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LIVRO - ACIDENTES DE TRÂNSITO

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ACIDENTE DE TRÂNSITO
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Maria Tereza Ferrabule Ribeiro
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2019
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
R484a
 Ribeiro, Maria Tereza Ferrabule
 Acidente de trânsito. / Maria Tereza Ferrabule Ribeiro. – Indaial: UNI-
ASSELVI, 2019.
 181 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-304-7
1.Acidente de trânsito - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da 
Vinci.
CDD 341.376
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................05
CAPÍTULO 1
O Cenário do Acidente de Trânsito ............................................ 9
CAPÍTULO 2
Os Envolvidos no Acidente de Trânsito .................................. 65
CAPÍTULO 3
Classificação e Definições de Acidente de Tráfego ............ 121
APRESENTAÇÃO
Prezado estudante, o livro Acidente de Trânsito tem como objetivo oferecer 
a você subsídios para que consiga identificar e compreender as consequências 
legais que envolvem os acidentes de trânsito.
A análise do acidente de trânsito perpassa por uma série de fatores que 
contribuem para sua ocorrência, e para tanto a presente obra, será um guia para a 
compreensão deste infortúnio, bem como avaliar de forma precisa como ocorreu, 
e qual lei deverá ser aplicada frente ao ilícito.
A presente obra será dividida em três capítulos, onde serão apresentados 
os conteúdos, atividades de estudos, participações em fóruns, sugestões e 
recomendações.
No primeiro capítulo, você conhecerá a legislação que norteia os acidentes 
de trânsito, o histórico do Código de Trânsito Brasileiro, sendo possível verificar 
que a legislação se desenvolve conforme a população cresce e os meios de 
transportes evoluem. 
Os acidentes de trânsito são desencadeados pelos diversos tipos de 
locomoção, sejam desde o movimento realizado pelo homem com as suas 
próprias pernas, como por veículos de tração animal, e por força motora. 
O homem, ao longo da sua evolução, procurou desenvolver inventos que 
pudessem facilitar a sua mobilidade, percorrendo distâncias em tempo menor e 
transportando produtos de diversos tipos de pesos e quantidades.
A necessidade dos deslocamentos, possibilitados pelos inúmeros meios de 
transporte que atualmente conhecemos, são extremamente importantes para o 
desenvolvimento econômico das sociedades, bem como a sensação de prazer e 
liberdade oportunizado pelo poder de ir e vir, pelos diversos caminhos possíveis e 
existentes que são disponibilizados principalmente pelos entes públicos, que são 
as vias de circulação públicas. 
Quando estes deslocamentos ocorrem de forma consciente e, 
preventivamente, as possibilidades dos riscos e perigos são mitigadas, 
proporcionando uma aventura segura ao dirigir veículo automobilístico, bicicleta, e 
andando com as próprias pernas.
Nesta linha de raciocínio o primeiro capítulo identificará as diversas 
possibilidades de acidentes, os envolvidos, e as responsabilidades que irão advir 
destas ocorrências.
Os ordenamentos legais são os norteadores para determinar as metodologias 
a serem realizadas no local do acidente de trânsito em conformidade com a 
tipificação, para que possam revelar os causadores dos infortúnios, e os que 
apesar de não terem concorrido diretamente com o evento também serão 
identificados para que assumam a sua respectiva responsabilidade seja na esfera 
administrativa, civil e criminal.
Normalmente os acidentes de trânsito têm mais de um fator envolvido, por 
exemplo: provocados por defeitos, má conservação de vias, falta de iluminação, 
pessoas não habilitadas ou incapacitadas fisicamente para dirigir, seja por 
meio de tração humana, animal ou motorizada, mas o fator humano, conforme 
estudaremos, ainda é a principal causa provocadora dos acidentes.
De acordo com estas condições é que o aplicador das leis, analisará e 
identificará a responsabilidade das respectivas indenizações dos prejuízos 
ocasionados, e qual a punição que será imputada ao transgressor, e no segundo 
capítulo serão identificados os demais envolvidos, e os fatores principais que 
fazem parte dos acidentes.
O segundo capítulo também apresentará os profissionais e os órgãos legais 
responsáveis pelo tráfego, e os peritos que fazem a identificação do local do 
acidente.
São vários os profissionais envolvidos na segurança do trânsito, de forma 
que possam pensar de maneira preventiva desde a consecução de uma estrada, 
analisando de forma técnica a área geográfica e respeitando as necessidades 
regionais, como do traçado das vias, as placas de sinalizações e as suas local-
izações.
As vias por onde se transita são elementos fundamentais para a aplicação 
de ações preventivas, devendo os profissionais técnicos de trânsito torná-las 
cada vez mais eficientes propiciando o deslocamento de forma segura e rápida.
O terceiro capítulo fará com que você compreenda as classificações e 
as definições que envolvem os acidentes de trânsito. Serão apresentadas as 
principais sinistralidades das estradas brasileiras, por meio dos indicadores que 
são publicados anualmente pelos órgãos de trânsito, sendo possível verificar que 
apesar das diversas campanhas realizadas, os índices de acidentes estão cada 
vez maiores, levando o país a ter milhares de mutilados e mortos.
O acidente de trânsito é um vilão, que assombra a vida das pessoas, que 
destrói famílias, causando grandes transtornos e tristezas. A identificação dos 
motivos que provocaram o acidente é de extrema importância, para criar ações 
preventivas, a fim de coibir ocorrências futuras.
Os meios de locomoção sofrem um acelerado desenvolvimento, ficando mais 
velozes e autossuficientes como, por exemplo, os carros autônomos, ou seja, o 
homem não necessitará mais dirigir o seu próprio veículo, o futuro nos dirá se 
isto será melhor ou não, pois qualquer tecnologia envolve melhorias e riscos ao 
homem, mas é importante a identificação destes riscos, para nortear as ações 
preventivas, pois a vida humana e a segurança devem sempre ocupar o primeiro 
lugar.
A proposta não é parar a escalada do desenvolvimento, mas ao criar 
novas formas de mobilidade, a segurança e a ergonomia, devem ser estudadas 
concomitantemente, levando o homem a percorrer grandes distâncias, 
conhecendo lugares longínquos, já que é da natureza do ser humano ser criativo 
e destemido, possibilitando o seu retorno ao ponto de partida vivo e ileso.
CAPÍTULO 1
O Cenário do Acidente de Trânsito
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Conhecer a legislação concernente ao acidente de trânsito.
� Identificar os envolvidos e as principais responsabilidades frente ao 
ordenamento jurídico respectivo.
� Apresentar as legislações a serem aplicadas aos diferentes casos de ocorrência 
do acidente de trânsito.
� Determinar o tipo de metodologia a ser realizada no local do acidente de trânsito 
de acordo com a sua tipificação.
10
 Acidente de Trânsito
11
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste primeiro capítulo será possível estudar nas respectivas seções os 
seguintes temas a respeito de acidentes de Trânsito; legislações; os envolvidos no 
acidente de trânsito; Boletim de Ocorrência de Trânsito - BOAT - ea metodologia 
do levantamento do local do acidente, possibilitando que você compreenda as 
legislações que fazem parte do cenário dos acidentes de trânsito, prescrevendo 
punições e responsabilidades em consonância com os ordenamentos jurídicos 
para cada caso.
Assim, destaca-se as principais normativas aplicados ao trânsito como: o 
Código de Trânsito Brasileiro – CTB -, o Código Civil, Código Penal, bem como 
conhecer os princípios basilares constantes em nossa Carta Magna, e demais 
ordenamento jurídicos respectivos a matéria, que tratam da responsabilidade 
civil, ou seja, as indenizações que as vítimas deverão receber em conformidade 
com a transgressão, e a responsabilidade criminal no que couber, e tipificar se foi 
cometido pelos diversos tipos de culpa ou dolo, e ainda se o agente cometeu a 
transgressão com negligência, imperícia e imprudência.
Vamos conhecer os atores que se encontram envolvidos nos acidentes de 
trânsito, que serão revelados de acordo com a descrição detalhada do local do 
acidente, por meio dos diversos métodos, o que possibilitará identificar quais 
foram os fatores que levaram a tal infortúnio, e a participação do fator principal o 
humano, pois o trânsito são as pessoas, para que se possa aplicar a respectiva 
lei, aos efetivos transgressores, e o mais importante a ação preventiva para que 
tal evento não volte a se repetir.
Os relatos sobre o local e o momento do acidente, dependerá da metod-
ologia e as técnicas empregadas pelo perito, estabelecendo uma prévia análise 
para identificar aquela que melhor retrate as condições do momento da ocorrência 
do acidente.
Você verificará que o boletim de ocorrência é um instrumento técnico im-
portante para que fique registrado formalmente o local e as condições do acidente, 
contudo há vários outros instrumentos, dependendo da gravidade do infortúnio, 
assim diversas outras técnicas serão empregadas, para descrever o acidente de 
trânsito, ou seja, o método, por meio de descrições, desenhos, provas colhidas no 
local, fotografias a identificação das testemunhas e etc., para elucidar com preci-
são, no caso de futuras contendas judiciais, o magistrado necessita destas provas 
irrefutáveis, para a justa aplicabilidade da lei, que permeia os princípios fundamen-
tais do Direito, sendo um deles a garantia da segurança jurídica.
12
 Acidente de Trânsito
2 LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO 
TEMA ACIDENTE DE TRÂNSITO
Nesta seção será apresentada a evolução histórica do Código Trânsito 
Brasileiro – CTB -, e as responsabilidades a serem aplicadas aos transgressores 
em consonância com a legislação respectiva, onde será possível também 
identificar se o causador do acidente concorreu ou não para o infortúnio.
Vamos conhecer as principais medidas punitivas impostas pelo CTB que nos 
últimos anos tornaram-se rigorosas, objetivando coibir e minimizar o número cada 
vez maior de acidentes de trânsito, onde aplicação da lei levará em consideração 
a tipificação do ato, sendo mais severa para os que cometem por dolo, do que por 
culpa, que serão analisadas detalhadamente. 
