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Estado moderno soberania

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FACULDADE DE DIREITO DE SOROCABA – FADI 
 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado – 2018 
 
Professor Jorge Marum 
 
Resumo 8 – Elementos do Estado Moderno – Soberania 
 
 
“O direito e o poder são as duas faces de uma mesma moeda: só o 
poder pode criar o direito e só o direito pode limitar o poder” (Norberto 
Bobbio) 
 
Introdução. Da mesma forma que qualquer sociedade, o Estado tem, como um dos 
seus elementos essenciais, o poder. Entretanto, o poder do Estado possui 
características exclusivas que o diferenciam do poder das demais sociedades. A 
principal dessas características, típica do Estado Moderno, é a soberania. Por isso, a 
soberania é elemento essencial do Estado Moderno.1 Isso significa que, atualmente, 
não pode haver Estado propriamente dito sem soberania. 
 
Soberania é um dos conceitos mais importantes e polêmicos em Ciência Política e 
Teoria do Estado. A palavra vem do latim super omnia – superanus (supremo, superior 
a todos). Para a maioria dos autores, a soberania é uma característica essencial e 
exclusiva do poder do Estado. Por isso, trataremos de poder e soberania no mesmo 
capítulo, começando pelo poder. 
 
Poder do Estado. Como já mencionado em capítulo anterior, Max Weber define poder 
como “toda possibilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo 
contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade”. Além disso, 
sabemos que toda sociedade possui um poder. É importante, agora, saber o que 
diferencia o poder do Estado do poder das demais sociedades. Quem realiza muito 
bem essa distinção é Jellinek. 
 
Espécies de Poder. Segundo Jellinek, há dois tipos de poder nas sociedades em 
geral: o poder dominante e o poder não-dominante. O primeiro é específico do Estado, 
ao passo que o segundo é próprio das demais sociedades. O poder dominante, 
exclusivo do Estado, dispõe de força para, com seus próprios meios, obrigar à 
obediência de suas ordens (coação), o que não ocorre com os poderes não-
dominantes.2 Assim, se uma sociedade particular ou mesmo uma pessoa pode, 
eventualmente, usar a força, ela o faz porque está autorizada pelo Estado. 
 
Como exemplo de poder não-dominante temos aquele exercido pelas igrejas, que 
podem ditar regras de comportamento a seus adeptos, mas não podem obrigá-los, pela 
 
1
 Alguns autores mencionam poder ou governo como elemento essencial do Estado. Preferimos, no entanto, 
soberania, porque esta é um traço específico do Estado Moderno e já envolve as noções de poder e governo, 
bem como a de ordem jurídica. 
2
 Teoría General del Estado, p. 534. 
força, a cumpri-las. É importante observar que não era assim nas formas históricas 
anteriores de Estado. Na Roma antiga, por exemplo, o pater famílias tinha poder 
dominante sobre a família e os agregados, e na Idade Média a Igreja e os senhores 
feudais tinham poder dominante sobre seus súditos. Já no Estado Moderno, o poder 
dominante se tornou atributo exclusivo (monopólio) do Estado. 
 
Poder Dominante. O poder dominante, exclusivo do Estado na modernidade, possui 
as seguintes características: é originário, porque não depende de nenhum outro poder 
e dá sustentação a todos os demais poderes; e é irresistível, ou seja, dotado de 
coação, da qual ninguém pode se subtrair. É importante frisar que, num Estado 
democrático de Direito, o poder deve ser dotado de coação legal, ou seja, o uso da 
força deve ser regulado e limitado pelo Direito. 
 
Poder legítimo. Outra questão importante relativamente ao poder do Estado é a sua 
legitimidade. Poder legítimo é aquele aceito pelo consenso social e não imposto à 
sociedade pela força. Nesse sentido, Rousseau destaca que até mesmo os piores 
governantes buscam a legitimação do seu poder, pois “o mais forte nunca é 
suficientemente forte para ser sempre o senhor, senão transformando sua força em 
direito e a obediência em dever”.3 
 
Max Weber. Muitos autores trataram da legitimação do poder. Dentre eles, destaca-se 
Max Weber, para quem o Estado é o detentor do monopólio do uso legítimo da força. 
Segundo Weber, o poder, quando legítimo, deixa de ser mera imposição e se 
transforma em autoridade. Essa legitimação pode decorrer de três fundamentos: 
tradição, carisma e racionalidade. 
 
