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DIREITO CIVIL IV AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL - USUCAPIÃO Aula 7 Objetivos Ao final da sessão o aluno deverá ser capaz de: - Compreender o fenômeno da usucapião - Identificar os requisitos de todas as modalidades de usucapião; - Aplicar as regras de transição à usucapião; CONTEÚDO DA AULA Usucapião 1. Conceito e natureza jurídica 2. Requisitos gerais e específicos 3. Espécies e respectivos prazos 4. Direito intertemporal 5. Alegação em defesa e seus efeitos Propriedade Imóvel Modos de Aquisição da Propriedade Imobiliária Modos de Aquisição 1. Pelo registro do título 2. Pela acessão 3. Pela usucapião 4. Pelo direito hereditário Usucapião - Conceito • do latim usus (uso)+ capere (tomar) = tomar pelo uso > adquirir pelo uso (pela posse) • Modo originário de aquisição da propriedade e de outros dtos reais (usufruto, uso, habitação) > pela posse prolongada da coisa > observando os requisitos legais. Corrente subjetivista • Fundamento da usucapião => presunção de abandono do bem pelo proprietário, renunciando-o tacitamente. Corrente objetivista • Fundamento da usucapião => Aquisição da propriedade pela utilidade social do bem. xxx • Consolidação da propriedade com juridicidade da situação de fato: p posse + tempo. • “A posse é o fato objetivo, e o tempo, a força que opera a transformação do fato em direito” (DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito das coisas. 22.ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 156). Fundamento A) Pessoais: (Referente às características do adquirente e do proprietário). • Capacidade jurídica do adquirente para usucapir. • Não corre prazo da usucapião contra absolutamente incapazes. • Usucapião é prescrição aquisitiva, deve se observar causas obstativas, suspensivas e interruptivas da prescrição (arts. 197 a 202, CC). B) Reais (Referente ao objeto da usucapião) • Bens e direitos suscetíveis de usucapião. • Bens apropriáveis. • Excluídos: >bens fora do comércio, >bens públicos > bens que, pela natureza da relação jurídica que autoriza a posse do possuidor, não podem ser usucapidos. Ex. condômino usucapir área condominial. C) Formais ... Requisitos gerais e específicos C) Formais (referente à posse ) • Posse exercida com animus domini • Prazo de posse. • Sentença judicial (declaratória). • Posse justa >>>> boa-fé não é condição essencial. • Posse mansa e pacífica (sem oposição) • Posse pública. • Posse contínua e duradoura. Requisitos gerais e específicos • Polêmica sobre possibilidade de usucapião de bens em comodato. • Continuidade > possibilidade de soma de posses para usucapião. • Registro no Cartório de Imóveis com carta de sentença. • Possuidor e confinantes ser citados pessoalmente para ação de usucapião (Súm. 263 e 391 STF) + União, Estado e Município • Algumas modalidades exigem requisitos específicos. Ex: Usucapião ordinária -> prova da boa-fé; Usucapião tabular (art. 1.242, §ú CC) -> boa-fé + imóvel registrado e posteriormente cancelado. Requisitos gerais e específicos 11 11 Espécies de Usucapião de Bens Imóveis. 1. Extraordinária – Art. 1238 CC 2. Ordinária – Art. 1242 CC 3. Especial (Constitucional) # Rural (pro labore) – Art. 1239 CC e 191 CF # Urbana (pró-moradia) – Art. 1240 CC e Art 183, §§ 1º a 3º CF 4. Coletiva – Art. 10, L. 10257/01 (Estatuto das Cidades) 5. Usucapião familiar Aquisição da Propriedade Imobiliária pela Usucapião 12 12 Usucapião Extraordinária. Requisitos: a) Posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini; b) Lapso temporal de 15 anos, • Redução para 10 anos se estabelecida morada habitual no imóvel ou realização de obras ou serviços produtivos. • Considerado efetivo uso do bem possuído como moradia e fonte de produção (posse-trabalho) para redução de prazo; c) Presunção juris et jure de boa-fé • Dispensa exibição do justo título, • Não permitida prova de carência do título. • Usucapiente deve apenas provar sua posse; d) Sentença judicial • Sentença declaratória da aquisição do domínio por usucapião • Título levado ao Registro Imobiliário. Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 14 14 Usucapião Ordinária. Requisitos: a) Posse mansa, pacífica e ininterrupta, com intenção de dono; b) Lapso temporal de 10 anos, • Redução para 5 anos, se bem adquirido onerosamente e transcrição cancelada, e possuidor more ou tenha realizado investimentos de interesse social ou econômico no bem; c) Justo título, ainda que com vício ou irregularidade, e boa-fé. • Necessidade de título idôneo para operar transferência da propriedade (escritura pública, cessão de direito, formal de partilha etc.) • Convicção de que possui legitimamente o imóvel (boa-fé); d) Sentença judicial • Declaração de aquisição do domínio, • Assento no Registro Imobiliário. 15 15 parágrafo único. Será de 5 anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelado posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Usucapião ordinária. Confere o domínio do imóvel a quem, por 10 anos, o possuir com animus domini contínua e pacificamente, tendo justo título e boa-fé. Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. 16 16 Enunciado 86: "A expressão justo título, contida nos arts. 1.242 e 1.260 do CC, abrange todo e qualquer ato jurídico hábil, em tese, a transferir a propriedade, independentemente de registro." 17 17 Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. • Forma de usucapião em que o usucapiente torna produtiva, com seu trabalho, uma área de terra em zona rural, tendo nela sua morada. Usucapião Especial Rural ou Usucapião Pro labore 18 18 Requisitos: a) Usucapiente -> não proprietário de imóvel rural ou urbano • Permite domínio a quem, não tendo propriedade, cultivou terra alheia abandonada, tornando produtiva pelo trabalho. b) Posse ininterrupta sem oposição por 5 anos com animus domini. c) Ocupante tornou terra produtiva com seu trabalho ou de sua família, seja agrícola, pecuário ou agroindustrial; d) Usucapiente com moradia habitual -> fim social de estimular fixação do homem no campo; e) Área não superior a 50 hectares; f) Bem imóvel não esteja em área pública. Usucapião Especial Rural ou “Pro labore” 19 19 • Princípio de que solo urbano não deve ficarsem aproveitamento adequado. • Requisitos: homem ou mulher, de qualquer estado civil, Não pode ser imóvel público Dimensão de até 250 m2, Não ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural Posse sem oposição, ininterrupta, por 5 anos, Posse para sua moradia ou de sua família. • Presunção absoluta de boa-fé -> não exige prova de justo título. Usucapião Urbana ou Usucapião Especial Urbana 20 20 Enunciado 85: "Para efeitos do art. 1.240, caput, do novo Código Civil, entende-se por "área urbana" o imóvel edificado ou não, inclusive unidades autônomas vinculadas a condomínios edilícios." • Preciso comprovar: Posse ininterrupta + pacífica + animus domini + 5 anos + área de até 250 m2 + moradia + não proprietário de outro imóvel urbano ou rural. • Assento da sentença no registro imobiliário. • Beneficio de usucapião especial urbana não será reconhecido à mesma pessoa mais de uma vez. 21 Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § lº O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 22 22 Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a propriedade imóvel. Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá titulo hábil para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. Sentença declaratória de usucapião. constitui título hábil para assento no Cartório de Imóveis. Valor probante da sentença. Sentença declaratória de usucapião e seu registro não têm valor constitutivo e sim probante, regularizando situação do imóvel e permitindo livre disposição. 23 Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do art. 1.242, com justo título e de boa-fé. • Lei exige continuidade de posse, mas admite sucessão dentro dela. • Possuidor pode acrescentar posse do antecessor, para contagem de tempo para usucapião (art. 1.207 CC). • Posses uniformes quanto ao objeto, sem interrupção natural ou civil, pacíficas e que posse do transmitente e do adquirente não seja viciosa (violentas, clandestinas ou precárias), e, no caso do art. 1.242 CC, que haja justo título e boa-fé. Usucapião e União de Posses 24 24 Usucapião Causas Impeditivas, Suspensivas e Interruptivas Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião. Art. 197 - Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Art. 198 - Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o artigo 3º; Art. 199 - Não corre igualmente a prescrição: I - pendendo condição suspensiva; II - não estando