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Pré-Socráticos e a Cosmologia

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FILOSOFIA
Os pré-socráticos 
São chamados físicos por buscarem encontrar e compreender o principio constituído do universo.
Dedicavam-se a um conjunto de indagações principais: por que e como as coisas existem? O que é o mundo? Qual a origem da natureza e quais as causas de sua transformação? 
Ocupavam-se com a origem e a ordem do mundo, o kosmo – cosmologia – filosofia nascente –tornou-se ontologia –conhecimento ou saber sobre o ser.
Não tinham uma preocupação principal com o conhecimento enquanto conhecimento – não indagavam se podemos ou não conhecer o Ser.
Partiam do pressuposto de que o podemos conhecer, pois a verdade, sendo aletheia - presença e manifestação das coisas para os nossos sentidos e para os nossos pensamentos.
Não se preocupavam com nossa capacidade e possibilidade de conhecimento (não é exata).
Principais filósofos pré-socráticos
Escola Jônica
Tales de Mileto
Anaximenes de Mileto
Anaximandro de Mileto
Heráclito de Efeso
Escola Itálica
Pitágora de Samos
Filolau de Crotona
Arquitas de Terento
Escola Eleata
Parmênides de Eleata
Zenão de Eleata
Escola de Pluralidade
Epedocles de Agrigento
Anaxágoras de Clazômena
Leucipo de Abdera
Demócrito de Abdera
Principais características da Cosmologia
Explicação racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação da Natureza – explica a origem e as mudanças dos seres humanos.
Afirma que não existe criação do mundo, isto é, nega que o mundo tenha surgido do nada (nada vem do nada ou volta para o nada) – Na natureza tudo se transforma em outra coisa, sem jamais desaparecer.
O fundo eterno, perene, imortal, de onde tudo nasce e para onde tudo volta é invisível para os olhos do corpo, mas visível aos olhos do espírito.
O fundo eterno, perene imortal e imperceptível onde tudo brota e para onde tudo retorna - Elemento primordial da natureza phisis – natureza eterna e perene da transformação.
Afirma que todos os seres além de serem gerados e serem mortais, são seres de continua transformação, mudando de qualidade e quantidade – o mundo está numa mudança continua, sem por isso perder sua forma, sua ordem e sua estabilidade (movimento). A natureza é mobilidade permanente - Devir – movimento do mundo.
Devir – passagem continua de uma coisa ao seu estado contrario – passagem não é caótica – obedece leis determinada pela phisis ou pelo princípio fundamental do mundo.
Thales de Mileto
Primeiro a formular um pensamento mais sistemático fundado em bases racionais.
Inaugurou na filosofia a corrente de pensadores “físicos” - buscavam entender e explicar a origem da phisis.
Segundo Thales, a origem das coisas estava no elemento água.
Grande mérito: pela primeira vez na história, o homem buscava uma explicação totalmente racional para seu mundo, deixando de lado a interferência dos deuses.
Pai da filosofia unitarista – busca explicação de todas as coisas a partir de um único princípio. Seu maior expoente: Heráclito de Eféso.
Heráclito
Conhecido como “pai da dialética” – abordava a questão do devir – o vir a ser, as mutações.
Avesso à vida em sociedade de natureza triste e arrogante – era chamado de obscuro.
Expressou com intensidade a questão de singularidade, constante do homem em vista de diversidade e mutação dos objetos efêmeros.
Comprovou a realidade do “logos” – lei geral que governa todos os eventos da natureza privada – alicerce de ordem universal, uma harmonia constituída por oposições internas.
De sua produção filosófica restaram os aforismos – sentenças que revelam uma regra ou um princípio de longo alcance – escrito em um estilo próprio dos oráculos. 
Segundo Heráclito, o fluxo permanente define a harmonia universal: tudo se move nada se fixa na imutabilidade. 
Tudo é movido pela dialética, à tensão e o revezamento dos opostos. O real é sempre fruto da mudança – o combate entre os contrários. A dialética pode ser exterior – raciocínio de dentro para fora- e iminente objeto – quando se atende à observação atenta.
Desse conflito entre os opostos nasce a concórdia, a harmonia, permitindo que o ser seja uno e ao mesmo tempo mergulhe nas mutações do contexto que o envolve.
Os contrários ocupam perfeitamente o mesmo espaço simultaneamente. Arché – uma origem de tudo que há.
Parmenides 
Primeiro pensador a discutir questões relativas ao Ser – poema Sobre a Natureza – conhecimento verdadeiro e universal – para chegar ao conhecimento é necessário o desvencilhamento dos sentidos - o verdadeiro não pode ser percebido pelo campo sensorial e sim pensado, inteligido pela razão.
O Eleata apresenta dois caminhos: a via da verdade e a via da opinião. Do segundo caminho é necessário se afastar – caminho do não ser, do nada, do que não existe, do inominável, do impensado e do indizível. 
