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Legislação e Normas Técnicas Tipos de Legislação Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Cristhiane Eliza dos Santos Revisão Textual: Profa. Esp. Márcia Ota Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Hierarquia das Leis • Tipos de Legislação (Instrumentos Legais) • Leitura Obrigatória • Material Complementar Fonte: iStock/Getty Im ages Objetivos • Clarificar os conceitos sobre Constituição, Lei, Decreto e Portaria. • Entender como funciona a hierarquia da Legislação. • Conhecer as origens e o conceito das Legislações Acidentária, Previdenciária e Sindical. Caro Aluno(a)! Normalmente com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Tipos de Legislação UNIDADE Tipos de Legislação Introdução ao tema Caro(a) aluno(a), Para que se tenha uma melhor compreensão das normas e legislação aplicadas à saúde e segurança do trabalho, é importante que não haja dúvidas sobre a conceituação de: • Constituição; • Lei; • Decreto; • Portaria. Falando um pouco mais sobre Constituição, vamos focar principalmente a Constituição de 1988, que foi um grande marco. Antes da Constituição de 1988, a segurança do trabalho era vista como uma mera necessidade para o empregado. O conceito de empregado bom era aquele que não faltava, não se queixava dos problemas da empresa, não demonstrava sintomas de doenças, apenas trabalhava! Com a promulgação da Constituição de 1988, carta magna e soberana a qualquer legislação brasileira, que as leis, decretos e outras normas que tratavam de segurança passaram por adequações, dando garantias trabalhistas e inovando os conceitos de segurança e medicina do trabalho, que até então não eram considerados na Constituição. A Constituição Federal de 1988, em seu Capítulo II (Dos Direitos Sociais), art. 7°, incisos XXII, XXIII, XXVIII e XXXIII, dispõe especificamente sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores. Importante citar também o Decreto-Lei 5.452 de 01 de maio de 1943 que é a nossa Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Não poderíamos deixar de citar também a Portaria 3214/78 de 08 de junho de 1978, que criou as Normas Regulamentadoras, as famosas “NRs”, que podemos considerar como a “bíblia” do profissional da área de segurança do trabalho. Hierarquia das Leis A Constituição é a lei máxima, nenhuma lei pode sobrepô-la. Em seguida, temos todas as leis, decretos, portarias, instruções normativas, normas regulamentadoras, medidas provisórias entre outras. A legislação pode ser emitida no âmbito Federal, Estadual ou Municipal, seguindo a seguinte regra: “Nenhuma legislação Estadual deve sobrepor a Federal e nenhuma legislação municipal deve sobrepor a Estadual.” Importante saber também que, além de toda Legislação Federal, Estadual e Municipal, também existem as Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT). 6 7 As Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) são tratados internacionais em caráter normativo, que podem ser ratificados sem limitação de prazo por qualquer dos Estados-Membros interessados. Até dezoito meses da adoção de uma convenção, cada Estado-membro deve submetê-lo à autoridade nacional competente (o Congresso Nacional no caso do Brasil) para aprovação. Após aprovação, o Presidente da República ratifica, incorporando as normas à legislação nacional, devendo ser cumprida em todos os aspectos. Tipos de Legislação (Instrumentos Legais) Existem 3 dimensões importantes da Legislação voltada à Segurança do Trabalho: • Acidentária: Está relacionada com os acidentes de trabalho definidos em lei. • Previdenciária: Trata dos benefícios pecuniários resultantes dos acidentes de trabalho. • Sindical: A Legislação Sindical trata da relação patronal e da representação dos empregados. Foi com o Decreto n° 3.724 de 15-01-1919, que teve início a nossa Legislação Acidentária. Por se tratar da legislação pioneira, este decreto marcou o início da emancipação do infortúnio laboral no tocante ao direito comum. Em 1991, surgiu a Lei da Previdência Social que, em seu artigo 20, disciplinou com riquezas de detalhes as concausas, acidentes equiparados e acidentes de trajeto. A Legislação Previdenciária surgiu com a Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo n°4.682 de 24-01-1923), com a criação de Caixas de Aposentadoria e Pensões para ferroviários. Atualmente, o Sistema de Seguridade Social tem a seguinte estrutura básica: Ministério da Previdência e Assistência Social, Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e