Prévia do material em texto
Programa de Educação Continuada a Distância Curso de Farmácia Hospitalar Aluno: EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados Curso de Farmácia Hospitalar MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido é dado a seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. 3 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. MÓDULO I HISTÓRICO, OBJETIVOS E FUNÇÕES Para se falar de Farmácia Hospitalar, é preciso primeiro conhecer um pouco do seu histórico pois assim será possível compreender melhor o que está ocorrendo no Brasil atualmente e o que provavelmente acontecerá no futuro. A primeira farmácia hospitalar que se tem registro data de 1752 em um hospital da Pensilvânia – EUA, na qual foi apresentada a primeira proposta de padronização de medicamentos. No Brasil as farmácias hospitalares mais antigas foram instaladas nas Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Militares, onde o farmacêutico manipulava os medicamentos dispensados aos pacientes internados, obtidos de um ervanário do próprio hospital. Com a industrialização do medicamento, surgindo assim o fármaco pronto para o uso, houve uma crise na profissão farmacêutica, atingindo de forma parecida o farmacêutico de hospital. Por que ter um farmacêutico no hospital para produzir medicamentos se este produto pode ser comprado pronto? E assim o farmacêutico praticamente desapareceu dos hospitais só permanecendo nas instituições de grande porte. Em vários países desenvolvidos a saída para esta crise foi à volta da atenção do farmacêutico hospitalar para conhecimento na área da estabilidade, farmacocinética, farmacodinâmica, ou seja, o farmacêutico passou a ser um expert em medicamentos recuperando a relação médico-farmacêutico e farmacêutico-paciente. A sua principal arma ou habilidade passou a ser a informação. Em 1965 surgiu nos EUA a farmácia clínica, que tem como meta principal o uso racional dos medicamentos e o farmacêutico além das suas atribuições junto aos medicamentos passa a ter atividades clínicas voltadas para o paciente. Em países subdesenvolvidos como o Brasil a saída para a crise da profissão, foi à busca de novos caminhos de atuação dando ênfase principalmente nas análises clínicas. As conseqüências deste fato foram bastante danosas para o país e para a profissão 4 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. farmacêutica, pois a questão do medicamento ficou aleijada. Atualmente, embora o Brasil seja uma das dez maiores economias do mundo, o quarto mercado farmacêutico do mundo em vendas e tenha uma flora medicinal riquíssima, importa a maioria dos medicamentos que consume. A história da farmácia hospitalar brasileira pode-se dizer que recomeçou com o Prof. Cimino no Hospital das Clínicas de São Paulo, na década de 50 e 60, realizando um trabalho destacado, com ênfase na farmacotécnica hospitalar. Na década de 80 cresceu bastante o interesse em farmácia hospitalar, surgindo Cursos de Especialização em Natal patrocinado pelo Ministério da Saúde. Foram também ministrados cursos de especialização no Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Infelizmente por problemas financeiros estes cursos foram descontinuados. Atualmente vários estados têm procurado realizar cursos de menor duração com o objetivo de dotar o farmacêutico de conhecimentos mínimos para prática de farmácia hospitalar, pois é sabido que os cursos de especialização não tem condições de treinar todos dos farmacêuticos hospitalares do Brasil. É importante, formar multiplicadores que irão repassar nas suas regiões os conhecimentos adquiridos. CONCEITO DE FARMÁCIA HOSPITALAR Existem muitos conceitos de farmácia hospitalar podendo ser citado como sendo um dos mais completos: “Unidade clínica de assistência técnica, administrativa e contábil, dirigida por profissional farmacêutico que visa atender toda a comunidade hospitalar no âmbito dos produtos farmacêuticos, integrada técnica e hierarquicamente as atividades hospitalares”. É importante frisar que a função clínica da farmácia, voltada para o paciente, é de suma importância pois é neste campo que o profissional farmacêutico terá condições de exercer na plenitude as suas atividades e a sua importância crescerá dentro do hospital. Esta definição mostra que além da questão técnica a farmácia hospitalar é um setor importante do ponto de vista administrativo e contábil para o hospital. Por isto exige-se do farmacêutico hospitalar conhecimento técnico e gerencial. 5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. OBJETIVOS DA FARMÁCIA HOSPITALAR Os objetivos da farmácia hospitalar podem ser divididos em: primários e secundários. Esta classificação foi feita assim por que é bastante importante que o iniciante nesta área entenda que é preciso fazer primeiro o básico para depois vir o sofisticado. Um bom exemplo disto é querer fazer controle de antimicrobianos sem possuir padronização de medicamentos e a Comissão ou Serviços de Controle de infecções hospitalares não atua. Os objetivos primários de uma farmácia hospitalar são: Padronização, Planejamento de Estoques, Aquisição, Armazenamento, Dispensação por dose individualizada ou unitária, Controle de Estoques e informação sobre medicamentos. Em uma situação imaginária onde a maioria dos hospitais brasileira exerce estas atividades básicas de forma satisfatória seria observado um grande avanço da farmácia hospitalar e conseqüentemente melhoria da qualidade assistencial. Os objetivos secundários são farmacotécnica incluindo a manipulação de produtos não estéreis e estéreis, controle das infecções hospitalares, educação e treinamento e farmácia clínica. FUNÇÕES DA FARMACIA HOSPITALAR A Organização Pan-americana de Saúde — OPAS e o Ministério da Saúde do Brasil definem como funções fundamentais da farmácia hospitalar: • seleção de medicamentos, germicidas e correlatos necessários ao hospital realizada pela comissão de farmácia e terapêutica ou correspondente e associada a outras comissões quando necessário; • aquisição, conservação e controle dos medicamentos selecionados estabelecendo níveis adequados para aquisição por meio de um gerenciamento apropriado dos estoques. O armazenamento de medicamentos deve seguir as normas técnicas para preservar a qualidade dos medicamentos: • manipulação, produção de medicamentos e germicidas, seja pela indisponibilidade de produtos no mercado, para atender prescrições especiais ou por motivos de 6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores.viabilidade econômica: • estabelecimento de um sistema racional de distribuição de medicamentos para assegurar que eles cheguem ao paciente com segurança, no horário certo e na dose adequada; • implantação de um sistema de informação sobre medicamentos para obtenção de dados objetivos que possibilitem à equipe de saúde otimizar a prescrição médica e a administração dos medicamentos. O sistema deve ser útil na orientação ao paciente no momento da alta ou nos tratamentos ambulatoriais. Estas funções são prioritárias em uma farmácia hospitalar e, portanto suporte fundamental para o desenvolvimento de vários programas assistenciais na instituição. O FARMACÊUTICO E A INFECÇÃO HOSPITALAR O Serviço de Farmácia Hospitalar, chefiado pelo farmacêutico, na prevenção da infecção hospitalar tem como principal objetivo promover o uso racional de medicamentos e desenvolve as seguintes funções: seleção de medicamentos, germicidas e correlatos; aquisição, conservação e controle dos medicamentos selecionados; manipulação/produção de medicamentos e germicidas; sistematização da distribuição de medicamentos; estabelecimento de um sistema de informações sobre os medicamentos. Em conjunto com o controle de infecção hospitalar, desenvolve ações relacionadas ao controle de antimicrobianos e racionalização do uso de germicidas, auxiliando na elaboração de uma padronização efetiva. Os resultados obtidos com a implantação desta padronização são de grande importância para o paciente, corpo clínico e hospital. Para o paciente, porque lhe será administrado um antimicrobiano com indicação precisa, com eficácia comprovada e menor custo. Quanto ao corpo clínico os benefícios se traduzem na qualidade do fármaco prescrito, na facilidade do manuseio de um número mais restrito de produtos, possibilitando melhor estudo e conhecimento de suas ações e efeitos colaterais. Para o hospital, a relação padronizada evitará a aquisição de medicamentos similares, reduzindo custos e riscos de perda por expiração do prazo de validade. 