Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO ALEXANDRE BORGES FAGUNDES MAPEAMENTO DO GERENCIAMENTO DAS AREIAS A VERDE DE FUNDIÇÃO NO ESTADO DO PARANÁ SOB A ÓTICA DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTABELECIMENTO DE ESTRATÉGIAS DISSERTAÇÃO PONTA GROSSA 2010 ALEXANDRE BORGES FAGUNDES MAPEAMENTO DO GERENCIAMENTO DAS AREIAS A VERDE DE FUNDIÇÃO NO ESTADO DO PARANÁ SOB A ÓTICA DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTABELECIMENTO DE ESTRATÉGIAS Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Área de Concentração: Gestão Industrial, da Gerência de Pesquisa e Pós- Graduação, do Campus Ponta Grossa, da UTFPR. Orientador: Prof. Dr. Ivanir Luiz de Oliveira. PONTA GROSSA 2010 Aos meus pais: José Mario (in memorian) e Mariza, exemplos de amor aos filhos e incentivo incondicional aos estudos. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por permitir mais esta conquista em minha vida. À minha família, por todo apoio, carinho e confiança depositada. Ao meu orientador e amigo, professor Dr. Ivanir Luiz de Oliveira, pela oportunidade da realização deste trabalho e principalmente pela orientação e paciência durante a revisão do mesmo. Aos professores doutores Nilson Ribeiro Modro, Jhon Jairo R. Behainne e Joseane Pontes, membros da banca, pela contribuição de suas sugestões. À minha colega de sala e amiga Caroline Rodrigues Vaz, companheira nessa jornada pela busca e difusão do conhecimento. À Renata Régis Florisbelo, pela atenção, colaboração e incentivo a esta pesquisa. Ao Sr. Jurandir Sanches Carmelio, pelas valiosas informações disponibilizadas. À minha namorada, pelo apoio, principalmente pela paciência e compreensão nos períodos em que tive que me ausentar. Ao amigo Délcio Pereira, por sua presença iluminada, sempre transmitindo otimismo e confiança nos momentos de incerteza. Aos profissionais que responderam os questionários, compartilhando seu tempo e seus conhecimentos sobre as areias de fundição. Enfim, a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. “Se você acha que pode ou acha que não pode, de qualquer maneira você está certo.” (Henry Ford) PPGEP – Produção e Manutenção (2010) RESUMO FAGUNDES, Alexandre Borges. Mapeamento do Gerenciamento das Areias a Verde de Fundição no Estado do Paraná sob a Ótica da Produção mais Limpa: uma Contribuição para o Estabelecimento de Estratégias. 2010, 139 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção), Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa, 2010. A questão ambiental vem ocupando espaço cada vez maior no cenário nacional. O crescente aumento no rigor das legislações torna essa temática foco de grande atenção. Nesse ínterim, a indústria da fundição surge como grande recicladora, por utilizar material reciclado como matéria-prima em seus processos, mas ao mesmo tempo apresenta baixo desempenho ambiental, por ser grande consumidora de recursos minerais e também pelos resíduos que gera. Dentre os resíduos gerados, o de areia de fundição se destaca, constituindo-se num dos maiores problemas no tocante ao gerenciamento de resíduos da indústria de fundição. Além do embasamento sobre fundição, a abordagem deste trabalho envolveu aspectos da legislação ambiental, elaboração de normas específicas para as areias de fundição através da ABNT CB-59, conceitos e sistemas de gerenciamento ambiental (ISO 14001, Ecologia Industrial e Produção mais Limpa), buscando analisar o gerenciamento das areias a verde de fundição no Estado do Paraná com vistas ao estabelecimento de futuras estratégias para o setor. Para atingir esse objetivo realizou-se um levantamento do setor de fundição em todo o Paraná e identificaram- se as empresas utilizadoras de areias à verde de fundição; diagnosticou-se, com base na Produção mais Limpa, a atual situação do gerenciamento desses materiais e projetou-se um cenário futuro da utilização da técnica de moldagem por areias a verde. O estudo mostrou que as práticas de gerenciamento das areias a verde englobaram os três níveis de ação da Produção mais Limpa, que o uso desse material continua sendo interessante para as fundições sob o aspecto econômico e que dificilmente será substituído totalmente. Como principais metas das fundidoras foram apontadas a expansão da capacidade produtiva e a melhoria na qualidade dos produtos. Foram identificadas as dificuldades enfrentadas e evidenciados pontos em que há necessidade de investimentos e melhorias envolvendo o nível organizacional e tecnológico das empresas pesquisadas. O estudo também revelou dados conflitantes entre a geração total de areias descartadas de fundição informada pelas empresas e a geração estimada com base nos dados de entrada, deixando dúvidas quanto ao destino de grande parcela desse material. Portanto, a abordagem e os resultados obtidos na pesquisa evidenciaram sua relevância para o setor de fundição no Estado do Paraná, contribuindo para um melhor conhecimento sobre o gerenciamento das areias a verde e dando subsídios ao estabelecimento de futuras estratégias. Palavras-chave: Fundição, Areia a verde, Gestão Ambiental. PPGEP – Produção e Manutenção (2010) ABSTRACT FAGUNDES, Alexandre Borges. Mapping of the Foundry Green Sand Management in the Paraná State from the Cleaner Production perspective: a Contribution to the Establishment of Strategies. 2010, 139 p. Dissertation (Master in Production Engineering), Federal Technological University of Paraná, Campus Ponta Grossa, 2010. The environmental issue has been occupying more space on the national scene. The increasing stringency of the laws makes this thematic focus of great attention. In this context, the foundry appears as a great recycler to use recycled material as raw material in their processes, but at the same time has a low environmental performance because it is a huge consumer of mineral resources and also because of the waste it generates. Among this waste, the foundry sand waste is one of the biggest problems concerning the management of waste from the foundry industry. Beyond the theoretical base on foundry, the approach of this study involved aspects of environmental legislation, development of standards specific to the foundry sand through the ABNT CB-59, concepts and environmental management systems (ISO 14001, Industrial Ecology and Cleaner Production) searching to analyze the foundry green sand management in the state of Paraná, with a view to establishing future strategies for the sector. To achieve this goal we carried out a survey of the foundry sector across the Parana and identified the companies using the foundry green sand, was diagnosed on the basis of Cleaner Production, the current situation of management of these materials and projected a future scenario of using the technique of molding sand green. The study showed that the management practices of the green sands encompassed three levels of action of Cleaner Production, the use of this material is still interesting to the foundries underthe economic aspect and it probably won't be completely replaced. The main goals of the foundries are the expansion of productive capacity and improving product quality. Difficulties have been identified and highlighted the points where there is need for investment and improvements involving organizational and technological levels of companies surveyed. The study also revealed conflicting data between the total generation of discarded foundry sands informed by companies and the estimative based on the input data, leaving it unclear as to the fate of a large part of this material. Therefore, the approach and results of survey showed its relevance to the foundry industry in the State of Paraná, contributing to a better understanding of the green sand management and giving subsidies to the establishment of future strategies. Keywords: Foundry, Green sand, Environmental Management PPGEP – Produção e Manutenção (2010) LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - RANKING DA PRODUÇÃO MUNDIAL DE FUNDIDOS (BASE 2008) ..22 FIGURA 2 - PRODUÇÃO BRASILEIRA DE FUNDIDOS...........................................22 FIGURA 3 - DISTRIBUIÇÃO SETORIAL DA VENDA DE FUNDIDOS NO BRASIL (%) .............................................................................................................................23 FIGURA 4 – EXPORTAÇÃO BRASILEIRA DE FUNDIDOS 1998 - 2008 (EM US$ MILHÕES) .................................................................................................................24 FIGURA 5 - PROJEÇÃO DE DEMANDA DE FUNDIDOS NO BRASIL (2009 – 2013) ....................................................................................................................................24 FIGURA 6 - PROJEÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA E PRODUÇÃO DE FUNDIDOS DO BRASIL (2009 – 2013) ....................................................................25 FIGURA 7 - MÃO-DE-OBRA EMPREGADA NO SETOR DE FUNDIÇÃO BRASILEIRO (1998 – 2008) ......................................................................................26 FIGURA 8 - FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE FUNDIÇÃO COM AS PRINCIPAIS ENTRADAS DE MATÉRIAS-PRIMAS E INSUMOS E SAÍDAS DE RESÍDUOS E EMISSÕES ................................................................................................................28 FIGURA 9 - ESTRUTURA DO COMITÊ BRASILEIRO DE FUNDIÇÃO - ABNT/CB-59 ....................................................................................................................................37 FIGURA 