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ACIDENTE DE TRÂNSITO Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Maria Tereza Ferrabule Ribeiro CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: R484a Ribeiro, Maria Tereza Ferrabule Acidente de trânsito. / Maria Tereza Ferrabule Ribeiro. – Indaial: UNI- ASSELVI, 2019. 181 p.; il. ISBN 978-85-7141-304-7 1.Acidente de trânsito - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 341.376 Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................05 CAPÍTULO 1 O Cenário do Acidente de Trânsito ............................................ 9 CAPÍTULO 2 Os Envolvidos no Acidente de Trânsito .................................. 65 CAPÍTULO 3 Classificação e Definições de Acidente de Tráfego ............ 121 APRESENTAÇÃO Prezado estudante, o livro Acidente de Trânsito tem como objetivo oferecer a você subsídios para que consiga identificar e compreender as consequências legais que envolvem os acidentes de trânsito. A análise do acidente de trânsito perpassa por uma série de fatores que contribuem para sua ocorrência, e para tanto a presente obra, será um guia para a compreensão deste infortúnio, bem como avaliar de forma precisa como ocorreu, e qual lei deverá ser aplicada frente ao ilícito. A presente obra será dividida em três capítulos, onde serão apresentados os conteúdos, atividades de estudos, participações em fóruns, sugestões e recomendações. No primeiro capítulo, você conhecerá a legislação que norteia os acidentes de trânsito, o histórico do Código de Trânsito Brasileiro, sendo possível verificar que a legislação se desenvolve conforme a população cresce e os meios de transportes evoluem. Os acidentes de trânsito são desencadeados pelos diversos tipos de locomoção, sejam desde o movimento realizado pelo homem com as suas próprias pernas, como por veículos de tração animal, e por força motora. O homem, ao longo da sua evolução, procurou desenvolver inventos que pudessem facilitar a sua mobilidade, percorrendo distâncias em tempo menor e transportando produtos de diversos tipos de pesos e quantidades. A necessidade dos deslocamentos, possibilitados pelos inúmeros meios de transporte que atualmente conhecemos, são extremamente importantes para o desenvolvimento econômico das sociedades, bem como a sensação de prazer e liberdade oportunizado pelo poder de ir e vir, pelos diversos caminhos possíveis e existentes que são disponibilizados principalmente pelos entes públicos, que são as vias de circulação públicas. Quando estes deslocamentos ocorrem de forma consciente e, preventivamente, as possibilidades dos riscos e perigos são mitigadas, proporcionando uma aventura segura ao dirigir veículo automobilístico, bicicleta, e andando com as próprias pernas. Nesta linha de raciocínio o primeiro capítulo identificará as diversas possibilidades de acidentes, os envolvidos, e as responsabilidades que irão advir destas ocorrências. Os ordenamentos legais são os norteadores para determinar as metodologias a serem realizadas no local do acidente de trânsito em conformidade com a tipificação, para que possam revelar os causadores dos infortúnios, e os que apesar de não terem concorrido diretamente com o evento também serão identificados para que assumam a sua respectiva responsabilidade seja na esfera administrativa, civil e criminal. Normalmente os acidentes de trânsito têm mais de um fator envolvido, por exemplo: provocados por defeitos, má conservação de vias, falta de iluminação, pessoas não habilitadas ou incapacitadas fisicamente para dirigir, seja por meio de tração humana, animal ou motorizada, mas o fator humano, conforme estudaremos, ainda é a principal causa provocadora dos acidentes. De acordo com estas condições é que o aplicador das leis, analisará e identificará a responsabilidade das respectivas indenizações dos prejuízos ocasionados, e qual a punição que será imputada ao transgressor, e no segundo capítulo serão identificados os demais envolvidos, e os fatores principais que fazem parte dos acidentes. O segundo capítulo também apresentará os profissionais e os órgãos legais responsáveis pelo tráfego, e os peritos que fazem a identificação do local do acidente. São vários os profissionais envolvidos na segurança do trânsito, de forma que possam pensar de maneira preventiva desde a consecução de uma estrada, analisando de forma técnica a área geográfica e respeitando as necessidades regionais, como do traçado das vias, as placas de sinalizações e as suas local- izações. As vias por onde se transita são elementos fundamentais para a aplicação de ações preventivas, devendo os profissionais técnicos de trânsito torná-las cada vez mais eficientes propiciando o deslocamento de forma segura e rápida. O terceiro capítulo fará com que você compreenda as classificações e as definições que envolvem os acidentes de trânsito. Serão apresentadas as principais sinistralidades das estradas brasileiras, por meio dos indicadores que são publicados anualmente pelos órgãos de trânsito, sendo possível verificar que apesar das diversas campanhas realizadas, os índices de acidentes estão cada vez maiores, levando o país a ter milhares de mutilados e mortos. O acidente de trânsito é um vilão, que assombra a vida das pessoas, que destrói famílias, causando grandes transtornos e tristezas. A identificação dos motivos que provocaram o acidente é de extrema importância, para criar ações preventivas, a fim de coibir ocorrências futuras. Os meios de locomoção sofrem um acelerado desenvolvimento, ficando mais velozes e autossuficientes como, por exemplo, os carros autônomos, ou seja, o homem não necessitará mais dirigir o seu próprio veículo, o futuro nos dirá se isto será melhor ou não, pois qualquer tecnologia envolve melhorias e riscos ao homem, mas é importante a identificação destes riscos, para nortear as ações preventivas, pois a vida humana e a segurança devem sempre ocupar o primeiro lugar. A proposta não é parar a escalada do desenvolvimento, mas ao criar novas formas de mobilidade, a segurança e a ergonomia, devem ser estudadas concomitantemente, levando o homem a percorrer grandes distâncias, conhecendo lugares longínquos, já que é da natureza do ser humano ser criativo e destemido, possibilitando o seu retorno ao ponto de partida vivo e ileso. CAPÍTULO 1 O Cenário do Acidente de Trânsito A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: � Conhecer a legislação concernente ao acidente de trânsito. � Identificar os envolvidos e as principais responsabilidades frente ao ordenamento jurídico respectivo. � Apresentar as legislações a serem aplicadas aos diferentes casos de ocorrência do acidente de trânsito. � Determinar o tipo de metodologia a ser realizada no local do acidente de trânsito de acordo com a sua tipificação. 10 Acidente de Trânsito 11 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste primeiro capítulo será possível estudar nas respectivas seções os seguintes temas a respeito de acidentes de Trânsito; legislações; os envolvidos no acidente de trânsito; Boletim de Ocorrência de Trânsito - BOAT - ea metodologia do levantamento do local do acidente, possibilitando que você compreenda as legislações que fazem parte do cenário dos acidentes de trânsito, prescrevendo punições e responsabilidades em consonância com os ordenamentos jurídicos para cada caso. Assim, destaca-se as principais normativas aplicados ao trânsito como: o Código de Trânsito Brasileiro – CTB -, o Código Civil, Código Penal, bem como conhecer os princípios basilares constantes em nossa Carta Magna, e demais ordenamento jurídicos respectivos a matéria, que tratam da responsabilidade civil, ou seja, as indenizações que as vítimas deverão receber em conformidade com a transgressão, e a responsabilidade criminal no que couber, e tipificar se foi cometido pelos diversos tipos de culpa ou dolo, e ainda se o agente cometeu a transgressão com negligência, imperícia e imprudência. Vamos conhecer os atores que se encontram envolvidos nos acidentes de trânsito, que serão revelados de acordo com a descrição detalhada do local do acidente, por meio dos diversos métodos, o que possibilitará identificar quais foram os fatores que levaram a tal infortúnio, e a participação do fator principal o humano, pois o trânsito são as pessoas, para que se possa aplicar a respectiva lei, aos efetivos transgressores, e o mais importante a ação preventiva para que tal evento não volte a se repetir. Os relatos sobre o local e o momento do acidente, dependerá da metod- ologia e as técnicas empregadas pelo perito, estabelecendo uma prévia análise para identificar aquela que melhor retrate as condições do momento da ocorrência do acidente. Você verificará que o boletim de ocorrência é um instrumento técnico im- portante para que fique registrado formalmente o local e as condições do acidente, contudo há vários outros instrumentos, dependendo da gravidade do infortúnio, assim diversas outras técnicas serão empregadas, para descrever o acidente de trânsito, ou seja, o método, por meio de descrições, desenhos, provas colhidas no local, fotografias a identificação das testemunhas e etc., para elucidar com preci- são, no caso de futuras contendas judiciais, o magistrado necessita destas provas irrefutáveis, para a justa aplicabilidade da lei, que permeia os princípios fundamen- tais do Direito, sendo um deles a garantia da segurança jurídica. 