7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. Comissão de Farmácia e Terapêutica e Seleção de Medicamentos A Comissão de Farmácia e Terapêutica é constituída por uma equipe multiprofissional, em que farmacêuticos, médicos, enfermeiros, além de profissionais da área de administração, devem ter como principal objetivo principal à elaboração do formulário farmacêutico hospitalar, determinando a política de seleção de princípios ativos, produção, manipulação, distribuição, uso e administração, incluindo drogas sob investigação. Esta equipe deve elaborar atividades educativas para divulgação de informações relacionadas ao uso de medicamentos aos profissionais de saúde. As intercorrências relacionadas às prescrições inadequadas devem ser abordadas por comunicação direta com o profissional envolvido ou até mesmo sua chefia. Isto é feito particularmente, na antibioticoprofilaxia inadequada de procedimentos cirúrgicos. Diante da diversidade de medicamentos comercializados e de constantes lançamentos de novos produtos, é necessário adotar critérios para escolha dos fármacos que deverão fazer parte do arsenal hospitalar e também garantir avaliação periódica para assegurar que disponha sempre das melhores opções terapêuticas. Padronizar medicamentos antiinfecciosos significa definir uma lista de antimicrobianos que melhor atendam as características da ecologia microbiana da instituição. A avaliação rigorosa na seleção dos fornecedores deve ser realizada periodicamente, devendo-se utilizar um protocolo padrão e exigências básicas, porém específicas a cada tipo de fornecedor. Armazenagem Os medicamentos devem manter íntegras as atividades de seus princípios ativos durante um espaço de tempo previamente estabelecido. Vários fatores podem prejudicar esta integridade, entre eles: temperatura, luz, umidade, presença de microrganismos e empilhamento de caixas. Além destes, outros fatores como a presença de oxigênio, gás carbônico, pH, concentração, osmolaridade, tipo de recipiente, que são fatores intrínsecos ao produto, também interferem em sua estabilidade e concentração. As condições de armazenamento devem facilitar a utilização dos produtos em ordem crescente da data de vencimento. 8 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. Distribuição O sistema de distribuição ou dispensação de medicamentos deve ter como principais objetivos diminuir os erros (como por exemplo de transcrição incorreta), racionalizar a distribuição e administração de medicamentos (evitando incompatibilidade), aumentar o controle sobre seu uso, racionalizar custos e aumentar a segurança e eficiência da medicação prescrita. Contaminação de medicamentos Existem dificuldades para a identificação de um surto devido à contaminação de um medicamento, em decorrência de suas características epidemiológicas e principalmente da inexistência de protocolos específicos que permitam a caracterização e o estudo microbiológico dos casos suspeitos e suas possíveis fontes de contaminação. Estes produtos podem contaminar-se na sua produção, dentro da farmácia ou após a dispensação. Contaminação na indústria: Esta contaminação freqüentemente é denominada de intrínseca, sendo geralmente disseminada no tempo, espaço e entre várias instituições. Só pode ser identificada se um rigoroso sistema de vigilância for implantado, mas pode ser suspeitada todas as vezes que um agente não usual for identificado em uma topografia também não usual. Contaminação na farmácia: Geralmente envolve a contaminação de soluções usadas na formulação de um produto ou um equipamento, freqüentemente bomba de infusão ou seringa, usado na formulação ou preparação de um fluído estéril. A recomendação dos testes de esterilização realizados durante o processo de manipulação permite a identificação e a correção destas falhas. 9 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. Contaminação no local de uso: Atualmente este é o principal risco de contaminação dos produtos farmacêuticos. Ocorre principalmente com medicações utilizadas em doses múltiplas, especialmente produtos tópicos como soluções oftálmicas, anti-sépticos ou então soluções parenterais que são preparadas em postos de enfermagem a partir de produtos de múltipla dose mal manipulados ou conservados inadequadamente após sua abertura. Decorre disto a importância de centralizar estas práticas na farmácia, ou quando isto não for possível, que estas atividades sejam desenvolvidas sob a orientação deste departamento. Controle de qualidade O programa de qualidade tem início pelo reconhecimento dos problemas e conseqüentemente com o estabelecimento das prioridades. É fundamental para se atingir o controle do processo uma padronização simplificada, para um fácil entendimento, visando condutas adequadas. Isto envolve dois padrões básicos: de materiais, como medicamentos, insumos farmacêuticos, drogas; e de processos, como as operações realizadas ou orientadas pela farmácia hospitalar. Deve haver uma documentação sistemática de todos os elementos, para que permita um acompanhamento e determinação de indicadores para melhor análise, com intuito de levantar tendências, auferir problemas, elaborar medidas para sua solução e acompanhar a efetividadedas ações corretivas implantadas. A farmacovigilância é um conjunto de atividades destinadas a identificar, notificar e analisar sistematicamente as reações adversas aos medicamentos, definidas como qualquer resposta ao fármaco com efeito nocivo e indesejável, que ocorre com as doses habituais utilizadas para profilaxia, diagnóstico ou tratamento. A chance de uma reação potencialmente fatal é de aproximadamente 3% para cada paciente no hospital e cerca de 0,4% para cada curso de tratamento. O tratamento das reações farmacogênicas adversas consome 14,3% dos dias de internação. As drogas mais freqüentemente envolvidas são as de ação cardíaca e os antimicrobianos, de particular importância para o SCIH temos a superinfecção causada normalmente por desequilíbrio da microbiota do paciente, relacionada à pressão seletiva 10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. exercida pelo antibiótico. A farmacoepidemiologia é uma disciplina relativamente nova na qual a metodologia epidemiológica é aplicada no estudo do uso e resultados (benéficos ou adversos) de drogas na população humana. Pode ser utilizada para avaliar as informações obtidas pela farmacovigilância e pela avaliação do uso de medicamentos. Apresenta grande similaridade com a abordagem das infecções hospitalares, pois os medicamentos são também uma causa de morbidade, mortalidade e prolongamento da internação, com importantes repercussões econômicas. Controle de contaminação de fármacos A contaminação de fármacos pode algumas vezes ocorrer como resultado de técnicas incorretas na fabricação ou manipulação dessas substâncias, e um sistema de monitoração deve ser desenvolvido pelo programa de qualidade. Apenas uma minoria de medicamentos sofre contaminação durante sua produção e manipulação na farmácia, ocorrendo a maioria destes eventos após sua distribuição. Apresentamos a seguir algumas recomendações sobre as formulações e apresentações mais comumente utilizadas nos hospitais. Nutrição parenteral prolongada Estas soluções têm sido implicadas em casos de bacteremia e fungemias hospitalares, e em algumas vezes devido a problemas na sua formulação na farmácia. Cuidados devem ser tomados na sua preparação e uma periódica avaliação deve ser feita. Também devem ser armazenadas alíquotas de todas as soluções preparadas, para controle caso haja notificação de problemas. Nutrição enteral Estas soluções não necessitam ser estéreis, e muitas vezes apresentam-se contaminadas por reconhecidos patógenos hospitalares, porém só raramente por patógenos entéricos, tendo, portanto pouca relação entre esta contaminação e o desenvolvimento de infecção. Soluções oftálmicas Cuidados devem ser tomados com estas soluções, mas sua contaminação ocorre com mais freqüência no uso do que na preparação pela farmácia. Pode ser responsável por epidemias de infecção hospitalar. 