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1 TÓPICOS DE ADMINISTRAÇÃO 2014/1 2 SUMÁRIO 1. Capítulo I - Conceitos Básicos de Administração e Organização: administração: história, atualidades e perspectivas. Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 2. Capítulo II- Administração Científica Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 3. Capítulo III - Teoria Clássica da Administração Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 4. Capítulo IV - Teoria das Relações Humanas Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 5. Capítulo V - Decorrências da Teoria das Relações Humanas Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 6. Capítulo VI - Teoria Neoclássica da Administração Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 7. Capítulo VII - Administração por Objetivos (APO) Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 8. Capítulo VIII - Teoria Estruturalista Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 9. Capítulo IX – Teoria da Burocracia Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 10. Capítulo X - Abordagem Comportamental da Administração Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 11. Capítulo XI – Teoria de Sistemas Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 12. Capítulo XII - Origens do Desenvolvimento Organizacional (DO) Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 3 13. Capítulo XIII - Abordagem Contingencial da Administração Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 14. Capítulo XIV – Planejamento Estratégico Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 15. Capítulo XV – Gerenciamento Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 16. Capítulo XVI – Papel dos Gerentes Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 17. Capítulo XVII – Processo Decisório Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 18. Capítulo XVIII – Cultura Organizacional Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 19. Capítulo XIX – Liderança Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. 20 Capítulo XX – Novos Modelos de Organizações Slides........................................................................................................................................ Exercícios................................................................................................................................. BIBLIOGRAFIAS 4 CAPÍTULO I CONCEITOS BÁSICOS DE ADMINISTRAÇÃO E ORGANIZAÇÃO: Administração: história, atualidades e perspectivas. As pessoas dependem das organizações e estas dependem do trabalho das pessoas. Se você trabalha, consegue estabelecer bem esta relação. Chiavenato (2003, p. 2) também reforça que as pessoas nascem, crescem, aprendem, vivem, trabalham, divertem-se, são tratadas e morrem dentro das organizações. Porém, cada organização possui características particulares, sendo muito diferentes em sua essência, em seu tamanho, em sua cultura e até mesmo em seus objetivos. Assim sendo temos dois tipos de organizações: Organizações Lucrativas – empresas. Organizações não-lucrativas – exército, igrejas, serviços públicos, entidadesfilantrópicas, organizações não-governamentais, etc. Todas as organizações devem ser administradas, e isto é fácil para você observar e entender. De acordo com a natureza, tamanho e complexidade de suas operações, haverá formas diferentes de administrá-las. Podemos dizer, então, que a Administração é a condução racional das atividades de uma organização rumo aos seus objetivos, seja ela lucrativa ou não. Como já vimos, a Administração trata do planejamento, da organização (estruturação), da direção e do controle de todas as atividades diferenciadas pela divisão de trabalho que ocorram em uma organização (CHIAVENATO, 2003, p. 2). Assim, a Administração é imprescindível para a existência, sobrevivência e sucesso das organizações. Sem a Administração, as organizações jamais teriam condições de existir e crescer. As funções destacadas no parágrafo anterior (planejamento, organização, direção e controle) constituem o processo administrativo. Em uma de nossas próximas aulas veremos, por meio dos estudos de Fayol, onde este conceito originou-se. Vamos observar melhor essas funções? a) Planejamento Estabelecer objetivos e missão Examinar as alternativas Determinar as necessidades de recursos Criar estratégias para o alcance dos objetivos b) Organização Desenhar cargos e tarefas específicas Criar estrutura organizacional Definir posições de staff Coordenar as atividades de trabalho Estabelecer políticas e procedimentos Definir a alocação de recursos c) Direção Conduzir e motivar os empregados na realização das metas organizacionais Estabelecer comunicação com os trabalhadores Apresentar solução nos conflitos Gerenciar mudanças d) Controle Medir o desempenho Estabelecer comparação do desempenho com os padrões Tomar as ações necessárias para melhoria do desempenho 1.1 A Teoria Geral da Administração A Teoria Geral da Administração é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo da Administração em geral, não se preocupando onde ela seja aplicada, se nas organizações lucrativas (empresas) ou se nas organizações não-lucrativas, ou seja, [...] a Administração revela-se, nos dias de hoje, como uma área do conhecimento humano impregnada de complexidades e desafios. O profissional que utiliza a Administração como meio de vida, pode trabalhar nos mais variados níveis de uma organização: desde o nível hierárquico de supervisão elementar até o nível de dirigente máximo da organização. Pode trabalhar nas diversas especializações da Administração: seja a Administração da Produção (dos bens ou dos serviços prestados pela organização), Administração 5 Financeira, ou Administração de Recursos Humanos, Administração Mercadológica ou ainda a Administração Geral. Em cada nível e em cada especialização da Administração, as situações são muito diferentes (CHIAVENATO, 2003, p. 2). As organizações são muito diversificadas e diferenciadas, cada uma possuindo características que as diferenciam umas das outras, mesmo em segmentos de atividades similares. Para Chiavenato (2003, p. 2), não há duas organizações iguais, assim como não existem duas pessoas idênticas. Cada organização tem objetivos próprios, ramo de atividade específico, dirigentes e o seu pessoal. Cada uma tem problemas internos e sofre com alterações no ambiente externo, tem seu mercado, sua situação financeira, sua tecnologia, seus recursos básicos, sua ideologia e política de negócios, etc. Inúmeras são as variáveis que interferem no resultado da gestão. Toda vez que uma organização pretende admitir um executivo em seu quadro administrativo,os candidatos são submetidos a uma infinidade de testes e de entrevistas que procuram investigar em profundidade seus conhecimentos, suas características de personalidade, seu passado profissional, sua formação escolar, seus antecedentes morais, seu sucesso ou fracasso em determinadas atividades e outras coisas mais. Talvez até sua situação conjugal ou sua estabilidade emocional. Hoje, o que é importante, são os resultados gerados pelo gestor ou colaborador na organização. Muitas vezes, um excelente currículo ou formação não revela a capacidade de liderar, gerenciar e mobilizar as pessoas para os resultados que são esperados. Quais são as habilidades necessárias para que o gestor possa trabalhar com sucesso? Essa é uma questão imprescindível em nossa profissão, pois as habilidades que relacionaremos a seguir são de fundamental importância para os gestores. Vamos ver? Segundo Faria (2002, p. 2), para atingir a eficácia no processo administrativo, três tipos de habilidades se impõem: técnica, humana e conceitual. O autor as define como: habilidade técnica: a utilização de conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos para a consecução de tarefas específicas; habilidade humana: habilidade de compreender as atitudes e motivações dos empregados, trabalhar com eles e aplicar os princípios de liderança; habilidade conceitual: habilidade de compreender os problemas e objetivos da organização global e ajustar o comportamento das pessoas dentro da empresa. Quanto mais elevado for o nível do colaborador na organização, menores serão as necessidades da utilização das suas habilidades técnicas. Porém aumentam as necessidades de ampliação da visão da organização como um todo, ou seja, aumenta a necessidade de ampliação da sua habilidade conceitual. Os níveis inferiores requerem considerável habilidade técnica dos supervisores para lidar com os problemas operacionais e concretos da organização. A combinação dessas habilidades é importante para o gestor. 1.1.1 Classificação dos níveis a) Estratégico: corresponde à alta administração, pois determina os objetivos de longo prazo e a direção para a organização como um todo. Temos neste nível o presidente, vice-presidentes e diretores. b) Tático: corresponde à média administração, pois coordena e decide que produtos ou serviços serão produzidos. Neste nível temos a gerência. c) Operacional: corresponde à supervisão, pois coordena a execução das tarefas de todo o pessoal operacional. É onde acontecem as atividades da empresa propriamente ditas, onde o pessoal põe a mão na massa. A Teoria Geral da Administração se propõe a desenvolver a habilidade conceitual, embora não deixe de lado as habilidades humanas e técnicas. Em outros termos, propõe-se a desenvolver a capacidade de pensar, definir situações organizacionais complexas, diagnosticar e propor soluções. Este é também o nosso objetivo fundamental: propiciar condições para que você adquira tais competências, tornando-se um gestor eficaz. 