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CÉLULAS DO SANGUE [HISTOLOGIA]

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Células do Sangue
HISTOLOGIA
Hoje a gente vai falar um pouco sobre sangue. Um tema que, com certeza, é bem conhecido de vocês. O que é sangue? É um líquido em que passam nutrientes que vão para o corpo, carrega oxigênio e apresenta células de defesa. Nossa avó dizia “sangue é vida”, mas por que sangue seria vida? Por que sem o sangue não haveria a distribuição de oxigênio pelo corpo e, consequentemente, não haveria vida.
Além disso, o sangue promove a união entre o que está distante. Por exemplo: se nosso cérebro deseja “falar” com nosso dedo do pé, via sangue ele consegue. Os hormônios são produzidos em glândulas localizadas que secretam essas substâncias no sangue e ele distribui para todo o corpo. O sangue aquece o nosso corpo, contribuindo para que a gente mantenha uma temperatura de 36,6º C. As nossas enzimas atuam em temperaturas ideais. Se houver uma mudança nessa temperatura, haverá um transtorno metabólico muito grande e o sangue permite que isso não ocorra. 
O sangue contribui também para a cor da nossa pele. Quando tomamos um susto, é óbvia a observação que nós ficamos pálidos. Desse modo, se pouco sangue chega à nossa pele, há mudanças nessa coloração. Então o sangue aquece, contribui para a coloração da pele, transporta oxigênios, hormônios, nutrientes e nos defende. Através dele a gente vai ter a distribuição de células de defesa para todo corpo.
Se classificássemos o sangue como um tecido, ele seria um tecido conjuntivo, pois ele possui uma grande quantidade de matriz extracelular (MEC). O tecido conjuntivo, diferentemente do tecido epitelial, é classificado pela riqueza de MEC. O sangue é tão singular que a matriz dele é líquida, de forma que ele tem um caráter fluido. No entanto, ele pode por ventura se tornar sólido, se coagular (propriedade específica do sangue). Por que o sangue tem que coagular? “Para evitar perda de sangue, para impedir a entrada de microrganismos ou substâncias indesejadas na corrente sanguínea”.
O sangue vai ter duas partes que são bem destacadas:
Uma que é formada por elementos figurados que ficam suspensos em uma matriz especial chamada plasma.
Plasma.
Nos elementos figurados nós vamos encontrar células que são bem conhecidas, como os eritrócitos (também chamados de hemácias) que são importantes para o transporte de oxigênio. O sangue apresenta uma coloração vermelha porque os eritrócitos são células que têm dentro de si uma proteína chamada de hemoglobina e ela é rica em ferro, o qual é responsável por essa coloração. 
O plasma deve ser líquido pelo fato de ele ter de circular, para ficar ligando as partes do nosso corpo. A porção do nosso plasma que é ocupada por hemácias é descrita como hematócrito, o qual representa a proporção de hemácias que temos no corpo. Quando a gente vai no laboratório e é feita a coleta do sangue, ele é levado dentro de um tubo para uma máquina de centrifugação. A partir desse processo é possível separar as estruturas do sangue, visto que as células são mais pesadas e elas descem para o fundo do tubo, formando um precipitado. Já o plasma, como é menos denso, ele vai ficar na parte superior do tubo. Ele vai ocupar em torno de 55 a 65% do volume do sangue, uma vez que o hematócrito, em média, vai estar ocupando cerca de 45 a 55%. HISTOLOGIA
O plasma é rico em várias substâncias, como anticorpos, vitaminas, albumina (importante para transporte), hormônios, glucagon, fibrinogênio (responsável pela coagulação sanguínea), ceruloplasmina, lipídios (colesterol, quilomícrom, HDL, LDL). Mais de 99% do plasma é composto por água, a qual possui muitos sais minerais e micronutrientes. Todas essas moléculas se misturam e formam esse líquido amorfo, que poderá ser utilizado para diagnósticos. Vocês, nutricionistas, solicitarão exames laboratoriais que vão pedir a quantificação de substâncias que estão no sangue e, a partir do resultado, vocês vão associar a alguma doença.
No laboratório é utilizado uma parte do plasma chamada de soro. Ele é o plasma privado de fibrinogênio e, quando é dito que uma pessoa é soropositiva, o soro apresenta algum determinado tipo de anticorpo. 