11 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. Soluções parenterais Ampolas Seu conteúdo deve ser passado imediatamente para uma seringa, e qualquer sobra descartada. Frascos de múltiplas doses A tampa ou diafragma deve sofrer desinfecção com solução de ação rápida, como álcool a 70%. Não devem ser utilizados indefinidamente, e uma inspeção para visualização de turvação ou alteração de seu conteúdo deve ser efetuada de rotina antes do uso. Frascos de produtos liofilizados A tampa ou diafragma deve sofrer desinfecção com germicidas de ação rápida, como álcool a 70%, antes da introdução da solução para reconstituição. Muitas são preparadas para dose única, mas algumas apresentam estabilidade e mantém suas propriedades para vários usos após a reconstituição, devendo o farmacêutico orientar quanto à correta manipulação e estocagem. Soluções de infusão intravenosa e emulsões Preparadas em frascos de vidro ou bolsas de PVC devem sofrer desinfecção com germicida de ação rápida, como álcool a 70%, antes da introdução da cânula ou de soluções e medicamentos. Preparações tópicas Soluções anti-sépticas podem ser acondicionadas em frascos limpos e desinfetados. Recomenda-se, preferentemente, o uso individualizado por paciente ou a troca periódica, no máximo a cada 7 dias, desprezando completamente seu conteúdo, nunca completando a solução. Solução para irrigação de bexiga Estas devem ser estéreis, isotônicas e livres de pirogênio, podendo ser preparadas pela farmácia hospitalar. Soluções para irrigação de cavidades corpóreas Estas devem ser estéreis e diluídas próximo da utilização e de uso único. 12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE SUPERFÍCIES Limpeza hospitalar é o processo de remoção de sujidades mediante a aplicação de energias química, mecânica ou térmica, num determinado período de tempo. Consideraremos como limpeza hospitalar à limpeza das superfícies fixas e equipamentos permanentes das diversas áreas hospitalares, o que inclui pisos, paredes, janelas, mobiliários, equipamentos, instalações sanitárias, ar condicionado e caixas d’água. A energia química é proveniente de ação dos produtos que têm a finalidade de limpar através da propriedade de dissolução, dispersão e suspensão da sujeira. A energia mecânica é proveniente de uma ação física aplicada sobre a superfície para remover a sujeira resistente à ação de produto químico. Essa ação pode ser obtida pelo ato de esfregar manualmente com esponja, escova, pano ou sob pressão de uma máquina de lavar, como é o caso do borbulhamento na superfície do instrumental cirúrgico numa lavadora ultrassônica. A energia térmica é proveniente da ação do calor que reduz a viscosidade da graxa e gordura tornando-as mais facilmente removíveis pela aceleração da ação química. Os objetivos da limpeza são: a remoção da sujidade visível; a remoção, redução ou destruição dos microrganismos patogênicos; o controle de disseminação de contaminação biológica, química. A destruição de microrganismos pode ser realizada com produtos germicidas através do processo de desinfecção devendo ser observadas as condições de sua utilização como toxicidade, tempo de ação, quantidade, concentração, etc. De maneira geral, a maioria dos germes encontrados no meio ambiente são de vida livre, não apresentando potencial patogênico para a espécie humana. Alguns microrganismos podem ser transmitidos pelo ar através de minúsculas gotículas ou partículas de poeira. As gotículas, denominadas aerossóis, podem ser de origem ambiental ou humana, sendo no primeiro caso, o exemplo mais clássico, a Doença dos Legionários, transmitida a partir da contaminação de ambientes artificiais como sistemas de ar condicionado, torres de resfriamento ou fontes de água quente. A presença de sujidade principalmente matéria orgânica de origem humana pode 13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. servir de substrato para sua proliferação ou favorecer a presença de vetores, com possibilidade de transportar passivamente os germes. A limpeza de paredes, corredores, pisos, tetos, janelas, portas deve ser feita com água e sabão, a menos que haja respingo ou deposição de matéria orgânica, quando é indicada a descontaminação. Classificação das áreas hospitalaresCom o objetivo de orientar o fluxo de pessoas, materiais, equipamentos e de necessidades de limpeza as áreas hospitalares conforme o risco potencial de contaminação em: A. Áreas críticas - São aquelas onde existe o risco aumentado de transmissão de infecções, por serem locais onde se realizam grande volume de procedimentos de risco ou se encontram pacientes com seu sistema imunológico deprimido, como UTI, salas de cirurgia, pronto socorro, cozinha, lactário e lavanderia; B. Áreas semicríticas – são as ocupadas por pacientes com doenças infecciosas de baixa transmissibilidade e doenças não infecciosas, excluindo as incorporadas às áreas críticas, como enfermarias, quartos de pacientes internados, ambulatórios; C. Áreas não críticas - São todas aquelas áreas hospitalares não ocupadas por pacientes e onde não se realizam procedimentos de risco. Exemplos: áreas administrativas de uma forma geral. Tipos de limpeza hospitalar A. Limpeza concorrente - É aquela realizada de uma forma geral, diariamente e sempre que necessário, e inclui a limpeza de pisos, instalações sanitárias, superfícies horizontais de equipamentos e mobiliários, esvaziamento e troca de recipientes de lixo, de roupas e arrumação em geral; B. Limpeza terminal - Trata-se da limpeza abrangendo pisos, paredes, equipamentos, mobiliários, inclusive camas, macas e colchões, janelas, vidros, portas, peitoris, varandas, grades do ar condicionado, luminárias, teto, etc, em todas as suas superfícies externas e internas. Como exemplos, a limpeza terminal da unidade de um paciente internado deverá ser realizada após sua alta, transferência ou óbito. 