1.2 A Administração e suas perspectivas Para entender a Administração e suas perspectivas, o pesquisador Chiavenato (2003, p. 10) assevera que em uma época de complexidades, mudanças e incertezas como a que atravessamos hoje, a Administração tornou-se uma das mais importantes áreas da atividade humana. Vivemos em uma civilização em que predominam as organizações e na qual o esforço cooperativo do homem é a base fundamental da sociedade. E a tarefa básica da Administração é fazer as coisas por meio das pessoas de maneira eficiente e eficaz. [...] O avanço tecnológico e o desenvolvimento do conhecimento humano, por si apenas, não produzem efeitos se a qualidade da administração efetuada sobre os grupos organizados de pessoas não permitir uma aplicação efetiva dos recursos humanos e materiais. 6 Peter Drucker (2004), autor neoclássico, afirma que não existem países desenvolvidos e países subdesenvolvidos, mas países que sabem administrar a tecnologia e os recursos disponíveis, de um lado, e países que ainda não o sabem, de outro. Em outros termos, existem países administrados e países sub- administrados. O mesmo ocorre com as organizações.Chiavenato (2003, p. 10) destaca ainda que o trabalho do gestor em qualquer organização – seja ele um supervisor de primeira linha ou o dirigente máximo da organização – é essencialmente o mesmo. Não há uma distinção básica entre diretores, gerentes, chefes ou supervisores e gestores. Qualquer que seja a posição ou o nível que ocupe, o gestor alcança resultados pela efetiva cooperação dos subordinados. Por isso veremos adiante o quanto é importante a presença e o trabalho dos líderes. 1.3 Conteúdo e objeto de estudo da Administração Sobre o conteúdo e o objeto de estudo da Administração, Chiavenato (2003, p. 11) destaca que a palavra administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência) e significa aquele que realiza uma função abaixo do comando de outros, isto é, aquele que presta um serviço a outro. No entanto, a palavra administração sofreu uma profunda transformação em seu significado original. A tarefa da Administração passou a ser a de interpretar os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional por meio do planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os níveis da organização, a fim de alcançar tais objetivos de maneira mais adequada à situação e garantir a competitividade em um mundo de negócios altamente concorrencial e complexo. A Administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos organizacionais. Conforme pode ser visto na citação, administrar é um processo que engloba várias etapas voltadas para um fim comum: atingir os objetivos propostos pela organização. Planejamento, organização, direção e controle são ações inerentes ao processo administrativo. 1.4 O estudo atual da Teoria Geral da Administração Conforme Chiavenato (2003, p. 13), a Teoria Geral da Administração mostra o efeito acumulativo das diversas teorias com contribuições e enfoques diferenciados. Cada teoria administrativa surgiu como uma resposta aos problemas empresariais da época, apresentando soluções específicas para tais problemas. De certo modo, todas as teorias administrativas também podem ser aplicadas às situações atuais, dependendo da conjuntura e da realidade de cada caso. Assim na medida em que administração se defronta com novas situações que surgem no decorrer do tempo, as ferramentas e os conceitos vão sendo reformatados para tornarem-se aplicáveis. Por isso, no decorrer de nossos estudos, é importante que você estabeleça paralelos entre as teorias e as situações vislumbradas na organização onde você atua. Com esta relação teoria-prática, ficará muito fácil o entendimento de nosso conteúdo, além de ser extremamente prazeroso sentirmos nossa evolução profissional. 1.5 A Administração na sociedade moderna Cada organização, cada empresa requer que decisões sejam tomadas. Necessita também da coordenação de múltiplas atividades, da condução de pessoas, da avaliação do desempenho dirigido e dos objetivos previamente determinados, da obtenção e alocação de recursos, etc. Sobre a Administração na sociedade moderna, Chiavenato (2003, p. 13) salienta que numerosas atividades administrativas desempenhadas por vários gestores, orientadas para áreas e problemas específicos, precisam ser realizadas e coordenadas de maneira integrada e coesa em cada organização ou empresa. Como o gestor não é executor, mas o responsável pelo trabalho das pessoas a ele subordinadas, ele não pode cometer erros ou arriscar apelando para estratagemas de ensaio e erro, já que isso implicaria conduzir seus subordinados pelo caminho menos indicado. O gestor é um profissional cuja formação é ampla e variada: precisa conhecer disciplinas heterogêneas (como Matemática, Direito, Psicologia, Sociologia, Estatística, etc.). Daí o caráter multi/interdisciplinar de nosso curso; o contador/gestor precisa lidar com pessoas (que executam tarefas ou planejam, organizam, controlam, assessoram, pesquisam, etc.) que lhe são subordinadas, estão no mesmo nível ou acima dele; precisa estar atento aos eventos passados e presentes, bem como às previsões futuras; precisa lidar com eventos internos (localizados dentro da empresa) e externos (localizados no ambiente que envolve externamente a empresa). O gestor é um agente – não só de condução, mas também de mudança e de transformação das empresas, levando-as a novos rumos, novos processos, novos objetivos, novas estratégias, novas tecnologias e novos patamares. 7 Conseqüentemente, as pessoas envolvidas nesse processo transformam-se em cidadãos capazes de situar-se nesse ambiente extremamente dinâmico. 1.6 Perspectivas futuras da Administração Nos próximos anos, o mundo verá o fim gradativo da forma organizacional de hoje (a organização burocrática) e o surgimento de novas arquiteturas organizacionais adequadas às novas demandas da era pós-industrial. As fraquezas da organização burocrática, segundo Chiavenato (2003, p. 15-16), serão os germes dos futuros sistemas organizacionais e, dessa forma, vários fatores deverão provocar profundos impactos sobre as organizações e empresas. A seguir, veja alguns desses impactos. • Mudanças rápidas e inesperadas: a aceleração e o acesso à informação favorecerão o desenvolvimento de novos comportamentos e exigências dos consumidores o que, por sua vez, demandará novas e crescentes necessidades que as atuais organizações poderão não ter condições de atender. • Crescimento das organizações: na medida em que a organização cresce, os problemas e os desafios também se ampliam, exigindo o desenvolvimento de novas habilidades, conhecimentos e atitudes dos gestores. Assim, o gestor especialista amplia suas competências e se transforma em um generalista, com estofo para enfrentar os desafios do mundo globalizado. • Concorrência mais aguda: o produto ou serviço que tenha qualidade e diferencial será o mais procurado. As empresas terão que se esforçar para concorrer nesse mercado baseado em novas formas de oferta, novas tecnologias, novos produtos e serviços de primeiro mundo. • Sofisticação de tecnologia: a tecnologia oferecerá a liberação do esforço humano focado na tarefa para o planejamento, a renovação, o acompanhamento, a integração e a motivação das pessoas. • Globalização da economia e internacionalização dos negócios: a internacionalização das empresas, favorecida pela globalização da economia, torna a competitividade mundial. Empresas chinesas, por exemplo, poderão competir diretamente com produtos e serviços fabricados e ofertados aí na sua cidade. Quais serão as vantagens competitivas das empresas brasileiras? Esse será o grande desafio do gestor, criar e manter vantagens competitivas. • Visibilidade maior das organizações: com a expansão das empresas e os novos recursos tecnológicos, principalmente com os novos formatos das mídias, a exposição aumentou de uma forma exponencial. Podemos dizer que estamos vivendo a revolução do olhar, onde a avaliação e a crítica permeiam instantaneamente as ações e os resultados das empresas. 1.7 O Gestor como agente de mudanças Finalmente, o gestor deve estar focalizado no futuro e assim poder estruturar sua empresa para enfrentar os desafios que surgem, seja por meio de “novas” tecnologias, “novas” condições sociais e culturais, novos produtos e serviços. Além disso, deve pensar globalmente (ver o mundo) e agir localmente (atuar na empresa). Para levar sua empresa à excelência, o gestor deve ter espírito empreendedor, aceitar desafios, assumir riscos e possuir um senso de inconformismo sistemático. Para concluir, é importante que você tenha acompanhado o desenvolvimento histórico da administração, tenha consolidado o conhecimento sobre as habilidades necessárias ao gestor, que tenhaconhecido o conteúdo e o estado atual da Teoria Geral da Administração. Se você fez o percurso anteriormente citado, você está apto para compreender as perspectivas de futuro na Administração e o gestor como um agente de mudanças. SÍNTESE DA AULA Nesta aula, vimos a importância da Administração e como ela está presente em todos os momentos de nossas vidas. Vimos, também, algumas das habilidades imprescindíveis para os gestores, que constantemente convivem com situações extremamente complexas. Outro aspecto importante é a identificação e a diferenciação dos níveis da organização e suas respectivas atribuições. Finalizamos o tema traçando um perfil atual da profissão e as necessidades de adequação à nova realidade do mundo das empresas. 