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UNILA MÁQUINAS DE FLUXO Capítulo 4: Semelhança Aplicada às Máquinas de Fluxo Capítulo 4 SEMELHANÇA APLICADA ÀS MÁQUINAS DE FLUXO 4.1 GENERALIDADES Do ponto de vista da utilização e da operação das má- quinas de fluxo, interessa relatar as características de cada máquina de modo a estabelecer o seu comportamento sob as mais diversas condições de operação. As características reais das máquinas de fluxo (em todo o campo de funcio- namento) são obtidas de modo mais preciso através de ensaios em laboratório. Do ensaio de uma máquina de fluxo, por exemplo de uma bomba centrífuga, as suas características (dependên- cia entre as diversas grandezas de funcionamento) podem ser obtidas e plotadas convenientemente em um gráfico, como mostra a Figura 4.1. Figura 4.1 Curvas características de uma bomba centrífuga com rotação, n, constante. A análise dimensional permite substituir um determi- nado grupo de n variáveis dimensionais (dependentes e independentes), que caracterizam um fenômeno físico, por um outro grupo de j variáveis adimensionais, sendo j n. Para exemplificar, considera-se um grupo de três vari- áveis dimensionais dependentes, 321 yey,y , e um grupo de cinco variáveis dimensionais independentes, 54321 xex,x,x,x , num total de n = 8 variáveis dimen- sionais. As relações de dependência entre essas grandezas podem ser estabelecidas por )xex,x,x,x(fy,y,y 543213,2,1321 . (4.1) Considerando as grandezas primárias (básicas), m, como sendo M (massa), L (comprimento) e T (tempo), portanto, m = 3, obtém-se, da análise dimensional, o nú- mero de variáveis adimensionais 538mnj . Do teorema dos Pi, , atribuído a Edgar Buckinham (1867-1940), as relações de dependência em (4.1) tornam- se, por exemplo, nas seguintes relações de dependência na forma adimensional: ),,(F, 5432,121 . (4.2) 4.2 GRANDEZAS DE FUNCIONAMENTO As grandezas de funcionamento de uma MF podem ser divididas em grandezas independentes e em grandezas dependentes. Neste capítulo, serão abordadas somente as grandezas relacionadas às máquinas de fluxo hidráulicas. 4.2.1 GRANDEZAS INDEPENDENTES As grandezas independentes podem ser divididas em grandezas geométricas, grandezas características do fluido e grandezas (variáveis) de controle da máquina de fluxo. a) Grandezas geométricas As grandezas geométricas determinam a geometria completa da máquina de fluxo e, de uma maneira geral, podem ser listadas como segue: D: comprimento característico (por exemplo, o diâmetro externo do rotor da máquina de fluxo), iL : outros comprimentos, M : ângulos de montagem das aletas, e M : ângulos de montagem das pás. Os ângulos de montagem, M e M , podem ser alte- rados (controlados) para certos tipos de máquinas de flu- xo, por exemplo, turbina Kaplan de dupla regulagem (re- gulagens no distribuidor, M , e no rotor, M ). Nesses casos, as máquinas são denominadas de máquinas de fluxo de geometria variável. b) Grandezas características do fluido Essas grandezas caracterizam o fluido em escoamento no interior da máquina de fluxo. No caso de máquinas de fluxo hidráulicas, são: : massa específica do fluido e : viscosidade absoluta (dinâmica) do