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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOLO EVENTUAL E CULPA CONSCIENTE NOS CRIMES 
OCORRIDOS EM ACIDENTES DE TRÂNSITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANDRÉ BERNARDO NASCIMENTO DA CUNHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí-SC, maio de 2009 
 
 
I 
 
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS - CEJURPS 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOLO EVENTUAL E CULPA CONSCIENTE NOS CRIMES 
OCORRIDOS EM ACIDENTES DE TRÂNSITO 
 
 
 
 
 
 
 
ANDRÉ BERNARDO NASCIMENTO DA CUNHA 
 
 
 
 
 
Monografia submetida à Universidade do 
Vale do Itajaí – UNIVALI, como requisito 
parcial à obtenção do grau de Bacharel 
em Direito. 
 
Orientador: Professora Aparecida Correia 
da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Itajaí - SC, maio de 2009 
 
 
 
II 
 
 AGRADECIMENTOS 
 
Á Deus principalmente, pela força pra seguir 
em frete. 
 
Aos meus pais, pelo tanto que me apoiaram no 
decorrer da faculdade. 
 
Á professora orientadora Aparecida que me 
ajudou neste trabalho, meus sinceros 
agradecimentos. 
 
E a todos que me apoiaram a seguir em frente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
III 
 
 DEDICO ESTE TRABALHO 
 
Aos meus pais, pelo apoio e para todos 
amigos, companheiros, que deram a maior 
força. 
 
Ao amigo Paulo Vitor Rudolf Machado, in 
memorian, que deixou muitas lembranças, 
dedico inteiramente este trabalho para este que 
foi uma grande pessoa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IV 
 
"Não há nada mais relevante para a vida 
social que a formação do sentimento da 
justiça. " 
( Rui Barbosa ) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V 
 
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
 
 
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo 
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do 
Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca Examinadora e o 
Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo. 
 
 
 
 
Itajaí - SC, maio de 2009. 
 
 
 
 
 
André Bernardo Nascimento da Cunha 
Graduando 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VI 
 
PÁGINA DE APROVAÇÃO 
 
A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do 
Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pelo graduando André Bernardo 
Nascimento da Cunha, sob o título Dolo eventual e culpa consciente nos crimes 
ocorridos em acidentes de trânsito, foi submetida em [data] de 2009 à banca 
examinadora composta pelos seguintes professores: Professor Mestre 
Aparecida Correia da Silva, Professor Mestre Adilor Danieli e aprovada com a 
nota [nota]. 
 
 
 
 
Itajaí - SC, maio de 2009 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Aparecida Correia da Silva 
Orientador e Presidente da Banca 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. MSc Antônio Augusto Lapa 
Coordenação da Monografia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VII 
 
 
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
CP Código Penal Brasileiro 
ART. Artigo de Lei 
CTB Código de Trânsito Brasileiro 
REL. Relator 
DES. Desembargador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIII 
 
 
ROL DE CATEGORIAS 
 
Automóvel 
Veículo automotor destinado ao transporte de passageiros, com capacidade 
para até oito pessoas, exclusive o condutor1. 
 
Crime no aspecto formal 
Formalmente, o crime é conceituado sob aspecto da técnica jurídica, adotando 
o elemento dogmático da conduta qualificada como crime por uma norma 
penal2. 
 
Crime no aspecto material 
Materialmente o crime é conceituado sob o ângulo ontológico, a conduta 
humana é tida como criminosa3. 
 
Culpa consciente 
O agente não quer o resultado, não assume o risco de produzi-lo e nem é 
tolerável ou indiferente, o evento lhe é representado(previsto), mas confia em 
sua não-produção4. 
 
Dolo eventual 
O sujeito tolera a produção do resultado, que lhe é indiferente, tanto faz que 
ocorra ou não, ele assume o risco de produzi-lo5. 
 
Homicídio culposo 
No delito de homicídio, o agente inobserva o cuidado objetivamente devido, a 
diligencia indispensável em face das circustancias e produz, de conseqüência, 
o resultado morte6. 
 
1
 BRASIL. Código de Trânsito Brasileiro – lei 9.503/97 de 23 de setembro de 1997. São 
Paulo:Dialética, 1997. p. 73. 
 
2
 JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 1997 p. 79. 
3
.JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 1997 p. 79. 
4
 JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 1997 p. 282. 
5
 JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 1997 p. 282. 
 
 
IX 
 
 
Homicídio doloso 
É a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes do tipo legal. 
Mais amplamente, é a vontade manifestada pela pessoa humana de realizar a 
conduta7. 
 
Trânsito 
Um fenômeno mais amplo do que geralmente é compreendido, em razão de 
englobar todos os usuários das vias terrestres, mesmo que não se encontrem 
embarcados em veículos automotores, e mesmo que não se encontrem em 
deslocamento. Uma pessoa, caminhando ou sentada em um banco de praça, 
estará sujeita às normas impostas pelo Código de Trânsito Brasileiro8. 
 
Veículo automotor 
Todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e que 
serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a 
tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O 
termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não 
circulam sobre trilhos (ônibus elétrico)9. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6
 MIRABETE, Júlio fabbrini, Código Penal Interpretado, 5ed, São Paulo, Atlas, 2005. p.944. 
7
 JESUS, Damásio E., Direito Penal, vol.1 : parte geral, 28 ed. Ver. – São Paulo : Saraiva, 
2005. p 287. 
8
 HONORATO, Cássio Mattos. Trânsito: infrações e crimes. Campinas: Millennium, 
2000. p. 2. 
9
 BRASIL. Código de Trânsito Brasileiro – lei 9.503/97 de 23 de setembro de 1997. São 
Paulo:Dialética, 1997. p. 78. 
 
 
 
X 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
RESUMO........................................................................................ 12 
INTRODUÇÃO............................................................................... 13 
CAPÍTULO 1 – DO CRIME.............................................................15 
1.1 CONCEITO.................................................................................................15 
1.2 O CRIME CULPOSO...................................................................................17 
1.3 ELEMENTOS DA CULPA...........................................................................171.3.1 Conduta..................................................................................................18 
1.3.2 Dever do cuidado objetivo................................................................. 18 
1.3.3 Resultado.............................................................................................. 19 
1.3.4 Previsibilidade...................................................................................... 21 
1.3.5 Tipicidade..............................................................................................22 
1.4 MODALIDADES DA CULPA.......................................................................23 
1.4.1 Negligência........................................................................................... 24 
1.4.2 Imprudência........................ ................................................................. 25 
1.4.3 Imperícia............................................................................................... 25 
1.5 ESPÉCIES.................................................................................................. 27 
1.5.1 Culpa consciente................................................................................. 27 
1.5.2 Culpa inconsciente.............................................................................. 30 
1.5.3 Culpa imprópria.................................................................................... 30 
1.5.4 Culpa presumida.................................................................................. 31 
1.5.5 Graus da culpa..................................................................................... 31 
 
CAPÍTULO 2 – O CRIME DOLOSO.............................................. 33 
2.1 CONCEITO................................................................................................. 33 
2.2 TEORIAS DO DOLO.................................................................................. 35 
2.2.1 Teoria da vontade................................................................................. 35 
2.2.2 Teoria da representação...................................................................... 36 
2.2.3 Teoria do assentimento ou consentimento....................................... 36 
2.3 ELEMENTOS DO DOLO.......................................................................... 37 
2.3.1 Elemento cognitivo.............................................................................. 37 
2.3.2 Elemento volitivo...................................................................................38 
2.4 ESPÉCIES DE DOLO..................................................................................38 
2.4.1 Dolo natural e dolo normativo..............................................................38 
2.4.2 Dolo direto..............................................................................................39 
2.4.3 Dolo indireto...........................................................................................41 
2.4.4 Dolo alternativo......................................................................................42 
2.4.5 Dolo eventual.........................................................................................42 
2.4.6 Dolo de dano ou de perigo....................................................................45 
2.4.7 Dolo genérico ou específico.................................................................47 
2.4.8 Dolo geral...............................................................................................48 
2.4.9 Dolo e pena.............................................................................................50 
 
 
 
XI 
 
CAPÍTULO 3 – CULPA CONSCIENTE E DOLO EVENTUAL NOS 
CRIMES DE TRÂNSITO.................................................................52 
 
3.1 Trânsito e veículos...................................................................................52 
3.2 DOS CRIMES EM ESPÉCIES.....................................................................55 
3.2.1 Homicídio e lesão corporal culposa no trânsito.................................55 
3.2.2 Omissão de socorro..............................................................................57 
3.2.3 Fuga do local do acidente.....................................................................58 
3.2.4 Embriaguez ao volante..........................................................................58 
3.2.5 Violação da suspensão ou proibição imposta....................................59 
3.2.6 Participação em competição não autorizada......................................60 
3.2.7 Direção de veiculo sem permissão ou habilitação.............................60 
3.2.8 Entrega de veiculo a pessoa não habilitada.......................................61 
3.2.9 Excesso de velocidade em determinados locais...............................61 
3.2.10 Fraude no procedimento apuratório.................................................62 
3.3 DOLO EVENTUAL X CULPA CONSCIENTE............................................62 
 3.4 ELEMENTOS DE VERIFICAÇÃO DO DOLO EVENTUAL E CULPA 
CONSCIENTE...................................................................................................69 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................74 
 
REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS............................................76 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho monográfico tem por objetivo a análise do dolo eventual e 
da culpa consciente nos crimes ocorridos em acidente de trânsito. No primeiro 
momento conceitua-se o crime. Em seguida trabalha-se a culpa, abrangendo 
seus conceitos, elementos, espécies. Logo no segundo capitulo, trata-se do 
dolo em geral, conceitos, elementos e espécies. Por fim, no terceiro capitulo, 
tratou-se especificamente o dolo eventual e a culpa consciente, demonstrando 
a diferenciação e elementos em que ocorrem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
A presente Monografia tem como objeto analisar os 
casos em que ocorrem o dolo eventual e a culpa consciente nos crimes 
ocorridos em acidentes de transito. 
 
