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FPG – FACULDADE DE PRAIA GRANDE 	 
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
Curso: DIREITO
Período: 2° sem (DIR2A) 
Professor: MÁXIMO SILVA
Disciplina: DIREITO CIVIL II 
Alunos
 Rubens Scarpelli Milanese Fernandes R.A. 3-001117
 Luiz Felipe Santos da Silva R.A. 3-001280
 Ana Carolina Pereira Silva Medaglia Moura R.A 3-001199
Praia Grande, 2017
				 
SUMÁRIO
	1. INTRODUÇÃO
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	2. NEGOCIO INEXISTENTE
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	03
	2.1 Conceito
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	03
	3. INVALIDADE
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	03
	3.1. Nulidade e Anulabilidade
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	03
	3.1.1. Nulidade Absoluta
	........................................................................
	07
	3.1.2. Anulabilidade
	..............................................................................
	08
	4. TEORIA DA CONVERSÃO
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	10
	4.1. Conversão do Ato Nulo
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	10
	5. TEORIA DA SIMULAÇÃO
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	12
	5.1. Simulação
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	5.1.1. Simulação Relativa ou Absoluta
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	12
	5.1.2. Efeitos da Simulação
	....................................................................
	13
	6. CONCLUSÃO
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	15
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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	16
INTRODUÇÃO
Nessa pesquisa conceituarei a invalidade do negócio jurídico que abrange o ato nulo e anulável. Assim com a sua inexistência há também uma análise sobre o instituto da simulação, que sofreu importantes alterações com o advento do Código Civil de 2002 tratando como referência as descrições que constam nos artigos 166 a 184 do Código Civil Brasileiro.
Descreverei seus elementos com suas respectivas classificações, citarei exemplos de situações reais e possíveis, dando uma explicação concreta e objetiva para melhor identificação e entendimento dos assuntos em questão. Mas antes devemos diferenciar a invalidade do negocio jurídico a da inexistência.
NEGOCIO INEXISTENTE
Conceito 
É falta de algum elemento estrutural do negocio jurídico, como por exemplo, quando não houver manifestação ou declaração de vontade. Segundo o próprio legislador é um simples fato inidôneo a produção de consequências jurídicas, outro exemplo fático é a compra de um imóvel no qual o preço não havia sido fixado, ou seja, existe o objeto e o consentimento, porém há a falta de um elemento essencial, portanto juridicamente esse ato simplesmente não se configura, ou seja, não carece ser declarada a sua invalidade por decisão judicial já que o ato nunca chegou a existir. Porem alguns doutrinadores, como Maria Helena Diniz, Silvio Rodrigues, Flávio Tartuce, entre outros, colocam como efeitos da inexistência os mesmos provenientes da invalidade, na forma da nulidade absoluta.
Segundo o Dr. Antônio Junqueira de Azevedo em seu livro Negócio jurídico: existência, validade e eficácia 4ª edição atual Tiragem. São Paulo: Saraiva 2010. Vai dizer que ocorrendo à falta de um dos elementos essenciais não há o negócio jurídico. É possível que haja um ato jurídico stricto sensu ou um fato jurídico, mas não um negócio. É justamente isso que se chama “negócio inexistente”
O negócio inexistente não se projeta ao plano da validade, pois nem existe; é apenas uma aparência de negócio. 
INVALIDADE 
3.1. Nulidade e Anulabilidade
A invalidade do negócio jurídico tratada nos artigos 166 a 184 do Código Civil é um gênero que comporta a nulidade e a anulabilidade do contrato. Irei apresentar algumas diferenças entre elas. 
Em primeiro lugar, a nulidade atinge interesse público, ao passo que a anulabilidade ofende interesse meramente particular. Além disso, a nulidade pode ser suscitada por qualquer interessado, pelo Ministério Público e deve ser reconhecida de ofício pelo juiz como consta no artigo 168 do Código Civil. O reconhecimento de ofício pelo juiz é exceção ao princípio da inércia da tutela jurisdicional, que se justifica pelo interesse público. 
Há algumas exceções, como o casamento artigos 1.562 e 1.563 do Código Civil, que exige a propositura de ação própria para reconhecimento de nulidade, e a Súmula nº 381 do Superior Tribunal de Justiça – STJ, que impede o reconhecimento de ofício da abusividade de cláusula em contrato bancário posição muito criticada na doutrina. 