fluido. c) Grandezas de controle As grandezas (ou variáveis) de controle permitem alte- rar as condições de funcionamento da máquina de fluxo, isto é, alterando-se as grandezas de controle, as grandezas de funcionamento dependentes são também alteradas. No NPSHreq UNILA MÁQUINAS DE FLUXO Capítulo 4: Semelhança Aplicada às Máquinas de Fluxo caso de máquinas de fluxo hidráulicas geradoras, as gran- dezas de controle são: Q: vazão volumétrica de fluido em escoamento na MF, e n: rotação do rotor. 4.2.2 GRANDEZAS DEPENDENTES No caso de MF hidráulicas, essas grandezas são: Y: trabalho específico, Ph : potência útil (potência hidráulica), P: potência de eixo e : rendimento total (global) da máquina de fluxo. 4.3 DETERMINAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS ADIMENSIONAIS DA MÁQUINA DE FLUXO Normalmente, em se tratando de MF hidráulicas, as variáveis dependentes são o trabalho específico, /pgHY , a potência de eixo, Pe, a potência útil (hidráulica), Ph, e o rendimento total, . Essas variáveis são funções das seguintes variáveis, no caso de MF hi- dráulicas geradoras: D: diâmetro externo do rotor, :..., D t , D e , D b relações de largura, b, de espessura, e, de passo, t, ..., : massa específica do fluido em escoamento, : viscosidade absoluta do fluido em escoamento. Q: vazão volumétrica de fluido em escoamento e n: rotação do rotor. Então, tem-se as seguintes relações de dependência: Y,P, b e t Y,P, f D, , , , ..., , ,Q,n D D D . (4.3) As grandezas , b/D, e/D, t/D, ..., são adimensionais, portanto, existem n = 7 variáveis dimensionais. Sendo m = 3 (grandezas primárias), resulta j = n - m = 7 - 3 = 4 variáveis (grandezas) adimensionais (4 parâmetros adi- mensionais j , sendo j = 1, 2, 3 e 4). As relações de dependência em (4.3) tornam-se em ..., D t , D e , D b ,,F,, 4321 . (4.4) Empregando-se os procedimentos usuais da análise dimensional, obtém-se os seguintes parâmetros adimensi- onais, j : 21 )Dn( Y , (4.5) 532 Dn P , (4.6) 33 Dn Q (4.7) e 2 4 Dn . (4.8) Sendo Dn proporcional à u, uDn , onde nDu é a velocidade circunferencial do rotor , obtém- se, de (4.8), o chamado número de Reynolds, Re, utilizado em máquinas de fluxo, ou seja, Du Re . (4.9) Geralmente, u e D estão relacionados ao diâmetro mais externo do rotor. Como exemplo, se a MF é motora e radi- al, (4.9) torna-se em /DuRe 44 . Nos coeficientes (parâmetros) adimensionais que seguem, u e D também estão relacionados ao diâmetro mais externo do rotor. 4.3.1 COEFICIENTES ADIMENSIONAIS IMPORTANTES a) Coeficiente de pressão, Sendo uDn , 1 dado em (4.5) torna-se em 21 u Y , onde TY Hg p / . Define-se, na literatura, o coeficiente de pressão, , por 2u Y2 (4.10.a) ou T 2 2 p u . (4.10.b) b) Coeficiente de vazão, Sendo AcQ m e 2DA , obtém-se 2 mDcQ . Como 23 D)Dn(Dn e uDn , resulta 23 DuDn . Logo, (4.7) torna-se em u cm 3 . (4.11) O coeficiente de vazão, , é definido por u cm . (4.12) c) Coeficiente de volume, O coeficiente de volume, , é definido como sendo a relação entre a vazão, Q, da máquina de fluxo e uma va- zão fictícia, AuQf , isto é, )4/D(u Q Au Q Q Q 2 f . (4.13) UNILA MÁQUINAS DE FLUXO Capítulo 4: Semelhança Aplicada às Máquinas de Fluxo O