Esta pesquisa tem como objetivo institucional a produção 
de uma Monografia como requisito básico para a obtenção do título de 
Bacharel em Direito, pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. 
 
O seu objetivo geral é a análise da culpa e do dolo e em 
que casos ocorrem nos acidentes de transito. 
 
Já o objetivo específico é pesquisar o entendimento da 
doutrina e dos tribunais, quanto ao dolo nos homicídios de trânsito, bem como 
analisar em que casos ocorrem a culpa consciente. 
 
Para tanto, principia–se, no primeiro Capítulo, tratando do 
conceito de crime, logo em seguida o crime culposo, tratando dos seus 
conceitos, elementos e espécies. 
 
No segundo capítulo, tratar-se-á sobre o dolo, 
abrangendo também seus conceitos, elemento e espécies. 
 
No segundo capitulo será tratado sobre a culpa 
consciente e o dolo eventual, entendendo sua diferenciação, e ainda os 
elementos que se verifica que ocorreu o dolo eventual e a culpa consciente. 
 
O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as 
Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos destacados, 
seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das reflexões sobre 
 
 
14 
 
Dolo eventual e culpa consciente nos acidentes ocorridos em acidentes de 
trânsito. 
 
Para a presente monografia foram levantadas as 
seguintes hipóteses: 
 
- Sempre será considerado culposo o homicídio no 
trânsito? 
 
- Em quaiscasos poderá ser considerado doloso o 
homicídio no trânsito. 
 
- Qual o entendimento dos Tribunais perante o Homicídio 
com culpa consciente e dolo eventual. 
 
Quanto à Metodologia empregada, registra-se que, na 
Fase de Investigação foi utilizado o Método Indutivo, na Fase de Tratamento de 
Dados o Método cartesiano, e, o Relatório dos Resultados expresso na 
presente Monografia é composto na base lógica Indutiva. 
 
Nas diversas fases da Pesquisa, foram acionadas as 
Técnicas, do Referente, da Categoria, do Conceito Operacional e da Pesquisa 
Bibliográfica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
CAPÍTULO 1 
 
O CRIME 
 
1.1 CONCEITO 
 
“Crime” é espécie de “infração”, assim como “delito” é 
“contravenção”. O código Penal usa as três expressões. 
 
Para a conceituação de crime Damásio10 entende: 
 
Existem dois aspectos, o formal e o material. Formalmente, o 
crime é conceituado sob aspecto da técnica jurídica, adotando 
o elemento dogmático da conduta qualificada como crime por 
uma norma penal. Já materialmente o crime é conceituado sob 
o ângulo ontológico, a conduta humana é tida como criminosa. 
 
Para a teoria causalista crime é fato típico, antijurídico e 
culpável. Dolo e culpa estão incluídos na culpabilidade. 
 
Para a teoria finalista crime é fato típico e antijurídico = 
dolo e culpa estão no tipo. Culpabilidade é pressuposto da pena, já que faz um 
juízo de censurabilidade ou reprobabilidade. 
 
1.2 O CRIME CULPOSO 
 
O cuidado exigível de uma pessoa prudente e de 
discernimento diante da situação concreta do sujeito encontraremos o cuidado 
objetivo necessário, fundado na previsibilidade. 
 
Esse cuidado com a conduta do sujeito, importa pelo 
dever de cuidado com o comportamento do sujeito. Se ele não se conduziu da 
forma imposta pelo cuidado, o fato é típico. 
 
 
10
 JESUS, Damásio Evangelista de . Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 1997 p. 282 
 
 
16 
 
O crime culposo é a conduta voluntária (ação ou 
omissão) que produz um resultado antijurídico, não querido, mas previsível, e 
excepcionalmente previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado.11 
 
 
No entendimento de Costa Jr12, o crime culposo tem a 
seguinte definição: 
 
No crime culposo, o agente não emprega a atenção ou 
diligencia de que era capaz, ou age apesar de não estar ainda 
dotado de capacidade profissional necessária, conduz-se o 
agente com imprudência(culpa ativa e militante), com 
negligencia(inação e inércia), ou com imperícia(culpa 
profissional, relacionada com a arte ou profissão). 
 
Também conceituando crime culposo Mirabete13 relata: 
 
O tipo injusto culposo, tem estrutura diversa do tipo doloso, 
posto que naquele é punido o comportamento mal dirigido a 
um fim irrelevante(ou ilícito). No delito de homicídio, o agente 
inobserva o cuidado objetivamente devido, a diligencia 
indispensável em face das circunstancias e produz, de 
conseqüência, o resultado morte. 
 
Assim, o agente não observando o cuidado necessário 
para que forme um elemento punível, produz sem prever o resultado, homicídio 
culposo. 
 
Todo homem tem o dever geral de tomar as necessárias 
cautelas para que seus atos não resultem em dano aos bens jurídicos 
tutelados. Ao violar esse dever geral, atuando sem as prevenções e cautelas 
exigíveis, põe o agente, de acordo com as circunstâncias do caso, no caminho 
do fato culposo. 
 
 
11
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo : Atlas, 2007. p.136. 
12
 COSTA JUNIOR, Paulo José, Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 1999. p.84. 
13
 MIRABETE, Julio fabbrini, Código Penal Interpretado, 5ed, São Paulo, Atlas, 2005. p.944. 
 
 
17 
 
Nesse sentido Telles14 define estritamente a culpa: 
 
Pode –se definir culpa, stricto sensu, como a falta de cuidado 
do agente, numa situação em que poderia prever a causação 
de um resultado danoso, que ele não deseja, nem aceita, e as 
vezes nem prevê, mas que, com seu comportamento produz e 
que poderia ter sido evitado, portanto é a causação da morte 
previsível da vitima, por conduta voluntária de uma pessoa, 
que nas condições em que atuou, poderia com o cuidado 
devido, te-la evitado. 
 
 Há na culpa, um primeiro momento em que se verifica a 
tipicidade da conduta: é típica toda conduta que infringe o “cuidado necessário 
objetivo”. Telles15 afirma que ao contrário do que ocorre em relação ao crime 
doloso de homicídio, em que é suficiente o processo de adequação típica para 
ser resolvido o problema da tipicidade do fato, no crime culposo de homicídio o 
tipo é aberto. 
 
1.3 ELEMENTOS DA CULPA 
 
São assim elementos do crime culposo segundo 
Mirabete16: 
 
a) a conduta 
 
b) a inobservância do dever de cuidado objetivo; 
 
c) o resultado lesivo involuntário; 
 
d) a previsibilidade; 
 
e) a tipicidade. 
 
14
 TELES,Ney Moura, Direito Penal - parte especial, arts, 121 a 212, vol.2, São Paulo: Atlas, 
2004.p 143 
15
 TELES,Ney Moura, Direito Penal - parte especial, arts, 121 a 212, vol.2, São Paulo: Atlas, 
2004.p 143 
16
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo : Atlas, 2007. p.136 
 
 
18 
 
1.3.1 Conduta 
 
Na esfera do crime culposo, o importante para salientar é 
o modo e a forma imprópria em que o sujeito agiu para consumar o crime. 
 
O elemento importante para decidir sobre o fato lesivo 
não é propriamente o resultado, mas sim no desvalor da ação que praticou. 
 
Capez17 p.110 aduz: 
 
Conduta é a ação ou omissão humana, consciente e 
voluntária, dolosa ou culposa, dirigida a uma finalidade, típica 
ou não, mas que produz ou tenta produzir um resultado 
previsto na lei penal como crime. 
 
Mirabete18 exemplifica: 
 
Se um motorista, dirige velozmente para chegar a tempo de 
assistir a missa domingueira e vem a atropelar um pedestre, o 
fim licito não importa, pois agiu ilicitamente ao não atender ao 
cuidado necessário a que estava obrigado em sua ação, 
dando causa ao resultado lesivo(lesão, morte), essa 
inobservância do dever de cuidado faz com que sua ação 
configure uma ação típica. A conduta culposa é, portanto, 
elemento do fato típico. 
 
Deixando claro o que se trata a conduta do agente que 
age com culpa, o dever do cuidado objetivo é a próxima etapa da culpa. 
 
1.3.2 Dever do cuidado objetivo 
 
No convívio social, é determinado a todos a obrigação de 
realizar condutas de forma a não causar a morte de um ser humano. É 
denominado cuidado objetivo. A conduta torna-se típica no momento em que o 
 
17
 CAPEZ, Fernando, Curso de Direito Penal:parte geral, vol.1: 7ª ed. Ver. E atual, São 
Paulo, Saraiva 2004.p.110 
18
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo : Atlas, 2007. p.136 
 
 
19 
 
sujeito realiza uma ação causadora do resultado morte sem o discernimento e 
prudência que uma pessoa normal deveria de ter. 
 
O fato se inicia com a realização voluntária de uma 
conduta de fazer ou não fazer. O agente não pretende praticar um crime nem 
quer expor interesses jurídicos de terceiros a perigo de dano. Falta, porém, 
com o dever de diligência exigido pela norma. 
 