o DATAPREV (Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social). Nossa Legislação Sindical nasceu com o Estado Novo, cópia do fascismo de Mussolini, juntamente com a Justiça do Trabalho que substituía os sindicatos na solução de conflitos, os sindicatos assumiam, então, um papel de mero auxiliar para que a economia da população fosse organizada em entidades representativas, colocadas sob assistência e proteção do Estado. Nossa primeira Lei Sindical, no início do século XX, atendeu a uma solicitação da Igreja Católica que pregava a união do capital com o trabalho no campo (nesta época, o Brasil era um país essencialmente agrícola). Em 1988, a Constituição em seu art. 8° assegurou a mais ampla autonomia: liberdade sindical, autonomia sindical, registro, estrutura, base territorial, representatividade e representação, administração, sustentação financeira, direito de greves, negociações coletivas, solução arbitral de conflitos coletivos, dissídio coletivo, participação política e representação nos locais de trabalho. Estes conceitos ficarão mais claros com as leituras indicadas e videoaulas que constituem esta Unidade. 7 UNIDADE Tipos de Legislação Leitura Obrigatória As nossas legislações, assim como as relações do trabalho, tiveram uma evolução considerável. É importante que seja compreendido por todos como funciona esta legislação atualmente. Importante salientar que a Constituição de 1988 foi um marco na evolução da legislação referente à segurança do trabalho. Afinal, saímos de uma atividade essencialmente agrícola com interferência da igreja, passando por períodos de ditatura, em que houve inspiração no regime fascista de Mussolini, chegando aos dias de hoje em uma democracia. Atento(a) a esses aspectos, inicie suas leituras pelo capítulo II da Constituição (Dos Direitos Sociais), art 7°, incisos XXII, XXIII, XXVIII e XXXIII, ou seja, da página 64 a 65 e 67 a 69 da obra de Costa Machado, Constituição Federal Interpretada, disponível na Biblioteca Virtual Universitária. Para acessar esta obra, percorra o seguinte caminho: Após entrar em sua “área do aluno”, disponível em: https://goo.gl/yEZjCV, no menu à esquerda da tela, clique em “E-books – Bib. Virtual Universitária”. No topo da tela que abrirá, haverá um campo de busca para autor, título, assunto, etc., nesse digite Constituição Federal Interpretada e clique na capaque aparecer como resultado. Terá, então, a seguinte interface de leitura: Note a seta ao lado direito da tela para avançar página a página, assim como perceba que os ícones no rodapé da tela correspondem a determinadas funções, entre as quais: ampliar a visualização (zoom), marcar a obra como favorita, imprimir trechos que escolher e pular para um número específico de página. Além da Constituição, é importante salientar que o Decreto-Lei 5.452, de 01 de maio de 1943, que é a nossa Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), especificamente no Capítulo V do Título II (relativo à Segurança e Medicina do Trabalho). 8 9 Atento(a) a esses aspectos, inicie suas leituras pelo capítulo V da Seção II a V da CLT, ou seja, da página 33 a 37, CLT - 2016, disponível na Biblioteca Virtual Universitária. Para acessar esta obra, percorra o seguinte caminho: Após entrar em sua “área do aluno”, disponível em: https://goo.gl/yEZjCV, no menu à esquerda da tela, clique em “E-books – Bib. Virtual Universitária”. No topo da tela que abrirá, haverá um campo de busca para autor, título, assunto, etc., nesse digite CLT 2016 e clique na capa que aparecer como resultado. Terá, então, a seguinte interface de leitura: Note a seta ao lado direito da tela para avançar página a página, assim como perceba que os ícones no rodapé da tela correspondem a determinadas funções, entre as quais: ampliar a visualização (zoom), marcar a obra como favorita, imprimir trechos que escolher e pular para um número específico de página. Conceitos Constituição Princípios fundamentais do estado democrático de direito. É o modo pelo qual uma sociedade é formada, estabelecida e organizada. Trata-se da lei maior de um estado politicamente organizado. É de competência privativa da União legislar sobre o Direito do Trabalho, o que impede automaticamente os Estados e Municípios de fazê-lo. Lei Vem do latin “lex” que significa lei – uma obrigação imposta. Em uma sociedade, a função das leis é controlar os comportamentos e ações dos indivíduos de acordo como os princípios daquela sociedade. 