 	Por outro lado fazendo referencia ao Art.177 do Código Civil que diz a anulabilidade não tem efeito antes de julgado por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade. 
Além disso, a nulidade não é passível de ratificação art. 169cc. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo, ao contrário do que ocorre com a anulabilidade art. 172cc. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.
Em regra, a nulidade produz efeitos ex. tunc. Mas, é possível que a partir de um negócio nulo, surjam novas situações fáticas jurídicas. Não se trata da situação jurídica acordada entre as partes, mas sim de outras situações. Como exemplo, pode-se afirmar que a compra e venda nula não gera a transferência de propriedade, mas gera a transferência da posse, logo dá início ao prazo da usucapião. 
Segundo a jurista Maria Helena Diniz já no campo da anulabilidade entende que ela produz efeito ex nunc. Art. 177 do Código Civil. No entanto em uma corrente mais moderna da doutrina como a do Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald afirma que a anulabilidade, assim como a nulidade, produz efeitos ex. tunc. O embasamento legislativo seria o art. 182 do código Civil que diz. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituía-las, serão indenizadas com o equivalente.	
Assim, se um sujeito realiza pagamentos mensais por força de coação, a sentença de anulabilidade com efeitos ex. nunc confirmaria os pagamentos até então realizados. Por isso, a produção de efeitos ex. tunc confere maior proteção à livre manifestação de vontade. Apesar de mais moderno, esse entendimento pode ser mitigado pelo princípio da vedação ao enriquecimento sem causa. Se, no caso concreto (como num contrato de locação), ficar comprovado que, de alguma forma, o sujeito se beneficiou com as prestações, a anulabilidade gerará efeitos ex. nunc.
Por fim, a nulidade pode ser reconhecida a qualquer tempo como trata a 2ª parte, do Código Civil do Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo esta é a chamada “imprescritibilidade do ato nulo”.
O Código Civil de 1916, omisso, gerava controvérsia. Havia o entendimento predominante na época no sentido de que a nulidade prescrevia em vinte anos prazo residual de prescrição, já que a prescrição assim como a nulidade também é tema de ordem pública. O Código Civil de 2002 adotou a corrente minoritária à época do código anterior, prevendo a sua imprescritibilidade. Por conta disso, há entendimento doutrinário no sentido de que o reconhecimentoda nulidade é imprescritível, mas os reflexos patrimoniais decorrentes da nulidade prescrevem. Assim, se o sujeito pleiteia a nulidade de contrato cumulado com perdas e danos, as perdas e danos prescrevem. Esse entendimento tende a ser dominante na jurisprudência, de forma a preservar a mínima segurança jurídica nas relações privadas. Num paralelo com o direito público, se a própria administração Pública, que goza de diversas prerrogativas, possui prazo de cinco anos para anular atos que gerem legítima expectativa em terceiros, é razoável que se imponha prazo prescricional a atos praticados por particulares.
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR Magistrado do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais e professor titular na Faculdade de Direito da UFMG irá nos dizer que se o contrato já se exauriu (pretensões patrimoniais prescritas), falta interesse processual ao autor para pleitear o reconhecimento da prescrição.	
Em relação à anulabilidade, há prazos previstos em lei para suscitá-la. Para as causas de anulabilidade previstas no Código Civil Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 	
I – Por capacidade relativa do adente;
II – Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Como previsto no Art.178 prazo decadencial para anular esse defeito no negócio jurídico é de 04 anos, contado:
I – no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II – no erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III – no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Porém, o legislador pode prever causas específicas de anulabilidade em outros dispositivos legais. Nesses casos, se não houver previsão específica de prazo, aplica-se o prazo residual de dois anos como previsto no Art. 179 do Código Civil. 
São exemplos de causas de anulabilidade com aplicação do prazo residual os Artigos 117 e 496 do código Civil sendo que no Art.496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido.
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória. 
Quanto à venda de ascendente a descendente Art. 496cc, o Código Civil de 1916 não definia claramente se o ato era nulo ou anulável. Então, como forma consolidar o entendimento em vigor, o Supremo Tribunal Federal (STF) editou a Súmula nº 494, prevendo o prazo prescricional de vinte anos, o que demonstrava que a hipótese era de nulidade (na época, predominava o entendimento de que a nulidade prescrevia em vinte anos). A súmula ainda está formalmente em vigor, mas esse entendimento foi definitivamente afastado com o Código Civil de 2002, que claramente afirma que a hipótese é de anulabilidade. 