vencido o prazo; Causas Impeditivas da Usucapião. Causas que impedem contagem de tempo para usucapião (arts. 197, I a III; 198, I; e 199, I e II CC) • Causas que paralisam temporariamente a contagem de tempo. • Cessado motivo da suspensão da usucapião -> prazo continua a correr, computando tempo decorrido antes dele. • Causas suspensivas nos arts. 198, II e III, e 199, III CC. Art. 198 - Também não corre a prescrição: (...) II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. Art. 199 - Não corre igualmente a prescrição: (...) III - pendendo ação de evicção. Causas suspensivas da usucapião • Causas que interrompem contagem de tempo para usucapião • Inutilizam o tempo já corrido, • Prazo recomeça a contar da data do ato que a interromper. • art. 202, I a VI. CC Art. 202 - A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual; II - por protesto, nas condições do inciso antecedente; III - por protesto cambial; IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores; Causas Interruptivas da Usucapião Usucapião Coletiva (Art 10 – Lei 10257/2001) • Alcance social • Áreas urbanas com mais de 250 m² • Ocupação por população de baixa renda para moradia por mais de 5 anos • Impossibilidade de identificação dos terrenos ocupados individualmente • Atribuição de fração ideal de terreno a cada possuidor • Condomínio indivisível Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. (Estatuto da Cidade) Usucapião matrimonial • Nova modalidade de usucapião de bens imóveis pela Lei n. 12.424/2011 • Denominada “usucapião especial urbana por abandono de lar” Usucapião Matrimonial , conjugal , por Abandono de Lar Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Usucapião Matrimonial ou por Abandono de Lar Enunciados da V Jornada de Direito Civil 498. A fluência do prazo de 2 anos previsto pelo art. 1.240-A para a nova modalidade de usucapião nele contemplada tem início com a entrada em vigor da Lei n. 12.424/2011. 500. A modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do Código Civil pressupõe a propriedade comum do casal e compreende todas as formas de família ou entidades familiares, inclusive homoafetivas. 501. As expressões "ex-cônjuge" e "ex-companheiro", contidas no art. 1.240-A do Código Civil, correspondem à situação fática da separação, independentemente de divórcio. 502. O conceito de posse direta referido no art. 1.240-A do Código Civil não coincide com a acepção empregada no art. 1.197 do mesmo Código. Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. Enunciados da VII JDC 595. O requisito 'abandono do lar' deve ser interpretado na ótica do instituto da usucapião familiar como abandono voluntário da posse do imóvel somado à ausência da tutela da família, não importandoem averiguação da culpa pelo fim do casamento ou união estável. Revogado o Enunciado 499 Usucapião Matrimonial ou por Abandono de Lar Usucapião administrativa da Lei 11.977/09 Programa "Minha Casa Minha Vida" • Lei 11.977/09 => Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), destina-se ao custeio de moradia à população de baixa renda. • Programa promove regularização fundiária • Modalidade de Usucapião Administrativa / extrajudicial no Cartório do Registro de Imóveis • Possibilidade do Poder Público legitimar a POSSE de ocupantes de imóveis públicos ou particulares (art. 59) • Legitimação de Posse registrada constitui direito em favor do possuidor direto para fins de moradia. Usucapião administrativa da Lei 11.977/09 Programa "Minha Casa Minha Vida" • Legitimação de posse concedida aos moradores cadastrados pelo Poder Público • Após 5 anos do registro - Detentor de título de Legitimação pode requerer conversão do título em registro de propriedade ao oficial do registro de imóveis. (art. 60) • Conversão de mera legitimação da posse em propriedade pela usucapião especial urbana ou constitucional urbana. • Não cabe conversão nos casos de bens públicos (art. 183 § 2º CF e art 102 CC) Alegação em defesa e seus efeitos • Juízo Possessório x Juízo petitório • Durante tramitação de ação possessória, nem autor nem réu podem ajuizar, paralelamente, ação petitória para obter declaração de seu direito à posse, sem qualquer exceção, • Regra da proibição de exceção de domínio é suavizada quando matéria de defesa for a usucapião, entendimento sumulado pelo STF: Súmula 