 
 
O poder legítimo segundo Max Weber. Quando se estuda o poder, é imprescindível conhecer o 
pensamento do grande sociólogo e cientista político alemão Maximilian Karl Emil Weber (1864-
1920). Conhecido como o “Marx burguês” (na verdade um anti-Marx), Max Weber se contrapôs à 
doutrina marxista de que as relações materiais (infraestrutura) originam a organização social e as leis 
(superestrutura). Na obra A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905), por exemplo, Weber 
defende que o capitalismo floresceu a partir da ética protestante do trabalho, segundo a qual, ao 
contrário do que pregava o pensamento cristão medieval, o lucro não é pecado e a riqueza obtida pelo 
 
3
 Rousseau, Do contrato social. 
trabalho árduo e honesto é uma dádiva de Deus.
4
 Segundo essa visão, portanto, foram as idéias que 
deram origem a um sistema econômico, e não o contrário, como pensava Marx. 
 
Tratando do poder, como vimos acima, Weber o define como “toda possibilidade de impor a própria 
vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa 
probabilidade”. Percebe-se que essa definição, tipicamente sociológica, não se preocupa em buscar 
um fundamento legítimo para o poder. 
 
Ao tratar do poder estatal, no entanto, Weber diz que o Estado detém o monopólio do uso legítimo da 
força. É a legitimidade que transforma o simples poder em autoridade. Como, então, reconhecer o 
exercício legítimo do poder pelo Estado? Em lição que se tornou clássica, Max Weber considera que 
existem três formas de poder legítimo, ou seja, existem três fundamentos legítimos para o poder. São 
eles: a tradição, o carisma e a racionalidade legal.
5
 São, portanto, formas de poder legítimo 
(autoridade) segundo Max Weber: 
 Tradicional: não depende da lei formal, legitimando-se por uma antiga tradição, sendo 
próprio das monarquias. Exemplos de poder tradicional são as antigas monarquias europeias, 
como a britânica, a sueca, a dinamarquesa etc. 
“O contrato social é entre os que estão vivos, os que estão mortos e os 
que ainda vão nascer” (Edmund Burke) 
 Carismático: baseado nas qualidades excepcionais do líder (carisma), que procura ligação 
direta com o povo, muitas vezes acima ou mesmo contra a lei. São exemplos de líderes 
carismáticos Júlio César, Napoleão Bonaparte, Hitler e Hugo Chávez. 
 Racional ou burocrático: autoridade impessoal, derivada da lei, única forma em que poder e 
direito necessariamente coincidem. Exemplos de poder racional ou burocrático são as 
modernas democracias liberais, como EUA, Alemanha etc. É interessante destacar que, para 
Weber, a burocracia é um dado essencial para entender o Estado Moderno, representando 
um componente técnico e impessoal do poder estatal. Essa burocracia deve ser baseada no 
mérito, composta por técnicos de alto nível, selecionados por concurso público, bem 
remunerados, com estabilidade no emprego e garantia de aposentadoria especial e inspirados 
por valores como honra, dignidade e senso de dever para com a comunidade. 
 
É importante assinalar que essas três formas ideais de poder legítimo dificilmente ocorrem 
isoladamente, sendo mais comum que se apresentem de forma combinada. Isso ocorreu, por exemplo, 
com Hitler na Alemanha e com Hugo Chávez na Venezuela: ambos chegaram ao poder legalmente e 
depois procuram ampliar seus poderes com base no carisma. 
 