3.1.1. Nulidade Absoluta 	
Nulidade é a sanção, imposta pela norma jurídica, que determina a privação dos efeitos jurídicos do ato negocial praticado em desobediência ao que prescreve.
O capítulo V do código civil prevê diversas hipóteses de nulidade absoluta no 
Art.166. É nulo o negócio jurídico quando:
I – celebrado por pessoas absolutamente incapaz;
II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV – não revestir a forma prescrita em lei; 
V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a validade;
VI – tiver por objeto fraudar lei imperativa;
VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 
Com a declaração da nulidade absoluta do negócio jurídico, este não produzirá qualquer efeito por ofender princípios de ordem pública, por estar inquinado por vícios essenciais. De modo que um negócio nulo é como se nunca tivesse existido desde sua formação.
Ementa: Apelação cível. Embargos à execução. Declinação de competência. Não estando a matéria sob litígio dentro da competência das câmaras integrantes do quarto grupo cível, merece ser o recurso redistribuído. Por maioria, entenderam a câmara competente. Apelação cível. Embargos à execução. Ato nulo que não se convalida pelo tempo. O ato nulo, consistente no julgamento de pedido que extrapola a competência do pretor, determinada pelo artigo 87 do COJE, não é ratificável e não se convalida diante do silêncio das partes ou do decurso do tempo, não se aplicando sob o ato os institutos da prescrição, preclusão ou decadência. Apelo provido. (Apelação Cível Nº 70010306074, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Carlos Stangler Pereira, Julgado em 30/12/2004)	
3.1.2. Anulabilidade
As causas gerais de anulabilidade estão previstas no art. 171 do Código Civil: incapacidade relativa e defeitos dos negócios jurídicos. É válido ressaltar que, no caso da fraude contra credores, há autores que entendem que se trata de ineficácia relativa, e não anulabilidade. A anulabilidade é ratificável. A ratificação pode ser expressa como constam nos artigos 172, 173 e 176 do Código Civil ou tácita. A ratificação tácita extrai-se da conduta do agente. Há duas possíveis manifestações de ratificação tácita. Uma delas é a não invocação da anulabilidade no prazo decadencial previsto em lei nos artigos 178 e 179 do próprio código civil que provoca a convalidação do ato anulável. A outra é o cumprimento da prestação pelo devedor, mesmo depois de ciente do vício Art. 174cc. A expressão “livre do vício” seria mais apropriada do que “ciente do vício”, utilizada no dispositivo legal. Isso porque o sujeito que efetua pagamentos mensais sob coação, está ciente do vício e, justamente por isso, realiza os pagamentos. Para que haja ratificação tácita, o adimplemento não precisa ser substancial. Basta o início do cumprimento da prestação. Essa regra é inspirada no instituto do venire contra factum proprium como foi vista em sala de aula ministrada pelo professor Pedro Kubhi. No entanto, é essencial, advertir que a ratificação tácita não resulta do venire. Ela resulta de regra legal. Só é possível afirmar que uma solução jurídica baseia-se no venire contra factum proprium se não houver regra legal específica que trate do tema, como no caso de ruptura abrupta das tratativas contratuais, que, por força de lei, não geram efeitos vinculantes. 
O texto legal prevê a ratificação tácita apenas no caso de cumprimento da prestação pelo devedor. Mas, toda conduta do devedor incompatível com a vontade de anular o negócio gera a ratificação tácita. Nesses casos em que não há previsão legal expressa, a solução jurídica é obtida por meio da analogia com a regra legal e baseada no venire contra factum proprium. Esta hipótese pode ser ilustrada pela alienação do bem pelo devedor a terceiro ou pelo pedido de prorrogação de prazo pelo devedor.
Esse entendimento e defendido por diversos autores incluindo o renomado jurista Pontes de Miranda.
Em relação à forma a ser seguida, para a corrente levemente predominante Orlando Gomes, Francisco Amaral, Zeno Veloso e Miguel Maria de Serpa Lopes, a ratificação deve seguir a mesma forma do negócio praticado. Como a ratificação produz efeitos ex. tunc, convalidando o ato desde a origem, ela deve respeitar a forma do negócio praticado. 
