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Aula 03 DIR. ADMINISTRATIVO

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CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS
AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL - DPF/2014 
AULA 03 - Poderes Administrativos
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Olá! 
Hoje vamos cuidar dos poderes administrativos,
conforme o seguinte: 
AULA 03: 
5 Poderes administrativos: poderes hierárquico, disciplinar e
regulamentar; poder de polícia; uso e abuso do poder. 
Então, vamos que vamos. 
SUMÁRIO 
1. Poderes Administrativos ................................................................. 2 
1.2 Abuso de Poder ........................................................................... 3 
1.3 Modalidades ................................................................................ 4 
1.3.1 Poder discricionário/vinculado ..................................................... 5 
1.3.2 Poder regulamentar ................................................................... 8 
1.3.3 Poder hierárquico ..................................................................... 11 
1.3.4 Poder disciplinar ...................................................................... 12 
1.3.5 Poder de polícia ....................................................................... 14 
QUESTÕES COMENTADAS ................................................................. 22 
QUESTÕES SELECIONADAS ............................................................... 86 
GABARITOS ................................................................................... 105 
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1. Poderes Administrativos 
O Prof. José dos Santos Carvalho Filho conceitua
poderes administrativos como “o conjunto de prerrogativas de 
direito público que a ordem jurídica confere aos agentes
administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance
seus fins”. 
Devemos compreender que o ordenamento jurídico
confere aos agentes públicos, para o exercício de suas funções e a
consecução dos fins públicos, um conjunto de prerrogativas,
poderes. E, por força disso, também estabelece uma série de
restrições, de deveres. 
Percebe-se, portanto, que esses poderes são
outorgados aos agentes públicos no sentido de que cumpram suas
atribuições voltadas ao atendimento do interesse coletivo. 
Então, é até por isso, pode-se enumerar duas
características que lhe são peculiares, ou seja, tais poderes são
irrenunciáveis e devem ser obrigatoriamente exercidos. 
Em razão desse duplo aspecto, os poderes
administrativos impõem ao administrador o exercício das
prerrogativas e vedam a inércia, eis que o exercício dessas
prerrogativas é obrigatório tendo em vista o atendimento dos
anseios coletivos. 
Significa dizer que ao ser conferido certo poder, o é
em razão do exercício da atribuição, de modo que o agente público
não poderá ficar inerte, não poderá se omitir, deverá realizar suas
funções. 
É que, enquanto o particular quando titular de uma
prerrogativa tem a faculdade de exercê-la, o administrador tem o
poder-dever de agir. 
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Isto é, conforme destaca Bandeira de Mello, “tais 
poderes são instrumentais: servientes do dever de bem cumprir a
finalidade a que estão indissoluvelmente atrelados. Logo, aquele que
desempenha função, tem, na realidade, deveres-poderes”. 
1.2 Abuso de Poder 
Quando se utiliza desses poderes de forma normal diz-
se que há o uso do poder. Porém, o uso indevido, anormal,
ilegítimo, configura o abuso de poder. 
Assim, abuso de poder é, conforme lição de Carvalho
Filho “a conduta ilegítima do administrador, quando atua fora 
dos objetivos expressa e implicitamente traçados na lei”. 
O abuso de poder pode se constatado sob duas
vertentes ou espécies, sendo: o excesso de poder e o desvio de
poder. O excesso de poder ocorre quando o agente atua fora dos
limites da competência que lhe foi atribuída. Já o desvio de poder
ocorre quando o agente, muito embora seja competente, atua em
descompasso com a finalidade estabelecida em lei para a prática de
certo ato. 
Excesso de Poder 
 Abuso de Poder 
Desvio de Poder (desvio de finalidade) 
O desvio de poder também é conhecido como
desvio de finalidade, que corresponde à conduta do agente
público que dá ao ato finalidade diversa daquele prevista na
lei. 
Cito como exemplo, a remoção de um subordinado
pelo superior hierárquico, para comarca distinta, sob a alegação de
necessidade do serviço, mas com o fim único de persegui-lo, puni-lo. 
Tanto quando há excesso ou desvio de poder diz-se
que ocorreu abuso de poder, o que configura ilícito administrativo,
além de ilícito penal tipificado na Lei nº 4.898/65 (abuso de 
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autoridade), além de ser ato de improbidade administrativa,
conforme art. 11, inc. I, da Lei nº 8.429/92, que assim dispõe: 
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa
que atenta contra os princípios da administração pública
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
instituições, e notadamente: 
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou
regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
competência; 
Ademais, como ressaltado, se é dever atuar, também
haverá abuso de poder quando o agente deixar de praticar o
ato, ou seja, ficar inerte, omisso. 
Com efeito, o abuso de poder é conduta, omissiva ou
comissiva, que afronta os princípios da legalidade, finalidade,
moralidade, dentre outros, sujeitando-se, pois, ao controle
administrativo (autotutela) ou judicial (mandado de segurança, por
exemplo). 
Outrossim, ao mesmo tempo que são conferidos
poderes, também são fixados deveres, restrições, aos agentes
públicos, tal com o dever de probidade, o dever de prestar contas, o
dever de eficiência, dentre outros. 
1.3 Modalidades 
De modo geral, a doutrina destaca a existência de
diversos poderes administrativos, de modo que é possível enquadrá-
los nas seguintes modalidades ou espécies: 
a) poder discricionário/vinculado; 
b) poder regulamentar; 
c) poder hierárquico; 
d) poder disciplinar; 
e) poder de polícia. 
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1.3.1 Poder discricionário/vinculado 
Configura-se o poder discricionário quando a lei não
traça todos os parâmetros para atuação do agente público, cabendo-
lhe avaliar a conveniência e oportunidade de se realizar determinado
ato em atendimento ao interesse público. 
Na discricionariedade há margem para valoração da
conduta, ou seja, valorar quais as condições e o melhor momento
para realizar a conduta. Que dizer, é o poder para decidir o que é
conveniente, oportuno para a Administração Pública na condução do
interesse coletivo. 
Poder discricionário, assim, é o poder concedido
para mensurar acerca de se praticar ou realizar determinado ato,
considerando a conveniência e oportunidade, diante de duas ou mais
condutas possíveis, cabendo ao agente eleger aquela que melhor
atenda ao interesse público. 
É importante destacar que a conveniência diz
respeito às condições para se praticar o ato. Já a oportunidade, por
outro lado, refere-se ao momentoem que o ato deve ser praticado. 
Assim, tome como exemplo, a necessidade de a
Administração adquirir material de consumo (caneta, papel etc). A
lei determina que seja licitado, mas o momento (oportunidade) e as
condições (conveniência) para tanto será definida pelo
administrador, com base no seu planejamento administrativo. 
Vê-se que o poder discricionário encontra-se na
margem de espaço permitida pela própria lei. No entanto, em que
pese essa abertura, o poder discricionário possui limitação, de modo
que pode sofrer controle administrativo e judicial. 
É que no âmbito da discricionariedade permitida,
deve-se observar a adequação da conduta ao alcance da
finalidade (razoabilidade / proporcionalidade) expressa em lei. 
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Também devem ser observados os motivos que
inspiraram a prática do ato, de modo que é dever do agente expor
os fundamentos de fato e de direito que deram ensejo ao ato, a fim
de que se possa verificar sua validade. 
Por isso, discute-se se é possível o controle judicial
dos atos com base no poder discricionário. 
Nesse sentido, com base nos limites impostos, é
permitido que o Poder Judiciário afira a legalidade do exercício do
poder discricionário, considerando em especial a razoabilidade e
proporcionalidade dos atos. 
O que se veda ao Judiciário é que se faça o juízo de
conveniência e oportunidade, substituindo a vontade do
administrador, conduta que ensejaria a invasão em esfera de
competência adstrita ao agente público, ou seja, redundaria em
violação ao princípio da separação de poderes. 
Porém, é dado ao Poder Judiciário, como destacado,
apreciar o ato, inclusive no seu aspecto de liberdade, a fim de
verificar se não houve violação aos limites legais, isto é, se o ato não
é arbitrário, abusivo, ilegal ou ilegítimo. 
Veja que é essa a orientação que vem sendo adotada
no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, cf.
Informativo 337 (MS-23981) e REsp 443.310/RS (Rel. Ministro LUIZ
FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21.10.2003, DJ 03.11.2003 p.
249). 
De todo forma, devemos lembrar que todos os atos
administrativos são passíveis de controle judicial. 