coeficiente de volume, , dado em (4.13), assume as seguintes formas: 322 Dn Q4 Du Q4 . (4.14) d) Coeficiente de potência, Considerando o parâmetro adimensional,2 , e a po- tência útil (potência hidráulica), YQPh , pode-se es- crever (4.6) da seguinte forma: 3132532 Dn Q )Dn( Y Dn P . (4.15) Define-se o coeficiente de potência útil, , por . (4.16) Para MF geradora (MFG) e MF motora (MFM), tem- se, respectivamente, /PhPe e PhPe . Considerando (4.16), obtém-se os seguintes coeficien- tes de potência (coeficientes de potência de eixo): (MFG) (4.17.a) e (MFM). (4.17.b) e) Coeficiente de diâmetro, Os parâmetros adimensionais 1 e 3 podem ser combinados de modo que o diâmetro, D, apareça elevado ao expoente 1 (um), resultando o coeficiente de diâmetro, , ou seja, 2/1 4/1 . (4.18) Substituindo (4.10.a) e (4.14) em (4.18), resulta D Q Y 054,1D Q Y 4 2 Du Q4 u Y2 2/1 4/1 2/1 4/1 2/1 2/14/1 2/1 2 4/1 2 (4.19) f) Coeficiente de ligeireza, Combinando, novamente, os parâmetros adimensionais 1 e 3 , de modo que a rotação, n, apareça elevada ao expoente 1 (um), resulta o coeficiente de ligeireza, , dado por 4/3 2/1 . (4.20) Substituindo (4.10.a) e (4.14) em (4.20), resulta qn 4/3 2/1 4/3 2/1 4/3 2/12/1 4/3 2 2/1 2 n Y Q 108,2n Y Q 2 4 u Y2 Du Q4 . (4.21) Em (4.21), qn representa a rotação específica referen- te `a vazão. Essa grandeza adimensional será abordada no Item 4.4. Cordier (1955) plotou os pares de pontos ),( de diversas modalidades de máquinas de fluxo construídas por diversos fabricantes. Verificou que tais pontos se loca- lizam sobre uma curva (ou faixa) de otimização. De posse do diagrama de Cordier, Figura 4.2, pode-se construir máquinas de fluxo otimizadas. Figura 4.2 Diagrama de Cordier (Dietzel, 1980). No caso de máquinas de fluxo geometricamente seme- lhantes, as relações D/L i têm um fator de escala cons- tante. Desta forma, a dependência entre os coeficientes adimensionais é dada por UNILA MÁQUINAS DE FLUXO Capítulo 4: Semelhança Aplicada às Máquinas de Fluxo )geométricasemelhança( Re),( Re),( Re),( . (4.22) Na prática, devido, principalmente, ao efeito da rugo- sidade, não é possível obter semelhança geométrica perfei- ta. No entanto, esse efeito pode ser desprezado dentro de certos limites, e a dependência entre os coeficientes adi- mensionais, estabelecida em (4.22), pode ser utilizada para caracterizar a semelhança geométrica. Para máquinas de fluxo geometricamente semelhantes, os efeitos do número de Reynolds são considerados efeitos de escala, e podem ser desprezados numa primeira apro- ximação. Nesse caso, (4.22) assume a seguinte forma: )( )( )( . (4.23) 4.3.2 LEIS DE AFINIDADE As relações funcionais em (4.23) fornecem as bases para o estabelecimento das leis de semelhança das máqui- nas de fluxo. Além disso, servem para avaliar as condições de funcionamento de uma determinada máquina de fluxo na região próxima ao rendimento total máximo. Ocorre semelhança dinâmica entre duas situações físi- cas geometricamente semelhantes, quando todos os parâ- metros (coeficientes) adimensionais são os mesmos nessas duas situações. Considerando (4.23), as leis de semelhan- ça dinâmica para as máquinas de fluxo são dadas por ,dinâmicae geométricassemelhança 21 21 21 21 (4.24) onde os índices 1 e 2 representam duas situações distintas. Na prática, os efeitos de escala afetam mais o rendi- mento, , do que propriamente a vazão, Q (obtida do coe- ficiente de vazão, ), e o trabalho específico, Y (obtido do coeficiente de pressão, ). Considerando os coeficientes adimensionais dados em (4.10.a), (4.12) e (4.17), e as leis de semelhança dadas em (4.24), obtém-se as relações de semelhança conhecidas como Leis de Afinidade, isto é, 3 2 1 2 1 2 1 D D n n Q Q , (4.25.a) 2 2 1 2 2 1 2 1 D D n n Y Y , (4.25.b) 5 2 1 3 2 1 2 1 2 1 D D n n P P (4.25.c) e 1 2 1 21 . (4.25.d) As leis de afinidade em (4.25) são válidas para máqui- nas de fluxo geometricamente semelhantes, desde que as variações do número de Reynolds, Re, não sejam signifi- cativas. A relação (4.25.d) indica que, para pontos corres- pondentes, o rendimento total da máquina de fluxo é o mesmo, o que só se verifica como aproximação, já que os efeitos das variações de Re podem ser significativos, como salientado anteriormente. CASOS PARTICULARES DAS LEIS DE AFINIDADE: a) Situação de uma mesma máquina de fluxo operando em diversas rotações Nesse caso, tem-se 21 DD e as leis de afinidade em (4.25) tornam-se em 2 1 2 1 n n Q Q , (4.26.a) 2 2 1 2 1 n n Y Y (4.26.b) 3 2 1 2 1 2 1 n n P P . (4.26.c) Eliminando a relação de rotações, 21 n/n , em (4.26.a) e (4.26-b), resulta 2/1 2 1 2 1 Y Y Q Q (4.27.a) e 2 12 2 2 1 Q Q Y Y ou 2 1D1 QkY . (4.27.b) UNILA MÁQUINAS DE FLUXO Capítulo 4: Semelhança Aplicada às Máquinas de Fluxo A constante dimensional Dk é determinada pelos va- lores fixos de referência estabelecidos, por exemplo, 2Q e 2Y indicados na Figura 4.5. De um modo geral, tem-se a seguinte dependência: 2 D QkY . (4.28) A equação (4.28) representa o lugar geométrico (em formato de parábola) de pares de pontos, (Q, Y), corres- pondentes às situações de diferentes rotações, conforme a Figura 4.3. b) Situação de máquinas de fluxo geometricamente semelhantes operando com a mesma rotação Nesse caso, tem-se 21 nn e as leis de afinidade em (4.25) tornam-se em 0 0 Q Y Y = k D Q 2 n 3 n 2 n 1 Figura 4.3 Características de uma bomba centrífuga operando em diversas rotações. 3 2 1 2 1 D D Q Q , (4.29.a) 2 2 1 2 1 D D Y Y (4.29.b) e 5 2 1 2 1 2 1 D D P P . (4.29.c) Eliminando a relação de diâmetros, 21 D/D , em (4.29.a-b), resulta 2/3 2 1 2 1 Y YQ Q (4.30.a) e 3/2 13/2 2 2 1 Q Q Y Y ou 3/2 1n1 QkY . (4.30.b) A constante dimensional nk é determinada pelos valo- res fixos de referência estabelecidos, por exemplo 2Q e 2Y indicados na Figura 4.4. De um modo geral, tem-se a seguinte dependência: 3/2 n QkY . (4.31) A equação (4.31) representa o lugar geométrico, Figu- ra 4.4, de pares de pontos, (Q, Y), correspondentes às si- tuações de diferentes diâmetros, porém com a mesma ro- tação. Q Y 0 0 Y = k n Q 2/3 D 3 D 2 D 1 Figura 4.4 Características de uma bomba centrífuga operando a mesma rotação. As equações (4.29), (4.30) e (4.31) podem ser utiliza- das para prever o comportamento de uma máquina de flu- xo na qual se efetue reduções de diâmetro (em geral, o diâmetro externo do rotor de máquinas de fluxo radiais). Esta técnica