Os Juristas Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda e Humberto Theodoro Júnior discordam, sob o argumento de que, se a ratificação tácita é admissível, não faz sentido exigir a mesma forma do negócio jurídico. Seria uma excrescência admitir a ratificação tácita não há instrumento, mas exigir um instrumento público para a ratificação expressa. Além disso, a ratificação é um negócio jurídico distinto a ratificação de compra e venda, por exemplo, é um negócio jurídico unilateral. A ratificação não atinge direito de terceiro previsto no Art. 172cc.
Exemplo usado pela doutrina é, se uma pessoa relativamente incapaz, sem assistência, celebra um negócio jurídico com Jose Serra o contrato é anulável e, posteriormente, a mesmapessoa relativamente incapaz, dessa vez devidamente assistida, celebra um contrato com Rubens Milanese, envolvendo o mesmo objeto, não é cabível a ratificação do negócio anulável celebrado com Jose Serra, pois ele atentaria com a legítima expectativa de Rubens. O terceiro no caso, Rubens é juridicamente interessado em alegar a anulabilidade do negócio jurídico anterior para evitar uma eventual ratificação. Logo, nesses casos, o terceiro é legitimado para propor ação de anulabilidade Art. 177 do Código Civil. (Como efeito da função social do contrato), assunto também tratado em sala de aula ministrada pelo professor Pedro Kurbhi. O contrato passa a produzir efeitos externos (Enunciado nº21 do Conselho de justiça Federal). Há uma evidente revisão do princípio da relatividade dos contratos. Dessa maneira, a função social do contrato pode mitigar a aplicação do Art. 172cc. O direito do terceiro de postular a anulabilidade do negócio jurídico não é absoluto. Se o terceiro sabia do vício, o terceiro deixa de ter legítima expectativa. Como previsto no Art. 183cc. Que diz: a invalidade do instrumento não induza a invalidade do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio. Essa regra só se aplica se o negócio possuir forma ad probationem tantum. Se a forma for ad solenitatem, a invalidade do instrumento induz a invalidade do negócio jurídico, com exceção na hipótese de conversão. 
Por fim, vale registrar que o Art. 184 do Código Civil trata do instituto da redução, que é fruto da expressão utile per inutile non vitiatur. A diferença da redução para a conversão é que, na redução, há mera limitação interpretativa sem que ocorra mudança na qualificação jurídica ou na forma para quem admite a conversão formal. Em comum, ambos os institutos se inspiram no princípio da conservação dos atos e dos negócios jurídicos.
Ementa: Processual civil. Cerceamento de defesa. Indeferimento da inicial. Oportunidade de regularização. Necessidade. Lesão. Inexperiência. Débito de terceiro. Extinção. Anulabilidade. 1. Não é possível o indeferimento da petição inicial sem antes ser oportunizada emenda, nos termos do art. 321 do CPC . 2. É causa de anulabilidade do negócio jurídico o erro substancial sobre o objeto do contrato. in casu, a pensionista celebrou, sob influência do gerente bancário, contrato de crédito na instituição financeira em que receberia a pensão para quitar dívidas de seu falecido marido que sequer existiam. 3. O induzimento de cliente a assumir responsabilidade pela quitação de crédito de terceiro, mormente quando este não subsiste, constitui ilícito com dano à personalidade. 4. Recurso conhecido e provido.
 TEORIA DA CONVERSÃO 
4.1. Conversão do Ato Nulo
A conversão do ato nulo baseia-se no princípio da conservação dos negócios jurídicos. Apesar da redação confusa do dispositivo legal, a primeira premissa da conversão é que haja a celebração de um negócio nulo. A segunda premissa é haja compatibilidade de vontades. 
Como previsto no Art.170cc. Se, Porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam às partes permitir supor que o teriam querido se houvessem previsto a nulidade.
O juiz não pode converter de ofício, mas a conversa o independe de acordo de vontades. Se o acordo de vontades fosse requisito, não haveria utilidade na conversão do ato nulo, já que bastaria que as partes pactuassem um novo acordo. Exemplo prático mais comum é a compra e venda de imóvel. Quando realizada por instrumento particular, ela é nula por vício de forma. Mas, o compromisso de compra e venda admite o instrumento particular Art. 1.417 do Código Civil. A vontade de vender/comprar é compatível com a vontade de prometer vender/prometer comprar. Outro exemplo é a renúncia antecipada da prescrição, que é nula Art. 191 do Código Civil. Contudo, quem renuncia à prescrição reconhece o direito do credor. Logo, é possível convertê-la em causa interruptiva de prescrição Art. 202, VI, do Código Civil. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: VI – por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
O jurista Humberto Theodoro Júnior vai nos dar como exemplo: o penhor nulo pode ser convertido em direito de retenção. Parte-se da premissa de que o penhor típico pressupõe a entrega do bem ao credor. Se o penhor for nulo, ele se desconstitui, mas remanesce o direito de retenção por parte do credor.
