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MAPEAMENTO DO GERENCIAMENTO DAS AREIAS A VERDE DE FUNDIÇÃO NO ESTADO DO PARANÁ SOB A ÓTICA DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA 2010

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO 
 
 
 
ALEXANDRE BORGES FAGUNDES 
 
 
 
 
MAPEAMENTO DO GERENCIAMENTO DAS AREIAS A VERDE DE 
FUNDIÇÃO NO ESTADO DO PARANÁ SOB A ÓTICA DA 
PRODUÇÃO MAIS LIMPA: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O 
ESTABELECIMENTO DE ESTRATÉGIAS 
 
 
 
DISSERTAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA 
 2010 
 
 
ALEXANDRE BORGES FAGUNDES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MAPEAMENTO DO GERENCIAMENTO DAS AREIAS A VERDE DE 
FUNDIÇÃO NO ESTADO DO PARANÁ SOB A ÓTICA DA 
PRODUÇÃO MAIS LIMPA: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O 
ESTABELECIMENTO DE ESTRATÉGIAS 
 
Dissertação apresentada como requisito parcial à 
obtenção do título de Mestre em Engenharia de 
Produção, do Programa de Pós-Graduação em 
Engenharia de Produção, Área de Concentração: 
Gestão Industrial, da Gerência de Pesquisa e Pós-
Graduação, do Campus Ponta Grossa, da UTFPR. 
 
Orientador: Prof. Dr. Ivanir Luiz de Oliveira. 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA 
 2010 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais: 
José Mario (in memorian) e Mariza, 
exemplos de amor aos filhos e incentivo 
incondicional aos estudos. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 Agradeço a Deus por permitir mais esta conquista em minha vida. 
 À minha família, por todo apoio, carinho e confiança depositada. 
 Ao meu orientador e amigo, professor Dr. Ivanir Luiz de Oliveira, pela 
oportunidade da realização deste trabalho e principalmente pela orientação e 
paciência durante a revisão do mesmo. 
 Aos professores doutores Nilson Ribeiro Modro, Jhon Jairo R. Behainne e 
Joseane Pontes, membros da banca, pela contribuição de suas sugestões. 
 À minha colega de sala e amiga Caroline Rodrigues Vaz, companheira nessa 
jornada pela busca e difusão do conhecimento. 
 À Renata Régis Florisbelo, pela atenção, colaboração e incentivo a esta 
pesquisa. 
 Ao Sr. Jurandir Sanches Carmelio, pelas valiosas informações disponibilizadas. 
 À minha namorada, pelo apoio, principalmente pela paciência e compreensão 
nos períodos em que tive que me ausentar. 
 Ao amigo Délcio Pereira, por sua presença iluminada, sempre transmitindo 
otimismo e confiança nos momentos de incerteza. 
 Aos profissionais que responderam os questionários, compartilhando seu 
tempo e seus conhecimentos sobre as areias de fundição. 
 Enfim, a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização 
deste trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Se você acha que pode ou acha que não 
pode, de qualquer maneira você está certo.” 
 (Henry Ford) 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
RESUMO 
FAGUNDES, Alexandre Borges. Mapeamento do Gerenciamento das Areias a Verde 
de Fundição no Estado do Paraná sob a Ótica da Produção mais Limpa: uma 
Contribuição para o Estabelecimento de Estratégias. 2010, 139 f. Dissertação 
(Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Tecnológica Federal do 
Paraná, Campus Ponta Grossa, 2010. 
 
A questão ambiental vem ocupando espaço cada vez maior no cenário nacional. O 
crescente aumento no rigor das legislações torna essa temática foco de grande 
atenção. Nesse ínterim, a indústria da fundição surge como grande recicladora, por 
utilizar material reciclado como matéria-prima em seus processos, mas ao mesmo 
tempo apresenta baixo desempenho ambiental, por ser grande consumidora de 
recursos minerais e também pelos resíduos que gera. Dentre os resíduos gerados, o 
de areia de fundição se destaca, constituindo-se num dos maiores problemas no 
tocante ao gerenciamento de resíduos da indústria de fundição. Além do 
embasamento sobre fundição, a abordagem deste trabalho envolveu aspectos da 
legislação ambiental, elaboração de normas específicas para as areias de fundição 
através da ABNT CB-59, conceitos e sistemas de gerenciamento ambiental (ISO 
14001, Ecologia Industrial e Produção mais Limpa), buscando analisar o 
gerenciamento das areias a verde de fundição no Estado do Paraná com vistas ao 
estabelecimento de futuras estratégias para o setor. Para atingir esse objetivo 
realizou-se um levantamento do setor de fundição em todo o Paraná e identificaram-
se as empresas utilizadoras de areias à verde de fundição; diagnosticou-se, com 
base na Produção mais Limpa, a atual situação do gerenciamento desses materiais 
e projetou-se um cenário futuro da utilização da técnica de moldagem por areias a 
verde. O estudo mostrou que as práticas de gerenciamento das areias a verde 
englobaram os três níveis de ação da Produção mais Limpa, que o uso desse 
material continua sendo interessante para as fundições sob o aspecto econômico e 
que dificilmente será substituído totalmente. Como principais metas das fundidoras 
foram apontadas a expansão da capacidade produtiva e a melhoria na qualidade 
dos produtos. Foram identificadas as dificuldades enfrentadas e evidenciados pontos 
em que há necessidade de investimentos e melhorias envolvendo o nível 
organizacional e tecnológico das empresas pesquisadas. O estudo também revelou 
dados conflitantes entre a geração total de areias descartadas de fundição 
informada pelas empresas e a geração estimada com base nos dados de entrada, 
deixando dúvidas quanto ao destino de grande parcela desse material. Portanto, a 
abordagem e os resultados obtidos na pesquisa evidenciaram sua relevância para o 
setor de fundição no Estado do Paraná, contribuindo para um melhor conhecimento 
sobre o gerenciamento das areias a verde e dando subsídios ao estabelecimento de 
futuras estratégias. 
 
Palavras-chave: Fundição, Areia a verde, Gestão Ambiental. 
 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
ABSTRACT 
FAGUNDES, Alexandre Borges. Mapping of the Foundry Green Sand Management 
in the Paraná State from the Cleaner Production perspective: a Contribution to the 
Establishment of Strategies. 2010, 139 p. Dissertation (Master in Production 
Engineering), Federal Technological University of Paraná, Campus Ponta Grossa, 
2010. 
 
The environmental issue has been occupying more space on the national scene. The 
increasing stringency of the laws makes this thematic focus of great attention. In this 
context, the foundry appears as a great recycler to use recycled material as raw 
material in their processes, but at the same time has a low environmental 
performance because it is a huge consumer of mineral resources and also because 
of the waste it generates. Among this waste, the foundry sand waste is one of the 
biggest problems concerning the management of waste from the foundry industry. 
Beyond the theoretical base on foundry, the approach of this study involved aspects 
of environmental legislation, development of standards specific to the foundry sand 
through the ABNT CB-59, concepts and environmental management systems (ISO 
14001, Industrial Ecology and Cleaner Production) searching to analyze the foundry 
green sand management in the state of Paraná, with a view to establishing future 
strategies for the sector. To achieve this goal we carried out a survey of the foundry 
sector across the Parana and identified the companies using the foundry green sand, 
was diagnosed on the basis of Cleaner Production, the current situation of 
management of these materials and projected a future scenario of using the 
technique of molding sand green. The study showed that the management practices 
of the green sands encompassed three levels of action of Cleaner Production, the 
use of this material is still interesting to the foundries underthe economic aspect and 
it probably won't be completely replaced. The main goals of the foundries are the 
expansion of productive capacity and improving product quality. Difficulties have 
been identified and highlighted the points where there is need for investment and 
improvements involving organizational and technological levels of companies 
surveyed. The study also revealed conflicting data between the total generation of 
discarded foundry sands informed by companies and the estimative based on the 
input data, leaving it unclear as to the fate of a large part of this material. Therefore, 
the approach and results of survey showed its relevance to the foundry industry in 
the State of Paraná, contributing to a better understanding of the green sand 
management and giving subsidies to the establishment of future strategies. 
 