Junto ao plasma, existem os elementos figurados: hemácias, leucócitos e plaquetas. Todas essas estruturas são possíveis de se ver no microscópio de luz. Para isso, é necessário fazer uma técnica chamada de esfregaço sanguíneo, em que uma gota de sangue é colocada sobre uma lâmina e uma outra vem espalhando o sangue pela superfície da lâmina, formando um borrão. Além disso, na hematologia, as lâminas de sangue são coradas com os corantes de hematoxilina-eosina e também pelos corantes de Romanowsky (Giemsa, Wright e Leishman).
Hemácia: 
É a célula mais abundante do sangue (4 a 6 milhões de células/µL);
É anucleada;
Tem um formato bicôncavo e arredondado;
Tem um tempo de vida curto (cerca de 120 dias); 
Rica em hemoglobina, que confere a ela acidofilia – ou melhor, eosinofilia;
Os Homens possuem mais hemácias que as mulheres;
Sua produção é estimulada pelo hormônio eritropoetina;
É responsável por transportar oxigênio. 
Quando a hemoglobina está associada ao oxigênio ela é chamada de oxihemoglobina e, quando ela está associada ao monóxido ou dióxido de carbono, ela recebe o nome de carbamino ou carboxihemoglobina. 
O sangue começa a ser formado na terceira semana de gestação no saco vitelino, depois a formação de sangue passa a ser no fígado e depois o baço assume essa função. Nos seres humanos pós-parto, a produção de sangue será na medula óssea. 
A produção de sangue está associada à síntese de hemoglobina. Quando estamos na vida intrauterina, existe a produção da hemoglobina F que tem uma maior afinidade ao oxigênio, já que o feto precisa absorver oxigênio da mãe. Nas crianças e adultos é produzida a hemoglobina A (a A1 é mais frequente e a A2 é a menos frequente). 
As hemácias possuem um controle da sua osmolaridade muito precário. Se elas forem colocadas em meios hipotônicos, elas se tornam muito turgidas e lisam. 
O principal marcador para saber se uma pessoa está com uma quantidade boa ou não de hemácias é a quantificação de hemoglobina. Se houver uma redução na quantidade hemoglobina, geralmente, isso se associa com um quadro clínico chamado anemia. Na anemia há uma diminuição na quantidade de hemoglobina, que está relacionada com a diminuição na quantidade de ferro.
Existem vários tipos de anemia:
Anemia ferropriva: causada pela deficiência em ferro e acomete, geralmente, às crianças. 
Anemia falciforme: é uma doença genética em que há uma geração de hemoglobina diferente, a qual modifica o formato da hemácia, deixando-a em formato de foice (drepanócito). Com essa mudança de formato, pode haver a obstrução de vasos sanguíneos. Isso está ligado com morte de células, o que causa dor. Além disso, essa dor é aumentada no frio, pois os vasos se contraem e isso diminui a agregação celular. 
A hemácia mais jovem é chamada de eritroblasto. Ele é quem dá origem às hemácias e está localizado na medula óssea. Essa célula amadurece e é lançada só quando madura (em forma de hemácia) para a corrente sanguínea. 
Existe uma condição em que existe uma destruição muito grande de hemácias, principalmente em uma doença chamada de Eritroblastose. Nela, uma mãe que é Rh- vai dar luz a um segundo filho Rh+ e isso faz com que ela produza anticorpos e eles vão destruir as hemácias do feto. Quando as hemácias do feto são destruídas, para que não haja a morte, a medula começa a liberar hemácias jovens (eritroblastos) na corrente sanguínea. 
O outro componente clássico do sangue são os leucócitos, que são responsáveis pela defesa do corpo humano. Nós somos agredidos por uma multiplicidade de patógenos (vírus, bactérias, fungos, parasitas, etc.), logo as nossas defesas são diferentes e estratégicas: se formos invadidos por bactérias, nosso corpo vai montar uma defesa contra bactérias; se formos invadidos por vírus, nosso corpo vai montar uma defesa contra vírus. 
Se as defesas são diferentes, os leucócitos também são diferentes. 
O número de leucócitosé em torno de 4 a 10 mil/µL (bem menor que o das hemácias).