12 Acidente de Trânsito 2 LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO TEMA ACIDENTE DE TRÂNSITO Nesta seção será apresentada a evolução histórica do Código Trânsito Brasileiro – CTB -, e as responsabilidades a serem aplicadas aos transgressores em consonância com a legislação respectiva, onde será possível também identificar se o causador do acidente concorreu ou não para o infortúnio. Vamos conhecer as principais medidas punitivas impostas pelo CTB que nos últimos anos tornaram-se rigorosas, objetivando coibir e minimizar o número cada vez maior de acidentes de trânsito, onde aplicação da lei levará em consideração a tipificação do ato, sendo mais severa para os que cometem por dolo, do que por culpa, que serão analisadas detalhadamente. O CTB inovou, para além das punições, o fator consciência e educação no trânsito, passando a ser um dos princípios fundamentais deste ordenamento legal, para garantia da segurança da vida humana. Serão apresentados alguns fatos curiosos e históricos que fazem parte da trajetória histórica brasileira, como os primeiros carros que vieram para o Brasil, e o lento desenvolvimento das vias públicas. 2.1 O CÓDIGO NACIONAL DE TRÂNSITO E A SUA EVOLUÇÃO Fazendo-se uma breve retrospectiva histórica, conforme Mitidiero (2015, p. 20), desde a Pré-História quando o homem começou a tocar o solo, iniciam-se os primeiros traços da “circulação extratrânsito e trânsito”, conforme a lei da física dois corpos não consegue ocupar ao mesmo tempo o mesmo lugar, por esta premissa, o respeito está implícito, na consciência de cada um dar passagem ao outro, regra que surge espontaneamente. Conforme o homem progressivamente vai desenvolvendo métodos de facilitar e propiciar conforto, cria novos meios de transporte, por exemplo em carregar a caça, armas, alimentos retirados da plantação, são estratégias de locomoção que viabilizam a mobilidade. 13 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 A história revela que nesta fase pré-histórica, a mulher foi a primeira a transportar cargas, ou seja, por meio de tração humana, carregando os utensílios domésticos, quando dos deslocamentos para outras regiões onde seriam fixados novos locais de moradia, que futuramente passaram a ser realizados por outros tipos de animais (MITIDIERO, 2015). Segundo Della Torre (1984, p. 164), as invenções são frutos de um indivíduo, contudo a sociedade é quem fornece a “base”, motivada pela necessidade de criar novas possibilidades e conforto, a autora cita exemplos referenciando algumas invenções que foram de extrema relevância, não somente no país de origem, mas para os demais países, como: roldana que foi inventada pelos assírios no Século VIII a.C; os escoceses que inventaram a bicicleta; o inglês James Watt que inventou a máquina vapor desencadeando a primeira Revolução Industrial a partir do Século XVIII, estimulando gerações futuras em outras invenções como a do automóvel com motores a combustão, e os americanos inventaram o bonde elétrico, ou seja, um transporte coletivo, e movido por outro tipo de energia, a eletricidade. Na trajetória do desenvolvimento, o homem não parou mais, as invenções no que concerne a mobilidade alçaram para muito além das trações humanas e pelos animais, surgindo motores cada vez mais potentes movidos por combustão, elétricos e eletricidade. No Brasil, a Associação do Automóvel Clube do Brasil, apresenta uma série de curiosidades a respeito da história automobilística brasileira, que contou como baluarte o inventor Santos Dumont, que criou a respectiva associação em 27/09/1907, na cidade do Rio de Janeiro, objetivando atender os primeiros donos de veículos no Brasil, Santos Dumont além do seu amor pelas aeronaves, cultivava o fascínio pelos veículos sendo que em 1891 trouxe para o Brasil o “primeiro veículo a combustão e pneus de borracha”. FONTE: <http://www.automovelclubedobrasil.org.br/Associacao/HistoriaAutomovel>. A história revela que nesta fase pré-histórica, a mulher foi a primeira a transportar cargas, ou seja, por meio de tração humana, carregando os utensílios domésticos, quando dos deslocamentos para outras regiões onde seriam fixados novos locais de moradia, que futuramente passaram a ser realizados por outros tipos de animais (MITIDIERO, 2015). Na trajetória do desenvolvimento, o homem não parou mais, as invenções no que concerne a mobilidade alçaram para muito além das trações humanas e pelos animais, surgindo motores cada vez mais potentes movidos por combustão, elétricos e eletricidade. Assista ao vídeo “Como nasceu o primeiro carro brasileiro”, e conheça mais sobre a nossa história automobilística. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Fv5dXzOJ6Kk> Acesso em: 4 nov. 2018. 14 Acidente de Trânsito Nesta trajetória, o Automóvel Clube do Brasil, relata que no ano de 1911, Brasília possuía 908 veículos, o que consequentemente impulsionou o surgimento da necessidade de mais motoristas, que eram denominados de “Chauffer”, sendo que alguns europeus vinham para o Brasil ensinar os interessados nesta nova profissão, consequentemente nascia as primeiras “Autoescola e oficinas mecânicas do país”. No que concerne às regulações de Trânsito, vamos localizar o primeiro Decreto de n° 8.324, de 27 de outubro de 1910, tendo sido escrito por Nilo Peçanha que era o então Ministro e Secretário da Viação e obras Públicas, cujo Caput se lê: “Aprova o regulamento para serviços subvencionado de transporte por automóveis”. Estes serviços indicados no Decreto se referem aos realizados por transportescoletivos e os de cargas, da iniciativa privada e pública, regulando a locomoção entre os Estados da União ou aqueles que fossem realizados dentro do mesmo Estado. O objetivo do Decreto era o de “facilitar” os transportes dentro do Brasil. O cenário do país no âmbito da infraestrutura automotiva desta época, conforme os estudos de (FERRAZ, 1975), esclarece que a nível nacional, havia uma linha férrea de 2.577 Km, aumentando para 3.224 Km em 1923. Interessante observar que a malha viária era inexpressiva, pois no período de 1910 a 1920 o Brasil contava com 13.000 km de estradas, e no ano de 1916 com 3.211 automóveis, o que indicava que havia um automóvel para cada 1.692 habitantes (FERRAZ, 1975). Com o final da primeira Guerra Mundial em 11 de novembro de 1918, o Brasil começou a ter um leve aumento no número de automóveis que rodavam o país, ou seja, em 1924 haviam 6.500 carros em circulação (FERRAZ, 1975). Conforme os dados da FENABRAVE – PR, o primeiro carro a chegar no Brasil foi no ano de 1896, e no ano de 1910, iniciou-se os processos de importação, onde comercializavam o carro antes mesmo deles estarem No que concerne às regulações de Trânsito, vamos localizar o primeiro Decreto de n° 8.324, de 27 de outubro de 1910, tendo sido escrito por Nilo Peçanha que era o então Ministro e Secretário da Viação e obras Públicas. Com o final da primeira Guerra Mundial em 11 de novembro de 1918, o Brasil começou a ter um leve aumento no número de automóveis que rodavam o país, ou seja, em 1924 haviam 6.500 carros em circulação (FERRAZ, 1975). 15 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 em solo brasileiro. Para aquisição de um veículo, o interessado necessitava ter dinheiro, e muita vontade de possuir um carro, devido as burocracias e dificuldades da época. No ano de 1920, surgem as primeiras revendedoras e montadoras, sendo que o Estado de São Paulo no ano de 1929 importou 43.657 automóveis e 25.858 caminhões. A Perua DKW F-91 Universal, de produção da empresa Alemã Auto Union, foi o primeiro veículo fabricado em solo brasileiro, rodando nas vias de nosso país em 1957, com boa parte dos componentes produzidos dentro do território nacional (BRANDÃO, 2011). A Perua DKW F-91 Universal, de produção da empresa Alemã Auto Union, foi o primeiro veículo fabricado em solo brasileiro, rodando nas vias de nosso país em 1957, com boa parte dos componentes produzidos dentro do território nacional (BRANDÃO, 2011). FIGURA 1 - DKW- VEMAG 1000. FONTE: <http://4rturbo.blogspot.com/2012/07/revista-quatro- rodas-agosto-de-1961.html>. Acesso em: 26 nov. 2018. No Brasil, o Decreto 858 de 15 de abril de 1902, estabelecia a obrigatoriedade do exame para a condução de veículos, porém os primeiros exames para os motoristas surgiram no ano de 1906 (BASILEIS, 2016, p. 30). 