Conforme Mirabete19 o dever do cuidado objetivo é: 
 
A cada homem, na comunidade social, incumbe o dever de 
praticar os atos da vida com as cautelas necessárias para que 
de seu atuar não resulte dano a bens jurídicos alheios. Quem 
vive em sociedade não deve, com uma ação irrefletida, causar 
dano a terceiro, sendo-lhe exigido o dever de cuidado 
indispensável a evitar tais lesões.Assim, se o agente não 
observa esses cuidados indispensáveis, causando com isso 
dano a bem jurídico alheio, responderá por ele. É a 
inobservância do cuidado objetivo exigível do agente que torna 
a conduta antijurídica. 
 
Muitos dos atos praticados pelo ser humano podem 
provocar perigo, sendo inerentes a eles um risco que não pode ser suprimido 
inteiramente sob pena de serem totalmente proibidas (dirigir um veículo, operar 
um maquinismo, lidar com substâncias tóxicas etc.). Procura a lei estabelecer 
quais os deveres e cuidados que o agente deve ter quando desempenha certas 
atividades (velocidade máxima permitida nas ruas e estradas, utilização de 
equipamento próprio em atividades industriais, exigência de autorização para 
exercer determinadas profissões etc.). 
 
É impossível, porém, uma regulamentação jurídica que 
esgote todas as possíveis violações de cuidados nas atividades humanas. 
Além disso, às vezes a violação de uma norma jurídica não significa que o 
agente tenha agido sem as cautelas exigíveis no caso concreto20. 
 
19
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo : Atlas, 2007. p.137 
 
 
 
20 
 
 
Nesse sentido, Prado afirma que “o desvalor da ação 
está representado pela inobservância do cuidado objetivamente devido e o 
desvalor do resultado pela lesão ou perigo concreto de lesão para o bem 
jurídico”21. 
 
Para Cezar Bitencourt22 “a observância do dever objetivo 
de cuidado, isto é, a diligência devida constitui o elemento fundamental do tipo 
de injusto culposo, cuja análise constitui uma questão preliminar no exame da 
culpa”. 
 
A inobservância do dever de cuidado não constitui 
conduta típica porque é necessário outro elemento do tipo culposo: o resultado. 
Só haverá ilícito penal culposo se da ação contrária ao cuidado resultar lesão a 
um bem jurídico. 
 
1.3.3 Resultado 
 
Mirabete23 relata que o resultado é: 
 
Não deixa de ser um componente de azar da conduta humana 
no crime culposo (dirigir sem atenção pode ou não causar 
colisão e lesões em outra pessoa). Não existindo o resultado 
(não havendo a colisão), não se responsabilizará por crime 
culposo o agente que inobservou o cuidado necessário, 
ressalvada a hipótese em que a conduta constituir, por si 
mesma, um ilícito penal (a contravenção de direção perigosa 
de veículo, prevista no art. 34 da LCP, por exemplo). A 
exigência do resultado lesivo para a existência do crime 
culposo justifica-se pela função política garantidora que deve 
 
20
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo : Atlas, 2007. p.137 
21
 PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro - Parte Geral. São Paulo: RT, 1999, 
p. 192 
22
 BITENCOURT, Cezar Roberto. Lições de Direito Penal. Parte Geral. 3 ed. Porto Alegre: 
Livraria do Advogado, 1995, p. 246 
23
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo : Atlas, 2007. p.137 e 138 
 
 
21 
 
orientar o legislador na elaboração do tipo penal. 
 
Conforme a jurisprudência do STF24: 
 
Nos crimes culposos deve haver o nexo causal entre a 
conduta e o resultado, como este é reprovável pela 
desatenção do agente ao dever de cuidado para evitar o 
previsível, se o resultado estava fora da relação de 
causalidade, também estava fora da previsibilidade. 
 
Não haverá crime culposo mesmo que a conduta 
contrarie os cuidados objetivos e se verifica que o resultado se produziria da 
mesma forma, independentemente da ação descuidada do agente. Assim, se 
alguém se atira sob as rodas do veículo que é dirigido pelo motorista na 
contramão de direção, não se pode imputar a este o resultado (morte do 
suicida). Trata-se, no caso, de mero caso fortuito. 
 
Evidentemente, deve haver no crime culposo, como em 
todo fato típico, a relação de causalidade entre a ação e o resultado, 
obedecendo-se ao que dispõe a lei brasileira no art. 13 do CP. 
 
 
1.3.4 Previsibilidade 
 
O sujeito não preveu a situação futura e incerta sobre o 
ilícito penal, construindo assim, um ilícito penal. 
 
Mirabete25 diz: 
Há na conduta não uma vontade dirigida à realização do tipo, 
mas apenas um conhecimento potencial de sua concretização, 
vale dizer, uma possibilidade de conhecimento de que o 
resultado lesivo pode ocorrer. Esse aspecto subjetivo da culpa 
é a possibilidade de conhecer o perigo que a conduta 
descuidada do sujeito cria para os bens jurídicos alheios, e a 
 
 
24
 STF, RTJ 111/ 619 
 
25
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo : Atlas, 2007. p.138 
 
 
22 
 
possibilidade de prever o resultado conforme o conhecimento 
do agente. A essa possibilidade de conhecimento e previsão 
dá-se o nome de previsibilidade. 
 
Damásio26 no mesmo pensamento anota: 
 
A previsibilidade é a possibilidade de ser antevisto o resultado, 
nas condições em que o sujeito se encontrava. Exige-se que o 
agente, nas circunstâncias em que se encontrava, pudesse 
prever o resultado de seu ato. 
 
Zaffaroni27 ainda: 
 
A previsibilidade deve ser estabelecida conforme a capacidade 
de previsão de cada indivíduo, sem que para isso se tenha de 
recorrer a nenhum "termo médio" ou "critério de normalidade" 
 
Conforme prelecionam Pires e Sheila Sales28: 
 
Tal juízo deve ser realizado ex ante, tomando por standart a 
diligência, a perícia e a prudência que seriam adotadas pelo 
‘homem comum, normal’, e não pelo agente que atuou no 
‘caso concreto’, segundo sua individual capacidade grau de 
instrução, profissão, conhecimentos especiais”. 
 
A previsibilidade conforme os doutrinadores, seria a 
imaginação futura do resultado, então o agente teria que ter a precaução para 
que o fato típico não ocorresse. 
 
1.3.5 Tipicidade 
 
A tipicidade, não é suficiente o processo de adequação 
típica, uma vez que o tipo não é precisamente definido em face da diversidade 
 
26
 JESUS, Damásio Evangelista de. Direito Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 1983. v.1. p. 283 
27
 ZAFFARONI, Eugênio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro: Parte Geral. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 1997. p. 369 
28
 PIRES, Ariosvaldo de Campos, SALES, Sheila Jorge Selim de. Direito Penal, São Paulo. 
Atlas, 1997, p. 68-69. 
 
 
23 
 
imensa das formas de conduta. O juiz, então, tem que estabelecer um critério 
para considerar típica a conduta. 
 
Para saber se o sujeito deixou de observar o cuidado 
necessário é preciso comparar a sua conduta com o comportamento que teria 
uma pessoa normal. 
 
Para Mirabete29 “a tipicidade nos crimes culposos 
determina-se através da comparação entre a conduta do agente e o 
comportamento presumível que, nas circunstâncias, teria uma pessoa de 
discernimento e prudência ordinários”. Para Fragoso30 “é típica a ação que 
provocou o resultado quando se observa que não atendeu o agente ao cuidado 
e à atenção adequados às circunstâncias”. 
 
 Em suma, a culpa, à semelhança do dolo, é uma atitude 
contrária ao dever, portanto, reprovável da vontade. 
 
Conhecer as modalidades de culpa é fundamental para a 
o estudo do crime culposo, que será tratado logo em diante. 
 
1.4 MODALIDADES DA CULPA 
 
As modalidades de culpa, ou formas de manifestação da 
falta do cuidado objetivo, estão discriminadas no art. 18 do Código Penal 
Brasileiro, inciso II: imprudência, negligência ou imperícia. 
 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
(...) 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por 
imprudência, negligência ou imperícia.29
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo : Atlas, 2007. p.140 
 
30
 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de Direito Penal: Parte Geral. 4 ed. Rio de janeiro: 
forense. 1980. p. 226 – 227. 
 
 
24 
 
As modalidades de culpa será apreciada passo a passo. 
1.4.1 Negligência 
 
A negligência é a inércia psíquica, a indiferença do 
agente que, podendo tomar as devidas cautelas exigíveis, não o faz por 
displicência, relaxamento ou preguiça mental, resumindo, o sujeito deixa de 
fazer alguma coisa que a prudência impõe. 
 
Nas palavras de Damásio31 a negligência “é a ausência 
de precaução ou indiferença em relação ao ato realizado. Ex.: deixar arma de 
fogo ao alcance de uma criança”. 
 
 
No mesmo pensamento, comenta Capez32: 
 
Negligência: é a culpa na sua forma omissiva. Implica, pois, a 
abstenção de um comportamento que era devido. O 
negligente deixa de tomar, antes de agir, as cautelas que 
deveria. Desse modo , ao contrario da imprudência, que 
ocorre durante a ação, a negligencia dá-se sempre antes do 
inicio da conduta. 
 
Noronha33 aduz: 
 
Consigna-se primeiramente que para muitos a negligência é a 
expressão ampla em que cabe todo conteúdo da culpa. A 
rigor, seria suficiente para ministrar todo o substrato da culpa, 
podendo, assim, as idéias de imprudência e imperícia caber 
dentro da correspondente da negligencia. 
 