O não ser – campo sensorial – traz o ilusório, o que não existe, a percepção – é o campo da doxa – a opinião é o não ser, o nada.
A alethéia – o Ser verdadeiro – uno, indivisível, imutável, intemporal.
O ser é pensado – se ele é pensado, existe.
O ser e o não ser não é.
	HERÁCLITO
	PARMENIDES
	Mudança
	Permanência
	Aparência
	Essência (ser)
	Mutável
	Imutável
	Pluralidade
	Singularidade
	Sofistas – verdades relativas
	Sócrates/Platão/Antropólogos – universal,lei, natureza
 Os sofistas
Primeiros filósofos do período socrático.
Sofistas mais importantes:
Protágoras de Abdera;
Górgias de Leontini;
Isócrates de Atenas.
Diziam que os ensinamentos dos filósofos cosmologistas estavam repletos de erros e contradições e que não tinham utilidade para a vida da polis. 
Apresentavam-se como mestres da oratória ou retórica – arte da persuasão – ensinavam os jovens a defender a opinião ou posição. 
Diante da pluralidade e do antagonismo das filosofias anteriores ou conflito entre várias ontologias, concluíram que não se pode conhecer o ser, mas pode ter opiniões subjetivas sobre a realidade. Os homens devem valer-se de outro instrumento - a linguagem , para persuadir os outros de suas próprias ideias e opiniões. A verdade é uma questão de opinião e de persuasão e a linguagem é mais importante do que a percepção e o pensamento.
Sócrates rebelou-se contra os sofistas, dizendo que não eram filósofos, pois não tinham amor pela sabedoria, nem respeito pela verdade, defendendo qualquer ideia, se isso fosse vantajoso. Corrompiam o espírito dos jovens, pois faziam o erro e a mentira valer tanto quanto a verdade. 
O Mito da Caverna de Platão
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam. Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda luminosidade possível é a que reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse osprisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria. Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros os que viram e tentaria libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo. Mas, quem sabe, alguns poderiam ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidissem sair da caverna rumo à realidade. O que é a caverna? O mundo em que vivemos. Que são as sombras das estatuetas? As coisas materiais e sensoriais que percebemos. Quem é o prisioneiro que se liberta e sai da caverna? O filósofo. O que é a luz exterior do sol? A luz da verdade. O que é o mundo exterior? O mundo das ideias verdadeiras ou da verdadeira realidade. Qual o instrumento que liberta o filósofo e com o qual ele deseja libertar os outros prisioneiros? A dialética. O que é a visão do mundo real iluminado? A Filosofia. Por que os prisioneiros zombam, espancam e matam o filósofo (Platão está se referindo à condenação de Sócrates à morte pela assembleia ateniense)? Porque imaginam que o mundo sensível é o mundo real e o único verdadeiro.
Filosofia e Ética
Senso moral: sentimentos e ações
Piedade, indignação, responsabilidade, solidariedade.
Emoções fortes: Medo, orgulho, ambição, vaidade, covardia, vergonha, remorso, culpa.
Sentimento e admiração: honestidade, honradez, espírito de justiça, altruísmo, grandeza e dignidade. 
Ideias: justiça/ injustiça; certo/errado.
Consciência moral: dúvidas quanto à decisão tomar
Justificar decisões
Assumir as consequências
Avaliação de conduta para decidir
Agir em conformidade e responder perante os outros
Senso moral e consciência moral 
Referem-se a valores - Justiça, honradez, espírito de sacrifício, integridade, generosidade. (bom/bem; bom/mau; bem/mal) dor, sofrimento≠felicidade (desejo de afastar a dor e sofrimento e de alcançar a felicidade).
Sentimentos provocados pelos valores – admiração, vergonha, culpa remorso, contentamento, cólera, amor, dúvida, medo.
Decisões que conduzem a ações com consequências para nós e para os outros
Dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões e ações referidas ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade.
Pressuposto – liberdade do agente – existência intersubjetiva
Intersubjetividade - Reunião de ideias subjetivas (individuais) em relação ao objeto de estudo, onde tenta-se captar uma ideia geral, do ponto de vista global de um grupo discursor opinativo. 
Juízo de fato e de valor
Juízo de fato – São aqueles que dizem como as coisas são como são e por que são. - Está chovendo
Juízo de valor – avaliações sobre coisas, pessoas, situações e são proferidos na moral, nas artes, na política, na religião.
Avaliam coisas, pessoas, ações, experiências, acontecimentos, sentimentos, estados de espírito, intenções e decisões, como bons ou maus desejáveis ou indesejáveis.
	Juízo de fato
	Juízo de valor
	Natureza; necessário
	Cultura; interpretação
Juízos éticos de valor – são normativos – enunciam normas que determinam o dever de ser de nossos sentimentos, atos e comportamentos.