9 UNIDADE Tipos de Legislação No âmbito do Direito, a lei é uma regra tornada obrigatória pela força coercitiva do poder legislativo ou de autoridade legítima, que constitui os direitos e deveres numa comunidade. As leis podem emanar dos âmbitos Federais, Estaduais e Municipais, respeitando a hierarquia (Federal, depois Estadual e por fim, Municipal). Lei Municipal Lei Estadual Lei Federal Decreto Vem do latin “decretum”, é a decisão de uma autoridade sobre uma matéria. Costuma- se tratar de um ato administrativo levado a cabo pelo Poder Executivo. Em termos práticos, o decreto regulamenta a lei, não podendo extrapolá-la. O Poder Executivo, tendo por base a Constituição no seu Artigo 84, Inciso IV, pode editar decretos, medidas provisórias e regulamentos. Decreto-Lei No passado, o Executivo emitiu Decreto-Lei que era ratificado pelo congresso. A CLT, por exemplo, foi estabelecida pelo Decreto-Lei 5.452 de 01 de maio de 1943. Portaria São atos pelos quais as autoridades competentes determinam providências de caráter administrativo, dão instruções sobre a execução de leis e serviços, definem situações funcionais e aplicam medidas de ordem disciplinar. Uma das Portarias mais importantes emitidas pelo Ministério do Trabalho é a Portaria 3214/78 de 08 de junho de 1978, que criou as Normas Regulamentadoras. Além disso, importante citar o INSS (Instituto Nacional de Seguro Social) que também emite Portarias. Hierarquia das Leis Como visto nos conceitos acima, a Constituição é a lei máxima, nenhuma lei pode sobrepô-la. Em seguida, temos todas as leis, decretos, portarias, instruções normativas, normas regulamentadoras, medidas provisórias entre outras. A legislação pode ser emitida no âmbito Federal, Estadual ou Municipal, seguindo a seguinte regra: “Nenhuma legislação Estadual deve sobrepor a Federal e nenhuma legislação Municipal deve sobrepor a Estadual.” 10 11 Ademais, é importante saber que, além de toda Legislação Federal, Estadual e Municipal também existem as Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT). As Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT) são tratados internacionais em caráter normativo, que podem ser ratificados sem limitação de prazo por qualquer dos Estados-Membros interessados. Até dezoito meses da adoção de uma convenção, cada Estado-membro deve submetê-lo a autoridade nacional competente (o Congresso Nacional no caso do Brasil) para aprovação. Após aprovação o Presidente da República ratifica, incorporando às normas à legislação nacional, devendo ser cumprida em todos os aspectos. Voltando um pouco, vamos falar da Constituição de 1988, que está em vigor até hoje e tem um marco interessante. Antes da Constituição de 1988, a segurança do trabalho sempre foi vista como uma mera necessidade para o empregado. O conceito de empregado bom era aquele que não faltava, não se queixava dos problemas da empresa, não demonstrava sintomas de doenças, apenas trabalhava. Com a promulgação da Constituição de 1988, carta magna e soberana a qualquer legislação brasileira, que as leis, decretos e outras normas que tratavam de segurança passaram por adequações, dando garantias trabalhistas e inovando os conceitos de segurança e medicina do trabalho, que até então não eram considerados na Constituição. A Constituição Federal de 1988, em seu Capítulo II (Dos Direitos Sociais), art. 7°, incisos XXII, XXIII, XXVIII e XXXIII, dispõe especificamente sobre Segurança e Saúde dos Trabalhadores. Legislação Federal Legislação Estadual Legislação Municipal Tipos de Legislação (Instrumentos Legais) Existem 3 dimensões importantes da Legislação voltadas à Segurança do Trabalho: • Acidentária: Está relacionada com os acidentes de trabalho definidos em lei. • Previdenciária: Trata dos benefícios pecuniários resultantes dos acidentes de trabalho. • Sindical: A Legislação Sindical trata da relação patronal e da representação dos empregados. 11 UNIDADE Tipos de Legislação Legislação Acidentária Foi com Decreto n° 3.724 de 15-01-1919, que teve início a nossa Legislação Acidentária. Por se tratar da legislação pioneira, este decreto marcou o início da emancipação do infortúnio laboral no tocante ao direito comum. Em 1991, surgiu a Lei da Previdência Social que, em seu artigo 20, disciplinou com riquezas de detalhes as causas dos acidentes equiparados e acidentes de trajeto. Este tema ganha cada vez mais visibilidade no cenário mundial, até por este motivo, o Ministério da Previdência Social criou o DPSSO – Departamento de Políticas Públicas de Saúde e Segurança Ocupacional, voltado especificamente para o aprimoramento da