Keywords: Foundry, Green sand, Environmental Management 
 
 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
LISTA DE FIGURAS 
FIGURA 1 - RANKING DA PRODUÇÃO MUNDIAL DE FUNDIDOS (BASE 2008) ..22 
FIGURA 2 - PRODUÇÃO BRASILEIRA DE FUNDIDOS...........................................22 
FIGURA 3 - DISTRIBUIÇÃO SETORIAL DA VENDA DE FUNDIDOS NO BRASIL 
(%) .............................................................................................................................23 
FIGURA 4 – EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE FUNDIDOS 1998 - 2008 (EM US$ 
MILHÕES) .................................................................................................................24 
FIGURA 5 - PROJEÇÃO DE DEMANDA DE FUNDIDOS NO BRASIL (2009 – 2013) 
....................................................................................................................................24 
FIGURA 6 - PROJEÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA E PRODUÇÃO DE 
FUNDIDOS DO BRASIL (2009 – 2013) ....................................................................25 
FIGURA 7 - MÃO-DE-OBRA EMPREGADA NO SETOR DE FUNDIÇÃO 
BRASILEIRO (1998 – 2008) ......................................................................................26 
FIGURA 8 - FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE FUNDIÇÃO COM AS PRINCIPAIS 
ENTRADAS DE MATÉRIAS-PRIMAS E INSUMOS E SAÍDAS DE RESÍDUOS E 
EMISSÕES ................................................................................................................28 
FIGURA 9 - ESTRUTURA DO COMITÊ BRASILEIRO DE FUNDIÇÃO - ABNT/CB-59 
....................................................................................................................................37 
FIGURA 10 – ELEMENTOS-CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 
BASEADO NA ISO 14001.........................................................................................42 
FIGURA 11 - ABORDAGEM ESQUEMÁTICA DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA..........47 
FIGURA 12 - PERCENTUAL DE QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS EM RELAÇÃO 
AO UNIVERSO DE EMPRESAS DE FUNDIÇÃO LEVANTADAS NO ESTADO DO 
PARANÁ QUE UTILIZAM AREIAS A VERDE............................................................58 
FIGURA 13 - PORTE DAS EMPRESAS....................................................................61 
FIGURA 14 - ESCOLARIDADE DOS FUNCIONÁRIOS DE ACORDO COM O 
PORTE DAS EMPRESAS .........................................................................................62 
FIGURA 15 - ESCOLARIDADE DOS FUNCIONÁRIOS (CÔMPUTO GERAL) ........63 
FIGURA 16 - PERCENTUAL DE FERROS, AÇOS E METAIS NÃO-FERROSOS 
FUNDIDOS (ANO-BASE 2008) .................................................................................63 
FIGURA 17 - DESTINAÇÃO DA PRODUÇÃO DE FUNDIDOS – REGIÕES DO PAÍS 
(INDICADOR)* ...........................................................................................................64 
FIGURA 18 - DESTINAÇÃO DA PRODUÇÃO DE FUNDIDOS – SEGMENTOS 
(INDICADOR)* ...........................................................................................................65 
FIGURA 19 - FATURAMENTO ANUAL DAS EMPRESAS (R$) ...............................65 
FIGURA 20 - TIPOS DE FORNOS EMPREGADOS .................................................66 
FIGURA 21 - TIPOS DE MOLDAGEM EMPREGADOS ...........................................66 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
FIGURA 22 - PROCESSOS DE MOLDAGEM: DIVISÃO PERCENTUAL DO 
VOLUME TOTAL DE AREIAS DESTINADOS À MOLDAGEM .................................67 
FIGURA 23 - PROCESSOS DE MACHARIA: DIVISÃO PERCENTUAL DO VOLUME 
TOTAL DE AREIAS DESTINADOS À MACHARIA ...................................................67 
FIGURA 24 - POSTURA DAS EMPRESAS FRENTE ÀS CERTIFICAÇÕES TS 
16949, ISO 14001 E ISO 9001 ..................................................................................68 
FIGURA 25 - ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS DAS EMPRESAS NOS ÚLTIMOS 5 
ANOS (INDICADOR)*................................................................................................69 
FIGURA 26 - ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS DAS EMPRESAS PARA OS 
PRÓXIMOS 5 ANOS (INDICADOR)*.........................................................................70 
FIGURA 27 - OBJETIVOS DAS EMPRESAS AO INVESTIR EM TECNOLOGIA ....71 
FIGURA 28 - DIFICULDADES ENFRENTADAS PELAS EMPRESAS PARA SE 
DESENVOLVEREM ..................................................................................................71 
FIGURA 29 - POSTURA DAS EMPRESAS QUANTO À REALIZAÇÃO DE ENSAIOS 
LABORATORIAIS NAS AREIAS ...............................................................................77 
FIGURA 30 - EQUIPAMENTOS PARA AREIA A VERDE: PERCENTUAL 
PRESENTE NAS EMPRESAS ..................................................................................78 
 
 
 
 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
LISTA DE TABELAS 
TABELA 1 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE AREIAS-BASE ........................31 
TABELA 2 – RELAÇÕES ENTRE OS MATERIAIS ADQUIRIDOS PELAS 
EMPRESAS COMO MATÉRIAS-PRIMAS ................................................................75 
 
 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
LISTA DE QUADROS 
 
QUADRO 1 – TRIAGEM DO TOTAL DE EMPRESAS PESQUISADAS ...................55 
QUADRO 2 – DISTRIBUIÇÃO DAS QUESTÕES OBJETIVAS DOS 
QUESTIONÁRIOS EXPLORATÓRIO E COMPLEMENTAR DE ACORDO COM O 
TIPO DE TABULAÇÃO .............................................................................................60 
QUADRO 3 – PERCENTUAIS DE ADF DESTINADOS PELAS EMPRESAS À 
RECICLAGEM EXTERNA .........................................................................................79 
QUADRO 4 – PERCENTUAIS DE ADF DESTINADOS PELAS EMPRESAS PARA 
DESCARTE FINAL ....................................................................................................80 
QUADRO 5 – PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO DE ADF ADOTADAS PELAS 
EMPRESAS: ENQUADRAMENTO SEGUNDO OS 3 NÍVEIS DA P+L ....................84 
QUADRO 6 – INDICADORES EM FUNÇÃO DO NÍVEL DE AÇÃO DAS EMPRESAS 
PESQUISADAS ...........................................................................................................85 
QUADRO 7 – DADOS DA SITUAÇÃO ORGANIZACIONAL DAS EMPRESAS 
PESQUISADAS ...........................................................................................................89 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
ABIFA Associação Brasileira de Fundição 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ADF Areias Descartadas de Fundição 
AFS American Foundry Society 
BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento 
CB-01 Comitê Brasileiro de Mineração e Metalurgia 
CB-59 Comitê Brasileiro de Fundição 
CE-59 Comissão de Estudos de Areias de Fundição 
CEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente 
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo 
CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas 
CNTL Centro Nacional de Tecnologias Limpas 
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente 
EIA Estudo de Impacto Ambiental 
EIPPCB European Integrated Pollution Prevention and Control Bureau 
EPA EnvironmentalProtection Agency 
FIEP Federação das Indústrias do Estado do Paraná 
IAP Instituto Ambiental do Paraná 
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social 
ISO International Organization for Standardization 
NBR Norma Brasileira 
ONG Organização Não Governamental 
P+L Produção mais Limpa 
PCA Pó de Carvão Aditivado 
RIMA Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente 
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas 
SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos 
SGA Sistema de Gestão Ambiental 
SiO2 Dióxido de Silício 
UNEP United Nations Environment Programme 
UNIDO United Nations Industrial Development Organization 
 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................15 
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO....................................................................................... 15 
1.2 OBJETIVOS.........................................................................................................18 
1.2.1 Objetivo Geral................................................................................................... 18 
1.2.2 Objetivos Específicos....................................................................................... 18 
1.3 JUSTIFICATIVA...................................................................................................18 
1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA........................................................................... 19 
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO............................................................................ 20 
2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 21 
2.1 FUNDIÇÃO.......................................................................................................... 21 
2.1.1 Fundição no Brasil............................................................................................ 21 
2.1.2 O Processo de Fundição.................................................................................. 27 
2.1.3 Areias de Fundição........................................................................................... 29 
2.1.3.1 Areias a verde..............................................................................................29 
2.1.3.2 Areias ligadas quimicamente.........................................................................30 
2.1.3.3 Constituintes básicos das areias...................................................................30 
2.2 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL...................................................... 33 
2.3 NORMAS E REGULAMENTAÇÕES REFERENTES ÀS AREIAS DE 
FUNDIÇÃO................................................................................................................. 36 
2.4 CONCEITOS E SISTEMAS DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL.....................40 
2.4.1 ISO 14001.........................................................................................................41 
2.4.2 Ecologia Industrial............................................................................................ 43 
2.4.3 Produção mais Limpa (P+L)............................................................................. 45 
3 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................52 
3.1 LOCAL DA PESQUISA........................................................................................52 
3.2 EMPRESAS PESQUISADAS.............................................................................. 53 
3.3 COLETA DE DADOS...........................................................................................55 
3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA......................................................................... 56 
3.4.1 Questionário Exploratório................................................................................. 56 
3.4.2 Questionário Complementar............................................................................. 57 
3.5 REPRESENTATIVIDADE DOS DADOS COLETADOS...................................... 57 
3.6 TABULAÇÃO E TRATAMENTOS DE DADOS....................................................59 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................ 61 
4.1 ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DAS AREIAS A VERDE DE FUNDIÇÃO NO 
ESTADO DO PARANÁ...............................................................................................74 
4.2 ANÁLISE DA AMOSTRA SOB A ÓTICA DA P+L............................................... 83 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
4.2.1 Situação Organizacional das Empresas........................................................... 88 
4.3 PROJEÇÕES E CONSIDERAÇÕES...................................................................90 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 94 
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..................................................96 
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 97 
APÊNDICE A – TRIAGEM DO LEVANTAMENTO DAS INDÚSTRIAS DE 
FUNDIÇÃO DO PARANÁ........................................................................................ 106 
APÊNDICE B – EMPRESAS QUE POSSUEM PROCESSOS DE FUNDIÇÃO EM 
SUAS INSTALAÇÕES NO ESTADO DO PARANÁ................................................110 
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO EXPLORATÓRIO.............................................. 112 
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO COMPLEMENTAR............................................ 118 
APÊNDICE E – IDENTIFICAÇÃO DE UM CASO DE INICIATIVA DE 
SUBSTITUIÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS NA FABRICAÇÃO DE AREIAS À 
VERDE (O CASO DE UMA EMPRESA DE FUNDIÇÃO DA REGIÃO CENTRO-
ORIENTAL DO PARANÁ)....................................................................................... 118 
ANEXO A – GUIA DAS FUNDIÇÕES – REVISTA FS (EXCERTO REFERENTE AO 
UNIVERSO DA PESQUISA).................................................................................... 127 
ANEXO B – GUIA ABIFA DE FUNDIÇÃO (EXCERTO REFERENTE AO UNIVERSO 
DA PESQUISA)........................................................................................................129 
ANEXO C – ESTADO DO PARANÁ – MESORREGIÕES GEOGRÁFICAS.......... 132 
ANEXO D – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO 
CONSTATADAS PELA PESQUISA EM TODO ESTADO DO PARANÁ............... 133 
ANEXO E – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO 
CONSTATADAS PELA PESQUISA (DETALHE ENVOLVENDO CURITIBA E 
REGIÃO).................................................................................................................. 134 
ANEXO F – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO 
CONSTATADAS PELA PESQUISA (DETALHE ENVOLVENDO PONTA GROSSA 
E REGIÃO)............................................................................................................... 135 
ANEXO G – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO 
CONSTATADAS PELA PESQUISA (DETALHE ENVOLVENDO MARINGÁ, 
LONDRINA E APUCARANA).................................................................................. 136 
ANEXO H – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO 
CONSTATADAS PELA PESQUISA (DETALHE ENVOLVENDO TOLEDO, 
CASCAVEL, FRANCISCO BELTRÃO E PATO BRANCO)....................................137 
ANEXO I – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO 
CONSTATADAS PELA PESQUISA (DETALHE ENVOLVENDO BANDEIRANTES, 
CAMBARÁ E JACAREZINHO)............................................................................... 138 
ANEXO J – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO 
CONSTATADAS PELA PESQUISA (DETALHE ENVOLVENDO CAMPO MOURÃO, 
PARANAVAÍ E LOANDA).......................................................................................139 
 