14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. Métodos e equipamentos de limpeza de superfícies fixas A. Limpeza manual úmida - É realizada com a utilização de rodos, mops, panos ou esponjas umedecidos em solução detergente com enxágüe posterior com pano umedecido em água limpa. Esse procedimento é adotado mais para paredes, mobiliários e equipamentos de grande porte; no caso de pisos, é utilizado o mesmo procedimento com pano e rodo. Este procedimento além de requerer muito esforço do profissional submete-o ao risco de contaminação. Os panos e mops utilizados na limpeza deverão ser encaminhados e lavados na lavanderia e guardados secos por medida de higiene e conservação; B. Limpeza manual molhada - O procedimento consiste em espalhar uma solução de detergente no piso e esfregar com escova ou esfregão, empurrar com rodo a solução suja para o ralo, enxaguar várias vezes com água limpa em sucessivas operações de empurrar com o rodo para o ralo; C. Limpeza com máquina de lavar tipo enceradeira a vácuo ou automática – É utilizado para limpeza de pisos com máquinas que possuem tanque para soluções de detergente que é dosado diretamente para a escova o que diminui o esforço e risco para o trabalhador; D. Limpeza seca - Consiste na retirada de sujidade, pó ou poeira através de vassoura (varredura seca) e/ou aspirador. A limpeza com vassoura só é aconselhável em áreas não críticas descobertas, como estacionamentos, pátios, etc. Já, nas áreas não críticas cobertas, se for necessária a limpeza seca, esta deve ser feita com aspirador. Considerações sobre produtos de limpeza de superfícies fixas A utilização de produtos de limpeza e de desinfecção se, for o caso, precisa estar de acordo com as determinações da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do hospital, as recomendações dos órgãos públicos de saúde e as especificidades apresentadas pelos fabricantes. De outra forma, a sua seleção também deverá considerar os seguintes critérios: Quanto às superfícies, equipamentos e ambientes: - Natureza da superfície a ser limpa ou desinfetada, e se a mesma pode sofrer corrosão ou ataque químico; 15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. - Tipo e grau de sujidade e sua forma de eliminação; - Tipo de contaminação e sua forma de eliminação (microorganismo envolvido com ou sem matéria orgânica presente); - Qualidade da água e sua influência na limpeza e desinfecção; - Método de limpeza e desinfecção, tipo de máquina e acessórios existentes. Caso o germicida entre em contato direto com funcionários, considerar a irritação dérmica e toxicidade; - Segurança na manipulação e uso. - Quanto ao tipo de germicida: - Tipo de agente químico e concentração; - Tempo de contato para ação; - Influência da luz, temperatura e pH; - Interação com íons; - Toxicidade; - Inativação ou não em presença de matéria orgânica; - Estabilidade e prazo de validade para uso ; - Condições para uso seguro; - Necessidade de retirar resíduos após a utilização. Tipos de produtos químicos utilizados em limpeza de superfícies fixas a) Produtos tensoativos e detergentes - Detergentes são os produtos que contêm necessariamente em sua formulação tensoativos que têm a finalidade de limpar através da redução da tensão superficial (umectação), dispersão e suspensão da sujeira; b) Produtos alvejantes - Geralmente à base de cloro, buscam, além de algum efeito desinfetante, o clareamento de determinados pisos; c) Produtos desincrustantes e enzimáticos - Os detergentes enzimáticos tem em sua formulação enzimas que facilitam a remoção de sujidades. Os produtos desincrustantes são mais utilizados para a limpeza de artigos e não de superfícies, pois os objetos precisam nele ficar submersos por um período de tempo; d) Produtos desinfetantes - Utilizados na presença de matéria orgânica visível em qualquer superfície e em locais e instalações que possam constituir risco de 16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. contaminação para pacientes e funcionários, devido presença freqüente de descarga de excreta, secreção ou exsudação de material orgânico. Exemplos: banheiros, expurgos e qualquer local em que tenha ocorrido eliminação de matéria orgânica. Segundo a Portaria 15/88 do Ministério da Saúde, os princípios ativos permitidos para a desinfecção das superfícies fixas são: fenólicos; quaternários de amônio; compostos orgânicos e inorgânicos liberadores de cloro ativo; iodo e derivados; álcoois e glicóis; biguanidas; outros princípios ativos, desde que atendam a legislação pertinente. Para lactários, os princípios ativos mais adequados, devido à sua baixa toxicidade, são: compostos inorgânicos e orgânicos liberadores de cloro ativo; hipoclorito de sódio, lítio e de cálcio. Limpeza de superfícies e outros objetos Carpetes, tapetes e cortinas: é recomendável que o carpete seja aspirado diariamente e lavado periodicamente com equipamentos especiais, como as máquinas lavadoras e extratoras ou a vapor d’água com extração da umidade a vácuo. Os líquidos, secreções e excreções devem ser imediatamente removidos, sendo que os profissionais devem ter condições adequadas de trabalho para a operacionalização dessas rotinas. As cortinas e persianas em geral, devem ser evitadas e substituídas por tratamento especial nos vidros ou boxes, que elimina sua transparência. Banheiros, pias, saboneteiras: A desinfecção de rotina de banheiros e pias é desnecessária, sendo suficiente o processo rigoroso de limpeza com água e detergente, assim como a secagem dos locais, sempre que se fizer necessário. No caso de utilização de banheiras, em pacientes com feridas que precisem compartilha-las, está recomendadoo processo de desinfecção ou a sua proteção com impermeáveis descartáveis a cada banho. Os assentos nos casos em que o paciente não tenha condições de usa-los adequadamente, devem preferencialmente, ser de uso individual, com limpeza freqüente, sendo a sua desinfecção somente necessária após a alta do paciente. São recomendados torneira e sabão líquido em recipientes com acionamento feito através do cotovelo ou com o pé ou qualquer outro método que evite o toque das mãos do usuário. Plantas e flores – recomenda-se sua colocação do lado de fora dos quartos dos pacientes ou mesmo sua proibição nas unidades de terapia intensiva, centros cirúrgicos e 17 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. outras áreas onde existam pacientes de maior risco e grande concentração de procedimentos invasivos. Paredes, janelas, portas e tetos - a limpeza de rotina destas superfícies não exige grande freqüência devido sua relação com a infecção hospitalar ser pequena. ADMINISTRAÇÃO APLICADA À FARMÁCIA HOSPITALAR O hospital é uma organização de natureza social que tem por finalidade produzir e oferecer serviços de saúde à população. Para uma organização se estabelecer e alcançar seu objetivo é essencial uma administração eficaz. Os hospitais evoluíram desde pequenos grupos estruturados informalmente até as grandes e complexas organizações dos dias atuais. As modificações observadas buscaram sempre a adequação dos esforços humanos, procurando atingir os objetivos definidos inicialmente. Para tanto o hospital deve ser administrado segundo critérios absolutamente adequados, essencialmente baseados nos pressupostos que caracterizam a moderna administração empresarial. A farmácia como órgão inserido e integrado ao hospital deve seguir as mesmas diretrizes. A palavra administração é de origem latina e significa "função que se desenvolve sob o comando do outro, um serviço que se presta ao outro". Portanto, a administração é um processo de planejar, organizar, liderar e controlar os esforços realizados pelos membros da organização e o uso de todos os recursos organizacionais (materiais, humanos e financeiros) para alcançar os objetivos estabelecidos. A gerência é a arte de pensar, de decidir e de agir; é a arte de fazer acontecer, de obter resultados. Resultados que podem ser definidos, previstos, analisados e avaliados, mas que têm de ser alcançados através das pessoas e numa interação humana constante. Basicamente as funções do administrador são: planejamento, organização, direção e controle. Quando consideradas como um todo forma o processo administrativo. Estas funções estão presentes em todas as áreas funcionais e compõem o conjunto básico de atividades a serem desempenhadas por qualquer administrador. 