segurança, saúde e qualidade de vida no trabalho. Vamos utilizar a legislação para definição do principal conceito: • Acidente do Trabalho: Conforme art. 19 da Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, “acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, ou pelo exercício do trabalho do segurado especial, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, de caráter temporário ou permanente”. O acidente de trabalho pode dar origem a um simples afastamento, bem como redução ou perda da capacidade de trabalho, ou até mesmo a morte. Também é considerado acidente de trabalho: • O acidente ocorrido no trajeto entre a residência e local de trabalho; • A doença profissional a partir de uma atividade específica relacionada ao trabalho; • A doença profissional a partir das condições em que o trabalho é realizado. Políticas de Prevenção de Acidentes no Trabalho Nos últimos anos, as principais iniciativas relacionadas à prevenção de acidentes no trabalho foram: • PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciárioem 2002; • NTEP – Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário em 2007; • FAP – Fator Acidentário de Prevenção em 2010; • Plansat – Plano Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho em 2012. Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP O PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário é um documento histórico-laboral com dados administrativos, registros ambientais, monitoração biológica durante o período trabalhado. Tem como objetivo primordial fornecer informações das condições ambientais do trabalho. Documento essencial na solicitação de aposentadorias especiais. Está atrelado a NR 9, onde se estabelece a obrigatoriedade do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA e com a NR 7, em que está previsto o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, uma vez que todos os empregadores e instituições que possuem agentes nocivos estão obrigados a preencher o PPP, e a 12 13 também a NR 6 EPI – Equipamentos de Proteção Individual. Note que a interface com o Técnico de Segurança do Trabalho é muito grande. O PPP foi criado para substituir os antigos formulários denominados SB 40, DISES BE 5235, DSS 8030 e DIRBEN 8030. Vale lembrar que o seu preenchimento sempre foi obrigatório para trabalhadores expostos a agentes nocivos. O PPP deverá ser emitido com base nas demonstrações ambientais, exigindo, como base de dados: a) Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA; b) Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR; c) Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT; d) Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO; e) Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho – LTCAT; f) Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT. Assista ao vídeo abaixo que, de uma forma bem divertida, aborda várias condições e situações no ambiente de trabalho que, potencialmente, podem causar um acidente de trabalho. Preste atenção também na parte inicial do vídeo, em que nosso personagem ainda está em casa. https://youtu.be/kXGztSmQE0g Legislação Previdenciária A Legislação Previdenciária surgiu com a Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo n°4.682 de 24-01-1923), com a criação de Caixas de Aposentadoria e Pensões para ferroviários, porém vamos retroceder um pouco mais na linha do tempo. No Brasil, na Constituição de 1824, há uma disposição pertinente à seguridade social, no artigo 179, que se preconizava a constituição dos socorros públicos. O Montepio Geral dos Servidores do Estado (Mongeral) surgiu em 22 de junho de 1835, sendo a primeira entidade privada a funcionar no Brasil. Previa um sistema onde várias pessoas colaboravam para garantir a cobertura de certos riscos, mediante a repartição dos custos entre o grupo. Interessante notar que este modelo contém a maior parte dos institutos jurídicos securitários existentes nas modernas legislações. Note que tudo isso foi concebido muito antes da Lei Eloy Chaves. O Código Comercial de 1850 no seu artigo 79 já previa que os acidentados poderiam ficar afastados recebendo salário por um período máximo de três meses contínuos. Na Constituição de 1891, a expressão “aposentadoria” apareceu pela primeira vez. Esta aposentadoria era somente para funcionários públicos em caso de invalidez a serviço da Nação. Este benefício era dado de fato, uma vez que não havia contribuição. 