16 Acidente de Trânsito O Brasil teve um rápido crescimento automotivo, a partir de 1924, contando com 6.500 carros em circulação, em cinco anos a frota de automóveis passou para 43.657, ou seja, um aumento aproximado de 500%. O progresso acelerado brasileiro, exigiu tipos específicos de circulação viária, para atender este modal, impulsionando também a criação de vias públicas para os demais transeuntes, o que tecnicamente faz surgir o denominado trânsito, cuja palavra no Dicionário Jurídico de Plácido e Silva (2014, p. 2.150), significa “do latim transitus (passagem), conduzindo a ideia de movimento e de mudança, trânsito exprime o que é de passagem, o que está em circulação, o que está em andamento, ou que não chegou a seu destino”. E, ainda ensina que na “terminologia jurídica”, para os órgãos de trânsito será: Na linguagem da Polícia Administrativa, para designar todo o movimento, ou a circulação de pessoas e veículos nas ruas de uma cidade, ou vila, ou nas estradas que lhe dão acesso. E Conselho de Trânsito, entende-se o conjunto de serviços destinados à fiscalização e direção do movimento de veículos e de pessoas em uma certa jurisdição. A Lei n° 9.503, de 23/09/07, instituiu o Código de Trânsito Brasileiro – CTB, criando o sistema Nacional de Trânsito – SNT. O Decreto n° 2.327, dispôs sobre a coordenação do SNT e da composição do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN (SILVA, 2014, s.p). O atual Código Nacional de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997), define trânsito em seu artigo 1°, § 1°, como: “Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga”. As vias são construídas para as pessoas, pois como já dissemos, o trânsito são as pessoas, seja andando com os seus pés, denominadas de pedestres, seja em veículos ou animais, devendo ser garantido consciência de quem a transita promovendo, respeito, segurança e responsabilidade. O Capítulo III do Código de Trânsito Brasileiro, estabelece “Das Normas Gerais de Circulação e Conduta”, iniciando pelo Artigo 26, contendo 67 (sessenta e sete) artigos, e diversos incisos, que regulamentam e orientam de que forma os condutores e pedestres devem se comportar quando estiverem transitando pelas vias públicas, sejam em áreas urbanas ou rurais. O legislador em 2012, incluiu o Capítulo III-A, para O atual Código Nacional de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997), define trânsito em seu artigo 1°, § 1°, como: “Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga”. 17 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 normatizar e regulamentar a conduta dos chamados “motoristas profissionais”. A leitura deste Capítulo, possibilitará a compreensão das normativas, que têm como princípio orientar os condutores de veículos e pedestres a circularem nas vias de forma defensiva, ou seja, procurar estar sempre em alerta antevendo os possíveis acidentes. Exemplificando, quando estamos dirigindo próximo a escolas, ou ponto de ônibus, a atenção deverá ser redobrada, normalmente estão sinalizadas a certa distância, antes da chegada nestes locais, justamente para que o condutor possa em tempo hábil reduzir a velocidade, pois são áreas que denotam de um trânsito maior de pessoas, e principalmente no caso das escolas que tenham como público as crianças, que irão atravessar a via, a atenção sem dúvida é tanto para os que estão conduzindo o veículo, como para os que estão atravessando a via, mas é certo que a preferência de travessia será do menor, e aqui se entende o pedestre, prevalece sobre o maior, sendo aqueles que estiverem conduzindo o veículo, para que seja garantindo a segurança. Vários são os artigos do CTB, que orienta os condutores de como deverá ser a sua conduta no trânsito, conforme se observa pelo Artigo 31: O condutor que tenha o propósito de ultrapassar um veículo de transporte coletivo que esteja parado, efetuando embarque ou desembarque de passageiros, deverá reduzir a velocidade, dirigindo com atenção redobrada ou parar o veículo com vistas à segurança dos pedestres (BRASIL,1997). O Capítulo III do CTB tem como fundamento prescrever a respeito da Direção Defensiva, exigindo que os que fazem parte do trânsito dirijam ou andem de forma a antever os possíveis acontecimentos, o DENATRAN, ensina o significado de Direção Defensiva como a forma de dirigir, que permite a você reconhecer antecipadamente as situações de perigo e prever o que pode acontecer com você, com seus acompanhantes, com seu veículo e com os outros usuários da via (DENATRAN, 2005). Os entes públicos, por sua vez deverão estabelecer manutenções preventivas nas áreas públicas de circulação, instalando instrumentos de segurança como as placas de sinalização, limpeza e cortes de vegetação no entorno das pistas,propiciar áreas de descanso, iluminação, etc., pois as vias concedem uns dos direitos fundamentais de locomoção preconizada em nossa Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5° A leitura deste Capítulo, possibilitará a compreensão das normativas, que têm como princípio orientar os condutores de veículos e pedestres a circularem nas vias de forma defensiva, ou seja, procurar estar sempre em alerta antevendo os possíveis acidentes. Os entes públicos, por sua vez deverão estabelecer manutenções preventivas nas áreas públicas de circulação, instalando instrumentos de segurança como as placas de sinalização, limpeza e cortes de vegetação no entorno das pistas, propiciar áreas de descanso, iluminação, etc., pois as vias concedem uns dos direitos fundamentais de 18 Acidente de Trânsito inciso XV, garantindo a liberdade e a igualdade, pois o Estado de Direito faz com os entes públicos em caso de sinistros provocados por falta de manutenções, fiscalizações e demais ações garantidoras da segurança pública, respondam com as respectivas indenizações, e demais aplicação legal devida às vítima. A título de ilustrar a responsabilidade civil do Estado, a seguir está reproduzido um exemplo de julgado nesta vertente: locomoção preconizada em nossa Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5° inciso XV, garantindo a liberdade e a igualdade, pois o Estado de Direito faz com os entes públicos em caso de sinistros provocados por falta de manutenções, fiscalizações e demais ações garantidoras da segurança pública, respondam com as respectivas indenizações, e demais aplicação legal devida às vítima. Apelantes: DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO - DER; CONCESSIONÁRIA DAS RODOVIAS AYRTON SENNA E CARVALHO PINTO S/A - ECOPISTAS Apelado: LEONARDO RODRIGUES CAMARGO Comarca: Cruzeiro - 1ª V. Cível (Proc. 1000300-40.2015). EMENTA: RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. AÇÃO INDENIZATÓRIA JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. NECESSIDADE. NÃO HAVENDO NOS AUTOS INDÍCIOS DE EVENTUAL INSOLVÊNCIA PATRIMONIAL DA CONCESSIONÁRIA E NÃO SE TRATANDO DE QUALQUER DISCUSSÃO SOBRE EVENTUAL MÁ ESCOLHA DA CONCESSIONÁRIA OU OMISSÃO DO PODER CONCEDENTE QUANTO AO SEU DEVER DE FISCALIZAÇÃO, FORÇOSO RECONHECER-SE A INVIABILIDADE DE RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA OU MESMO SUBSIDIÁRIA DO D.E.R., DEVENDO O PROCESSO SER EXTINTO EM RELAÇÃO A ELE, NOS TERMOS DO ART. 485, VI, DO CPC. QUANTO. À CONCESSIONÁRIA-CORRÉ, A RESPONSABILIDADE É OBJETIVA. ENTENDIMENTO DE QUE É DE CONSUMO A RELAÇÃO ENTRE USUÁRIO DE RODOVIA E CONCESSIONÁRIA E QUE SUA RESPONSABILIDADE PERSISTE NOS CASOS DE ACIDENTES CAUSADOS PELA PRESENÇA DE OBJETOS (RESSOLAGEM DE PNEU) EM RODOVIAS SOB SUA CONCESSÃO. PRECEDENTES. AUSENTE CAUSA EXCLUDENTE DA RESPONSABILIDADE DA CONCESSIONÁRIA. VALOR DA CONDENAÇÃO MANTIDO. AFASTADA A MULTA APLICADA EM RAZÃO DA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Recurso de apelação do D.E.R. provido e parcialmente provido o recurso da concessionária. Apelação - Nº 1000300- 40.2015.8.26.0156. FONTE: Disponível em: <https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo. do?cdAcordao=12007305&cdForo=0>. Acesso em: 18 nov. 2018. 19 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 No julgado anteriormente apresentado, o Magistrado afastou a responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo, em responder, porque a rodovia foi terceirizada para uma concessionária que presta serviços para o ente público. Por força de contrato a concessionária é quem responderá pelas devidas indenizações causadas pelo acidente de trânsito, decorrentes de objetos que estavam na via. Veja que o Magistrado destacou que a concessionária tem condições em arcar com os prejuízos, haja vista, que se não tivesse o D.R.E./SP, responderia solidariamente. Diniz (2018), ainda esclarece que o Estado por meio de seus prepostos age em seu nome, inclusive os que fazem parte da administração indireta, e os auxiliares contratados, e indica o Artigo 37, § 6º da Constituição Federal de 1988, que regulamenta a questão: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa (BRASIL, 1988). Caso a interpretação no referido julgado fosse à condenação em indenizar o particular, pelo D.R.E. SP, a este ente caberia ação regressiva, como se lê no parágrafo 6°, portanto o direito alcança a todos, quando se trata em reparar os danos provocados a quem quer que seja, conforme explicito na CF/88 - Artigo 5°: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (…). O DENATRAN – Departamento de Trânsito, destaca quatro princípios que devem ser seguidos pelas pessoas objetivando o “relacionamento e a convivência social no trânsito”, o qual passamos a descrever: 1 - Dignidade humana: conforme apresenta-se na Constituição Federal do Brasil/1988, como princípio fundamental, em seu artigo 1°, Inciso III, exigindo o respeito, entre todas as pessoas, não sendo admitido discriminações de qualquer natureza; 2 - Igualdade de Direitos: princípio também esculpido e fundamentado em nossa Carta Magna em seu artigo 5°, conforme já apresentado: 3 - Participação: a necessidade da participação e conscientização da sociedade para os problemas que ocorrem no trânsito. O DENATRAN – Departamento de Trânsito, destaca quatro princípios que devem ser seguidos pelas pessoas objetivando o “relacionamento e a convivência social no trânsito”. 