Na parte de leucócitos em um hemograma, é possível fazer várias interpretações. Quando uma pessoa é agredida por bactérias, o que vai mudar é um perfil de célula associado com defesa contra bactérias; se uma pessoa estiver com um vírus, o que vai mudar é um perfil de célula responsável pela defesa contra vírus.
Os leucócitos são divididos em:
Polimorfonucleares: 
Seus núcleos mudam de forma;
Só possuem um núcleo;
São todos granulócitos, ou seja, possuem grânulos no citoplasma. Esses grânulos têm um papel importante na nossa defesa.
Mononucleares: 
O núcleo não possui várias formas.
Os leucócitos vão se aproximar, identificar o organismo invasor e fagocitar. Após isso, eles irão lançar enzimas no fagossomo, que degradarão as proteínas, os lipídios e os carboidratos das bactérias, causando a morte do microrganismo invasor. 
Além de fagocitar, os leucócitos podem, através do beijo da morte, matar um outro organismo induzindo sua morte por apoptose. Os leucócitos são capazes de, também, sair do sangue e ir para o tecido infectado, num processo de diapedese. 
As células comunicam-se com as células de defesa por um processo denominado quimiotaxia. A partir dele, os leucócitos saem dos vasos sanguíneos e encaminham-se até a área afetada. 
Existem diversos tipos de leucócitos:
Neutrófilos:
- São os mais abundantes, representando cerca de 70% dos leucócitos. 
- Tem forma de bastonete e é hipersegmentado. Além disso, apresenta pouco RER, mitocôndrias e Golgi.
- São polimorfonucleares (possui um núcleo que se apresenta visualmente “fragmentado”, aparentando ser mais de um; muda de forma) e granulócitos (apresentam grânulos em seu citoplasma que intensificam sua defesa por meio da produção de peróxido de hidrogênio e superóxido – o que aumenta o consumo de oxigênio).
- São responsáveis pela defesa contra bactérias e fungos.
- Possuem um tempo de vida curto - 24h. (por conta disso, sua reposição é constante, sendo realizada pela medula óssea). 
- Cromatina sexual (baqueta de tambor)l: Presente no segundo cromossomo X dos neutrófilos, a cromatina sexual é utilizada para a determinação do sexo.
Eosinófilos:
- São pouco abundantes, representando cerca de 1 a 2% dos leucócitos
- São responsáveis pela defesa contra parasitas, alergias e asma.
- São polimorfonucleares, de núcleo bilobulado (assemelha-se a um fone de ouvido) e granulócitos (seus grânulos são lisossomos e são maiores que os dos leucócitos, abrangendo quase todo o citoplasma).
- Possuem pouco RER, mitocôndrias e Golgi. 
- Corticosteroides induzem a uma queda no número de eosinófilos, tanto no sangue como em locais de inflamação. Eles agem retardando a passagem dos eosinófilos da medula óssea (onde são produzidos) para a corrente sanguínea. 
Basófilos:
- São relativamente raros, representando menos de 1% dos leucócitos.
- São polimorfonucleares e granulócitos (possuem grânulos metacromáticos e acumulam histamina e heparina)
- A histamina está relacionada com os sintomas da alergia. Logo, os remédios que atuam na alergia são anti-histamínicos.
- São responsáveis pela defesa contra alergias
- Possuem receptores para IgE
- Assemelham-se aos mastócitos. 
- Seu núcleo se apresenta em S. Entretanto, os grânulos recobrem o espaço, dificultando a sua visualização.
Linfócitos:
- São abundantes, representando de 20 a 40% dos leucócitos 
- São mononucleares (núcleo arredondado) e agranulócitos
- Regula a resposta imune, sendo a célula de defesa mais importante e refinada.
- Possuem um tempo de vida longo – 50 anos 
- São responsáveis pela defesa viral
- Pobre em organelas
- São produzidos pela medula óssea e maturados pela medula óssea (linfócitos B – “bone marrow”) e pelo timo (Linfócitos T) 
- Linfócitos B produzem anticorpos e dão origem aos plasmócitos (células de defesa do sistema conjuntivo)
- Linfócitos T (citotóxico - CD8: eliminação de células infectadas por organismos intracelulares / auxiliares – CD4: coordenadores da resposta imunológica) 
- Células Natural Killers: matam células alteradas ou desconhecidas induzindo apoptose nessas células. São responsáveis por “destruir” algumas células cancerígenas. 