13 UNIDADE Tipos de Legislação Nas disposições transitórias, o Imperador D. Pedro teria uma pensão vitalícia a partir de 15 de novembro de 1889 a ser fixada pelo congresso ordinário. A primeira norma que criou a previdência no Brasil foi a Lei Eloy Chaves através do Decreto Legislativo n° 4.682 de 24 de janeiro de 1923, com a criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões para os ferroviários para todo o território. Previa aposentadoria por invalidez, ordinária (que seria equivalente à aposentadoria por tempo de serviço), pensão por morte e assistência médica. Em 1926, o Congresso Nacional passa a ter autorização para “legislar sobre licença, aposentadoria e reformas, não se podendo conceder, nem alterar, por leis especiais”. Em 1930, na época da revolução, o sistema previdenciário deixou de ser organizado por empresas e passou a ser organizado por categorias profissionais. Em 1931, o Decreto 20.465 reformulou a Legislação das Caixas. Nesta época, já era extensiva a outros serviços públicos, como telégrafos, águas, portos, luz, etc. Em 1933, através do Decreto 20.465, foi criado o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM), que abriu caminho para outros institutos, sempre organizados por categorias. Na Constituição de 1934, a competência sobre as aposentadorias continuou junto ao Poder Legislativo. A Lei fundamental de 1934 já previa a forma tríplice de custeio: ente público, empregado e empregador, sendo a contribuição obrigatória. Na Constituição de 1937, deixou-se de usar a terminologia previdência social, passando a usar “seguro social”. Em 1938, foi criado o IAPETC – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes de Cargas, incluindo neste sistema os trabalhadores avulsos em cargas e descargas, como, por exemplo, os estivadores. Na Constituição de 1946, surgiu pela primeira vez a terminologia “Previdência Social”, desaparecendo por completo a terminologia “seguro social”. Sua consagração se deu a partir do inciso XVI do art. 157 - “previdência, mediante contribuição da União, do empregador e do empregado, em favor da maternidade e contra as consequências da doença, da velhice, da invalidez e da morte”. Em 1966, o Decreto Lei N° 72, através do INPS – Instituto Nacional de Previdência Social, centraliza todos os institutos de aposentadorias e pensões, sua implantação efetiva se deu 02 de janeiro de 1967. Na Constituição de 1967, não houve inovações em matéria previdenciária, praticamente se repetiu o que estava na Constituição de 1946. A Emenda Constitucional N° 1 de 1969 também não apresentou inovações, se comparada com as Constituições de 1946 e 1967. Em 1977, foi criado o SINPAS – Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social com o objetivo de reorganizar a Previdência Social. 14 15 Na Constituição de 1988, existe um capítulo exclusivo para tratar de Seguridade Social (art. 194 a 204). Em 1990, foi criado o INSS – Instituto Nacional de Seguro Social (autarquia ligada ao então Ministério do Trabalho e Previdência Social atual Ministério da Previdência Social), através da Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, e do Decreto nº 99.350, de 27 de junho de1990, mediante a fusão do INPS – Instituto Nacional de Previdência Social e do IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência Social. Conforme citado acima, neste breve relato da evolução do nosso sistema previdenciário, chegamos aos dias de hoje em um momento em que estamos prestes a ter mais mudanças significativas. Mas o importante de tudo isso é termos ciência da evolução ocorrida ao longo dos tempos. Sistema de Legislação da Previdência Social nos dias de hoje. Atualmente, existe um Sistema de Legislação da Previdência Social – SILEX que foi desenvolvido pelo Ministério da Previdência Social com o objetivo de facilitar o acesso à Legislação Previdenciária. Trata-se de um acervo dinâmico que está permanentemente em revisão e atualização, permitindo um acesso fácil, rápido, dinâmico e seguro, sempre com a Legislação revisada. Para acessar o SILEX: http://goo.gl/5S6HC Legislação Sindical Nossa Legislação Sindical nasceu com o Estado Novo, cópia do fascismo de Mussolini, juntamente com a Justiça do Trabalho que substituía os sindicatos na solução de conflitos. Os sindicatos assumiam, então, um papel de mero auxiliar para que a economia da população fosse organizada por entidades representativas, colocadas sob assistência e proteção do Estado. Nossa primeiraLei Sindical, no início do século XX, atendeu a uma solicitação da Igreja Católica que pregava a união do capital com o trabalho no campo (nesta época o Brasil era um país essencialmente agrícola), que era mais uma corporação cooperativa do que sindical. O Decreto n° 1.637 de 05 de janeiro de 1907, tendo a mesmas bases e representava todas as classes de trabalhadores, inclusive os profissionais liberais. A função aqui era dirimir as divergências e contestações entre o capital e o trabalho. Mais tarde, em 1930, quando Getúlio Vargas chega ao poder, criou-se o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio para administrar a questão social. O Decreto n°19.770, de 19 de março de 1931, adotou a unicidade sindical e deu as organizações de classe natureza de órgão colaborador do Poder Público. 