O CTB inovou, para além das punições, o fator consciência e educação no 
trânsito, passando a ser um dos princípios fundamentais deste ordenamento 
legal, para garantia da segurança da vida humana.
Serão apresentados alguns fatos curiosos e históricos que fazem parte da 
trajetória histórica brasileira, como os primeiros carros que vieram para o Brasil, e 
o lento desenvolvimento das vias públicas.
2.1 O CÓDIGO NACIONAL DE 
TRÂNSITO E A SUA EVOLUÇÃO
Fazendo-se uma breve retrospectiva histórica, conforme Mitidiero (2015, p. 
20), desde a Pré-História quando o homem começou a tocar o solo, iniciam-se os 
primeiros traços da “circulação extratrânsito e trânsito”, conforme a lei da física 
dois corpos não consegue ocupar ao mesmo tempo o mesmo lugar, por esta 
premissa, o respeito está implícito, na consciência de cada um dar passagem ao 
outro, regra que surge espontaneamente. 
Conforme o homem progressivamente vai desenvolvendo métodos de facilitar 
e propiciar conforto, cria novos meios de transporte, por exemplo em carregar a 
caça, armas, alimentos retirados da plantação, são estratégias de locomoção que 
viabilizam a mobilidade.
 
13
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
A história revela que nesta fase pré-histórica, a mulher foi a 
primeira a transportar cargas, ou seja, por meio de tração humana, 
carregando os utensílios domésticos, quando dos deslocamentos 
para outras regiões onde seriam fixados novos locais de moradia, que 
futuramente passaram a ser realizados por outros tipos de animais 
(MITIDIERO, 2015).
Segundo Della Torre (1984, p. 164), as invenções são frutos de 
um indivíduo, contudo a sociedade é quem fornece a “base”, motivada 
pela necessidade de criar novas possibilidades e conforto, a autora 
cita exemplos referenciando algumas invenções que foram de extrema 
relevância, não somente no país de origem, mas para os demais 
países, como: roldana que foi inventada pelos assírios no Século VIII 
a.C; os escoceses que inventaram a bicicleta; o inglês James Watt 
que inventou a máquina vapor desencadeando a primeira Revolução 
Industrial a partir do Século XVIII, estimulando gerações futuras em 
outras invenções como a do automóvel com motores a combustão, 
e os americanos inventaram o bonde elétrico, ou seja, um transporte 
coletivo, e movido por outro tipo de energia, a eletricidade.
Na trajetória do desenvolvimento, o homem não parou mais, as 
invenções no que concerne a mobilidade alçaram para muito além 
das trações humanas e pelos animais, surgindo motores cada vez 
mais potentes movidos por combustão, elétricos e eletricidade. 
No Brasil, a Associação do Automóvel Clube do Brasil, apresenta 
uma série de curiosidades a respeito da história automobilística 
brasileira, que contou como baluarte o inventor Santos Dumont, que 
criou a respectiva associação em 27/09/1907, na cidade do Rio de 
Janeiro, objetivando atender os primeiros donos de veículos no 
Brasil, Santos Dumont além do seu amor pelas aeronaves, cultivava 
o fascínio pelos veículos sendo que em 1891 trouxe para o Brasil o 
“primeiro veículo a combustão e pneus de borracha”.
FONTE: <http://www.automovelclubedobrasil.org.br/Associacao/HistoriaAutomovel>. 
A história revela 
que nesta fase 
pré-histórica, a 
mulher foi a primeira 
a transportar 
cargas, ou seja, 
por meio de tração 
humana, carregando 
os utensílios 
domésticos, quando 
dos deslocamentos 
para outras regiões 
onde seriam 
fixados novos 
locais de moradia, 
que futuramente 
passaram a 
ser realizados 
por outros tipos 
de animais 
(MITIDIERO, 2015).
Na trajetória do 
desenvolvimento, o 
homem não parou 
mais, as invenções 
no que concerne a 
mobilidade alçaram 
para muito além das 
trações humanas 
e pelos animais, 
surgindo motores 
cada vez mais 
potentes movidos 
por combustão, 
elétricos e 
eletricidade.
Assista ao vídeo “Como nasceu o primeiro carro brasileiro”, e 
conheça mais sobre a nossa história automobilística. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=Fv5dXzOJ6Kk> Acesso em: 4 
nov. 2018.
14
 Acidente de Trânsito
Nesta trajetória, o Automóvel Clube do Brasil, relata que no ano de 
1911, Brasília possuía 908 veículos, o que consequentemente impulsionou 
o surgimento da necessidade de mais motoristas, que eram denominados 
de “Chauffer”, sendo que alguns europeus vinham para o Brasil ensinar os 
interessados nesta nova profissão, consequentemente nascia as primeiras 
“Autoescola e oficinas mecânicas do país”. 
No que concerne às regulações de Trânsito, vamos localizar 
o primeiro Decreto de n° 8.324, de 27 de outubro de 1910, 
tendo sido escrito por Nilo Peçanha que era o então Ministro e 
Secretário da Viação e obras Públicas, cujo Caput se lê: “Aprova 
o regulamento para serviços subvencionado de transporte por 
automóveis”. 
Estes serviços indicados no Decreto se referem aos 
realizados por transportescoletivos e os de cargas, da iniciativa 
privada e pública, regulando a locomoção entre os Estados da 
União ou aqueles que fossem realizados dentro do mesmo 
Estado.
O objetivo do Decreto era o de “facilitar” os transportes dentro do Brasil. O 
cenário do país no âmbito da infraestrutura automotiva desta época, conforme 
os estudos de (FERRAZ, 1975), esclarece que a nível nacional, havia uma 
linha férrea de 2.577 Km, aumentando para 3.224 Km em 1923.
 Interessante observar que a malha viária era inexpressiva, 
pois no período de 1910 a 1920 o Brasil contava com 13.000 
km de estradas, e no ano de 1916 com 3.211 automóveis, o que 
indicava que havia um automóvel para cada 1.692 habitantes 
(FERRAZ, 1975).
Com o final da primeira Guerra Mundial em 11 de novembro 
de 1918, o Brasil começou a ter um leve aumento no número de 
automóveis que rodavam o país, ou seja, em 1924 haviam 6.500 
carros em circulação (FERRAZ, 1975).
Conforme os dados da FENABRAVE – PR, o primeiro carro a 
chegar no Brasil foi no ano de 1896, e no ano de 1910, iniciou-se os processos 
de importação, onde comercializavam o carro antes mesmo deles estarem 
No que concerne 
às regulações de 
Trânsito, vamos 
localizar o primeiro 
Decreto de n° 8.324, 
de 27 de outubro 
de 1910, tendo 
sido escrito por Nilo 
Peçanha que era 
o então Ministro e 
Secretário da Viação 
e obras Públicas. 
Com o final da 
primeira Guerra 
Mundial em 11 de 
novembro de 1918, 
o Brasil começou a 
ter um leve aumento 
no número de 
automóveis que 
rodavam o país, 
ou seja, em 1924 
haviam 6.500 carros 
em circulação 
(FERRAZ, 1975).
15
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
em solo brasileiro. Para aquisição de um veículo, o interessado 
necessitava ter dinheiro, e muita vontade de possuir um carro, 
devido as burocracias e dificuldades da época. No ano de 1920, 
surgem as primeiras revendedoras e montadoras, sendo que o 
Estado de São Paulo no ano de 1929 importou 43.657 automóveis 
e 25.858 caminhões. 
A Perua DKW F-91 Universal, de produção da empresa Alemã 
Auto Union, foi o primeiro veículo fabricado em solo brasileiro, 
rodando nas vias de nosso país em 1957, com boa parte dos 
componentes produzidos dentro do território nacional (BRANDÃO, 
2011).
A Perua DKW 
F-91 Universal, 
de produção da 
empresa Alemã Auto 
Union, foi o primeiro 
veículo fabricado 
em solo brasileiro, 
rodando nas vias 
de nosso país em 
1957, com boa parte 
dos componentes 
produzidos dentro 
do território nacional 
(BRANDÃO, 2011).
FIGURA 1 - DKW- VEMAG 1000.
 FONTE: <http://4rturbo.blogspot.com/2012/07/revista-quatro-
rodas-agosto-de-1961.html>. Acesso em: 26 nov. 2018.
No Brasil, o Decreto 858 de 15 de abril de 1902, estabelecia 
a obrigatoriedade do exame para a condução de veículos, porém 
os primeiros exames para os motoristas surgiram no ano de 1906 
(BASILEIS, 2016, p. 30).
16
 Acidente de Trânsito
O Brasil teve um rápido crescimento automotivo, a partir de 1924, contando 
com 6.500 carros em circulação, em cinco anos a frota de automóveis passou 
para 43.657, ou seja, um aumento aproximado de 500%.
O progresso acelerado brasileiro, exigiu tipos específicos de circulação 
viária, para atender este modal, impulsionando também a criação de vias públicas 
para os demais transeuntes, o que tecnicamente faz surgir o denominado trânsito, 
cuja palavra no Dicionário Jurídico de Plácido e Silva (2014, p. 2.150), significa 
“do latim transitus (passagem), conduzindo a ideia de movimento e de mudança, 
trânsito exprime o que é de passagem, o que está em circulação, o que está em 
andamento, ou que não chegou a seu destino”. 
E, ainda ensina que na “terminologia jurídica”, para os órgãos de trânsito 
será:
Na linguagem da Polícia Administrativa, para designar todo o 
movimento, ou a circulação de pessoas e veículos nas ruas 
de uma cidade, ou vila, ou nas estradas que lhe dão acesso. 
E Conselho de Trânsito, entende-se o conjunto de serviços 
destinados à fiscalização e direção do movimento de veículos 
e de pessoas em uma certa jurisdição. A Lei n° 9.503, de 
23/09/07, instituiu o Código de Trânsito Brasileiro – CTB, 
criando o sistema Nacional de Trânsito – SNT. O Decreto n° 
2.327, dispôs sobre a coordenação do SNT e da composição 
do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN (SILVA, 2014, 
s.p).
O atual Código Nacional de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997), 
define trânsito em seu artigo 1°, § 1°, como: “Considera-se trânsito 
a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou 
em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, 
estacionamento e operação de carga ou descarga”.