Quanto aos atos discricionários o controle é mais
limitado, mas é sempre possível. É que poderá sofrer controle acerca
dos seus elementos vinculados (competência, finalidade e forma)
que estarão previstos na norma, bem como no mérito para verificar
a compatibilidade com os princípios constitucionais (razoabilidade,
proporcionalidade), ou seja, a adequação aos limites legais. 
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Portanto, a discricionariedade está baseada nos limites
legais, de modo que não há discricionariedade contra legem por
ser prática arbitrária. 
É preciso, no entanto, distinguir o que seja
discricionariedade, daquilo que se denomina de conceito jurídico
indeterminado. 
Os conceitos jurídicos indeterminados, conforme
explica Carvalho Filho, são termos ou expressões contidos em
normas jurídicas, que, por não terem exatidão em seu sentido,
permitem que o intérprete ou o aplicador possam atribuir certo
significado, mutável em função da valoração que se proceda diante
dos pressupostos da norma. É que sucede com expressões do tipo
‘ordem pública’, ‘bons costumes’, ‘interesse público’, ‘segurança 
nacional’. 
São, portanto, expressões previstas no âmbito da
norma, que já estabelece seus efeitos, cabendo apenas a
concretização ou interpretação pelo aplicador. 
A discricionariedade reside no campo da aplicação da
norma, de forma que permite ao administrador, dentro da margem
legal, observando a oportunidade e conveniência, ponderar os
interesses concorrentes dando prevalência ao que melhor atenda o
fim perseguido. 
Por outro lado, o Poder é vinculado ou regrado
quando a lei define todos os elementos e requisitos necessários à
prática de ato, não havendo qualquer margem de liberdade para
atuação do administrador, devendo realizar o que exatamente
estabelece a lei, quando e como ela determina. 
De todo modo, é bom ressaltar que para alguns
autores, tal como a Profa. Zanella Di Pietro, os poderes
discricionários e vinculados “não existem como poderes 
autônomos; a discricionariedade e a vinculação são, quando
muito, atributos de outros poderes ou competências
administrativas”. 
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Para autora só existiria os poderes normativo,
disciplinar, hierárquico e de polícia. E, nesse sentido, para o
Prof. Carvalho Filho só o regulamentar, discricionário e de
polícia. 
De todo modo, como disse inicialmente, em geral,
tem-se aceito os poderes discricionário, vinculado, regulamentar,
hierárquico, disciplinar e de polícia. 
1.3.2 Poder regulamentar 
O Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à
Administração Pública de editar atos normativos de caráter abstrato
e geral visando dar aplicabilidade à lei. 
Trata-se de poder no sentido de praticar atos de
natureza derivada (secundário) tendo em vista complementar o
alcance da lei, decorrente da função normativa. 
Com efeito, como salienta Carvalho Filho, “o poder 
regulamentar é subjacente à lei”, ou seja, deve observar as balizas 
legais, de modo a não contrariar seu sentido e comando. Quer dizer,
não pode criar direitos, nem obrigações que não decorram
diretamente da Lei. 
É exemplo de este poder os decretos e
regulamentos, conforme prevê o art. 84, incisos IV e VI, da CF/88,
que por simetria aplica-se a todas as esferas federativas. 
Assim, muito embora não haja entendimento
uniforme, é possível destacar duas espécies de decretos ou
regulamentos. Os denominados decretos de execução e os
autônomos. 
Os decretos de execução, no âmbito brasileiro,
estariam previstos no art. 84, inc. IV, da CF/88, que seriam
utilizados para dar fiel execução às leis, conforme o seguinte: 
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Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
República: 
[...] 
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
expedir decretos e regulamentos para sua fiel 
execução; 
Por outro lado, os chamados decretos autônomos
são utilizados para tutelar hipótese que decorre diretamente da
Constituição, ou seja, não estão subordinados à lei em sim à CF. 
A doutrina tem indicado como hipótese de decreto
autônomo a disposição contida no art. 84, inc. VI, da CF/88, ao
estabelecer que compete ao chefe do Executivo, mediante decreto,
dispor sobre: a) organização e funcionamento da
administração federal, quando não implicar aumento de
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. 
No entanto, como disse, trata-se de tema
controvertido na doutrina. Assim, em defesa dos decretos
autônomos está a Profa. Di Pietro, Hely Lopes, dentre outros. No
sentido de o ordenamento Constitucional não prevê tal espécie estão
os Profs. Celso Bandeira, Carvalho Filho, por exemplo. 
Contudo, o Supremo Tribunal Federal vem admitindo a
figura do decreto autônomo, após a EC 32/01, nos termos do art.
84, inc. VI, da CF/88, nos seguintes termos: 
INFORMATIVO Nº 324 
TÍTULO: Liberação de Recursos: AutorizaçãoPresidencial
PROCESSO: ADI - 2564 
ARTIGO: 
Julgado improcedente o pedido formulado em ação direta
ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil - PC do B contra o
Decreto 4.010/2001, que vincula a liberação dos recursos
para pagamento dos servidores da Administração Pública
Federal direta, autárquica e fundacional, à expressa
autorização do Presidente da República. O Tribunal
considerou não caracterizada, na espécie, a alegada
ofensa ao princípio da reserva legal - dado que o art. 
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84, VI, da CF, na redação dada pela EC 32/2001
permite ao Presidente da República dispor, por
decreto, sobre a organização e o funcionamento da
administração federal quando isso não implicar
aumento de despesa ou criação de órgãos públicos -,
afastando, ainda, a argumentação do requerente de que a
norma impugnada privaria os ministros de Estado da
atuação nas áreas de sua competência, já que, na forma
prevista nos artigos 76 e 84, II, da CF, o Poder Executivo é
exercido pelo Presidente da República, com o auxílio dos
ministros de Estado. ADI 2.564-DF, rel. Ministra Ellen
Gracie, 8.10.2003. (ADI-2564) 
INFORMATIVO Nº 217 
TÍTULO: Guerra Fiscal 
PROCESSO: ADI - 2155 
ARTIGO 
Julgando o pedido de medida liminar em ação direta de
inconstitucionalidade requerida pelo Governador do Estado
de São Paulo contra o Decreto 2.736/96 do Estado do
Paraná (Regulamento do ICMS do Paraná) - que concede
crédito presumido de ICMS, incentivos e benefícios fiscais -,
o Tribunal, preliminarmente, rejeitou a articulação de não-
cabimento da ação por entender que tal norma
caracteriza-se como decreto autônomo revestido de
conteúdo normativo, e não como simples ato
regulamentar. Prosseguindo no julgamento, o Tribunal
entendeu relevante a fundamentação jurídica do pedido por
aparente contrariedade ao art. 155, § 2º, XII, g, da CF, que
só admite a concessão de isenções, incentivos e benefícios
fiscais por deliberação dos Estados e do Distrito Federal,
mediante lei complementar. O Tribunal não conheceu da
ação quanto a diversos dispositivos por se tratarem de
normas temporárias, cujos efeitos já se exauriram. ADInMC 
2.155-PR, rel. Min. Sydney Sanches, 15.2.2001.(ADI-2155) 
Fala-se, ainda, em poder regulatório ou normativo
técnico ou regulamentar delegado. É o poder conferido, por
exemplo, às agências reguladoras, ao Conselho Nacional de Justiça,
ao CADE, ao Conselho Monetário Nacional, dentre outros órgãos e 
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entidades da Administração para, conforme permissão legal,
estabelecer normas técnicas acerca de sua área de atuação. 
Nesses casos há uma delegação legislativa no sentido
de permitir a criação de disposições técnicas. Contudo, esse poder
não é de inovar na ordem jurídica, está calcando em pormenorizar
tecnicamente os aspectos legais (o que se tem chamado de
discricionariedade técnica), com a expedição de Instruções
Normativas por uma Agência, quanto à edição de uma Resolução por
um órgão administrativo, por exemplo. 
Dessa forma, o poder regulamentar ou o regulatório
(normativo técnico) não podem ultrapassar os limites da lei, criando
situação jurídica não tutelada na norma, ou seja, devem apenas
esclarecer, explicitar, pormenorizar ou viabilizar a operacionalidade
técnica da lei. 
Ademais, cumpre lembrar que cabe ao congresso
nacional, nos termos do art. 49, inc. V, da CF/88, sustar os atos do
poder executivo que exorbitem o exercício do poder regulamentar. 
1.3.3 Poder hierárquico 
Poder Hierárquico é o poder que decorre da
organização hierárquica da Administração Pública, ou seja, da
relação de subordinação existente entre os vários órgãos e agentes. 
Trata-se de relação de subordinação entre os vários
órgãos e agentes componentes de uma estrutura administrativa. 