15 UNIDADE Tipos de Legislação A Constituição de 1934, inspirada na Constituição alemã de Weimar, acabou por estabelecer a pluralidade sindical e a completa autonomia dos sindicatos, dando-lhe direito, inclusive, de eleger deputados para a Câmara Federal. A Constituição de1937, influenciada fortemente pelas declarações da Carta del Lavoro, a nova Constituição aboliu o modelo pluralista sindical e estabeleceu o aumento do intervencionismo estatal. Seguindo esta ordem, o Decreto nº 1.402/1939 regulamentou o modelo de unicidade sindical, reafirmando a intervenção completa do Estado na organização e administração dos sindicatos, prevendo, inclusive, a possibilidade de cassação da carta sindical, além de proibir a greve e instituir o enquadramento sindical e a divisão por categorias econômicas e profissionais. O Decreto-lei nº 2.377/1940 criou o imposto sindical, que foi mantido com o advento da promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho, em 1943. Estas medidas enfraqueceram consideravelmente a atuação dos sindicatos, já que, paralelamente, era vigiado na Era Vargas, a limitação de entrada de imigrantes no Brasil, bem como a obrigatoriedade de contratação de pelo menos 2/3 de brasileiros natos nas indústrias, o que retirava das entidades sindicais, o convívio e o fortalecimento do movimento sindical trazidos pelos imigrantes europeus. Em 1946, a Constituição, voltada para a redemocratização do Brasil, trazia em seu bojo o reconhecimento do direito de greve e estabelecia a liberdade de associação profissional ou sindical, recepcionando a Consolidação das Leis do Trabalho, promulgada em 1943. A Constituição Federal de 1967 marca retrocessos, previa a possibilidade de o sindicato arrecadar contribuições para o custeio das suas atividades; contudo, tal outorga tinha a finalidade de impor aos sindicatos, naquele momento, uma postura muito mais assistencialista, do que política ou reivindicatória. Os sindicatos reconquistaram maior espaço, a partir da Portaria nº 3.100/1985, que retirou a proibição antes instituída da criação das centrais sindicais, ensejando assim, o surgimento da CUT – Central Única dos Trabalhadores, bem como da UGT – União Geral dos Trabalhadores, que estão acima do sistema confederativo delineado pela legislação e que atualmente marcam forte presença na atuação das entidades sindicais de primeiro e segundo graus, em conjunto com outras centrais hoje existentes. Em 1988, a Constituição, em seu art. 8°, assegurou a mais ampla autonomia: liberdade sindical, autonomia sindical, registro, estrutura, base territorial, representatividade e representação, administração, sustentação financeira, direito de greves, negociações coletivas, solução arbitral de conflitos coletivos, dissídio coletivo, participação política e representação nos locais de trabalho. Assista ao vídeo abaixo e reflita sobre os momentos históricos em comparação com a evolução das leis e a relação do trabalho: https://youtu.be/okVB4wfaaq8 16 17 Normas Regulamentadoras Vamos retroceder na história, indo para o ano 1.750 a.C., no qual o Império Babilônico criou o Código de Hamurabi, em que reside a conhecida expressão: “olho por olho, dente por dente”. Dele foram traduzidos 281 artigos a respeito das relações de trabalho, família, propriedade e escravidão. Código de Hammurabi (Code of Hammurabi) https://goo.gl/5pBcWL Curioso o artigo que trata de responsabilidade profissional: “O Imperador Hamurabi sentencia com pena de morte o arquiteto que construir uma casa que desmorone e cause a morte de seus ocupantes”. Desde os povos da antiguidade, a preocupação com os acidentes já era documentada e com um viés voltado para a prevenção. A abordagem holística da segurança do trabalho é outra forma de visualizarmos os acidentes. Nela não afirmamos que o acidente teve uma única origem, mas que foi gerado pela interação simultânea de diversos fatores, podendo ser: físicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais. No Brasil, houve um avanço neste sentido como relatado acima, porém foi só em 1978 que as famosas NR´s (Normas Regulamentadoras do Trabalho) foram aprovadas. Neste primeiro momento, eram apenas 28 normas. A Portaria n° 3.214, de 08 de junho de 1978, aprovou as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego (MET). No entanto, atualmente, temos 36 (trinta e seis) normas regulamentadoras aprovadas pelo o Ministério do Trabalho e Emprego. Portanto, as atuais normas regulamentadoras referentes à Segurança e Medicina do Trabalho são: • Norma Regulamentadora Nº 01 – Disposições Gerais; • Norma Regulamentadora Nº 02 – Inspeção Prévia; • Norma Regulamentadora Nº 03 – Embargo ou Interdição; • Norma Regulamentadora Nº 04 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho – SESMT; • Norma Regulamentadora Nº 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA; • Norma Regulamentadora Nº 06 – Equipamentos de Proteção Individual – EPI; • Norma Regulamentadora Nº 07 – Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO; • Norma Regulamentadora Nº 08 – Edificações; 17 UNIDADE Tipos de Legislação • Norma Regulamentadora Nº 09 – Programas de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA; • Norma Regulamentadora Nº 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade; • Norma Regulamentadora Nº 11-Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais; • Norma Regulamentadora Nº 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos; • Norma Regulamentadora Nº 13 – Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações; • Norma Regulamentadora Nº 14 – Fornos; • Norma Regulamentadora Nº 15 – Atividades e Operações Insalubres; • Norma Regulamentadora Nº 16 – Atividades e Operações Perigosas; • Norma Regulamentadora Nº 17 – Ergonomia; • Norma Regulamentadora Nº 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção; • Norma Regulamentadora Nº 19 – Explosivos; • Norma Regulamentadora Nº 20 – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis; • Norma Regulamentadora Nº 21 – Trabalho a Céu Aberto; • Norma Regulamentadora Nº 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração; • Norma Regulamentadora Nº 23 – Proteção Contra Incêndios; • Norma Regulamentadora Nº 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho; • Norma Regulamentadora Nº 25 – Resíduos Industriais; • Norma Regulamentadora Nº 26 – Sinalização de Segurança; • Norma Regulamentadora Nº 27 – (Revogada pela Portaria GM n.º 262, 29/05/2008) – Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB; • Norma Regulamentadora Nº 28 – Fiscalização e Penalidades; • Norma Regulamentadora Nº 29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário; • Norma Regulamentadora Nº 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário; • Norma Regulamentadora Nº 31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura; • Norma Regulamentadora Nº 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentosde Saúde; • Norma Regulamentadora Nº 33 – Segurança e Saúde no Trabalho em Espa- ços Confinados; 18 19 • Norma Regulamentadora Nº 34 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval; • Norma Regulamentadora Nº 35 – Trabalho em Altura; • Norma Regulamentadora n.º 36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados. À medida que a evolução dos meios de trabalho vai se consolidando, o Ministério do Trabalho e Emprego busca estabelecer o desenvolvimento e a atualização das normas regulamentadoras, com objetivo da preservação à saúde e a integridade dos trabalhadores, tal como a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. Nas próximas unidades, estudaremos mais profundamente algumas das NRs citadas acima. 19 UNIDADE Tipos de Legislação Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros CLT interpretada MACHADO, Costa. CLT interpretada. Editora Manole, 2º edição. São Paulo. 2009. Direito Previdenciário GALSENAPP, Ricardo Berned. Direito Previdenciário. Editora Pearson, São Paulo. 2015. Vídeos Hierarquia das leis https://goo.gl/FdgTls Normas regulamentadoras do trabalho https://goo.gl/lJIOJI 20 21 Referências CARDELLA, Benedito. Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes. Editora Atlas,1999. PAZZINATO, Alceu Luiz Pazzinato; VALENTE, Maria Helena. História Moderna e Contemporânea. 4ª Ed. São Paulo: Ática, 1993. BARSANO, Paulo Roberto. Segurança do Trabalho Guia Prático e Didático. 1ª Ed. São Paulo: Editora Érica, 2012. FERNANDES, Anníbal. Os Acidentes do Trabalho. 2ª Ed. São Paulo, 2003. 21