18 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. PLANEJAMENTO O planejamento é uma função fundamental do administrador, pois abrange a escolha das alternativas de ação e determina, também, como as outras funções serão executadas para alcançar as metas estabelecidas. Planejar é a arte de elaborar o plano de um processo de mudança. É a forma de viabilizar uma idéia. Compreende um conjunto de conhecimentos práticos e teóricos ordenados de modo a possibilitar interagir com a realidade, programar as estratégias e ações necessárias, e tudo o mais que seja delas decorrente, no sentido de tornar possível alcançar os objetivos e metas desejados e nele preestabelecidos. Atualmente, o método de planejamento mais empregado na área de saúde é o planejamento estratégico situacional. O método de planejamento estratégico situacional trabalha com a complexidade da realidade e admite que não há um conhecimento único e que a explicação da realidade depende da inserção de cada ator que participa do problema, sendo, assim, parcial e múltiplo. O outro diferencial que apresenta em relação ao método tradicional é a abordagem de outras dimensões além da econômica, como poder, capacidade administrativa e conhecimento. ORGANIZAÇÃO Com a finalidade de atingir objetivos, executar planos e possibilitar às pessoas trabalharem eficientemente, as atividades precisam ser agrupadas de forma lógica e concessões de autoridade serem feitas de modo que haja desenvolvimento do trabalho. Assim, quando surgirem dificuldades ou conflitos esses poderão ser entendidos e resolvidos. Portanto, a organização visa a arrumar e alocar o trabalho, de maneira a alcançar, eficientemente, os objetivos. 19 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. DIREÇÃO A direção envolve a necessidade de conseguir que os membros da organização atuem de forma a ajudar a atingir os objetivos estabelecidos. Liderança é o processo de dirigir e influenciar nas atividades relativas às tarefas do grupo. A liderança é necessária em todos os tipos de organização humana e é essencial em todas as funções da administração. Porém, a liderança é mais relevante na função de direção, aquela que toca mais de perto as pessoas. Liderança não deve ser confundida com direção. Liderança é a influência interpessoal exercida numa situação e dirigida através do processo da comunicação humana à consecução de um ou de diversos objetivos específicos. Um bom dirigente deve ser um bom líder e, nem sempre, um bom líder é um bom dirigente. Os líderes devem estar presentes não apenas no institucional, mas em todos os níveis da organização e nos grupos informais de trabalho. A liderança pode ser estudada sob a ótica de três grupos de teorias: teorias de traços de personalidade, teorias sobre estilos de liderança e teorias situacionais de estilos de liderança. CONTROLE O controle se encarrega de assegurar o êxito dos planos elaborados, por meio do acompanhamento e da medida do progresso rumo às metas estabelecidas o que torna possível descobrir desvios e fazer as alterações necessárias. A função controle está intimamente relacionada com as demais funções do processo administrativo: o planejamento, a organização e a direção repercutem intensamente nas atividades de controle. Muitas vezes se torna necessário modificar o planejamento, a organização ou a direção, para que os sistemas de controle possam ser mais eficazes. O controle de qualidade total ou o gerenciamento da qualidade, de forma crescente, vem sendo aplicado na gestão hospitalar. A área de saúde despertou para a qualidade 20 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. em virtude dos recursos financeiros escassos, da rápida evolução da tecnologia em saúde e principalmente devido à competitividade e à necessidade de aumentar resultados. A farmácia hospitalar deve ser analisada numa perspectiva múltipla considerando os aspectos inter e extra-organização, tais como poder, objetivos, estrutura, ambiente, processo e pessoas. Todos estes aspectos estão articulados entre si mediante um fluxo de trânsito duplo. As atividades desenvolvidas na assistência farmacêutica são essencialmente atividades de serviço, concentrando, portanto, suas questões primordiais na área de recursos humanos. A administração do século XXI é centrada nas pessoas e no fortalecimento das condições do ser humano empregando os seguintesprincípios: - centralização da estratégia nas pessoas: alcançada por meio da participação efetiva dos indivíduos na realização do planejamento, elaborando-se projetos fundamentados nas iniciativas humanas, direcionando-se o processo produtivo para a satisfação dos indivíduos. É importante a construção de cenários sustentáveis e o planejamento voltado para as exigências do futuro; - fortalecimento da condição do ser humano -sua viabilização pode ser efetivada a partir da substituição do treinamento pela capacitação, na qual o condicionamento e o ajuste do indivíduo para o cumprimento de normas e rotinas venham a ser substituídos pela realização de interesses pessoal e social, despertando a responsabilidade e o compromisso social dos trabalhadores; - busca do desenvolvimento de novos talentos -realizada por meio da estimulação da criatividade e em função do desenvolvimento pessoal, social e global; - fortalecimento das responsabilidades individuais e coletivas -é considerado o caminho para a construção de uma sociedade mais solidária, já que os indivíduos deixarão de agir apenas em função da lucratividade das empresas, passando a atuar como atores sociais. Neste contexto, o farmacêutico hospitalar não deve desenvolver uma ação administrativa que vise apenas à manutenção da disciplina no ambiente de trabalho e à supervisão das tarefas. É importante se empenhar, com todas as forças possíveis, na valorização e promoção da equipe de trabalho oferecendo-lhe condições para o progresso profissional e pessoal. 21 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS Introdução Vários segmentos têm-se preocupado com o estabelecimento de atividades que proporcionem o uso racional de medicamentos no âmbito hospitalar. Os benefícios da racionalização se expressam em sofrimentos evitados, na redução do tempo de ação da doença e no período de hospitalização, com repercussões econômicas para as instituições e a sociedade. A Organização Mundial de Saúde estimula os Estados-membros para que estabeleçam e apliquem uma política direcionada aos medicamentos, desde suas especificações técnicas até as condições propícias para seu uso racional. Nos hospitais, a política de uso racional de medicamentos deve ser implementada pela comissão de farmácia e terapêutica -CFT, portanto é essencial a elaboração de uma padronização de medicamentos. A padronização de medicamentos em um hospital deve ser o resultado concreto do processo de seleção de medicamentos desenvolvido na instituição e reflete seus critérios terapêuticos. O processo de seleção de medicamentos deve cumprir o objetivo de assegurar uma terapêutica racional e de baixo custo. Para garantir o uso racional de medicamentos é necessário elaborar a lista de medicamentos padronizados e desenvolver, com muita intensidade e continuidade, um processo de educação farmacológica dos profissionais de saúde do hospital, induzindo uma reflexão crítica sobre a escolha e a utilização dos fármacos. A difusão e o cumprimento da padronização de medicamentos são atividades que devem ser incentivadas pelos serviços de farmácia. Os custos dos serviços de saúde em vários países estão aumentando em taxas alarmantes. A freqüente introdução de novos medicamentos e o uso da alta tecnologia na medicina são fatores que contribuem para a elevação dos custos de assistência à saúde. O grande desafio para o setor saúde na próxima década será conseguir fazer a melhor utilização dos limitados recursos para garantir uma alta qualidade a baixo custo. 