São poderes implícitos ou decorrentes do poder
hierárquico no sentido de permitir ao superior comandar
(estabelecer normas), ordenar (dar ordens), coordenar (gerenciar,
distribuir atividades, delegar ou avocar funções), controlar
(fiscalizar e exigir o cumprimento das ordens) e corrigir (rever os
atos, anulando ou revogando) as atividades administrativas. 
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Notadamente, a hierarquia é o poder de comando, de
orientação, de coordenação, de fiscalizar das atividades
desempenhadas no cotidiano administrativo. 
O poder comando ou de direção é o de orientar as
atividades administrativas, mediante a expedição de atos gerais e
determinações específicas através dos quais, como ressaltamos, são
repartidas e escalonadas as funções dos agentes e órgãos públicos,
com o objetivo de assegurar seu exercício harmônico e coordenado
da função administrativa. 
Assim, o poder de direção subjacente ao poder
hierárquico será exercido através da expedição de atos normativos
que vinculam a atuação do agente em determinadas situações, de
modo a realizar certas condutas (instruções) ou por ordens
concretas individualizadas (portarias) a fim de que os órgãos
inferiores observem o direcionamento dado pelos órgãos de
comando. 
Por isso, recorde-se que é dever funcional observar as
ordens superiores, somente podendo descumpri-las se forem
manifestamente ilegais. 
Não se deve, no entanto, confundir subordinação
com vinculação administrativa. A subordinação decorre do poder
hierárquico, a vinculação resulta do poder de supervisão ministerial
(tutela) sobre a entidade vinculada e é exercida nos limites legais,
não retirando a autonomia administrativa da entidade, sendo
controle apenas de finalidade, de resultado, ou seja, dos fins da
entidade. 
Dessa relação de subordinação administrativa
(hierarquia) decorre o poder de autotutela, ou seja, do superior
rever os atos do subordinado anulando-o quando ilegais ou
revogando quando inconvenientes ou inoportunos, seja de ofício ou
por meio de recurso hierárquico. 
1.3.4 Poder disciplinar 
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O poder disciplinar é a faculdade conferida à
Administração Pública no sentido de punir no âmbito interno os
ilícitos funcionais de seus agentes, bem como de outras pessoas
sujeitas à disciplina da Administração. 
É uma decorrência do poder hierárquico, porém não se
confunde com este na medida em que o poder hierárquico induz à
ideia de escalonamento de funções e subordinação entre os diversos
graus. O poder disciplinar, por outro lado, é o poder de controlar e
fiscalizar no âmbito interno o exercício dessas funções, de modo a
responsabilizar o agente pelos ilícitos cometidos, aplicando
penalidades. 
Então, o poder disciplinar é o poder conferido à
Administração para responsabilizar os agentes, órgão ou entidade,
ou ainda demais pessoas submetidas à disciplina interna da
Administração. 
Observe, portanto, que o poder disciplinar pode incidir
sobre agentes públicos (regime disciplinar) ou mesmo sobre pessoas
particulares que mantenham vínculo contratual com a Administração
(poder disciplinar contratual) ou pessoas sob sujeição especial, tal
como os alunos em escola pública, detentos, pessoas internadas em
hospitaispúblicos etc. 
Funcional (aplica-se aos servidores) 
 Pode Disciplinar Contratual (aplica-se aos contratados pela Adm.) 
Especial (regime especial de sujeição: Preso, alunos) 
No entanto, se não houver nenhum vínculo com a
Administração, não poderá incidir o poder disciplinar. Eventual
sanção a ser aplicada decorrerá do poder de polícia. 
Com efeito, conforme menciona a Profa. Raquel Melo
Urbano, “esclareça-se que o poder disciplinar não abrange as
sanções impostas a terceiros estranhos ao quadro de pessoal
do Poder Público. Particulares que não foram investidos em 
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cargos, empregos ou funções públicas não estão sujeitos à disciplina
punitiva da Administração”. 
Significa dizer que se o particular não tem qualquer
vínculo com a Administração (funcional, contratual ou sujeição
especial), não poderá sofrer sanção em razão do poder disciplinar da
Administração, mas poderá em razão do poder de polícia
(fiscalização de atividade, por exemplo). 
Lembre-se, no entanto, se esse particular tiver algum
vínculo com o Estado (contrato de prestação de serviço,
concessionário, permissionário) sofrerá sanção disciplinar (multa,
advertência, suspensão etc), e se não tiver qualquer vínculo
somente poderá sofrer sanção decorrente do poder de polícia. 
1.3.5 Poder de polícia 
O poder de polícia é a prerrogativa de que dispõe a
Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de
bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade
ou do próprio Estado. 
Esse poder tem por fundamento, conforme lição da
Profa. Di Pietro, no princípio da predominância do interesse público
sobre o particular, que dá a Administração posição de supremacia
sobre os administrados, na medida em que a Administração dispõe
de prerrogativas especiais para a consecução de seus fins. 
Com efeito, a definição de poder de polícia fora
positivada no Código Tributário Nacional, em seu artigo 78, ao
expressar que: 
Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da
Administração Pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula prática de ato ou
abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividade econômicas dependentes de 
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concessão ou autorização do Poder Público, à
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e
aos direitos individuais e coletivos. 
O poder de polícia pode ser visto numa acepção ampla
ou numa acepção restrita. 
Em sentido amplo compreende toda a atividade estatal
de condicionar, restringir, direitos individuais em prol do interesse
coletivo. Assim, compreenderia, por exemplo, a atividade legislativa,
isto é, a criação de leis restritiva de direitos. 
Em sentido estrito corresponde à atividade
administrativa que impõe restrições à atividade, liberdade e à
propriedade, por meio de intervenções abstratas ou concretas da
Administração Pública, sendo denominado de polícia
administrativa. 
Com efeito, o poder de polícia pode ser preventivo
ou repressivo. É preventivo quando destina a evitar condutas que
violem o interesse da coletividade. É repressivo quando destinado a
combater ilícitos que redundem em afronta ao interesse público. 
Significa dizer que no exercício da polícia
administrativa preventiva a Administração expedirá os atos
normativos (regulamentos, portarias etc), ou seja, atos gerais e
abstratos, que delimitarão a atividade e o interesse dos particulares
em razão do interesse público. 
No tocante ao poder de polícia repressivo a
Administração irá atuar no sentido de fiscalizar atividades e bens,
verificando a existência de infrações às disposições preventivas e
punindo as condutas ilícitas administrativas. 
No primeiro caso, ou seja, do exercício do poder de
polícia preventivo podemos citar a necessidade, por exemplo, de se
requerer o alvará de funcionamento para abertura de bares ou
restaurantes. No segundo caso, polícia repressiva, temos a
fiscalização estatal a fim de verificar se os bares e restaurantes têm 
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os referidos alvarás e se cumprem as regras inerentes à segurança,
saúde etc. 
Nesse sentido, distingue-se a polícia administrativa,
que incide sobre bens, atividades ou direitos, da polícia judiciária
que atua sobre pessoas, voltada ao combate de ilícitos criminais. 
A Polícia Judiciária atua no sentido de manter a ordem
e a segurança da sociedade, combatendo a criminalidade, atuando
por meio de órgãos de defesa (Polícia Civil, Polícia Federal e a PM
nos IPM’s). 
Então, podemos dizer que a polícia judiciária tem
atuação predominantemente voltada para as pessoas, no combate à
criminalidade, à repressão penal, à segurança pública. 
A polícia administrativa, por outro lado, não incide
sobre pessoas, incide sobre bens, atividades, e liberdades
individuais, tanto preventiva quanto repressivamente, ou seja, atua
no combate a ilícitos administrativos, anti-sociais, na fiscalização dos
diversos setores sociais (comércio, sanitário, meio ambiente etc). 
Portanto, enquanto a polícia administrativa é regida
pelo Direito Administrativo, a polícia judiciária deve observar as
normas de direito criminal (processuais e penais). 
Assim, como o poder de polícia, a polícia
administrativa, é atividade conferida ao Estado para impor restrições
a esfera particular, devemos entender que se trata de prerrogativa
especial, e como tal, goza de atributos diferenciados. 
Assim, o poder de polícia goza dos seguintes atributos
específicos: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a
coercibilidade (DAC). 
A discricionariedade deve ser entendida no sentido
de que cabe à Administração definir quando e onde exercitar seu
poder de fiscalização e controle, ou seja, a oportunidade e
conveniência de exercer o poder de polícia, aplicando as sanções e
os meios necessários à proteção do interesse público. 
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Contudo, deve-se ressaltar que o poder de polícia é
em regra discricionário, isso porque a lei pode estabelecer o modo e
a forma de sua realização quando, então, não haverá margem de
escolha da Administração, sendo, pois, vinculado, tal como a
concessão de licença para dirigir (habilitação). 