 Tal exemplo é bastante criticável, por outros doutrinadores porque o direito de retenção não se presume, por ser resquício de autotutela. 
A conversão pode ser formal ou material, naquela altera-se apenas a forma. É o caso do testamento público nulo convertido em testamento particular. Porem o Dr. Leonardo Mattietto, e outros juristas defende que esta espécie de conversão não é conversão propriamente dita, já que não há mudança na qualificação jurídica, mudança ocorre apenas na forma. Por sua vez, a conversão material resulta na mudança na qualificação jurídica do negócio. Trata-se da conversão propriamente dita. Aquele que deu causa à nulidade não pode alegá-la, sobretudo por vício de forma. Esta é a chamada inalegabilidade de forma ou inalegabilidade dos vícios formais, o que é justificado pela boa-fé objetiva, especificamente na tuquoque.
O fato é que a questão não é muito debatida na doutrina brasileira, já que, no Brasil, o vício de forma gera nulidade absoluta como vimos no artigo 166, IV, do Código Civil, que deve ser reconhecida de ofício pelo juiz.
TEORIA DA SIMULAÇÃO 
 5.1. Simulação
A simulação caracteriza um negócio nulo. Ela consiste numa declaração enganosa de vontade, em conluio com o declaratório, com objetivo de enganar terceiro, ocasião em que ocorre um negócio meramente aparente. Há uma situação de mera aparência negocial. O conluio é chamado de pactum simulationis, prevista no Art. 167cc. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
Na definição do jurista Clóvis Beviláqua, “trata-se de uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado.” Venosa define como sendo a prática de ato ou negócio que esconde a real intenção.	
5.1.1. Simulação Relativa ou Absoluta
Segundo o jurista Carlos Roberto Gonçalves, “A doutrina distingue as seguintes espécies de simulação: absoluta e a relativa”.
 	O acordo simulatório pode regular que a vontade das partes, ao convencionarem o negócio jurídico aparente, era não produzir com o ato simulado nenhum efeito jurídico, ou produzir efeitos diferentes dos efeitos típicos do negócio determinado. Pode-se distinguir a simulação, conforme esses efeitos regulados no acordo simulatório, em simulação absoluta e simulação relativa.
 Na simulação absoluta, a declaração aparente de vontade não visa a produzir qualquer efeito jurídico. Através do acordo simulatório, as partes convencionam um negócio jurídico aparente, mas que também não desejam produzir qualquer efeito com esse ato.
 	As partes procuram transmitir a terceiros uma situação enganosa de que teriam convencionado determinado negócio jurídico aparente, mas na realidade não quiseram, de comum acordo, produzir qualquer resultado. Há a mera aparência, pois as partes não desejam produzir nenhum efeito jurídico com o negócio que se apresenta a terceiros.
 	Na simulação relativa, por outro lado, visa-se com o negócio simulado produzir efeitos diferentes dos típicos do negócio. O negócio aparente, na simulação relativa, "não passa de um meio de realização do ato dissimulado, ou realmente querido”.  A simulação relativa difere da simulação absoluta, pois as partes têm a intenção de gerar efeitos jurídicos, de produzir com o negócio jurídico aparente um resultado. 
Os efeitos buscados pelas partes, contudo, não são os efeitos normalmente gerados pelo negócio aparente. O resultado buscado é o da relação jurídica dissimulada, a qual fica encobertapelo negócio jurídico aparente.
. 
5.1.2. Efeitos da Simulação	
Simulação no Código Civil de 1916 era caracterizada como vício social e tida tradicionalmente, de maneira correlata aos vícios de vontade, tais como o erro, o dolo e a coação, como causa de anulabilidade do negócio jurídico, desde que praticada com a intenção de prejudicar terceiros, ou de burlar a lei. Como pode-se depreender do exposto, os efeitos da simulação variavam conforme a espécie de simulação tratada.