 
Capítulo 1 Introdução 15 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
1 INTRODUÇÃO 
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO 
 
 O crescente aumento populacional mundial gerou a necessidade de maior 
quantidade de produtos e maior velocidade em sua manufatura; produtos artesanais 
de outrora já não satisfaziam mais a demanda, e a industrialização, com o advento 
da Revolução Industrial, veio a suprir essa necessidade. Os avanços tecnológicos, 
desde então, vem num crescente desenvolvimento sob a forma de novas máquinas, 
novos materiais e processos produtivos, chegando a níveis que seriam inimagináveis 
a até pouco tempo atrás. 
 Os resíduos dos processos industriais que antes eram praticados, por serem 
em sua maioria de origem natural, não causavam grandes impactos ao ambiente 
(BIDONE, 1999); já os resíduos dessa nova concepção de produção, com sua vasta 
gama de formas e composições repercutiram de maneira violenta, em poucas 
décadas, no equilíbrio ambiental do planeta. 
 Materiais desenvolvidos com foco apenas nas propriedades necessárias à 
aplicação do produto final e nos processos produtivos que visam tão somente a 
obtenção do máximo lucro, culminaram em rejeitos de difícil decomposição, alta 
toxicidade, dentre outras tantas propriedades estranhas à natureza, causando os 
desdobramentos que se presencia na atualidade: alterações climáticas, desertos 
que não param de crescer, desequilíbrios nos ecossistemas. 
 Ambientalistas a décadas vêm lutando em prol de atitudes para a reversão 
desse quadro, dentre elas, podem-se citar a Conferência de Estocolmo (1972), a 
Assembléia Geral das Nações Unidas (1983), o relatório de Brundtland (1987), a 
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ECO 92), realizada no Brasil 
(consagrando o conceito de Desenvolvimento Sustentável: um modelo econômico 
menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico) e a Conferência 
Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável realizada em Joanesburgo (2002), na 
África do Sul, traçando novas diretrizes para o Desenvolvimento Sustentável (aplicar 
o “pensar globalmente e agir localmente”). 
Capítulo 1 Introdução 16 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 Atrelados a isso, os governos vêm impondo legislações em benefício ao meio 
ambiente, específicas para cada área de atuação humana, fiscalizando e punindo os 
infratores de forma cada vez mais severa. 
 Essa tendência mundial gerou um novo perfil de consumidor que, mais 
consciente e preocupado com a questão ambiental, agrega valor de estima aos 
produtos ecologicamente corretos, tornando esse um dos fatores de influência na 
competitividade entre as empresas. 
 Devido a essa nova realidade as empresas estão vivenciando essa “dicotomia 
da sustentabilidade”: de um lado, no âmbito ambiental, o dever responsável para 
com o meio ambiente, em resposta à satisfação dos clientes; de outro lado, no 
âmbito econômico, as imposições legais e o valor desses procedimentos, que 
contribuem para aumentar seus custos. 
 O setor de fundição surge nesse ínterim como um grande reciclador, pois utiliza 
materiais descartados pela sociedade – objetos metálicos já considerados sucata – 
como matérias primas para a constituição dos seus produtos finais, reintroduzindo 
esses materiais à cadeia produtiva e, ao mesmo tempo, trazendo benefícios ao meio 
ambiente pela diminuição da extração de minérios e outros materiais diretamente da 
natureza, além de poupar a energia que seria empregada nos processos primários 
de transformação. 
 Apesar disso, o setor de fundição apresenta baixo desempenho ambiental, por 
ser grande consumidor de recursos minerais (a exemplo das areias-base) e também 
por seus processos produtivos gerarem grande quantidade de resíduos (vapores, 
escória, areias descartadas de fundição, materiais particulados, entre outros). 
 Dentre esses resíduos, evidenciam-se como objeto de grande preocupação as 
Areias Descartadas de Fundição (ADF), pois se apresentam isoladamente como os 
de maior volume, superando a somatória dos demais (ABIFA, 2008). 
 Como opções a serem consideradas em primeira instância para a destinação 
desses materiais, avaliando-se o benefício ambiental, podem-se citar os processos 
de reciclagem interna (recuperação e regeneração) e de reciclagem externa 
(reutilização). 
Capítulo 1 Introdução 17 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 No Brasil, aspectos técnicos e legais ainda impedem a plena reutilização 
desses resíduos como matéria-prima em aplicações fora da indústria de fundição, 
em contrapartida ao que ocorre nos Estados Unidos e Europa, e a regeneração de 
areias a verde também encontra barreiras, sobretudo pela aparente inviabilidade 
econômica, frente aos valores para a aquisição dos equipamentos. 
 Esse contexto contribui para a geração cada vez maior de passivos ambientais, 
devido ao acúmulo desse material em aterros como opção regulamentada às 
fundidoras e ao também crescente aumento no rigor das restrições ambientais, que 
acarretam em custos cada vez maiores para essa prática. 
 Portanto, devido ao expressivo volume de ADF gerado e da influência do 
cenário até aqui estabelecido, as ADF constituem-se atualmente num dos maiores 
problemas no tocante ao gerenciamento de resíduos da indústria de fundição. 
 Tomando-se como referência os dados coletados da ABIFA (2009), da 
produção total de fundidos no Brasil no ano de 2008, observou-se uma média de 
produção de 82,8% de ferros fundidos (231.424,4 t/mês) e 9,7% para aços (26.984,8 
t/mês), restando 7,6% (21.193,4 t/mês) para os materiais não-ferrosos. Dependendo 
do tipo de peça a ser confeccionada, de acordo com Dantas (2003), a proporção 
entre metal e areia utilizada nos processos de fundição varia de 0,8 a 1,0. Portanto, 
considerando o valor médio de 0,9, movimenta-se aproximadamente 250.000 t 
mensais de areias de fundição para suprir a média nacional de produção de metais. 
 Dentre os processos de fundição, o processo de areia a verde é o mais 
empregado, principalmente para ferros fundidos tendo, portanto, maior participação 
nos resíduos gerados pelo setor de fundição (OKIDA, 2006). 
 Em vista disso as areias descartadas de fundição foram eleitas como objeto 
deste estudo, mais especificamente as areias a verde por sua evidente 
representatividade. 
 Face a essa realidade, este trabalho buscou diagnosticar, sob a ótica da 
Produção mais Limpa (P+L), o atual cenário do gerenciamento das areias a verde de 
fundição no Estado do Paraná e, com base nas informações coletadas, projetar um 
cenário futuro; com isso buscando responder à pergunta: com relação ao manejo 
Capítulo 1 Introdução 18 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
das areias a verde de fundição, quais procedimentos estão sendo praticados 
pelas indústrias de fundição do Estado do Paraná? 
 
1.2 OBJETIVOS 
 
1.2.1 Objetivo Geral 
 
 Analisar o gerenciamento das areias a verde de fundição no estado do Paraná 
com vistas ao estabelecimento de futuras estratégias para o setor. 
 
1.2.2 Objetivos Específicos 
 
(i) Realizar um levantamento do setor de fundição no Estado do Paraná e 
identificar as empresas utilizadoras de areias à verde de fundição; 
(ii) Diagnosticar a atual situação do gerenciamento das areias à verde no 
Estado do Paraná, com base na Produção mais Limpa (P+L) e nos seus 
três níveis de ação; 
(iii) Projetar um cenário futuro da utilização da técnica de moldagem por areias 
à verde. 
 