8 EXERCÍCIOS 1. Sobre as perspectivas futuras da Administração, assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as alternativas falsas. a) ( ) No mundo dos cibernegócios as organizações tornam-se menos visíveis pelos clientes e para a sociedade. b) ( ) Para levar sua empresa à excelência, o gestor deve ter espírito empreendedor, aceitar desafios, assumir riscos e possuir um senso de inconformismo sistemático. c) ( ) O desenvolvimento dos produtos ou serviços exigirá menores investimentos em pesquisa e desenvolvimento para enfrentar o mercado. d) ( ) Nos próximos anos, o mundo verá o fim gradativo da forma organizacional de hoje (a organização burocrática) e o surgimento de novas arquiteturas organizacionais adequadas às novas demandas da era pós-industrial. 2. Os níveis que envolvem a organização são: a) tático, operacional e pessoal; b) tático, estratégico e relacional; c) estratégico, operacional e tático; d) nenhuma das alternativas. 3. Por que o gestor deve ser considerado um gestor de mudanças? Redija suas percepções em um texto dissertativo de 15 linhas. 4. Quais os principais cuidados que o gestor deve ter a partir do aumento da visibilidade e exposição das empresas com o advento das “novas” tecnologias e mídias? Referências CHIAVENATO, Idalberto. Administração: teoria, processo e prática. São Paulo: Makron Books, 2000. ______. Introdução a Teoria Geral da Administração. 7. ed. São Paulo: 2004. DRUCKER, Peter. Peter Drucker na pratica. Rio de Janeiro: Campus, 2004. MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Teoria Geral da Administração: da escola científica à competitividade em economia globalizada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. NA PRÓXIMA AULA Entraremos de cabeça nas teorias administrativas e conheceremos o Pai da Administração – Frederick Winslow Taylor. A partir de seus estudos, começaremos a enxergar a administração como ciência, daí o tema de nossa próxima aula: Administração Científica. Vamos lá! 9 CAPÍTULO II ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA “As organizações administrativas são sistemas de comportamento cooperativo, onde se espera que os seus membros orientem seu comportamento de acordo com certos fins que são considerados como objetivos da organização”. Abordagem Clássica da Administração O início da reflexão sobre a vida social organizada é algo difícil de se precisar. Entretanto há razoável grau de consenso em se afirmar que o ponto de partida da reflexão sistematizada sobre as organizações industriais pode ser atribuído a Frederick Winston Taylor, já no final do século XIX e início de XX. Outros nomes, como Ganth e Gilbreth, merecem quase igual relevância no contexto norte-americano. Não se tratava de cientistas sociais ou filósofos, mas sim de homens práticos, que viviam problemas concretos de organizações produtivas, problemas esses concentrados no aumento de produção e cuja solução dependia de um envolvimento dos trabalhadores em tal processo. Não devemos esquecer que estávamos em meio ao processo de transformação provocado pela 2º Revolução Industrial (1860): o aço substitui o ferro como matéria-prima básica; o petróleo e a energia elétrica substituem o vapor. A máquina automatizada entra em cena. Mas, em especial, o conhecimento começava a ser introduzido na vida industrial: novas técnicas de produção e de trabalho eram exigidas, pois havia um mercado crescente e demandante por produtos a serem consumidos. A ênfase de Taylor e seus seguidores era absolutamente concentrada na tarefa, na racionalização, na redução dos tempos de execução. Quando se olha retrospectivamente, é fácil entender sua visão: eram engenheiros por formação e o seu local de trabalho e análise era o chão de fábrica. Esta concepção engenheirística da organização era chamada de “a visão de baixo para cima”, a tentativa de entender a organização a partir da tarefa. Quase que simultaneamente, na Europa, especialmente na França e na Inglaterra, um outro grupo também passou a se preocupar com a performance organizacional. Mas seu ponto de partida era outro, ou seja, o entendimento da organização a partir de cúpula. Evidentemente, com tal ótica, o que realmente é percebido com mais clareza são coisas tais como estruturação ou departamentalização da organização (também chamada de anatomia), e seu funcionamento (ou sua fisiologia). Batizada assim de organização de “cima para baixo”.Seu estudioso e defensor mais conhecido chama-se Henry Fayol, que publicou, em 1916, seu livro Administração Industrial e Geral. Taylor entendia que o sucesso do indivíduo estava inevitavelmente associado ao sucesso da organização. Como conseqüência, todas as propostas da chamada Administração Científica, tais como a racionalização e a divisão do trabalho, seriam aceitas sem restrições, pois elas definitivamente contribuíam para o sucesso organizacional. Mesmo a divisão entre o trabalho da gerência (o de pensar e planejar a tarefa) seria aceita sem reclamação, uma vez que era uma maneira lógica de buscar o aumento da eficiência. Para Taylor, o que era lógico, racional, seria também psicológico. Taylor entendia que sua contribuição, com a busca de maior racionalidade e eficiência na execução das tarefas, tinha um efeito potencial, muito maior do que poderia ser pensado inicialmente, ou seja, reduzir, senão eliminar, o conflito indivíduo/organização. Quando Taylor e os que com ele trabalhavam se deparavam com a existência de comportamentos individuais que pouco ou nada tinham a ver com a consecução dos objetivos organizacionais, “sua atitude era de concordar e não buscar razões”. A prática de grupos que estabeleciam “a priori” tetos de produção inferiores a sua capacidade era considerada por Taylor como um mal. A visão da motivação humana cultivada por Taylor era muito precária. Em resumo, a proposta da Administração Científica mostrou-se útil para o aprimoramento da performance organizacional. Porém, era demasiadamente modesta e simplista para ajudar a entender a organização como um todo e permitir avanços mais substanciais. Administração como Ciência Para Taylor, a organização e a Administração devem ser estudadas e tratadas cientificamente e não empiricamente. A improvisação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo à ciência: a Ciência da Administração. Como pioneiro, o mérito de Taylor reside em sua contribuição para encarar sistematica- mente o estudo da organização. O fato de ter sido o primeiro a fazer uma análise completa do trabalho, inclusive dos tempos e movimentos, de estabelecer padrões de execução, treinar os operários, especializar 10 o pessoal, inclusive o de direção, instalar uma sala de planejamento, em resumo, assumir uma atitude metódica ao analisar e organizar a unidade fundamental de trabalho, adotando esse critério até o topo da organização, tudo isso eleva Taylor a uma altura não comum no campo da organização. A Administração Científica é uma combinação de: “Ciência em lugar de empirismo. Harmonia em vez dediscórdia. Cooperação e não individualismo. Rendimento máximo em lugar de produção reduzida. Desen- volvimento de cada homem a fim de alcançar maior eficiência e prosperidade”. Os elementos de aplicação da Administração Científica são: a) estudo de tempos e padrões de produção; b) supervisão funcional; c) padronização de máquinas, ferramentas, instrumentos e materiais; d) planejamento do desenho de tarefas e cargos; e) princípio da exceção; f) prêmios de produção pela execução eficiente das tarefas; g) definição da rotina de trabalho. Embora Taylor se preocupasse mais com a filosofia — com a essência da idéia — que exige uma revolução mental tanto da parte da direção como da parte dos operários, a tendência de seus seguidores foi uma preocupação maior com as técnicas do que com a filosofia da Administração Científica. O principal objetivo da Administração é assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao empregado. O princípio da máxima prosperidade para o patrão acompanhada da máxima prosperidade para o empregado deve ser os dois fins principais da Administração. Assim, deve haver uma identidade de interesses entre empregados e empregadores. Organização Racional do Trabalho Taylor verificou que os operários aprendiam a maneira de executar as tarefas do trabalho por meio da observação dos companheiros vizinhos. Notou que isso levava a diferentes métodos para fazer a mesma tarefa e uma grande variedade de instrumentos e ferramentas diferentes em cada operação. Como há sempre um método mais rápido e um instrumento mais adequado que os demais, esses métodos e instrumentos melhores podem ser encontrados e aperfeiçoados por meio de uma análise científica e um acurado estudo de tempos e movimentos, em vez de ficar a critério pessoal de cada operário. Essa tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos recebeu o nome de organização racional do trabalho (ORT). Para Taylor, o operário não tem capacidade, nem formação, nem meios para analisar cientificamente seu trabalho e estabelecer racionalmente o método ou processo mais eficiente. Geralmente, o supervisor deixava ao critério de cada operário a escolha do método de execução de seu trabalho, para encorajar sua iniciativa. Com a Administração Científica ocorre uma repartição de responsabilidade: a administração (gerência) fica com o planejamento (estudo do trabalho do operário e o estabelecimento do método de trabalho) e a supervisão (assistência contínua ao trabalhador durante a produção) enquanto o trabalhador fica somente com a execução do trabalho. A organização racional do trabalho (ORT) se fundamenta em: 1. Análise do trabalho e estudo dos tempos e movimentos. 2. Estudo da fadiga humana. 3. Divisão do trabalho e especialização do operário. 4. Desenho de cargos e de tarefas. 5. Incentivos salariais e prêmios de produção. 6. Conceito de homo economicus. 7. Condições ambientais de trabalho, como iluminação, conforto etc. 8. Padronização de métodos e de máquinas. 