Noronha34 ainda diz que a “negligência é vinculada a um 
comportamento negativo do agente, ou seja, á inércia, inação, e passividade, 
basicamente trata-se de uma inatividade material ou subjetiva”. 
 
31
 JESUS, Damásio Ev., Direito Penal. São Paulo: saraiva, 2004. p. 80 
32
 CAPEZ, Fernando, Curso de Direito Penal:parte geral, vol.1: 7ª ed. Ver. E atual, São 
Paulo, Saraiva 2004.p.113 
33
 NORONHA, Edgard Magalhães, Do Crime Culposo. 2.ed. São Paulo. Saraiva 1966.p.91 
 
 
25 
 
 
Não tendo o devido cuidado para que o resultado morte 
ocorresse, torna-se o agente, um negligente. 
 
1.4.2 Imprudência 
 
A imprudência é a atitude precipitada do agente, que age 
com afoiteza, sem cautelas, segundo Mirabete35, não usando de seus poderes 
inibidores, é a criação desnecessária de um perigo. 
 
Damásio36 explica que “imprudência é a pratica de um 
fato perigoso.ex.: realizar uma cirurgia sem conhecimento medico”. 
 
Capez37 relata: 
 
Consiste na violação das regras de conduta ensinadas pela 
experiência. É o atuar sem precaução, precipitado, 
imponderado. Uma característica fundamental da imprudência 
é que nela a culpa se desenvolve paralelamente a ação. 
Desse modo, enquanto o agente pratica a conduta comissiva, 
vai ocorrendo simultaneamente a imprudência. 
 
Noronha38 leciona que a imprudência esta ligada a idéia 
de comportamento ativo, um agir afoito, sem cautela, precipitado. 
 
O agente descuidando do seu dever de zelar pela vida de 
terceiros, age sem pensar no resultado futuro, gerando resultado típico. 
 
1.4.3 Imperícia 
 
 
34
 NORONHA, Edgard Magalhães, Do Crime Culposo. 2.ed. São Paulo. Saraiva 1966.p.91 
35
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo : Atlas, 2007. p.140 
36
 JESUS, Damásio Ev., Direito Penal. São Paulo: saraiva, 2004. p. 81e 82 
37
 CAPEZ, Fernando, Curso de Direito Penal:parte geral, vol.1: 7ª ed. Ver. E atual, São 
Paulo, Saraiva 2004.p.113 
38
 NORONHA, Edgard Magalhães, Do Crime Culposo. 2.ed. São Paulo. Saraiva, 1966. p. 96 
 
 
26 
 
É a incapacidade, a falta de habilidade específica para a 
realização de uma atividade técnica ou científica, não levando, o agente, em 
consideração o que sabe ou deveria saber. 
 
Damásio39 conceitua que imperícia é: 
 
A imperícia é a falta de aptidão para o exercício de arte ou 
profissão. O químico, o eletricista, o medico, o engenheiro, o 
farmacêutico, necessidade de aptidão teórica e pratica para o 
exercício de suas atividades. 
 
Nesse sentido Capez40 diz: 
 
A imperícia consiste na falta de conhecimento técnico ou 
habilitação para o exercício de arte ou profissão. É a pratica 
de certa atividade, de modo omissivo(negligente) ou 
insensato(imprudente), por alguém incapacitado para tanto, 
quer pela falta de conhecimento, quer pela falta de pratica. 
 
Alimentando mais ainda o conceito de imperícia 
Noronha41 aduz: 
 
A imperícia é a falta de determinado conhecimento ou 
habilitação, para o exercício de determinada função, arte 
ou profissão, pode ser oriunda da falta de pratica ou 
ausência de conhecimentos técnicos de dado mister que 
lhe seriam efetivamente exigíveis. 
 
Além de serem imprecisos os limites que distinguem 
essas modalidades de culpa, podem elas coexistir no mesmo fato. Mirabete42 
leciona que “poderá haver imprudência e negligência (pneus gastos que não 
 
 
39
 JESUS, Damásio Ev., Direito Penal, São Paulo: Saraiva, 2004p. 80 e 81 
40
 CAPEZ, Fernando, Curso de Direito Penal, São Paulo: Saraiva, 2005. 
41
 NORONHA, Edgard Magalhães, Do Crime Culposo. 2.ed. São Paulo. Saraiva, 1966. p. 90-
96 
 
42
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal. São Paulo : Atlas, 2007. p.141 
 
 
 
27 
 
foram trocados e excesso de velocidade), a negligência e a imperícia 
(profissional incompetente que age sem providências específicas), a imperícia 
e a imprudência”. 
 
 
1.5 ESPÉCIES 
 
1.5.1 Culpa consciente 
 
Na culpa consciente o resultado é previsto pelo sujeito, 
que espera levianamente que não ocorra ou que possa evitá-lo. É também 
chamada culpa com previsão, ele confia em que sua ação conduzirá tão-
somente ao resultado que pretende, o que só não ocorre por erro no cálculo ou 
erro na execução. 
 
O agente tem o defeito de querer, uma vez que o ele 
realiza a conduta, embora haja previsto a possibilidade do resultado ao passo 
que, na culpa inconsciente, há um defeito de representação de vontade, pois o 
agente atua sem ao menos prever a ocorrência de evento típico. 
Benfica43, relata que “quando o agente tem consciência 
da violação do cuidado objetivo, mas age confiante de que nada vai acontecer”. 
Bitencourt44 afirma que: 
Há culpa consciente, também chamada culpa com previsão, 
quando o agente, deixando de observar a diligência a que 
estava obrigado, prevê um resultado, possível, mas confia 
convictamente que ele não ocorra. 
No mesmo pensamento D’avila45: 
 
43
 BEMFICA, Francisco Veni. Da Teoria do Crime. São Paulo: Saraiva, 1990, p. 87. 
44
 BITENCOURT, César Roberto, Lições de Direito Penal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 
1995. p. 250 
45
 D’AVILLA Fabio Roberto. Crime culposo e a teoria da imputação objetiva. São Paulo : Ed. 
Revista dos Tribunais, 2001. p. 104 
 
 
28 
 
Ocorre na hipótese em que o agente embora prevendo a 
possibilidade da ocorrência de um resultado típico, decorre de 
sua atitude descuidada, acreditar sinceramente que tal 
situação não ocorrerá. 
 
Callegari46 relata que: 
 
A culpa consciente ocorre quando o agente prevê o resultado, 
mas espera, sinceramente, que não ocorrerá. Há no agente a 
representação da possibilidade do resultado, mas ele a afasta 
por entender que o evitará, que sua habilidade impedirá o 
evento lesivo que está dentro de sua previsão. 
Damásio47: exemplifica na sua obra que: 
Numa caçada, o sujeito vê um animal nas proximidades de 
seu companheiro, percebe que, atirando na caça, poderá 
acertar o companheiro, confia, porem, em sua pontaria, 
acreditando que não vira a matá-lo, atira e mata-o. nãoresponde por homicídio doloso, mas sim por homicídio 
culposo( CP, art.121, §3º) 
Entretanto, a simples previsão do resultado, por si só, 
não caracteriza que o agente agiu com culpa consciente, faz-se necessário 
que ele tenha possuído também, a consciência acerca da infração ao dever de 
cuidado. 
 
 A principal característica é a confiança que o agente 
possui quanto à inexistência do resultado desfavorável, não se devendo 
confundi-la com uma mera esperança em fatores aleatórios. 
 
 O agente, mesmo prevendo o resultado, não o aceita, 
não assume o risco de produzi-lo, nem permanece indiferente a ele, o resultado 
danoso. Apesar de prevê-lo, confia o agente em sua não-produção. 
 
 
46CALLEGARI, André Luís. Dolo eventual, culpa consciente e acidente de trânsito. 1995. 
p.516 
47
 JESUS, Damásio Ev., Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 81e 82. 
 
 
 
29 
 
 O Código Penal pátrio equipara a culpa consciente à 
inconsciente, designando a mesma pena abstrata para ambos os casos. 
No entanto a distinção entre culpa consciente e 
inconsciente é pelo fato de elas serem puníveis, perde muito de sua relevância 
jurídica, com exceção de dois aspectos fundamentais: o primeiro diz respeito 
ao grau de censurabilidade da culpa consciente e a da inconsciente, o segundo 
a distinção entre culpa consciente e dolo eventual. 
 
1.5.2 Culpa inconsciente 
 
A culpa inconsciente quando o agente realizar a conduta 
descuidada, sem sequer prever a previsibilidade do resultado típico, ou seja, 
ignorando, por completo a sua possível ocorrência, embora se fosse possível 
chegar a esse conhecimento. 
 
A culpa inconsciente, segundo Bittencourt48 caracteriza-
se “pela ausência absoluta de nexo psicológico entre o autor e o resultado de 
sua ação (não há a imprevisibilidade, caso contrário haveria caso fortuito ou 
força maior)”. 
 
Mirabete49 no mesmo entendimento: 
 
A culpa inconsciente existe quando o agente não prevê o 
resultado que é previsível. Não há no agente o conhecimento 
efetivo do perigo que sua conduta provoca para o bem jurídico 
alheio. 
 
Uma das classificações básicas das espécies de culpa é 
a distinção entre culpa consciente e inconsciente.Na culpainconsciente,também 
denominada culpa ex ignorantia, o resultado, embora previsível, não é previsto 
pelo agente. São os casos de negligência, imperícia e imprudência, em que 
 
48
 BITENCOURT, César Roberto, Lições de Direito Penal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 
1995. p. 251. 
 