é bastante utilizada na fabricação em série de bombas radiais (centrífugas). Reduções no diâmetro exter- no inferiores a 10% conservam, aproximadamente, os ân- gulos do escoamento na saída do rotor, de tal modo que se possa admitir condições de semelhança geométrica manti- das. 4.4 ROTAÇÕES ESPECÍFICAS Como mencionado anteriormente, mais coeficientes adimensionais podem ser obtidos da combinação dos pa- UNILA MÁQUINAS DE FLUXO Capítulo 4: Semelhança Aplicada às Máquinas de Fluxo râmetros já determinados. Estabelecendo uma combina- ção entre os parâmetros 1 e 3 , dados, respectivamente, em (4.5) e (4.7), obtém-se um novo parâmetro adimensio- nal. Considera-se que esse parâmetro não dependa do di- âmetro, D, e que a rotação, n, do rotor tenha como expo- ente o valor 1 (um). Desta forma, tem-se 0ba b 3 a 2 b 3 a 15 DQYn Dn Q )Dn( Y ou 0baa2b3baa2b DQYnDQYn , resultando a = - 3/4 e b = 1/2. Então, o parâmetro adimensional 5 torna-se em q4/3 2/1 5 n Y Q n . (4.32) Esse novo parâmetro, denominado rotação específica referente à vazão ou simplesmente rotação específica, é muito útil no estudo das máquinas de fluxo. Como pode ser observado, tal parâmetro não está relacionado com as dimensões físicas da máquina de fluxo, mas sim com as suas grandezas de funcionamento: rotação, n, vazão, Q, e trabalho específico, Y. O valor desse parâmetro pode ser determinado sem que se conheça o tamanho da MF. Se diz que a rotação específica, qn , é a razão de seme- lhança entre as máquinas de fluxo, ou seja, para que duas máquinas de fluxo sejam semelhantes, basta que apresen- tem semelhança geométrica e que operem com a mesma rotação específica. Vale observar que os valores de n, Q e Y, em (4.32), são os correspondentes à situação de rendimento total má- ximo da máquina de fluxo. Para se obter a rotação especí- fica de máquinas de fluxo com mais de um estágio, o tra- balho específico total, Y*, deve ser dividido pelo número de estágios, N, isto é, Y = Y*/N. Para máquinas de fluxo de duas entradas (duplas), a vazão total, Q*, deve ser di- vidida por 2, ou seja, Q = Q*/2. Significado físico da rotação específica O significado físico da rotação específica pode ser en- tendido tomando-se uma máquina de fluxo específica, de diâmetro qD , semelhante a uma máquina de fluxo gené- rica de diâmetro D, Figura 4.5. Quando pela máquina de fluxo específica estiver escoando um fluido com vazão de 1 m3/s e ela estiver trocando com o fluido um trabalho (energia) específico de 1 J/kg, o valor numérico da sua rotação, em rps, será igual ao valor numérico de qn . Figura 4.5 Esquemas de máquinas de fluxo semelhantes. Como o valor da rotação específica, qn , obtido de (4.32), conduz a resultados muito pequenos para qualquer tipo de máquina de fluxo, Addison (1955) propôs o fator multiplicativo 310 , ou seja, 4/3 2/1 3 q 3 qA Y Q n10n10n . (4.33) No SI (Sistema Internacional de Unidades), tem-se )rps(n , )s/m(Q 3 e )kg/J(Y . As Figuras 4.8.a-e mostram a importância da rotação específica no pré-dimensionamento de diversos tipos de máquinas de fluxo hidráulicas. Outras rotações específicas: 1) Rotação específica referente à vazão A rotação específica em (4.32) pode