9. Supervisão funcional. Análise do Trabalho e Estudo dos Tempos e Movimentos O instrumento básico para se racionalizar o trabalho dos operários era o estudo de tempos e movimentos (motion-tíme study). O trabalho é executado melhor e mais economicamente por meio da andlise do trabalho, isto é, da divisão e subdivisão de todos os movimentos necessários à execução de cada operação de uma tarefa. Observando metódica e pacientemente a execução de cada operação a cargo dos operários, Taylor viu a possibilidade de decompor cada tarefa e cada operação da tarefa em uma série ordenada de movimentos simples. Os movimentos inúteis eram eliminados enquanto os movimentos 11 úteis eram simplificados, racionalizados ou fundidos com outros movimentos, para proporcionar economia de tempo e de esforço ao operário. A essa análise do trabalho seguia-se o estudo dos tempos e movimentos, ou seja, a determinação do tempo médio que um operário comum levaria para a execução da tarefa, por meio da utilização do cronômetro. A esse tempo médio eram adicionados os tempos elementares e mortos (esperas, tempos de saída do operário da linha para suas necessidades pessoais etc.), para resultar o chamado tempo padrão. Com isso padronizava-se o método de trabalho e o tempo destinado à sua execução. Método é a maneira de se fazer alguma coisa para obter um determinado resultado. O estudo dos tempos e movimentos permite a racionalização dos métodos de trabalho do operário e a fixação dos tempos padrões para a execução das tarefas e traz outras vantagens, a saber: 1. Elimina movimentos inúteis e os substitui por outros mais eficazes. 2. Racionaliza a seleção e treinamento do pessoal. 3. Melhora a eficiência do operário e o rendimento da produção. 4. Distribui uniformemente o trabalho, para que não haja períodos de falta ou excesso de trabalho. 5. Oferece base uniforme para salários eqüitativos e prêmios de produção. Os objetivos do estudo dos tempos e movimentos eram os seguintes: 1. Eliminação de todo o desperdício de esforço humano. 2. Adaptação dos operários à própria tarefa. 3. Treinamento dos operários para melhor adequação a seus trabalhos. 4. Maior especialização de atividades. 5. Estabelecimento de normas detalhadas de execução do trabalho. Desenho de Cargos e Tarefas A primeira tentativa de definir e estabelecer racionalmente cargos e tarefas aconteceu com a Administração Científica. Tarefa é toda atividade executada por uma pessoa no seu trabalho dentro da organização. A tarefa constitui a menor unidade possível dentro da divisão do trabalho em uma organização. Cargo é o conjunto de tarefas executadas de maneira cíclica ou repetitiva. Desenhar um cargo é especificar seu conteúdo (tarefas), os métodos de executar as tarefas e as relações com os demais cargos existentes. O desenho de cargos é a maneira pela qual um cargo é criado e projetado e combinado com outros cargos para a execução das tarefas. Com a Administração Cientifica, a preocupação básica passou a ser a racionalização do trabalho do operário e, conseqüentemente, o desenho dos cargos mais simples e elementares. A ênfase sobre as tarefas a serem executadas levou os engenheiros americanos a simplificar os cargos no intuito de obter o máximo de especialização de cada trabalhador: cada operário ficaria restrito a uma específica tarefa que deveria ser executada cíclica e repetitivamente, para aumentar sua eficiência. Os cargos e as tarefas são desenhados para uma execução automatizada por parte do trabalhador: este deve fazer e não pensar ou decidir. A simplicidade dos cargos permite que o ocupante aprenda rapidamente os métodos prescritos, exigindo um mínimo de treinamento. A simplicidade também permite um controle e acompanhamento visual por parte do supervisor. Com isso, enfatiza-se o conceito de linha de montagem ou linha de produção: em vez de um operário executar uma tarefa complexa ao redor da matéria-prima, esta passa por uma linha móvel de produção, na qual cada operário especializado executa seqüencialmente sua tarefa específica. Ao longo da linha de produção, a matéria-prima caminha e é processada por uma seqüência de operários, cada qual realizando uma tarefa específica. Cada operário é treinado no método de trabalho, isto é, na maneira de executar a tarefa específica, para desempenhar as atividades rotinizadas. Em caso de ocorrência imprevista, o ocupante deve procurar seu superior. Cada operário relaciona-se apenas com seu superior. Os contatos com colegas relacionados com a tarefa são formalizados e controlados para evitar perda de tempo. O fluxo seqüencial do trabalho é previamente estabelecido e o tempo de sua duração também. A simplificação no desenho dos cargos permite as seguintesvantagens: a) Admissão de empregados com qualificações mínimas e salários menores, reduzindo os custos de produção. b) Minimização dos custos de treinamento. c) Redução de erros na execução, diminuindo os refugos e rejeições. d) Facilidade de supervisão, permitindo que cada supervisor controle um número maior de subordinados. e) Aumento da eficiência do trabalhador, permitindo maior produtividade. Conceito de Homo Economicus A Administração Científica baseou-se no conceito de homo economicus, isto é, do homem econômico. Segundo esse conceito, toda pessoa é concebida como influenciada exclusivamente por recompensas 12 salariais, econômicas e materiais. Em outros termos, o homem procura o trabalho não porque gosta dele, mas como um meio de ganhar a vida por meio do salário que o trabalho proporciona. O homem é motivado a trabalhar pelo medo da fome e pela necessidade de dinheiro para viver. Assim, as recompensas salariais e os prêmios de produção (e o salário baseado na produção) influenciam os esforços individuais do trabalho, fazendo com que o trabalhador desenvolva o máximo de produção do que é fisicamente capaz para obter um ganho maior. Uma vez selecionado cientificamente o trabalhador, ensinado o método de trabalho e condicionada sua remuneração à eficiência, este passaria a produzir o máximo dentro de sua capacidade física. Essa visão estreita da natureza humana — o homem econômico — não se limitava a ver o homem como um empregado por dinheiro. Pior ainda: via no operário da época um indivíduo limitado e mesquinho, preguiçoso e culpado pela vadiagem e desperdício das empresas e que deveria ser controlado por meio do trabalho racionalizado e do tempo padrão. Padronização A organização racional do trabalho não se preocupou somente com a análise do trabalho, estudo dos tempos e movimentos, fadiga do operário, divisão do trabalho e especialização do operário e com os planos de incentivos salariais. Foi mais além e passou a se preocupar também com a padronização dos métodos e processos de trabalho, com a padronização das máquinas e equipamentos, ferramentas e instrumentos de trabalho, matérias-primas e componentes, no intuito de reduzir a variabilidade e a diversidade no processo produtivo e, daí, eliminar o desperdício e aumentar a eficiência. Padrão é uma unidade de medida adotada e aceita comumente como critério. A padronização é a aplicação de padrões em uma organização para obter uniformidade e redução de custos. A padronização passa a ser vital para a Administração Científica na melhoria da eficiência. A padronização conduz simplificação na medida em que a uniformidade reduz a variabilidade e as exceções que complicam o processo. Princípios da Administração Científica A preocupação de racionalizar, padronizar e prescrever normas de conduta ao administrador levou os engenheiros da Administração Científica a pensar que tais princípios pudessem ser aplicados a todas as situações possíveis. Cada autor estabeleceu seus próprios princípios de administração. Um princípio é uma afirmação válida para uma determinada situação; é uma previsão antecipada do que deverá ser feito quando ocorrer aquela situação. Dentre a profusão de princípios defendidos pelos autores da Administração Científica, para Taylor, a gerência deve seguir quatro princípios a saber: 1. Princípio de planejamento: Substituir no trabalho o critério individual do operário, a improvisação e atuação empírico-prática, por métodos baseados em procedimentos científicos. Substituir a improvisação pela ciência, através do planejamento do método de trabalho. 2. Princípio de preparo: Selecionar cientificamente os trabalhadores de acordo com suas aptidões e prepará-los e treiná-los para produzirem mais e melhor, de acordo com o método planejado. Preparar também máquinas e equipamentos através do arranjo físico e disposição racional das ferramentas e materiais. 3. Princípio do controle: Controlar o trabalho para se certificar de que este está sendo executado de acordo com os métodos estabelecidos e segundo o plano previsto. A gerência deve cooperar com os trabalhadores para que a execução seja a melhor possível. 4. Princípio da execução: Distribuir distintamente atribuições e responsabilidades para que a execução do trabalho seja disciplinada. 