Com efeito, a licença é ato de polícia vinculado, ou
seja, ocorre quando o indivíduo, preenchidos os requisitos, tem o
direito de praticar o ato, por isso são atos vinculados (licença para
construir, para dirigir etc). 
A autorização, por outro lado, é ato decorrente do
poder de polícia discricionária, ou seja, dependerá da conveniência
e oportunidade da administração em permitir ou conceder o ato (ex.
porte arma), podendo, portanto, ser revogada. 
Assim, podemos concluir que nem todo ato do
poder de polícia é discricionário. 
A autoexecutoridade é a prerrogativa conferida à
Administração para decidir e executar diretamente suas decisões,
por seus próprios meios, sem intervenção do Poder Judiciário. 
Veja quea Administração para praticar seus atos
condizentes com o poder de polícia não necessita de autorização
judicial, de modo que por si mesma pode executá-los. 
A coercibilidade é o atributo que confere à
Administração poder de impor obrigações ou condutas aos
particulares, de forma a exigir seu cumprimento, sob pena de a
Administração fazer-se cumprir pelo uso da força. 
Quanto à titularidade do poder de polícia, é importante
observar que a competência para exercê-lo decorre diretamente do
sistema de partilha de competências constitucional. Assim, em
regra, a competência é da pessoa política a qual a Constituição
conferiu o poder de regular a matéria. 
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Portanto, tratando-se de assuntos de interesses
nacionais, a competência é da União. De assuntos estaduais, a
competência é do Estado-membro. E, regionais, a competência é do
Município. Porém, devemos lembrar que haverá a possibilidade de
exercício concorrente, daí a necessidade de atuação em sistema de
gestão associada, conforme prescreve o art. 241, CF/88. 
Nesse sentido, quando o poder de polícia é exercido
diretamente pela pessoa política, ou seja, pela Administração Pública
direta, por seus órgãos e agentes, fala-se em poder de polícia
originário. 
Contudo, quando outorgado (delegação feita por lei) à
pessoa jurídica integrante da Administração Indireta, tal como as
autarquias, denomina-se poder de polícia delegado ou
outorgado. 
Daí a grande celeuma no âmbito dessa matéria. Pode
o poder de polícia ser delegado? É preciso ter cuidado, pois
acabamos de ver que a resposta é positiva, desde que a delegação
ocorra por força de lei. 
Agora, a delegação poderá ocorrer para pessoa
jurídica de direito privado? E para particulares? 
Bem, aí a questão é um pouco mais complexa. A
jurisprudência tem pacificado o entendimento de que o poder
de polícia é atividade exclusivamente estatal, por isso, não
poderia ser delegado a particulares. 
Nesse sentido, entende o professor Celso Antônio
Bandeira de Mello que, em regra, não se pode delegar os atos de
poder de polícia a particulares e essa tem sido a orientação
jurisprudencial do próprio Supremo Tribunal Federal (ADI 
1.717/DF) e do Superior Tribunal de Justiça. Ilustrativamente: 
PROCESSUAL CIVIL – CONFLITO DE COMPETÊNCIA –
CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL –
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO – PROCESSO
LICITATÓRIO – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 
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1. O Supremo Tribunal Federal, na ADIn 1.717/DF,
declarou a inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei 
9.649/98, que alteraram a natureza jurídica dos
conselhos profissionais por ser indelegável a
entidade privada atividade típica de Estado, que 
abrange até poder de polícia, de tributar e de 
punir, no que concerne ao exercício das 
atividades profissionais regulamentadas.
2. Mantida a natureza autárquica dos conselhos
profissionais permanece competente a Justiça Federal
para julgar mandado de segurança, ainda que o ato
impugnado seja de gestão e não de delegação, como
in casu. 
3. Conflito conhecido para declarar-se competente o
Juízo Federal, suscitado. (CC 54.780/RR, Rel. Ministra 
ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
28/06/2006, DJ 07/08/2006 p. 197) 
Contudo, o ilustre professor ressalva o caso de
capitães de navios, em que há o exercício do poder de polícia por
pessoa privada. No entanto, trata-se de uma excepcionalidade,
segundo o próprio mestre. 
Destaca-se, todavia, que é possível que se permita
ao particular, pessoa privada, a prática de atos materiais que
precedam os atos jurídicos do poder de polícia, que é a
instrumentalização do poder de polícia, tal como colocação de
fotossensores, radares, pardais, detectores de produtos
ilícitos ou metais em aeroportos etc, conforme orientação
jurisprudencial. Vejamos: 
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE
TRÂNSITO. NECESSIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DO
AGENTE. AUTO DE INFRAÇÃO. 
1. Nos termos do artigo 280, § 4º, do Código de
Trânsito, o agente da autoridade de trânsito
competente para lavrar o auto de infração poderá ser
servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial
militar designado pela autoridade de trânsito com
jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência. 
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O aresto consignou que toda e qualquer notificação é
lavrada por autoridade administrativa. 
2. "Daí não se segue, entretanto, que certos atos
materiais que precedem atos jurídicos de polícia não
possam ser praticados por particulares, mediante
delegação, propriamente dita, ou em decorrência de
um simples contrato de prestação. Em ambos os casos
(isto é, com ou sem delegação), às vezes, tal figura
aparecerá sob o rótulo de "credenciamento". Adílson
Dallari, em interessantíssimo estudo, recolhe variado
exemplário de "credenciamentos". É o que sucede, por
exemplo, na fiscalização do cumprimento de normas
de trânsito mediante equipamentos fotossensores,
pertencentes e operados por empresas privadas
contratadas pelo Poder Público, que acusam a
velocidade do veículo ao ultrapassar determinado
ponto e lhe captam eletronicamente a imagem,
registrando dia e momento da ocorrência" (Celso
Antônio Bandeira de Mello, in "Curso de Direito
Administrativo, Malheiros, 15ª edição, pág. 726): 3. É
descabido exigir-se a presença do agente para lavrar o
auto de infração no local e momento em que ocorreu a
infração, pois o § 2º do CTB admite como meio para
comprovar a ocorrência "aparelho eletrônico ou por
equipamento audiovisual (...)previamente
regulamentado pelo CONTRAN." 4. Não se discutiu
sobre a impossibilidade da administração valer-se de
cláusula que estabelece exceção para notificação
pessoal da infração para instituir controle eletrônico. 
5. Recurso especial improvido. (REsp 712.312/DF, Rel.
Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado
em 18/08/2005, DJ 21/03/2006 p. 113) 
Mas, e se essa pessoa jurídica de direito privado for
integrante da Administração Pública? 
Bem, o entendimento era no sentido de que pessoa
jurídica de direito privado não poderia exercer atos do poder de
polícia, por ser atividade tipicamente estatal, ou seja, que deveria
ser exercida por pessoa jurídica de direito público. 
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Contudo, em recente decisão o STJ passou a entender
que o poder de polícia, que atualmente é desmembrado em quatro
atividades, qual seja: legislação, consentimento, fiscalização e
sanção -, poderá ser delegado à pessoa jurídica de direito privado,
integrante da Administração Pública, no tocante às atividades de
consentimento e fiscalização. 
Significa dizer que, para o STJ, as atividades de
consentimento (tal como expedição de alvará, carteira de motorista,
dentre outras) e de fiscalização (fiscalização de trânsito, postura,
obras, sanitária etc) podem ser delegadas às entidades de direito
privado. 
No entanto, conforme entendimento do STJ não
poderá ser delegado atividades de legislação e aplicação de sanções,
por se caracterizar como atividades intrínsecas docampo
administrativo. Nesse sentido, vale transcrever a notícia veiculada
no âmbito do STJ: 
"A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
decidiu pela possibilidade de a Empresa de Transporte de
Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) exercer atos
relativos à fiscalização no trânsito da capital mineira.
Entretanto, os ministros da Turma mantiveram a
vedação à aplicação de multas pela empresa privada. 
A Turma decidiu reformar, parcialmente, decisão de
novembro último que garantiu ao poder público a aplicação
de multa de trânsito. Na ocasião, os ministros
acompanharam o entendimento do relator, ministro Mauro
Campbell Marques, de ser impossível a transferência do
poder de polícia para a sociedade de economia mista, que é
o caso da BHTrans. Ele explicou que o poder de polícia é o
dever estatal de limitar o exercício da propriedade e da
liberdade em favor do interesse público. E suas atividades
se dividem em quatro grupos: legislação, consentimento,
fiscalização e sanção.” 