São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e ações segundo o critério do correto e do incorreto
Juízos éticos de valor – dizem o que são o bem, o mal, a felicidade.
Juízos éticos normativos - dizem que sentimentos, intenções, atos e comportamentos devemos ter ou fazer para alcançarmos o bem e a felicidade. Enunciam também que atos, sentimentos, intenções e comportamentos são condenáveis ou incorretos do ponto de vista moral.
Violência e ética
É percebida como exercício de força física e de coação psíquica para obrigar alguém a fazer alguma coisa contrária a si, contrária aos seus interesses e desejos, contrária ao seu corpo e à sua consciência, causando-lhe danos profundos e irreparáveis como a morte, a loucura, a autoagressão ou a agressão aos outros. – redução de sujeito em objeto.
Quando a cultura e uma sociedade definem o que entendem por mal, crime e vicio circunscrevem aquilo que julgam violência contra um individuo ou contra um grupo – erguem os valores positivos - bem e virtude – como barreiras éticas contra a violência.
Em nossa cultura a violência é entendida como o uso da força física e do constrangimento psíquico para obrigar alguém a agir de modo contrário a sua natureza e ao seu ser. 
É a violação da integridade física e psíquica, da dignidade humana de alguém.
Do ponto de vista ético, somos pessoas e não podemos ser tratados como coisas. Os valores éticos oferecem, portanto, como expressão e garantia de nossa condição de sujeitos, proibindo moralmente o que nos transformem em coisa usada e manipulada por outros.
Constituintes do campo ético
Para que haja conduta ética é preciso que exista agente consciente – aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício.
A consciência moral não só conhece tais diferenças, mas também se reconhece como capaz de julgar o valor dos atos e das condutas de agir em conformidade com os valores morais, sendo por isso responsável por suas ações e seus sentimentos.
Consciência e responsabilidade são condições indispensáveis da vida ética.
A consciência moral manifesta-se, antes de tudo, na capacidade para deliberar diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de lançar-se a ação.
A vontade é o poder deliberativo e decisório do agente moral. Para que exerça tal poder sobre o sujeito moral, a vontade deve ser livre – não pode estar submetida à vontade de um nem pode estar submetida aos instintos e às paixões – deve ter poder sobre eles e elas.
O campo ético é constituído pelos valores e pelas obrigações que formam conteúdo das condutas morais, isto é, as virtudes.
O sujeito moral só pode existir se preencher as seguintes condições:
Ser consciente de si e dos outros – ser capaz de reflexão e de reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele;
Ser dotado de vontade – de capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, sentimentos e de capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis.
Ser responsável – reconhecer-se como autor da ação, avaliar os efeitos e consequências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la bem como às suas consequências, respondendo por elas;
Ser livre – a liberdade não é tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o poder para autodeterminar-se, dando a si mesmo as regras de conduta.
O campo ético é, portanto, constituído por dois polos internamente relacionados: o agente ou sujeito moral e os valores morais ou virtudes morais.
Ponto de vista do agente ou sujeito moral – a ética faz uma exigência essencial: a diferença entre passividade e atividade.
Passivo – se deixa governar ou arrastar por seus impulsos, inclinações e paixões, pelas circunstancias, pela boa ou má sorte, pela opinião alheia, pelo medo dos outros, pela vontade de outro, não exercendosua própria consciência, vontade, liberdade e responsabilidade. 
Ativo ou virtuoso – controla interiormente seus impulsos, suas inclinações e suas paixões, discute consigo mesmo e com os outros os sentidos dos valores e os fins estabelecidos, indaga se devem e como devem ser respeitados ou transgredidos por outros valores e fins superiores aos existentes, avalia sua capacidade para dar a si mesmo as regras de conduta, consulta sua razão e sua vontade antes de agir, tem consideração pelos outros sem subordinar-se nem submeter-se cegamente a eles, responde pelo que faz, julga suas próprias intenções e recusa violência contra si e contra os outros – é autônomo.
Do ponto de vista de valores, a ética exprime a maneira como a cultura e a Sociedade definem para si mesmas que julgam ser a violência e o crime, o mal e o vicio, e como contra partida, o que consideram ser bem e a virtude.
Além do sujeito ou pessoa moral e dos valores ou fins morais, o campo ético é ainda constituído por um outro elemento: os meios para que o sujeito realize os fins.
Costuma-se dizer que os fins justificam os meios, de modo que, para alcançar um fim legitimo, todos os meios disponíveis são validos. No caso da ética, porém, essa afirmação deixa de ser obvia.
No caso da ética, nem todos os meios são justificáveis, mas apenas aqueles que estão de acordo com os fins da própria ação. Em outras palavras, fins éticos exigem meios éticos.
A relação entre meios e fins pressupõe que a pessoa moral não existe como um fato dado, mas é instaurada pela vida intersubjetiva e social. Precisamos ser educados para os valores morais e as virtudes.

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