As vias são construídas para as pessoas, pois como já 
dissemos, o trânsito são as pessoas, seja andando com os seus pés, 
denominadas de pedestres, seja em veículos ou animais, devendo 
ser garantido consciência de quem a transita promovendo, respeito, 
segurança e responsabilidade. 
O Capítulo III do Código de Trânsito Brasileiro, estabelece 
“Das Normas Gerais de Circulação e Conduta”, iniciando pelo Artigo 
26, contendo 67 (sessenta e sete) artigos, e diversos incisos, que 
regulamentam e orientam de que forma os condutores e pedestres 
devem se comportar quando estiverem transitando pelas vias públicas, sejam 
em áreas urbanas ou rurais. O legislador em 2012, incluiu o Capítulo III-A, para 
O atual Código 
Nacional de 
Trânsito Brasileiro 
(BRASIL, 1997), 
define trânsito em 
seu artigo 1°, § 1°, 
como: “Considera-se 
trânsito a utilização 
das vias por 
pessoas, veículos 
e animais, isolados 
ou em grupos, 
conduzidos ou 
não, para fins de 
circulação, parada, 
estacionamento e 
operação de carga 
ou descarga”.
17
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
normatizar e regulamentar a conduta dos chamados “motoristas 
profissionais”. 
A leitura deste Capítulo, possibilitará a compreensão das 
normativas, que têm como princípio orientar os condutores de veículos 
e pedestres a circularem nas vias de forma defensiva, ou seja, 
procurar estar sempre em alerta antevendo os possíveis acidentes. 
Exemplificando, quando estamos dirigindo próximo a escolas, 
ou ponto de ônibus, a atenção deverá ser redobrada, normalmente 
estão sinalizadas a certa distância, antes da chegada nestes locais, 
justamente para que o condutor possa em tempo hábil reduzir a 
velocidade, pois são áreas que denotam de um trânsito maior de 
pessoas, e principalmente no caso das escolas que tenham como 
público as crianças, que irão atravessar a via, a atenção sem 
dúvida é tanto para os que estão conduzindo o veículo, como para os que estão 
atravessando a via, mas é certo que a preferência de travessia será do menor, 
e aqui se entende o pedestre, prevalece sobre o maior, sendo aqueles que 
estiverem conduzindo o veículo, para que seja garantindo a segurança.
Vários são os artigos do CTB, que orienta os condutores de como deverá ser 
a sua conduta no trânsito, conforme se observa pelo Artigo 31:
O condutor que tenha o propósito de ultrapassar 
um veículo de transporte coletivo que esteja 
parado, efetuando embarque ou desembarque de 
passageiros, deverá reduzir a velocidade, dirigindo 
com atenção redobrada ou parar o veículo com vistas 
à segurança dos pedestres (BRASIL,1997).
O Capítulo III do CTB tem como fundamento prescrever a respeito da 
Direção Defensiva, exigindo que os que fazem parte do trânsito dirijam ou 
andem de forma a antever os possíveis acontecimentos, o DENATRAN, 
ensina o significado de Direção Defensiva como a forma de dirigir, que 
permite a você reconhecer antecipadamente as situações de perigo e 
prever o que pode acontecer com você, com seus acompanhantes, com 
seu veículo e com os outros usuários da via (DENATRAN, 2005).
Os entes públicos, por sua vez deverão estabelecer manutenções 
preventivas nas áreas públicas de circulação, instalando instrumentos de 
segurança como as placas de sinalização, limpeza e cortes de vegetação 
no entorno das pistas,propiciar áreas de descanso, iluminação, etc., 
pois as vias concedem uns dos direitos fundamentais de locomoção 
preconizada em nossa Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5° 
A leitura deste 
Capítulo, 
possibilitará a 
compreensão 
das normativas, 
que têm como 
princípio orientar 
os condutores de 
veículos e pedestres 
a circularem nas 
vias de forma 
defensiva, ou seja, 
procurar estar 
sempre em alerta 
antevendo os 
possíveis acidentes. 
Os entes públicos, 
por sua vez 
deverão estabelecer 
manutenções 
preventivas nas 
áreas públicas 
de circulação, 
instalando 
instrumentos 
de segurança 
como as placas 
de sinalização, 
limpeza e cortes 
de vegetação no 
entorno das pistas, 
propiciar áreas 
de descanso, 
iluminação, 
etc., pois as 
vias concedem 
uns dos direitos 
fundamentais de
18
 Acidente de Trânsito
inciso XV, garantindo a liberdade e a igualdade, pois o Estado de 
Direito faz com os entes públicos em caso de sinistros provocados 
por falta de manutenções, fiscalizações e demais ações garantidoras 
da segurança pública, respondam com as respectivas indenizações, 
e demais aplicação legal devida às vítima.
A título de ilustrar a responsabilidade civil do Estado, a seguir 
está reproduzido um exemplo de julgado nesta vertente: 
locomoção 
preconizada em 
nossa Constituição 
Federal de 1988, em 
seu artigo 5° inciso 
XV, garantindo 
a liberdade e a 
igualdade, pois o 
Estado de Direito 
faz com os entes 
públicos em 
caso de sinistros 
provocados por falta 
de manutenções, 
fiscalizações e 
demais ações 
garantidoras da 
segurança pública, 
respondam com 
as respectivas 
indenizações, e 
demais aplicação 
legal devida às 
vítima.
Apelantes: DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM 
DO ESTADO DE SÃO PAULO - DER; CONCESSIONÁRIA 
DAS RODOVIAS AYRTON SENNA E CARVALHO PINTO S/A - 
ECOPISTAS Apelado: LEONARDO RODRIGUES CAMARGO 
Comarca: Cruzeiro - 1ª V. Cível (Proc. 1000300-40.2015).
EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE 
TRÂNSITO. AÇÃO INDENIZATÓRIA JULGADA PARCIALMENTE 
PROCEDENTE. NECESSIDADE. NÃO HAVENDO NOS AUTOS 
INDÍCIOS DE EVENTUAL INSOLVÊNCIA PATRIMONIAL DA 
CONCESSIONÁRIA E NÃO SE TRATANDO DE QUALQUER 
DISCUSSÃO SOBRE EVENTUAL MÁ ESCOLHA DA 
CONCESSIONÁRIA OU OMISSÃO DO PODER CONCEDENTE 
QUANTO AO SEU DEVER DE FISCALIZAÇÃO, FORÇOSO 
RECONHECER-SE A INVIABILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO 
SOLIDÁRIA OU MESMO SUBSIDIÁRIA DO D.E.R., DEVENDO O 
PROCESSO SER EXTINTO EM RELAÇÃO A ELE, NOS TERMOS 
DO ART. 485, VI, DO CPC. QUANTO. À CONCESSIONÁRIA-CORRÉ, 
A RESPONSABILIDADE É OBJETIVA. ENTENDIMENTO DE QUE 
É DE CONSUMO A RELAÇÃO ENTRE USUÁRIO DE RODOVIA E 
CONCESSIONÁRIA E QUE SUA RESPONSABILIDADE PERSISTE 
NOS CASOS DE ACIDENTES CAUSADOS PELA PRESENÇA DE 
OBJETOS (RESSOLAGEM DE PNEU) EM RODOVIAS SOB SUA 
CONCESSÃO. PRECEDENTES. AUSENTE CAUSA EXCLUDENTE 
DA RESPONSABILIDADE DA CONCESSIONÁRIA. VALOR DA 
CONDENAÇÃO MANTIDO. AFASTADA A MULTA APLICADA EM 
RAZÃO DA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
Recurso de apelação do D.E.R. provido e parcialmente 
provido o recurso da concessionária. Apelação - Nº 1000300-
40.2015.8.26.0156.
FONTE: Disponível em: <https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.
do?cdAcordao=12007305&cdForo=0>. Acesso em: 18 nov. 2018.
19
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
No julgado anteriormente apresentado, o Magistrado afastou a 
responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São 
Paulo, em responder, porque a rodovia foi terceirizada para uma concessionária 
que presta serviços para o ente público. Por força de contrato a concessionária é 
quem responderá pelas devidas indenizações causadas pelo acidente de trânsito, 
decorrentes de objetos que estavam na via. Veja que o Magistrado destacou que 
a concessionária tem condições em arcar com os prejuízos, haja vista, que se não 
tivesse o D.R.E./SP, responderia solidariamente.
 Diniz (2018), ainda esclarece que o Estado por meio de seus prepostos 
age em seu nome, inclusive os que fazem parte da administração indireta, e os 
auxiliares contratados, e indica o Artigo 37, § 6º da Constituição Federal de 1988, 
que regulamenta a questão:
A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, 
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos 
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, 
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos 
casos de dolo ou culpa (BRASIL, 1988).
Caso a interpretação no referido julgado fosse à condenação em indenizar 
o particular, pelo D.R.E. SP, a este ente caberia ação regressiva, como se lê no 
parágrafo 6°, portanto o direito alcança a todos, quando se trata em reparar os 
danos provocados a quem quer que seja, conforme explicito na CF/88 - Artigo 5°: 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (…).
O DENATRAN – Departamento de Trânsito, destaca quatro 
princípios que devem ser seguidos pelas pessoas objetivando o 
“relacionamento e a convivência social no trânsito”, o qual passamos 
a descrever:
1 - Dignidade humana: conforme apresenta-se na Constituição 
Federal do Brasil/1988, como princípio fundamental, em seu artigo 
1°, Inciso III, exigindo o respeito, entre todas as pessoas, não sendo 
admitido discriminações de qualquer natureza; 
2 - Igualdade de Direitos: princípio também esculpido e fundamentado em nossa 
Carta Magna em seu artigo 5°, conforme já apresentado: 
3 - Participação: a necessidade da participação e conscientização da sociedade 
para os problemas que ocorrem no trânsito. 
O DENATRAN – 
Departamento de 
Trânsito, destaca 
quatro princípios 
que devem ser 
seguidos pelas 
pessoas objetivando 
o “relacionamento e 
a convivência social 
no trânsito”.