22 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. Para tal será necessário o uso de informações econômicas em todas as decisões relacionadas à assistência de saúde, principalmente sobre medicamentos. O uso racional dos medicamentos otimiza o equilíbrio entre eficácia, segurança e custo da assistência hospitalar. Uso racional de medicamentos é obter melhor efeito, com o menor número de fármacos, durante o período mais curto e com o menor custo possível. No Brasil a questão dos medicamentos envolve os seguintes aspectos: - elevado número de medicamentos, cerca de 25 mil apresentações comerciais e 8.000 marcas de medicamentos, para aproximadamente 2.000 princípios ativos; - há medicamentos sem comprovação de eficácia clínica e com inaceitável relação risco/benefício; - o elevado número de medicamentos, muito além do preconizado pela Organização Mundial de Saúde -OMS -, é conseqüência de inadequada política de registro e comercialização de produtos farmacêuticos; - a indústria farmacêutica exerce uma grande pressão com a propaganda de medicamentos, propiciando o uso irracional. Essa realidade onera pacientes e instituições de saúde, pois de acordo com Lunde, citado por Laporte, 1989: "não se demonstrou nunca que um número infinito de fármacos resulta em maiores benefícios para a saúde pública do que um número mais limitado de produtos. Pelo contrário, a existência de um número elevado de medicamentos pode dar lugar à confusão em todos os níveis da cadeia do medicamento e constituir um desperdício de recursos humanos e de dinheiro. Este conceito deve ser a pedra angular de qualquer política de medicamentos que opte pela saúde. O panorama atual da política de medicamentos, em nosso país, determina a necessidade de utilização de normas e critérios para a sua seleção. O PROCESSO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS Seleção de medicamentos é um processo dinâmico, contínuo, multidisciplinar e participativo. Assegura ao hospital acesso aos medicamentos mais necessários, adotando 23 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. critérios de eficácia, segurança, qualidade e custo. Promove a utilização racional dos medicamentos. A seleção de medicamentos tem como objetivos principais: - implantar políticas de utilização de medicamentos com base em correta avaliação, seleção e emprego terapêutico no hospital; - promover a atualização e a reciclagem de temas relacionados à terapêutica hospitalar; - reduzir custos, visando a obter a disponibilidade dos medicamentos essenciais à cobertura dos tratamentos necessários aos pacientes. A seleção de medicamentos é um processo complexo. É importante que seja realizado considerando a contribuição das seguintes ciências: farmacoeconomia, farmacoepidemiologia, farmacologia e terapêutica clínica, farmacovigilância, biofarmacotécnica e farmacocinética. Este enfoque multidisciplinar colabora para que os diversos elementos que interferem na utilização dos medicamentos sejam contemplados na escolha do arsenal terapêutico. VANTAGENS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS A seleção de medicamentos traz vantagens administrativas e relacionadas ao processo assistencial reduzindo custos e melhorando a qualidade da farmacoterapia desenvolvida na instituição. As vantagens da seleção de medicamentos são: - aumentar a qualidade da farmacoterapia e facilitar a vigilância farmacológica; - garantir a segurança na prescrição e administração do medicamento, reduzindo a incidência de reações adversas; - disciplinar o receituário e uniformizar a terapêutica, quando possível, para estabelecer protocolos criteriosos; - reduzir o custo da terapêutica, sem prejuízos para a segurança e a efetividade do tratamento; - reduzir o númerode fórmulas e formas farmacêuticas; - reduzir os estoques qualitativo e quantitativo; - reduzir o custo da aquisição de medicamentos; 24 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. - reduzir o custo de manutenção do estoque; - facilitar a comunicação entre farmácia, equipe médica, pessoal de enfermagem e seções administrativas; - simplificar rotinas de aquisição, armazenamento, dispensação e controle. ETAPAS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS Na implantação de um processo de seleção de medicamentos é recomendável seguir as seguintes etapas: - conscientização da equipe de saúde através de reuniões, boletins informativos e outras estratégias educativas; - designação da comissão de seleção de medicamentos pelo diretor clínico; - levantamento do perfil nosológico; - análise do nível assistencial e da infra-estrutura de tratamento existente no hospital; - análise do padrão de utilização de medicamentos; - definição dos critérios de seleção a serem adotados; - seleção dos medicamentos, definindo a estratégia de desenvolvimento do formulário e os métodos a serem empregados; - edição e divulgação do formulário farmacêutico; - atualização periódica do formulário farmacêutico. Recomenda-se que o formulário seja revisado no mínimo a cada dois anos. CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS A seleção de medicamentos depende de vários fatores, destacando-se o perfil das patologias prevalentes, a infra-estrutura para o tratamento, o treinamento e a experiência da equipe disponível. Os seguintes critérios devem ser empregados no processo de seleção de medicamentos: - selecionar medicamentos com níveis elevados de evidência de eficácia clínica. As informações sobre segurança e eficácia devem ser obtidas através de ensaios 25 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. clínicos com delineamentos adequados à pesquisa com seres humanos. As metanálises também são fontes de informação importantes. - eleger entre os medicamentos da mesma indicação e eficácia, aquele de menor toxicidade relativa e maior comodidade posológica. - padronizar, resguardando a qualidade, medicamentos cujo custo do tratamento/dia e o custo da duração idônea do tratamento sejam menores; - padronizar, do fármaco escolhido, especialidades farmacêuticas que tenham informações sobre biodisponibilidade e parâmetros farmacocinéticos; - escolher, sempre que possível, entre os medicamentos de mesma ação farmacológica, um representante de cada categoria química ou com característica farmacocinética diferente, ou que possua característica farmacológica que represente vantagem no uso terapêutico; - evitar a inclusão de associações fixas, exceto quando os ensaios clínicos justificarem o uso concomitante e o efeito terapêutico da associação for maior do que a soma dos efeitos dos produtos individuais; - priorizar formas farmacêuticas que proporcionem maior possibilidade de fracionamento e adequação à faixa etária; - padronizar, preferentemente, medicamentos encontrados no comércio local e formas farmacêuticas acondicionadas em dose unitária; - realizar a seleção de antimicrobianos em conjunto com a Comissão/Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, verificando a ecologia hospitalar quanto a microrganismos prevalentes, padrões de sensibilidade e selecionando aqueles antimicrobianos que permitam suprir as necessidades terapêuticas; - reservar novos antimicrobianos para o tratamento de infecções por microrganismos resistentes a antimicrobianos padrões ou para infecções em que o novo produto seja superior aos anteriores, fundamentado em ensaios clínicos comparativos; - padronizar medicamentos pelo nome do princípio ativo adotando a denominação comum brasileira - DCB. 26 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS A comissão de padronização de medicamentos -CPM e a CFT são as comissões hospitalares responsáveis pela seleção de medicamentos. As duas comissões têm o mesmo objetivo, mas as atividades que desenvolvem são diferentes. O ideal é que as CPM se transformem em CFT. A CPM é a junta deliberativa designada pela diretoria clínica com a finalidade de regulamentar a padronização de medicamentos utilizados no receituário hospitalar. Padronização de medicamentos é a relação básica de medicamentos selecionados para constituir os estoques das farmácias hospitalares, objetivando o atendimento médico hospitalar de acordo com suas necessidades e peculiaridades locais. As atribuições da CPM são: - selecionar os medicamentos para uso no hospital; - redigir a padronização de medicamentos e mantê-la atualizada; - divulgar informações sobre medicamentos. COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA A responsabilidade pelo desenvolvimento e supervisão de todas as políticas e práticas de utilização