20 Acidente de Trânsito 4 - Corresponsabilidade pela vida social: este princípio convoca toda a sociedade, inclusive os entes públicos parah “a vida social”, atitudes, comportamentos, responsabilidade, para que se possam evitar tantos acidentes, sendo a segurança responsabilidade daqueles que constroem as vias, como daqueles que a trafega. Para que seja efetivamente observado pelas pessoas e os entes públicos estas garantias, uma das alternativas são as criações de leis específicas, com as consequentes medidas punitivas nas relações entre as pessoas no convívio do trânsito. Com relação à trajetória dos ordenamentos jurídicos, conforme demonstrado no Quadro 1, referente à legislação de trânsito, a primeira a regular o assunto conforme já apresentado no início desta seção foi em 1910, e o primeiro Código Nacional de Trânsito foi o de janeiro do ano 1941, que perdurou somente por oito meses, o atual Código vigente no Brasil, foi criado pela Lei 9.503 de 1997, que entrou em vigor no ano de 1988, e vem sofrendo diversas alterações, principalmente no que tange a aplicação de punições mais severas, objetivando coibir os altos índices de acidentes. Para que seja efetivamente observado pelas pessoas e os entes públicos estas garantias, uma das alternativas são as criações de leis específicas, com as consequentes medidas punitivas nas relações entre as pessoas no convívio do trânsito. QUADRO 1 - EVOLUÇÃO DOS CÓDIGOS DE TRÂNSITO BRASILEIRO ORDENAMENTOS JURÍDICOS DATA OBSERVAÇÕES Decreto-Lei nº 2.994 28/01/1941 Tendo sido revogada após 8 (oito) meses, de sua publicação. Decreto-Lei nº 3.651 25/09/1941 Criado o CONTRAN – Conselho Nacio- nal de Trânsito. Lei nº 5.108 21/09/1966 Devido ao desenvolvimento das cidades e aumento de veículos, foi necessária uma ampla revisão da legislação, fican- do designadocomo Código Nacional de Trânsito. Lei nº 9.503 23/09/1997 Foi designado como Código de Trânsi- to Brasileiro – CTB; trazendo as orien- tações e obrigações de como deverá ser a forma de circulação, e com segurança. Com um capítulo específico sobre edu- cação no trânsito”, e 11 (onze) artigos tipificando os crimes de trânsito. FONTE: Adaptado da obra de OLIVEIRA, 2015. 21 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 Pela apresentação do Quadro 1, percebe-se que o legislador procura acompanhar a evolução da sociedade, o atual Código de Trânsito Brasileiro, vem sofrendo diversas alterações, com o objetivo de tornar cada vez mais rigorosa aplicação de punições aos infratores, mas sem perder de vista o que é mais significativo que é a educação e a conscientização no trânsito, conforme o Capítulo VI do CTB, em seu artigo 74, que dispõe: “A educação para o trânsito é direito de todos e constitui dever prioritário para os componentes do Sistema Nacional de Trânsito” (CTB, 1997). Estudaremos, ainda, os vários fatores que culminam nas mazelas desencadeadas no trânsito, na trajetória histórica brasileira, uma das consequências foi à ampliação do número de veículos e de estradas, tornando o Brasil um dos países que mais possui estradas de rodagens, deixando em segundo plano os demais modais, como ferrovias, aeronaves e hidrovias. Conforme Correia (2009), este acelerado crescimento automobilístico e rodoviário, impossibilita que as legislações de trânsito e os órgãos responsáveis, consigam acompanhar no mesmo tempo, tornando-se incapazes da adequação as necessidades deste modal, seja na infraestrutura das rodovias, seja na segurança das pessoas, o Código Nacional de Trânsito de 1997, como vimos, procurou amparar algumas fragilidades, como delegar autonomia aos municípios para aplicação e regularização das necessidades de sua região geográfica, porém é cediço que ainda não conseguiu resolver o grande número de infortúnios, mas está caminhando na direção de capacitar e regular os órgãos públicos responsáveis pelo trânsito, porém é necessário novamente salientar que falta conscientização das pessoas, sejam na condição de pedestre como na condição de motorista, de nada adiantará uma legislação moderna, órgãos equipados e atuantes se as pessoas continuarem a utilizar o veículo como uma forma de expressar poder, tornando-o uma arma, ou mesmo, dirigindo sem condições físicas, estando sonolentas, alcoolizadas ou até mesmo sob efeito de drogas, o veículo não é lugar de desabafos, onde por meio do excesso de velocidade quer resolver as mágoas e depressões, ou mostrar a sua coragem e valentia. O escritor Walcyr Carrasco, em sua crônica “Fúria no trânsito”, identifica bem a atitude dos motoristas que se transformam quando estão ao volante, conforme exemplifica o trecho a seguir: Existe uma forma simples de avaliar o grau de evolução do ser humano. Basta observar dois sujeitos após uma batida. Saem dos veículos arrebentando as portas. Olhares ferozes. Torsos inclinados para a frente. Mãos crispadas. Batem boca. Bastaria mudar o cenário, trocar os ternos por peles e entregar um porrete para cada um. Estaríamos de volta à pré-história, poucas atividades humanas despertam tanto o espírito selvagem como a guerra no trânsito” (...) (CARRASCO, 2010. p. 121) 22 Acidente de Trânsito Se você é condutor de algum tipo de veículo de tração motora, defina que tipo de motorista você é. E, estando na condição de pedestre ou ciclista como você se comporta nas vias públicas? Fazendo-se ainda uma última análise do atual Código de Trânsito Brasileiro, a última alteração ocorreu em 19 de dezembro de 2017, pela Lei n° 13.546, onde dispõe “sobre os crimes cometidos na direção de veículos automotores” (BRASIL, 2017). Esta normativa altera alguns dos dispositivos do CTB, com intuito de ser mais rigoroso em relação aos infratores, no que concernem as punições daqueles que conduzem o veículo, da seguinte forma: Fazendo-se ainda uma última análise do atual Código de Trânsito Brasileiro, a última alteração ocorreu em 19 de dezembro de 2017, pela Lei n° 13.546, onde dispõe “sobre os crimes cometidos na direção de veículos automotores” (BRASIL, 2017). QUADRO 2 – ALTERAÇÕES DO CTB - 1997. Artigo alterado Alterações REDAÇÃO 12/2017 291 Acrescenta os parágrafos 3º e 4º § 3º (VETADO). § “4º O juiz fixará a pena-base segundo as dire- trizes previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial atenção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e consequências do crime” (NR). 302 Acrescenta o parágrafo 3º § 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substân- cia psicoativa que determine dependência: Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor." (NR). 303 Acrescenta o parágrafo 2º § 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras pe- nas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substân- cia psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima." (NR). 23 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 Leia o Código de Trânsito Brasileiro (CTB-1997), no Capítulo III – “Das Normas Gerais de Circulação e Conduta, e responda as seguintes questões: 1 Quais as atitudes que os usuários deverão ter quando utilizarem as vias terrestres? 2 Quando o condutor resolver fazer uma viagem, quais medidas preventivas deverão ser adotadas com relação ao seu veículo? 3 Quais normas o condutor do veículo deverá adotar quando utilizar- se das vias terrestres abertas à circulação? 4 Antes do condutor realizar uma ultrapassagem em relação a outro veículo, quais medidas deverão ser adotadas? 5 Cite quais são as vias designadas como abertas à circulação e a velocidade máxima permitida? 308 Nova redação. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição auto- mobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, geran- do situação de risco à incolumidade pública ou privada: FONTE: Adaptado do CTB (1997) e Lei n° 13.546/2017. É possível concluir que o legislador tem procurado ampliar as tipificações, e aplicar penas restritivas de liberdade, para inibir os infratores no acometimento de ilícitos no trânsito, que vamos estudar de forma detalhada no item 2.3 sobre a responsabilidade que advêm dos crimes de trânsito. Na sequência, vamos entender como ocorre a responsabilidade civil, objetivando a reparação patrimonial ou moral do dano causado a vítima. 