49
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal. São Paulo : Atlas, 2007. p.141. 
 
 
 
30 
 
não houve a previsão do resultado por descuido, desatenção ou desinteresse 
do agente. 
 
Em suma, a culpa inconsciente diz respeito às situações 
em que o agente deveria agir com previsibilidade e não o faz, ocasionando um 
resultado que ele não desejava e nem previu, quando deveria estar alerta - ou 
seja, as situações em que o resultado danoso ocorreu devido à imprudência, 
imperícia e negligência do agente. 
 
Portanto, a culpa inconsciente diz respeito às situações 
em que o agente deveria agir com previsibilidade (objetiva e subjetiva) e não o 
faz, ocasionando, assim, um resultado que ele não desejava e nem previu. Em 
outras palavras, ocorre nas situações em que o resultado danoso adveio de um 
comportamento imprudente, imperito ou negligente do agente. 
 
O agente acredita ter o domínio da conduta e não tem, e 
isto faz com que os riscos inerentes à atividade sejam acrescidos dos riscos da 
conduta viciada, sem que o agente disto se a perceba. Logo, se vem a ocorrer 
algum resultado por conta do acréscimo dos riscos, tal resultado [típico] pode 
ser atribuído ao agente, não somente pela cadeia causal natural [o que seria 
objetivo], mas pela cadeia causal anímica ou psicológica que o levou a se 
conduzir alheio aos bens jurídicos próprios, de outrem, comuns ou públicos. 
 
1.5.3 Culpa imprópria 
Para Mirabete50 “a culpa imprópria deriva esta do erro de 
tipo inescusável, nas descriminantes putativas ou do excesso nas causas 
justificativas. Nessas hipóteses, o sujeito quer o resultado, mas sua vontade 
está viciada por um erro que poderia, com o cuidado necessário, ter evitado”. 
 
 
50
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal. São Paulo : Atlas, 2007. p.142 
 
 
 
31 
 
Damásio51 acredita que “a denominação é incorreta, uma 
vez que na chamada culpa imprópria se tem, na verdade, um crime doloso e 
que o legislador aplica a pena de crime culposo”. 
 
1.5.4 Culpa presumida 
Mirabete52 diz que é culpa presumida quando, “não se 
indagando se no caso concreto estão presentes os elementos da conduta 
culposa, o agente é punido por determinação legal, que presume a ocorrência 
dela”. 
Na legislação anterior ocorria punição por crime culposo 
quando o agente causasse o resultado apenas por ter infringido uma 
disposição regulamentar (dirigir sem habilitação legal, acima do limite 
estabelecido na rodovia etc.), ainda que não houvesse imprudência, 
negligência ou imperícia. 
Exemplificando, Willian Wanderley Jorge53 relata: 
Não se pode considerar alguém culpado simplesmente por 
haver aquiescido em conduzir passageiros em veículos 
inadequados, como são os caminhões e os tratores. Exige-se 
a prova da imprudência ou negligência ou imperícia, pois o 
agente nessa conduta apenas desrespeitou regra de trânsito. 
O próximo passo do crime culposo será o grau da culpa 
que será tratado logo em diante 
1.5.5 Graus da culpa 
 
A doutrina trás 3 diferentes tipos de culpa: 
 
a – grave 
b – leve 
 
51
 JESUS, Damásio E. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 1983. v.1. p. 287 
52
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal. São Paulo : Atlas, 2007. p.142 
53
 JORGE, Wilian Wanderley. Curso de Direito Penal. Vol. I, 6ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 
1986, p. 341. 
 
 
32 
 
c – levíssima 
 
Para Mirabete54 “o grau da culpa varia de acordo com a 
maior ou menor possibilidade de previsão do resultado e mesmo dos cuidados 
objetivos tomados ou não pelo sujeito”. 
 
Garcia55 entende que “está isento de responsabilidade o 
agente que dá causa ao resultado com culpa levíssima”. 
 
José Salgado Martins56 fala que tal distinção é fundada 
na afirmação de que o evento, na hipótese de culpa levíssima, só poderia ser 
evitado se seu causador atuasse com atenção extraordinária, o que equivaleria 
praticamente ao caso fortuito. 
 
Devidamente analisado o crime culposo, far-se 
necessário analisar o tipo penal quanto ao dolo, o que far-se-á no capítulo 
seguinte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54
 MIRABETE, Julio Fabbrini, Manual de Direito Penal, São Paulo : Atlas, 2007. p.143 
55
 GARCIA, Basileu. Instituições de Direito Penal. 5. ed. São Paulo : Max limonad, 1980 vol. 
1. p. 297 
56
 MARTINS, José Salgado. Direito Penal. São Paulo : saraiva, 1974. p. 233. 
 
 
33 
 
CAPÍTULO 2 
 
 
DO CRIME DOLOSO 
 
 
2.1 CONCEITO 
 
Conforme Capez57 o dolo é o elemento psicológico da 
conduta e que a conduta é um dos elementos do fato típico, logo o dolo é um 
dos elementos do fato típico. 
 
Damásio58 entende que dolo, de acordo com a teoria 
finalista da ação, “é elemento subjetivo do tipo, integra a conduta, pelo que a 
ação e a omissão não constituem simples formas naturalísticas de 
comportamento, masações ou omissões dolosas”. 
 
Damásio59 ainda em sua obra conceitua o dolo dizendo 
que “é a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes do tipo 
legal. Mais amplamente, é a vontade manifestada pela pessoa humana de 
realizar a conduta”. 
 
Fragoso60 diz que o dolo “é a consciência e a vontade na 
realização da conduta típica, compreende elementos cognitivos( conhecimento 
do fato que constitui a ação típica) e um elemento volitivo ( vontade de realizá-
la)”. 
 
Nesse sentido o dolo é o elemento nuclear e primordial 
do tipo subjetivo e, frequentemente, o único do tipo objetivo, o dolo é o querer 
do resultado típico, a vontade do tipo subjetivo. 
 
 
57
 CAPEZ, Fernando, Curso de Direito Penal, São Paulo : Saraiva, 2005. p. 198. 
58
 JESUS, Damásio E., Direito penal, São Paulo : Saraiva, 2005. p 287 
59
 JESUS, Damásio E., Direito penal, São Paulo : Saraiva, 2005. p 287 
60
 FRAGOSO, Heleno Cláudio, Lições de direito penal, ed. Forense. p.175 
 
 
34 
 
O dolo é a vontade de concretizar as características 
objetivas do tipo, constitui elemento subjetivo do tipo. 
 
O tipo objetivo representa a exteriorização da 
vontade(aspecto externo-objetivo) que concretiza o tipo subjetivo. O 
fundamento material do todo crime é a concretização da vontade num fato 
externo, pois crime não é somente a vontade má concretizada num fato.61 
 
A carga subjetiva é denominada de tipo subjetivo e se 
esgota apenas no dolo quando o tipo penal contem apenas elementos objetivos 
e normativos, mas, naqueles em que existem elementos subjetivos, deve 
abranger estes. Por isso, Mirabete62 diz que “pode-se dizer que o tipo subjetivo 
é o dolo e eventualmente o dolo e outros elementos subjetivos inscritos ou 
implícitos no tipo penal abstrato”. 
 
Isso não quer dizer, porém, que o tipo objetivo não 
abranja os aspectos subjetivos, indispensáveis na configuração de 
determinados delitos, como são chamados elementos subjetivos do injusto. 
Como sustenta Welzel63, “o tipo objetivo não é objetivo no sentido de alheio ao 
subjetivo, mas no sentido de objetivado. Compreende aquilo do tipo que tem de 
se encontrar objetivado no mundo exterior”. 
 
Bitencourt64 sustenta que “o tipo objetivo é composto de 
por um núcleo, representado por um verbo (ação ou omissão), e por elementos 
secundários, tais como objeto da ação, resultado, nexo causal, autor etc”. 
 
Marques65 leciona que: 
 
61
 WELZEL, Hans. Derecho Penal alemán. Trad. Juan Bustos Ramirez e Sergio Yánez Pérez. 
Santiago, Ed. Jurídica do Chile, 1970. p. 93 
62
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal, São Paulo, Atlas, 2007. p.133 
63
 WELZEL, Hans. Derecho Penal alemán. Trad. Juan Bustos Ramirez e Sergio Yánez Pérez. 
Santiago, Ed. Jurídica do Chile, 1970. p. 93 
64
 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal : parte geral, vol.1 – 10 ed. – São 
Paulo : Saraiva, 2006. p.330 
65
 MARQUES, José Frederico, Tratado de Direito Penal, vol.2, Campinas : Millennium, 2002. 
p.224 
 
 
35 
 
Quando o sujeito ativo “quer” é a ação ou omissão, nem 
sempre, quando produz o evento, subsiste a vontade de 
produzi-lo. nos crimes a distancia, o resultado pode ocorrer em 
momento em que a vontade do agente esteja inerte, como, por 
exemplo, na hipótese de uma bomba de retardamento que 
explode no instante em que esteja sob a ação do sono aquele 
que preparou para explosão. Substancial, por isso, no crime 
doloso com ação e evento, é que se verifique consoante a 
intenção do agente, entendendo-se esta como a vontade que 
se projeta sobre o resultado dependente da conduta. 
 
Tendo em vista os conceitos do dolo, fica evidente o 
estudo das teorias do dolo. 
 