1.3 JUSTIFICATIVA 
 
 O setor de fundição brasileiro apresenta relevância no cenário internacional (é 
o 7º produtor mundial de fundidos) e também no cenário industrial nacional, uma vez 
que o produto fundido é básico na maioria das cadeias produtivas. Destacam-se o 
setor automotivo e de bens de capital com o consumo de, respectivamente, 55% e 
Capítulo 1 Introdução 19 
PPGEP – Produçãoe Manutenção (2010) 
18% de toda a produção nacional de fundidos, que totalizou no ano de 2008 um 
montante aproximado de 3.355.000 toneladas (CARMELIO et. al, 2009). 
 Geograficamente o setor de fundição está distribuído por todas as regiões do 
país, porém apresenta maior concentração nas regiões Sudeste e Sul (ASSUNÇÃO 
et. al, 2007, p.7). A região Sul ocupa o 2ª lugar no ranking da produção nacional de 
fundidos. 
 O Estado do Paraná apresentou pouca representatividade em relação aos 
estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Segundo a literatura (Estudo 
Setorial de Fundição 2004-2006), ele participa com apenas 3,5% do total de 
fundidos na região Sul. No entanto, há carência de informações mais precisas e 
atualizadas, sendo importante um aprofundamento desse estudo nessa região. 
 O desempenho ambiental das empresas de fundição é uma incógnita. A 
alarmante estimativa da movimentação de 250.000 t/mês de areias de fundição no 
Brasil, em sua maior parte constituída por areias a verde, direcionou a presente 
pesquisa na busca de informações sobre o seu gerenciamento, especificamente no 
Paraná. 
 Portanto, frente ao exposto, este trabalho se justifica por contribuir para o 
maior conhecimento do setor de fundição no Estado do Paraná e sobre o 
desempenho ambiental no trato das areias de fundição, particularmente das areias a 
verde, orientando sobre um cenário futuro para o gerenciamento desses materiais. 
 
1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 
 
 A pesquisa teve como objeto de estudo as areias a verde de fundição e 
abrangeu, sob a ótica da P+L, o gerenciamento desses materiais por empresas de 
fundição estabelecidas no Estado do Paraná, elaborando-se um diagnóstico com 
base nas informações fornecidas pelas empresas através do preenchimento de 
questionários. 
 
 
Capítulo 1 Introdução 20 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO 
 
 O trabalho está estruturado em 5 capítulos. 
 No capítulo 1, a problemática que envolve as ADF é contextualizada, sendo 
definidos os objetivos e apresentadas a justificativa, a delimitação e estrutura da 
pesquisa. 
 O capítulo 2 apresenta o referencial teórico do trabalho, envolvendo fundição 
(sua importância, dados sobre o setor no Brasil, descrição do processo produtivo e 
dos materiais envolvidos), aspectos da legislação ambiental (Leis Federais e Leis, 
resoluções e portarias em vigor no Estado do Paraná, além do projeto de Lei sobre a 
Política Nacional de Resíduos Sólidos), normas e regulamentações referentes às 
areias descartadas de fundição (classificação das ADF, normas da ABNT, em vigor e 
em estudo, e regulamentações da CETESB), conceitos e sistemas de 
gerenciamento ambiental (abordando Gestão Ambiental, ISO 14001, Ecologia 
Industrial e Produção mais Limpa). 
 No capítulo 3 é feita a descrição do local da pesquisa e são apresentados o 
método, os instrumentos e procedimentos utilizados a fim de alcançar os objetivos 
propostos pela presente pesquisa. 
 O capítulo 4 apresenta os resultados da pesquisa e discussões. 
 E no capítulo 5 são apresentadas as conclusões do trabalho e recomendações 
para trabalhos futuros. 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 Referencial Teórico 21 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
2.1 FUNDIÇÃO 
 
 O processo de fundição pode ser considerado o mais versátil dentre os de 
conformação de metais. Isto ocorre devido à ampla diversidade de propriedades 
metalúrgicas, formatos e dimensões que podem ser proporcionados às peças 
fundidas (SIEGEL,1972) podendo, muitas vezes, constituir-se como o método mais 
simples e econômico, ou até mesmo, como o único método tecnicamente viável para 
a obtenção de determinada forma sólida (KONDIC, 1973). 
 Haja vista que o produto fundido é básico na maioria das cadeias produtivas 
(CARMELIO et. al, 2009), tomando como exemplo as indústrias de máquinas e 
equipamentos, normalmente dependentes de peças advindas do setor de fundição 
para compor seus produtos, evidencia-se a relevância desse setor para o 
desenvolvimento industrial de um país (SIEGEL, 1978). 
 
2.1.1 Fundição no Brasil 
 
 O intenso emprego de mão-de-obra (característica da indústria de fundição) e a 
auto-suficiência em matérias-primas são fatores que contribuem para que o Brasil 
tenha independência do mercado externo, gerando um número significativo de 
empregos diretos e indiretos no país. Dentre as matérias-primas destacam-se a 
produção de ferro gusa (2º maior produtor mundial), ferroligas e alumínio, 
exportando, respectivamente 68,7%, 45,3% e 60,8% de toda produção interna 
(CARMELIO et al., 2009). 
 São aproximadamente 1.400 empresas de fundição (em sua maioria de capital 
nacional e de pequeno e médio porte), totalizando cerca de 60.000 trabalhadores 
empregados e um faturamento de 11 bilhões de dólares em 2008. As baixas 
importações aliadas às representativas exportações contribuem de forma relevante 
na balança comercial do país (CARMELIO et al., 2009). 
Capítulo 2 Referencial Teórico 22 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 Essa somatória de fatores reuniu condições que levaram o Brasil a ocupar a 
sétima posição no ranking mundial de produtores de fundidos (base 2008), conforme 
mostra a Figura 1. 
 
Figura 1 – Ranking da produção mundial de fundidos (base 2008) 
Fonte: Adaptado American Foundry Society (2009, p.20). 
 
 A evolução da produção brasileira entre 1998 e 2008, envolvendo peças 
fundidas em ferro, aço e ligas não-ferrosas está representada na Figura 2. 
 
Figura 2: Produção brasileira de fundidos (1998-2008) 
Fonte: Adaptado Carmelio et. al (2009). 
Capítulo 2 Referencial Teórico 23 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 O desenvolvimento apontado nos últimos anos deve-se, em grande parte, à 
crescente participação do setor automotivo (55%) na distribuição setorial de vendas 
de fundidos do Brasil. A presença de montadoras da Ásia, EUA e Europa, aliada à 
grande quantidade de veículos em seu território, cerca de 25,6 milhões (décima frota 
mundial de veículos), movimentam o mercado de fabricantes de componentes 
automotores e autopeças, além do abastecimento das próprias montadoras de 
automóveis, caminhões, ônibus e tratores (CARMELIO et al., 2009). 
 A distribuição setorial da venda de fundidos do Brasil está representada na 
Figura 3. 
 
Figura 3 - Distribuição setorial da venda de fundidos no Brasil (%) 
Fonte: Adaptado Carmelio et. al (2009). 
 
 Também merecem destaque os segmentos representados pela indústria de 
bens de capital (18%), refletindo o desenvolvimento da indústria do país como um 
todo; a indústria de siderurgia (destacando-se no mercado internacional) e a 
indústria ferroviária, com o aumento de sua participação dentro das exportações do 
país; cabendo ressaltar que a nacionalização de produtos e a exportação indireta de 
fundidos (exportação de produtos que contém componentes fundidos) também vem 
Capítulo 2 Referencial Teórico 24 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
crescendo, principalmente a partir dos anos 2000 (CARMELIO et al., 2009). A Figura 
4 representa a evolução das exportações de fundidos do Brasil entre 1998 e 2008. 
 
Figura 4 - Exportação brasileira de fundidos 1998-2008 (em US$ milhões) 
Fonte: Adaptado Carmelio et. al (2009). 
 
 Fatores econômicos globais como a projeção da demanda de fundidos, 
capacidade instalada e produção de fundidos do Brasil estão representados nas 
Figuras 5 e 6. Deve-se observar que os dados referentes ao ano de 2008 são reais, 
enquanto que os de 2009 a 2013 estão estimados. 
 
Figura 5 - Projeção da demanda de fundidos do Brasil (2009-2013). 
Fonte: Adaptado Carmelio et al. (2009). 
Capítulo 2 Referencial Teórico 25 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 
Figura 6 - Projeção da capacidadeinstalada e produção de fundidos do Brasil (2009-2013) 
Fonte: Adaptado Carmelio et. al (2009). 
 
 Quanto à mão-de-obra, o setor de fundição, da mesma forma que outros 
segmentos, necessitou adequar-se às transformações advindas da globalização dos 
mercados, buscando o incremento da produtividade através da racionalização de 
recursos humanos e do aumento da mecanização, como fator para sobrevivência. O 
reflexo disso pode ser evidenciado através das estatísticas: em 1990 o setor 
empregava 66 mil trabalhadores, tendo esse valor reduzido a 38 mil em 1998 e, a 
partir de então, apresentando sinais de recuperação, chegando a 57.011 em 
dezembro de 2008 (CARMELIO et al., 2009). A Figura 7 apresenta o número de 
trabalhadores empregados nas fundições de 1998 a 2008. 
Capítulo 2 Referencial Teórico 26 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 
Figura 7 - Mão-de-obra empregada no setor de fundição brasileiro (1998-2008) 
Fonte: Adaptado Carmelio et. al (2009). 
 
 Com base nos dados da ABIFA (2009) o ranking da produção regional de 
fundidos no ano de 2008 apresentou-se da seguinte maneira: 
 - Em primeiro lugar, a região sudeste e centro-oeste, totalizando uma 
produção de 2.296.834 t (representando 68,5% da produção nacional de fundidos). 
Destaque para o Estado de São Paulo com a produção de 1.162.353 t (34,6%), a 
região centro-oeste e Minas Gerais com a produção de 889.722 t (26,5%) e o Estado 
do Rio de Janeiro com a produção de 244.759 t (7,3%); 
 - Em segundo lugar, a região sul, com uma produção de 941.961 t 
(representando 28,1% da produção nacional de fundidos); 
 - Em terceiro lugar, a região norte e nordeste, totalizando uma produção de 
116.437 t (representando 3,5% da produção nacional de fundidos). 
Observa-se que a região sul possui representatividade no cenário nacional, 
ficando atrás apenas da região sudeste na produção de fundidos. 
 