24 Acidente de Trânsito 2.2 A RESPONSABILIDADE CIVIL NOS ACIDENTES DE TRÂNSITO O acidente de trânsito pode ser definido, de maneira geral, como um fato imprevisto, e na maioria das vezes não intencional, provocando danos físicos, materiais e por vezes morais. A responsabilidade civil tem como premissa reparar os danos ocasionados, seja na esfera patrimonial como moral, por meio de indenizações, buscando restituir os prejuízos a quem foi lesionado no statu quo ante (DINIZ, 2018). O primeiro acidente de trânsito em solo brasileiro que se tem notícias, ocorreu no Estado do Rio de Janeiro pelo veículo do abolicionista José do Patrocínio que se encontrava no carona, na companhia de Olavo Bilac que estava aprendendo a dirigir, e não possuía habilitação legal, e acabou por bater em uma árvore, e felizmente não ocasionou lesões físicas aos ocupantes (GAZIR, 1998). Conforme apresentado no item 2.1, Santos Dumont foi o primeiro a trazer um veículo para o Brasil, em 1891, e o segundo carro seria o do José do Patrocínio,importado em 1897, da França. O acidente de trânsito pode ser definido, de maneira geral, como um fato imprevisto, e na maioria das vezes não intencional, provocando danos físicos, materiais e por vezes morais. 1 Leia o Artigo 163 do CTB, analise e responda: se o acidente tivesse ocorrido nos dias atuais, José do Patrocínio teria cometido que tipo de infração perante a normativa, ao permitir que Olavo Bilac, que não possuía habilitação, conduzisse o seu veículo? Na esfera civil a responsabilidade pelos danos ocasionados, no caso apresentado, seria do condutor, e o proprietário do veículo, responderia solidariamente, portanto os dois deveriam arcar com a indenização que deram causa, conforme previsto no artigo 942 do Código Civil (BRASIL, 2002). Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas designadas no artigo. 932. 25 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 Neste caso, como houve a participação direta do proprietário para a ocorrência do fato, agindo com culpa, entregando a direção a quem não estava apto a conduzir o veículo, outros exemplos clássicos que se pode mencionar: proprietário responde concomitantemente com o condutor, quando entrega o veículo a pessoa visivelmente alcoolizada, ou ao menor de idade. Contudo, o proprietário estaria isento em responder, se o condutor estivesse legalmente habilitado a conduzir o veículo, ou seja, o mero empréstimo do veículo não imputaria a responsabilidade indenizatória ao legítimo proprietário, pois não estaria presente a culpa objetiva ou subjetiva, conforme prevê o nosso Código Civil, pois a culpa objetiva tem como base a teoria do risco, que não estaria presente ao emprestar o veículo a quem está legalmente habilitado, como prevê o artigo 927 do Código Civil (BRASIL, 2002). Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. A culpa objetiva passou a figurar na responsabilidade civil, objetivando à proteção das pessoas pelos ordenamentos jurídicos, frente ao desenvolvimento tecnológico, como ocorrem nas indústrias, e o número cada vez maior de veículos automotores nas vias públicas, fazendo com que as pessoas se tornem vulneráveis aos riscos produzidos por estas atividades, veja que o artigo 927 do Código Civil, deixa bem claro que aquele que vier a ocasionar o dano, independentemente de culpa, terá a obrigação de indenizar. Trata-se de uma forma de fazer com que o autor do ilícito tome todas as providências cabíveis de segurança, para evitar prejuízos patrimoniais, ou lesões físicas, presente a obrigação de agir de forma defensiva, antever situações que possam colocar em risco a segurança das pessoas (DINIZ, 2018). Passando a analisar a situação na culpa subjetiva, a base está na culpa ou dolo, havendo a necessidade de provar a responsabilidade do infrator, onde terão que estar presente os elementos da culpa, dano e o nexo causal, conforme prevê o Artigo 186 do Código Civil: ‘Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência A culpa objetiva passou a figurar na responsabilidade civil, objetivando à proteção das pessoas pelos ordenamentos jurídicos, frente ao desenvolvimento tecnológico, como ocorrem nas indústrias, e o número cada vez maior de veículos automotores nas vias públicas, fazendo com que as pessoas se tornem vulneráveis aos riscos produzidos por estas atividades, veja que o artigo 927 do Código Civil, deixa bem claro que aquele que vier a ocasionar o dano, independentemente de culpa, terá a obrigação de indenizar. Trata- se de uma forma de fazer com que o autor do ilícito tome todas as providências cabíveis de segurança, para evitar prejuízos patrimoniais, ou lesões físicas, presente a obrigação de agir de forma defensiva, antever situações que possam colocar em risco a segurança das pessoas (DINIZ, 2018). 26 Acidente de Trânsito ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (BRASIL, 2002). Em regra geral, quando o agente pratica a ação de forma consciente e voluntária, o ilícito foi praticado com dolo, enquanto que na culpa o agente não tinha intenção da efetivação do ato, sendo que a culpa tem graduações podendo ser grave, leve e levíssima, conforme estabelece o Artigo 944 do Código Civil: “A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização” (BRASIL, 2002). A culpa vem acompanhada das atitudes do agente que age de forma voluntária, ação de dirigir, mas que pode gerar uma conduta não esperada, assim para que seja efetivamente imputado a responsabilidade civil, com a justa indenização a quem de direito, se faz necessário apresentar os pressupostos legais previstos no Direito Civil, e que são utilizados também nos ordenamentos legais de Trânsito, conforme Lourenço (2012), e que serão analisados na sequência: Passando a analisar a situação na culpa subjetiva, a base está na culpa ou dolo, havendo a necessidade de provar a responsabilidade do infrator, onde terão que estar presente os elementos da culpa, dano e o nexo causal, conforme prevê o Artigo 186 do Código Civil: ‘Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito” (BRASIL, 2002). Em regra geral, quando o agente pratica a ação de forma consciente e voluntária, o ilícito foi praticado com dolo, enquanto que na culpa o agente não tinha intenção da efetivação do ato, sendo que a culpa tem graduações podendo ser grave, leve e levíssima, conforme estabelece o Artigo 944 do Código Civil: “A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização” (BRASIL, 2002). A culpa vem acompanhada das atitudes do agente que age de forma voluntária, ação de dirigir, mas que pode gerar uma conduta não esperada, assim para que seja efetivamente imputado a responsabilidade civil, com a justa indenização a quem de direito, se faz necessário apresentar os pressupostos legais previstos no Direito Civil, e que são utilizados também nos ordenamentos legais de Trânsito, conforme Lourenço (2012), e que serão analisados na sequência: 27 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 a) Conduta Humana: ações realizadas de forma voluntária, que podem ocasionar atos lícitos ou ilícitos, sendo estes produzidos por negligência, imprudência e imperícia, que resultam em prejuízos a parte ofendida, abaixo segue explicação destes três elementos que evidenciam a falha humana, e que na maioria das vezes desencadeiam o acidente de trânsito: a negligência, traduzida pela falta de cuidado com relação ao veículo. O proprietário sabe que tem que manter o veículo em boas condições de uso, mas não o faz, como trocar os pneus quando estes perdem o tempo de validade, conforme especificado no próprio pneu que determina o seu tempo de vida, ou seja, é aquela pessoa relaxada e que ainda em certos casos não presta a devida atenção no que está fazendo, por exemplo andar com a porta semiaberta. A imprudência consiste em negligenciar a legislação de trânsito, ao ultrapassar um veículo em local proibido, por exemplo.E, finalmente, a imperícia, é quando o condutor de um automóvel não possui as habilidades necessárias para dirigir o veículo, o que é muito comum em motoristas iniciantes. b) Nexo de Causalidade: as consequências negativas produzidas pelo ato ilícito deverão ter conexão, direta com a conduta, e que são evidenciadas pela análise pormenorizada do local do acidente e das evidências que são coletadas no local. c) Dano: o dano nada mais é que a consequência do ato realizado pelo agente sendo intencional ou não, e que na maioria dos casos gera a necessidade de indenização para que o dano material seja reparado. d) Culpa: importante salientar que o Código Civil, atribui a responsabilidade ao agente independentemente se agiu ou não com culpa, conforme preconiza o artigo 927 do referido dispositivo, conforme já apresentado. A civilista Diniz (2018, p. 53) também entende que para a caracterização da responsabilidade civil se faz necessário, a “existência de uma ação”, portanto presente os atos da conduta humana sendo licitas ou ilícitas, podendo ser comissiva ou omissiva, entendendo que comissão “é a prática de um ato que não deveria se efetivar”, enquanto que a omissão, se dá quando o agente não observa as condições de segurança, agindo de forma negligente, imprudente e imperito. A civilista Diniz (2018, p. 53) também entende que para a caracterização da responsabilidade civil se faz necessário, a “existência de uma ação”, portanto presente os atos da conduta humana sendo licitas ou ilícitas, podendo ser comissiva ou omissiva, entendendo que comissão “é a prática de um ato que não deveria se efetivar”, enquanto que a omissão, se dá quando o agente não observa 28 Acidente de Trânsito Outro grande aliado nas ações de indenizações patrimoniais e morais, a favor da vítima, encontra guarida no Direito do Consumidor, conforme se observa na decisão a seguir: Tema: Ação de indenização por danos materiais e compensação por danos morais. Acidente de trânsito. Segurança. Graves lesões. Mecanismo de segurança. Risco inerente. Produto defeituoso. A comprovação de graves lesões decorrentes da abertura de air bag em acidente automobilístico em baixíssima velocidade, que extrapolam as expectativas que razoavelmente se espera do mecanismo de segurança, ainda que de periculosidade inerente, configura a responsabilidade objetiva da montadora de veículos pela reparação dos danos ao consumidor. REsp 1.656.614-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 23/5/2017, DJe 2/6/2017. FONTE: Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/externo/ informativo/?acao=pesquisar&livre=ACIDENTE+ TRANSITO&operador=e&b=INFJ&thesaurus= JURIDICO&p=true?