- Memória imunológica: Quando o organismo humano entra em contato com um patógeno, são criados anticorpos de ação específica contra ele. Logo, quando houver um segundo contato com o mesmo patógeno, o corpo estará preparado para destruí-lo. Entretanto, patógenos que sofrem muita mutação, como o vírus da gripe, “confunde” os linfócitos, sendo necessário anticorpos para cada “versão” do vírus (E é por isso que a vacina da gripe deve ser reforçada todos os anos). 
Monócitos:
- São relativamente raros, representando 3 a 8% dos leucócitos 
- São mononucleares e agranulócitos
- Possuem mais citoplasma que os linfócitos
- Maior célula entre os leucócitos. 
- Seu núcleo se assemelha a um grão de feijão.
- Produzido na medula óssea.
- Precursor do macrófago: quando necessário, os monócitos saem da medula óssea e dirigem-se ao tecido sanguíneo onde se diferenciam em macrófagos, responsáveis por fagocitar células grandes.
- Não retornam ao sangue após terem migrado para os tecidos.
Plaquetas:
- Fragmentos anucleados do citoplasma dos megacariócitos
- Relacionadas com a coagulação sanguínea (associação com fibrinogênio)
- Importantes na prevenção de hemorragias (algumas doenças, como dengue e chicungunha, reduzem o número de plaquetas deixando a pessoa mais suscetível a ter hemorragias). 
- Produzidas na medula óssea.
- Na coagulação, as plaquetas e os fatores do plasma sanguíneo dos vasos lesionados promovem a interação de proteínas plasmáticas dando origem a um polímero, formando uma rede tridimensional que aprisiona leucócitos, eritrócitos e plaquetas. 
- Curto tempo de vida.
HEMOCITOPOESE (hematopoese):
- Processo contínuo e regulado de produção de células do sangue, que envolve renovação, proliferação, diferenciação e maturação celular. 
- Ocorre na medula óssea vermelha (rica em células-tronco)
- Eritropoese (formação de hemácias), megacariocitopoese (formação de plaquetas), granulocitopoese (formação das células granulócitas) e monocitopoese (formação das células agranulócitas).
- A medula óssea vermelha é substituída por medula óssea amarela com o passar do tempo. Logo, ela é mais presente nos recém-nascidos (medula 100% vermelha), enquanto nos adultos ela só é encontrada na epífise dos ossos longos, nos ossos do sacro, nas vértebras e nas costelas. 
- A medula óssea amarela reduz a capacidade de síntese de sague, sendo ocupada por tecido adiposo.
- As células sofrem mitose e são lançadas na corrente sanguínea. 
- Os vasos sanguíneos possuem aberturas que facilitam a entrada de células. Entretanto, os megacariócitos, maiores que a passagem, emitem prolongamentos para dentro do vaso que se fragmentam, dando origem às plaquetas. 
Perguntas e Dúvidas
E quanto à coloração do sangue venoso? 
R: O ferro das hemoglobinas possui propriedades oxidativas. Então, quando ele está associado com o oxigênio, ele vai ter uma coloração vermelha mais viva. Já quando ele é desoxigenado, ele passa a ter uma cor azulada. 
Quando você pega uma amostra de sangue de sangue e diz que ela hemolisou. É a mesma coisa que coagulação? 
Não. Hemólise é quando a hemácia lisa, estoura. A hemácia é rica em hemoglobina, que possui coloração vermelha. Quando há hemólise, o plasma fica vermelho. Então, o plasma, geralmente, tem a coloração amarelo-citrino. Se houver hemólise, como acontece em algumas patologias, o plasma deixa de ser amarelo e passar a ser avermelhado.
É no plasma que contém os ácidos e as bases responsáveis por manter o pH do sangue? 
R: Sim. Nós temos vários tampões que participam no equilíbrio de Hardy-Weinberg e permitem que haja a manutenção de um pH igual a 7,45. Isso é extraordinariamente controlado, esse valor não varia. Se houver uma mudança para mais ou para menos, uma “catástrofe”está pré-anunciada, visto que as enzimas trabalham em um nível de pH ideal. 