237, STF: o usucapião pode ser arguido em defesa. • Quando usucapião for alegada como matéria de defesa, a decisão somente poderá ser usada para fins de registro se formulado pedido contraposto. Usucapião Extrajudicial ou Usucapião Cartorária • Art 1.071 (Lei 13.105/15 - NCPC) acrescenta o art. 216-A, com dez parágrafos, à LRP, que tratam da matéria. • Direito à usucapião pode ser requerido diretamente no cartório do registro de imóveis. • Desnecessidade de processo judicial se não houver litígio. • Serve para qualquer modalidade ordinária (art. 1.242/CC), extraordinária (art. 1.238/CC), especial urbana (art. 1.240) ou especial rural (art. 1.239/CC), por abandono de lar (art. 1.240-A/CC), Usucapião extrajudicial - Requisitos • Representação por advogado • Ata notarial por tabelião, atestando tempo de posse do requerente e antecessores, sfc, e suas circunstâncias; • Planta e memorial descritivo assinado por profissional habilitado, no respectivo conselho profissional, pelos titulares de direitos reais e outros direitos registrados na matrícula do imóvel e matrícula dos imóveis confinantes; • Certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio do requerente; • Qualquer documento que demonstre a origem, a continuidade, a natureza e o tempo da posse, (Ex: pagamento dos impostos, taxas que incidem sobre imóvel. Usucapião extrajudicial - Requisitos • Pedido autuado pelo registrador, com prenotação após acolhimento do pedido. • Planta deve conter: Assinatura do proprietário ou outro titular de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel e na matrícula dos imóveis confinantes. Caso contrário, tais pessoas serão notificadas pelo registrador competente, pessoalmente ou correio com aviso de recebimento, Notificados devem manifestar consentimento de forma expressa - silêncio interpretado como discordância. Procedimento deve ser consensual, se houver litígio, deve ser levado ao Juízo Usucapião extrajudicial - Requisitos • União, E, DF e Município, deve ser notificado, para manifestação sobre pedido. • Terceiros (eventualmente) interessados intimados por edital publicado em jornal de grande circulação. • Prazos de 15 dias. • Se houver dúvidas do oficial de registro sobre os fatos, pode solicitar ou realizar diligências para elucidação. • Se, após realizadas, perceber que documentação não está em ordem, deve rejeitar o pedido. Usucapião extrajudicial - Requisitos • Pedido sem diligências pendentes e não contestado => Oficial de registro de imóveis registra aquisição do imóvel com descrições apresentadas, permitida abertura de matrícula, sfc. • Com impugnação, pelo detentor de direito real sobre o imóvel, pelo confinante, pelos entes federados ou por terceiro interessado => Cartório envia autos ao juiz da comarca do imóvel. => Requerente deve emendar petição inicial para adequação ao procedimento comum • Rejeição do pedido extrajudicial não impede ajuizamento de ação de usucapião. Usucapião extrajudicial - CPC Art. 1.071. O Capítulo III do Título V da Lei 6.015/73 (Lei de Registros Públicos), passa a vigorar acrescida do seguinte art. 216- A: Usucapião extrajudicial – Lei 6.015/1973 Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do registro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requerimento do interessado, representado por advogado, instruído com: I - ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e seus antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias; II - planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, e pelos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes; III - certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio do requerente; IV - justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a origem, a continuidade, a natureza e o tempo da posse, tais como o pagamento dos impostos e das taxas que incidirem sobre o imóvel. Usucapião extrajudicial – Lei 6.015/1973 § 1o O pedido será autuado pelo registrador, prorrogando-se o prazo da prenotação até o acolhimento ou a rejeição do pedido. § 2o Se a planta não contiver a assinatura de qualquer um dos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, esse será notificado pelo registrador competente, pessoalmente ou pelo correio com aviso de recebimento, para manifestar seu consentimento expresso em 15 (quinze) dias, interpretado