>. Acesso em: 27 nov. 2018. Neste caso a montadora do veículo é quem responderá pelas lesões ocasionadas na vítima, os danos que se verificarem no veículo, e ainda compensações por danos morais, uma vez que agiu de forma omissiva, pela falta de observar que o air bag apresentava problemas, é possível inferir que não foram realizados os testes adequados em diversas velocidades, para que a abertura do dispositivo de segurança, não viesse ocorrer como no caso fático apresentado, em “baixíssima velocidade”. É importante destacar as “modalidades” da culpa que também concorrem na aferição da responsabilidade de quem pratica os atos ilícitos, conforme ensina Fuga (2018, p. 15), e que será feito referências ao julgado apresentado. 1. Culpa in elegendo: trata-se da figura do preposto, aquele que irá executar ou responder por algumas tarefas em nome do empregador, por exemplo na Ação de Indenização acima apresentada, o profissional que deveria fazer os testes para assegurar que o dispositivo de segurança não viesse a abrir em determinada velocidade, porém quem responderá pela respectiva indenização será a montadora, porque a ela cabe capacitar e contratar pessoas que executem as suas atividades com zelo, prudência e perícia. 2. Culpa in vigilando: utilizando ainda como exemplo a Ação de Indenização, faltou por parte do empregador “fiscalizar”, se as tarefas estavam sendo realizadas em conformidade com o grau de qualidade que se exige na fabricação de veículos, para evitar futuramente situações como as descritas. O Artigo 932 do Código Civil apresenta algumas situações, em que a responsabilidade será 29 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 daquele que mantém a guarda, como dos filhos menores, cita inclusive no inciso III, a responsabilidade do empregador ou “comitente”, e aqui poderia ser o gerente de uma empresa que detêm procuração para agir como se dono fosse, e o artigo 933, do Código Civil, destaca que: “As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos” (BRASIL, 2012). Fica claro por este dispositivo a responsabilidade objetiva das pessoas dos incisos I a V, mesmo que não foi ela quem praticou o ilícito. 3. Culpa in committendo: onde o agente, não observa as normas de montagens obrigatórias por exemplo, para evitar que terceiros possam ser prejudicado pela sua imprudência. 4. Culpa in omittendo: caso em que o agente por exemplo não presta socorro à vítima, quando poderia fazê-lo. 5. Culpa in contrahendo: quando o agente sabe que determinado contrato poderia trazer futuramente prejuízo a vítima, mas não a alerta a respeito. O autor ainda destaca outras modalidades que devem ser observadas no caso de ilícitos provocados no trânsito: como a culpa contra a legalidade, quando o agente não observa as normativas, por exemplo que se encontram no Código de Trânsito Brasileiro -CTB. A necessidade do princípio da confiança, pois ao conduzir o veículo acredita-se que os demais motoristas vão observar as legislações, dirigindo com prudência, respeito, e que o seu veículo se encontra em situação regular para circular as vias públicas. Culpa presumida, quando as evidências são tão claras que não há necessidade de provas, como na ocorrência de um veículo vir a bater em outro carro que está estacionado em local próprio devidamente sinalizado. A culpa concorrente conforme dispõe o artigo 945 do Código Civil, situação em que a vítima também agiu com culpa na ação ilícita, praticando concomitantemente com o agente, assim a indenização será mitigada (FUGA, 2018, p. 18). Destaca-se ainda que a culpa consciente prevê a possibilidade do evento, porém o agente não acredita que realmente se efetivará, ou que ele conseguirá evitá-la; e a culpa inconsciente o agente não prevê o resultado, apesar de ser previsível. O autor ainda destaca outras modalidades que devem ser observadas no caso de ilícitos provocados no trânsito: como a culpa contra a legalidade, quando o agente não observa as normativas, por exemplo que se encontram no Código de Trânsito Brasileiro -CTB. Destaca-se ainda que a culpa consciente prevê a possibilidade do evento, porém o agente não acredita que realmente se efetivará, ou que ele conseguirá evitá-la; e a culpa inconsciente o agente não prevê o resultado, apesar de ser previsível. 30 Acidente de Trânsito Os elementos da culpa, bem como as suas modalidades e demais princípios, culminam no levantamento do quanto será devido a pessoa prejudicada, e quem será o responsável por esta indenização, e nesta apuração, será levado também em consideração, conforme o caso, o dano emergente e o lucro cessante, de acordo com Diniz (2018), o dano emergente será o que efetivamente perdeu-se, e o lucro cessante aquilo que deixou de ganhar, conforme dispõe os artigos 402 e 403 do Código Civil. A título de exemplificar na prática, o direito de pleitear o lucro cessante e o dano emergente, apresenta-se o seguinte julgado: Decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, em grau de Apelação n. 1007212-58.2015.8.26.0704 Origem: 1ª Vara Cível do Foro RegionalXV Butantã, (situação em que houve uma batida de um carro particular, em um carro táxi, o dono do taxi alegou que a condutora realizou manobra sem a devida atenção, e portanto requer a indenização de seu veículo, bem como o lucro cessante pelos dias que o veículo teve que ficar parado para os devidos consertos. No entanto, a ação foi julgada improcedente tanto na primeira instância, como na apelação no Tribunal, os julgadores entenderam que o boletim de ocorrência não foi prova suficiente para dar procedência ao pedido, mesmo as fotos que foram carreadas aos autos conseguiram identificar a culpabilidade do agente, a testemunha apresentada pelo autor mostrou-se confusa não conseguindo discorrer sobre o ocorrido de forma a elucidar satisfatoriamente. O Magistrado ainda fundamentou que o pedido de lucros cessantes deve estar cabalmente provado, indicando irrefutavelmente o tempo que efetivamente ficou sem receber os valores devido, o qual o autor não conseguiu provar (FONTE: Disponível em: <https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo. do?conversationId=&cdAcordao=11996250&cdForo=0&uuidCaptcha=sajcaptch a_1a47e20577a943e583cdb3ed1391214f&vlCaptcha=zSUC&novoVlCaptcha>= >). Acesso em: 17 nov. 2018. Neste caso, verifica-se que faltou elementos comprobatórios desde o momento da ocorrência do fato, boletim de ocorrência pormenorizado, evidenciando a manobra incorreta, fotos que foram tiradas, mas que também não conseguiu comprovar a ilicitude, e finalmente a testemunha que não conseguiu relatar os fatos. Assim, é possível inferir em duas hipóteses: ou de fato a agente não teve culpa, realizando a manobra de forma correta, e o taxista não observou preventivamente a ação, ou a ocorrência foi ilícita, mas o autor não conseguiu comprovar o que dizia. Fica claro a importância de retratar fielmente o momento da ocorrência de um acidente, as provas devem ser precisas, pois o julgador tem que ter certeza de dar o direito a quem de direito. Fica claro a importância de retratar fielmente o momento da ocorrência de um acidente, as provas devem ser precisas, pois o julgador tem que ter certeza de dar o direito a quem de direito. 