2.2 TEORIAS DO DOLO 
 
Há três teorias a respeito do dolo: 
 
A teoria da vontade, a teoria da representação e a teoria 
do assentimento. 
 
 
2.2.1 teoria da vontade 
 
Dolo é a vontade de realizar a conduta e produzir o 
resultado. 
 
Damásio de Jesus66 relata em sua obra sobre a teoria da 
vontade: 
 
Dolo é a intenção mais ou menos perfeita de praticar um fato 
que se conhece contrário à lei. Para os partidários dessa 
teoria, o dolo exige os seguintes requisitos: 
a) quem realiza o ato deve conhecer os atos e sua 
significação; 
b) o autor deve estar disposto a produzir o resultado. 
Assim, para a teoria da vontade, é preciso que o agente tenha 
a representação do fato (consciência do fato) e a vontade de 
causar o resultado. 
 
Mirabete67 entende que quem age dolosamente é quem 
pratica a ação consciente e voluntariamente. É necessário para sua existência, 
 
66
 JESUS, Damásio E., Direito Penal, São Paulo: Saraiva, 2005. p 287-288 
 
 
36 
 
portanto, a consciência da conduta e do resultado e que o agente a pratique 
voluntariamente. 
 
2.2.2 teoria da representação 
 
Para a teoria da representação, dolo é a previsão do 
resultado. É suficiente que o resultado seja previsto pelo sujeito. 
 
Mirabete68 explica que: 
 
 Dolo é a simples previsão do resultado. Embora não se negue 
a existência da vontade na ação, o que importa para essa 
posição é a consciência de que a conduta provocará o 
resultado. Argumenta-se, contudo, que a simples previsão do 
resultado, sem a vontade efetivamente exercida na ação, nada 
representa e que, alem disso, quem tem vontade de causar o 
resultado evidentemente tem a representação deste. Neste 
termos, a representação já está prevista na teoria da vontade. 
 
Feita as considerações acerca da teoria da 
representação, fica claro o estudo da teoria do assentimento. 
 
2.2.3 teoria do assentimento ou consentimento 
 
Para a teoria do assentimento ou consentimento, também 
é dolo a vontade que, embora não dirigida diretamente ao resultado previsto 
como provável ou possível, consente na sua ocorrência ou, o que da no 
mesmo, assume o risco de produzi-lo. A representação é necessária mas não 
suficiente à existência do dolo, e consentir na ocorrência do resultado é uma 
forma de querê-lo. 
 
Explica Mirabete69 acerca do tema que segue: 
 
 
67
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal, São Paulo, Atlas, 2007. p.129 
68
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal,. São Paulo, Atlas, 2007. p.129 
69
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal,. São Paulo, Atlas, 2007. p.129 
 
 
37 
 
A teoria do consentimento faz parte do dolo a previsão do 
resultado a que o agente adere, não sendo necessário que ele 
o queira. Para a teoria em apreço, portanto, existe dolo 
simplesmente quando o agente consente em causar o 
resultado ao praticar a conduta. 
 
Portanto a previsão ou representação do resultado como 
certo, provável ou possível, não exigindo que o sujeito queira produzi-lo. é 
suficiente seu assentimento. 
 
2.3 ELEMENTOS DO DOLO 
 
Para a definição dos elementos do dolo, existem dois 
elementos principais: o elemento cognitivo ou intelectual e o elemento 
volitivo(vontade). 
 
2.3.1 elemento cognitivo 
 
Para a configuração do dolo exige-se a consciência 
daquilo que se pretende praticar. Essa consciência deve ser atual, isto é deve 
estar presente no momento da ação, quando ela esta sendo realizada. 
 
A consciência do autor, segundo Mirabete70 é: 
 
Deve referir-se a todos os elementos do tipo, prevendo ele os 
dados essenciais dos elementos típicos futuros em especial o 
resultado e o processo causal. A vontade consiste em resolver 
executar a ação típica, estendendo-se a todos os elementos 
objetivosconhecidos pelo autor que servem de base a sua 
decisão em pratica - lá. 
 
Feitas as considerações acerca do elemento cognitivo, o elemento volitivo é a 
próxima etapa dos elementos do dolo. 
 
 
 
 
70
 MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. São Paulo, Atlas, 2007. p.130 
 
 
38 
 
2.3.2 Elemento volitivo 
 
Noronha71 entende que: 
a vontade incondicionada deve abranger a ação ou omissão 
(conduta), o resultado e o nexo causal. A vontade pressupõe a 
previsão, isto é, a representação, na medida em que é 
impossível querer algo conscientemente senão aquilo que se 
previu ou representou na nossa mente, pelo menos, 
parcialmente. 
 
A vontade de realização do tipo objetivo pressupõe a 
possibilidade de influir no curso causal, bitencourt entende que: 
 
Tudo o que estiver fora da possibilidade de influencia concreta 
do agente pode ser desejado ou esperado, mas não significa 
querer realizá-lo. Somente pode ser objeto da norma jurídica 
algo que o agente possa realizar ou omitir.72 
 
2.4 ESPÉCIES DE DOLO 
 
O surgimento das diferentes espécies de dolo é 
ocasionado pela necessidade de a vontade abranger o objetivo pretendido pelo 
agente, o meio utilizado, a relação de causalidade, bem como o resultado. 
 
2.4.1 Dolo natural e dolo normativo 
 
Segundo a lição de Capez73: 
 
Dolo natural é aquele concebido como um elemento 
puramente psicológico, desprovido de qualquer juízo de valor. 
Trata-se de um simples querer, independentemente de o 
objeto da vontade ser licito ou ilícito, certo ou errado. 
 
 
71
 NORONHA, Edgard Magalhães, Direito Penal. São Paulo, Saraiva, 1985, vol.1, p.132 
72
 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, vol.1 – 10 ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2006. p.336 
73
 CAPEZ, Fernando, Curso de direito penal. São Paulo : Saraiva, 2005. p. 201 
 
 
39 
 
Damásio74 complementa que “dolo natural é a simples 
vontade de fazer alguma coisa, não contendo a consciência da ilicitude. Para 
nós, o dolo é sempre natural.” 
 
Esse dolo compõe-se apenas de consciência e vontade, 
sem a necessidade de que haja também consciência de que o fato praticado é 
ilícito, injusto ou errado. 
 
Dessa forma, qualquer vontade é considerada dolo, tanto 
a de beber água, andar, estudar, quanto a praticar um crime. Afasta-se a antiga 
concepção de “dolus malus” do direito romano. 
 
Capez75 elucida que 
 
Sendo uma simples vontade, ou esta presente ou não, 
dispensando qualquer analise valorativa ou opinativa. Foi 
concebido pela doutrina finalista, integra a conduta e, por 
conseguinte, o fato típico. Não é elemento da culpabilidade, 
nem tem a consciência da ilicitude como seu oponente. 
 
O dolo normativo não é um simples querer, mas um 
querer algo errado, ilícito. Capez76 comenta ainda que “deixa de ser um 
elemento puramente psicológico (um simples querer), para ser um fenômeno 
normativo, que exige juízo de valoração ( um querer algo errado)”. 
 
2.4.2 Dolo direto 
 
Varias tem sido as distinções sugeridas para o dolo. Uma 
divisão tradicional distingue-se em dolo direto e dolo indireto. O chamado dolo 
direto é o dolo propriamente dito, aquela forma em que concorrem a previsão e 
 
74
 JESUS, Damásio Ev., Direito penal, São Paulo : Saraiva, 2005. p 294, 295 
75
 CAPEZ Fernando, Curso de Direito Penal, volume 1: parte geral – 9.ed. rev. e atual. – São 
Paulo : Saraiva, 2005. p. 201 
76
 CAPEZ, Fernando, Curso de Direito Penal, volume 1: parte geral – 9.ed. rev. e atual. – São 
Paulo : Saraiva, 2005. p. 201. 
 
 
40 
 
a vontade. Segundo a intensidade do querer em relação ao resultado, divide-se 
o dolo determinado e dolo indeterminado. 
 
Determinado diz-se o dolo em que o resultado 
corresponde perfeitamente à previsão e a vontade. O agente previu e quis o 
resultado que realmente ocorreu: quis matar e matou. O resultado é, então, o 
fim realmente visado pelo agente. É a forma que se exprime na primeira parte 
do art. 15, nº I, em que o nosso código define o crime doloso – “quando o 
agente quis o resultado”. 
 
Aníbal Bruno77 afirma que: 
 
o dolo indeterminado, o querer do agente se degrada, não é 
tão definido em relação ao resultado como determinado, ou 
direto propriamente dito. Não há então uma direção segura da 
vontade. O agente prevê e admite a ocorrência eventual de um 
resultado, ou quer um outro entre vários previstos. Não quer 
dizer, portanto, que a vontade se dirija indiferentemente a 
qualquer fato punível, mas apenas que a determinação não se 
faz de maneira precisa e exclusiva como no dolo determinado. 
 
É a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado 
(teoria da vontade). Ocorre quando o agente quer diretamente o resultado. 
 
Segundo a lição de Marques78: 
 
Diz-se o dolo direto quando o resultado no mundo exterior 
corresponde perfeitamente à intenção e vontade do agente. O 
objetivo por ele representado e a direção da vontade se 
coadunam com o resultado do fato praticado. 
 
Ns mesma obra na página 228 o autor exemplifica: “Ticio 
atira contra o desafeto para matá-lo e o atinge tirando-lhe a vida. No caso, o 
dolo é direto”. 
 