13 EXERCÍCIOS: Administração Científica 1. ESTUDO DE CASO: TAYLOR RESOLVE UM PROBLEMA O ano é 1898. A Bethlehem Steel vendeu 80 mil toneladas de ferro em lingotes. Agora é preciso carregar vagões com os lingotes, que estão amontoados em pequenas pilhas ao ar livre. Essa operação deve ser executada manualmente. Os operários contratados para essa gigantesca tarefa começaram movimentando 12,5 toneladas por homem por dia, o melhor que se pode conseguir. Chamado para estudar a eficiência do processo, Frederick Taylor chegou decidido a aplicar a administração científica. Taylor adotou uma combinação de pagamento elevado, proporcional à quantidade movimentada, seleção dos melhores trabalhadores e orientação para realizar a tarefa. Porém, o Taylor percebeu que os trabalhadores iriam começar correndo, para ganhar bastante, e rapidamente ficariam exaustos, sendo obrigados a interromper o trabalho muito antes de terminá-lo. Taylor, então, descobriu que homens de físico adequado conseguiriam aumentar a quantidade de toneladas movimentadas, com total segurança, desde que os supervisores os obrigassem a descansar a intervalos frequentes. Em resumo, ele descobriu que, para produzir o melhor resultado possível, um trabalhador que ele considerava de primeira classe, carregando lingotes que pesavam cerca de 45 quilos, deveria trabalhar apenas 43% do tempo. A "ciência" de carregar lingotes de ferro, desse modo, consistia primeiro em escolher o homem apropriado, e segundo, em obrigá-lo a descansar a intervalos que se havia descoberto serem os mais eficientes, após cuidadosa investigação. Como consequência da intervenção do Taylor, os homens passaram a movimentar, em média, 47,5 toneladas por dia. Esse resultado ele conseguiu não por meio do estudo de tempos e movimentos, mas da minização do dispêndio da energia muscular. E assim, Frederick Taylor demonstrou que os níveis mais altos de produtividade resultam da utilização eficiente da energia: trabalhar menos produz mais. PEDE-SE: 1.1. Que aconteceria se Taylor não obrigasse os homens a descansar? Você acha que eles se esgotariam e sua produtividade diminuiria, como Taylor previu? 1.2. De forma geral, qual a consequência do trabalho duro e ininterrupto? 1.3. O que Taylor comprovou com esta experiência? 1.4. Você acha que trabalhar menos produz mais em qualquer situação? Você recomendaria isso a seus auxiliares? 1.5. Você conhece outras situações em que as pessoas precisam descansar para poder realizar uma tarefa? 1.6. Em sua opinião, por que algumas pessoas trabalham demais: necessidade, excesso de trabalho, falta de método, compulsão, vontade de agradar o chefe, recompensa elevada ou outro motivo? 1.7. Você acha que, de forma geral, as pessoas que trabalham com inteligência não precisam trabalhar muito para alcançar bons resultados? O TEXTO ABAIXO REFEREM-SE ÀS QUESTÕES DE 2 a 5 A maioria das empresas atuais qualquer que seja o seu ramo, a sofisticação tecnológica de seus produtos ou serviços ou a sua nacionalidade de origem - pode remontar o seu estilo de trabalho e as suas raízes organizacionais à prototípica fábrica de alfinetes descrita por Adam Smith em A riqueza das nações, publicado em 1776. Smith, filósofo e economista, reconheceu que a tecnologia da revolução industrial havia criado oportunidades sem precedentes para os fabricantes aumentarem a produtividade dos trabalhadores e, assim, reduzirem o custo dos produtos, não em pequenasporcentagens - atingíveis quando se persuade um artesão a trabalhar com um pouco mais de rapidez - mas em ordens de grandeza. Em A riqueza das nações, esse precursor do consultor de empresas, em sua época um pensador radical, explicou o que denominou de princípio da divisão do trabalho. O princípio de Smith refletiu as suas observações de que certo número de trabalhadores especializados, cada qual realizando uma etapa individual da fabricação de um alfinete, poderia produzir, em um dia, muito mais alfinetes do que o mesmo número de trabalhadores empenhados na produção de alfinetes inteiros. “Um homem”- escreveu Smith - “estica o arame, outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz a ponta, um quinto esmerilha o topo para receber a cabeça; produzi-la requer duas ou três operações distintas; ajustá-la no alfinete é uma atividade peculiar, pratear os alfinetes é outra: inseri-los na cartela de alfinetes constitui até uma atividade independente.” Smith relatou ter visitado uma pequena fábrica, empregando apenas dez pessoas, cada uma realizando apenas uma ou duas das 18 tarefas especializadas envolvidas na fabricação de um alfinete. “Essas dez pessoas eram capazes de produzir, conjuntamente, mais de 48 mil alfinetes por dia. Porém, trabalhando separada e independentemente, e 14 sem ter sido educada nessa atividade peculiar, cada uma delas certamente não conseguiria produzir vinte, ou nem mesmo um alfinete ao dia.” A divisão do trabalho aumentava a produtividade dos alfineteiros em centenas de vezes. “A vantagem” , escreveu Smith, “deve-se a três diferentes circunstâncias: primeira, ao aumento da destreza de cada trabalhador individual; segunda, à economia do tempo normalmente perdido na passagem de uma espécie de trabalho para outra; e, finalmente, à invenção de um grande número de máquinas que facilitam e abreviam o trabalho e permitem a um homem realizar o trabalho de muitos.” As atuais companhias aéreas, usinas siderúrgicas, firmas de contabilista e fabricantes de chips para computadores foram todas construídas em torno da idéia central de Smith - a divisão ou especialização de mão-de -obra e a resultante fragmentação do trabalho. Quanto maior uma organização, mais especializados são os seus trabalhadores e mais fragmentado é o seu trabalho. - (Michael Hammer/James Champy - Reengenharia Revolucionando a Empresa). 2) ( marque com um x somente uma alternativa). A divisão do trabalho na fábrica de alfinetes só NÃO resultou em: (A) economia de tempo. (B) economia no custo do produto. (C) aceleração do processo de produção. (D) formação de mão-de-obra especializada. (E) domínio por parte do operário de todas as fases da montagem. 3) ( marque com um x somente uma alternativa). Marque a opção em que os dois elementos, de acordo com o texto, NÃO estão associados. (A) Destreza e rendimento. (B) Rapidez e eficiência. (C) Exclusividade e perícia. (D) Independência e produtividade. (E) Especialização e automatismo. 4) ( marque com um x somente uma alternativa). O princípio de Adam Smith se resume em: (A) interferir na qualidade do produto através da seleção de mão-de-obra especializada. (B) condicionar a fragmentação do trabalho de cada especialista à capacidade de produção da empresa. (C) decompor o trabalho em suas tarefas mais simples e destinar cada uma delas a um especialista. (D) formar reduzida equipe de especialista e capacitá-los, através de rodízio, nas diferentes etapas do trabalho. (E) reduzir a complexidade do trabalho e simplificar a estrutura da empresa. 5) ( marque com um x somente uma alternativa). Segundo Adam Smith, um dos fatores favoráveis ao aumento da produtividade foi o(a): (A) estímulo dado aos artesãos. (B) aumento do número de operários. (C) utilização da máquina na atividade industrial. (D) organização da classe operária. (E) remuneração por horas extras de trabalho. 15 CAPÍTULO III TEORIA CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO Objetivos deste Capítulo • Apresentar os fundamentos da Teoria Clássica da Administração. • Mostrar a ênfase no estrutura da organização como base para o alcance da eficiência. • Definir os elementos da Administração e os princípios de Administração como as bases do processo administrativo. • Identificar as limitações e restrições da Teoria Clássica dentro de uma apreciação crítica. Enquanto Taylor e outros engenheiros desenvolviam a Administração Científica nos Estados Unidos, em 1916 surgia na França, espraiando-se rapidamente pela Europa, a Teoria Clássica da Administração. Se a Administração Cientifica se caracterizava pela ênfase na tarefa realizada pelo operário, a Teoria Clássica se caracterizava pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. Na realidade, o objetivo de ambas as teorias era o mesmo: a busca da eficiência das organizações. Segundo a Administração Científica, essa eficiência era alcançada por meio da racionalização do trabalho do operário e no somatório da eficiência individual. Na Teoria Clássica, ao contrário, partia-se de todo organizacional e da sua estrutura para garantir eficiência a todas as partes envolvidas, fossem elas órgãos (como seções, departamentos etc.) ou pessoas (como ocupantes de cargos e executores de tarefas). A microabordagem no nível individual de cada operário com relação à tarefa é enormemente ampliada no nível da organização como um todo em relação a sua estrutura organizacional. A preocupação com a estrutura da organização como um todo constitui, sem dúvida, uma substancial ampliação do objeto de estudo da TGA. Fayol, um engenheiro francês, fundador da Teoria Clássica da Administração, partiu de uma abordagem sintética, global e universal da empresa, inaugurando uma abordagem anatômica e estrutural que rapidamente suplantou a abordagem analítica e concreta de Taylor. 1. As Funções Básicas da Empresa Fayol salienta que toda empresa apresenta seis funções, a saber: 1. Funções técnicas, relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa. 2. Funções comerciais, relacionadas com a compra, venda e permutação. 3. Funções financeiras, relacionadas com a procura e gerência de capitais. 4. Funções de segurança, relacionadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas. 5. Funções contábeis, relacionadas com inventários, registros, balanços, custos e estatísticas. 6. Funções administrativas, relacionadas com a integração de cúpula das outras cinco funções. As funções administrativas coordenam e sincronizam as demais funções da empresa, pairando sempre acima delas. Alega Fayol que “nenhuma das cinco funções essenciais precedentes tem o encargo de formular o programa de ação geral da empresa, de constituir o seu corpo social, de coordenar os esforços e de harmonizar os atos. Essas atribuições constituem outra função, designada pelo nome de Administração” A visão de Fayol sobre as funções básicas da empresa está ultrapassada. Hoje, as funções recebem o nome de áreas da administração: as funções administrativas recebem o nome de área de administração geral; as funções técnicas recebem o nome de área de produção, manufatura ou operações; as funções comerciais, de área de vendas / marketing. As funções de segurança passaram para um nível mais baixo. E, finalmente, surgiu a área de recursos humanos ou gestão de pessoas. 