31 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 No caso em tela apresentou-se um acidente ocorrido entre um proprietário de veículo particular, e um de transporte coletivo o qual seria o taxista, desta forma é importante destacar, conforme indica Diniz (2018), que o Código Civil no Capítulo XIV, dos artigos 734 ao 756 dispõe sobre a responsabilidade dos diversos tipos de transportes (pessoas e coisas), na ocorrência de acidente de trânsito com dois veículos particulares, será denominado de responsabilidade aquiliana ou extracontratual, e quando da ocorrência em transportes coletivos a denominação será o da responsabilidade contratual e delitual em consonância com este Capítulo do Código Civil, conforme disposto no artigo 734 do Código Civil: O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade. Parágrafo único. É lícito ao transportador exigir a declaração do valor da bagagem a fim de fixar o limite da indenização (BRASIL, 2012). Por este artigo fica determinado a relação contratual entre o passageiro e a respectiva transportadora, também é importante transcrever o artigo 735, deste mesmo dispositivo legal: “A responsabilidade contratual do transportador por acidente com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação regressiva”. Por esta redação o legislador deixou uma brecha, caso o dono da transportadora, queira, futuramente ver ressarcido do prejuízo advindo por ato ilícito ocasionado pelo motorista, por exemplo, que tenha dado causa ao acidente, e tendo sido evidenciado os elementos da culpa, poderá entrar com ação regressiva. É comum em empresas de transporte, que tenham, código de normas ou de conduta, estabelecer, que na ocorrência de multas dos veículos de propriedade da transportadora, estas indicarem os respectivos condutores, e cobrar as multas na folha de pagamento, como forma de coibir os trabalhadores motoristas em cometer infrações de trânsito, e ainda informar a respeito das possíveis ações regressivas. Muitas empresas sérias e responsáveis, além das aplicações punitivas, possuem programas de capacitação, como forma de educar seus trabalhadores nas relações de convivência no trânsito, com cursos de Direção Defensiva, Ética, Que o Código Civil no Capítulo XIV, dos artigos 734 ao 756 dispõe sobre a responsabilidade dos diversos tipos de transportes (pessoas e coisas), na ocorrência de acidente de trânsito com dois veículos particulares, será denominado de responsabilidade aquiliana ou extracontratual, e quando da ocorrência em transportes coletivos a denominação será o da responsabilidade contratual e delitual em consonância com este Capítulo do Código Civil, conforme disposto no artigo 734 do Código Civil. 32 Acidente de Trânsito Analise o seguinte caso e responda as questões a seguir: A locadora de veículos “X”, loca o veículo para “B”, que está habilitado, e em perfeitas condições físicas, porém vem a colidir com outro veículo porque não prestou atenção na placa de “PARE” (Parada Obrigatória). O acidente acabou por vitimar o condutor do outro veículo, levando-o a óbito. 1 Qual será a responsabilidade da locadora neste acidente? 2 O condutor “B” agiu com negligência, imprudência ou imperícia? relações interpessoais e outras que vão ajudar não somente a empresa, mas também a sociedade. Os pressupostos apresentados são a base para que se possa indicar o responsável pela reparação do dano, independentemente de ter sido por culpa ou dolo, contudo as provas devem ser irrefutáveis, na seção seguinte será estudado o acidente de trânsito no âmbito criminal, ou seja, na esfera civil a reparação é pecuniária, mas este pagamento não eximirá o agente de responder também na esfera criminal. 2.3 A responsabilidade criminal nos acidentes de trânsito A reparação material nos acidentes de trânsito é considerada como justa, porém não repara de forma alguma os sentimentos dolorosos que deixam nas vítimas e parentes, quando o dano resulta em mutilações e mortes. O Código de Trânsito Brasileiro, estabelece as punições aos infratores de acordo com a situação, podendo ser por culpa ou dolo, e tem como princípio básico a proteção das pessoas, procurando impedir que sejam cometidas infrações que possam resultar em danos físicos, protegendo a vida humana, a segurança no trânsito e a preservação do meio ambiente. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro - CTB -, em seu artigo 161, infração de trânsito é conceituada como a falta de observação aos preceitos legais relacionados ao trânsito como O Código de Trânsito Brasileiro, estabelece as punições aos infratores de acordo com a situação, podendo ser por culpa ou dolo, e tem como princípio básico a proteção das pessoas, procurando impedir que sejam cometidas infrações que possam resultar em danos físicos, protegendo a vida humana, a segurança no trânsito e a preservação do meio ambiente. 33 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 o próprio Código, legislações complementares e as resoluções do CONTRAN, ficando o infrator sujeito as penalidades e as medidas administrativas estabelecidas para cada caso. No item 2.2 estudamos a culpa os seus pressupostos e as diversas modalidades, agora passaremos a estudar os tipos e espécies penais relativos aos crimes dolosos. De acordo com Capez (2018), o dolo é a ação voluntária do agente em querer conscientemente produzir um ato delituoso, nas diversas tipificações que o compõe, e que, portanto, deverão estar presentes os elementos: consciência e vontade. As condutas do agente se divide entre duas fasesa interna quando o agente está pensando e preparando o ato, como escolher um veículo que seja veloz objetivando por exemplo atropelar determinada pessoa, e a fase externa será a consecução do ato, ou seja, efetivamente praticar o atropelamento. Seguem transcritos as “espécies de dolo”: 1. Dolo natural: trata-se como designado natural, fazendo parte da teoria finalista, provido simplesmente dos elementos consciência e da vontade, desprovido da ilicitude, e isento da culpabilidade. 2. Dolo Normativo: enquanto que no dolo natural encontra-se os dois elementos consciência e vontade, no normativo acrescenta-se um terceiro elemento a consciência da ilicitude. Para Capez (2018), apesar de esclarecer os dois tipos de dolo, entende que o normativo se encontra “ultrapassado”, e que o dolo a ser considerado é o natural, uma vez que o agente tem os elementos consciência e vontade e, portanto, presente o dolo e acrescenta: “querer algo bom ou querer algo ruim configura dolo do mesmo jeito, pois o dolo consiste em um querer, uma pura manifestação psicológica” (CAPEZ, 2018, p. 279). 3. Dolo direto ou determinado: este tipo de dolo o agente procura efetivar a conduta ilícita. 4. Dolo indireto ou indeterminado: este tipo de dolo iremos encontrar o dolo alternativo e o eventual. No dolo alternativo o agente aceita qualquer tipo de resultado, e no dolo eventual o sujeito tem consciência, consegue prever o resultado mesmo não querendo, não se importa se vier a ocorrer. A seguir, se reproduz a decisão de processo onde está presente o dolo eventual, veja que o Magistrado desconsiderou a tipificação dolo eventual, e tipificando o caso como homicídio culposo por entender que não se pode para qualquer caso, imputar ao agente delituoso responder como dolo eventual, caso este que seria julgado frente a um júri popular, e exemplifica que consideraria 34 Acidente de Trânsito como dolo eventual, caso agente estivesse propositalmente dirigindo de forma perigosa, ou se estivesse totalmente embriagado. Tema: Homicídio. Embriaguez ao volante. Dolo eventual. Ausência de circunstâncias excedentes ao tipo. Desclassificação. Homicídio culposo. De início, pontua-se que considerar que a embriaguez ao volante, de per si, já configuraria a existência de dolo eventual equivale admitir que todo e qualquer indivíduo que venha a conduzir veículo automotor em via pública com a capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool responderá por homicídio doloso, ao causar, por violação a regra de trânsito, a morte de alguém. Não se descura que a embriaguez ao volante é circunstância negativa que deve contribuir para a análise do elemento anímico que move o agente. Todavia, não é a melhor solução estabelecer-se, como premissa aplicável a qualquer caso relativo a delito viário, no qual o condutor esteja sob efeito de bebida alcóolica, que a presença do dolo eventual é o elemento subjetivo ínsito ao comportamento, a ponto de determinar que o agente seja submetido a Júri Popular mesmo que não se indiquem quaisquer outras circunstâncias que confiram lastro à ilação de que o acusado anuiu ao resultado lesivo. O estabelecimento de modelos extraídos da práxis que se mostrem rígidos e impliquem maior certeza da adequação típica por simples subsunção, a despeito da facilidade que ocasionam no exame dos casos cotidianos, podem suscitar desapego do magistrado aos fatos sobre os quais recairá a imputação delituosa, afastando, nessa medida, a incidência do impositivo direito penal do fato. Diferente seria a conclusão se, por exemplo, estivesse o condutor do automóvel dirigindo em velocidade muito acima do permitido, ou fazendo, propositalmente, zigue e zague na pista, ou fazendo sucessivas ultrapassagens perigosas, ou desrespeitando semáforos com sinal vermelho, postando seu veículo em rota de colisão com os demais apenas para assustá-los, ou passando por outros automóveis “tirando fino” e freando logo em seguida etc. Enfim, situações que permitissem ao menos suscitar a possível presença de um estado anímico compatível com o de quem anui com o resultado morte. Assim, não se afigura razoável atribuir a mesma reprovação a quem ingere uma dose de bebida alcoólica e em seguida dirige em veículo automotor, comparativamente àquele que, após embriagar-se completamente, conduz automóvel na via. Processo: Resp 1.689.173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por maioria, julgado em 21/11/2017, Dje 26/03/2018. Direito Penal. FONTE: Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/jurisprudencia/ externoinformativo/?acao=pesquisar&livre=ACIDENTE+D E+TR%C2NSITO&operador=e&b=INFJ&thesaurus=JURI DICO&p=true>. Acesso em: 27 nov. 2018. 