10 – ELEMENTOS-CHAVE DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL BASEADO NA ISO 14001.........................................................................................42 FIGURA 11 - ABORDAGEM ESQUEMÁTICA DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA..........47 FIGURA 12 - PERCENTUAL DE QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS EM RELAÇÃO AO UNIVERSO DE EMPRESAS DE FUNDIÇÃO LEVANTADAS NO ESTADO DO PARANÁ QUE UTILIZAM AREIAS A VERDE............................................................58 FIGURA 13 - PORTE DAS EMPRESAS....................................................................61 FIGURA 14 - ESCOLARIDADE DOS FUNCIONÁRIOS DE ACORDO COM O PORTE DAS EMPRESAS .........................................................................................62 FIGURA 15 - ESCOLARIDADE DOS FUNCIONÁRIOS (CÔMPUTO GERAL) ........63 FIGURA 16 - PERCENTUAL DE FERROS, AÇOS E METAIS NÃO-FERROSOS FUNDIDOS (ANO-BASE 2008) .................................................................................63 FIGURA 17 - DESTINAÇÃO DA PRODUÇÃO DE FUNDIDOS – REGIÕES DO PAÍS (INDICADOR)* ...........................................................................................................64 FIGURA 18 - DESTINAÇÃO DA PRODUÇÃO DE FUNDIDOS – SEGMENTOS (INDICADOR)* ...........................................................................................................65 FIGURA 19 - FATURAMENTO ANUAL DAS EMPRESAS (R$) ...............................65 FIGURA 20 - TIPOS DE FORNOS EMPREGADOS .................................................66 FIGURA 21 - TIPOS DE MOLDAGEM EMPREGADOS ...........................................66 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) FIGURA 22 - PROCESSOS DE MOLDAGEM: DIVISÃO PERCENTUAL DO VOLUME TOTAL DE AREIAS DESTINADOS À MOLDAGEM .................................67 FIGURA 23 - PROCESSOS DE MACHARIA: DIVISÃO PERCENTUAL DO VOLUME TOTAL DE AREIAS DESTINADOS À MACHARIA ...................................................67 FIGURA 24 - POSTURA DAS EMPRESAS FRENTE ÀS CERTIFICAÇÕES TS 16949, ISO 14001 E ISO 9001 ..................................................................................68 FIGURA 25 - ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS DAS EMPRESAS NOS ÚLTIMOS 5 ANOS (INDICADOR)*................................................................................................69 FIGURA 26 - ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS DAS EMPRESAS PARA OS PRÓXIMOS 5 ANOS (INDICADOR)*.........................................................................70 FIGURA 27 - OBJETIVOS DAS EMPRESAS AO INVESTIR EM TECNOLOGIA ....71 FIGURA 28 - DIFICULDADES ENFRENTADAS PELAS EMPRESAS PARA SE DESENVOLVEREM ..................................................................................................71 FIGURA 29 - POSTURA DAS EMPRESAS QUANTO À REALIZAÇÃO DE ENSAIOS LABORATORIAIS NAS AREIAS ...............................................................................77 FIGURA 30 - EQUIPAMENTOS PARA AREIA A VERDE: PERCENTUAL PRESENTE NAS EMPRESAS ..................................................................................78 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) LISTA DE TABELAS TABELA 1 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE AREIAS-BASE ........................31 TABELA 2 – RELAÇÕES ENTRE OS MATERIAIS ADQUIRIDOS PELAS EMPRESAS COMO MATÉRIAS-PRIMAS ................................................................75 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – TRIAGEM DO TOTAL DE EMPRESAS PESQUISADAS ...................55 QUADRO 2 – DISTRIBUIÇÃO DAS QUESTÕES OBJETIVAS DOS QUESTIONÁRIOS EXPLORATÓRIO E COMPLEMENTAR DE ACORDO COM O TIPO DE TABULAÇÃO .............................................................................................60 QUADRO 3 – PERCENTUAIS DE ADF DESTINADOS PELAS EMPRESAS À RECICLAGEM EXTERNA .........................................................................................79 QUADRO 4 – PERCENTUAIS DE ADF DESTINADOS PELAS EMPRESAS PARA DESCARTE FINAL ....................................................................................................80 QUADRO 5 – PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO DE ADF ADOTADAS PELAS EMPRESAS: ENQUADRAMENTO SEGUNDO OS 3 NÍVEIS DA P+L ....................84 QUADRO 6 – INDICADORES EM FUNÇÃO DO NÍVEL DE AÇÃO DAS EMPRESAS PESQUISADAS ...........................................................................................................85 QUADRO 7 – DADOS DA SITUAÇÃO ORGANIZACIONAL DAS EMPRESAS PESQUISADAS ...........................................................................................................89 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABIFA Associação Brasileira de Fundição ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ADF Areias Descartadas de Fundição AFS American Foundry Society BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento CB-01 Comitê Brasileiro de Mineração e Metalurgia CB-59 Comitê Brasileiro de Fundição CE-59 Comissão de Estudos de Areias de Fundição CEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNTL Centro Nacional de Tecnologias Limpas CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente EIA Estudo de Impacto Ambiental EIPPCB European Integrated Pollution Prevention and Control Bureau EPA EnvironmentalProtection Agency FIEP Federação das Indústrias do Estado do Paraná IAP Instituto Ambiental do Paraná IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social ISO International Organization for Standardization NBR Norma Brasileira ONG Organização Não Governamental P+L Produção mais Limpa PCA Pó de Carvão Aditivado RIMA Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos SGA Sistema de Gestão Ambiental SiO2 Dióxido de Silício UNEP United Nations Environment Programme UNIDO United Nations Industrial Development Organization PPGEP – Produção e Manutenção (2010) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................15 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO....................................................................................... 15 1.2 OBJETIVOS.........................................................................................................18 1.2.1 Objetivo Geral................................................................................................... 18 1.2.2 Objetivos Específicos....................................................................................... 18 1.3 JUSTIFICATIVA...................................................................................................18 1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA........................................................................... 19 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO............................................................................ 20 2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 21 2.1 FUNDIÇÃO.......................................................................................................... 21 2.1.1 Fundição no Brasil............................................................................................ 21 2.1.2 O Processo de Fundição.................................................................................. 27 2.1.3 Areias de Fundição........................................................................................... 29 2.1.3.1 Areias a verde..............................................................................................29 2.1.3.2 Areias ligadas quimicamente.........................................................................30 2.1.3.3 Constituintes básicos das areias...................................................................30 2.2 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL...................................................... 33 2.3 NORMAS E REGULAMENTAÇÕES REFERENTES ÀS AREIAS DE FUNDIÇÃO................................................................................................................. 36 2.4 CONCEITOS E SISTEMAS DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL.....................40 2.4.1 ISO 14001.........................................................................................................41 2.4.2 Ecologia Industrial............................................................................................ 43 2.4.3 Produção mais Limpa (P+L)............................................................................. 45 3 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................52 3.1 LOCAL DA PESQUISA........................................................................................52 3.2 EMPRESAS PESQUISADAS.............................................................................. 53 3.3 COLETA DE DADOS...........................................................................................55 3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA......................................................................... 56 3.4.1 Questionário Exploratório................................................................................. 56 3.4.2 Questionário Complementar............................................................................. 57 3.5 REPRESENTATIVIDADE DOS DADOS COLETADOS...................................... 57 3.6 TABULAÇÃO E TRATAMENTOS DE DADOS....................................................59 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................ 