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Aula 5 Universidade Anhanguera Profª. Sara Nogueira A partir da segunda metade do século XX, o transporte ferroviário brasileiro passou por um período de estagnação praticamente assustador. Os investimentos do Governo Federal se tornaram escassos no momento em que a malha ferroviária passava a apresentar grandes deficiências de infraestrutura. Durante esse período de estagnação, os fabricantes nacionais de equipamentos voltados para o segmento simplesmente desapareceram e o setor por muito pouco não entrou em colapso administrativo e operacional. A partir das privatizações que começaram a ocorrer no ano de 1996, o setor ferroviário passou a conviver com uma nova realidade, voltada para o que podemos chamar de revitalização. Cargas transportadas, que se limitavam ao transporte de grãos e minérios, foram diversificadas. Hoje, além de o sistema ferroviário atender ao agronegócio e ao extrativismo mineral, as ferrovias voltaram a transportar produtos industrializados de maior valor agregado. A malha ferroviária brasileira é utilizada por poucos setores da atividade econômica nacional. Até o ano de 2010, apenas 10 produtos, quase todos compostos de granéis para exportação, somavam 91% de tudo o que é transportado pelas ferrovias. Só o carregamento de minérios representou 74,37% da movimentação total de cargas desse modal (DIAS, 2012). O transporte ferroviário tem como principal característica a capacidade de transportar com eficiência grandes volumes de carga e, como diferencial, o fato de apresentar vantagens significativas em percursos de médias e grandes distâncias. Comparado com o transporte rodoviário, apresenta menor incidência de acidentes, furtos e roubos. Porém, é considerado um modal lento, quando comparado a outros meios de transporte. É pouco afetado pelo tráfego. Ideal para deslocamento de grandes quantidades de carga por via terrestre. Necessita de baixo custo para percorrer grandes distâncias. Apresenta grande eficácia no transporte de produtos de baixo valor. Está dentro das normas que auxiliam a preservação do meio ambiente. Não tem serviços e horários flexíveis. Apresenta baixa competitividade quando transporta cargas pequenas em trajetos considerados curtos. Possui dependência do transporte rodoviário para operações de coleta e distribuição de cargas. Possui eficácia apenas no deslocamento de terminal para terminal. Apresenta custos de carga e descarga elevados. É possível aumentar a velocidade de trajeto. Apresenta condições para criação de processos de carga e descarga com baixo custo. Possui condições para que sejam realizadas melhorias nos terminais. Tem condições de inserir no sistema informações voltadas para o controle de rotas. No Brasil, é utilizado com frequência no transporte de: • Produtos siderúrgicos • Grãos • Cal • Cimento • Minério de ferro • Adubos • Fertilizantes • Derivados de petróleo • Calcário • Carvão mineral • Contêineres Com a criação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em 5 de junho de 2001, o segmento passou a atrair a atenção do setor privado e ficou exposto, por opção do governo, a uma onda de privatizações voltadas para a expansão da malha ferroviária. Com a chegada das privatizações, alguns trechos das ferrovias acabaram ficando sob o controle de concessionárias, que operam por região. Se analisarmos que quase metade da malha ferroviária nacional está concentrada nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, surgirá uma indagação: “Como transportar a carga da produção agrícola instalada no Centro Oeste?" A safra do Centro Oeste, que não é pequena, está sendo transportada, em pleno século XXI, pelo modal rodoviário, através de estradas que não possuem a mínima condição de serem utilizadas, em razão da falta de estrutura. As fronteiras de produção agrícola estão subindo em direção ao Norte do país, e o que se ganha em competitividade na lavoura é desperdiçado no transporte. Um estudo comparativo mostra que o custo de 1.000 t de carga por km no modal rodoviário é cerca de R$ 271,00 e o custo de 1.000 t de carga por km no modal ferroviário é de apenas R$ 44,00 (DIAS, 2012). As ferrovias brasileiras são competitivas em distâncias médias de 400 e 1.500 km, porém perdem competitividade em percursos mais longos onde ela é mais necessária. É uma ferrovia longitudinal brasileira, que se estenderá de Belém/PA ao Rio Grande/RS. Entrou em operação em 1996 e encontra-se em ampliação até o presente momento. Quando concluída, possuirá a extensão de 4.155 km e cortará os estados do Pará, Maranhão, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Grande parte das ferrovias existentes no Brasil foram construídas pela iniciativa privada, entre o final do século XIX até os anos 1930, quando o então presidente da República, Getúlio