Racionalização do Poder. Outra abordagem interessante acerca da legitimaçãodo 
poder pela razão é a apresentada pelo professor francês Georges Burdeau. Para esse 
autor, o poder do Estado deriva da própria força da ideia representada pelos objetivos 
fundamentais de uma sociedade (bem comum). Burdeau considera que o Estado foi 
criado para que as pessoas não obedecessem a outras pessoas, mas sim a um ente 
impessoal e abstrato. O Estado, assim, é uma forma de poder que enobrece a 
obediência, pois a relação entre governantes e governados deixa de ser baseada na 
força ou na vontade arbitrária dos governantes, passando a fundamentar-se no ideal de 
bem comum. Esse poder é abstrato, pois independe das pessoas que o exercem 
transitoriamente.6 A isso se denomina racionalização do poder. 
 
 
4
 Cf. ADAMS, Ian e Dyson, R. W. 50 pensadores políticos essenciais – Max Weber. 
5
 “A política como vocação”, in Ciência e política – duas vocações. 
6
 O Estado, Cap. I. 
“Se procurarmos o que é permanente no poder enquanto passam as 
figuras que exercem seus atributos, vemos que ele não é tanto uma 
força exterior que viria pôr-se a serviço de uma idéia quanto a própria 
força dessa idéia” (Georges Burdeau).
7
 
 
A Soberania. Além de dominante (originário e irresistível), atualmente se considera 
essencial que o poder do Estado seja soberano. A soberania é, assim, uma 
característica essencial do poder do Estado de tipo moderno. Na modernidade, só o 
poder do Estado é soberano e não há Estado propriamente dito sem poder soberano. 
Soberania é a qualidade que torna o poder do Estado supremo internamente e igual e 
independente em relação aos demais Estados no âmbito internacional. 
 
Histórico. O conceito moderno de soberania não era conhecido na Antiguidade nem 
na Idade Média, pois, segundo Jellinek, faltava, então, a noção da oposição entre o 
poder do Estado e os demais poderes, tanto interna como externamente.8 De fato, 
como já vimos anteriormente, o Estado de tipo Antigo dominava tudo em seu interior, 
porém não reconhecia que outros Estados pudessem dispor de igual poder. Na Grécia, 
era fundamental que a pólis gozasse de autarquia e autonomia, que significava o poder 
de governar a si próprias e fazer as próprias leis, sem interferências externas. Tratava-
se de uma afirmação de independência, sem que necessariamente fosse reconhecido 
igual atributo a outros Estados. No Estado Romano, falava-se apenas no poder de 
Roma (potestas, maiestas), sempre num sentido de superioridade em relação aos 
demais povos. Na Idade Média, havia o conceito de “dupla soberania”, que seriam os 
poderes do rei e do povo, os quais, porém, na maioria das vezes, competiam com 
outros poderes (Igreja, senhores feudais etc.). 
 
Conceito moderno. A noção atual de soberania surge apenas no Estado Moderno, 
como conseqüência da afirmação do poder exclusivo e supremo do monarca sobre um 
território e um povo, em oposição aos senhores feudais, à Igreja, ao imperador e às 
cidades livres. Isso também significava independência no plano internacional, na 
medida em que não se admitia interferências externas e era reconhecido igual poder 
aos demais Estados. Deve-se a Jean Bodin a formulação do conceito moderno de 
soberania, ainda sob a ótica do absolutismo. 
 
A teoria de Jean Bodin. O primeiro teórico a tratar da soberania como característica 
exclusiva do poder do Estado foi o jurista francês Jean Bodin, na obra Os seis livros 
da República (1576). A obra foi escrita em defesa da monarquia absoluta, em 
oposição a teorias de origem protestante, que defendiam o chamado “governo 
misto”, inspirado na República romana, na qual o poder era distribuído entre os 
cônsules, o Senado e o povo. 
9
 Bodin definiu o Estado como o “reto governo de 
muitas famílias e do que lhes é comum, com poder soberano”. E a soberania, 
 
7
 Idem, p. 5. 
8
 Teoría General del Estado, p. 549. 
9
 Sobre a obra de Bodin, vide Jean-Jacques Chevallier, As grandes obras políticas de Maquiavel a nossos 
dias, cap. II. 
segundo Bodin, seria o “poder absoluto e perpétuo numa república”.10 Buscando 
reforçar o poder monárquico no contexto do absolutismo, Bodin afirma que o poder 
soberano pertence exclusivamente ao rei e tem origem divina. 
 