61 4.1 ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DAS AREIAS A VERDE DE FUNDIÇÃO NO ESTADO DO PARANÁ...............................................................................................74 4.2 ANÁLISE DA AMOSTRA SOB A ÓTICA DA P+L............................................... 83 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 4.2.1 Situação Organizacional das Empresas........................................................... 88 4.3 PROJEÇÕES E CONSIDERAÇÕES...................................................................90 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 94 5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..................................................96 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 97 APÊNDICE A – TRIAGEM DO LEVANTAMENTO DAS INDÚSTRIAS DE FUNDIÇÃO DO PARANÁ........................................................................................ 106 APÊNDICE B – EMPRESAS QUE POSSUEM PROCESSOS DE FUNDIÇÃO EM SUAS INSTALAÇÕES NO ESTADO DO PARANÁ................................................110 APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO EXPLORATÓRIO.............................................. 112 APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO COMPLEMENTAR............................................ 118 APÊNDICE E – IDENTIFICAÇÃO DE UM CASO DE INICIATIVA DE SUBSTITUIÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS NA FABRICAÇÃO DE AREIAS À VERDE (O CASO DE UMA EMPRESA DE FUNDIÇÃO DA REGIÃO CENTRO- ORIENTAL DO PARANÁ)....................................................................................... 118 ANEXO A – GUIA DAS FUNDIÇÕES – REVISTA FS (EXCERTO REFERENTE AO UNIVERSO DA PESQUISA).................................................................................... 127 ANEXO B – GUIA ABIFA DE FUNDIÇÃO (EXCERTO REFERENTE AO UNIVERSO DA PESQUISA)........................................................................................................129 ANEXO C – ESTADO DO PARANÁ – MESORREGIÕES GEOGRÁFICAS.......... 132 ANEXO D – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO CONSTATADAS PELA PESQUISA EM TODO ESTADO DO PARANÁ............... 133 ANEXO E – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO CONSTATADAS PELA PESQUISA (DETALHE ENVOLVENDO CURITIBA E REGIÃO).................................................................................................................. 134 ANEXO F – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO CONSTATADAS PELA PESQUISA (DETALHE ENVOLVENDO PONTA GROSSA E REGIÃO)............................................................................................................... 135 ANEXO G – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO CONSTATADAS PELA PESQUISA (DETALHE ENVOLVENDO MARINGÁ, LONDRINA E APUCARANA).................................................................................. 136 ANEXO H – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO CONSTATADAS PELA PESQUISA (DETALHE ENVOLVENDO TOLEDO, CASCAVEL, FRANCISCO BELTRÃO E PATO BRANCO)....................................137 ANEXO I – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO CONSTATADAS PELA PESQUISA (DETALHE ENVOLVENDO BANDEIRANTES, CAMBARÁ E JACAREZINHO)............................................................................... 138 ANEXO J – DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS EMPRESAS DE FUNDIÇÃO CONSTATADAS PELA PESQUISA (DETALHE ENVOLVENDO CAMPO MOURÃO, PARANAVAÍ E LOANDA).......................................................................................139 Capítulo 1 Introdução 15 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO O crescente aumento populacional mundial gerou a necessidade de maior quantidade de produtos e maior velocidade em sua manufatura; produtos artesanais de outrora já não satisfaziam mais a demanda, e a industrialização, com o advento da Revolução Industrial, veio a suprir essa necessidade. Os avanços tecnológicos, desde então, vem num crescente desenvolvimento sob a forma de novas máquinas, novos materiais e processos produtivos, chegando a níveis que seriam inimagináveis a até pouco tempo atrás. Os resíduos dos processos industriais que antes eram praticados, por serem em sua maioria de origem natural, não causavam grandes impactos ao ambiente (BIDONE, 1999); já os resíduos dessa nova concepção de produção, com sua vasta gama de formas e composições repercutiram de maneira violenta, em poucas décadas, no equilíbrio ambiental do planeta. Materiais desenvolvidos com foco apenas nas propriedades necessárias à aplicação do produto final e nos processos produtivos que visam tão somente a obtenção do máximo lucro, culminaram em rejeitos de difícil decomposição, alta toxicidade, dentre outras tantas propriedades estranhas à natureza, causando os desdobramentos que se presencia na atualidade: alterações climáticas, desertos que não param de crescer, desequilíbrios nos ecossistemas. Ambientalistas a décadas vêm lutando em prol de atitudes para a reversão desse quadro, dentre elas, podem-se citar a Conferência de Estocolmo (1972), a Assembléia Geral das Nações Unidas (1983), o relatório de Brundtland (1987), a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ECO 92), realizada no Brasil (consagrando o conceito de Desenvolvimento Sustentável: um modelo econômico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico) e a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável realizada em Joanesburgo (2002), na África do Sul, traçando novas diretrizes para o Desenvolvimento Sustentável (aplicar o “pensar globalmente e agir localmente”). Capítulo 1 Introdução 16 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) Atrelados a isso, os governos vêm impondo legislações em benefício ao meio ambiente, específicas para cada área de atuação humana, fiscalizando e punindo os infratores de forma cada vez mais severa. Essa tendência mundial gerou um novo perfil de consumidor que, mais consciente e preocupado com a questão ambiental, agrega valor de estima aos produtos ecologicamente corretos, tornando esse um dos fatores de influência na competitividade entre as empresas. Devido a essa nova realidade as empresas estão vivenciando essa “dicotomia da sustentabilidade”: de um lado, no âmbito ambiental, o dever responsável para com o meio ambiente, em resposta à satisfação dos clientes; de outro lado, no âmbito econômico, as imposições legais e o valor desses procedimentos, que contribuem para aumentar seus custos. O setor de fundição surge nesse ínterim como um grande reciclador, pois utiliza materiais descartados pela sociedade – objetos metálicos já considerados sucata – como matérias primas para a constituição dos seus produtos finais, reintroduzindo esses materiais à cadeia produtiva e, ao mesmo tempo, trazendo benefícios ao meio ambiente pela diminuição da extração de minérios e outros materiais diretamente da natureza, além de poupar a energia que seria empregada nos processos primários de transformação. Apesar disso, o setor de fundição apresenta baixo desempenho ambiental, por ser grande consumidor de recursos minerais (a exemplo das areias-base) e também por seus processos produtivos gerarem grande quantidade de resíduos (vapores, escória, areias descartadas de fundição, materiais particulados, entre outros). Dentre esses resíduos, evidenciam-se como objeto de grande preocupação as Areias Descartadas de Fundição (ADF), pois se apresentam isoladamente como os de maior volume, superando a somatória dos demais (ABIFA, 2008). Como opções a serem consideradas em primeira instância para a destinação desses materiais, avaliando-se o benefício ambiental, podem-se citar os processos de reciclagem interna (recuperação e regeneração) e de reciclagem externa (reutilização). Capítulo 1 Introdução 17 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) No Brasil, aspectos técnicos e legais ainda impedem a plena reutilização desses resíduos como matéria-prima em aplicações fora da indústria de fundição, em contrapartida ao que ocorre nos Estados Unidos e Europa, e a regeneração de areias a verde também encontra barreiras, sobretudo pela aparente inviabilidade econômica, frente aos valores para a aquisição dos equipamentos. Esse contexto contribui para a geração cada vez maior de passivos ambientais, devido ao acúmulo desse material em aterros como opção regulamentada às fundidoras e ao também crescente aumento no rigor das restrições ambientais, que acarretam em custos cada vez maiores para essa prática. Portanto, devido ao expressivo volume de ADF gerado e da influência do cenário até aqui estabelecido, as ADF constituem-se atualmente num dos maiores problemas no tocante ao gerenciamento de resíduos da indústria de fundição. Tomando-se como referência os dados coletados da ABIFA (2009), da produção total de fundidos no Brasil no ano de 2008, observou-se uma média de produção de 82,8% de ferros fundidos (231.424,4 t/mês) e 9,7% para aços (26.984,8 t/mês), restando 7,6% (21.193,4 t/mês) para os materiais não-ferrosos. Dependendo do tipo de peça a ser confeccionada, de acordo com Dantas (2003), a proporção entre metal e areia utilizada nos processos de fundição varia de 0,8 a 1,0. Portanto, considerando o valor médio de 0,9, movimenta-se aproximadamente 250.000 t mensais de areias de fundição para suprir a média nacional de produção de metais. Dentre os processos de fundição, o processo de areia a verde é o mais empregado, principalmente para ferros fundidos tendo, portanto, maior participação nos resíduos gerados pelo setor de fundição (OKIDA, 2006). Em vista disso as areias descartadas de fundição foram eleitas como objeto deste estudo, mais especificamente as areias a verde por sua evidente representatividade. Face a essa realidade, este trabalho buscou diagnosticar, sob a ótica da Produção mais Limpa (P+L), o atual cenário do gerenciamento das areias a verde de fundição no Estado do Paraná e, com base nas informações coletadas, projetar um cenário futuro; com isso buscando responder à pergunta: com relação ao manejo Capítulo 1 Introdução 18 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) das areias a verde de fundição, quais procedimentos estão sendo praticados pelas indústrias de fundição do Estado do Paraná? 