35 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 Leia a decisão e responda: Você tem o mesmo entendimento do Magistrado, considera que o agente que dirigir após ter ingerido algumas doses de bebida alcóolica, não deve ser enquadrado com a tipificação dolo eventual e, sim, como homicídio culposo? Mirabete e Fabrini (2018, p. 48), em seus estudos indicam que a jurisprudência tem se posicionado, a respeito do tema, onde será possível tipificar como o dolo eventual nos casos em que o agente se apresentar “totalmente alcoolizado”. Após conhecermos alguns tipos de dolos, vamos estudar a culpa na tipificação penal, que será precedida de um julgamento de valor, pois seria impossível o legislador descrever todas as condutas delituosas e, portanto, neste caso estamos diante da denominada culpa aberta, da mesma forma que será necessário que o resultado ocorra de forma involuntária, necessitando ser materializado, conforme Capez (2018, p. 182), são seis os elementos que identificam o fato típico culposo: 1. Conduta voluntária. 2. Resultado involuntário. 3. Nexo causal. 4. Tipicidade. 5. Previsibilidade objetiva. 6. Atitudes de negligência, imprudência e imperícia. Será tipificado como homicídio culposo qualificado, de acordo com o que dispõe o Código Penal no artigo 121 parágrafos quarto, onde a pena será aumentada caso o agente delituoso não prestar de imediato socorro, ou ficar configurado que agiu sem observar a “regra técnica da profissão”, e responderá por homicídio doloso quando o agente poderia ter evitado a morte da vítima, com a prestação de socorro e não o faz (MIRABETE; FABRINI, 2018). O artigo 291 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB -, esclarece que caso não haja tipificação no referido Código, deverá ser utilizado as normas gerais do Código Penal, do Código de Processo Penal e a Lei n° 9.099 de 26/09/1995, que trata dos juizados Especiais Cíveis e Criminais. O CTB, procurou tipificar o máximo possível os atos ilícitos provocados pelos condutores de veículos, ficando para o Código Penal e Processual Penal, alguma situação que não esteja contemplada no referido ordenamento jurídico, pois é impossível o legislador determinar todas as tipificações delituosas, e dependendo 36 Acidente de Trânsito do caso, serão utilizados juízo de valor, para determinar a medida punitiva a ser aplicada ao infrator. 1 Cite três exemplos de infrações de trânsito onde o infrator poderá responder criminalmente com detenção. Como vimos na Seção 2, item 2.1, o Código de Trânsito Brasileiro vem evoluindo objetivando reduzir as infrações de trânsito, e com isto a prevenção da vida humana. No Quadro a seguir vamos estudar as tipificações dos crimes e das penalidades que são atribuídas aos agentes delituosos em consonância com o referido Código. QUADRO 3 – CRIMES DE TRÂNSITO ARTIGOS TIPIFICAÇÃO PENAS 302 Homicídio culposo Detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1° No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente: I - não possuir Permissão para Diri- gir ou Carteira de habilitação; II Praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;III - deixar de prestar socorro, quan- do possível fazê-lo sem risco pes- soal, à vítima do acidente; IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros Parágrafos e incisos incluídos pela Lei 12.971 de 2014. § 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psi- coativa que determine dependência: Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Incluído pela Lei n° 13.546 de 2017. 37 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 303 Lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. Detenção, de seis meses a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. Estes parágrafos foram incluídos pela Lei n° 13.546 de 2017. § 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar lesão corporal de natureza grave ou gravíssima. 304 Deixar de prestar socorro, ou solici- tar auxilio a autoridade pública. Detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte in- stantânea ou com ferimentos leves. 305 Afastar-se o condutor do veículo do local do acidente, para fugir à re- sponsabilidade penal ou civil que lhe possa ser atribuída: Detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 38 Acidente de Trânsito 306 Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: Detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. § 1o As condutas previstas no ca- put serão constatadas por: Incluída pela Lei n° 12.760 de 2012 I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora. § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de pro- va em direito admitidos, observado o direito à contraprova. Incluída pela Lei 12.971 de 2014 § 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. 307 Conduzir veículo mesmo estando suspenso ou impedido legalmente de dirigir. Detenção, de seis meses a um ano e multa, com nova imposição adicional de idêntico prazo de suspensão ou de proibição.Parágrafo único. Nas mesmas pe- nas incorre o condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de Habili- tação. 39 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 308 Participar, na direção de veículo au- tomotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilísti- ca ou ainda de exibição ou demon- stração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, geran- do situação de risco à incolumidade pública ou privada: O Caput deste artigo sofreu alter- ação pela Lei n° 13.546 de 2017. Detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilita- ção para dirigir veículo automotor. § 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem assumiu o ris- co de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, sem prejuízo das ou- tras penas previstas neste artigo. Parágrafos incluídos pela Lei 12.971 de 2014.§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar morte, e as cir- cunstâncias demonstrarem que o agente não quis o resultado nem as- sumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. 309 Conduzir veículo sem Carteira Na- cional de Habilitação, ou tendo sido cassado. Detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 310 Entregar a direção para condutor não habilitado, cassado, suspen- so, alcoolizado, ou seja, que sem condições física ou psíquica. Detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 311 Conduzir o veículo acima dos limites legais em locais próximos a grandes circulações de pessoas, como esco- las e hospitais. Detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 312 Alterar de forma artificial o local de acidente com intuito de levar a erro, o agente policial, perícia e juiz. Detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Parágrafo único. Aplica-se o dispos- to neste artigo, ainda que não inicia- dos, quando da inovação, o proced- imento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere 40 Acidente de Trânsito 312-A Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de di- reitos, esta deverá ser de prestação de serviço à comunidade ou a en- tidades públicas, em uma das se- guintes atividades: I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no atendi- mento a vítimas de trânsito; II - trabalho em unidades de pron- to-socorro de hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente de trânsito e politrauma- tizados; III - trabalho em clínicas ou institu- ições especializadas na recuper- ação de acidentados de trânsito; IV - outras atividades relacionadas ao resgate, atendimento e recuper- ação de vítimas de acidentes de trânsito. Artigo incluído pela Lei n° 13.281 de 2016. FONTE: Adaptado do Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997). O Código de Trânsito Brasileiro, além das punições aplicáveis conforme descrito no Quadro 2, os motoristas infratores ainda serão passíveis de multas pecuniárias de acordo com a categoria, e pontuações que levam estes condutores a terem que fazer cursos de reciclagens e ainda cassação ou suspensão do direito de dirigir, conforme demonstrado no Quadro a seguir: O Código de Trânsito Brasileiro, além das punições aplicáveis conforme descrito no Quadro 2, os motoristas infratores ainda serão passíveis de multas pecuniárias de acordo com a categoria, e pontuações que levam estes condutores a terem que fazer cursos de reciclagens e ainda cassação ou suspensão do direito de dirigir. 41 O Cenário do Acidente de Trânsito Capítulo 1 QUADRO 4 – CLASSIFICAÇÃO DOS PONTOS E MULTAS INFRAÇÃO Artigo 259 CTB¹ PONTOS Artigo 259 CTB Multa pecuniária² em 10/2018 Artigo 258 e incisos CTB GRAVÍSSIMAS 7 R$293,47 GRAVES 5 R$195,23 MÉDIAS 4 R$130,16 LEVE 3 R$88,38 FONTE: Adaptado do Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997). ¹CTB – Código de Trânsito Brasileiro ²Conforme Artigo 319-A-(CTB), os valores das multas poderão ser corrigidos pelo CONTRAN, respeitado o limite de variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no exercício anterior. O Quadro 4, fixa as multas
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