 
77
 BRUNO, Aníbal. Direito Penal, Parte Geral, Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 46 
78
 MARQUES, José Frederico. Tratado de Direito Penal, Campinas : Millennium, 2002. p.228 
 
 
41 
 
Bitencourt79 relata que “o objeto do dolo direto é o fim 
proposto, os meios escolhidos e os efeitos colaterais representados como 
necessários à realização do fim pretendido”. Ainda diz que o dolo se divide em 
3 aspectos: 
 
a) a representação do resultado, dos meios necessários e das 
conseqüências secundarias; 
 
b) o querer o resultado, bem como os meios escolhidos para 
sua consecução; 
 
c) o anuir na realização das conseqüências previstas como 
certas, necessárias ou possíveis, decorrentes do uso dos 
meios escolhidos para o fim proposto ou da forma de 
utilização desses meios. 
 
No dolo direto, o agente age com a vontade intencionada 
de produzir o resultado morte, ele tem a noção do ilícito e mesmo assim pratica 
a conduta dolosa. 
 
2.4.3 Dolo indireto 
 
Aníbal Bruno80 comenta que no dolo indireto, “não há 
propriamente dolo, porque não existe a concorrência da vontade. A sua 
construção remonta ao direito e à doutrina dos práticos”. 
 
A principio foi-lhe dada a maior elasticidade, quem 
praticava um ato ilícito devia responder penalmente por todas as suas 
conseqüências, mesmo as não previsíveis. A tal amplitude de conceito pôs 
termo, por fim, a doutrina, que reconduziu a matéria à concepção subjetiva da 
culpabilidade. Só pelos resultados previsíveis do seu ato deveria responder o 
agente. Essa forma de dolo, em que não concorre a vontade, e que não é, 
portanto, verdadeiramente dolo, é hoje repudiada pela ciência. 
 
79
 BITENCOURT, César Roberto. Tratado de Direito Penal, vol.1 – 10 ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2006. p.337 
80
 BRUNO, Aníbal. Direito Penal, Parte Geral, Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 46 
 
 
42 
 
 
O agente neste caso não quer diretamente o resultado, 
mas arrisca a possibilidade de produzí-lo. 
 
Existem duas formas de dolo indireto, o dolo alternativo e 
o dolo eventual. 
 
2.4.4 Dolo alternativo 
 
Noronha81 entende que “quando o agente deseja 
qualquer dos eventos possíveis”, por exemplo: a namorada ciumenta 
surpreende seu amado conversando com outra e, revoltada, joga uma granada 
no casal, querendo matá-los ou feri-los, ela quis produzir um resultado e não 
“o”resultado. 
 
Segundo Damásio82 “há dolo alternativo quando a 
vontade do sujeito se dirige a um ou outro resultado. Ex: o agente desfere 
golpes de faca na vitima com intenção alternativa: ferir ou matar”. 
 
Portanto, o agente tem a vontade de praticar o ato, 
sabendo que poderá matá-lo ou feri-lo, mesmo assim pratica o evento 
denominado dolo alternativo. 
 
2.4.5 Dolo eventual 
 
No dolo eventual, o agente mesmo não querendo 
diretamente a realização do ato típico, assume o risco de produzi-lo. 
 
 
81
 NORONHA, Edgard Magalhães. Direito Penal, 30. ed., São Paulo, Saraiva, v.1, p. 135. 
82
 JESUS, Damásio E., Direito penal, vol.1 : parte geral, 28 ed. Ver. – São Paulo : Saraiva, 
2005. p 290-291. 
 
 
43 
 
Bruno83 comenta que “o agente prevê o resultado como 
provável ou ao menos, como possível, mas apesar de prevê-lo, age aceitando 
o risco de produzi-lo”. 
 
Complementa no mesmo pensamento Hungria84: 
“assumir o risco é alguma coisa mais que ter consciência de correr o risco: é 
consentir previamente no resultado, caso este venha efetivamente a ocorrer”. 
 
Assumindo tal risco, o agente não se importa com o 
resultado futuro, para ele tanto faz se acontecer um resultado típico. 
 
Segundo Damásio85 ocorre o dolo eventual quando: 
 
O sujeito assume o risco de produzir o resultado, isto é, admite 
e aceita o risco de produzi-lo. ele não quer o resultado, pois se 
assim fosse haveria dolo direto. Ele antevê o resultado e age. 
A vontade não se dirige ao resultado (o agente não quer o 
evento), mas assim à conduta, prevendo que esta pode 
produzir aquele. 
 
Também no mesmo pensamento, Bitencourt86 acrescenta 
que dolo eventual é quando o agente não quer diretamente o resultado, mas 
aceita a possibilidade de produzi-lo, ou não se importa em produzir este ou 
aquele resultado (dolo alternativo). 
 
Na lição de Noronha87: “é indireto quando, apesar de 
querer o resultado, a vontade não se manifesta de modo único e seguro em 
direção a ele, ao contrario do que sucede com o dolo direto”. Ainda relata na 
 
83BRUNO, Aníbal, Direito Penal, Rio de Janeiro, Forense, 1967. p.73. 
84
 HUNGRIA, Nelson, Comentários ao Código Penal, vol.1,Rio de Janeiro, Forense, 1978. 
p.122. 
85
 JESUS, Damásio E., Direito penal, vol.1 : parte geral, 28 ed. Ver. – São Paulo : Saraiva, 
2005. p 290-291. 
 
86
 JESUS, Damásio E., Direito penal, vol.1 : parte geral, 28 ed. Ver. – São Paulo : Saraiva, 
2005. p 290-291 
87
 NORONHA, Edgard Magalhães. Direito Penal, São Paulo: Saraiva, 1983. V.1, P.135 
 
 
44 
 
mesma obra que comporta duas formas: o alternativo e o eventual. Dá-se o 
primeiro quando o agente deseja qualquer um dos eventos possíveis. Por 
exemplo: a namorada ciumenta surpreende seu amado conversando com outra 
e, revoltada, joga uma granada no casal, querendo matá-los ou feri-los. Ela 
quer produzir um resultado e não “o” resultado. 
 
No dolo eventual, o sujeito prevê o resultado e, embora 
não queira propriamente atingi-lo, pouco se importa com a sua ocorrência (“eu 
não quero, mas se acontecer, para mim tudo bem, não é por causa desse risco 
que vou parar de praticar minha conduta – não quero, mas também não me 
importo com a sua ocorrência”). 
 
É o caso do motorista que conduz em velocidade 
incompatível com o local e realizando manobras arriscadas. Mesmo prevendo 
que pode perder o controle do veiculo, atropelar e matar alguém, não se 
importa, pois é melhor correr esse risco do que interromper o prazer de dirigir 
(“não quero, mas se acontecer, tanto faz”). É também o caso do chefer que, em 
desabalada corrida para chegar a determinado ponto, aceita de antemão o 
resultado de atropelar uma pessoa. 
 
Nelson Hungria88 lembra a formula de Frank para explicar 
o dolo eventual: “Seja como for, dê no que der, em qualquer caso não deixo de 
agir”. 
Observa-se que age também com o dolo eventual o 
agente que, na duvida a respeito de um dos elementos do tipo, arrisca-se em 
concretizá-lo. 
 
São também casos de dolo eventual: praticar roleta 
russa, acionando o revolver por varias vezes carregando com um cartucho só e 
apontando-o sucessivamente contra outra pessoa, para testar sua sorte, e 
participar de inaceitável disputa automobilística realizada em via publica 
(racha), ocasionando morte. 
 
88
 HUNGRIA, Nelson. Comentários ao código penal. 3.ed.Rio de Janeiro: Forense, 1955. 
vol.1. p.289 
 
 
45 
 
 
Há certos tipos penais que não admitem o dolo eventual, 
pois a descrição da conduta impõe um conhecimento especial da circunstancia, 
por exemplo, ser a coisa produto de crime, no delito de receptação. 
 
2.4.6 Dolo de dano e dolo de perigo 
 
Remonta a classificação dos delitos em: 
 
a) crimes de dano; e 
b) crimes de perigo. 
 
No dolo de dano o sujeito quer o dano ou assume o risco 
de produzi-lo (dolo direto ou eventual). Ex.: crime de homicídio doloso, em que 
o sujeito quer a morte (dano) ou assume o risco de produzi-lo. 
 
No dolo de perigo o agente não quer o dano nem assume 
o risco de produzi-lo, desejando ou assumindo o risco de produzir um resultado 
de perigo (o perigo constitui resultado). Ele quer ou assume o risco de expor o 
bem jurídico a perigo de dano (dolo de perigo direto ou dolo de perigo 
eventual). Pode acontecer que, já estando presente o perigo ao bem jurídico, o 
agente consente em sua continuidade. Neste caso, há também dolo de perigo. 
 
Enquanto no dolo de dano o elemento subjetivo se refere 
ao dano, no dolo de perigo se dirige ao perigo. 
 
Damásio89 exemplifica dolo de perigo: 
 
O art. 130 do Código Penal define o crime de “perigo de 
contagio venéreo”, com a seguinte proposição: “Expor alguém, 
por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a 
contagio de moléstias venérea, de que sabe ou deve saber 
que esta contaminado”. Neste crime, levando-se em conta a 
 
89
 JESUS, Damásio E., Direito penal, vol.1 : parte geral, 28 ed. Ver. – São Paulo : Saraiva, 
2005. p. 292 
 
 
46 
 
expressão “de que sabe”, o sujeito deve agir com dolo de 
perigo, isto é, ele quer ou assume o risco de produzir o perigo 
de dano (dano é o contagio). Ele não quer o contagio, pois, se 
assim fosse, haveria dolo de dano, hipótese prevista no § 1º 
(“se a intençao do agente tranmitir a moléstia”). Apenas deseja 
ou assume o risco de submeter a vitima ao perigo de ser 
contaminada. 
 