o seu silêncio como discordância. § 3o O oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao Estado, ao Distrito Federal e ao Município, pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos, ou pelo correio com aviso de recebimento, para que se manifestem, em 15 (quinze) dias, sobre o pedido. § 4o O oficial de registro de imóveis promoverá a publicação de edital em jornal de grande circulação, onde houver, para a ciência de terceiros eventualmente interessados, que poderão se manifestar em 15 (quinze) dias. § 5o Para a elucidação de qualquer ponto de dúvida, poderão ser solicitadas ou realizadas diligências pelo oficial de registro de imóveis. Usucapião extrajudicial – Lei 6.015/1973 § 6o Transcorrido o prazo de que trata o § 4o deste artigo, sem pendência de diligências na forma do § 5o deste artigo e achando-se em ordem a documentação, com inclusão da concordância expressa dos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrículados imóveis confinantes, o oficial de registro de imóveis registrará a aquisição do imóvel com as descrições apresentadas, sendo permitida a abertura de matrícula, se for o caso. § 7o Em qualquer caso, é lícito ao interessado suscitar o procedimento de dúvida, nos termos desta Lei. § 8o Ao final das diligências, se a documentação não estiver em ordem, o oficial de registro de imóveis rejeitará o pedido. § 9o A rejeição do pedido extrajudicial não impede o ajuizamento de ação de usucapião. Usucapião extrajudicial – Lei 6.015/1973 § 10. Em caso de impugnação do pedido de reconhecimento extrajudicial de usucapião, apresentada por qualquer um dos titulares de direito reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, por algum dos entes públicos ou por algum terceiro interessado, o oficial de registro de imóveis remeterá os autos ao juízo competente da comarca da situação do imóvel, cabendo ao requerente emendar a petição inicial para adequá-la ao procedimento comum.” Direito intertemporal • Normas de transição previstas no nas disposições transitórias do CC. • Aplicáveis às reduções da usucapião ordinária e extraordinária Usucapião extraordinária (art. 1238, caput, CC): aplicação da regra contida no art. 2.028, CC: Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada. Usucapião extraordinária (art. 1.238, parágrafo único) e usucapião tabular: aplicação da regra contida no art. 2.029, CC: Art. 2.029. Até dois anos após a entrada em vigor deste Código, os prazos estabelecidos no parágrafo único do art. 1.238 e no parágrafo único do art. 1.242 serão acrescidos de dois anos, qualquer que seja o tempo transcorrido na vigência do anterior Caso Concreto Gustavo e Rodolfo dissolveram em 2012 sua união homoafetiva em que conviveram desde 2000. Gustavo voltou para a casa dos seus pais e Rodolfo permaneceu no apartamento em que viviam e que adquiriam de forma onerosa durante a união. Como a dissolução da união foi litigiosa, Gustavo decidiu deixar todas as contas relativas ao imóvel para Rodolfo pagar, tais como, o IPTU e as taxas condominiais, já que não mais iria morar no bem. Após 4 anos morando com os seus pais, Gustavo decide contratar você como advogado(a), para postular o seu direito à metade do apartamento, eis que comprou o bem em co-propriedade com Rodolfo e até o momento não tinham partilhado o referido imóvel. Pergunta-se: Gustavo conseguirá obter em Juízo o seu direito à metade (meação) do apartamento? Fundamente sua resposta. Questão objetiva Por 10 anos, sem interrupção nem oposição, Fábio possuiu, como seu, bem imóvel no qual estabeleceu sua moradia habitual, podendo: A. depois de mais cinco anos requerer ao juiz que declare adquirida a propriedade do bem, independentemente de justo título e boa-fé. B. requerer ao juiz que constitua desde logo, em seu favor, a propriedade do bem, somente se possuir justo título e boa-fé. C. depois de mais cinco anos requerer ao juiz que constitua, em seu favor, a propriedade do bem, desde que possua justo título e boa-fé. D. requerer ao juiz que declare desde logo adquirida a propriedade do bem, independentemente de justo título e boa-fé. E. requerer ao juiz que constitua em seu favor, a partir do trânsito em julgado da sentença, a propriedade do bem, independentemente de justo título e boa-fé.
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