Capítulo 2 Referencial Teórico 27 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
2.1.2 O Processo de Fundição 
 
 O processo de fundição consiste na fusão de um metal que, em estado líquido, 
é vazado na quantidade necessária para o preenchimento de um molde e que, ao 
solidificar-se, gera uma peça com o formato desejado (CAMPOS FILHO, 1978). 
 Os moldes são obtidos através da moldagem, geralmente em areia a verde, 
num processo em que o formato externo do produto que se deseja obter é 
transferido às areias pela compactação das mesmas sobre um modelo, normalmente 
bipartido, cada qual numa caixa de fundição (CAMPOS FILHO, 1978; CARNIN, 
2008). Os machos, por sua vez, geralmente formados por areia ligada 
quimicamente, são responsáveis por dar o formato interno do produto fundido que se 
deseja obter (KONDIC, 1973). 
 Em linhas gerais, depois de feita a moldagem, as duas metades do molde 
juntam-se (com a inclusão ou não de machos, dependendo da exigência do produto) 
e o metal líquido é vazado para dentro do molde, preenchendo toda a sua cavidade 
(CAMPOS FILHO, 1978; KONDIC, 1973). 
 Após a solidificação do metal, todo o material contido nas caixas de fundição é 
submetido a uma ação vibratória a fim de separar as peças fundidas das areias de 
fundição (CAMPOS FILHO, 1978; CHEGATTI, 2004); ao término dessa etapa, 
obtêm-se como resíduo a mistura de areia a verde com areia ligada quimicamente 
(proveniente da desagregação de machos) (OLIVEIRA, 1998) e materiais 
particulados (resíduos do metal vazado e também os provenientes das reações 
decorrentes do próprio processo de fundição) (EIPPCB, 2005). 
 Nesse momento, o material fundido é direcionado para operações de 
acabamento e a areia de fundição “usada” é manejada segundo as determinações 
de gerenciamento desse tipo de material por parte da empresa de fundição que 
estiver sendo considerada. 
 A Figura 8 apresenta um fluxograma do processo de fundição com principais 
entradas de matérias-primas e insumos e saídas de resíduos e emissões. 
Capítulo 2 Referencial Teórico 28 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 
Figura 8 – Fluxograma do processo de fundição com as principais entradas de matérias-
primas e insumos e saídas de resíduos e emissões. 
Fonte: Adaptado Oliveira, 1998. 
Capítulo 2 Referencial Teórico 29 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 
 Para a melhor compreensão das opções para o gerenciamento do resíduo de 
areia de fundição, é de fundamental importância o prévio conhecimento dos tipos de 
areia existentes e dos constituintes básicos que as compõem, bem como da sua 
caracterização depois de submetidos ao processo de fundição, das leis ambientais 
aplicáveis e das normas específicas para esse resíduo. 
 
2.1.3 Areias de Fundição 
 
 As areias de fundição são materiais utilizados na confecção de moldes e 
machos para fundição e podem ser divididas em dois grupos genéricos: as areias a 
verde e as areias ligadas quimicamente (COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DA 
ABIFA, 1999; CARNIN, 2008). 
 
2.1.3.1 Areias a verde 
 
 “Areia a verde” é o nome dado às areias aglomeradas com argila que, após 
confeccionado o molde, não sofrem nenhum processo de secagem antes do 
vazamento de metal, são constituídas basicamente por quatro componentes: 
material refratário (areia), material aglomerante (argila), aditivos e água (SENAI, 
1987; COUTINHO NETO, 2004, CARNIN, 2008). 
 A mistura de areia base, bentonita, pó de carvão e água deve garantir à areia 
de moldagem (areia verde) boas características de trabalhabilidade, maleabilidade, 
compactabilidade, refratariedade, coesão, expansividade volumétrica, resistência a 
esforços mecânicos como compressão e tração, permeabilidade e desmoldagem 
(ARMANGE, 2005). 
 
Capítulo 2 Referencial Teórico 30 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
2.1.3.2 Areias ligadas quimicamente 
 
 As areias ligadas quimicamente são bastante aplicadas na fabricação de 
machos. São formadas por material refratário (areia), material aglomerante 
(orgânico, inorgânico ou misto) e aditivos (COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DA 
ABIFA, 1999; SCHEUNEMANN, 2005). 
 Os sistemas ligantes devem possuir características de incremento às 
propriedades de vida de banca da mistura (intervalo de tempo compreendido entre a 
mistura dos componentes da areia e a cura dessa mistura, na forma de machos ou 
moldes, que permita valores maiores ou iguais a 80% da resistência mecânica que 
se conseguiria com a imediata moldagem após a mistura). Essas propriedades 
podem ser afetadas por agentes contaminantes, umidade, temperatura da areia e 
reatividades inerentes aos próprios ligantes empregados (ADAMOVITS, HORTON, 
1998; COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DA ABIFA, 1999; PEIXOTO, 2003). 
 As fundições empregam um número considerável de resinas orgânicas para a 
fabricação de machos e moldes, é a química destes sistemas ligantes que dá origem 
às propriedades de ligação, técnicas de macharia e possibilidades de aplicação; 
para que essas propriedades sejam alcançadas o ligante empregado deve 
proporcionar a obtenção de estruturas altamente ligadas em cadeias poliméricas, 
quando curado (PEIXOTO, 2003). 
 
2.1.3.3 Constituintes básicos das areias 
 
Areias-base: a areia-base é o componente presente em maior porcentagem 
nas areias de fundição, são granulados de origem mineral formados pela 
fragmentação de rochas devido às intempéries da natureza. A composição química 
dos grãos varia de acordo com a rocha original, a forma como ocorreu a deposição e 
as condições climáticas que envolveram todo o processo. O formato dos grãos varia 
de acordo com o agente causador do processo de fragmentação da rocha, areias de 
rio, por exemplo, possuem grãos angulares enquanto que as areias de praia, devido 
Capítulo 2 Referencial Teórico 31 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
ao movimento repetitivo e de grande amplitude que lhes é imposto (bem como as 
areias de deserto, devidoà ação do vento), possuem grãos mais arredondados 
(SENAI, 1987; BERNDT, 1989; FERNANDES, 2001). 
Nos depósitos de areia, a dimensão do grão (que pode variar entre 0,063 a 
2,0 mm) e o grau de pureza do material, variam de acordo com a profundidade das 
camadas. A Sílica é a areia-base mais utilizada nos processos de fundição (seguida 
da Cromita, Zirconita, Olivina e Chamote). Em maior ou menor proporção, o dióxido 
de silício (SiO2) é elemento comum à constituição de todas as areias (SENAI, 1987; 
GIANNINI, 1995; FERNANDES, 2001). A Tabela 1 mostra as principais 
características de interesse à fundição. 
 
Tabela 1 – Principais características de areias-base 
 
Fonte: Peixoto, 2003. 
 
 As propriedades físicas e químicas das areias-base apresentam grande 
influência nas características e comportamento dos machos e moldes durante o 
vazamento do metal (EIPPCB, 2005). 
Capítulo 2 Referencial Teórico 32 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 Aglomerantes / ligantes: são materiais misturados às areias-base com o 
propósito de garantir a mantenabilidade da forma dos machos e das cavidades dos 
moldes durante o processo de fundição (REINERT, 1996). 
 No caso das areias para fundição aglomeradas com argila, a argila é o agente 
responsável por ligar entre si os grãos de areias-base. Perfazendo um total que gira 
em torno de 10% da mistura, apresenta suas propriedades coesivas na presença de 
água. São constituídas por minerais onde cada partícula possui comprimento 
máximo de aproximadamente 2 mícrons e espessura da ordem de alguns angströns 
(um angströn equivale a 10-8 cm) (SENAI, 1987). 
 No caso das areias ligadas quimicamente, os aglomerantes utilizados podem 
ser: 
 Orgânicos: a exemplo das resinas furânicas, fenólicas e uretânicas 
(SCHEUNEMANN, 2005). São materiais constituídos por moléculas complexas de 
alto peso molecular, formadas por reação, por um número de moléculas simples de 
mesmo ou diferente tipo, sob condições controladas de temperatura e pressão 
(MORLEY, 1983 apud PEIXOTO, 2003). 
 Inorgânicos: tais como a sílica de sódio e o cimento portland, são constituídos 
por água e minerais, formados por um átomo que se combina com um ou mais 
elementos (SCHEUNEMANN, 2005). 
 Mistos: resultam da união dos compostos orgânicos com os inorgânicos. São 
utilizadas misturas químicas como resinas fenólicas e alcalinas (SCHEUNEMANN, 
2005). 
 Aditivos: são produtos adicionados à mistura das areias com o propósito de 
lhes conferir melhores propriedades. Podem ser de dois tipos: orgânicos e 
inorgânicos. Dentre os aditivos orgânicos podem-se destacar os carbonáceos (pó de 
carvão mineral, piche e produtos afins), celulósicos (pó de madeira) e amiláceos e 
dextrinas (produtos a base de amido). Os aditivos inorgânicos constituem-se de pós 
de materiais naturais ou sintéticos, sendo os mais comuns o óxido de ferro e o pó de 
sílica (SENAI, 1987). 
 Os aditivos utilizados para areias ligadas quimicamente são em geral aditivos 
inorgânicos como, por exemplo, o óxido de ferro (SCHEUNEMANN, 2005). 
Capítulo 2 Referencial Teórico 33 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
2.2 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL 
 