Depois do ato de doar sangue, em quanto tempo volta o volume normal de sangue de uma pessoa? 
R: Depois que doa o sangue, fica tudo normal. Nós temos estoques de sangue que ficam no baço e logo esse sangue já entra na circulação. Em torno de uma ou duas semanas o volume de sangue no corpo já é normalizado (4,5 a 5 litros de sangue). 
Qual a doença que os negros são mais propícios de ter? 
R: A anemia falciforme. A princípio, ela foi desenvolvida na África e há quem diga que houveram mutações que possibilitaram a manutenção da doença, pois ao mesmo tempo estava tendo uma incidência muito grande malária. A malária é causada por um parasita chamado Plasmodium e ele sobrevive e se multiplica dentro das hemácias. Uma pessoa com anemia falciforme as hemácias dela morrem mais cedo. Se uma pessoa tivesse anemia falciforme, pelo fato de as hemácias dela morrerem mais cedo, elas conseguiam ter formas menos graves da malária e sobreviviam a essa doença, podendo então, disseminar esses genes. 
Um sobrinho da minha mãe apresentou traços de anemia falciforme, mas ele é branco. Qual a explicação para isso? 
R: A anemia falciforme pode ser homozigótica ou heterozigótica. Os heterozigotos vão ter traços e sua vida será relativamente normal. Já os homozigotos vão ter expressões bem mais graves; antigamente, eles viviam pouco, mas, atualmente, eles já conseguem chegar até a vida adulta e se reproduzir. Sendo assim, isso não tem a ver com a cor da pele, mas sim com a herança genética.
 Por que os homens possuem um número maior de hemácias do que as mulheres? 
R: Os homens têm uma massa muscular maior, eles são maiores, logo eles possuem uma demanda energética maior. Isso faz com que haja uma necessidade maior de oxigenação periférica. Além disso, a quantidade de hemácias é muito influenciada pela altitude. Quem está sob altitudes mais altas possui um hormônio que estimula a síntese de mais hemácias, enquanto quem está sob altitudes mais baixas não tem. 
As pessoas que se exercitam estimulam a síntese de hemácias? HISTOLOGIA
R: Sim. Inclusive, existem algumas técnicas que podem estimular essa síntese, como o uso de máscaras que restringem o oxigênio e faz com que o corpo produza mais hemácias e aumente a sua performance.
As pessoas que têm anemia falciforme costumam sentir muitas dores na região do baço e do fígado. Isso teria a ver com a obstrução dos vasos sanguíneos devido à mudança no formato das hemácias? 
R: Não só por causa disso. Nesses pacientes acontece o que é chamado de sequestro esplênico ou hepático. No baço e no fígado há uma destruição das hemácias; essas células podem viver por 30 dias no paciente com anemia falciforme. Logo, muitas hemácias vão ser destruídas e vai haver uma sobrecarga desses órgãos, causando hepatoesplenomegalia, ou seja, crescimento desses órgãos, o que causa as fortes dores. 
Como o corpo diferencia o que é uma bactéria, um vírus, etc.? 
R: Na verdade, a gente tem vários tipos de células e nelas existe o glicocálice com sinais que elas aprenderam a reconhecer. Nós somos, à grosso modo, carboidratos, proteínas e lipídeos e os microrganismos podem ter essas substâncias diferentes das nossas. Logo, por meio de contato, as células identificam esses corpos estranhos e os matam. 
Na doença autoimune existe uma incapacidade de os leucócitos reconhecerem as células do próprio corpo? 
R: De uma forma bem simples, essas células confundem as estruturas do corpo com estruturas estranhas. 
Qual a vantagem dos neutrófilos em possuírem uma vida curta?
R: Os neutrófilos são o nosso “batalhão de frente”. Ou seja, a partir do momento em que acontece uma infecção bacteriana ou fúngica, os neutrófilos são os primeiros leucócitos a serem designados na área afetada. 
Como ocorre a defesa dos neutrófilos?