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O prof. Carvalho Filho, neste aspecto, diverge, pois
entende que qualquer pessoa administrativa também poderá exercer
a atividade de fiscalização e aplicar sanção. 
A propósito, são sanções decorrentes do poder de
polícia as multas, interdição de atividades, embargo de obras,
cassação de patentes, demolições, proibição de fabricar, suspensão
ou cassação de direito, por exemplo. 
De toda sorte, por ser ato administrativo, os atos de
poder de polícia se submetem ao controle administrativo, de
autotutela, bem como ao controle judicial de legalidade. 
Ademais, vale destacar que a Lei nº 9.873/99
estabelece prazo prescricional de cinco anos para o exercício de
ação punitiva pela Administração Pública Federal direta e indireta, no
exercício do poder de polícia, conforme determina o art. 1º: 
Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da
Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício
do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação
em vigor, contados da data da prática do ato ou, no
caso de infração permanente ou continuada, do dia
em que tiver cessado. 
Observe que esta lei não se aplica às infrações de
natureza funcional e aos processos e procedimentos de natureza
tributária, conforme art. 5º, mas ao exercício do poder de polícia. 
Vamos às questões. 
QUESTÕES COMENTADAS 
1. (AUXILIAR JUDICIÁRIO – TJ/AL – CESPE/2012) Segundo a
doutrina, o abuso de poder, que pode assumir duas formas,
comissiva ou omissiva, efetiva-se quando a autoridade
competente, ao praticar ou omitir ato administrativo,
ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das 
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finalidades administrativas, circunstâncias em que o ato do
agente somente poderá ser revisto pelo Poder Judiciário. 
Comentário: 
O entendimento doutrinário no sentido de que o abuso
de poder tanto pode ocorrer por ação ou omissão, ou seja, efetiva-
se quando a autoridade competente, ao praticar ou omitir ato
administrativo, ultrapassa os limites de suas atribuições (excesso de
poder) ou se desvia das finalidades administrativas (desvio de
finalidade). 
Todavia, tais circunstâncias podem ser revistas
administrativa ou judicialmente. 
Gabarito: Errado. 
2. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – STM –
CESPE/2011) Caso autoridade administrativa deixe de
executar determinada prestação de serviço a que por lei está
obrigada e, consequentemente, lese o patrimônio jurídico
individual, a inércia de seu comportamento constitui forma
omissiva do abuso de poder. 
Comentário: 
É importante perceber que o abuso de poder pode
ocorrer tanto por ação, como por omissão, sobretudo quando o
agente deixa de praticar ato, visando causar prejuízo a terceiros. 
Gabarito: Certo. 
3. (ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO - MS - 
CESPE/2013) A inércia da autoridade administrativa,
caracterizada pela falta de execução de determinada
prestação de serviço que por lei está obrigada a cumprir,
constitui abuso de poder. 
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Comentário: 
De fato, constitui abuso de poder a omissão do dever
de agir. Assim, a falta de execução de determinada prestação de
serviço que por lei está obrigada a cumprir caracteriza-se como
abuso de poder. 
Gabarito: Certo. 
4. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO - ANA - CESPE/2013) A
inércia da autoridade administrativa, que é configurada como
a inexecução de determinada prestação de serviço
obrigatória em lei, constitui abuso de poder. 
Comentário: 
Observe que a questão é absolutamente semelhante à
anterior. Então, sabidamente o abuso de poder pode ocorrer por
ação ou por omissão quanto ao dever de agir. Por isso, a inexecução
de determinada prestação de serviço obrigatória caracteriza-se como
abuso de poder. 
Gabarito: Certo. 
5. (ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO - MS - 
CESPE/2013) O abuso do poder se configura apenas quando
a autoridade pratica o ato, embora não possua competência
para tal. 
Comentário: 
O abuso de poder pode ocorrer tanto por ação quanto
por omissão, na modalidade excesso de poder ou por desvio de
poder ou finalidade. 
Gabarito: Errado. 
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6. (INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL – PC/CE – CESPE/2012) O
abuso do poder pela autoridade competente invalida o ato
por ela praticado, devendo a invalidade ser reconhecida
somente por controle judicial. 
Comentário: 
Como se sabe, o abuso de poder invalida o ato, na
medida em que se tem um ato ilegítimo (com excesso ou desvio de
poder). Contudo, a invalidade pode ser decretada tanto
administrativamente, quanto por controle judicial. 
Gabarito: Errado. 
7. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJDFT – CESPE/2013) Considere
que determinado agente público detentor de competência
para aplicar a penalidade de suspensão resolva impor, sem
ter atribuição para tanto, a penalidade de demissão, por
entender que o fato praticado se encaixaria em uma das
hipóteses de demissão. Nesse caso, a conduta do agente
caracterizará abuso de poder, na modalidade denominada
excesso de poder. 
Comentário: 
Observe que o agente não era competente para aplicar
a pena de demissão. Portanto, extrapolou, foi além, dos limites de
sua competência, ou seja, ocorreu o abuso de poder sob a
modalidade excesso de poder. 
Gabarito: Certo. 
8. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJ/RR – CESPE/2012) Caracteriza
desvio de finalidade, espécie de abuso de poder, a conduta do
agente que, embora dentro de sua competência, se afasta do 
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interesse público, que deve nortear todo o desempenho
administrativo, para alcançar fim diverso daquele que a lei
lhe permitiu. 
Comentário: 
O desvio de finalidade é espécie do gênero abuso de
poder e se caracteriza pela conduta do agente que, embora dentro
de sua competência, se afasta do interesse público, que deve
nortear todo o desempenho administrativo, para alcançar fim diversodaquele que a lei lhe permitiu. 
Gabarito: Certo. 
9. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Forma de conferir liberdade
ao administrador público, o poder discricionário permite que
a autoridade, mediante os critérios de conveniência e
oportunidade, opte pela ação que melhor propicie a
consecução do interesse público, atuação que se sobrepõe
aos limites da lei. 
Comentário: 
O poder discricionário permite ao agente público uma
margem de liberdade para atuar. Tal margem de liberdade diz
respeito à valoração da conduta sob os aspectos da conveniência e
oportunidade a fim de satisfazer o interesse público. 
Contudo, tal valoração ou liberdade não se sobrepõe
aos limites legais. É que o poder discricionário deve se pautar pelos
limites impostos expressas ou implicitamente na lei, sob pena de
ilegalidade do ato. 
Gabarito: Errado. 
10. (ADMINISTRADOR – TJ/RR – CESPE/2012) Define-se
poder discricionário como o poder que o direito concede à 
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administração para a prática de atos administrativos com
liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e
conteúdo, estando a administração, no exercício desse poder,
imune à apreciação do Poder Judiciário. 
Comentário: 
De fato, entende-se que no âmbito do poder
discricionário há margem de liberdade para decidir acerca da
conveniência, oportunidade e conteúdo do ato. 
Contudo, não está imune à apreciação judicial os atos
praticados no exercício desse poder, na medida em que pode ser
verificado os aspectos de legalidade. 
Gabarito: Errado. 
11. (AGENTE ADMINISTRATIVO - TCE/RO - CESPE/2013) O
poder discricionário é um poder absoluto e intocável,
concretizando-se no momento em que o ato é praticado pela
administração. 
Comentário: 
Não há poder absoluto e intocável. Todos os poderes
encontram limites na própria lei. Com efeito, o poder discricionário
embora possibilite certa margem de atuação, deve-se observar que
essa atuação deve ser pautada nos limites legais, sob pena de
invalidação tanto pela Administração quanto pelo Judiciário. 
Gabarito: Errado. 
12. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT –
CESPE/2010) Poder regulamentar é a prerrogativa conferida
à administração pública de editar atos de caráter geral que
visam complementar ou alterar a lei, em face de eventuais
lacunas e incongruências. 
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Comentário: 
Como bem destaca o Prof. Carvalho Filho, o poder
regulamentar é subjacente à lei e pressupõe a existência desta.
Trata-se de poder no sentido de praticar atos de natureza
derivada, ou seja, tendo em vista complementar o alcance da
lei. 
Assim, o poder regulamentar é poder conferido
no sentido de esclarecer, explicitar, detalhar o alcance da
norma, nunca no sentido de preencher lacunas ou corrigir
incongruências. Pois tal tarefa é dada ao intérprete, utilizando
instrumentos de aplicação da lei, tal como a analogia, os princípios
gerais de direito, ou ao próprio legislador na formulação de novas
leis. 
Gabarito: Errado. 
13. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) De
acordo com o entendimento do STF, quando o Poder
Executivo expede regulamento, ato normativo de caráter não
legislativo, não o faz no exercício de função legislativa, mas
no de função normativa, sem que haja derrogação do
princípio da divisão dos poderes. 