As empresas de fundição têm aumentado seu interesse pelo cumprimento 
das legislações ambientais devido à crescente competitividade do mercado, em que 
se faz necessário o esclarecimento do atendimento das responsabilidades 
ambientais perante clientes, fornecedores, órgãos ambientais, sociedade, 
investidores e ONGs (CASTRO, 2001). 
Podem-se citar, na esfera federal, as seguintes leis envolvendo a temática: 
Lei Federal nº 6.938/81 (regulamentada pelo decreto 99.274/90): “dispõe 
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação 
e aplicação, e dá outras providências” (BRASIL, 1981). Essa lei serviu como base 
para a exigência do EIA/RIMA (instrumentos para avaliação do impacto ambiental) 
pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (Resolução nº 1/1986) como 
parte integrante do processo de licenciamento ambiental para determinadas 
atividades (CONAMA, 2006). 
Lei Federal nº 9.605/98: “dispõe sobre as sanções penais e administrativas 
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras 
providências” (BRASIL, 1998). Conhecida como Lei de Crimes Ambientais, através 
dessa lei pode-se responsabilizar administrativa, civil e penalmente pessoas físicas 
ou jurídicas, autoras ou co-autoras de prejuízos causados à qualidade do meio 
ambiente. 
Na esfera estadual, focando o Estado do Paraná, podem-se citar as seguintes 
leis, resoluções e portarias envolvendo a temática: 
Lei Estadual nº 13.806/02: “dispõe sobre as atividades pertinentes ao controle 
da poluição atmosférica, padrões e gestão da qualidade do ar, conforme especifica e 
adota outras providências” (BRASIL, 2002). Essa lei profere determinações a serem 
praticadas atendendo às disposições da legislação federal pertinente. 
Lei Estadual nº 13.448/02: “dispõe sobre Auditoria Ambiental Compulsória e 
adota outras providências” (BRASIL, 2002a). Essa lei profere determinações que 
visam verificar requisitos ambientais das atividades de empreendimentos no Estado 
Capítulo 2 Referencial Teórico 34 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
(avaliação das condições de manutenção e operação dos equipamentos e sistemas 
de controle da poluição, verificação do cumprimento das normas ambientais 
vigentes, entre outros). 
Resolução CEMA nº 050/05: estabelece diretrizes para o Estado do Paraná 
quanto aos procedimentos a serem adotados com relação a determinados tipos de 
resíduos sólidos oriundos de outros Estados da Federação e/ou de outros países 
(CEMA, 2005). 
Resolução SEMA nº 054/06: estabelece critérios para controle da qualidade 
do ar (SEMA, 2006). Dentre eles, no artigo 27, observa-se a determinação de 
padrões de emissão para Fundição de Metais. 
Portaria IAP nº 224/07: “estabelece os critérios para exigência e emissão de 
Autorizações Ambientais para as Atividades de Gerenciamento de Resíduos Sólidos” 
(IAP, 2007). Envolve os procedimentos de transporte, armazenamento, tratamento e 
disposição final de resíduos sólidos no Estado. 
Resolução CEMA nº 065/08: “dispõe sobre o licenciamento ambiental, 
estabelece critérios e procedimentos a serem adotados para as atividades 
poluidoras, degradadoras e/ou modificadoras do meio ambiente e adota outras 
providências” (CEMA, 2008). Estabelece requisitos, conceitos, critérios, diretrizes e 
procedimentos administrativos referentes ao licenciamento ambiental. 
Ainda envolvendo a temática, cabe salientar um trabalho de grande relevância 
que tramita atualmente na esfera federal: 
Subemenda Substitutiva Global de Plenário ao Projeto de Lei nº 203, de 1991, 
e seus apensos (engloba os projetos de Lei nº 203/91 e nº 1991/07): “esta Lei institui 
a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e 
instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao 
gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades 
dos geradores e do Poder Público, e aos instrumentos econômicos aplicáveis” 
(PNRS, 2009). 
Como principais medidas, proíbe a disposição de resíduos em quaisquer 
corpos hídricos (praias, mares, lagos, etc.) ou in natura a céu aberto e institui a 
responsabilidade compartilhada, de forma individualizada e encadeada, entre todos 
Capítulo 2 Referencial Teórico 35 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
os envolvidos no ciclo de vida dos produtos (pessoas físicas e jurídicas, fabricantes, 
importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços 
públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos). Destaque para a 
responsabilidade atribuída ao gerador de resíduos, que envolve desde o 
armazenamento, transporte e tratamento,até a destinação final ambientalmente 
adequada de seus resíduos e execução de medidas mitigatórias em caso de dano, 
obrigando-se a ressarcir o Poder Público por gastos decorrentes de ações para 
minimizar ou cessar um eventual dano causado. Há de se enfatizar que atividades 
lesivas ao meio ambiente, inclusive as acarretadas pela inobservância aos preceitos 
desta Lei ou de seu regulamento, estarão sujeitas a sanções conforme a Lei de 
Crimes Ambientais (DI AGUSTINI, VENDRAMETTO, 2009; GRAMACHO, 2009; 
GUSMÃO, 2009; PNRS, 2009). 
Adicionalmente, esse Projeto de Lei também estabelece que os governos 
estaduais e municipais criem programas para lidar com os resíduos em seus 
territórios, visando a Gestão integrada desses resíduos também com outras 
localidades. Por meio de incentivos fiscais e tributários, estimula a criação de 
empresas exclusivamente recicladoras e promove a aplicação de tecnologias 
saudáveis pelos fabricantes para o desenvolvimento de produtos seguros, além de 
fomentar a utilização dos procedimentos mais adequados à destinação final dos 
resíduos gerados na produção dos mesmos (DI AGUSTINI, VENDRAMETTO, 2009; 
GRAMACHO, 2009; GUSMÃO, 2009; PNRS, 2009). 
Frente ao exposto, pode-se observar na legislação brasileira a crescente 
preocupação com a melhoria da qualidade ambiental. A continuidade de esforços 
nesse sentido deve contribuir para uma abordagem cada vez mais abrangente do 
tema, vindo a preencher a atual lacuna quanto a legislações que considerem 
características mais específicas relativas a cada tipo de resíduo. Para que isso seja 
possível é indispensável o prévio estudo desses resíduos e a criação de normas e 
regulamentações que venham a embasar essas determinações legais. 
 
Capítulo 2 Referencial Teórico 36 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
2.3 NORMAS E REGULAMENTAÇÕES REFERENTES ÀS AREIAS DE 
FUNDIÇÃO 
 
 Os resíduos sólidos são definidos pela ABNT – Associação Brasileira de 
Normas Técnicas (2004a) como sendo os resíduos que se encontram no estado 
sólido ou semi-sólido, resultantes de atividades de cunho industrial, doméstico, 
hospitalar, comercial e agrícola, bem como, de serviços e de varrição. Esses 
resíduos são classificados como perigosos quando suas características 
proporcionam riscos à saúde dos seres humanos ou acarretam riscos ao meio 
ambiente quando gerenciados de forma imprópria. 
 No Brasil, seguem as seguintes normas, procedimentos e métodos de ensaios: 
 NBR 10.004 - Resíduos Sólidos – Classificação: Classe I (perigosos), Classe II-
A (não inertes) e Classe II-B (inertes); 
 NBR 10.005 - Lixiviação de Resíduos – Procedimentos; 
 NBR 10.006 - Solubilização de Resíduos Sólidos – Métodos de ensaios; 
 NBR 10.007 - Amostragem de Resíduos – Procedimentos. 
 Dentro dessa classificação, os excedentes de areias de fundição enquadram-
se geralmente nas classes I e II-A, devido à presença de ligantes químicos e metais 
(COMISSÃO DO MEIO AMBIENTE DA ABIFA, 1999). 
 Em virtude da problemática evidente acerca do trato e disposição dos 
excedentes de areias de fundição e da falta de legislação específica para o setor, foi 
criada em setembro de 2007 junto à Associação Brasileira de Normas Técnicas - 
ABNT (único foro de normalização do país), o Comitê Brasileiro de Fundição 
ABNT/CB-59, tendo como âmbito de atuação a “normalização no campo da fundição 
compreendendo fundição de ferro, de aço e de não ferrosos, insumos, matéria-
prima, resíduos no que concerne a terminologia, requisitos, métodos de ensaio e 
generalidades” (ABNT, 2008). 
 A necessidade de um organismo de normalização exclusivo para o setor de 
fundição motivou sua criação, pois até então, fazia parte do CB-01 Mineração e 
Metalurgia, atualmente em recesso (ABIFA, 2008a). 
Capítulo 2 Referencial Teórico 37 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 Concomitantemente a isso, também foi criada a Comissão de Estudos de 
Areias de Fundição ABNT/CE-59 com a responsabilidade da confecção e revisão 
das normas, tendo sua primeira reunião realizada em 21 de fevereiro de 2008. 
Formada por representantes da sociedade que de diferentes formas estão 
envolvidos no assunto (produtores, consumidores, universidades, entre outros), a 
comissão visa gerar as normas considerando a opinião de todos, favorecendo o 
consenso entre as partes (ABIFA, 2008a). A Figura 9 mostra a forma como está 
estruturado o Comitê Brasileiro de Fundição. 
 