2. Conceito de Administração Fayol define o ato de administrar como: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. As funções administrativas envolvem os elementos da Administração, isto é, as funções do administrador: 1. Prever: Visualizar o futuro e traçar o programa de ação. 2. Organizar: Constituir o duplo organismo material e social da empresa. 3. Comandar: Dirigir e orientar o pessoal. 4. Coordenar: Ligar, unir, harmonizartodos os atos e todos os esforços coletivos. 5. Controlar: Verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas. Estes são os elementos da Administração que constituem o chamado processo administrativo: são localizáveis no trabalho do administrador em qualquer nível ou área de atividade da empresa. Em outros 16 termos, tanto o diretor, o gerente, o chefe, como o supervisor — cada qual em seu respectivo nível — de- sempenham atividades de previsão, organização, comando, coordenação e controle, como atividades administrativas essenciais. Assim, as funções universais da Administração são: 1. Previsão: Envolve a avaliação do futuro e o aprovisionamento em função dele. 2. Organização: Proporciona todas as coisas úteis ao funcionamento da empresa e pode ser dividida em organização material e organização social. 3. Comando: Leva a organização a funcionar. Seu objetivo é alcançar o máximo retorno de todos os empregados no interesse dos aspectos globais. 4. Coordenação: Harmoniza todas as atividades do negócio, facilitando seu trabalho e sucesso. Ela sincroniza coisas e ações em suas proporções certas e adapta os meios aos fins. 5. Controle: Consiste na verificação para certificar se todas as coisas ocorrem em conformidade com o plano adotado, as instruções transmitidas e os princípios estabelecidos. O objetivo é localizar as fraquezas e os erros no sentido de retificá-los e prevenir a recorrência. Elementos da Administração Ao definir o que é Administração, Fayol implicitamente definiu os elementos que a compõem: previsão, organização, comando, coordenação e controle. Esses cinco elementos constituem as chamadas funções do administrador. Contudo, os seguidores de Fayol não aceitaram os elementos da Administração tais como o velho mestre afirmara. Cada autor clássico define a seu modo os elementos da Administração, mas não se afastam muito da concepção fayoliana. 17 EXERCÍCIOS: Teoria Clássica da Administração 1. Sugestão de Pesquisa: 1.1. Uma das críticas feitas à Administração Científica é a omissão do trabalho em grupo. Você concorda com essa afirmação? 1.2. Pesquise na Internet, jornais ou revistas exemplos em que a participação e o envolvimento dos funcionários resultaram em benefícios para alguma organização. 2) CASO: KAKO Comércio LTDA, cuidado com sua política de remuneração variável Caso prático do tópico: Incentivos salariais e prêmios de produção No início do século XX, Taylor, fundador da Administração Científica, desenvolveu planos de incentivos salariais individuais, na qual a remuneração baseada no tempo deveria ser substituída pela remuneração baseada na produção de cada operário. No início da década de 1990, o Brasil atraiu multinacionais que já adotavam políticas generosas de remuneração para os funcionários, assim começou a ganhar espaço a remuneração variável. A necessidade de fortalecer o compromisso entre empregado e empregador fez com que as empresas compartilhassem seus resultados obtidos. Seguindo essa tendência, a empresa KAKO LTDA. Implementou uma ferramenta de gestão, com base no desempenho individual. De uma forma geral, cada vendedor teria uma premiação mensal caso atingisse determinados valores de venda, a partir de R$11.000,00, conforme tabela a seguir: Adicionalmente, foi estipulado um processo de avaliação relativa, no qual os vendedores seriam comparados mensalmente entre si dentro de um mesmo departamento. Caso um vendedor fosse o pior do seu departamento por três meses consecutivos ou estivesse entre os dois piores por seis meses seguidos, ele seria indicado ao desligamento da empresa por desempenho insatisfatório. Os diretores da empresa acreditavam que esse modelo pudesse, ao mesclar incentivos com punições, despertar nos funcionários um sentimento de desafio constante e superação de limites. Entretanto, os gestores da empresa se depararam com um fato inusitado e não planejado. Descobriu-se que os funcionários do departamento Comercial praticavam um acordo tácito onde as vendas eram “distribuídas” entre os vendedores para que a soma das premiações de todos eles fosse a maior possível e para que nenhum dos vendedores fosse o pior colocado por mais que dois meses consecutivos. Esse acordo previa também a distribuição das premiações entre eles, de acordo com as vendas reais de cada um. RESPONDA - Pontos para Discussão: 2.1. O comportamento dos funcionários foi antiético ou eles agiram dentro da legalidade, buscando “brechas” no sistema? 18 2.2. Que atitudes devem ser tomadas com relação aos funcionários? 2.3. O sistema de remuneração variável deveria ser alterado? Que melhorias poderiam ser propostas? 3) CASO: Princípios básicos de Ford – O início da escola de posicionamento estratégico Caso prático do tópico: Princípios básicos de Ford Henry Ford no início do século XX teve uma incrível intuição de Marketing e concluiu que o mundo estava preparado para um carro financeiramente acessível. O que antes era restrito apenas para a mais alta sociedade passou a ser viável para as demais classes sociais. Ford revolucionou o mercado automotivo até então, reduziu o preço do automóvel para o consumidor final com a diminuição do custo de produção devido à utilização de seus princípios de intensificação, economicidade e produtividade. A fórmula foi a seguinte: através da diminuição do tempo com a utilização imediata dos equipamentos e rápida colocação do produto no mercado; redução do volume do estoque e velocidade da produção “O minério sai da mina no sábado e é entregue sob a forma de um carro ao consumidor final na terça à tarde”; especialização da linha de montagem aumentando a capacidade de produção do homem. Ford, ao aplicar seus princípios, conseguiu atrair um outro mercado: o sensível aos preços. Foi um dos primeiros registros de uma empresa que obteve ganhos excepcionais se posicionando estrategicamente e se diferenciando de seus concorrentes, teoria muito defendida pelo guru da escola de posicionamento estratégico Michael Porter. Porter afirma que estratégia competitiva trata-se de ser diferente. Significa deliberadamente escolher um conjunto diferente de atividades para transmitir uma única fórmula de valor. Para Porter, a essência da estratégia está nas atividades, escolher desempenhar atividades de forma diferente ou desempenhar diferentes atividades das dos concorrentes. Casos recentes de Posicionamento Estratégico: Southwest Airlines - A Companhia Aérea Southwest Airlines oferece viagens curtas, a baixo custo, ponto a ponto entre cidades médias e aeroportos secundários de grandes cidades. A Southwest evita aeroportos grandes e não voa grandes distâncias. Seus clientes são homens de negócios, famílias e estudantes. As freqüentes partidas da Southwest e os preços baixos das passagens atraem os clientes mais sensíveis a preço que de outro modo viajariam de ônibus ou carro e os viajantes voltados a conveniências e que escolheriam um serviço aéreo completo em outras rotas. Basicamente, a estratégia da Southwest para reduzir custos foi simples: o treinamento de seu pessoal possibilita uma rápida preparação em solo, resultando na diminuição do intervalo entre os vôos; com a diminuição do intervalo entre as paradas a companhia pode realizar mais vôos com menos aeronaves; a utilização de uma frota nova e moderna também ocasionou em baixos custos de manutenção, combustível e treinamento. Gol Linhas aéreas - No mercado de companhias aéreas brasileiras assistimos a um episódio que lembra muito os princípios básicos de Ford do início do século, se considerarmos a época e a diferença entre os dois produtos. A empresa posicionou-se no mercado brasileiro com a proposta de “baixo-custo = baixa tarifa = baixos serviços”.Viajar de avião o que antes era considerado um luxo para a maioria dos brasileiros passou a ser acessível graças à redução nos preços das passagens aéreas e simplificação dos serviços de bordo. A estratégia da Gol para reduzir custos foi semelhante à aplicada pela South West e por Henry Ford: a utilização de frotas novas faz com que os aviões gastem menos combustível. Com a redução do custo com combustível, a empresa pode reduzir o preço da passagem e atrair mais clientes, aumentando, conseqüentemente, a rentabilidade, o que permite sempre a utilização de frotas novas. Com essa combinação, e também com outras também utilizadas pela Southwest Airlines, como a especialização dos funcionários para uma diminuição do tempo entre as paradas, a Gol conseguiu reduzir seus custos e diminuir o preço das passagens para o consumidor final. Além de “abocanhar” uma parcela considerável no mercado, a empresa conseguiu atingir uma demanda não atendida anteriormente, principalmente a do mercado rodoviário. Hoje, para muitos destinos no Brasil, também é bem mais rentável viajar de avião do que de ônibus. RESPONDA - Pontos para Discussão: 3.1. O que você entende por posicionamento estratégico? 3.2. Qual o primeiro passo que Ford utilizou para reduzir custos? Foi o mesmo utilizado pelas Companhias Aéreas? 