 	Na simulação absoluta, o negócio jurídico era tido como inexistente, pois o intuito das partes era criar uma mera aparência de negócio jurídico, não resultando nenhum efeito jurídico. A caracterização de sua inexistência decorria da interpretação a contrario sensu do artigo 81 do antigo Código civil de 1916, que determinava que "todo o ato lícito, que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos, se denomina ato jurídico".
 	Nesse sentido, o negócio jurídico aparente ato jurídico, na dicção do antigo Código Civil, como destinado pelas partes a não promover qualquer efeito jurídico entre si, não possui o elemento de fato necessário à sua concepção, qual seja a vontade das partes de se vincularem, sendo considerado como inexistente.
Para o jurista Orlando Gomes que define ato inexistente para quem “somente dois requisitos gerais podem ser considerados elementos de fato que, falando inteiramente, não permitem sua formação esse elementos são: a vontade e o objeto quando falte, pois um desses dois elementos, negócio jurídico não se forma. Uma vez que é juridicamente inexistente, desnecessário declarar sua invalidade, visto que não pode produzir qualquer consequência jurídica “Não se convalida, não se converte em outro negócio válido, não pode ter eficácia como putativo" .
 	Não poderia um terceiro eventualmente prejudicado por confiar na aparência do negócio absolutamente simulado alegar a existência deste para pleitear direitos, mas simplesmente fundamentar pedido indenizatório no Art.159cc, que estabelecia que todo "aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano".
 	Na simulação relativa inocente, as partes estabelecem um negócio jurídico aparente para encobrir uma relação jurídica dissimulada. Esta simulação, apesar de visar enganar a coletividade, como pressuposto da própria figura da simulação, não objetiva causar prejuízo a terceiro ou violar norma legal não sendo, portanto causa de anulabilidade do negócio jurídico, que permaneceria válido. Com relação a esta, dispunha o artigo 103 do Código Civil de 1916 que "a simulação não se considerará defeito em qualquer dos casos do artigo antecedente, quando não houver intenção de prejudicar a terceiros, ou de violar disposição de lei".
 	Para o jurista Pontes de Miranda a regra adviria do Art.525 do Esboço de Teixeira de Freitas que determinava que "se a simulação for relativa e também não tiver havido intenção de prejudicar a terceiro, ou de violar disposição de lei, os atos não valerão com o caráter aparente que tiverem, mas com o seu caráter verdadeiro, se como tais pudessem valer". Para o autor, o negócio jurídico aparente é inexistente. O ato simulado é como regra fática, e não jurídico, "somente se puder sobrevir prejuízo à terceiro, ou violação à lei, o sistema jurídico fara o entrar no mundo jurídico" 	.
CONCLUSÃO 
Conforme apresentado ao longo deste trabalho, a nulidade e a anulabilidade possuem algumas particularidades que merecem certa atenção dos operadores do direito, em razão da grande repercussão prática que possuem no cotidiano jurídico. Apesar de constituírem institutos civilistas centenários, a nulidade e a anulabilidade mantém sua relevância até os dias atuais, o que se comprova pelas divergentes correntes de pensamento que se formaram em torno dos assuntos mais sensíveis a respeito do tema. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HTTPS://www.jusbrasil.com.br/topicos/2195127/ementa
TARTUCE, FLÁVIO Manual de Direito Civil - Volume único - 7ª Ed. 2017.
AZEVEDO, JUNQUEIRA. Negócio jurídico. Existência, Validade e Eficácia 4ª Ed. São Paulo: Saraiva 2010.
DINIZ, MARIA HELENA. Curso de direito civil brasileiro. Teoria geral do direito civil. 24. Ed. São Paulo: Saraiva 2007. V. 1
PONTES DE MIRANDA, FRANCISCO CAVALCANTI. Tratado de direito privado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1972. T. LVI. 
MATTIETTO, LEONARDO. A representação voluntária e o negócio jurídico da procuração. Revista Trimestral de Direito Civil, 2000. V. 4. 
GOMES, ORLANDO. Obrigações. 16. Ed. atual. Por EDVALDO BRITO. Rio de Janeiro: Forense, 2004. 
RODRIGUES, SILVIO. Dos Contratos e das Declarações Unilaterais da Vontade Volume 3 28ª Edição.

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