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Analisar o gerenciamento das areias a verde de fundição no estado do Paraná com vistas ao estabelecimento de futuras estratégias para o setor. 1.2.2 Objetivos Específicos (i) Realizar um levantamento do setor de fundição no Estado do Paraná e identificar as empresas utilizadoras de areias à verde de fundição; (ii) Diagnosticar a atual situação do gerenciamento das areias à verde no Estado do Paraná, com base na Produção mais Limpa (P+L) e nos seus três níveis de ação; (iii) Projetar um cenário futuro da utilização da técnica de moldagem por areias à verde. 1.3 JUSTIFICATIVA O setor de fundição brasileiro apresenta relevância no cenário internacional (é o 7º produtor mundial de fundidos) e também no cenário industrial nacional, uma vez que o produto fundido é básico na maioria das cadeias produtivas. Destacam-se o setor automotivo e de bens de capital com o consumo de, respectivamente, 55% e Capítulo 1 Introdução 19 PPGEP – Produçãoe Manutenção (2010) 18% de toda a produção nacional de fundidos, que totalizou no ano de 2008 um montante aproximado de 3.355.000 toneladas (CARMELIO et. al, 2009). Geograficamente o setor de fundição está distribuído por todas as regiões do país, porém apresenta maior concentração nas regiões Sudeste e Sul (ASSUNÇÃO et. al, 2007, p.7). A região Sul ocupa o 2ª lugar no ranking da produção nacional de fundidos. O Estado do Paraná apresentou pouca representatividade em relação aos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Segundo a literatura (Estudo Setorial de Fundição 2004-2006), ele participa com apenas 3,5% do total de fundidos na região Sul. No entanto, há carência de informações mais precisas e atualizadas, sendo importante um aprofundamento desse estudo nessa região. O desempenho ambiental das empresas de fundição é uma incógnita. A alarmante estimativa da movimentação de 250.000 t/mês de areias de fundição no Brasil, em sua maior parte constituída por areias a verde, direcionou a presente pesquisa na busca de informações sobre o seu gerenciamento, especificamente no Paraná. Portanto, frente ao exposto, este trabalho se justifica por contribuir para o maior conhecimento do setor de fundição no Estado do Paraná e sobre o desempenho ambiental no trato das areias de fundição, particularmente das areias a verde, orientando sobre um cenário futuro para o gerenciamento desses materiais. 1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA A pesquisa teve como objeto de estudo as areias a verde de fundição e abrangeu, sob a ótica da P+L, o gerenciamento desses materiais por empresas de fundição estabelecidas no Estado do Paraná, elaborando-se um diagnóstico com base nas informações fornecidas pelas empresas através do preenchimento de questionários. Capítulo 1 Introdução 20 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho está estruturado em 5 capítulos. No capítulo 1, a problemática que envolve as ADF é contextualizada, sendo definidos os objetivos e apresentadas a justificativa, a delimitação e estrutura da pesquisa. O capítulo 2 apresenta o referencial teórico do trabalho, envolvendo fundição (sua importância, dados sobre o setor no Brasil, descrição do processo produtivo e dos materiais envolvidos), aspectos da legislação ambiental (Leis Federais e Leis, resoluções e portarias em vigor no Estado do Paraná, além do projeto de Lei sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos), normas e regulamentações referentes às areias descartadas de fundição (classificação das ADF, normas da ABNT, em vigor e em estudo, e regulamentações da CETESB), conceitos e sistemas de gerenciamento ambiental (abordando Gestão Ambiental, ISO 14001, Ecologia Industrial e Produção mais Limpa). No capítulo 3 é feita a descrição do local da pesquisa e são apresentados o método, os instrumentos e procedimentos utilizados a fim de alcançar os objetivos propostos pela presente pesquisa. O capítulo 4 apresenta os resultados da pesquisa e discussões. E no capítulo 5 são apresentadas as conclusões do trabalho e recomendações para trabalhos futuros. Capítulo 2 Referencial Teórico 21 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 FUNDIÇÃO O processo de fundição pode ser considerado o mais versátil dentre os de conformação de metais. Isto ocorre devido à ampla diversidade de propriedades metalúrgicas, formatos e dimensões que podem ser proporcionados às peças fundidas (SIEGEL,1972) podendo, muitas vezes, constituir-se como o método mais simples e econômico, ou até mesmo, como o único método tecnicamente viável para a obtenção de determinada forma sólida (KONDIC, 1973). Haja vista que o produto fundido é básico na maioria das cadeias produtivas (CARMELIO et. al, 2009), tomando como exemplo as indústrias de máquinas e equipamentos, normalmente dependentes de peças advindas do setor de fundição para compor seus produtos, evidencia-se a relevância desse setor para o desenvolvimento industrial de um país (SIEGEL, 1978). 2.1.1 Fundição no Brasil O intenso emprego de mão-de-obra (característica da indústria de fundição) e a auto-suficiência em matérias-primas são fatores que contribuem para que o Brasil tenha independência do mercado externo, gerando um número significativo de empregos diretos e indiretos no país. Dentre as matérias-primas destacam-se a produção de ferro gusa (2º maior produtor mundial), ferroligas e alumínio, exportando, respectivamente 68,7%, 45,3% e 60,8% de toda produção interna (CARMELIO et al., 2009). São aproximadamente 1.400 empresas de fundição (em sua maioria de capital nacional e de pequeno e médio porte), totalizando cerca de 60.000 trabalhadores empregados e um faturamento de 11 bilhões de dólares em 2008. As baixas importações aliadas às representativas exportações contribuem de forma relevante na balança comercial do país (CARMELIO et al., 2009). Capítulo 2 Referencial Teórico 22 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) Essa somatória de fatores reuniu condições que levaram o Brasil a ocupar a sétima posição no ranking mundial de produtores de fundidos (base 2008), conforme mostra a Figura 1. Figura 1 – Ranking da produção mundial de fundidos (base 2008) Fonte: Adaptado American Foundry Society (2009, p.20). A evolução da produção brasileira entre 1998 e 2008, envolvendo peças fundidas em ferro, aço e ligas não-ferrosas está representada na Figura 2. Figura 2: Produção brasileira de fundidos (1998-2008) Fonte: Adaptado Carmelio et. al (2009). Capítulo 2 Referencial Teórico 23 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) O desenvolvimento apontado nos últimos anos deve-se, em grande parte, à crescente participação do setor automotivo (55%) na distribuição setorial de vendas de fundidos do Brasil. A presença de montadoras da Ásia, EUA e Europa, aliada à grande quantidade de veículos em seu território, cerca de 25,6 milhões (décima frota mundial de veículos), movimentam o mercado de fabricantes de componentes automotores e autopeças, além do abastecimento das próprias montadoras de automóveis, caminhões, ônibus e tratores (CARMELIO et al., 2009). A distribuição setorial da venda de fundidos do Brasil está representada na Figura 3. Figura 3 - Distribuição setorial da venda de fundidos no Brasil (%) Fonte: Adaptado Carmelio et. al (2009). Também merecem destaque os segmentos representados pela indústria de bens de capital (18%), refletindo o desenvolvimento da indústria do país como um todo; a indústria de siderurgia (destacando-se no mercado internacional) e a indústria ferroviária, com o aumento de sua participação dentro das exportações do país; cabendo ressaltar que a nacionalização de produtos e a exportação indireta de fundidos (exportação de produtos que contém componentes fundidos) também vem Capítulo 2 Referencial Teórico 24 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) crescendo, principalmente a partir dos anos 2000 (CARMELIO et al., 2009). A Figura 4 representa a evolução das exportações de fundidos do Brasil entre 1998 e 2008. Figura 4 - Exportação brasileira de fundidos 1998-2008 (em US$ milhões) Fonte: Adaptado Carmelio et. al (2009). Fatores econômicos globais como a projeção da demanda de fundidos, capacidade instalada e produção de fundidos do Brasil estão representados nas Figuras 5 e 6. Deve-se observar que os dados referentes ao ano de 2008 são reais, enquanto que os de 2009 a 2013 estão estimados. Figura 5 - Projeção da demanda de fundidos do Brasil (2009-2013). Fonte: Adaptado Carmelio et al. (2009). Capítulo 2 Referencial Teórico 25 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) Figura 6 - Projeção da capacidadeinstalada e produção de fundidos do Brasil (2009-2013) Fonte: Adaptado Carmelio