Comentário: 
O STF tem entendimento consolidado no sentido de
que a expedição de atos normativos pelo Poder Executivo é
expressão do poder regulamentar ou da função da normativa,
conforme o seguinte: 
INFORMATIVO Nº 650 
TÍTULO: Salário mínimo e decreto presidencial (Transcrições)
PROCESSO: MS - 30604 
ARTIGO 
Salário mínimo e decreto presidencial (Transcrições) (v. 
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Informativo 646) ADI 4568/DF* RELATORA: Ministra Cármen Lúcia
VOTO DO MINISTRO LUIZ FUX AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. DIREITO DO TRABALHO. GARANTIA
FUNDAMENTAL DO SALÁRIO MÍNIMO (CF, ART. 7, IV). LEI Nº 
12.381/11. FIXAÇÃO DO VALOR DO SALÁRIO MÍNIMO PARA O
ANO DE 2011. DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO
DO SALÁRIO MÍNIMO PARA O PERÍODO DE 2012 A 2015.
SISTEMÁTICA DE REAJUSTE E MAJORAÇÃO DO PODER
AQUISITIVO. ART. 3º DO DIPLOMA. FENÔMENO DA
DESLEGALIZAÇÃO. DECRETO DO PODER EXECUTIVO AO QUAL
COMPETIRÁ CONSOLIDAR A APLICAÇÃO DOS INDÍCES PREVISTOS
NA LEI. CONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE
(CF, ART. 5º, II, E 37, CAPUT) E DA SEPARAÇÃO DE PODERES (CF,
ART. 2º). CONTEXTO DE “CRISE DA LEI FORMAL”. DIÁLOGO 
INSTITUCIONAL ENTRE OS PODERES LEGISLATIVO E EXECUTIVO.
FUNÇÃO LEGISLATIVA DESEMPENHADA ATRAVÉS DA FIXAÇÃO DE
DIRETRIZES PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS. ESPAÇO
NORMATIVO VIRTUOSO DO PODER EXECUTIVO NO
DESENVOLVIMENTO E NA CONCRETIZAÇÃO DO CONTEÚDO DA
LEI. CONHECIMENTO TÉCNICO E DINAMISMO NA RESPOSTA AOS
NOVOS DESAFIOS REVELADOS PELA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA. HABILITAÇÃO NORMATIVA DO PODER
EXECUTIVO. RISCO DE DELEGAÇÃO EM BRANCO. PRINCÍPIO
DEMOCRÁTICO. DEVER DE FIXAÇÃO, EM LEI, DE
PARÂMETROS DE CONTEÚDO QUE LIMITEM A ATUAÇÃO DO
PODER EXECUTIVO (“INTELLIGIBLE PRINCIPLE 
DOCTRINE”). PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL RELATIVOS AO DOMÍNIO TRIBUTÁRIO, PENAL E
ADMINISTRATIVO. SISTEMÁTICA DA LEI QUE SE VOLTA A
PROMOVER A EFETIVIDADE DA GARANTIA FUNDAMENTAL
DO TRABALHADOR. PERIODICIDADE SIMILAR À DO PLANO
PLURIANUAL (CF, ART. 165, § 1º, C/C ART. 35, § 2º, I, DO
ADCT). ELEVAÇÃO DA VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO
COMO POLÍTICA DE ESTADO. INOCORRÊNCIA DE
SILENCIAMENTO DO PODER LEGISLATIVO. POSSIBILIDADE
DE QUE, A QUALQUER TEMPO, SOBREVENHA NOVO
DIPLOMA REVOGANDO A DESLEGALIZAÇÃO OPERADA PELA
LEI Nº 12.382/11. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO REGIME
CONSTITUCIONAL PARA A EDIÇÃO DE LEI DELEGADA (CF, 
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ART. 68, CAPUT E §§). DECRETO DO PODER EXECUTIVO
QUE, NA SISTEMÁTICA DA LEI Nº 12.381/11, CARACTERIZA
ATO NORMATIVO DE NATUREZA SECUNDÁRIA, 
DIVERSAMENTE DO QUE SE PASSA COM A LEI DELEGADA. 
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. 
Gabarito: Certo. 
14. (AGENTE ADMINISTRATIVO - TCE/RO - CESPE/2013)
Quando a administração expede normas de caráter geral e
impessoal, ela está desempenhando o poder regulamentar e a
função normativa simultaneamente. 
Comentário: 
De fato, o poder regulamentar é uma decorrência da
função normativa. Observe que a função normativa do Estado
pode ser compreendida em três categorias: a) função legislativa; 
b) função regulamentar; e, c) função regulatória. 
Assim, quando a administração expede normas de
caráter geral e impessoal (poder regulamentar) o faz também no
exercício da função normativa. 
Gabarito: Certo. 
15. (ANALISTA MINISTERIAL – MPE/PI – CESPE/2012) No
exercício do poder regulamentar, os chefes do Executivo não
podem editar atos que contrariem a lei ou que criem direitos
e obrigações que nela não estejam previstos, sob pena de
ofensa ao princípio da legalidade. 
Comentário: 
De fato, o poder regulamentar é subjacente à lei, ou
seja, não confere aos chefes do Executivo o poder de editar atos que 
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contrariem a Lei ou que criem direitos e obrigações que nela não
estejam previstos. 
Gabarito: Certo. 
16. (PROCURADOR - BACEN - CESPE/2013) Fundamentado
no exercício do poder regulamentar, o chefe do Poder
Executivo tem competência para inovar a ordem jurídica,
criando, por meio de decreto, obrigações de fazer ou de não
fazer aos particulares. 
Comentário: 
Veja só. É exatamente o contrário da questão anterior.
Então, o poder regulamentar não confere aos chefes do Executivo o
poder de editar atos que inovem a ordem jurídica. 
Gabarito: Errado. 
17. (INVESTIGADOR DE POLÍCIA - PC/BA - CESPE/2013)
Em razão do poder regulamentar da administração pública, é
possível estabelecer normas relativas ao cumprimento de leis
e criar direitos, obrigações, proibições e medidas punitivas. 
Comentário: 
Pode, de fato, a administração pública expedir normas
relativa ao cumprimento de leis. Contudo, não pode criar direitos,
obrigações, proibições e medida punitivas. 
Gabarito: Errado. 
18. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/ES –
CESPE/2011) Um regulamento autorizado pode disciplinar
matérias reservadas à lei. 
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Comentário: 
Lembre-se que o poder regulamentar, mesmo em sua
expressão poder normativo técnico, não pode extrapolar os limites
da lei, ou seja, não pode invadir campo reservado à lei em sentido
formal, sob pena de violação ao princípio da separação de poderes. 
Gabarito: Errado. 
19. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) O
poder normativo da administração pode ser expresso por
meio de deliberações e de instruções editadas por
autoridades que não o chefe do Poder Executivo, as quais
podem inovar no ordenamento jurídico, criando direitos e
impondo obrigações. 
Comentário: 
Observamos que é no âmbito da Administração Pública
teremos o poder regulamentar conferido ao Chefe do Executivo e o
poder normativo (especialmente o técnico) conferido a algumas
entidades ou a alguns órgãos da Administração, distintos daquela
autoridade. 
Contudo, esse poder não poderá ultrapassar os limites
legais, de modo que não poderá criar direito ou impor obrigações,
inovando na ordem jurídica. 
Gabarito: Errado. 
20. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) O poder regulamentar
permite que o ato normativo derivado inove e aumente os
direitos e obrigações previstos no ato de natureza primária
que o autoriza, desde que tenha por objetivo o cumprimento
das determinações legais. 
Comentário: 
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O poder regulamentar não pode inovar na ordem
jurídica criando direitos ou obrigações para além do que foi previsto
ou autorizado no ato primário (Lei). 
Gabarito: Errado. 
21. (ANALISTA DE INFORMÁTICA - TCE/RO - CESPE/2013)
Por meio do poder regulamentar, a administração pública
poderá complementar e alterar a lei a fim de permitir a sua
efetiva aplicação. 
Comentário: 
O poder regulamentar não pode alterar a lei a fim de
permitir sua efetiva aplicação. 
Gabarito: Errado. 
22. (AUXILIAR JUDICIÁRIO – TJ/AL – CESPE/2012) O poder
regulamentar da administração pública manifesta-se por
meio de atos de natureza normativa, instituidores de direito
novo de forma ampla e genérica, com efeitos gerais e
abstratos, expedidos em virtude de competência própria dos
órgãos estatais. 