Segundo Bodin, o soberano é legibus solutus (imune à lei) e superiorem non 
recognoscens (não reconhece poderes superiores). As únicas limitações ao poder 
soberano seriam as leis divinas e naturais, as quais ninguém, nem mesmo os reis, 
pode contrariar. É um poder perpétuo, no sentido de que não é exercido por prazo 
certo, sendo transmitido hereditariamente. E é também um poder de fato, no sentido 
de não depender do ordenamento jurídico. É importante assinalar que Bodin não 
defendia um poder tirânico, pois a soberania deveria respeitar as “leis naturais” 
(Direito Natural), dentre as quais a liberdade e a propriedade dos súditos. 
 
 
 
Jean Bodin 
 
Ainda conforme Bodin, a soberania conferia ao rei as seguintes prerrogativas: 
 Legislar 
 Decidir sobre a paz e a guerra 
 Nomear altos funcionários 
 Fazer justiça em última instância 
 Exigir fidelidade e obediência dos súditos 
 Conceder graça (perdão a criminosos) 
 Emitir moeda 
 Criar e aumentar impostos 11 
 
A contribuição do contratualismo. Com o contratualismo, doutrina que surge no 
século XVII a partir das obras de Hobbes (1588-1679), o poder soberano passa a ser 
visto como derivado da ordem jurídica, sendo produto de um pacto realizado pelo povo. 
É o povo, portanto, quem concede ao soberano o direito de governar. Transita-se, 
 
10
 Bodin usa o termo República como sinônimo de Estado (res publica – coisa pública), e não como forma de 
governo, referindo-se inclusive à França da época, que era uma monarquia absolutista e não uma república. 
11
 Apud: Jellinek, ob. cit., p. 574. 
assim, de um fundamento de fato (força, dominação) para um fundamento jurídico da 
soberania. 
 
Rousseau e a soberania. Igualmente de grande na compreensão da soberania foi a 
obra de Rousseau. No Contrato Social (1762), Rousseau afirma que a soberania 
pertence ao povo e não ao rei, devendo expressar a vontade geral. Na mesma obra 
Rousseau escreve que a soberania é una (apenas uma soberania pode vigorar num 
Estado), indivisível (não se divide, admitindo-se apenas a distribuição de funções), 
inalienável (não pode ser delegada pelo povo), imprescritível (não tem prazo de 
duração). É também absoluta, no sentido de suprema, mas não deve impor obrigações 
inúteis aos cidadãos e tratar a todos com igualdade. 
 
Fundamento da soberania. Como visto acima, quando da formação dos Estados 
Modernos a concepção de soberania se baseava num fundamento exclusivamente 
político, ou seja, era uma questão de fato. O que valia era a força e a vontade do 
soberano. Essa concepção evoluiu ao longo dos séculos para uma justificativa jurídica, 
ou seja, baseada no Direito. Atualmente, predomina uma síntese dos dois 
fundamentos, sendo a soberania considerada pela maioria dos estudiosos como um 
conceito ao mesmo tempo político e jurídico. Veremos a seguir como essa evolução 
ocorreu. 
 
 
Rudolf Von Ihering 
 
Concepção Política de Soberania. Segundo uma concepção puramente política, 
poder é força e dominação. O que importa é que produza resultados, ou seja, tenha 
eficácia. É, portanto, uma questão puramente de fato. Para Ihering, por exemplo, só a 
força produz o Direito.12 Foi o que ocorreu, por exemplo, na formação dos primeiros 
Estados Modernos, quando os reis tornaram-se soberanos num território mediante a 
conquista pela força, impondo-se à Igreja, ao Império, aos senhores feudais e às 
cidades livres. 
 
Segundo essa concepção, a soberania pode ser definidacomo o poder incontrastável 
de mando, ou seja, o poder de querer coercitivamente e de fixar competências. 
Verifica-se, aqui, uma preocupação com a plena eficácia do poder.13 
 
12
 Rudolf von Ihering (1818- 1892), jurista alemão, autor do célebre opúsculo A luta pelo direito. 
13
 Cf. Dalmo Dallari, Elementos de Teoria Geral do Estado, p. 80. 
 