ser escrita na se- guinte forma: 4/3 2/1 q )gH( Q nn (grandeza adimensional). Considerando a aceleração da gravidade, g, constante para duas máquinas de fluxo geometricamente semelhan- tes, pode-se eliminá-la da expressão acima, resultando 4/3 2/1 tq H Q nn (grandeza dimensional). (4.34) Vale observar que, quando elimina-se g de (4.32), (4.34) deixa de ser adimensional. Normalmente, a rotação específica, tqn , estabelecida em (4.34), é utilizada na literatura quando se adota o Sis- tema Técnico de Unidades. As unidades empregadas são )rpm(n , )s/m(Q 3 e )m(H . 2) Rotação específica referente à potência Combinado os parâmetros adimensionais 1 e 2 , dados, respectivamente, em (4.5) e (4.6), obtém-se 4/5 2/1 4/52/14/5 2 2/1 53 4/5 1 2/1 2 6 H P n g 1 )Dn( gH Dn P Eliminando o termo 4/52/1 g/1 , resulta 4/5 2/1 ts H P nn (grandeza dimensional). (4.35) Novamente, quando elimina-se 4/52/1 g/1 , (4.35) deixa de ser adimensional. Dq Y = 1 J/kg Q = 1 m3/s nq D Y Q n UNILA MÁQUINAS DE FLUXO Capítulo 4: Semelhança Aplicada às Máquinas de Fluxo A expressão (4.35) é a rotação específica referente à potência, tqn , e é, normalmente, utilizada com as unida- des do Sistema Técnico, isto é, )rpm(n , )CV(P e )m(H . 4.5 GRANDEZAS UNITÁRIAS Considera-se a existência de uma máquina de fluxo com características adimensionais de diâmetro, trabalho específico e massa específica iguais a 1. As grandezas operacionais dessa máquina de fluxo denominada de máquina unitária são chamadas de grandezas unitárias e designadas pelo índice 11 (um-um). Se a máquina de flu- xo as- sim concebida manter condições de semelhança com a máquina de fluxo original, suas grandezas podem ser de- terminadas utilizando-se as leis de afinidade. Máquina Original Máquina Unitária n (rps) n11 ( - ) Q (m3/s) Q11 ( - ) Y (J/kg) Y11 = 1 P (W) P11 ( - ) (kg/m3) 11 = 1 D (m) D11 = 1 Considerando as leis de afinidade dadas em (4.25), obtém-se 2 11 2 1111 D D n n Y Y 2/111 Y Dn n , (4.36.a) 3 111111 D D n n Q Q 22/111 DY Q Q (4.36.b) e 5 11 3 111111 D D n n P P 22/311 DY P P (4.36.c)Observa-se, de (4.36. a-c), que 11n , 11Q e 11P são grandezas adimensionais. A rotação específica da máquina de fluxo unitária, 11qn , é 1/ 21/ 2 1/ 2 11 q11 11 q3/ 4 1/ 2 1/ 2 2 3/ 4 3/ 4 11 Q n D Q 1 Q n n n n Y Y Y D 1 Y Portanto, a rotação específica da MF unitária é igual àquela da MF original, como é de se esperar, visto que ambas são MF geometricamente semelhantes. 4.6 RENDIMENTO DO MODELO E DO PROTÓTIPO (PARA A PROVA 2) O estudo feito no Item 2.3.2, Eqs. (2.25.a-d), não leva em consideração a viscosidade e, portanto, o número de Reynolds, para que, além da semelhança geométrica, fosse obtida a semelhança dinâmica perfeita. Em conseqüência, a Eq. (2.25.d) não é válida para duas máquinas de fluxo geometricamente semelhantes, típicas de protótipos e mo- delos, ou seja, rendimentos de protótipos têm rendimentos maiores que os seus respectivos modelos (modelos reduzi- dos). Para a previsão do rendimento do protótipo (P), obtido do rendimento do ensaio do modelo (M), utiliza-se fórmu- las empíricas disponíveis na literatura técnica, Vivier (1966). Essas fórmulas são conhecidas como fórmulas de