Vargas, estatizou o sistema. Somente em 10 de março de 1992, no governo Collor, com a implantação do Programa Nacional de Desestatização, elas puderam voltar a ser utilizadas pelo setor privado. Até hoje, pelo fato de serem antigas, a maioria delas possui o mesmo traçado que a tecnologia de 150 anos atrás permitia, com construção de desvios, para evitar a construção de pontes e túneis. O Brasil possui uma malha ferroviária com extensão de aproximadamente 29 mil km, espalhada por 22 estados brasileiros, mais o Distrito Federal. Desses, 1.121 km são eletrificados, onde os trens mantêm contato com os fios para conseguirem se locomover. O restante é utilizada pelas locomotivas a diesel, sem a necessidade de eletricidade. A malha ferroviária brasileira possui 4 tipos de bitolas: a) bitola larga/irlandesa (1,600 mm): 4.057 km construídos; b) bitola padrão/internacional (1,435 mm): 202 km; c) bitola métrica/estreita (1,000 mm): 23.489 km; d) bitola mista: 396 km. Possuem 3 ou mais trilhos com bitolas diferentes correndo em paralelo em uma única linha. Esses trechos permitem que trens com bitolas diferentes possam operar sem problemas com a dimensão dos trilhos. Em alguns trechos de regiões turísticas, encontramos bitolas com dimensões entre 0,600 e 0,763 mm. As diferenças entre as dimensões das bitolas podem transformar alguns pontos das ferrovias em gargalos. A malha ferroviária brasileira está concentrada na região Leste do Brasil e a força do agronegócio no que se refere à produção está no Centro Oeste e Norte do país. Esforços da iniciativa pública e principalmente da iniciativa privada precisam ser realizados para equalizar o sistema no menor espaço de tempo possível. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2008), 92,6% do sistema ferroviário nacional está sob o controle de apenas 3 empresas: a) VALE b) América Latina Logística (ALL) c) Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) As 3 juntas, controlam 26.228 dos 28.314 km existentes no país. E movimentam 302,6 milhões das 426,4 milhões de toneladas transportadas pelo modal ferroviário. São números positivos e preocupantes, ao mesmo tempo : Positivos pelo fato de sabermos que o setor está passando por um processo de revitalização e está transportando uma quantidade anual significativa de commodities; Preocupante pelo fato de 71% do transporte ferroviário do país estarnas mãos de apenas três empresas. Fica uma indagação: Não seria interessante para o Brasil a existência de mais empresas interessadas na expansão da malha ferroviária? Espaço para o desenvolvimento do setor existe!!! O maior projeto ferroviário para o transporte de cargas do país, conhecido pelo nome de FERROANELSP ainda não saiu do papel. Esse projeto contempla 186 km de trilhos ao redor da região metropolitana de São Paulo. Em operação, o FERROANELSP tem capacidade de retirar das estradas algo em torno de 4.000 caminhões por dia. Extensão: 53,05 Km Localização: São Paulo, Guarulhos, Arujá e Itaquaquecetuba. Traçado: Estação Perus (São Paulo) até Estação Engenheiro Manoel Feio (Itaquaquecetuba). Investimento: R$ 3,4 bilhões. Cargas: 67 milhões de toneladas/ano até 2040. Benefícios Retirar 7 mil caminhões por dia das estradas; Separar tráfegos ferroviários de carga e de passageiros; Movimentar cargas com menor custo logístico; Melhorar transporte de passageiros sobre trilhos; Aumentar competitividade das empresas; Desafogar trânsito na Região Metropolitana de São Paulo; Diminuir emissão de poluentes; Reduzir custo final de produtos. Profª. Sara Nogueira A empresa TJ Transportes Ferroviários utiliza em seu cotidiano de trabalho o modelo americano de transporte de contêineres. Utilizando esse modelo, seus trens descarregam, no porto, unidades cheias e depois fazem outra parada fora do porto para colocar a carga nas unidades vazias. Esse sistema pode reduzir o rendimento operacional dos vagões das locomotivas. Você seria capaz de criar uma alternativa mais eficiente para esse tipo de operação? Justifique a sua resposta. Uma alternativa interessante seria a adoção do modelo europeu de operação, no qual o trem descarrega no porto as unidades cheias e, em seguida carrega no próprio porto as unidades vazias. Ferreira, Leonardo. Leite, Ademir Cavalheiro. Logística empresarial e engenharia de tráfego. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 236 p. https://www.diariodosudoeste.com.br/noticia/trecho- paranaense-da-ferrovia-norte-sul-esta-fora-de-plano-de- investimentos http://www.mobilize.org.br/noticias/10241/pensado-ha-50- anos-ferroanel-de-sp-poderia-liberar-linhas-para-trens- urbanos.html?print=s https://exame.abril.com.br/brasil/o-que-fazer-para-salvar-o- transporte-ferroviario-no-brasil/ Profª. Sara Nogueira DÚVIDAS? saramsnogueira@gmail.com
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