Concepção jurídica de soberania. Segundo uma concepção puramente jurídica 
(normativista, positivista), o poder é criado pelo Direito. Hans Kelsen (1881-1973), por 
exemplo, sustenta em sua Teoria Pura do Direito que a ordem jurídica (direito posto, 
positivo) é escalonada como uma pirâmide em que as normas superiores são o 
fundamento de validade das inferiores. O ápice dessa pirâmide é a norma suprema ou 
fundamental, que é a Constituição do Estado. É ela que fornece fundamento de 
validade às normas inferiores, como leis e decretos, até as sentenças judiciais e os 
contratos, que são normas particulares (relativas a casos concretos). 
 
 
 
Hans Kelsen 
 
O fundamento de validade desse sistema seria uma norma hipotética, que não é posta, 
mas simplesmente suposta, ou seja, é um pressuposto lógico para a construção do 
sistema e inexistente no campo dos fatos.14 Kelsen não esclarece bem qual seria o 
conteúdo dessa norma hipotética. Alguns intérpretes do seu pensamento sustentam 
que esse conteúdo seria a própria ideia de justiça, enquanto outros afirmam que seria a 
obrigação de obedecer a tudo que está na Constituição.15 Os críticos apontam que 
esse seria o ponto fraco da doutrina de Kelsen, pois o fundamento da soberania fica 
sem sustentação no mundo dos fatos. 
 
 
 
 
 
14
 H. Kelsen, Teoria Geral do Direito e do Estado, p. 163. 
15
 Cf. Michel Temer, Elementos de Direito Constitucional, Malheiros, 20ª ed., p. 20. 
De qualquer modo, segundo essa concepção jurídica a soberania é o poder de decidir 
em última instância sobre a atributividade das normas, ou seja, poder soberano é 
aquele que dá a última palavra sobre qual é a norma válida num Estado. Há, assim, 
uma preocupação com a eficácia do Direito.16 
 
“O poder do Estado ao qual o povo está sujeito nada mais é que a 
validade e a eficácia da ordem jurídica, de cuja unidade resultam a 
unidade do território e a do povo” (Hans Kelsen).
17
 
 
Nos Estados Democráticos de Direito as funções da soberania estão distribuídas por 
vários órgãos, de modo que, dependendo do caso, um desses órgãos é quem dá a 
palavra final sobre a atributividade das normas. Em matéria de interpretação da 
Constituição, por exemplo, quem dá a palavra final no Brasil é o Supremo Tribunal 
Federal. Já em matéria de extradição de estrangeiros condenados no exterior pela 
prática de crimes, a última palavra cabe ao presidente da República. 
 
Miguel Reale e a concepção culturalista de soberania. O grande jurista brasileiro 
Miguel Reale (1910-2006), observando que tanto a concepção política como a jurídica 
de soberania são parciais e não explicam satisfatoriamente o fenômeno, faz uma 
síntese das duas concepções, expondo a sua concepção culturalista de soberania. 
 
Esse conceito decorre da Teoria Tridimensional do Direito, também da autoria de 
Reale, segundo a qual, assim como o Direito, o Estado é, ao mesmo tempo, um 
fenômeno social (fato), político (valor) e jurídico (norma). O poder é substancialmente 
político, mas não há organização social sem direito (ubi societas, ibi jus; ubi jus, ibi 
societas). O que há são graus de juridicidade, ou seja, a presença do Direito vai de um 
mínimo (a força ordenadamente exercida) até um máximo (força empregada 
exclusivamente como um meio de realização do Direito). O grau de juridicidade varia 
conforme o grau de desenvolvimento cultural de uma sociedade – daí a qualificação de 
culturalista dada a essa teoria. 
 
Segundo essa concepção culturalista ou jurídico-política de soberania, a sociedade, 
para organizar-se, necessita do poder, mas esse poder é sempre exercido segundo 
uma norma, ainda que primitiva. À medida que a sociedade evolui, o poder vai sendo 
cada vez mais exercido conforme os valores sociais, expressados pelo Direito. 
 