Bitencourt90 leciona que “o dolo de dano é a vontade de 
produzir uma lesão efetiva a um bem jurídico, e dolo de perigo é a mera vontade de 
expor o bem a um perigo de lesão”. 
 
Bruno91 relata que: 
O dolo de dano é a consciência e a vontade que concorrem no 
sentido do resultado danoso. O dano é previsto e querido. No 
dolo de perigo, a vontade consciente se dirige só a um 
resultado de perigo. O agente quer apenas pôr em perigo um 
bem jurídico penalmente tutelado. O resultado de dano deve 
ser previsto, mas o agente não quer e mesmo, em vez de 
aceitar o risco de produzi-lo, espera que ele não ocorra. Nisso 
se distingue do dolo eventual. Difere ainda da chamada culpa 
com previsão, porque nesta nem o resultado de perigo é 
querido pelo agente. 
 
O chamado dolo de perigo é a situação psíquica do 
sujeito nos crimes de perigo, nos crimes, por exemplo, de perigo de contagio 
venéreo, ou de perigo para a vida ou a saúde de outrem, casos em que o crime 
se consuma com a simples exposição a perigo do bem jurídico tutelado. 
 
Pode ocorrer ainda o que se chama crime de dano com 
dolo de perigo. É o caso em que, para configurar a espécie delituosa, é 
suficiente o dolo que visa o perigo,mas o crime só se faz punível com o 
resultado de dano. 
Então o agente não quis o dano, só o perigo, mas para a 
punição se exige que o dano realmente ocorra. No caso, o resultado danoso, é, 
na realidade, simples condição de punibilidade. 
 
90
 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, vol.1 – 10 ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2006. p.337 
91
 BRUNO, Aníbal. Direito Penal, parte geral, Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 50 
 
 
47 
 
 
Bruno92 ainda fala que 
 
Assim, no código italiano, a acertada construção do crime de 
contagio venéreo, que se consuma com a simples exposição 
de outra pessoa a perigo de contagio, mas só se torna punível 
se o contagio realmente ocorre. Algumas vezes, mesmo, 
temos um dolo de dano informando um simples crime de 
perigo. É o que acontece no nosso Código com o crime de 
perigo de contagio de doença grave, em que o agente “ com o 
fim de transmitir a outrem moléstia grave de que esta 
contaminado” pratica ato capaz de produzir o contagio. 
 
2.4.7 Dolo genérico e dolo específico 
 
Dolo genérico, de acordo com a parte da doutrina, é a 
vontade de realizar fato descrito na norma penal incriminadora; dolo especifico 
é a vontade de praticar o fato e produzir um fim especial (especifico). Assim, no 
homicídio, é suficiente o dolo genérico, uma vez que o tipo do art.121, caput, 
não menciona nenhuma finalidade especial do sujeito; ele quer somente matar 
a vitima, não matá-la para alguma coisa. Já no crime do art. 133, a conduta de 
expor ou abandonar recém-nascido é realizado “para ocultar desonra própria” 
(fim especial – dolo especifico). 
 
A distinção que os autores fazem a respeito deve ser 
apreciada em face do fato material (conduta, resultado e nexo causal). Quando 
a intenção do sujeito se esgota na produção do fato material, fala-se em dolo 
genérico. Ex.: o crime de aborto é composto da conduta de provocar e da 
interrupção da gravidez com a morte do feto (resultado naturalístico), ligados 
pelo nexo de causalidade objetiva. 
 
O dolo é genérico, uma vez que a vontade do agente não 
vai alem do fato material. O crime de rapto é composto de fato material, que é o 
seguinte: “raptar mulher honesta, mediante violência, grave ameaça ou fraude”. 
 
92
 BRUNO, Aníbal. Direito Penal, parte geral, Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 50 
 
 
48 
 
Aí se encontram a conduta e o resultado. O agente, porem, pretende outro 
resultado: “para fim libidinoso”. 
 
Então, de acordo com a doutrina, o crime exige dolo 
especifico, que pressupõe o genérico (a existência do dolo especifico não 
exclui a exigência do genérico). Então, no dolo especifico, o agente quer um 
resultado que se encontra fora do fato material. 
 
2.4.8 Dolo geral 
 
Não se confunde com o chamado dolo genérico. 
 
Para conceituar Damásio explica: 
 
Ocorre quando o agente, com a intenção de praticar 
determinado fato, realiza uma conduta capaz de produzir o 
efeito desejado, e, logo depois, na crença de um evento já se 
produziu, empreende nova ação com finalidade diversa, 
ocorrendo que o segundo comportamento é que causa o 
resultado denominado “erro sucessivo”(dolo geral). 
 
 
Também leciona Bitencourt93que “quando o agente, após 
realizar a conduta, supondo já ter produzido o resultado, pratica o que entende 
ser um exaurimento e nesse momento atinge a consumação”. 
 
Há um fato dividido em duas fases segundo Bitencourt94: 
 
1- realização de uma conduta tendente à produção de 
determinado resultado; 
 
2 – crendo que o evento desejado em face do primeiro 
comportamento já ocorreu, o agente passa a realizar uma 
segunda conduta com finalidade diferente, verificando-se que 
 
93
 BITENCOURT, César Roberto. Tratado de Direito Penal, vol.1 – 10 ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2006. p.339 
94
 BITENCOURT, César Roberto. Tratado de Direito Penal, vol.1 – 10 ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2006. p.339 
 
 
49 
 
o resultado querido na primeira fase só acontece por causa da 
ação concretizada na segunda. 
 
Exs.: o sujeito apunhala a vitima e, acreditando que já se 
encontra morta, pretende cometer ocultação de cadáver, jogando-a nas águas 
de um rio, vindo ela a falecer em conseqüência de asfixia por afogamento; o 
agente, após disparar tiros de revolver na vitima e acreditando que já esta 
morta, pendura-a numa arvore pelo pescoço para simular suicídio por 
enforcamento, ocorrendo a morte por asfixia. 
 
Há três orientações conforme Bitencourt95: 
 
1- o sujeito responde por homicídio doloso consumado. 
Para essa corrente, não é necessário que o dolo persista 
durante todo o fato, sendo suficiente que a conduta 
desencadeante do processo causal seja dolosa. O dolo é 
“geral”, abrangendo todo o acontecimento. É a orientação da 
quase unanimidade dos autores brasileiros. 
2- Há dois crimes em concurso material:tentativa de 
homicídio na primeira fase e homicídio culposo, na segunda. 
 
3- Existe somente uma tentativa de homicídio (nossa 
atual posição). Ocorre um desvio essencial do rumo 
causal, excludente da imputação objetiva do resultado. 
 
A adotar-se a tese de que existe homicídio culposo na 
segunda fase, de se questionar: e se a vitima vem a ser salva da morte por um 
terceiro, haveria tentativa de homicídio culposo? Se a vitima morre há 
homicídio culposo; se não morre por circunstancias estranhas ao agente, 
deveria este responder por tentativa de homicídio culposo. Estaríamos diante 
de uma “tentativa de homicídio doloso” em relação à primeira fase, e uma 
“tentativa de homicídio culposo” na segunda etapa. 
 
 
95
 BITENCOURT, César Roberto. Tratado de Direito Penal, vol.1 – 10 ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2006. p.340 
 
 
50 
 
Pretende-se, por aplicação da teoria finalista da ação, 
responsabilizar os autores com fundamento nem suposto “dolo geral”, em que 
o elemento subjetivo do tipo abrangeria o evento independentemente da real 
causa objetiva desencadeada por eles (argumento do quis matar e matou). De 
observar-se, porém, que a admissão de um dolo de tal amplitude significa punir 
agentes em casos totalmente inaceitáveis. 
 
Bitencourt96 relata que 
 
Tal erro é irrelevante para o direito penal, pois o que importa é 
que o agente quis praticar o homicídio e, de um modo ou de 
outro, acabou por fazê-lo. O dolo é geral e abrange toda a 
situação, desde as facadas até o resultado morte, devendo o 
sujeito ser responsabilizado por homicídio doloso, 
desprezando-se o erro incidente sobre o nexo causal (achou 
que matou a facadas, mas acabou matando por afogamento, 
fato sem importância para o ordenamento jurídico). 
 
Entendido o dolo geral, far-se necessário o estudo do 
dolo e da pena. 
 
 2.4.9 Dolo e pena 
 
A quantidade da pena abstratamente cominada no tipo 
não varia de acordo com a espécie de dolo; contudo, o juiz deverá levá-la em 
consideração no momento da dosimetria penal, pois, quando o art.59, caput, do 
CP manda dosar a pena de acordo com o grau de culpabilidade, esta se 
referindo à intensidade do dolo e ao grau de culpa, circunstancias judiciais a 
serem levadas em conta na primeira fase de fixação. 
 
 Não devemos confundir culpabilidade, que é o juízo de 
reprovação do autor da conduta, com grau de culpabilidade, circunstancia a ser 
aferida no momento da dosagem da pena e dentro da qual se encontram a 
espécie de dolo e o grau de culpa. 
 
96
 BITENCOURT, César Roberto. Tratado de Direito Penal, vol.1 – 10 ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2006. p.341 
 
 
51 
 
 
Devidamente analisado o crime

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