et. al (2009). Quanto à mão-de-obra, o setor de fundição, da mesma forma que outros segmentos, necessitou adequar-se às transformações advindas da globalização dos mercados, buscando o incremento da produtividade através da racionalização de recursos humanos e do aumento da mecanização, como fator para sobrevivência. O reflexo disso pode ser evidenciado através das estatísticas: em 1990 o setor empregava 66 mil trabalhadores, tendo esse valor reduzido a 38 mil em 1998 e, a partir de então, apresentando sinais de recuperação, chegando a 57.011 em dezembro de 2008 (CARMELIO et al., 2009). A Figura 7 apresenta o número de trabalhadores empregados nas fundições de 1998 a 2008. Capítulo 2 Referencial Teórico 26 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) Figura 7 - Mão-de-obra empregada no setor de fundição brasileiro (1998-2008) Fonte: Adaptado Carmelio et. al (2009). Com base nos dados da ABIFA (2009) o ranking da produção regional de fundidos no ano de 2008 apresentou-se da seguinte maneira: - Em primeiro lugar, a região sudeste e centro-oeste, totalizando uma produção de 2.296.834 t (representando 68,5% da produção nacional de fundidos). Destaque para o Estado de São Paulo com a produção de 1.162.353 t (34,6%), a região centro-oeste e Minas Gerais com a produção de 889.722 t (26,5%) e o Estado do Rio de Janeiro com a produção de 244.759 t (7,3%); - Em segundo lugar, a região sul, com uma produção de 941.961 t (representando 28,1% da produção nacional de fundidos); - Em terceiro lugar, a região norte e nordeste, totalizando uma produção de 116.437 t (representando 3,5% da produção nacional de fundidos). Observa-se que a região sul possui representatividade no cenário nacional, ficando atrás apenas da região sudeste na produção de fundidos. Capítulo 2 Referencial Teórico 27 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 2.1.2 O Processo de Fundição O processo de fundição consiste na fusão de um metal que, em estado líquido, é vazado na quantidade necessária para o preenchimento de um molde e que, ao solidificar-se, gera uma peça com o formato desejado (CAMPOS FILHO, 1978). Os moldes são obtidos através da moldagem, geralmente em areia a verde, num processo em que o formato externo do produto que se deseja obter é transferido às areias pela compactação das mesmas sobre um modelo, normalmente bipartido, cada qual numa caixa de fundição (CAMPOS FILHO, 1978; CARNIN, 2008). Os machos, por sua vez, geralmente formados por areia ligada quimicamente, são responsáveis por dar o formato interno do produto fundido que se deseja obter (KONDIC, 1973). Em linhas gerais, depois de feita a moldagem, as duas metades do molde juntam-se (com a inclusão ou não de machos, dependendo da exigência do produto) e o metal líquido é vazado para dentro do molde, preenchendo toda a sua cavidade (CAMPOS FILHO, 1978; KONDIC, 1973). Após a solidificação do metal, todo o material contido nas caixas de fundição é submetido a uma ação vibratória a fim de separar as peças fundidas das areias de fundição (CAMPOS FILHO, 1978; CHEGATTI, 2004); ao término dessa etapa, obtêm-se como resíduo a mistura de areia a verde com areia ligada quimicamente (proveniente da desagregação de machos) (OLIVEIRA, 1998) e materiais particulados (resíduos do metal vazado e também os provenientes das reações decorrentes do próprio processo de fundição) (EIPPCB, 2005). Nesse momento, o material fundido é direcionado para operações de acabamento e a areia de fundição “usada” é manejada segundo as determinações de gerenciamento desse tipo de material por parte da empresa de fundição que estiver sendo considerada. A Figura 8 apresenta um fluxograma do processo de fundição com principais entradas de matérias-primas e insumos e saídas de resíduos e emissões. Capítulo 2 Referencial Teórico 28 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) Figura 8 – Fluxograma do processo de fundição com as principais entradas de matérias- primas e insumos e saídas de resíduos e emissões. Fonte: Adaptado Oliveira, 1998. Capítulo 2 Referencial Teórico 29 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) Para a melhor compreensão das opções para o gerenciamento do resíduo de areia de fundição, é de fundamental importância o prévio conhecimento dos tipos de areia existentes e dos constituintes básicos que as compõem, bem como da sua caracterização depois de submetidos ao processo de fundição, das leis ambientais aplicáveis e das normas específicas para esse resíduo. 2.1.3 Areias de Fundição As areias de fundição são materiais utilizados na confecção de moldes e machos para fundição e podem ser divididas em dois grupos genéricos: as areias a verde e as areias ligadas quimicamente (COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DA ABIFA, 1999; CARNIN, 2008). 2.1.3.1 Areias a verde “Areia a verde” é o nome dado às areias aglomeradas com argila que, após confeccionado o molde, não sofrem nenhum processo de secagem antes do vazamento de metal, são constituídas basicamente por quatro componentes: material refratário (areia), material aglomerante (argila), aditivos e água (SENAI, 1987; COUTINHO NETO, 2004, CARNIN, 2008). A mistura de areia base, bentonita, pó de carvão e água deve garantir à areia de moldagem (areia verde) boas características de trabalhabilidade, maleabilidade, compactabilidade, refratariedade, coesão, expansividade volumétrica, resistência a esforços mecânicos como compressão e tração, permeabilidade e desmoldagem (ARMANGE, 2005). Capítulo 2 Referencial Teórico 30 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 2.1.3.2 Areias ligadas quimicamente As areias ligadas quimicamente são bastante aplicadas na fabricação de machos. São formadas por material refratário (areia), material aglomerante (orgânico, inorgânico ou misto) e aditivos (COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DA ABIFA, 1999; SCHEUNEMANN, 2005). Os sistemas ligantes devem possuir características de incremento às propriedades de vida de banca da mistura (intervalo de tempo compreendido entre a mistura dos componentes da areia e a cura dessa mistura, na forma de machos ou moldes, que permita valores maiores ou iguais a 80% da resistência mecânica que se conseguiria com a imediata moldagem após a mistura). Essas propriedades podem ser afetadas por agentes contaminantes, umidade, temperatura da areia e reatividades inerentes aos próprios ligantes empregados (ADAMOVITS, HORTON, 1998; COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE DA ABIFA, 1999; PEIXOTO, 2003). As fundições empregam um número considerável de resinas orgânicas para a fabricação de machos e moldes, é a química destes sistemas ligantes que dá origem às propriedades de ligação, técnicas de macharia e possibilidades de aplicação; para que essas propriedades sejam alcançadas o ligante empregado deve proporcionar a obtenção de estruturas altamente ligadas em cadeias poliméricas, quando curado (PEIXOTO, 2003). 2.1.3.3 Constituintes básicos das areias Areias-base: a areia-base é o componente presente em maior porcentagem nas areias de fundição, são granulados de origem mineral formados pela fragmentação de rochas devido às intempéries da natureza. A composição química dos grãos varia de acordo com a rocha original, a forma como ocorreu a deposição e as condições climáticas que envolveram todo o processo. O formato dos grãos varia de acordo com o agente causador do processo de fragmentação da rocha, areias de rio, por exemplo, possuem grãos angulares enquanto que as areias de praia, devido Capítulo 2 Referencial Teórico 31 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) ao movimento repetitivo e de grande amplitude que lhes é imposto (bem como as areias de deserto, devidoà ação do vento), possuem grãos mais arredondados (SENAI, 1987; BERNDT, 1989; FERNANDES, 2001). Nos depósitos de areia, a dimensão do grão (que pode variar entre 0,063 a 2,0 mm) e o grau de pureza do material, variam de acordo com a profundidade das camadas. A Sílica é a areia-base mais utilizada nos processos de fundição (seguida da Cromita, Zirconita, Olivina e Chamote). Em maior ou menor proporção, o dióxido de silício (SiO2) é elemento comum à constituição de todas as areias (SENAI, 1987; GIANNINI, 1995; FERNANDES, 2001). A Tabela 1 mostra as principais características de interesse à fundição. Tabela 1 – Principais características de areias-base Fonte: Peixoto, 2003. As propriedades físicas e químicas das areias-base apresentam grande influência nas características e comportamento dos machos e moldes durante o vazamento do metal (EIPPCB, 2005). Capítulo 2 Referencial Teórico 32 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) Aglomerantes / ligantes: são materiais misturados às areias-base com o propósito de garantir a mantenabilidade da forma dos machos e das cavidades dos moldes durante o processo de fundição (REINERT, 1996). No caso das areias para fundição aglomeradas com argila, a argila é o agente responsável por ligar entre si os grãos de areias-base. Perfazendo um total que gira em torno de 10% da mistura, apresenta suas propriedades coesivas na presença de água. São constituídas por minerais onde cada partícula possui comprimento máximo de aproximadamente 2 mícrons e espessura da ordem de alguns angströns (um angströn equivale a 10-8 cm) (SENAI, 1987). No caso das areias ligadas quimicamente, os aglomerantes utilizados podem ser: Orgânicos: a exemplo das resinas furânicas, fenólicas e uretânicas (SCHEUNEMANN, 2005). São materiais constituídos por moléculas