Comentário: 
A questão é muito boa, de certo modo seria isso
mesmo, ou seja, o poder regulamentar da administração pública
manifesta-se por meio de atos de natureza normativa, com efeitos
gerais e abstratos, expedidos em virtude de competência própria dos
órgãos estatais. 
Contudo, o poder regulamentar não é instituidor de
direito novo de forma ampla e genérica, na medida em que não pode
extrapolar os limites legais. 
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Gabarito: Errado. 
23. (ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA – TRE/MS –
CESPE/2013) O poder regulamentar é prerrogativa de direito
público conferida à administração pública de exercer função
normativa para complementar as leis criadas pelo Poder
Legislativo, podendo inclusive alterá-las de forma a permitir a
sua efetiva aplicação. 
Comentário: 
No exercício do poder regulamentar a Administração
tem a prerrogativa de explicitar, detalhar, complementar as leis,
mas não pode alterá-las ou criar direitos ou obrigações que dela
(Lei) na decorra. 
Gabarito: Errado. 
24. (AGENTE ADMINISTRATIVO – PRF – CESPE/2012) Em
decorrência do poder regulamentar, a administração pública
pode utilizar o regulamento autorizado para fixar normas
técnicas, de forma que um regulamento sobre temática não
prevista em lei, por exemplo, será considerado válido. 
Comentário: 
O poder regulamentar é subjacente à lei, ou seja, não
pode ir além do que a lei estabelece. Portanto, nem mesmo os
regulamentos autorizados podem regulamentar situação não
prevista ou decorrente da própria lei, sob pena de ser inválido. 
Gabarito: Errado. 
25. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) O
poder regulamentar consiste na possibilidade de o chefe do 
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Poder Executivo editar atos administrativos gerais e
abstratos, expedidos para dar fiel execução da lei. 
Comentário: 
De acordo com o art. 84, inc. IV, da CF/88 compete ao
Chefe do Poder Executivo editar decretos regulamentares, de
conteúdo geral e abstrato, para dar fiel execução à lei. 
Gabarito: Certo. 
26. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MPU – CESPE/2013) É
denominado regulamento executivo o decreto editado pelo
chefe do Poder Executivo federal para regulamentar leis. 
Comentário: 
Nos termos do art. 84, inc. IV, da CF/88 compete ao
chefe do executivo expedir decreto para fiel execução de lei. De fato,
trata-se de decreto ou regulamento executivo. 
Gabarito: Certo. 
27. (ATIVIDADE TÉCNICA DE SUPORTE - MC - CESPE/2013)
Os decretos de execução são atos normativos ditos
secundários. 
Comentário: 
No âmbito da atividade normativo podemos citar o
decreto executivo e o decreto autônomo. O decreto executivo ou
regulamentar decorre do artigo 84, inc. IV, da CF/88 e tem por
finalidade dar fiel aplicação à lei. Portanto, trata-se de ato normativo
secundário, ou seja, inferior à lei. 
O decreto autônomo, por outro lado, fundado no art.
84, inc. VI, da CF/88 não é considerado ato normativo secundário, 
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pois decorre diretamente da Constituição, visando regular situação
ali disposta. 
Gabarito: Certo. 
28. (ADMINISTRADOR - MS - CESPE/2013) Considere que o
Congresso Nacional edite determinada lei, sancionada pelo
presidente da República, que estabeleça o prazo de cento e
oitenta dias para sua regulamentação pelo Poder Executivo.
Considere, ainda, que, ao exercer seu poder regulamentar, o
Poder Executivo o faça extrapolandoos limites previstos
nessa lei. Nessa situação, o controle desse ato regulamentar
pode ser realizado pelo Poder Judiciário e pelo Poder
Legislativo. 
Comentário: 
Caso seja editado decreto que exorbitem os limites
legais, caberá ao Congresso Nacional, nos termos do art. 49, inc. V,
da CF/88, sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou ao Poder Judiciário no exercício
do controle judicial da Administração. 
Gabarito: Certo. 
29. (TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS - 
TJ/RR - CESPE/2013) Segundo o STF, decreto autônomo que
dispuser sobre a extinção de cargos públicos vagos será
inconstitucional, por extrapolar os limites do poder
regulamentar conferido ao chefe do Poder Executivo. 
Comentário: 
O STF tem entendimento de que, nos termos da
Constituição Federal, conforme art. 84, inc. VI, é possível a edição
de decreto autônomo para: 
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a) organização e funcionamento da administração
federal, quando não implicar aumento de despesa nem
criação ou extinção de órgãos públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, 
Gabarito: Errado. 
30. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010)
Decorrente diretamente do denominado poder regulamentar,
uma das características inerentes às agências reguladoras é a
competência normativa que possuem para dispor sobre
serviços de suas competências. 
Comentário: 
Tem-se como expressão do poder regulamentar, sob
aspecto geral ou mais amplo, a existência do poder regulatório ou
normativo, conferido, por exemplo, às autarquias reguladoras
(agências reguladoras), ao Conselho Nacional de Justiça, ao CADE,
ao Conselho Monetário Nacional, dentre outros órgãos e entidades
da Administração. 
De toda sorte, como ressaltado, o poder regulamentar
não pode ultrapassar os limites da lei, criando situação jurídica não
tutelada na norma, ou seja, deve apenas esclarecer, explicitar,
pormenorizar, viabilizar a operacionalidade técnica da lei. 
Gabarito: Certo. 
31. (JUIZ - STM - CESPE/2013) O exercício do poder
regulatório é atividade administrativa exclusiva das agências
reguladoras. 
Comentário: 
A atividade regulatória não é exclusiva das agências
reguladoras, pois há também competência dessa natureza conferida 
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a órgãos da administração, a exemplo dos regulamentos sobre
imposto de renda expedidos pela Receita Federal. 
Gabarito: Errado. 
32. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – ANS – CESPE/2013)
Configura exercício de poder disciplinar a edição pela ANS de
ato normativo que discipline um aspecto da relação entre
operadoras setoriais e consumidores. 
Comentário: 
É uma expressão do poder normativo, a prerrogativa
conferida à agência reguladora para expedir ato normativo que
discipline um aspecto da relação entre operadoras e consumidores,
tal como uma Resolução. 
Gabarito: Errado. 
33. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/SE – CESPE/2012) O poder
regulamentar permite que a administração pública crie os
mecanismos de complementação legal indispensáveis à
efetiva aplicabilidade da lei, sendo ilegítima a fixação,
realizada pelo poder regulamentar, que crie obrigações
subsidiárias (ou derivadas) — diversas das obrigações
primárias (ou originárias) contidas na própria lei. 
Comentário: 
De fato, o poder regulamentar permite que a
administração pública crie os mecanismos de complementação legal
indispensáveis à efetiva aplicabilidade da lei. 
No entanto, não é ilegítima a fixação de obrigações
subsidiárias (ou derivadas), ainda que diversas das obrigações
primárias (originárias) contidas na própria lei. 
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Nesse sentido, bem explica o Prof. Carvalho Filho que
é “legítima, porém, a fixação de obrigações subsidiárias (ou
derivadas) – diversas das obrigações primárias (ou originárias)
contidas na lei”. 
Dou um exemplo prático. A fim de comprovar a
condições de hipossuficiente (carente de recursos), conforme
obrigação originária estabelecida pela lei para ser atendido pela
Defensoria, estabeleceu-se em resolução que é necessário
apresentar a declaração de imposto de renda ou de isento,
contracheque, carteira de trabalho, dentre outros documentos, que
podem ser exigidos no caso concreto. 
Observe que a lei não estabeleceu como obrigação
originária que tais documentos fossem apresentados, exigiu-se que
a pessoa seja hipossuficiente, porém foram criadas obrigações
subsidiárias (derivadas), diversas da regra originária. 
O importante observar é que essas regras chamadas
derivadas não extrapolem os limites legais, ou seja, a razoabilidade
e proporcionalidade, bem como a finalidade legal. 
Gabarito: Errado. 
34. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/PI – CESPE/2012) As
leis que trazem a recomendação de serem regulamentadas
não são exequíveis antes da expedição do decreto
regulamentar correspondente, mesmo após decorrido o prazo
para que o Poder Executivo edite o referido decreto. 
Comentário: 
Não se deve confundir norma constitucional de eficácia
limitada com a fiel aplicabilidade da lei no âmbito da Administração
Pública. 
No entanto, é possível que a lei transfira à
Administração a obrigação de regulamentá-la (condição suspensiva 
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de exequibilidade da lei), quando o dispositivo pendente de
regulamentação não terá exequibilidade até que o regulamento seja
expedido. 