20
 Acidente de Trânsito
4 - Corresponsabilidade pela vida social: este princípio convoca toda 
a sociedade, inclusive os entes públicos parah “a vida social”, atitudes, 
comportamentos, responsabilidade, para que se possam evitar tantos acidentes, 
sendo a segurança responsabilidade daqueles que constroem as vias, como 
daqueles que a trafega.
Para que seja efetivamente observado pelas pessoas e os 
entes públicos estas garantias, uma das alternativas são as criações 
de leis específicas, com as consequentes medidas punitivas nas 
relações entre as pessoas no convívio do trânsito.
Com relação à trajetória dos ordenamentos jurídicos, conforme 
demonstrado no Quadro 1, referente à legislação de trânsito, 
a primeira a regular o assunto conforme já apresentado no início 
desta seção foi em 1910, e o primeiro Código Nacional de Trânsito 
foi o de janeiro do ano 1941, que perdurou somente por oito meses, 
o atual Código vigente no Brasil, foi criado pela Lei 9.503 de 1997, 
que entrou em vigor no ano de 1988, e vem sofrendo diversas 
alterações, principalmente no que tange a aplicação de punições 
mais severas, objetivando coibir os altos índices de acidentes.
Para que seja 
efetivamente 
observado pelas 
pessoas e os entes 
públicos estas 
garantias, uma das 
alternativas são 
as criações de leis 
específicas, com 
as consequentes 
medidas punitivas 
nas relações entre 
as pessoas no 
convívio do trânsito.
QUADRO 1 - EVOLUÇÃO DOS CÓDIGOS DE TRÂNSITO BRASILEIRO
ORDENAMENTOS 
JURÍDICOS
DATA OBSERVAÇÕES
Decreto-Lei nº 2.994 28/01/1941
Tendo sido revogada após 8 (oito) 
meses, de sua publicação.
Decreto-Lei nº 3.651 25/09/1941
Criado o CONTRAN – Conselho Nacio-
nal de Trânsito.
Lei nº 5.108 21/09/1966
Devido ao desenvolvimento das cidades 
e aumento de veículos, foi necessária 
uma ampla revisão da legislação, fican-
do designadocomo Código Nacional de 
Trânsito.
Lei nº 9.503 23/09/1997
Foi designado como Código de Trânsi-
to Brasileiro – CTB; trazendo as orien-
tações e obrigações de como deverá ser 
a forma de circulação, e com segurança. 
Com um capítulo específico sobre edu-
cação no trânsito”, e 11 (onze) artigos 
tipificando os crimes de trânsito. 
FONTE: Adaptado da obra de OLIVEIRA, 2015.
21
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
Pela apresentação do Quadro 1, percebe-se que o legislador procura 
acompanhar a evolução da sociedade, o atual Código de Trânsito Brasileiro, 
vem sofrendo diversas alterações, com o objetivo de tornar cada vez mais 
rigorosa aplicação de punições aos infratores, mas sem perder de vista o que é 
mais significativo que é a educação e a conscientização no trânsito, conforme o 
Capítulo VI do CTB, em seu artigo 74, que dispõe: “A educação para o trânsito 
é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema 
Nacional de Trânsito” (CTB, 1997).
Estudaremos, ainda, os vários fatores que culminam nas mazelas 
desencadeadas no trânsito, na trajetória histórica brasileira, uma das 
consequências foi à ampliação do número de veículos e de estradas, tornando 
o Brasil um dos países que mais possui estradas de rodagens, deixando em 
segundo plano os demais modais, como ferrovias, aeronaves e hidrovias. 
Conforme Correia (2009), este acelerado crescimento automobilístico e 
rodoviário, impossibilita que as legislações de trânsito e os órgãos responsáveis, 
consigam acompanhar no mesmo tempo, tornando-se incapazes da adequação 
as necessidades deste modal, seja na infraestrutura das rodovias, seja na 
segurança das pessoas, o Código Nacional de Trânsito de 1997, como vimos, 
procurou amparar algumas fragilidades, como delegar autonomia aos municípios 
para aplicação e regularização das necessidades de sua região geográfica, 
porém é cediço que ainda não conseguiu resolver o grande número de infortúnios, 
mas está caminhando na direção de capacitar e regular os órgãos públicos 
responsáveis pelo trânsito, porém é necessário novamente salientar que falta 
conscientização das pessoas, sejam na condição de pedestre como na condição 
de motorista, de nada adiantará uma legislação moderna, órgãos equipados 
e atuantes se as pessoas continuarem a utilizar o veículo como uma forma de 
expressar poder, tornando-o uma arma, ou mesmo, dirigindo sem condições 
físicas, estando sonolentas, alcoolizadas ou até mesmo sob efeito de drogas, o 
veículo não é lugar de desabafos, onde por meio do excesso de velocidade quer 
resolver as mágoas e depressões, ou mostrar a sua coragem e valentia. 
O escritor Walcyr Carrasco, em sua crônica “Fúria no trânsito”, identifica bem 
a atitude dos motoristas que se transformam quando estão ao volante, conforme 
exemplifica o trecho a seguir:
Existe uma forma simples de avaliar o grau de evolução do 
ser humano. Basta observar dois sujeitos após uma batida. 
Saem dos veículos arrebentando as portas. Olhares ferozes. 
Torsos inclinados para a frente. Mãos crispadas. Batem boca. 
Bastaria mudar o cenário, trocar os ternos por peles e entregar 
um porrete para cada um. Estaríamos de volta à pré-história, 
poucas atividades humanas despertam tanto o espírito 
selvagem como a guerra no trânsito” (...) (CARRASCO, 2010. 
p. 121)
22
 Acidente de Trânsito
Se você é condutor de algum tipo de veículo de tração motora, 
defina que tipo de motorista você é. E, estando na condição de 
pedestre ou ciclista como você se comporta nas vias públicas?
Fazendo-se ainda uma última análise do atual Código de 
Trânsito Brasileiro, a última alteração ocorreu em 19 de dezembro 
de 2017, pela Lei n° 13.546, onde dispõe “sobre os crimes cometidos 
na direção de veículos automotores” (BRASIL, 2017). 
Esta normativa altera alguns dos dispositivos do CTB, com 
intuito de ser mais rigoroso em relação aos infratores, no que 
concernem as punições daqueles que conduzem o veículo, da 
seguinte forma:
Fazendo-se ainda 
uma última análise 
do atual Código de 
Trânsito Brasileiro, 
a última alteração 
ocorreu em 19 
de dezembro de 
2017, pela Lei 
n° 13.546, onde 
dispõe “sobre os 
crimes cometidos na 
direção de veículos 
automotores” 
(BRASIL, 2017).
QUADRO 2 – ALTERAÇÕES DO CTB - 1997.
Artigo 
alterado
Alterações REDAÇÃO 12/2017
291
Acrescenta os 
parágrafos 3º e 
4º
§ 3º (VETADO). 
§ “4º O juiz fixará a pena-base segundo as dire-
trizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), dando 
especial atenção à culpabilidade do agente e às 
circunstâncias e consequências do crime” (NR).
302 Acrescenta o parágrafo 3º
§ 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a 
influência de álcool ou de qualquer outra substân-
cia psicoativa que determine dependência: Penas 
- reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou 
proibição do direito de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor." (NR).
303 Acrescenta o parágrafo 2º
§ 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão 
de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras pe-
nas previstas neste artigo, se o agente conduz o 
veículo com capacidade psicomotora alterada em 
razão da influência de álcool ou de outra substân-
cia psicoativa que determine dependência, e se do 
crime resultar lesão corporal de natureza grave ou 
gravíssima." (NR).
23
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
Leia o Código de Trânsito Brasileiro (CTB-1997), no Capítulo 
III – “Das Normas Gerais de Circulação e Conduta, e responda as 
seguintes questões:
1 Quais as atitudes que os usuários deverão ter quando utilizarem as 
vias terrestres?
2 Quando o condutor resolver fazer uma viagem, quais medidas 
preventivas deverão ser adotadas com relação ao seu veículo?
3 Quais normas o condutor do veículo deverá adotar quando utilizar-
se das vias terrestres abertas à circulação?
4 Antes do condutor realizar uma ultrapassagem em relação a outro 
veículo, quais medidas deverão ser adotadas?
5 Cite quais são as vias designadas como abertas à circulação e a 
velocidade máxima permitida?
308
Nova redação.
Participar, na direção de veículo automotor, em via 
pública, de corrida, disputa ou competição auto-
mobilística ou ainda de exibição ou demonstração 
de perícia em manobra de veículo automotor, não 
autorizada pela autoridade competente, geran-
do situação de risco à incolumidade pública ou 
privada: 
FONTE: Adaptado do CTB (1997) e Lei n° 13.546/2017.
 É possível concluir que o legislador tem procurado ampliar as tipificações, 
e aplicar penas restritivas de liberdade, para inibir os infratores no acometimento 
de ilícitos no trânsito, que vamos estudar de forma detalhada no item 2.3 sobre a 
responsabilidade que advêm dos crimes de trânsito. 
Na sequência, vamos entender como ocorre a responsabilidade civil, 
objetivando a reparação patrimonial ou moral do dano causado a vítima. 
24
 Acidente de Trânsito
2.2 A RESPONSABILIDADE CIVIL NOS 
ACIDENTES DE TRÂNSITO
O acidente de trânsito pode ser definido, de maneira geral, 
como um fato imprevisto, e na maioria das vezes não intencional, 
provocando danos físicos, materiais e por vezes morais.
A responsabilidade civil tem como premissa reparar os danos 
ocasionados, seja na esfera patrimonial como moral, por meio de 
indenizações, buscando restituir os prejuízos a quem foi lesionado 
no statu quo ante (DINIZ, 2018).
O primeiro acidente de trânsito em solo brasileiro que se tem 
notícias, ocorreu no Estado do Rio de Janeiro pelo veículo do abolicionista José 
do Patrocínio que se encontrava no carona, na companhia de Olavo Bilac que 
estava aprendendo a dirigir, e não possuía habilitação legal, e acabou por bater 
em uma árvore, e felizmente não ocasionou lesões físicas aos ocupantes (GAZIR, 
1998).