complexas de alto peso molecular, formadas por reação, por um número de moléculas simples de mesmo ou diferente tipo, sob condições controladas de temperatura e pressão (MORLEY, 1983 apud PEIXOTO, 2003). Inorgânicos: tais como a sílica de sódio e o cimento portland, são constituídos por água e minerais, formados por um átomo que se combina com um ou mais elementos (SCHEUNEMANN, 2005). Mistos: resultam da união dos compostos orgânicos com os inorgânicos. São utilizadas misturas químicas como resinas fenólicas e alcalinas (SCHEUNEMANN, 2005). Aditivos: são produtos adicionados à mistura das areias com o propósito de lhes conferir melhores propriedades. Podem ser de dois tipos: orgânicos e inorgânicos. Dentre os aditivos orgânicos podem-se destacar os carbonáceos (pó de carvão mineral, piche e produtos afins), celulósicos (pó de madeira) e amiláceos e dextrinas (produtos a base de amido). Os aditivos inorgânicos constituem-se de pós de materiais naturais ou sintéticos, sendo os mais comuns o óxido de ferro e o pó de sílica (SENAI, 1987). Os aditivos utilizados para areias ligadas quimicamente são em geral aditivos inorgânicos como, por exemplo, o óxido de ferro (SCHEUNEMANN, 2005). Capítulo 2 Referencial Teórico 33 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 2.2 ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL As empresas de fundição têm aumentado seu interesse pelo cumprimento das legislações ambientais devido à crescente competitividade do mercado, em que se faz necessário o esclarecimento do atendimento das responsabilidades ambientais perante clientes, fornecedores, órgãos ambientais, sociedade, investidores e ONGs (CASTRO, 2001). Podem-se citar, na esfera federal, as seguintes leis envolvendo a temática: Lei Federal nº 6.938/81 (regulamentada pelo decreto 99.274/90): “dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências” (BRASIL, 1981). Essa lei serviu como base para a exigência do EIA/RIMA (instrumentos para avaliação do impacto ambiental) pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (Resolução nº 1/1986) como parte integrante do processo de licenciamento ambiental para determinadas atividades (CONAMA, 2006). Lei Federal nº 9.605/98: “dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências” (BRASIL, 1998). Conhecida como Lei de Crimes Ambientais, através dessa lei pode-se responsabilizar administrativa, civil e penalmente pessoas físicas ou jurídicas, autoras ou co-autoras de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. Na esfera estadual, focando o Estado do Paraná, podem-se citar as seguintes leis, resoluções e portarias envolvendo a temática: Lei Estadual nº 13.806/02: “dispõe sobre as atividades pertinentes ao controle da poluição atmosférica, padrões e gestão da qualidade do ar, conforme especifica e adota outras providências” (BRASIL, 2002). Essa lei profere determinações a serem praticadas atendendo às disposições da legislação federal pertinente. Lei Estadual nº 13.448/02: “dispõe sobre Auditoria Ambiental Compulsória e adota outras providências” (BRASIL, 2002a). Essa lei profere determinações que visam verificar requisitos ambientais das atividades de empreendimentos no Estado Capítulo 2 Referencial Teórico 34 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) (avaliação das condições de manutenção e operação dos equipamentos e sistemas de controle da poluição, verificação do cumprimento das normas ambientais vigentes, entre outros). Resolução CEMA nº 050/05: estabelece diretrizes para o Estado do Paraná quanto aos procedimentos a serem adotados com relação a determinados tipos de resíduos sólidos oriundos de outros Estados da Federação e/ou de outros países (CEMA, 2005). Resolução SEMA nº 054/06: estabelece critérios para controle da qualidade do ar (SEMA, 2006). Dentre eles, no artigo 27, observa-se a determinação de padrões de emissão para Fundição de Metais. Portaria IAP nº 224/07: “estabelece os critérios para exigência e emissão de Autorizações Ambientais para as Atividades de Gerenciamento de Resíduos Sólidos” (IAP, 2007). Envolve os procedimentos de transporte, armazenamento, tratamento e disposição final de resíduos sólidos no Estado. Resolução CEMA nº 065/08: “dispõe sobre o licenciamento ambiental, estabelece critérios e procedimentos a serem adotados para as atividades poluidoras, degradadoras e/ou modificadoras do meio ambiente e adota outras providências” (CEMA, 2008). Estabelece requisitos, conceitos, critérios, diretrizes e procedimentos administrativos referentes ao licenciamento ambiental. Ainda envolvendo a temática, cabe salientar um trabalho de grande relevância que tramita atualmente na esfera federal: Subemenda Substitutiva Global de Plenário ao Projeto de Lei nº 203, de 1991, e seus apensos (engloba os projetos de Lei nº 203/91 e nº 1991/07): “esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do Poder Público, e aos instrumentos econômicos aplicáveis” (PNRS, 2009). Como principais medidas, proíbe a disposição de resíduos em quaisquer corpos hídricos (praias, mares, lagos, etc.) ou in natura a céu aberto e institui a responsabilidade compartilhada, de forma individualizada e encadeada, entre todos Capítulo 2 Referencial Teórico 35 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) os envolvidos no ciclo de vida dos produtos (pessoas físicas e jurídicas, fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos). Destaque para a responsabilidade atribuída ao gerador de resíduos, que envolve desde o armazenamento, transporte e tratamento,até a destinação final ambientalmente adequada de seus resíduos e execução de medidas mitigatórias em caso de dano, obrigando-se a ressarcir o Poder Público por gastos decorrentes de ações para minimizar ou cessar um eventual dano causado. Há de se enfatizar que atividades lesivas ao meio ambiente, inclusive as acarretadas pela inobservância aos preceitos desta Lei ou de seu regulamento, estarão sujeitas a sanções conforme a Lei de Crimes Ambientais (DI AGUSTINI, VENDRAMETTO, 2009; GRAMACHO, 2009; GUSMÃO, 2009; PNRS, 2009). Adicionalmente, esse Projeto de Lei também estabelece que os governos estaduais e municipais criem programas para lidar com os resíduos em seus territórios, visando a Gestão integrada desses resíduos também com outras localidades. Por meio de incentivos fiscais e tributários, estimula a criação de empresas exclusivamente recicladoras e promove a aplicação de tecnologias saudáveis pelos fabricantes para o desenvolvimento de produtos seguros, além de fomentar a utilização dos procedimentos mais adequados à destinação final dos resíduos gerados na produção dos mesmos (DI AGUSTINI, VENDRAMETTO, 2009; GRAMACHO, 2009; GUSMÃO, 2009; PNRS, 2009). Frente ao exposto, pode-se observar na legislação brasileira a crescente preocupação com a melhoria da qualidade ambiental. A continuidade de esforços nesse sentido deve contribuir para uma abordagem cada vez mais abrangente do tema, vindo a preencher a atual lacuna quanto a legislações que considerem características mais específicas relativas a cada tipo de resíduo. Para que isso seja possível é indispensável o prévio estudo desses resíduos e a criação de normas e regulamentações que venham a embasar essas determinações legais. Capítulo 2 Referencial Teórico 36 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 2.3 NORMAS E REGULAMENTAÇÕES REFERENTES ÀS AREIAS DE FUNDIÇÃO Os resíduos sólidos são definidos pela ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004a) como sendo os resíduos que se encontram no estado sólido ou semi-sólido, resultantes de atividades de cunho industrial, doméstico, hospitalar, comercial e agrícola, bem como, de serviços e de varrição. Esses resíduos são classificados como perigosos quando suas características proporcionam riscos à saúde dos seres humanos ou acarretam riscos ao meio ambiente quando gerenciados de forma imprópria. No Brasil, seguem as seguintes normas, procedimentos e métodos de ensaios: NBR 10.004 - Resíduos Sólidos – Classificação: Classe I (perigosos), Classe II- A (não inertes) e Classe II-B (inertes); NBR 10.005 - Lixiviação de Resíduos – Procedimentos; NBR 10.006 - Solubilização de Resíduos Sólidos – Métodos de ensaios; NBR 10.007 - Amostragem de Resíduos – Procedimentos. Dentro dessa classificação, os excedentes de areias de fundição enquadram- se geralmente nas classes I e II-A, devido à presença de ligantes químicos e metais (COMISSÃO DO MEIO AMBIENTE DA ABIFA, 1999). Em virtude da problemática evidente acerca do trato e disposição dos excedentes de areias de fundição e da falta de legislação específica para o setor, foi criada em setembro de 2007 junto à Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (único foro de normalização do país), o Comitê Brasileiro de Fundição ABNT/CB-59, tendo como âmbito de atuação a “normalização no campo da fundição compreendendo fundição de ferro, de aço e de não ferrosos, insumos, matéria- prima, resíduos no que concerne a terminologia, requisitos, métodos de ensaio e generalidades” (ABNT, 2008). A necessidade de um organismo de normalização exclusivo para o setor de fundição motivou sua criação, pois até então, fazia parte do CB-01 Mineração e Metalurgia, atualmente em recesso (ABIFA, 2008a). Capítulo 2 Referencial Teórico 37 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) Concomitantemente a isso, também foi criada a Comissão de Estudos de Areias de Fundição ABNT/CE-59 com a responsabilidade da confecção e revisão das normas, tendo sua primeira reunião realizada em 21 de