Contudo, em tais casos, a própria lei estabelece o
prazo para que o ato administrativo normativo seja expedido, de
modo que ultrapassado o limite temporal, a lei se torna plenamente
exequível. 
Gabarito: Errado. 
35. (ADVOGADO – AGU – CESPE/2012) O AGU, utilizando-se
do poder regulamentar previsto na CF, pode conceder indulto
e comutar penas, desde que por delegação expressa do
presidente da República. 
Comentário: 
O CESPE considerou esta questão como correta. No
entanto, ao meu sentir, deveria ter sido anulada. 
É que, primeiro, conceder indulto ou comutar penas
são atos do Presidente da República no exercício do poder político do
Estado (art. 84, inc. XII), e não se confunde com o poder
regulamentar previsto no art. 84, inc. IV, (exercício da função
administrativa). 
Assim, embora a concessão de indulto ou comutação
pena seja passível de delegação (art. 84, parágrafo único), tais atos
não são expedidos com a finalidade de regulamentar Lei, trata-se de
interferência estatal em processos criminais (execução penal). 
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS.
INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA. EXTORSÃO MEDIANTE
SEQÜESTRO. CRIME HEDIONDO. INTELIGÊNCIA DOS ARTS.
5º, XLII, E 84, XII, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
ALEGADA ILEGALIDADE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 
8.072/90 E DO DECRETO 5.993/06. INOCORRÊNCIA. 
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CONCESSÃO DE FAVORES QUE SE INSEREM NO PODER
DISCRICIONÁRIO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. NÃO-
CABIMENTO DE HC CONTRA LEI EM TESE. IMPETRAÇÃONÃO CONHECIDA I - Não cabe habeas corpus contra ato
normativo em tese. II - O inciso I do art. 2º da Lei 8.072/90
retira seu fundamento de validade diretamente do art. 5º,
XLII, da Constituição Federal. III - O art. 5º, XLIII, da
Constituição, que proíbe a graça, gênero do qual o indulto é
espécie, nos crimes hediondos definidos em lei, não conflita
com o art. 84, XII, da Lei Maior. IV - O decreto
presidencial que concede o indulto configura ato de
governo, caracterizado pela ampla discricionariedade.
V - Habeas corpus não conhecido. (HC 90364, Relator(a): 
Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em
31/10/2007, DJe-152 DIVULG 29-11-2007 PUBLIC 30-11-
2007 DJ 30-11-2007 PP-00029 EMENT VOL-02301-03 PP-
00428 RTJ VOL-00204-03 PP-01210) 
Por fim, o poder regulamentar é exclusivo do Chefe de
Governo, sendo que o poder normativo, ou seja, a edição de atos
normativos não pode ser objeto de delegação (art. 13 da Lei nº 
9.784/99). 
Por tudo isso, entendo que a questão deveria ter sido
anulada ou considerada incorreta. No entanto, o CESPE a considerou
correta sob o fundamento de que se trato de ato discricionário do
Presidente e pode ser delegada. 
Gabarito: Certo (*) 
36. (ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - TRT 8ª
REGIÃO - CESPE/2013) O exercício do poder regulamentar
pela administração pública não se restringe à atuação do
chefe do Poder Executivo, por meio de decreto regulamentar,
visto que outras autoridades podem expedir atos normativos,
com fundamento no exercício do mesmo poder. 
Comentário: 
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Então, o poder regulamentar alcança não só o poder
de expedir decretos pelo Chefe do Executivo, mas também a
atividade regulamentar de outras autoridades, órgãos e entidades da
administração, a exemplo das Instruções Normativas, Resoluções e
outros atos normativos. 
Gabarito: Certo. 
37. (ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA - TRT 8ª REGIÃO 
- CESPE/2013) É vedada, em caráter absoluto, a edição, pelo
chefe do Poder Executivo, de ato normativo que detalhe
sanções administrativas, por se tratar de matéria inserida no
âmbito da reserva legal. 
Comentário: 
O poder regulamentar é justamente de explicitar,
detalhar, complementar o alcance da norma. Assim, não há vedação
de se expedir ato normativo que detalhe sanções administrativas na
medida em que as sanções já estão previstas, mas podem ser
explicitada sua aplicação pelo decreto. 
Gabarito: Errado. 
38. (AGENTE ADMINISTRATIVO – PRF – CESPE/2012) Ao
aplicar penalidade a servidor público, em processo
administrativo, o Estado exerce seu poder regulamentar. 
Comentário: 
Aplicar penalidade em processo disciplinar a servidor
público é manifestação do exercício do poder disciplinar. 
Gabarito: Errado. 
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39. (TODOS OS CARGOS - MPOG - CESPE/2013) A
administração pública exercerá o poder regulamentar ao
multar determinado contratado que esteja construindo um
imóvel público em área urbana e que atrase sucessivamente
etapas da obra. 
Comentário: 
A aplicação de multa em pessoa contratada pela
administração pública é uma incidência do poder disciplinar. 
Gabarito: Errado. 
40. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) Caso
se determine, por meio de lei, a certa autoridade a
competência para editar atos normativos secundários, essa
competência pode ser objeto de delegação. 
Comentário: 
Nos termos da Lei nº 9.784/99, artigo 13, não se pode
delegar a edição de atos de competência normativa. 
Gabarito: Errado. 
41. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/SE – CESPE/2010) O
poder regulamentar formaliza-se por meio de decretos e
regulamentos. Nesse sentido, as instruções normativas, as
resoluções e as portarias não podem ser qualificadas como
atos de regulamentação. 
Comentário: 
Poder regulamentar é a prerrogativa conferida, em
especial, ao Chefe do Executivo para editar atos gerais visando dar
aplicabilidade à lei que, como regra, formaliza-se por meio de
decretos e regulamentos. 
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Contudo, como já ressaltado, o poder normativo
(gênero) engloba o poder regulamentar e o poder normativo técnico. 
Assim, no âmbito de algumas entidades e órgãos que
exercem o poder normativo (regulamento técnico) são expedidas
resoluções, instruções normativas que são atos de regulamentação. 
As portarias podem ser atos regulamentares (exemplo
das Portarias Interministeriais) ou atos ordinatórios (exemplo de
portaria determinando a realização de certo serviço) a depender de
sua finalidade. 
Gabarito: Errado. 
42. (AUXILIAR JUDICIÁRIO – TJ/AL – CESPE/2012) A
prerrogativa de que dispõe a administração pública para não
só ordenar e coordenar, mas também para corrigir as
atividades de seus órgãos e agentes resulta do poder
hierárquico, cujo exercício limita-se ao controle de
legalidade. 
Comentário: 
O poder hierárquico compreende, além dos poderes de
ordenar e coordenar, também o rever os atos realizados pelos
subordinados, de modo que alcançará também os aspectos de
mérito, ou seja, de conveniência e oportunidade. 
Gabarito: Errado. 
43. (ANALISTA TÉCNICO - MJ - CESPE/2013) Decorre da
hierarquia administrativa o poder de dar ordens aos
subordinados, que implica o dever de obediência aos
superiores, mesmo para ordens consideradas
manifestamente ilegais. 
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Comentário: 
De fato, decorre da hierarquia o poder de dar ordens,
assim como o dever de obediência. Contudo, as ordens deve ser
dadas dentro dos limites da legalidade, sob pena de não se
cumpridas quando manifestamente ilegais. 
Gabarito: Errado. 
44. (ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - TRT 8ª
REGIÃO - CESPE/2013) O denominado poder hierárquico é
inerente à atividade administrativa, razão por que não se
admite a distribuição de competências na organização
administrativa sem que a relação hierárquica esteja presente
no desempenho das atividades. 
Comentário: 
Embora a administração seja organizada de maneira
hierarquizada, na atualidade se admite a distribuição de
competências sem que haja a relação de subordinação ou de
hierarquia. Lembre-se da Lei nº 9.784/99, em seu artigo 12, ao
estabelecer que a competência poderá ser delegada para agente ou
órgão hierarquicamente subordinado ou não. 
Gabarito: Errado. 
45. (PROMOTOR DE JUSTIÇA - MPE/RO - CESPE/2013)
Conforme previsão constitucional, o poder hierárquico, que
permite à autoridade superior a possibilidade de punição
disciplinar independentemente de expressa previsão legal,
pode ser qualificado, em determinadas situações, como
autônomo e originário. 
Comentário: 
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A questão é medonha!!! Aqui o CESPE embolou duas
situações. Vamos a elas: 
1º o poder hierárquico, de fato, possibilita, em razão
da hierarquia administrativa, a punição disciplinar, mas que deve ter
previsão legal, sob pena de se aplicar sanção não prevista

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