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Ciência 
Os Neandertais, e não os Homo Sapiens, foram os primeiros artistas da Terra 
Arqueólogos descobrem pinturas de 65 mil anos em cavernas da Espanha – 20 mil anos mais 
antigas que a chegada do Homo sapiens à Europa 
 
Os seres humanos modernos conheceram neandertais, mataram neandertais e até tiveram filhos com 
neandertais. Prova disso é que praticamente toda a população mundial tem pelo menos 2% de DNA de Homo 
neanderthalensis – a excessão são as pessoas com ascendência 100% africana. 
Acontece que nossa semelhança com esses hominídeos são se limitava à aparência física. Na corrida 
intelectual, um novo estudo revela, eles também não deviam nada ao Homo sapiens. Um grupo de 
pesquisadores europeus datou pinturas pré-históricas encontradas nas paredes de três cavernas na 
Espanha. E descobriu que elas têm 65 mil anos. Não parou por aí: em um segundo artigo científico, a equipe 
revela conchas decoradas com pigmentos minerais de 115 mil anos. 
O bacana dessas peças não é só que elas foram produzidas antes de o ser humano chegar à Europa, há cerca 
de 40 mil anos. É que elas foram produzidas antes mesmo de o ser humano começar a fazer arte, mais ou 
menos na mesma época. Em outras palavras, os neandertais não só foram artistas como foram artistas antes 
de nós – uma descoberta que contraria o consenso científico vigente: de que o Homo sapiens é a única 
espécie capaz de representação simbólica que já caminhou na Terra. 
Na caverna de La Pasiega, perto de Bilbao, no norte do país, um desenho de 64,8 mil anos lembra vagamente 
uma escada – não se sabe seu significado. Em Maltravieso, no oeste da Península Ibérica, uma mão de 66,7 
mil anos decora uma parede de rocha. E na caverna de Ardales, perto de Malaga, um toque de design de 
interiores: estalagmites e estalactites pintadas de vermelho há 65,5 mil anos decoram o ambiente. 
“Para mim, isso encerra o debate sobre os neandertais”, afirmou ao The Guardian João Zilhão, pesquisador 
da Universidade de Barcelona e um dos envolvidos no estudo. “Eles são parte da nossa família, sem grandes 
diferenças cognitivas. Eles não eram menos inteligentes. Eles eram só uma variação da civilização humana, 
que não existe mais.” 
A descoberta foi recebida com ceticismo pela comunidade científica. Em entrevista à Nature, especialistas 
sem envolvimento no estudo questionaram a eficiência do método de datação utilizado. De maneira 
simplificada: há um camada de carbonato de cálcio (CaCO) acumulada sobre os desenhos. E ela contém 
rastros de urânio. O urânio é instável, e com o passar do tempo se transforma em outro elemento, o tório. 
O ritmo em que essa transformação ocorre é conhecido com precisão, o que transforma o mineral radioativo 
em uma espécie de relógio natural. 
Não há nada que garanta que os rastros de urânio no CaCO têm a mesma idade dos desenhos. É possível 
que o carbonato de cálcio mais antigo, acumulado nas partes mais altas da caverna, tenha escorrido com 
uma ajudinha da água, e se fixado na frente dos desenhos. Os pesquisadores, porém, afirmam que dataram 
três camadas de CaCO, e que elas estão organizadas na ordem cronológica. Não tem pegadinha. “Nós não 
conseguimos pensar em nenhum processo que recristalizasse o carbonato sem tirá-lo da ordem 
estratigráfica”, afirmou Alistair Pike, da Universidade de Southampton, outro participante do estudo. 
 
https://super.abril.com.br/ciencia/os-neandertais-e-nao-os-homo-sapiens-foram-os-primeiros-artistas-da-
terra/#respond

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