fevereiro de 2008. Formada por representantes da sociedade que de diferentes formas estão envolvidos no assunto (produtores, consumidores, universidades, entre outros), a comissão visa gerar as normas considerando a opinião de todos, favorecendo o consenso entre as partes (ABIFA, 2008a). A Figura 9 mostra a forma como está estruturado o Comitê Brasileiro de Fundição. Figura 9 – Estrutura do Comitê Brasileiro de Fundição – ABNT/CB-59 Fonte: ABIFA, 2009a. (*) Em estudo para instalação No âmbito dos Resíduos de Fundição (59:001) foi instalada a Comissão de Estudos Resíduos de Fundição ADF (59:001.01), tendo como escopo a “normalização referente aos resíduos de fundição no que concerne a tratamento, utilização, reaproveitamento, armazenamento e transporte” (ABIFA, 2009a), que gerou inicialmente dois projetos de estudo sobre as areias descartadas de fundição (ABIFA, 2008a). Capítulo 2 Referencial Teórico 38 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) O primeiro deles, sob o número 59:001.01-001, após elaborado pela comissão de estudos, circulou em Consulta Nacional no período de 13 de janeiro a 13 de março de 2009, vindo a entrar em vigor como norma em 05 de junho de 2009 sob a denominação ABNT NBR 15702:2009, tendo como escopo o estabelecimento de “diretrizes para aplicação de areias descartadas de fundição como matéria-prima em concreto asfáltico e cobertura diária em aterro sanitário” (ABNT, 2009). Concreto asfáltico é um material que “pode ser empregado como revestimento, camada de ligação (binder), base, regularização ou reforço do pavimento” (DNIT, 2004, p.3) e pode ser definido como: Mistura executada a quente, em usina apropriada com características específicas composta de agregado graduado, material de enchimento, se necessário, e cimento asfáltico, espalhada e compactada a quente (ABNT, 2009, p.2). Cobertura diária em aterro sanitário é a “camada de material empregada na cobertura dos resíduos dispostos no aterro sanitário, ao final da jornada de trabalho, ou caso necessário, em outros intervalos, para cumprimento das funções previstas em projeto” (ABNT, 2009, p.2). E aterro sanitário, por sua vez, pode ser definido como: Local tecnicamente apropriado para armazenamento de resíduo doméstico, em áreas preparadas com critérios de engenharia e normas operacionais específicas para disposição final de resíduos sólidos, permitindo a confinação segura em termos de controle da poluição ambiental e proteção à saúde pública (ABNT, 2009, p.2). A norma ABNT NBR 15702:2009 define as condições a serem obedecidas (classificação do resíduo, concentrações máximas de alguns elementos químicos em ensaios determinados, obtenção de autorizações ambientais junto aos órgãos competentes, entre outras), as documentações a serem geradas e os procedimentos a serem executados por todos os envolvidos: geradores (utilizadores de areias em seus processos de fundição), gestores (responsáveis por receber, beneficiar ou não, Capítulo 2 Referencial Teórico 39 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) e dar destinação de reciclagem ou reutilização às ADF) e usuários (responsáveis por receber, reciclar ou reutilizar as ADF) (ABNT, 2009). O segundo projeto, sob o número 59:001.01-002, intitulado “Areia descartada de fundição – Central de processamento, armazenamento e destinação – CPAD” encontra-se em andamento (ABIFA, 2009a). O trabalho está sendo realizado no sentido de “estabelecer as diretrizes para a construção e operação de áreas destinadas ao processamento das areias descartadas de fundição” (ABIFA, 2009c), envolvendo considerações referentes ao projeto, construção e operação do empreendimento para abrigar os procedimentos de recebimento, processamento, armazenamento e destinação das areias descartadasde fundição para fins de reuso, reciclagem ou disposição final. Cabe também citar que no estado de São Paulo há uma regulamentação sobre as regras para gerenciamento de Areias descartadas de Fundição, bem como, a análise de projetos de reutilização em asfalto e artefatos de concreto (ABIFA, 2008b) através da Decisão de Diretoria da CETESB Nº152/2007/C/E publicada em agosto de 2007 – Procedimentos para Gerenciamento de Areia de Fundição (CARNIN, 2008; ABIFA, 2009b). Observa-se que as normas e regulamentações abordadas apresentam como fator comum a busca de formas de gerenciamento que sejam adequadas ao resíduo de areia de fundição. Trabalhos nesse sentido configuram elementos de grande interesse e de fundamental importância para o gerenciamento ambiental das organizações geradoras desses resíduos. Portanto, o prévio conhecimento sobre sistemas de gerenciamento ambiental e de alguns conceitos envolvendo a temática far-se-ão necessários para embasar o entendimento do teor das análises apresentadas na presente pesquisa. Capítulo 2 Referencial Teórico 40 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 2.4 CONCEITOS E SISTEMAS DE GERENCIAMENTO AMBIENTAL Gerenciamento Ambiental pode ser entendido como o conjunto das ações relacionadas ao acesso e uso dos recursos naturais (BRAGA, 2002) tendo por finalidade minimizar a geração de resíduos, maximizar a produtividade e reduzir os custos (RIBEIRO, 1999). Modelos de Gestão Ambiental, portanto, devem estar atentos não só “[...] aos possíveis impactos ambientais negativos causados ao meio ambiente e à sociedade, mas também à repercussão econômico-financeira que os mesmos podem representar para a empresa e para a sociedade, como um todo” (REIS e QUEIROZ, 2004). Para estruturar e organizar a Gestão Ambiental das organizações de forma sistêmica torna-se necessário implementar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). São alguns modelos de SGA utilizados no mundo: o Responsible Care (desenvolvido no Canadá), a Norma BS 7750 (Britânica), o Sistema Europeu EMAS (Eco-Management and Audit Scheme) e a norma internacional ISO 14001, por serem específicos ao controle dos procedimentos de uma organização no desenvolvimento das suas atividades no âmbito da responsabilidade ambiental. Também podem ser citados outros instrumentos conhecidos de gerenciamento ambiental, tais como a Produção mais Limpa (P+L), Produção Limpa (PL), ZERI (Emissão Zero), Ecologia Industrial e ACV (Análise do Ciclo de Vida). A seguir serão abordados com maior profundidade a ISO 14001, a Ecologia Industrial e a Produção mais Limpa, uma vez que são amplamente difundidos no meio industrial para o gerenciamento ambiental de processos. Capítulo 2 Referencial Teórico 41 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 2.4.1 ISO 14001 A norma ABNT NBR ISO 14001:2004 define Sistema da Gestão Ambiental como sendo: A parte de um sistema da gestão de uma organização que inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos, utilizada para desenvolver e implementar sua política ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais (ABNT, 2004b). A implantação desse sistema pode proporcionar às organizações, além de um efetivo gerenciamento e melhorias ambientais (minimizando a ocorrência de impactos ambientais adversos ao meio ambiente), a garantia aos clientes do atendimento às legislações ambientais (REIS e QUEIROS, 2004), podendo trazer reflexos econômicos positivos decorrentes de benefícios à sua imagem perante a sociedade, eliminação de barreiras comerciais impostas por mercados internacionais, maior controle dos processos, entre outros. Os elementos-chave de um SGA baseados na ISO 14001 podem ser enumerados conforme segue (REIS e QUEIROZ, 2004, p.26): a) Política Ambiental: aborda a política ambiental e os requisitos para atender a esta política, através dos objetivos, metas e programas ambientais. b) Planejamento: a análise dos aspectos ambientais das organizações, incluindo seus processos, produtos e serviços, assim como os bens e serviços usados pela organização. c) Implementação e Operação: implementação e organização dos processos para controlar e melhorar as atividades operacionais que são críticas do ponto de vista ambiental. Devem ser considerados os produtos e serviços da organização. d) Verificação e Ação Corretiva: verificação e ação corretiva incluindo o monitoramento, medição e registro das características e atividades que podem ter um impacto significativo no ambiente. e) Análise Crítica pela Administração: análise crítica do SGA pela Administração para assegurar a contínua adequação e efetividade do sistema. f) Melhoria Contínua: o conceito de melhoria contínua é um componente-chave do sistema de gestão ambiental, pois através dele a norma ISO 14001 pretende estimular a melhoria do desempenho. Capítulo 2 Referencial Teórico 42 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) A Figura 10 ilustra os elementos-chave do Sistema de Gestão Ambiental baseado na ISO 14001. Figura 10 – Elementos-chave do Sistema de Gestão Ambiental baseado na ISO 14001. Fonte: Adaptado CAJAZEIRA, 1998. Para que um Sistema de Gestão Ambiental seja bem sucedido, além de toda estruturação organizacional e normativa já citada, torna-se necessário o uso de ferramentas que, ambiental e economicamente, viabilizem a sua mais perfeita execução. Numa visão holística da Gestão Ambiental, a melhoria contínua de produtos, processos ou atividades torna-se mais completa através da integração de ferramentas que abranjam os macro e micro-processos de uma organização. Nessa linha de raciocínio serão abordados, a seguir, os conceitos de Ecologia Industrial e Produção mais Limpa como ferramentas econômico-ambientais englobando, de forma conjunta, a referida