4. Henry Fayol definiu em sua obra Administration Industrielle et Générale as funções básicas da empresa, as quais sejam: a) funções técnicas, comerciais, financeiras, contábeis, materiais e marketing; b) funções comerciais, administrativas, segurança, recursos humanos e financeiros; 19 c) funções financeiras, produtivas, comerciais, recursos humanos, contábeis e administrativas; d) funções técnicas, comerciais, financeiras, contábeis, de segurança e administrativas. 5. Fayol define o ato de administrar como: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar, portanto, estas são as funções do administrador. Você consegue fazer a correspondência entre as funções e seu significado? Identifique-as preenchendo as lacunas: a) ligar, unir, harmonizar todos os atos e todos os esforços coletivos: _______________; b) visualizar o futuro e traçar o programa de ação: _______________; c) constituir o duplo organismo material e social da empresa: _________________________; d) verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas: _______________; e) dirigir e orientar o pessoal: _______________. 6. Para Fayol, a organização abrange o estabelecimento da estrutura e da forma, sendo, portanto, dinâmica e limitada. A preocupação com a estrutura e com a forma de organização marca a essência da Administração Científica. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 7. Para a Teoria Clássica, a estrutura organizacional é analisada de cima para baixo (da direção para a execução) e do topo para as partes (da síntese para a análise), ao contrário da abordagem da Administração Científica. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 8. 0 chamado "efeito borboleta" significa que o batimento da asa de uma borboleta em Pequim pode provocar um leve sopro que, avançando gradativamente, dará nascimento a um furacão na Califórnia (SORMAN, G. Os verdadeiros pensadores de nosso tempo. Rio de Janeiro: Imago, 1989). Qual a correlação entre o "efeito borboleta" e o ambiente atual em que as organizações estão inseridas? Comente. 9. Estudo de Caso: Ohno-San vai ao Supermercado Por volta de 1950, a economia japonesa estava debilitada. A Toyota tinha um programa de produção de menos de 1.000 carros por mês. Se fabricasse mais, não conseguiria vendê-los. Bem diferente da situação no final dos anos 80, quando a Toyota fabricava 1.000 carros em poucos minutos. Em 1956, Taiichi Ohno, criador do sistema Toyota de produção, foi aos Estados Unidos visitar fábricas de automóvel. “Finalmente, ele escreveu, pude realizar o desejo de conhecer um supermercado de perto.” O Sr. Ohno conhecia o supermercado por referência e já havia observado que é a loja onde, em geral, se compra de acordo com a necessidade. Do supermercado, o Sr. Ohno havia tirado a idéia de enxergar cada processo de uma linha de produção como uma espécie de loja que fornece peças para o processo seguinte. No entanto, a linha como um todo é administrada do fim para o começo. O processo seguinte (cliente) vai ao processo anterior (supermercado) para obter as peças necessárias (mercadorias) na hora certa e na quantidade necessária. O processo anterior imediatamente produz a quantidade que acabou de sair (reposição de mercadoria nas prateleiras). Escreveu ele mais tarde: - - Nós esperávamos que essa idéia nos ajudasse a realizar o objetivo do just-in-time, de fabricar apenas o necessário. Em 1953, nós de fato aplicamos o sistema em nossa oficina de máquina da fábrica principal. Para fazer funcionar o sistema do supermercado, usamos pedaços de papel em que escrevíamos informações sobre o trabalho a ser realizado. Nós chamávamos isso de kanban. - - O kanban, um cartão envelopado em plástico, tornou-se a ferramenta que faz funcionar o sistema Toyota.* - - Suponham que levássemos o kanban ao supermercado. Como funcionaria? As mercadorias compradas pelos clientes passam pelo caixa. Cartões contendo informações sobre essas mercadorias seriam então enviadas ao departamento de compras. Com essa informação, as mercadorias que saíram seriam imediatamente repostas. Esses cartões correspondem ao kanban de retirada do sistema Toyota. No supermercado, as mercadorias expostas correspondem ao estoque da fábrica. Se o supermercado tivesse sua fábrica de mercadorias, enviaria para ela um kanban de produção. Com as informações deste kanban, a fabrica produziria as mercadorias para repor as que tivessem sido vendidas. Nos anos 80, quando funcionários da Daihatsu procuraram a Toyota para aprender seus métodos de eficiência, o Sr. Ohno recomendou-lhes que fabricassem apenas o necessário. - - Mas não é melhor idéia continuar produzindo, enquanto houver tempo e materiais?, perguntou um dos visitantes. - - Acho que não, respondeu Ohno. Façam apenas o que for necessário. Pode ser que vocês fiquem com materiais sobrando, mas a empresa não ganha nada se fizer 120 itens quando precisa apenas de 100. Se você precisa de 100, faça apenas 100. 20 O Sr. Ohno também recomendou que o ritmo de trabalho fosse calibrado para que a produção dos 100 itens ocupasse o dia todo. - - A fórmula básica da Toyota, de fazer o que for necessário, apenas na quantidade necessária, no momento necessário, tem outro elemento: tão eficientemente quanto possível. Ou seja, gastando o mínimo. Há muitas formas de gastar o mínimo para produzir. Uma delas é produzir apenas 100 se você precisa apenas de 100, mesmo que você possa produzir 110 antes do final do expediente. Continuou o Sr. Ohno: - - A parte mais difícil do sistema Toyota de produção é aprender a fazer os 100 itens gastando o mínimo. Para isso, todos devem aprender o just-in-time. Se a prioridade for dada apenas para a minimização dos gastos, pode-se obter diversos resultados indesejáveis. Porém, se esse objetivo for negligenciado, o produto poderá custar terrivelmente caro. Essa idéia tem seus adversários. Eles dizem que não se deve restringir a produção. É melhor tentar reduzir os preços por meio da produção em massa. Ou então, se você tiver cinco trabalhadores disponíveis, é melhor fazer 200 itens ao invés de 100. PEDE-SE 10.1. Pergunta: Qual a relação entre o funcionamento do supermercado e o sistema Toyota de produção? 10.2. Pergunta: Quais as diferenças entre o sistema Toyota de produção e o sistema tradicional? 10.3. Pergunta: Quais as vantagens de fabricar apenas o necessário? Há desvantagens? 10.4. Pergunta: Considere os argumentos dos adversários do sistema Toyota. Você concorda? Se tivesse que escolherentre o sistema Toyota e seus adversários, qual escolheria? Por quê? 10.5. Pergunta: Você já viu o pátio de uma fábrica de veículos em períodos de recessão? Se o diretor da fábrica lhe mostrasse o pátio cheio de veículos não vendidos e lhe pedisse uma solução, o que você recomendaria? 10.6. Pergunta: Quais os resultados indesejáveis de se pensar apenas na minimização dos gastos? 10.7. Pergunta: Quais os resultados indesejáveis de não se pensar na minimização dos gastos? 10.8. Pergunta: Quais as diferenças e semelhanças entre as proposições de Ohno e Taylor? 11) Caso 2: KAOS S/A – Até onde vai a privacidade dos empregados Um dos princípios defendidos pelos estudiosos da Teoria Clássica é o de controle: consiste na verificação para certificar se tudo ocorre conforme um plano adotado. Algumas empresas atualmente, visando enquadrar seu pessoal em padrões rígidos de comportamento e fidelidade, muitas vezes ultrapassam as fronteiras profissionais e tomam espaço da vida pessoal de seus empregados. A Empresa Kaos S/A, multinacional do setor siderúrgico, instalada no Brasil desde 1995 segue rigidamente as diretrizes definidas pela sua matriz em Londres. A empresa vinha em uma trajetória decrescente no país, seu faturamento caía a cada ano que passava, ao contrário da matriz estrangeira. A direção da filial brasileira foi incumbida a desenvolver planos de ações para retomar a trajetória de crescimento e o cumprimento das metas estipuladas. Preocupados com a produtividade de seus empregados e com a segurança das informações estratégicas, a diretoria tomou uma decisão drástica. Passou a monitorar a rotina de seus funcionários através de e-mails. Passado o primeiro mês, a empresa resolveu demitir os empregados que passavam muito tempo recebendo e respondendo e-mails que não tinham relação com as tarefas rotineiras e que mandavam mensagens que fugiam dos bons padrões de comportamento. Houve uma reformulação de quase 15% do quadro de empregados, e a empresa passou a adotar um código de conduta, segundo o qual todos teriam de se adequar sob pena de perder o emprego. Passado um ano do episódio, a empresa começou a sentir alguns efeitos, e o desempenho dos empregados começou a refletir em números, com um razoável aumento no faturamento da KAOS S/A. Pontos para Discussão: 11.1. Você é a favor do monitoramento de e-mails dos empregados? 11.2. Despedir os funcionários foi a melhor alternativa? 21 11.3. O que você achou da decisão de implementar um código de conduta? É realmente necessário? 11.4. Em sua opinião, existe uma relação entre a demissão dos funcionários e o aumento do faturamento da empresa? 11.5. Até que limite esse tipo de punição deixa de melhorar o desempenho da empresa e passa a provocar o efeito inverso? 