 
16
 Cf. Dallari, ob. e loc. cit. 
17
 H. Kelsen, ob. cit., p. 364. 
 
Miguel Reale, estudante de Direito 
 
Dessa forma, na visão de Reale soberania pode ser definida como a capacidade de um 
povo de organizar-se juridicamente e de fazer valer, dentro de seu território, a 
universalidade de suas decisões, nos limites dos fins éticos da convivência humana.18 
 
Justificação da soberania. A soberania possui duas linhas doutrinárias de justificação 
pela origem: a doutrina teocrática (origem divina) e a doutrina democrática (origem 
humana). Pela primeira, o poder vem de Deus, sendo por este transmitido ao monarca 
ou ao povo. As monarquias absolutistas, por exemplo, abonadas por obras de autores 
como Filmer e Bossuet, afirmavam um direito divino dos reis de governar o seu povo. 
 
Já segundo a doutrina democrática, a fonte do poder soberano é o próprio povo, sendo 
por ele exercido diretamente ou por meio de representantes. Esse movimento veio 
contrapor-se ao absolutismo, afirmando que, ao direito divino da realeza, opunha-se a 
realeza divina do direito. Essa é a doutrina que predomina atualmente, sendo comum 
nas Constituições modernas a afirmação de que todo poder emana do povo e em seu 
nome é exercido. 
 
Titular da Soberania. O titular da soberania é aquele que de fato exerce o poder 
soberano. Para Bodin, o titular da soberania era o monarca (absolutismo). Para 
Rousseau, esse titular seria o povo, que deveria exercer o poder diretamente 
(democracia direta). Para o Abade de Sieyés e outros teóricos da Revolução 
Francesa, o titular seria a nação, por meio de seus representantes (democracia 
representativa). Segundo Jellinek e outros adeptos da doutrina alemã da personalidade 
jurídica do Estado, o titular da soberania é o próprio Estado. Esta é a teoria mais aceita 
atualmente, sem excluir, contudo, o povo como fonte do poder, dado que o povo é 
elemento essencial do Estado e este é formado pelo povo. 
 
Objeto e significação. A soberania, como atributo essencial do Estado, tem reflexos 
no âmbito interno e nas relações internacionais. Internamente, ou seja, em relação ao 
povo do Estado e a quem se encontre em seu território, a soberania é o poder 
 
18
 Cf. M. Reale, Teoria do Direito e do Estado, p. 116 e segs. 
supremo, não podendo haver outro que com ele rivalize. Esse poder, contudo, não é 
absoluto, pois deve ser regulado e limitado pela ordem jurídica. 
 
Externamente, isto é, em relação aos outros Estados, a soberania significa igualdade e 
independência entre todos os Estados. Embora na ordem internacional existam 
Estados fortes e fracos, não existem Estados mais nem menos soberanos: todos são 
igualmente soberanos. Um Estado não pode interferir nos negócios internos nem violar 
a soberania de outro sem autorização da ONU, sob pena de sofrer sanções 
internacionais. Jellinek, no entanto, ressalva que a igualdade e a independência 
decorrentes da soberania são jurídicas, mas nem sempre reais.19 
 
Relativização da Soberania. Segundo o jurista italiano contemporâneo Luigi Farrajoli, 
a soberania, que já foi considerada absoluta, atualmente é relativizada, tanto interna 
como externamente. Internamente, embora ainda seja o grau máximo de poder, ela é 
abrandada pelo Estado de Direito, pela separação de Poderes, pelos grupos de 
pressão, pelo mercado financeiro etc. Externamente, ela é atenuada pela ONU, por 
tratados internacionais, blocos econômicos etc. 
 
Existe ainda a teoria da negação da soberania: segundoo “anarquista de cátedra” 
Duguit, por exemplo, ela não existe de fato; o que existe é apenas a crença na 
soberania. 
 