abrangência. Capítulo 2 Referencial Teórico 43 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 2.4.2 Ecologia Industrial A Ecologia Industrial vem a contribuir com a Gestão Ambiental das organizações industriais por alterar a visão sobre o conceito de resíduo, encarando-o na verdade como um subproduto, pois na natureza, o “resíduo” do término de um ciclo é também a matéria-prima necessária para o início de outro ciclo. A Ecologia Industrial, para Agner (2006), baseia-se numa analogia entre os sistemas ecológicos naturais e os sistemas industriais. A aplicação desse conceito pode fomentar a sustentabilidade das organizações pelo fato de orientar as estratégias empresariais no sentido de promover a integração entre as empresas, adotando como modelo os sistemas encontrados no meio ambiente natural. A troca de informações entre as organizações, com o objetivo de reestruturar ou criar distritos industriais, tratando de forma mais racional suas matérias-primas e subprodutos pode ser, segundo Erkman (1997), uma aplicação imediata do conceito de Ecologia Industrial. A filosofia da Ecologia Industrial, portanto, vem a chamar a atenção dos gestores industriais para a maneira como os recursos disponíveis são manejados pelos sistemas naturais, propondo utilizar esses sistemas como exemplos para as indústrias e arranjos produtivos atuais. Conforme o CNTL (2003a), a Ecologia Industrial adota seis princípios que podem ser compreendidos como: a) Criação de ecossistemas industriais: otimizar o aproveitamento dos materiais e da energia, minimizar a geração de resíduos, maximizando sua reciclagem ; b) Equiparação das entradas e saídas dos processos industriais à capacidade natural dos ecossistemas: conhecimento da quantidade de resíduos tóxicos que os grandes sistemas naturais podem absorver, para o caso de desastresambientais; c) Desmaterialização: redução no uso de materiais e energia na produção industrial; Capítulo 2 Referencial Teórico 44 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) d) Melhoria dos caminhos metabólicos dos processos industriais e no uso de materiais: reavaliar os processos industriais buscando redução ou simplificação com o objetivo de aproximá-los à eficiência dos processos naturais; e) Padrões sistemáticos no uso de energia: originar o aumento de um sistema de fornecimento de energia que trabalhe como uma parte do ecossistema; f) Alinhamento de políticas com a perspectiva de longo prazo da evolução do sistema industrial: atuação conjunta das organizações integrando suas políticas econômicas e ambientais. Os seis itens apresentados pelo Centro Nacional de Tecnologias Limpas, em síntese, evidenciam atitudes de fomento à sustentabilidade industrial pela analogia aos sistemas naturais, a exemplo dos recifes de corais, como salienta Agner (2006, p.20): Os recifes de corais estão entre os mais antigos ecossistemas, com somente algumas mudanças nas espécies ao longo dos milênios. Eles existem em ambientes relativamente constantes nos mares tropicais. Sua alta produtividade é mantida apesar de muitas vezes o ambiente ser escasso de recursos. As águas tropicais são límpidas, devido ao fato de serem desprovidas de plâncton e nutrientes. Para manter esta alta produtividade, os recifes de corais são muito eficientes em captar recursos que estejam disponíveis. Para isto reciclam materiais escassos dentro do sistema, interceptando a maior quantidade de energia solar na sua superfície e transferindo energia muito eficazmente dentro do sistema. Ao transportar esse conceito para um arranjo produtivo industrial, considerando-o como um ecossistema, podem-se obter grandes benefícios através da aplicação dos seis princípios da Ecologia Industrial, estabelecendo uma relação simbiótica entre as empresas e favorecendo a sustentabilidade de todo o ecossistema em questão. Dessa maneira, abrangendo tanto os macro-processos (pela promoção do alinhamento de políticas e criação de ecossistemas industriais) quanto os micro-processos envolvidos (através do uso racional de materiais e energia), portanto, atuando como uma importante ferramenta de apoio à Gestão Ambiental das organizações. Capítulo 2 Referencial Teórico 45 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) 2.4.3 Produção mais Limpa (P+L) Não necessitando obrigatoriamente da implementação de um Sistema de Gestão Ambiental para a aplicação de seus conceitos, a Produção mais Limpa é uma ferramenta que contribui de maneira bastante acessível e prática na prevenção de impactos negativos ao meio ambiente, por promover o melhor gerenciamento dos recursos energéticos e minimizar os resíduos produzidos, podendo gerar lucros com as economias alcançadas. A Produção mais Limpa surgiu em 1991, num programa da UNIDO/UNEP, como uma abordagem intermediária entre a Produção Limpa do Greenpeace e a diminuição de resíduos da Environmental Protection Agency – EPA (CNTL, 2003b). Teve suas origens estimuladas pela Conferência de Estocolmo em 1972, conforme Barbieri (2004), pela definição de tecnologia limpa, que consiste em disseminar menos poluição ao meio ambiente, gerar menos resíduos e consumir menos recursos naturais. De acordo com o Centro Nacional de Tecnologias Limpas – CNTL (2003b), Produção mais Limpa constitui o aproveitamento contínuo de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica associada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia através da não geração, diminuição ou reciclagem de resíduos gerados em todos os setores produtivos. A Produção mais Limpa aplica uma abordagem preventiva na Gestão Ambiental, que permite o funcionamento da empresa de modo social e ambientalmente responsável, trazendo influência em melhorias econômicas e tecnológicas (CNTL, 2001; SILVA FILHO e SICSÚ, 2003), com a intenção de maximizar a eficiência na utilização das matérias-primas, água e energia, aplicada a serviços e produção e diminuir os riscos para as pessoas e ao meio ambiente (CNTL, 2001; SILVA FILHO e SICSÚ, 2003; PIMENTA e GOUVINHAS, 2007). De acordo com CNTL (2002), quando comparada às tecnologias de fim-de-tubo (tecnologias estas que, ao invés de adotarem a prevenção, se preocupam em sanar os impactos ambientais dos resíduos através do tratamento após sua geração, Capítulo 2 Referencial Teórico 46 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) apenas tentando remediar o mal causado), a tecnologia da Produção mais Limpa apresenta grandes vantagens, dentre elas: a) Redução da quantidade de materiais e energia usados, apresentando assim um potencial para soluções econômicas; b) A minimização de resíduos, efluentes e emissões; c) A responsabilidade pode ser assumida para o processo de produção como um todo e os riscos no campo das obrigações ambientais e da disposição de resíduos podem ser minimizados. A Produção mais Limpa tem como objetivo fortalecer economicamente a indústria através da prevenção da poluição, colaborando com o progresso da situação ambiental de determinada região. Explora o processo produtivo e as demais atividades de uma empresa e avalia a utilização de materiais e energia. A partir disto, são criteriosamente examinados os produtos, as tecnologias e os materiais, com a intenção de diminuir os resíduos, as emissões e os efluentes, e descobrir modos de reutilizar os resíduos inevitáveis (CNTL, 2002). As definições para Produção mais Limpa apresentadas acima, em síntese, apontam para atitudes que proporcionem benefícios sociais e ambientais à região e, simultaneamente, para ganhos econômicos e tecnológicos às empresas através da maximização da eficiência na utilização de matérias-primas, água e energia, e pela não geração ou minimização de resíduos, efluentes e emissões. As maiores barreiras para a sua implantação, de um modo geral, acontecem em função da resistência à modificação; da compreensão errônea (ausência de informação sobre a técnica e a relevância oferecida ao ambiente natural); da não existência de políticas nacionais que ofereçam suporte às atividades de Produção mais Limpa; de empecilhos econômicos (alocação indevida dos custos ambientais e investimentos) e de empecilhos técnicos (novas tecnologias), afirmam Moura et al. (2005). A Produção mais Limpa aborda a minimização de resíduos e emissões (níveis 1 e 2) e a reutilização de resíduos e emissões (nível 3), conforme apresentado na Figura 11. Capítulo 2 Referencial Teórico 47 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) Figura 11 - Abordagem esquemática da Produção mais Limpa Fonte: CNTL, 2002. Dentre os 3 níveis da P+L o nível 1 deve ser tomado como objetivo principal, mudando-se para os níveis 2 ou 3, respectivamente, apenas quando todas as opções do nível anterior forem tecnicamente descartadas (CNTL, 2003a; BECKER, 2007). O nível 1 da P+L enfoca a redução na fonte englobando as melhorias que possam ser alcançadas decorrentes tanto de modificações no processo quanto de modificações no produto. As modificações no processo abrangem todo o sistema de produção dentro da empresa, são as mais comumente aplicadas em programas de Produção mais Limpa e podem ser decorrentes de medidas de boas práticas operacionais, substituição de matérias-primas e mudança de tecnologia (CNTL, 2003a): a) Boas práticas operacionais (good housekeeping): por envolver menores investimentos de capital, normalmente é o primeiro tópico a ser abordado na Capítulo 2 Referencial Teórico 48 PPGEP – Produção e Manutenção (2010) busca da melhoria do desempenho dos processos operacionais (CNTL, 2003A; RAUPP, 2007) com a minimização
Compartilhar