Figura 9 – Estrutura do Comitê Brasileiro de Fundição – ABNT/CB-59 
Fonte: ABIFA, 2009a. 
(*) Em estudo para instalação 
 
 No âmbito dos Resíduos de Fundição (59:001) foi instalada a Comissão de 
Estudos Resíduos de Fundição ADF (59:001.01), tendo como escopo a 
“normalização referente aos resíduos de fundição no que concerne a tratamento, 
utilização, reaproveitamento, armazenamento e transporte” (ABIFA, 2009a), que 
gerou inicialmente dois projetos de estudo sobre as areias descartadas de fundição 
(ABIFA, 2008a). 
Capítulo 2 Referencial Teórico 38 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 O primeiro deles, sob o número 59:001.01-001, após elaborado pela comissão 
de estudos, circulou em Consulta Nacional no período de 13 de janeiro a 13 de 
março de 2009, vindo a entrar em vigor como norma em 05 de junho de 2009 sob a 
denominação ABNT NBR 15702:2009, tendo como escopo o estabelecimento de 
“diretrizes para aplicação de areias descartadas de fundição como matéria-prima em 
concreto asfáltico e cobertura diária em aterro sanitário” (ABNT, 2009). 
 Concreto asfáltico é um material que “pode ser empregado como revestimento, 
camada de ligação (binder), base, regularização ou reforço do pavimento” (DNIT, 
2004, p.3) e pode ser definido como: 
Mistura executada a quente, em usina apropriada com características 
específicas composta de agregado graduado, material de enchimento, 
se necessário, e cimento asfáltico, espalhada e compactada a quente 
(ABNT, 2009, p.2). 
 
 Cobertura diária em aterro sanitário é a “camada de material empregada na 
cobertura dos resíduos dispostos no aterro sanitário, ao final da jornada de trabalho, 
ou caso necessário, em outros intervalos, para cumprimento das funções previstas 
em projeto” (ABNT, 2009, p.2). E aterro sanitário, por sua vez, pode ser definido 
como: 
Local tecnicamente apropriado para armazenamento de resíduo 
doméstico, em áreas preparadas com critérios de engenharia e 
normas operacionais específicas para disposição final de resíduos 
sólidos, permitindo a confinação segura em termos de controle da 
poluição ambiental e proteção à saúde pública (ABNT, 2009, p.2). 
 
 A norma ABNT NBR 15702:2009 define as condições a serem obedecidas 
(classificação do resíduo, concentrações máximas de alguns elementos químicos em 
ensaios determinados, obtenção de autorizações ambientais junto aos órgãos 
competentes, entre outras), as documentações a serem geradas e os procedimentos 
a serem executados por todos os envolvidos: geradores (utilizadores de areias em 
seus processos de fundição), gestores (responsáveis por receber, beneficiar ou não, 
Capítulo 2 Referencial Teórico 39 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
e dar destinação de reciclagem ou reutilização às ADF) e usuários (responsáveis por 
receber, reciclar ou reutilizar as ADF) (ABNT, 2009). 
 O segundo projeto, sob o número 59:001.01-002, intitulado “Areia descartada 
de fundição – Central de processamento, armazenamento e destinação – CPAD” 
encontra-se em andamento (ABIFA, 2009a). O trabalho está sendo realizado no 
sentido de “estabelecer as diretrizes para a construção e operação de áreas 
destinadas ao processamento das areias descartadas de fundição” (ABIFA, 2009c), 
envolvendo considerações referentes ao projeto, construção e operação do 
empreendimento para abrigar os procedimentos de recebimento, processamento, 
armazenamento e destinação das areias descartadasde fundição para fins de 
reuso, reciclagem ou disposição final. 
 Cabe também citar que no estado de São Paulo há uma regulamentação sobre 
as regras para gerenciamento de Areias descartadas de Fundição, bem como, a 
análise de projetos de reutilização em asfalto e artefatos de concreto (ABIFA, 2008b) 
através da Decisão de Diretoria da CETESB Nº152/2007/C/E publicada em agosto 
de 2007 – Procedimentos para Gerenciamento de Areia de Fundição (CARNIN, 
2008; ABIFA, 2009b). 
 Observa-se que as normas e regulamentações abordadas apresentam como 
fator comum a busca de formas de gerenciamento que sejam adequadas ao resíduo 
de areia de fundição. Trabalhos nesse sentido configuram elementos de grande 
interesse e de fundamental importância para o gerenciamento ambiental das 
organizações geradoras desses resíduos. 
 Portanto, o prévio conhecimento sobre sistemas de gerenciamento ambiental e 
de alguns conceitos envolvendo a temática far-se-ão necessários para embasar o 
entendimento do teor das análises apresentadas na presente pesquisa. 
 
 
 
 
Capítulo 2 Referencial Teórico 40 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
2.4 CONCEITOS E SISTEMAS DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL 
 
Gerenciamento Ambiental pode ser entendido como o conjunto das ações 
relacionadas ao acesso e uso dos recursos naturais (BRAGA, 2002) tendo por 
finalidade minimizar a geração de resíduos, maximizar a produtividade e reduzir os 
custos (RIBEIRO, 1999). 
Modelos de Gestão Ambiental, portanto, devem estar atentos não só “[...] aos 
possíveis impactos ambientais negativos causados ao meio ambiente e à sociedade, 
mas também à repercussão econômico-financeira que os mesmos podem 
representar para a empresa e para a sociedade, como um todo” (REIS e QUEIROZ, 
2004). 
Para estruturar e organizar a Gestão Ambiental das organizações de forma 
sistêmica torna-se necessário implementar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). 
São alguns modelos de SGA utilizados no mundo: o Responsible Care 
(desenvolvido no Canadá), a Norma BS 7750 (Britânica), o Sistema Europeu EMAS 
(Eco-Management and Audit Scheme) e a norma internacional ISO 14001, por 
serem específicos ao controle dos procedimentos de uma organização no 
desenvolvimento das suas atividades no âmbito da responsabilidade ambiental. 
Também podem ser citados outros instrumentos conhecidos de gerenciamento 
ambiental, tais como a Produção mais Limpa (P+L), Produção Limpa (PL), ZERI 
(Emissão Zero), Ecologia Industrial e ACV (Análise do Ciclo de Vida). 
 A seguir serão abordados com maior profundidade a ISO 14001, a Ecologia 
Industrial e a Produção mais Limpa, uma vez que são amplamente difundidos no 
meio industrial para o gerenciamento ambiental de processos. 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 Referencial Teórico 41 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
2.4.1 ISO 14001 
 
 A norma ABNT NBR ISO 14001:2004 define Sistema da Gestão Ambiental 
como sendo: 
 
A parte de um sistema da gestão de uma organização que inclui a 
estrutura organizacional, atividades de planejamento, 
responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos, 
utilizada para desenvolver e implementar sua política ambiental e para 
gerenciar seus aspectos ambientais (ABNT, 2004b). 
 
 A implantação desse sistema pode proporcionar às organizações, além de um 
efetivo gerenciamento e melhorias ambientais (minimizando a ocorrência de 
impactos ambientais adversos ao meio ambiente), a garantia aos clientes do 
atendimento às legislações ambientais (REIS e QUEIROS, 2004), podendo trazer 
reflexos econômicos positivos decorrentes de benefícios à sua imagem perante a 
sociedade, eliminação de barreiras comerciais impostas por mercados 
internacionais, maior controle dos processos, entre outros. 
 Os elementos-chave de um SGA baseados na ISO 14001 podem ser 
enumerados conforme segue (REIS e QUEIROZ, 2004, p.26): 
a) Política Ambiental: aborda a política ambiental e os requisitos para atender a esta 
política, através dos objetivos, metas e programas ambientais. 
b) Planejamento: a análise dos aspectos ambientais das organizações, incluindo seus 
processos, produtos e serviços, assim como os bens e serviços usados pela 
organização. 
c) Implementação e Operação: implementação e organização dos processos para 
controlar e melhorar as atividades operacionais que são críticas do ponto de vista 
ambiental. Devem ser considerados os produtos e serviços da organização. 
d) Verificação e Ação Corretiva: verificação e ação corretiva incluindo o 
monitoramento, medição e registro das características e atividades que podem ter 
um impacto significativo no ambiente. 
e) Análise Crítica pela Administração: análise crítica do SGA pela Administração para 
assegurar a contínua adequação e efetividade do sistema. 
f) Melhoria Contínua: o conceito de melhoria contínua é um componente-chave do 
sistema de gestão ambiental, pois através dele a norma ISO 14001 pretende 
estimular a melhoria do desempenho. 
Capítulo 2 Referencial Teórico 42 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 A Figura 10 ilustra os elementos-chave do Sistema de Gestão Ambiental 
baseado na ISO 14001. 
 
 
Figura 10 – Elementos-chave do Sistema de Gestão Ambiental baseado na ISO 14001. 
Fonte: Adaptado CAJAZEIRA, 1998. 
 
Para que um Sistema de Gestão Ambiental seja bem sucedido, além de toda 
estruturação organizacional e normativa já citada, torna-se necessário o uso de 
ferramentas que, ambiental e economicamente, viabilizem a sua mais perfeita 
execução. 
Numa visão holística da Gestão Ambiental, a melhoria contínua de produtos, 
processos ou atividades torna-se mais completa através da integração de 
ferramentas que abranjam os macro e micro-processos de uma organização. 
Nessa linha de raciocínio serão abordados, a seguir, os conceitos de Ecologia 
Industrial e Produção mais Limpa como ferramentas econômico-ambientais 
englobando, de forma conjunta, a referida abrangência. 
 