R: Os neutrófilos atuam fagocitando os patógenos em questão. Entretanto, as bactérias e fungos também possuem uma forma de defesa, que resulta na lise das nossas células de defesa. Nesse processo, as enzimas que seriam utilizadas na destruição dos invasores acabam sendo liberadas nos tecidos, ocorrendo a degradação destes. Como resultado dessa defesa, há a formação de um líquido amarelado amorfo, o pus. O pus em pequenas quantidades não é prejudicial, entretanto, quando ocorre de modo exagerado acaba causando dolorosos transtornos para o ser humano, como o carnegão
Onde o anti-inflamatório age?
R: A inflamação é um processo complexo que envolve a produção de várias substâncias. O anti-inflamatório não age nos neutrófilos, e sim, em um contexto (dor, calor, rubor e tumor), retardando a chegada dessas células, inibindo a produção de algumas moléculas e reduzindo a inflamação, consequentemente, a dor. É importante ressaltar que a inflamação, a princípio, é benéfica, por se tratar de uma resposta do sistema imunológico. Entretanto, se tratando de um processo inflamatório agravado/indesejado, como os de doenças autoimunes, o tratamento deve ser realizado. 
O que determina a especificidade do leucócito?
R: Os grânulos presentes no citoplasma interferem diretamente sobre qual patógeno a célula vai agir. Afinal, cada tipo de leucócito (eosinófilo, neutrófilo, basófilo) possui uma composição específica.
No exame de sangue, os eosinófilos estão indicados pelo IgE?
R: Não. O IgE é um anticorpo; uma proteína e não uma célula. Entretanto, o seu aumento está diretamente ligado com o aumento de eosinófilos. 
Por que costumamos ficar mais doentes quando crianças e quando idosos?
R: Quando começamos a envelhecer, nossos linfócitos começam a perder sua eficiência para montar uma defesa, processo conhecido como redução da eficiência efetora das células de defesa. Por conta disso, somos mais suscetíveis a adoecer quando crianças (linfócitos com pouco histórico no contato de patógenos) e idosos (linfócitos pouco eficientes)
Tomar anti-inflamatório atrapalha a ação das células de defesa?
R: Não. Ele atua mais nas sensações. Podem até reduzir um pouco a quantidade das células atuantes, mas elas continuam funcionando. 
O hemograma serve para identificar o que?
R: Pelas hemácias é identificada a anemia. Pelos leucócitos é identificado por que tipo de patógeno a pessoa foi identificada. 
Por que não podemos sangrar?
R: Além da entrada de patógenos, há uma considerável redução do número de células sanguíneas e células de defesa.
Quais as consequências de uma medula óssea defeituosa?
 R: Com a eritropoese defeituosa, haveria uma menor circulação de oxigênio, deixando a pessoa fisicamente exausta e com falta de ar. Com a granulocitopoese e monocitopoese afetada, a pessoa ficaria muito mais suscetível à infecções e uma simples gripe poderia ser fatal. Com a megacariocitopoese afetada, a pessoa ficaria mais suscetível a ter hemorragias. 
Como a leucemia atua?
R: Na leucemia há uma produção muito grande de células sanguíneas que não funcionam, resultando em problemas na coagulação (apresentando hematomas), defesa e transporte de oxigênio. É feito, então, o transplante de medula na tentativa de reestabelecer a síntese celular. Para tal, é retirada da medula original e a sua reposição. A maior mortalidade está no período em que o indivíduo permanece sem medula, esperando a nova. 
E a questão da compatibilidade no transplante?
R: Quando falamos de compatibilidade estamos falando de reconhecimento. Nossas células reconhecem as nossas células. Por conta disso, ao ser realizado um transplante, procura-se órgãos com células similares com os indivíduos, na tentativa de “enganar” / “confundir” as nossas células, fazendo-as acreditar que aquele órgão o pertence, evitando assim a sua destruição. Dentre todos os transplantes, o de medula óssea é o que exige maior compatibilidade. 
Como funciona o tratamento do câncer?
R: O câncer ocorre quando há uma grande quantidade de mitoses em células defeituosas, formando um caroço. Dessa forma, em alguns casos é aplicado uma medicação quimioterápica quedestrói células que se dividam muito rápido. Entretanto, outras células acabam sendo atingidas, como as da medula óssea, boca, língua, esôfago, estômago. Por conta disso, pacientes que fazem quimioterapia acabam tendo inúmeros efeitos colaterais, como a anemia, hemorragia, deficiência do sistema imunológico, feridas na boca ou até mesmo úlceras.

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