transposição e têm a seguinte forma geral: n P M m P M M P H H D D 1k1 1 1 , (4.37) onde k, m e n são constantes, e D e H representam o diâ- metro característico (normalmente, o maior diâmetro ex- terno do rotor ou o diâmetro médio externo do rotor) e a altura efetiva (altura de energia). Considerando (4.37), tem-se as seguintes fórmulas de transposição clássicas: Moody I: 1k , 25,0m e 0n , resultando 25,0 P M M P D D 1 1 . (4.38) Moody II: 1k , 25,0m e 01,0n , resultando 01,0 P M 25,0 P M M P H H D D 1 1 . (4.39) Medici: 1k , 25,0m e 1,0n , resultando 1,0 P M 25,0 P M M P H H D D 1 1 . (4.40) Ackeret: 5,0k , 2,0m e 1,0n , resultando 1,0 P M 2,0 P M M P H H D D 15,01 1 1 2,0 P M Re Re 15,01 . (4.41) E user Riscado UNILA MÁQUINAS DE FLUXO Capítulo 4: Semelhança Aplicada às Máquinas de Fluxo 4.7 APLICAÇÕES 1) Se um ventilador com diâmetro externo de 200 mm fornece uma vazão de min/m22 3 a 2400 rpm, que vazão em min/m3 poderia ser esperada para um ventilador ge- ometricamente semelhante com diâmetro externo de 400 mm a 1760 rpm? Solução: Considerando (2.25.a): 3 2 1 2 1 2 1 D D n n Q Q obtém-se min m 067,129 200 400 2400 1760 22 D D n n QQ 33 3 1 2 1 2 12 . 2) Um ventilador apresenta as seguintes característi- cas: De = 400 mm, n = 3495 rpm, = 2,9 e = 1,2. De- termine: (a) o tipo de ventilador quanto à configuração do escoamento, (b) os coeficientes de pressão e de volume e (c) o trabalho específico e a vazão do ventilador. Solução: (a) O coeficiente de ligeireza, , dado em (4.21), for- nece 376,1 108,2 9,2 108,2 n q . Considerando (4.33), obtém-se 1376376,110n10n 3q 3 qA . Como o valor da rotação específica, 1376nqA , e o gráfico da Figura 4.8.g, o ventilador é de fluxo axial. (b) Combinado (4.18) e (4.20), tem-se 083,0 )2,19,2( 1 )( 1 22 . Utilizando, por exemplo, (4.18), obtém-se 2,0 2,1 083,0 2 2/1 2 2/1 . (c) Utilizando (2.10.a) com D = De (diâmetro externo do rotor), e sendo u = D n, tem-se kg/J2,221 2 )60/34944,0(083,0 2 u Y 22 e . Utilizando (4.14), obtém-se s m 836,1 4 )60/34954,0(4,0 2,0 4 uD Q 32 2 2 3) Uma turbina Francis deverá apresentar as seguintes condições: kg/J1090Y , rpm250n , D = 2350 mm, Pe = 37500 kW e = 90 %. Para os ensaios foi construído um modelo com mm320DM que, quando ensaiado com kg/J147YM , apresentou %80M . Determi- ne: (a) as grandezas unitárias da turbina protótipo (P) e (b) a vazão e a potência de eixo da turbina modelo (M). Solução: (a) Conforme (2.36.a): 297,0 1090 35,2 )60/250( Y Dn n 2/12/111 . Sendo YQPhPe , tem-se s/m23,38 9,0109010 1037500 Y Pe Q 3 3 3 . Conforme (4.36.b): 210,0 35,21090 23,38 DY Q Q 22/122/111 . Conforme (4.26.c): 3 11 11 3/ 2 2 3 3/ 2 2 Pe / 37500 10 / 0,90 P Ph 0,210 Y D 10 1090 2,35 . O valor numérico da potência hidráulica unitária (P11 = Ph11 = 0,210) igual ao valor numérico da vazão unitária (Q11 = 0,210) é um resultado esperado, visto que o traba- lho específico unitário, Y11, e a massa específica unitária, 11, por definição, são iguais a 1. (b) Considerando (4.36.b), obtém-se 1/ 2 2 1/ 2 2 3 M 11 M MQ Q Y D 0,210 147 0,32 0,260 m /s . A potência de eixo do modelo é 3 M M M M MPe Q Y 10 0,260 147 0,80 30611 W .
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