da assinatura do contrato. Nos termos pactuados, a entrega do bem seria realizada 60 (sessenta) dias depois, em 30 de julho de 2017, na cidade de Goiânia, domicílio do vendedor. Entretanto, no dia 29 de julho de 2017, um deslizamento de terra soterrou a loja de André, situadaao pé de um morro, destruindo, com perca total, dentre outros barcos, aquele que tinha sido adquirido por Marcos. Diante do exposto, Marcos: A) fará jus à restituição de metade do valor, diante da ausência de culpa de André. Alternativa incorreta. No presente caso, inequívoca é a ausência de culpa de André, uma vez que o perecimento do bem se deu por motivo de força maior. Entretanto, em se tratando de obrigação de dação de coisa móvel certa e tendo o perecimento do bem ocorrido antes da tradição, ou seja, antes da entrega, Marcos tem direito à restituição integral do valor pago, nos termos do art. 234, do Código Civil. Inexistindo culpa ou concorrência de Marcos no perecimento do bem, não há falar-se em fracionamento de sua restituição. B) não tem direito à restituição do pagamento de R$ 80.000,00. Alternativa incorreta. Em se tratando de obrigação de dação de coisa móvel e tendo o perecimento do bem ocorrido antes da tradição, ou seja, antes da entrega, Marcos tem direito à restituição integral do valor pago, nos termos do art. 234, do Código Civil. C) terá direito à restituição de todo o valor, pois ainda não havia ocorrido a tradição no momento do perecimento do bem. Alternativa correta. Conforme preceitua o art. 1.226, do Código Civil – CC, “os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição”. Isso implica dizer que apenas a entrega da coisa pode outorgar ao adquirente a condição de proprietário, nos termos do art. 1.225, I, do mesmo Codex. In casu, verifica- se que o bem se perdeu antes da entrega, ou seja, antes da tradição. Diante disso, é de se aplicar o disposto no art. 234, do CC, que reza que quando a coisa se perde, sem culpa do devedor (aquele sobre quem recai a obrigação de entrega do bem), antes da tradição, fica resolvida a obrigação para ambas as partes. Importante lembrar que o termo “resolver”, empregado na redação do artigo, não significa “extinguir” as obrigações para ambas as partes, mas sim tornar ao status quo ante, ou seja, retornar ambas as partes às mesmas condições em que se encontravam antes do estabelecimento da obrigação. Nesse sentido, conclui-se que André, mesmo sem culpa, deverá devolver todo o dinheiro à Marcos. D) fará jus à restituição em dobro do valor pago, diante da presença de culpa de André. Alternativa incorreta. Tendo o perecimento da coisa ocorrido por motivo de força maior, inexiste culpa de André. Contudo, ainda que houvesse a culpa, incabível seria a restituição em dobro, tendo em vista que a repetição de indébito só se justifica na hipótese de cobrança indevida (salvo a ocorrência de engano justificável), nos termos do art. 42, § único, do Código de Defesa do Consumidor – CDC. Todavia, não se trata o presente caso de cobrança indevida, mas do direito de André à restituição do valor face ao perecimento do bem antes da tradição. Nesse caso, é de se reconhecer o seu direito à restituição integral, mas na forma simples, de acordo com o art. 234, do Código Civil. Questão 35 Adão, Ralf, João e Mateus realizaram um empréstimo de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) com Joaquim para a aquisição de uma Ferrari. Foi estabelecido que o débito seria pago em quatro parcelas iguais de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais) e que todos os devedores responderiam solidariamente pelo total do débito. Considerando o caso descrito, marque a opção correta. A) Se Joaquim recebesse de Adão um terço do valor da dívida, ficaria impedido de cobrar somente de João o valor restante. Alternativa incorreta. A solidariedade impõe a todos os co-devedores a responsabilidade por toda a dívida, podendo Joaquim, nesses termos, demandar qualquer um dos devedores solidários pelo restante da dívida, inclusive, o próprio Adão, caso não tenha concedido remissão a ele. Inteligência dos arts. 264, 265, 277 e 388, do Código Civil. B) Joaquim poderia escolher quaisquer dos devedores para cumprir a obrigação por inteiro. Entretanto, qualquer deles teria o direito de pagar a sua parte na dívida, tão logo ocorresse o vencimento. Alternativa incorreta. Conforme preceitua o art. 265, do Código Civil – CC, a solidariedade deriva da lei ou da vontade das partes. O artigo anterior (264) estabelece que, havendo solidariedade, as partes possuem direito ou obrigação à dívida toda. No caso em comento, verifica-se que foi convencionada cláusula de solidariedade entre os devedores. Desse modo, inexiste o direito de distribuição de responsabilidade por apenas uma parcela da dívida, haja vista que, existindo solidariedade entre as partes, todos são responsáveis por todo o débito. C) Caso Mateus venha a falecer, Joaquim poderá demandar de um dos herdeiros a totalidade da dívida. Alternativa incorreta. De acordo com o art. 276, do Código Civil – CC, caso Mateus venha a falecer, seus herdeiros se obrigam apenas ao limite da quota correspondente ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível, o que não é o caso. 14 II SIMULAJURIS COMENTADO - XXIV 1a FASE D) Se Joaquim conceder à Ralf remissão correspondente à uma parcela da dívida, a obrigação estará extinta para esse devedor. Alternativa correta. Nos termos do art. 388, do Código Civil – CC, a remissão concedida à Ralf pela parcela reconhecida por Joaquim extingue a sua obrigação como devedor, não podendo a parcela remida ser cobrada dos demais co-devedores. Importante lembrar ainda que a remissão não alcança aos demais responsáveis solidários, consoante ao art. 277, do CC. Questão 36 Paulo concede a Emílio direito de usufruto sobre um apartamento de que é proprietário, pelo prazo de trinta anos. O direito real foi devidamente concebido por meio de escritura pública, registrada no respectivo cartório de registro de imóveis. Sete anos após a constituição do usufruto, Emílio morre, deixando como herdeiro seu filho José Felipe. Acerca do exposto, assinale a correta. A) José Felipe herda o direito real de usufruto sobre o apartamento. Alternativa incorreta. José Felipe não herdará o direito real de usufruto sobre o apartamento, uma vez que tal direito se extingue com a morte do usufrutuário, de acordo com o art. 1.410, I, do Código Civil. B) O direito real de usufruto se extingue com o falecimento de Paulo. Alternativa correta. De acordo com o art. 1.410, I, do Código Civil, “o usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis pela renúncia ou morte do usufrutuário”. C) José Felipe herda somente o direito de uso do apartamento. Alternativa incorreta. Com o falecimento de Emílio, o direito de usufruto se extingue, nos termos já delineados. Portanto, José Felipe não possui qualquer direito real sobre o apartamento de Paulo. D) José Felipe deve ingressar em juízo para obter sentença constitutiva do seu direito real de usufruto sobre o apartamento. Alternativa incorreta. Com o falecimento de Emílio, o direito de usufruto se extingue, nos termos já delineados. Portanto, José Felipe não possui qualquer direito real sobre o apartamento de Paulo. Questão 37 Depois de quatro anos de namoro, Pedro e Lana, finalmente, casam-se. Dois anos depois, nascem os filhos do casal, os gêmeos Zeca e Bia. Apesar da estabilidade financeira e da ajuda dos pais, o casamento
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