Conforme apresentado no item 2.1, Santos Dumont foi o primeiro a trazer um 
veículo para o Brasil, em 1891, e o segundo carro seria o do José do Patrocínio,importado em 1897, da França.
O acidente de 
trânsito pode ser 
definido, de maneira 
geral, como um fato 
imprevisto, e na 
maioria das vezes 
não intencional, 
provocando danos 
físicos, materiais e 
por vezes morais.
1 Leia o Artigo 163 do CTB, analise e responda: se o acidente 
tivesse ocorrido nos dias atuais, José do Patrocínio teria cometido 
que tipo de infração perante a normativa, ao permitir que Olavo 
Bilac, que não possuía habilitação, conduzisse o seu veículo?
Na esfera civil a responsabilidade pelos danos ocasionados, no caso 
apresentado, seria do condutor, e o proprietário do veículo, responderia 
solidariamente, portanto os dois deveriam arcar com a indenização que deram 
causa, conforme previsto no artigo 942 do Código Civil (BRASIL, 2002).
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do 
direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; 
e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão 
solidariamente pela reparação.
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os 
autores os coautores e as pessoas designadas no artigo. 932.
25
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
Neste caso, como houve a participação direta do proprietário 
para a ocorrência do fato, agindo com culpa, entregando a direção a 
quem não estava apto a conduzir o veículo, outros exemplos clássicos 
que se pode mencionar: proprietário responde concomitantemente 
com o condutor, quando entrega o veículo a pessoa visivelmente 
alcoolizada, ou ao menor de idade. 
Contudo, o proprietário estaria isento em responder, se o 
condutor estivesse legalmente habilitado a conduzir o veículo, ou 
seja, o mero empréstimo do veículo não imputaria a responsabilidade 
indenizatória ao legítimo proprietário, pois não estaria presente a 
culpa objetiva ou subjetiva, conforme prevê o nosso Código Civil, 
pois a culpa objetiva tem como base a teoria do risco, que não estaria 
presente ao emprestar o veículo a quem está legalmente habilitado, 
como prevê o artigo 927 do Código Civil (BRASIL, 2002).
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano 
a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o 
dano, independentemente de culpa, nos casos 
especificados em lei, ou quando a atividade 
normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos 
de outrem.
A culpa objetiva passou a figurar na responsabilidade civil, 
objetivando à proteção das pessoas pelos ordenamentos jurídicos, 
frente ao desenvolvimento tecnológico, como ocorrem nas indústrias, 
e o número cada vez maior de veículos automotores nas vias 
públicas, fazendo com que as pessoas se tornem vulneráveis aos 
riscos produzidos por estas atividades, veja que o artigo 927 do 
Código Civil, deixa bem claro que aquele que vier a ocasionar o 
dano, independentemente de culpa, terá a obrigação de indenizar. 
Trata-se de uma forma de fazer com que o autor do ilícito tome 
todas as providências cabíveis de segurança, para evitar prejuízos 
patrimoniais, ou lesões físicas, presente a obrigação de agir de 
forma defensiva, antever situações que possam colocar em risco a 
segurança das pessoas (DINIZ, 2018).
 Passando a analisar a situação na culpa subjetiva, a base está na 
culpa ou dolo, havendo a necessidade de provar a responsabilidade 
do infrator, onde terão que estar presente os elementos da culpa, 
dano e o nexo causal, conforme prevê o Artigo 186 do Código Civil: 
‘Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência 
A culpa objetiva 
passou a figurar na 
responsabilidade 
civil, objetivando 
à proteção das 
pessoas pelos 
ordenamentos 
jurídicos, frente ao 
desenvolvimento 
tecnológico, como 
ocorrem nas 
indústrias, e o 
número cada vez 
maior de veículos 
automotores nas 
vias públicas, 
fazendo com que as 
pessoas se tornem 
vulneráveis aos 
riscos produzidos 
por estas atividades, 
veja que o artigo 
927 do Código Civil, 
deixa bem claro que 
aquele que vier a 
ocasionar o dano, 
independentemente 
de culpa, terá 
a obrigação de 
indenizar. Trata-
se de uma forma 
de fazer com 
que o autor do 
ilícito tome todas 
as providências 
cabíveis de 
segurança, para 
evitar prejuízos 
patrimoniais, ou 
lesões físicas, 
presente a 
obrigação de agir 
de forma defensiva, 
antever situações 
que possam 
colocar em risco 
a segurança das 
pessoas (DINIZ, 
2018).
26
 Acidente de Trânsito
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente 
moral, comete ato ilícito” (BRASIL, 2002).
Em regra geral, quando o agente pratica a ação de forma consciente e 
voluntária, o ilícito foi praticado com dolo, enquanto que na culpa o agente não 
tinha intenção da efetivação do ato, sendo que a culpa tem graduações podendo 
ser grave, leve e levíssima, conforme estabelece o Artigo 944 do Código Civil: 
“A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver 
excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz 
reduzir, equitativamente, a indenização” (BRASIL, 2002).
A culpa vem acompanhada das atitudes do agente que age de forma 
voluntária, ação de dirigir, mas que pode gerar uma conduta não esperada, 
assim para que seja efetivamente imputado a responsabilidade civil, com a justa 
indenização a quem de direito, se faz necessário apresentar os pressupostos 
legais previstos no Direito Civil, e que são utilizados também nos ordenamentos 
legais de Trânsito, conforme Lourenço (2012), e que serão analisados na 
sequência:
Passando a analisar a situação na culpa subjetiva, a base está na culpa 
ou dolo, havendo a necessidade de provar a responsabilidade do infrator, onde 
terão que estar presente os elementos da culpa, dano e o nexo causal, conforme 
prevê o Artigo 186 do Código Civil: ‘Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão 
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (BRASIL, 2002).
Em regra geral, quando o agente pratica a ação de forma consciente e 
voluntária, o ilícito foi praticado com dolo, enquanto que na culpa o agente não 
tinha intenção da efetivação do ato, sendo que a culpa tem graduações podendo 
ser grave, leve e levíssima, conforme estabelece o Artigo 944 do Código Civil: 
“A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver 
excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz 
reduzir, equitativamente, a indenização” (BRASIL, 2002).
A culpa vem acompanhada das atitudes do agente que age de forma 
voluntária, ação de dirigir, mas que pode gerar uma conduta não esperada, 
assim para que seja efetivamente imputado a responsabilidade civil, com a justa 
indenização a quem de direito, se faz necessário apresentar os pressupostos 
legais previstos no Direito Civil, e que são utilizados também nos ordenamentos 
legais de Trânsito, conforme Lourenço (2012), e que serão analisados na 
sequência:
27
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
a) Conduta Humana: ações realizadas de forma voluntária, que podem 
ocasionar atos lícitos ou ilícitos, sendo estes produzidos por negligência, 
imprudência e imperícia, que resultam em prejuízos a parte ofendida, abaixo 
segue explicação destes três elementos que evidenciam a falha humana, e 
que na maioria das vezes desencadeiam o acidente de trânsito: a negligência, 
traduzida pela falta de cuidado com relação ao veículo. O proprietário sabe que 
tem que manter o veículo em boas condições de uso, mas não o faz, como trocar 
os pneus quando estes perdem o tempo de validade, conforme especificado 
no próprio pneu que determina o seu tempo de vida, ou seja, é aquela pessoa 
relaxada e que ainda em certos casos não presta a devida atenção no que está 
fazendo, por exemplo andar com a porta semiaberta. A imprudência consiste em 
negligenciar a legislação de trânsito, ao ultrapassar um veículo em local proibido, 
por exemplo.E, finalmente, a imperícia, é quando o condutor de um automóvel 
não possui as habilidades necessárias para dirigir o veículo, o que é muito comum 
em motoristas iniciantes.
b) Nexo de Causalidade: as consequências negativas produzidas pelo ato 
ilícito deverão ter conexão, direta com a conduta, e que são evidenciadas pela 
análise pormenorizada do local do acidente e das evidências que são 
coletadas no local.
c) Dano: o dano nada mais é que a consequência do ato 
realizado pelo agente sendo intencional ou não, e que na maioria dos 
casos gera a necessidade de indenização para que o dano material 
seja reparado.
d) Culpa: importante salientar que o Código Civil, atribui a 
responsabilidade ao agente independentemente se agiu ou não 
com culpa, conforme preconiza o artigo 927 do referido dispositivo, 
conforme já apresentado.
A civilista Diniz (2018, p. 53) também entende que para a 
caracterização da responsabilidade civil se faz necessário, a 
“existência de uma ação”, portanto presente os atos da conduta 
humana sendo licitas ou ilícitas, podendo ser comissiva ou omissiva, 
entendendo que comissão “é a prática de um ato que não deveria 
se efetivar”, enquanto que a omissão, se dá quando o agente não 
observa as condições de segurança, agindo de forma negligente, 
imprudente e imperito.
A civilista Diniz 
(2018, p. 53) 
também entende 
que para a 
caracterização da 
responsabilidade 
civil se faz 
necessário, a 
“existência de uma 
ação”, portanto 
presente os atos da 
conduta humana 
sendo licitas ou 
ilícitas, podendo 
ser comissiva 
ou omissiva, 
entendendo que 
comissão “é a 
prática de um ato 
que não deveria se 
efetivar”, enquanto 
que a omissão, se 
dá quando o agente 
não observa
28
 Acidente de Trânsito
Outro grande aliado nas ações de indenizações patrimoniais e morais, a 
favor da vítima, encontra guarida no Direito do Consumidor, conforme se observa 
na decisão a seguir:
Tema: Ação de indenização por danos materiais e compensação 
por danos morais. Acidente de trânsito. Segurança. Graves 
lesões. Mecanismo de segurança. Risco inerente. Produto 
defeituoso.
A comprovação de graves lesões decorrentes da abertura de air 
bag em acidente automobilístico em baixíssima velocidade, 
que extrapolam as expectativas que razoavelmente se espera 
do mecanismo de segurança, ainda que de periculosidade 
inerente, configura a responsabilidade objetiva da montadora 
de veículos pela reparação dos danos ao consumidor. 