de medicamentos no hospital com intuito de assegurar resultados clínicos ótimos e um risco potencial mínimo é da CFT. A CFT assessora a diretoria clínica nos assuntos relacionados a medicamentos e terapêutica e serve como elo de ligação entre a farmácia e a equipe de saúde. Ações educativas, assessoria técnica e divulgação sobre medicamentos são realizadas pela CFT no hospital. Esta é a comissão hospitalar mais importante para a farmácia. A CFT dever executar as seguintes atividades no hospital: - estabelecer normas e procedimentos relacionados à seleção, à distribuição, à produção, à utilização e à administração de fármacos e agentes diagnósticos; - padronizar, promover e avaliar o uso seguro e racional dos medicamentos prescritos no hospital; - redigir o guia farmacoterápico ou formulário farmacêutico; 27 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. - avaliar periodicamente o arsenal terapêutico disponível, promovendo inclusões ou exclusões segundo critérios de eficácia, eficiência clínica e custo; - normatizar procedimentos farmacoclínicos que se relacionam com a terapêutica medicamentosa; - coordenar avaliações clínicas e estudos de consumo de medicamentos em pesquisa ou recém-lançados; - sugerir medidas que possibilitem a disponibilidade de recursos materiais e humanos, assegurando a viabilidade da política de medicamentos dentro da instituição; - disciplinar a ação dos representantes da indústria farmacêutica dentro do hospital; - estudar medicamentos sob o ponto de vista clínico, biofarmacêutico e químico, emitindo parecer técnico sob sua eficácia terapêutica como critério fundamental de escolha; - divulgar informações relacionadas a estudos clínicos relativos aos medicamentos incluídos e excluídos do formulário farmacêutico; - fazer estudos e/ou revisões bibliográficas sobre medicamentos; - elaborar programas de notificação e acompanhamento de reações adversas. Para otimizar os trabalhos a comissão deve elaborar um regimento, definir as pautas das regiões e documentar as ações e deliberações. A equipe de saúde deve ser rotineiramente comunicada das decisões da CFT. É recomendável que a CFT se reúna pelo menos seis vezes ao ano. SISTEMA DE FORMULÁRIO Formulário farmacêutico é uma publicação geralmente em formade manual que traz a relação atualizada de medicamentos selecionados para uso no hospital e informações essenciais sobre medicamentos. O formulário deve ser conciso, completo e de fácil consulta. A revisão do formulário deve ser periódica. O sistema de formulário é um processo contínuo através do qual a farmácia e a equipe de saúde em conjunto com a CFT ou equivalente avalia e seleciona os 28 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. medicamentos necessários para assistência aos pacientes. Os produtos selecionados devem estar disponíveis na farmácia. Tradicionalmente utilizado no ambiente hospitalar, o sistema de formulário começa a ser empregado no nível ambulatorial, principalmente por sistemas municipais de saúde e planos de medicina supletiva. No exterior já é comum o emprego do sistema de formulário por planos e seguros saúde, mas no Brasil ainda é uma prática incipiente. O sistema de formulário é um poderoso instrumento para aprimorar a qualidade e controlar o custo da farmacoterapia. A habilidade dos membros da CFT para escolher os melhores fármacos e conscientizar os médicos sobre a relevância da seleção é importante para o êxito da implementação do formulário. Os profissionais da equipe de saúde, principalmente médicos e enfermeiros, devem ser incentivados a participar do processo de seleção de medicamentos. Ampla divulgação da revisão do formulário é importante para permitir que os profissionais do hospital enviem sugestões. As sugestões devem ser encaminhadas através do formulário de inclusão e exclusão de medicamentos à secretaria da CFT. Em situações clínicas específicas pode ser necessária a prescrição de medicamentos não incluídos no formulário. A prescrição de medicamentos não padronizados pode ocorrer em virtude principalmente de: 1 -pacientes com patologias raras; 2 -ausência de resposta terapêutica e/ou intolerância aos efeitos colaterais dos medicamentos padronizados; 3 -pacientes em tratamento ambulatorial com fármaco não padronizado cuja substituição terapêutica não é recomendável. Para atender essas e outras situações a comissão de seleção de medicamentos deve normatizar sobre prescrição de medicamentos não padronizados. A estratégia mais empregada é a justificativa da necessidade em formulário próprio. Conforme modelo abaixo: 29 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. Solicitação de Revisão da Padronização de Medicamentos INCLUSÃO ( ) EXCLUSÃO ( ) 2.2 Nome do Fármaco: ________________________________________________________ 2.3 Nome(s) Comercial(is): ____________________________________________________ 2.4 Fabricante(s): ____________________________________________________________ 2.5 Forma(s) farmacêutica(s) e concentração(ões) a incluir ou excluir: -Comprimido - Cápsula - Injetável - Xarope - Elixir - Solução Oral - Creme - Pomada - Supositório - Outros 5. Indicações Terapêuticas Principais: ____________________________________________ Outras Indicações: ____________________________________________________________ 6. Classe(s) Terapêutica(s): _____________________________________________________ 7.Esquema terapêutico recomendado: ___________________ ______________________ Pediatria Adultos Duração do tratamento: ________________________________________________________ 8. Justificativa da escolha em relação a outro substituto incluído na padronização: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 9. Qual(is) medicamento(s) padronizado(s) será(ão) excluído(s) com a inclusão proposta: ___________________________________________________________________________ 10. Efeitos observados: ________________________________________________________ Benefícios: _________________________________________________________________ Reações adversas: ____________________________________________________________ 11. Relacionar as contra-indicações, advertências e toxicidade associadas ao uso ou abuso do medicamento: ___________________________________________________________________________ 12. Citar e enviar cópias de no mínimo três ensaios clínicos randomizados, controlados por medicamentos padrões ou placebo publicados em revistas científicas reconhecidas internacionalmente, que demonstrem a eficácia e a efetividade do fármaco cuja inclusão está sendo solicitada ou referências bibliográficas de livros-texto. No caso de exclusão, devem ficar igualmente bem fundamentadas a ineficácia ou a toxicidade do medicamento a ser retirado. 30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. 1- _________________________________________________________________________ Autor principal, titulo do artigo, revista, ano, vol, página. 2- _________________________________________________________________________ Autor principal, título do artigo, revista, ano, vol, página. 