Conclusões. Soberania não é o poder, mas sim uma qualidade essencial e exclusiva 
do poder no Estado Moderno. É expressão do poder máximo, mas não do poder 
absoluto, pois tem regras e limites para o seu exercício, seja interna, seja 
externamente. Seu titular é o Estado, mas sua fonte é o povo. É elemento essencial do 
Estado, pois sem soberania não pode existir Estado propriamente dito. 
 
 
OO CCaassoo ““AAllttaalleennaa”” 
 
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EEUUAA,, UURRSSSS ee oouuttrraass ppoottêênncciiaass.. EEmm rreepprreessáálliiaa,, cciinnccoo ppaaíísseess áárraabbeess ddeeccllaarraarraamm gguueerrrraa aa IIssrraaeell ee 
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ccoonnttiinnuuoouu ccoomm ssuuaass aaççõõeess ccllaannddeessttiinnaass.. 
 
EEmm mmeeiioo àà gguueerrrraa,, ccoomm IIssrraaeell sseennddoo aattaaccaaddoo ddee ttooddooss ooss llaaddooss,, cchheeggaa aaoo ppoorrttoo ddee TTeell AAvviivv oo nnaavviioo 
““AAllttaalleennaa””,, ttrraannssppoorrttaannddoo 990000 iimmiiggrraanntteess ee uumm ggrraannddee ccaarrrreeggaammeennttoo ddee aarrmmaass eennccoommeennddaaddaass ppeelloo 
 
19
 Ob. cit., p. 590. 
IIrrgguunn.. OO eennttããoo pprriimmeeiirroo--mmiinniissttrroo ddee IIssrraaeell,, DDaavviidd BBeenn--GGuurriioonn,, ddeetteerrmmiinnoouu qquuee aa ccaarrggaa ddeevveerriiaa sseerr 
eennttrreegguuee aaoo eexxéérrcciittoo ddee IIssrraaeell,, qquuee ddeellaa nneecceessssiittaavvaa ddeesseessppeerraaddaammeennttee,, mmaass oo llííddeerr ddoo IIrrgguunn,, 
MMeennaacchheemm BBeeggiinn,, nnããoo ccoonnccoorrddoouu,, ppooiiss pprreetteennddiiaa mmaanntteerr aaççõõeess aauuttôônnoommaass eemm rreellaaççããoo aaoo ggoovveerrnnoo ddee 
IIssrraaeell.. 
 
 
DDaavviidd BBeenn--GGuurriioonn 
 
NNaa mmaannhhãã ddoo ddiiaa 2222,, BBeenn--GGuurriioonn rreeuunniiuu oo ggaabbiinneettee ee ddiissssee:: ““OO qquuee eessttáá aaccoonntteecceennddoo ccoollooccaa eemm 
ppeerriiggoo nnoossssoo eessffoorrççoo ddee gguueerrrraa ee,, mmaaiiss iimmppoorrttaannttee aaiinnddaa,, aammeeaaççaa aa eexxiissttêênncciiaa ddoo ppaaííss.. UUmm EEssttaaddoo 
nnããoo ppooddee ssoobbrreevviivveerr sseemm qquuee oo sseeuu eexxéérrcciittoo sseejjaa ccoonnttrroollaaddoo ppeelloo pprróópprriioo EEssttaaddoo””.. EEnnqquuaannttoo iissssoo,, 
MMeennaacchheemm BBeeggiinn ffaallaavvaa ddee uumm aallttoo--ffaallaannttee nnoo nnaavviioo:: ““PPoovvoo ddee TTeell AAvviivv!! NNóóss,, ddoo IIrrgguunn,, ttrroouuxxeemmooss 
aarrmmaass ppaarraa ccoommbbaatteerr oo iinniimmiiggoo,, mmaass oo ggoovveerrnnoo eessttáá nneeggaannddoo oo aacceessssoo aa eellaass.. AAjjuuddee--nnooss aa 
ddeessccaarrrreeggaarr.. SSee hháá ddiiffeerreennççaass eennttrree nnóóss,, vvaammooss rreessoollvvêê--llaass ddeeppooiiss””.. 
 