REsp 1.656.614-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, por 
unanimidade, julgado em 23/5/2017, DJe 2/6/2017. FONTE: 
Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/
informativo/?acao=pesquisar&livre=ACIDENTE+
TRANSITO&operador=e&b=INFJ&thesaurus=
JURIDICO&p=true?>. Acesso em: 27 nov. 2018.
Neste caso a montadora do veículo é quem responderá pelas lesões 
ocasionadas na vítima, os danos que se verificarem no veículo, e ainda 
compensações por danos morais, uma vez que agiu de forma omissiva, pela falta 
de observar que o air bag apresentava problemas, é possível inferir que não foram 
realizados os testes adequados em diversas velocidades, para que a abertura do 
dispositivo de segurança, não viesse ocorrer como no caso fático apresentado, 
em “baixíssima velocidade”. 
É importante destacar as “modalidades” da culpa que também concorrem na 
aferição da responsabilidade de quem pratica os atos ilícitos, conforme ensina 
Fuga (2018, p. 15), e que será feito referências ao julgado apresentado.
1. Culpa in elegendo: trata-se da figura do preposto, aquele que irá 
executar ou responder por algumas tarefas em nome do empregador, por 
exemplo na Ação de Indenização acima apresentada, o profissional que deveria 
fazer os testes para assegurar que o dispositivo de segurança não viesse a abrir 
em determinada velocidade, porém quem responderá pela respectiva indenização 
será a montadora, porque a ela cabe capacitar e contratar pessoas que executem 
as suas atividades com zelo, prudência e perícia.
2. Culpa in vigilando: utilizando ainda como exemplo a Ação de Indenização, 
faltou por parte do empregador “fiscalizar”, se as tarefas estavam sendo 
realizadas em conformidade com o grau de qualidade que se exige na fabricação 
de veículos, para evitar futuramente situações como as descritas. O Artigo 932 
do Código Civil apresenta algumas situações, em que a responsabilidade será 
29
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
daquele que mantém a guarda, como dos filhos menores, cita inclusive no inciso 
III, a responsabilidade do empregador ou “comitente”, e aqui poderia ser o gerente 
de uma empresa que detêm procuração para agir como se dono fosse, e o artigo 
933, do Código Civil, destaca que: “As pessoas indicadas nos incisos I a V do 
artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos 
atos praticados pelos terceiros ali referidos” (BRASIL, 2012).
Fica claro por este dispositivo a responsabilidade objetiva das pessoas dos 
incisos I a V, mesmo que não foi ela quem praticou o ilícito.
3. Culpa in committendo: onde o agente, não observa as normas de 
montagens obrigatórias por exemplo, para evitar que terceiros possam ser 
prejudicado pela sua imprudência.
4. Culpa in omittendo: caso em que o agente por exemplo não 
presta socorro à vítima, quando poderia fazê-lo.
5. Culpa in contrahendo: quando o agente sabe que 
determinado contrato poderia trazer futuramente prejuízo a vítima, 
mas não a alerta a respeito.
O autor ainda destaca outras modalidades que devem ser 
observadas no caso de ilícitos provocados no trânsito: como a culpa 
contra a legalidade, quando o agente não observa as normativas, por 
exemplo que se encontram no Código de Trânsito Brasileiro -CTB.
A necessidade do princípio da confiança, pois ao conduzir 
o veículo acredita-se que os demais motoristas vão observar as 
legislações, dirigindo com prudência, respeito, e que o seu veículo se encontra 
em situação regular para circular as vias públicas. Culpa presumida, quando as 
evidências são tão claras que não há necessidade de provas, como na ocorrência 
de um veículo vir a bater em outro carro que está estacionado em 
local próprio devidamente sinalizado. A culpa concorrente conforme 
dispõe o artigo 945 do Código Civil, situação em que a vítima também 
agiu com culpa na ação ilícita, praticando concomitantemente com o 
agente, assim a indenização será mitigada (FUGA, 2018, p. 18).
Destaca-se ainda que a culpa consciente prevê a possibilidade 
do evento, porém o agente não acredita que realmente se efetivará, 
ou que ele conseguirá evitá-la; e a culpa inconsciente o agente não 
prevê o resultado, apesar de ser previsível.
O autor ainda 
destaca outras 
modalidades 
que devem ser 
observadas no 
caso de ilícitos 
provocados no 
trânsito: como a 
culpa contra a 
legalidade, quando o 
agente não observa 
as normativas, 
por exemplo que 
se encontram no 
Código de Trânsito 
Brasileiro -CTB.
Destaca-se ainda 
que a culpa 
consciente prevê 
a possibilidade do 
evento, porém o 
agente não acredita 
que realmente se 
efetivará, ou que 
ele conseguirá 
evitá-la; e a culpa 
inconsciente o 
agente não prevê o 
resultado, apesar de 
ser previsível.
30
 Acidente de Trânsito
Os elementos da culpa, bem como as suas modalidades e demais princípios, 
culminam no levantamento do quanto será devido a pessoa prejudicada, e quem 
será o responsável por esta indenização, e nesta apuração, será levado também 
em consideração, conforme o caso, o dano emergente e o lucro cessante, de 
acordo com Diniz (2018), o dano emergente será o que efetivamente perdeu-se, 
e o lucro cessante aquilo que deixou de ganhar, conforme dispõe os artigos 402 e 
403 do Código Civil. 
A título de exemplificar na prática, o direito de pleitear o lucro cessante 
e o dano emergente, apresenta-se o seguinte julgado: Decisão do Tribunal de 
Justiça de São Paulo, em grau de Apelação n. 1007212-58.2015.8.26.0704 
Origem: 1ª Vara Cível do Foro RegionalXV Butantã, (situação em que houve 
uma batida de um carro particular, em um carro táxi, o dono do taxi alegou 
que a condutora realizou manobra sem a devida atenção, e portanto requer 
a indenização de seu veículo, bem como o lucro cessante pelos dias que o 
veículo teve que ficar parado para os devidos consertos. No entanto, a ação foi 
julgada improcedente tanto na primeira instância, como na apelação no Tribunal, 
os julgadores entenderam que o boletim de ocorrência não foi prova suficiente 
para dar procedência ao pedido, mesmo as fotos que foram carreadas aos autos 
conseguiram identificar a culpabilidade do agente, a testemunha apresentada pelo 
autor mostrou-se confusa não conseguindo discorrer sobre o ocorrido de forma 
a elucidar satisfatoriamente. O Magistrado ainda fundamentou que o pedido de 
lucros cessantes deve estar cabalmente provado, indicando irrefutavelmente o 
tempo que efetivamente ficou sem receber os valores devido, o qual o autor não 
conseguiu provar (FONTE: Disponível em: <https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.
do?conversationId=&cdAcordao=11996250&cdForo=0&uuidCaptcha=sajcaptch
a_1a47e20577a943e583cdb3ed1391214f&vlCaptcha=zSUC&novoVlCaptcha>=
>). Acesso em: 17 nov. 2018.
Neste caso, verifica-se que faltou elementos comprobatórios desde o momento 
da ocorrência do fato, boletim de ocorrência pormenorizado, evidenciando a 
manobra incorreta, fotos que foram tiradas, mas que também não conseguiu 
comprovar a ilicitude, e finalmente a testemunha que não conseguiu 
relatar os fatos. Assim, é possível inferir em duas hipóteses: ou de 
fato a agente não teve culpa, realizando a manobra de forma correta, 
e o taxista não observou preventivamente a ação, ou a ocorrência foi 
ilícita, mas o autor não conseguiu comprovar o que dizia. 
Fica claro a importância de retratar fielmente o momento da 
ocorrência de um acidente, as provas devem ser precisas, pois o 
julgador tem que ter certeza de dar o direito a quem de direito.
Fica claro a 
importância de 
retratar fielmente 
o momento da 
ocorrência de um 
acidente, as provas 
devem ser precisas, 
pois o julgador tem 
que ter certeza de 
dar o direito a quem 
de direito.
31
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
No caso em tela apresentou-se um acidente ocorrido entre um 
proprietário de veículo particular, e um de transporte coletivo o qual 
seria o taxista, desta forma é importante destacar, conforme indica 
Diniz (2018), que o Código Civil no Capítulo XIV, dos artigos 734 ao 
756 dispõe sobre a responsabilidade dos diversos tipos de transportes 
(pessoas e coisas), na ocorrência de acidente de trânsito com dois 
veículos particulares, será denominado de responsabilidade aquiliana 
ou extracontratual, e quando da ocorrência em transportes coletivos 
a denominação será o da responsabilidade contratual e delitual em 
consonância com este Capítulo do Código Civil, conforme disposto no 
artigo 734 do Código Civil:
O transportador responde pelos danos causados 
às pessoas transportadas e suas bagagens, 
salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer 
cláusula excludente da responsabilidade.
Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a 
declaração do valor da bagagem a fim de fixar o 
limite da indenização (BRASIL, 2012).
Por este artigo fica determinado a relação contratual entre o 
passageiro e a respectiva transportadora, também é importante 
transcrever o artigo 735, deste mesmo dispositivo legal: “A 
responsabilidade contratual do transportador por acidente com o 
passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação 
regressiva”.
Por esta redação o legislador deixou uma brecha, caso o dono 
da transportadora, queira, futuramente ver ressarcido do prejuízo advindo por 
ato ilícito ocasionado pelo motorista, por exemplo, que tenha dado causa ao 
acidente, e tendo sido evidenciado os elementos da culpa, poderá entrar com 
ação regressiva. 
É comum em empresas de transporte, que tenham, código de normas ou de 
conduta, estabelecer, que na ocorrência de multas dos veículos de propriedade 
da transportadora, estas indicarem os respectivos condutores, e cobrar as multas 
na folha de pagamento, como forma de coibir os trabalhadores motoristas em 
cometer infrações de trânsito, e ainda informar a respeito das possíveis ações 
regressivas. 