3- _________________________________________________________________________ Autor principal, título do artigo, revista, ano, vol., pag. OBS: Em caso de exclusão preencher somente os itens 1,2,3,4,11,12 Solicitante: ___________________________________ Data: ____/_____/________ Chefe do Serviço ou Unido de Internação: Data: _____/______/__________ ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO DE FORMULÁRIO FARMACÊUTICO FORMULÁRIO POSITIVO É empregado em situações nas quais a instituição não dispõe de processo de seleção de medicamento. O formulário é desenvolvido paralelamente à estruturação da política de seleção de medicamentos. A relação de medicamentos padronizados é constituída com base nos critérios de seleção definidos; é um método que requer muito trabalho mas fornece bons resultados. As classes terapêuticas e os respectivos fármacos são definidos gradativamente e não consideram a relação de fármacos disponíveis na instituição. Em hospitais em fase de implantação freqüentemente o formulário é desenvolvido dessa forma. FORMULÁRIO NEGATIVO Consiste em relacionar os fármacos disponíveis no estoque da instituição e, em seguida, agrupar por classes terapêuticas. A próxima etapa é a eliminação de fármacos com mesmo sal ou éster. Em seguida define as classes terapêuticas mais relacionadas ao perfil assistencial. A relação de fármacos a serem incluídos em cada classe terapêutica é definida apoiada nos critérios de seleção. É um processo fácil de ser desenvolvido, entretanto, pode acarretar um formulário com número elevado de fármacos. Para evitar este problema deve-se preocupar não apenas em estabelecer os fármacos 31 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. desnecessários ao hospital, mas, principalmente, definir os fármacos necessários e que apresentam evidência científica. Este processo tem grande aplicação em hospitais que não possuem padronização de medicamentos. MÉTODOS DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS O método consiste na avaliação comparativa de fármacos de uma determinada classe terapêutica. O farmacêutico, com o suporte do centro de informações de medicamentos, elabora uma monografia de fármacos de classe terapêutica em análise. A monografia deveser realizada com base em uma ampla revisão da literatura. Um informativo técnico sintético deve ser encaminhado a CFT visando subsidiar as deliberações. No informativo é recomendável incluir tabelas para facilitar a comparação e enfocar, principalmente, as indicações, eficácia clínica, posologia, reações adversas, ensaios clínicos, níveis de evidência do uso terapêutico e custo. Os aspectos mais importantes a serem abordados numa monografia para subsidiar a seleção de medicamentos são apresentados abaixo: Informações importantes para Avaliação de Medicamentos - Identificação do medicamento: denominação comum brasileira e/ou denominação comum internacional especialidades farmacêuticas formas farmacêuticas fornecedores - Classe farmacológica (o ideal é empregar a classificação anatômico-terapêutica clinica - ATC) - Indicações terapêuticas do medicamento autorizadas no paIs e outras indicações do medicamento aprovadas em outro paIs de referência (geralmente são utilizadas como referância as autorizações do FDA) - Farmacologia clinica - Farmacocinética - Reações adversas -Cuidados, precauções e contra-indicações - Esquemas posológico, inclusive em situações especiais: neonatologia, pediatria, geriatria, gestação, insuficiência renal ou hepática e outras. - Ensaios clínicos publicados na literatura e, se disponíveis, metanálises - Comparação com alternativas terapêuticas incluídas na padronização - Custo do tratamento e análise do impacto econômico na instituição 32 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. Análise de decisão clínica é uma abordagem quantitativa que auxilia a tomada de decisões definindo o modo mais efetivo de lidar com problemas específicos. Os medicamentos novos, freqüentemente oferecem poucas vantagens em relação aos antigos, Entretanto pode diferir em segurança, esquema de administração e custo. Em conseqüência dessa homogeneidade das características dos fármacos, a seleção de medicamentos pode se tomar subjetiva, Na seleção de medicamentos é necessário um método objetivo e quantitativo que abranja todas as variáveis que influenciam na seleção do fármaco adequado. SISTEMA DE ANÁLISE DE AVALIAÇÃO POR OBJETIVO - SOJA (SYSTEM OF OBJECTIFIED JUDGMENT ANALYSIS) Seleção racional de medicamentos é importante na elaboração do formulário farmacêutico. Além dos critérios racionais de seleção de medicamentos (eficácia clínica, custo, tolerância, esquema de administração etc.), fatores emocionais, financeiros e relacionados ao marketing farmacêutico interferem na seleção de medicamentos. O processo de tomada de decisão é uma alternativa para excluir a interferência desses fatores. O SOJA é um método de tomada de decisão para seleção de medicamentos. A metodologia SOJA consiste na definição prospectiva de critérios de avaliação para uma determinada classe terapêutica. A extensão com que cada fármaco preenche o critério é analisada. A cada critério é atribuído um peso relativo; quanto maior a relevância do critério, maior o peso. Um painel de especialistas escolhidos pela CFT estabelece o peso relativo de cada critério e o valor relativo para o fármaco frente ao critério. No método SOJA os seguintes critérios de avaliação do fármaco devem ser incluídos: - custo; - eficácia clínica; - incidência e severidade de efeitos adversos; - esquema posológico; - interações medicamentosas; 33 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. - estudos clínicos, indicações aprovadas e tempo de comercialização; - farmacocinética; - aspectos farmacêuticos; - critérios específicos da classe terapêutica. A pontuação total do SOJA é de 1.000 pontos, que são divididos entre os critérios considerados relevantes para classe terapêutica em estudo. A principal vantagem do SOJA é selecionar os medicamentos empregando exclusivamente critérios racionais. O método subsidia as decisões da CFT tornando o processo de tomada de decisão mais concreto. O CUSTO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E A COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA A meta da CFT deve ser estimular níveis econômicos de despesas com medicamentos, evitando gastos que resultam em elevação desnecessária do custo do tratamento, sem contribuir com retorno à saúde do paciente. A CFT para atingir esta meta deve adotar as seguintes estratégias: - garantir, através de medidas educativas e programas de estudo de utilização, que os medicamentos selecionados estão sendo adequadamente prescritos; - incentivar o uso do medicamento mais barato quando a eficácia e a segurança forem equivalentes; - contribuir, com o serviço de farmácia, elaborando revisões periódicas das diversas classes de fármacos, fazendo alterações visando garantir que os medicamentos usados no hospital irão refletir a terapêutica mais econômica; - promover a utilização eficiente dos medicamentos, adotando mecanismos de restrição de fármacos para serviços específicos, situações clínicas determinadas e credenciamento de médicos autorizados a prescrever. Os administradores hospitalares e farmacêuticos têm observado que uma grande parte da elevação das despesas dos hospitais nos últimos anos é devida às farmácias. Entretanto, muitas das causas são por fatores externos e a CFT é vista como um instrumento com capacidade para controlar os fatores internos. O sistema de formulário 34 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores. oferece excelente controle dos fármacos utilizados no tratamento dos pacientes. O reconhecimento deste controle pelos administradores freqüentemente resulta em pressão para CFT priorizar a redução de custos devidos aos enormes gastos com medicamentos. Mas a CFT deve conscientizar os administradores que a redução dos gastos não pode ocorrer em detrimento da qualidade da farmacoterapia prestada ao paciente. ------ FIM MÓDULO I ----- Nutrição enteral ADMINISTRAÇÃO APLICADA À FARMÁCIA HOSPITALAR PLANEJAMENTO ORGANIZAÇÃO DIREÇÃO CONTROLE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS Introdução O PROCESSO DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS VANTAGENS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS ETAPAS DA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS COMISSÃO DE PADRONIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS COMISSÃO DE FARMÁCIA E TERAPÊUTICA SISTEMA DE FORMULÁRIO Solicitação de Revisão da Padronização de Medicamentos FORMULÁRIO NEGATIVO MÉTODOS DE SELEÇÃO DE MEDICAMENTOS Informações importantes para Avaliação de Medicamentos