 
OO ““AAllttaalleennaa”” bboommbbaarrddeeaaddoo 
 
QQuuaannddoo oo nnaavviioo ccoommeeççoouu aa sseerr ddeessccaarrrreeggaaddoo,, BBeenn--GGuurriioonn ddeetteerrmmiinnoouu oo aattaaqquuee.. OO ““AAllttaalleennaa”” ffooii 
bboommbbaarrddeeaaddoo ee ppeeggoouu ffooggoo,, eexxppllooddiinnddoo ccoomm aa ssuuaa pprreecciioossaa ccaarrggaa.. MMaaiiss ddee cceemm ppeessssooaass mmoorrrreerraamm.. 
OOuuttrraass ssee jjooggaarraamm aaoo mmaarr ee ffoorraamm rreeccoollhhiiddaass ppoorr bbootteess,, iinncclluussiivvee BBeeggiinn,, qquuee,, nnaaqquueellaa nnooiittee,, ffaalloouu 
aattrraavvééss ddee ssuuaa eessttaaççããoo ddee rrááddiioo sseeccrreettaa:: ““OOss ssoollddaaddooss ddoo IIrrgguunn nnããoo vvããoo eennttrraarr nnuummaa gguueerrrraa 
ffrraattrriicciiddaa,, mmaass ttaammbbéémm nnããoo vvããoo aacceeiittaarr aa ddiisscciipplliinnaa ddee BBeenn--GGuurriioonn””.. MMaass aa hhiissttóórriiaa ddeemmoonnssttrroouu qquuee 
aa ddiisscciipplliinnaa ddee BBeenn--GGuurriioonn,, qquuee nnaaqquueellee mmoommeennttoo rreepprreesseennttaavvaa aa ssoobbeerraanniiaa ddoo EEssttaaddoo ddee IIssrraaeell,, 
aaccaabboouu pprreevvaalleecceennddoo,, oo qquuee ffooii ccrruucciiaall ppaarraa aa ssoobbrreevviivvêênncciiaa ddoo EEssttaaddoo.. CCoomm oo tteemmppoo,, ooss mmeemmbbrrooss ddoo 
IIrrgguunn ddeeiixxaarraamm aa ccllaannddeessttiinniiddaaddee ee oo pprróópprriioo BBeeggiinn vviirriiaa aa ttoorrnnaarr--ssee pprriimmeeiirroo--mmiinniissttrroo ddee IIssrraaeell,, 
rreecceebbeennddoo oo pprrêêmmiioo NNoobbeell ddaa ppaazz eemm 11997788 ppeelloo ttrraattaaddoo ddee ppaazz ffiirrmmaaddoo ccoomm oo EEggiittoo..
2200
 
 
 
Para discussão: 
 
20
 Cf. Martin Gilbert, História de Israel, cap. 12. 
 Considerando que Michel Temer não foi eleito para ser presidente da República, 
seu poder é legítimo conforme a doutrina de Max Weber? 
 As invasões do Afeganistão e do Iraque por coalizões lideradas pelos EUA 
podem ser consideradas violações à soberania daqueles Estados? 
 Seria justificável intervir na Venezuela para restaurar a democracia? 
 
 
Bibliografia 
 
Leitura essencial: 
 
DALLARI, Dalmo. Elementos de Teoria Geral do Estado, Capítulo II, itens 31 
a 38 e 53 a 56. 
 
Leituras complementares: 
 
ADAMS, Ian e Dyson, R. W. 50 pensadores políticos essenciais – Max Weber. 
CHEVALLIER, Jean-Jacques, As grandes obras políticas de Maquiavel a 
nossos dias, cap. II. 
BURDEAU, Georges. O Estado, Cap. I. 
FERRAJOLI, Luigi. A soberania no mundo moderno. 
GILBERT, Martin. História de Israel, cap. 12. 
JELLINEK, Georg. Teoría General del Estado, Livro III, cap. 13, item II. 
KELSEN, Hans. Teoria Geral doDireito e do Estado, segunda parte, cap. II. 
REALE, Miguel. Teoria do Direito e do Estado, cap. IV, itens 92 a 94.

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