Muitas empresas sérias e responsáveis, além das aplicações punitivas, 
possuem programas de capacitação, como forma de educar seus trabalhadores 
nas relações de convivência no trânsito, com cursos de Direção Defensiva, Ética, 
Que o Código Civil 
no Capítulo XIV, 
dos artigos 734 ao 
756 dispõe sobre 
a responsabilidade 
dos diversos tipos 
de transportes 
(pessoas e coisas), 
na ocorrência de 
acidente de trânsito 
com dois veículos 
particulares, será 
denominado de 
responsabilidade 
aquiliana ou 
extracontratual, 
e quando da 
ocorrência em 
transportes coletivos 
a denominação 
será o da 
responsabilidade 
contratual e delitual 
em consonância 
com este Capítulo 
do Código Civil, 
conforme disposto 
no artigo 734 do 
Código Civil.
32
 Acidente de Trânsito
Analise o seguinte caso e responda as questões a seguir: A 
locadora de veículos “X”, loca o veículo para “B”, que está habilitado, 
e em perfeitas condições físicas, porém vem a colidir com outro 
veículo porque não prestou atenção na placa de “PARE” (Parada 
Obrigatória). O acidente acabou por vitimar o condutor do outro 
veículo, levando-o a óbito.
1 Qual será a responsabilidade da locadora neste acidente?
2 O condutor “B” agiu com negligência, imprudência ou imperícia?
relações interpessoais e outras que vão ajudar não somente a empresa, mas 
também a sociedade.
Os pressupostos apresentados são a base para que se possa indicar o 
responsável pela reparação do dano, independentemente de ter sido por culpa ou 
dolo, contudo as provas devem ser irrefutáveis, na seção seguinte será estudado 
o acidente de trânsito no âmbito criminal, ou seja, na esfera civil a reparação é 
pecuniária, mas este pagamento não eximirá o agente de responder também na 
esfera criminal.
2.3 A responsabilidade criminal 
nos acidentes de trânsito
A reparação material nos acidentes de trânsito é considerada 
como justa, porém não repara de forma alguma os sentimentos 
dolorosos que deixam nas vítimas e parentes, quando o dano resulta 
em mutilações e mortes. 
O Código de Trânsito Brasileiro, estabelece as punições aos 
infratores de acordo com a situação, podendo ser por culpa ou dolo, 
e tem como princípio básico a proteção das pessoas, procurando 
impedir que sejam cometidas infrações que possam resultar em 
danos físicos, protegendo a vida humana, a segurança no trânsito e 
a preservação do meio ambiente. 
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro - CTB -, em 
seu artigo 161, infração de trânsito é conceituada como a falta de 
observação aos preceitos legais relacionados ao trânsito como 
O Código de 
Trânsito Brasileiro, 
estabelece as 
punições aos 
infratores de acordo 
com a situação, 
podendo ser por 
culpa ou dolo, e 
tem como princípio 
básico a proteção 
das pessoas, 
procurando 
impedir que sejam 
cometidas infrações 
que possam 
resultar em danos 
físicos, protegendo 
a vida humana, 
a segurança 
no trânsito e a 
preservação do 
meio ambiente. 
33
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
o próprio Código, legislações complementares e as resoluções do CONTRAN, 
ficando o infrator sujeito as penalidades e as medidas administrativas 
estabelecidas para cada caso.
No item 2.2 estudamos a culpa os seus pressupostos e as diversas 
modalidades, agora passaremos a estudar os tipos e espécies penais relativos 
aos crimes dolosos. De acordo com Capez (2018), o dolo é a ação voluntária 
do agente em querer conscientemente produzir um ato delituoso, nas diversas 
tipificações que o compõe, e que, portanto, deverão estar presentes os elementos: 
consciência e vontade. As condutas do agente se divide entre duas fasesa interna 
quando o agente está pensando e preparando o ato, como escolher um veículo 
que seja veloz objetivando por exemplo atropelar determinada pessoa, e a fase 
externa será a consecução do ato, ou seja, efetivamente praticar o atropelamento. 
Seguem transcritos as “espécies de dolo”:
1. Dolo natural: trata-se como designado natural, fazendo parte da 
teoria finalista, provido simplesmente dos elementos consciência e da vontade, 
desprovido da ilicitude, e isento da culpabilidade.
2. Dolo Normativo: enquanto que no dolo natural encontra-se os dois 
elementos consciência e vontade, no normativo acrescenta-se um terceiro 
elemento a consciência da ilicitude.
Para Capez (2018), apesar de esclarecer os dois tipos de dolo, entende que o 
normativo se encontra “ultrapassado”, e que o dolo a ser considerado é o natural, 
uma vez que o agente tem os elementos consciência e vontade e, portanto, 
presente o dolo e acrescenta: “querer algo bom ou querer algo ruim configura 
dolo do mesmo jeito, pois o dolo consiste em um querer, uma pura manifestação 
psicológica” (CAPEZ, 2018, p. 279).
3. Dolo direto ou determinado: este tipo de dolo o agente procura efetivar 
a conduta ilícita.
4. Dolo indireto ou indeterminado: este tipo de dolo iremos encontrar o 
dolo alternativo e o eventual. No dolo alternativo o agente aceita qualquer tipo 
de resultado, e no dolo eventual o sujeito tem consciência, consegue prever o 
resultado mesmo não querendo, não se importa se vier a ocorrer.
 A seguir, se reproduz a decisão de processo onde está presente o dolo 
eventual, veja que o Magistrado desconsiderou a tipificação dolo eventual, e 
tipificando o caso como homicídio culposo por entender que não se pode para 
qualquer caso, imputar ao agente delituoso responder como dolo eventual, caso 
este que seria julgado frente a um júri popular, e exemplifica que consideraria 
34
 Acidente de Trânsito
como dolo eventual, caso agente estivesse propositalmente dirigindo de forma 
perigosa, ou se estivesse totalmente embriagado.
Tema: Homicídio. Embriaguez ao volante. Dolo eventual. Ausência de 
circunstâncias excedentes ao tipo. Desclassificação. Homicídio culposo.
De início, pontua-se que considerar que a embriaguez ao volante, de per 
si, já configuraria a existência de dolo eventual equivale admitir que todo e 
qualquer indivíduo que venha a conduzir veículo automotor em via pública com a 
capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool responderá por 
homicídio doloso, ao causar, por violação a regra de trânsito, a morte de alguém. 
Não se descura que a embriaguez ao volante é circunstância negativa que deve 
contribuir para a análise do elemento anímico que move o agente. Todavia, não 
é a melhor solução estabelecer-se, como premissa aplicável a qualquer caso 
relativo a delito viário, no qual o condutor esteja sob efeito de bebida alcóolica, 
que a presença do dolo eventual é o elemento subjetivo ínsito ao comportamento, 
a ponto de determinar que o agente seja submetido a Júri Popular mesmo que não 
se indiquem quaisquer outras circunstâncias que confiram lastro à ilação de que 
o acusado anuiu ao resultado lesivo. O estabelecimento de modelos extraídos 
da práxis que se mostrem rígidos e impliquem maior certeza da adequação 
típica por simples subsunção, a despeito da facilidade que ocasionam no exame 
dos casos cotidianos, podem suscitar desapego do magistrado aos fatos sobre 
os quais recairá a imputação delituosa, afastando, nessa medida, a incidência 
do impositivo direito penal do fato. Diferente seria a conclusão se, por exemplo, 
estivesse o condutor do automóvel dirigindo em velocidade muito acima do 
permitido, ou fazendo, propositalmente, zigue e zague na pista, ou fazendo 
sucessivas ultrapassagens perigosas, ou desrespeitando semáforos com sinal 
vermelho, postando seu veículo em rota de colisão com os demais apenas para 
assustá-los, ou passando por outros automóveis “tirando fino” e freando logo 
em seguida etc. Enfim, situações que permitissem ao menos suscitar a possível 
presença de um estado anímico compatível com o de quem anui com o resultado 
morte. Assim, não se afigura razoável atribuir a mesma reprovação a quem 
ingere uma dose de bebida alcoólica e em seguida dirige em veículo automotor, 
comparativamente àquele que, após embriagar-se completamente, conduz 
automóvel na via.
Processo: Resp 1.689.173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por maioria, 
julgado em 21/11/2017, Dje 26/03/2018. Direito Penal.
FONTE: Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/
externoinformativo/?acao=pesquisar&livre=ACIDENTE+D
E+TR%C2NSITO&operador=e&b=INFJ&thesaurus=JURI
DICO&p=true>. Acesso em: 27 nov. 2018.
35
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
Leia a decisão e responda: Você tem o mesmo entendimento 
do Magistrado, considera que o agente que dirigir após ter ingerido 
algumas doses de bebida alcóolica, não deve ser enquadrado com a 
tipificação dolo eventual e, sim, como homicídio culposo?
Mirabete e Fabrini (2018, p. 48), em seus estudos indicam que a jurisprudência 
tem se posicionado, a respeito do tema, onde será possível tipificar como o dolo 
eventual nos casos em que o agente se apresentar “totalmente alcoolizado”.
Após conhecermos alguns tipos de dolos, vamos estudar a culpa na tipificação 
penal, que será precedida de um julgamento de valor, pois seria impossível o 
legislador descrever todas as condutas delituosas e, portanto, neste caso estamos 
diante da denominada culpa aberta, da mesma forma que será necessário que o 
resultado ocorra de forma involuntária, necessitando ser materializado, conforme 
Capez (2018, p. 182), são seis os elementos que identificam o fato típico culposo:
1. Conduta voluntária.
2. Resultado involuntário.
3. Nexo causal.
4. Tipicidade.
5. Previsibilidade objetiva.
6. Atitudes de negligência, imprudência e imperícia.
Será tipificado como homicídio culposo qualificado, de acordo com o 
que dispõe o Código Penal no artigo 121 parágrafos quarto, onde a pena será 
aumentada caso o agente delituoso não prestar de imediato socorro, ou ficar 
configurado que agiu sem observar a “regra técnica da profissão”, e responderá 
por homicídio doloso quando o agente poderia ter evitado a morte da vítima, com 
a prestação de socorro e não o faz (MIRABETE; FABRINI, 2018).