 
 
 
Capítulo 2 Referencial Teórico 43 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
2.4.2 Ecologia Industrial 
 
 A Ecologia Industrial vem a contribuir com a Gestão Ambiental das 
organizações industriais por alterar a visão sobre o conceito de resíduo, encarando-o 
na verdade como um subproduto, pois na natureza, o “resíduo” do término de um 
ciclo é também a matéria-prima necessária para o início de outro ciclo. 
 A Ecologia Industrial, para Agner (2006), baseia-se numa analogia entre os 
sistemas ecológicos naturais e os sistemas industriais. A aplicação desse conceito 
pode fomentar a sustentabilidade das organizações pelo fato de orientar as 
estratégias empresariais no sentido de promover a integração entre as empresas, 
adotando como modelo os sistemas encontrados no meio ambiente natural. 
 A troca de informações entre as organizações, com o objetivo de reestruturar 
ou criar distritos industriais, tratando de forma mais racional suas matérias-primas e 
subprodutos pode ser, segundo Erkman (1997), uma aplicação imediata do conceito 
de Ecologia Industrial. 
 A filosofia da Ecologia Industrial, portanto, vem a chamar a atenção dos 
gestores industriais para a maneira como os recursos disponíveis são manejados 
pelos sistemas naturais, propondo utilizar esses sistemas como exemplos para as 
indústrias e arranjos produtivos atuais. 
 Conforme o CNTL (2003a), a Ecologia Industrial adota seis princípios que 
podem ser compreendidos como: 
a) Criação de ecossistemas industriais: otimizar o aproveitamento dos 
materiais e da energia, minimizar a geração de resíduos, maximizando sua 
reciclagem ; 
b) Equiparação das entradas e saídas dos processos industriais à capacidade 
natural dos ecossistemas: conhecimento da quantidade de resíduos tóxicos 
que os grandes sistemas naturais podem absorver, para o caso de 
desastresambientais; 
c) Desmaterialização: redução no uso de materiais e energia na produção 
industrial; 
Capítulo 2 Referencial Teórico 44 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
d) Melhoria dos caminhos metabólicos dos processos industriais e no uso de 
materiais: reavaliar os processos industriais buscando redução ou 
simplificação com o objetivo de aproximá-los à eficiência dos processos 
naturais; 
e) Padrões sistemáticos no uso de energia: originar o aumento de um sistema 
de fornecimento de energia que trabalhe como uma parte do ecossistema; 
f) Alinhamento de políticas com a perspectiva de longo prazo da evolução do 
sistema industrial: atuação conjunta das organizações integrando suas 
políticas econômicas e ambientais. 
 Os seis itens apresentados pelo Centro Nacional de Tecnologias Limpas, em 
síntese, evidenciam atitudes de fomento à sustentabilidade industrial pela analogia 
aos sistemas naturais, a exemplo dos recifes de corais, como salienta Agner (2006, 
p.20): 
Os recifes de corais estão entre os mais antigos ecossistemas, com 
somente algumas mudanças nas espécies ao longo dos milênios. Eles 
existem em ambientes relativamente constantes nos mares tropicais. 
Sua alta produtividade é mantida apesar de muitas vezes o ambiente 
ser escasso de recursos. As águas tropicais são límpidas, devido ao 
fato de serem desprovidas de plâncton e nutrientes. Para manter esta 
alta produtividade, os recifes de corais são muito eficientes em captar 
recursos que estejam disponíveis. Para isto reciclam materiais 
escassos dentro do sistema, interceptando a maior quantidade de 
energia solar na sua superfície e transferindo energia muito 
eficazmente dentro do sistema. 
 
 Ao transportar esse conceito para um arranjo produtivo industrial, 
considerando-o como um ecossistema, podem-se obter grandes benefícios através 
da aplicação dos seis princípios da Ecologia Industrial, estabelecendo uma relação 
simbiótica entre as empresas e favorecendo a sustentabilidade de todo o 
ecossistema em questão. Dessa maneira, abrangendo tanto os macro-processos 
(pela promoção do alinhamento de políticas e criação de ecossistemas industriais) 
quanto os micro-processos envolvidos (através do uso racional de materiais e 
energia), portanto, atuando como uma importante ferramenta de apoio à Gestão 
Ambiental das organizações. 
 
Capítulo 2 Referencial Teórico 45 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
2.4.3 Produção mais Limpa (P+L) 
 
 Não necessitando obrigatoriamente da implementação de um Sistema de 
Gestão Ambiental para a aplicação de seus conceitos, a Produção mais Limpa é 
uma ferramenta que contribui de maneira bastante acessível e prática na prevenção 
de impactos negativos ao meio ambiente, por promover o melhor gerenciamento dos 
recursos energéticos e minimizar os resíduos produzidos, podendo gerar lucros com 
as economias alcançadas. 
 A Produção mais Limpa surgiu em 1991, num programa da UNIDO/UNEP, 
como uma abordagem intermediária entre a Produção Limpa do Greenpeace e a 
diminuição de resíduos da Environmental Protection Agency – EPA (CNTL, 2003b). 
 Teve suas origens estimuladas pela Conferência de Estocolmo em 1972, 
conforme Barbieri (2004), pela definição de tecnologia limpa, que consiste em 
disseminar menos poluição ao meio ambiente, gerar menos resíduos e consumir 
menos recursos naturais. 
 De acordo com o Centro Nacional de Tecnologias Limpas – CNTL (2003b), 
Produção mais Limpa constitui o aproveitamento contínuo de uma estratégia 
econômica, ambiental e tecnológica associada aos processos e produtos, a fim de 
aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia através da não 
geração, diminuição ou reciclagem de resíduos gerados em todos os setores 
produtivos. 
 A Produção mais Limpa aplica uma abordagem preventiva na Gestão 
Ambiental, que permite o funcionamento da empresa de modo social e 
ambientalmente responsável, trazendo influência em melhorias econômicas e 
tecnológicas (CNTL, 2001; SILVA FILHO e SICSÚ, 2003), com a intenção de 
maximizar a eficiência na utilização das matérias-primas, água e energia, aplicada a 
serviços e produção e diminuir os riscos para as pessoas e ao meio ambiente 
(CNTL, 2001; SILVA FILHO e SICSÚ, 2003; PIMENTA e GOUVINHAS, 2007). 
 De acordo com CNTL (2002), quando comparada às tecnologias de fim-de-tubo 
(tecnologias estas que, ao invés de adotarem a prevenção, se preocupam em sanar 
os impactos ambientais dos resíduos através do tratamento após sua geração, 
Capítulo 2 Referencial Teórico 46 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
apenas tentando remediar o mal causado), a tecnologia da Produção mais Limpa 
apresenta grandes vantagens, dentre elas: 
a) Redução da quantidade de materiais e energia usados, apresentando 
assim um potencial para soluções econômicas; 
b) A minimização de resíduos, efluentes e emissões; 
c) A responsabilidade pode ser assumida para o processo de produção 
como um todo e os riscos no campo das obrigações ambientais e da 
disposição de resíduos podem ser minimizados. 
 A Produção mais Limpa tem como objetivo fortalecer economicamente a 
indústria através da prevenção da poluição, colaborando com o progresso da 
situação ambiental de determinada região. Explora o processo produtivo e as demais 
atividades de uma empresa e avalia a utilização de materiais e energia. A partir 
disto, são criteriosamente examinados os produtos, as tecnologias e os materiais, 
com a intenção de diminuir os resíduos, as emissões e os efluentes, e descobrir 
modos de reutilizar os resíduos inevitáveis (CNTL, 2002). 
 As definições para Produção mais Limpa apresentadas acima, em síntese, 
apontam para atitudes que proporcionem benefícios sociais e ambientais à região e, 
simultaneamente, para ganhos econômicos e tecnológicos às empresas através da 
maximização da eficiência na utilização de matérias-primas, água e energia, e pela 
não geração ou minimização de resíduos, efluentes e emissões. 
 As maiores barreiras para a sua implantação, de um modo geral, acontecem 
em função da resistência à modificação; da compreensão errônea (ausência de 
informação sobre a técnica e a relevância oferecida ao ambiente natural); da não 
existência de políticas nacionais que ofereçam suporte às atividades de Produção 
mais Limpa; de empecilhos econômicos (alocação indevida dos custos ambientais e 
investimentos) e de empecilhos técnicos (novas tecnologias), afirmam Moura et al. 
(2005). 
 A Produção mais Limpa aborda a minimização de resíduos e emissões (níveis 
1 e 2) e a reutilização de resíduos e emissões (nível 3), conforme apresentado na 
Figura 11. 
Capítulo 2 Referencial Teórico 47 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
 
Figura 11 - Abordagem esquemática da Produção mais Limpa 
Fonte: CNTL, 2002. 
 
 Dentre os 3 níveis da P+L o nível 1 deve ser tomado como objetivo principal, 
mudando-se para os níveis 2 ou 3, respectivamente, apenas quando todas as 
opções do nível anterior forem tecnicamente descartadas (CNTL, 2003a; BECKER, 
2007). 
 O nível 1 da P+L enfoca a redução na fonte englobando as melhorias que 
possam ser alcançadas decorrentes tanto de modificações no processo quanto de 
modificações no produto. 
 As modificações no processo abrangem todo o sistema de produção dentro 
da empresa, são as mais comumente aplicadas em programas de Produção mais 
Limpa e podem ser decorrentes de medidas de boas práticas operacionais, 
substituição de matérias-primas e mudança de tecnologia (CNTL, 2003a): 
a) Boas práticas operacionais (good housekeeping): por envolver menores 
investimentos de capital, normalmente é o primeiro tópico a ser abordado na 
Capítulo 2 Referencial Teórico 48 
 
PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 
busca da melhoria do desempenho dos processos operacionais (CNTL, 
2003A; RAUPP, 2007) com a minimização

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