O artigo 291 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB -, esclarece que caso 
não haja tipificação no referido Código, deverá ser utilizado as normas gerais do 
Código Penal, do Código de Processo Penal e a Lei n° 9.099 de 26/09/1995, que 
trata dos juizados Especiais Cíveis e Criminais. 
O CTB, procurou tipificar o máximo possível os atos ilícitos provocados pelos 
condutores de veículos, ficando para o Código Penal e Processual Penal, alguma 
situação que não esteja contemplada no referido ordenamento jurídico, pois é 
impossível o legislador determinar todas as tipificações delituosas, e dependendo 
36
 Acidente de Trânsito
do caso, serão utilizados juízo de valor, para determinar a medida punitiva a ser 
aplicada ao infrator.
1 Cite três exemplos de infrações de trânsito onde o infrator poderá 
responder criminalmente com detenção.
Como vimos na Seção 2, item 2.1, o Código de Trânsito Brasileiro 
vem evoluindo objetivando reduzir as infrações de trânsito, e com 
isto a prevenção da vida humana. No Quadro a seguir vamos estudar 
as tipificações dos crimes e das penalidades que são atribuídas aos 
agentes delituosos em consonância com o referido Código.
QUADRO 3 – CRIMES DE TRÂNSITO
ARTIGOS TIPIFICAÇÃO PENAS
302
Homicídio culposo
Detenção, de dois a quatro anos, e 
suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir 
veículo automotor.
§ 1° No homicídio culposo cometido 
na direção de veículo automotor, a 
pena é aumentada de 1/3 (um terço) 
à metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Diri-
gir ou Carteira de habilitação; 
II Praticá-lo em faixa de pedestres 
ou na calçada;III - deixar de prestar socorro, quan-
do possível fazê-lo sem risco pes-
soal, à vítima do acidente; 
IV - no exercício de sua profissão ou 
atividade, estiver conduzindo veículo 
de transporte de passageiros
Parágrafos e incisos incluídos pela Lei 
12.971 de 2014.
§ 3o Se o agente conduz veículo 
automotor sob a influência de álcool 
ou de qualquer outra substância psi-
coativa que determine dependência:
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, 
e suspensão ou proibição do direito de 
se obter a permissão ou a habilitação 
para dirigir veículo automotor.
Incluído pela Lei n° 13.546 de 2017.
37
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
303
Lesão corporal culposa na direção 
de veículo automotor.
 Detenção, de seis meses a dois anos 
e suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir 
veículo automotor.
 § 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um 
terço) à metade, se ocorrer qualquer 
das hipóteses do § 1o do art. 302. 
Estes parágrafos foram incluídos pela 
Lei n° 13.546 de 2017.
§ 2o A pena privativa de liberdade é 
de reclusão de dois a cinco anos, 
sem prejuízo das outras penas 
previstas neste artigo, se o agente 
conduz o veículo com capacidade 
psicomotora alterada em razão da 
influência de álcool ou de outra 
substância psicoativa que determine 
dependência, e se do crime resultar 
lesão corporal de natureza grave ou 
gravíssima.
304
Deixar de prestar socorro, ou solici-
tar auxilio a autoridade pública.
Detenção, de seis meses a um ano, ou 
multa, se o fato não constituir elemento 
de crime mais grave.
 Parágrafo único. Incide nas penas 
previstas neste artigo o condutor do 
veículo, ainda que a sua omissão 
seja suprida por terceiros ou que 
se trate de vítima com morte in-
stantânea ou com ferimentos leves.
305
Afastar-se o condutor do veículo do 
local do acidente, para fugir à re-
sponsabilidade penal ou civil que lhe 
possa ser atribuída:
Detenção, de seis meses a um ano, ou 
multa.
38
 Acidente de Trânsito
306
Conduzir veículo automotor com 
capacidade psicomotora alterada 
em razão da influência de álcool ou 
de outra substância psicoativa que 
determine dependência: 
Detenção, de seis meses a três anos, 
multa e suspensão ou proibição de 
se obter a permissão ou a habilitação 
para dirigir veículo automotor.
§ 1o As condutas previstas no ca-
put serão constatadas por:
Incluída pela Lei n° 12.760 de 2012
I - concentração igual ou superior a 
6 decigramas de álcool por litro de 
sangue ou igual ou superior a 0,3 
miligrama de álcool por litro de ar 
alveolar; ou 
II - sinais que indiquem, na forma 
disciplinada pelo Contran, alteração 
da capacidade psicomotora. 
§ 2o A verificação do disposto neste 
artigo poderá ser obtida mediante 
teste de alcoolemia ou toxicológico, 
exame clínico, perícia, vídeo, prova 
testemunhal ou outros meios de pro-
va em direito admitidos, observado o 
direito à contraprova. Incluída pela Lei 12.971 de 2014
§ 3o O Contran disporá sobre a 
equivalência entre os distintos testes 
de alcoolemia ou toxicológicos para 
efeito de caracterização do crime 
tipificado neste artigo. 
307
Conduzir veículo mesmo estando 
suspenso ou impedido legalmente 
de dirigir.
 Detenção, de seis meses a um ano e 
multa, com nova imposição adicional 
de idêntico prazo de suspensão ou de 
proibição.Parágrafo único. Nas mesmas pe-
nas incorre o condenado que deixa 
de entregar, no prazo estabelecido 
no § 1º do art. 293, a Permissão 
para Dirigir ou a Carteira de Habili-
tação.
39
O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
308
Participar, na direção de veículo au-
tomotor, em via pública, de corrida, 
disputa ou competição automobilísti-
ca ou ainda de exibição ou demon-
stração de perícia em manobra de 
veículo automotor, não autorizada 
pela autoridade competente, geran-
do situação de risco à incolumidade 
pública ou privada:
O Caput deste artigo sofreu alter-
ação pela Lei n° 13.546 de 2017.
Detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) 
anos, multa e suspensão ou proibição 
de se obter a permissão ou a habilita-
ção para dirigir veículo automotor.
§ 1o Se da prática do crime previsto 
no caput resultar lesão corporal de 
natureza grave, e as circunstâncias 
demonstrarem que o agente não 
quis o resultado nem assumiu o ris-
co de produzi-lo, a pena privativa de 
liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 
6 (seis) anos, sem prejuízo das ou-
tras penas previstas neste artigo. Parágrafos incluídos pela Lei 12.971 
de 2014.§ 2o Se da prática do crime previsto 
no caput resultar morte, e as cir-
cunstâncias demonstrarem que o 
agente não quis o resultado nem as-
sumiu o risco de produzi-lo, a pena 
privativa de liberdade é de reclusão 
de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem 
prejuízo das outras penas previstas 
neste artigo.
309
Conduzir veículo sem Carteira Na-
cional de Habilitação, ou tendo sido 
cassado.
Detenção, de seis meses a um ano, ou 
multa.
310
Entregar a direção para condutor 
não habilitado, cassado, suspen-
so, alcoolizado, ou seja, que sem 
condições física ou psíquica.
Detenção, de seis meses a um ano, ou 
multa.
311
Conduzir o veículo acima dos limites 
legais em locais próximos a grandes 
circulações de pessoas, como esco-
las e hospitais.
Detenção, de seis meses a um ano, ou 
multa.
312
Alterar de forma artificial o local de 
acidente com intuito de levar a erro, 
o agente policial, perícia e juiz.
Detenção, de seis meses a um ano, ou 
multa.
Parágrafo único. Aplica-se o dispos-
to neste artigo, ainda que não inicia-
dos, quando da inovação, o proced-
imento preparatório, o inquérito ou o 
processo aos quais se refere
40
 Acidente de Trânsito
312-A
Para os crimes relacionados nos 
arts. 302 a 312 deste Código, nas 
situações em que o juiz aplicar a 
substituição de pena privativa de 
liberdade por pena restritiva de di-
reitos, esta deverá ser de prestação 
de serviço à comunidade ou a en-
tidades públicas, em uma das se-
guintes atividades: 
I - trabalho, aos fins de semana, em 
equipes de resgate dos corpos de 
bombeiros e em outras unidades 
móveis especializadas no atendi-
mento a vítimas de trânsito; 
II - trabalho em unidades de pron-
to-socorro de hospitais da rede 
pública que recebem vítimas de 
acidente de trânsito e politrauma-
tizados;
III - trabalho em clínicas ou institu-
ições especializadas na recuper-
ação de acidentados de trânsito; 
IV - outras atividades relacionadas 
ao resgate, atendimento e recuper-
ação de vítimas de acidentes de 
trânsito. 
Artigo incluído pela Lei n° 13.281 de 
2016.
FONTE: Adaptado do Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997).
O Código de Trânsito Brasileiro, além das punições aplicáveis 
conforme descrito no Quadro 2, os motoristas infratores ainda 
serão passíveis de multas pecuniárias de acordo com a categoria, 
e pontuações que levam estes condutores a terem que fazer cursos 
de reciclagens e ainda cassação ou suspensão do direito de dirigir, 
conforme demonstrado no Quadro a seguir:
O Código de 
Trânsito Brasileiro, 
além das punições 
aplicáveis conforme 
descrito no Quadro 
2, os motoristas 
infratores ainda 
serão passíveis de 
multas pecuniárias 
de acordo com 
a categoria, e 
pontuações que 
levam estes 
condutores a terem 
que fazer cursos 
de reciclagens e 
ainda cassação ou 
suspensão do direito 
de dirigir.
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O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 
QUADRO 4 – CLASSIFICAÇÃO DOS PONTOS E MULTAS
INFRAÇÃO
Artigo 259 CTB¹
PONTOS
Artigo 259 
CTB
Multa pecuniária² em 10/2018
Artigo 258 e incisos CTB
GRAVÍSSIMAS 7 R$293,47
GRAVES 5 R$195,23
MÉDIAS 4 R$130,16
LEVE 3 R$88,38
FONTE: Adaptado do Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997).
¹CTB – Código de Trânsito Brasileiro
²Conforme Artigo 319-A-(CTB), os valores das multas poderão ser corrigidos pelo 
CONTRAN, respeitado o limite de variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor 
Amplo (IPCA), no exercício anterior.
O Quadro 4, fixa as multas

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