12) Caso 3 - Problemas em marcha na GM A trajetória da General Motors no Brasil tem sido tão acidentada quanto as estradas brasileiras onde rodam seus automóveis. Nos últimos tempos, uma série de más notícias tem perturbado a vida da filial da maior montadora de automóveis do mundo. A empresa apresenta dificuldades de se livrar de um persistente vermelho que mancha seu balanço por aqui. Nos dois últimos anos, as perdas acumuladas atingiram US$330 milhões. Não bastasse isso, a companhia convive com uma arrastada disputa jurídica com um grupo de ex-concessionários, que pleiteiam indenizações pelo que eles consideram “rescisão unilateral” dos contratos. Esses processos geraram pelo menos duas denúncias pesadas contra a montadora. Uma delas diz respeito a um eventual uso indevido dos recursos da GM Factoring, um fundo de capitalização controlado pela rede de concessionários e administrado pela GM. A outra refere-se a um possível subfaturamento de veículos importados. São esses alguns dos problemas capazes de tirar o sorriso do rosto do canadense de origem chinesa Ray Young, que, desde janeiro de 2004, comanda as operações da GM. Se a tradição de mandatos de três anos na filial brasileira for mantida, Young, 44 anos, cumpre seus últimos meses no país. E esforça-se para cumprir a missão que recebeu ao ser nomeado: devolver o lucro à subsidiária. Antes, porém, precisará superar os problemas que avançam sobre a companhia em marcha acelerada. Salvador Satriani vende automóveis numa concessionária Renault, localizada em um prédio em Pouso Alegre (MG). Anos atrás, ele freqüentava o mesmo local, mas numa condição diferente. Satrini era dono da Itasa, revenda da GM. O edifício também lhe pertencia. Descredenciado pela montadora, ele perdeu tudo. De empresário passou a funcionário. Assim como ele, 117 concessionários tiveram seus contratos cancelados entre 2000 e 2004. “Houve um período em que eram dois descredenciamentos por semana”, diz Antônio Carlos Martins, também ex-revendedor da marca. Ele e outros 42 concessionários se uniram num grupo para negociar com a GM. Até agora, não tiveram sucesso. “Não queremos voltar a trabalhar com a empresa”, diz Sérgio Soares, que vendia automóveis da montadora em Birigui (SP). “Queremos ser ressarcidos pelos nossos prejuízos.” Hoje, correm quase 90 processos na Justiça em relação a esse assunto. Segundo Martins e Soares, a GM rompeu os acordos unilateralmente, por intermédio de notificações extrajudiciais. A GM nega qualquer irregularidade. Todos os custos de fechamento das concessionárias ficaram por conta dos proprietários. A conta inclui os encargos trabalhistas, equipamentos da oficina, débitos com fornecedores, reforma dos prédios desocupados, entre outros itens. Em média, de acordo com Martins, o encerramento de atividades consome R$ 3 milhões. A indenização reivindicada pelo grupo soma, além desse valor, uma compensação equivalente a cinco anos de lucro. “Cada um deveria receber entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões”, calcula Áureo Bonilha, consultor contratado para negociar em nome do grupo. Se todos os ex-concessionários fossem contemplados com essa dinheirama, os cofres da GM emagreceriam até R$ 700 milhões. “Fizemos ao longo de décadas investimentos exigidos pela GM para atender aos padrões da empresa. Assumimos compromissos financeiros na condição de representantes da montadora e saímos sem qualquer indenização”, diz Martins. A briga judicial da GM com os ex-concessionários gerou alguns filhotes. Um deles veio na forma de uma denúncia de Arnaldo Boacnin, um dos sócios de uma concessionária descredenciada. A acusação? A eventual má gestão da GM Factoring, uma empresa criada e controlada pelos concessionários da marca e administrada pela empresa. Hoje, a GM Factoring administra algo em torno de R$800 milhões. Tudo começou em 2002, quando Boacnin procurou o Ministério Público Federal para denunciar que a companhia “não segue os padrões e regramentos concernentes à sua espécie”. Entre outros fatos “estranhos” e “insólitos”, como diz Boacnin em seu depoimento, a GM Factoring adquiriria créditos da GM do Brasil antes desses créditos existirem. Para isso, era emitida uma nota fiscal sem data de vencimento para pagamento. O crédito era pago, segundo Boacnin, mesmo sem os documentos necessários, como duplicatas e faturas. Os ex-concessionários queixam-se de que a GM também não devolveu suas contribuições feitas à factoring. “Isso geraria, em valores de hoje, algo em torno de R$100 milhões”, afirma Edison Mussi, que possuía uma revenda em Nova Friburgo (RJ). “A GM refuta veementemente qualquer acusação de uso ilegal do Fundo. As decisões judiciais até o momento proferidas em casos que discutem questões relacionadas ao Fundo não constataram qualquer irregularidade em sua constituição ou utilização”, afirma um comunicado da companhia. Aconteceu há quase dez anos, mas continua vivo nos processos que vários ex-concessionários movem contra a GM. Durante um certo período, carros importados pela filial brasileirada montadora de suas unidades na Bélgica e na Argentina chegavam às revendas acompanhados de dois documentos. Um 22 deles era a nota fiscal com o valor do veículo. Dias depois, o concessionário recebia uma nota de débito, emitida pela GM. Nela eram cobradas despesas com peças e treinamento para profissionais de venda e assistência técnica. Na primeira, incidiam os impostos previstos nesse caso. A segunda ficava isenta desses tributos, embora o concessionário pagasse as duas. Os serviços não eram prestados, segundo os denunciantes. “O treinamento de funcionários é realizado apenas uma vez para cada modelo de veículo”, diz Antônio Carlos Martins. “Mas a GM cobrava o mesmo serviço para cada unidade faturada. Além disso, se houvesse despesas com peças, uma nota fiscal deveria ser emitida para esse fim.” Exemplo: em 19 de junho de 1997, a Martins Veículos, de Bauru, recebeu uma pick-up Silverado, fabricada na Argentina, com uma nota fiscal no valor de R$32.125,24. No mesmo dia, a GM enviava uma nota de débito de R$5.390,89 a título de serviços prestados que deveriam ser pagos pela concessionária. Ou seja, a Martins pagou nesse caso R$37.516,13, mas os impostos só incidiram sobre R$32.125,24. “Há todas as características de sonegação fiscal”, diz a advogada Maria Theresa Pero, que defende diversos ex-revendedores. A GM diz que não comenta casos em andamento na Justiça, mas afirma que segue à risca todas as leis vigentes no país. É como se fosse uma nova espécie de vírus, que cede ante a ação dos antibióticos mas não sucumbe totalmente. No ano passado, o prejuízo da GM bateu em cerca de US$80 milhões. Em 2004, havia sido de US$249 milhões. A empresa responsabiliza o câmbio, que prejudica suas exportações e a alta carga tributária do país. A GM ainda sofre em função de sua vocação no desenvolvimento de carros médios e grandes. No Brasil, os compactos dominam dois terços do mercado. “Aí está a predominância de concorrentes como Volks e Fiat”, diz André Beer, um ex-executivo da montadora. Mas há um outro fator: a montadora possui três fábricas em território brasileiro, duas delas nos pólos de maior salário do setor metalúrgico, São Caetano do Sul e São José dos Campos, ambas no estado de São Paulo. Nessas duas cidades, os trabalhadores ganham pelo menos o dobro de seus companheiros em Betim (MG), casa da Fiat, e em Camaçari, onde a Ford concentra sua produção. Outra diferença está na produtividade dessas plantas. Enquanto Volks e Fiat produzem 34 carros por funcionário, o índice na GM não ultrapassa 27. Por isso, há duas semanas, a GM anunciou a demissão de 960 funcionários em São José dos Campos e a contratação de 970 na unidade de Gravataí (RS), onde os salários encontram-se na casa dos R$1 mil, contra os R$2,3 mil pagos no estado de São Paulo. “Os trabalhadores pagam com seus empregos pela queda das exportações”, diz Luiz Carlos Prates, presidente do sindicato dos metalúrgicos de São José. Pontos para Discussão 12.1. Na sua opinião, qual o motivo principal para a dificuldade da GM em se firmar no Brasil? 12.2. Até que ponto as denúncias podem afetar a credibilidade da marca? 12.3. Cite alguns motivos a que se deve a fraca produção da GM em relação às concorrentes. 23 CAPÍTULO IV TEORIA DAS RELAÇÓES HUMANAS Objetivos deste Capítulo Identificar as origens e o contexto no qual surgiu a Teoria das Re/ações Humanas, deslocando a ênfase na estrutura e nas tarefas para a ênfase nas pessoas. • Mostrar a Experiência de Hawthorne e suas conclusões. • Mostrar a preocupação psicológica e sociológica quanto à influência massificante da civilização industrial sobre o ser humano e o papel da Administração nesse aspecto. • Identificar a concepção de Administração a partir de uma nova concepção da natureza do ser humano: o homem social. Teoria das Relações Humanas (ou Escola Humanística da Administração) surgiu nos Estados Unidos, como conseqüência das conclusões da Experiência de Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e colaboradores. Foi um movimento de reação e oposição à Teoria Clássica da Administração. A Teoria Clássica pretendera desenvolver uma nova filosofia empresarial, uma civilização industrial, na qual a tecnologia e o método de trabalho constituem as preocupações básicas do administrador. Todavia, apesar da hegemonia da Teoria Clássica e do fato de não ter sido questionada por nenhuma outra teoria administrativa durante as quatro primeiras décadas do século XX, seus princípios nem sempre foram pacificamente aceitos. Em um país democrático, como os Estados Unidos, os trabalhadores e sindicatos passaram a visualizar e interpretar a Administração Científica como um meio sofisticado de exploração de empregados a favor dos interesses patronais. A Pesquisa de Hoxie’ foi um alerta à autocracia do sistema de Taylor. Verificou-se que a Administração se baseava em princípios inadequados ao estilo democrático de vida americano. Assim, a Teoria das Relações Humanas nasceu da necessidade de corrigir a tendência à desumanização do trabalho com a aplicação de métodos científicos e precisos. Origens da Teoria das Relações Humanas A Teoria das Relações Humanas tem suas origens nos seguintes fatos: 1. A necessidade de se humanizar e democratizar a Administração, libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica e adequando-a aos novos padrões de vida do povo americano. Nesse sentido, a Teoria das Relações Humanas se revelou um movimento tipicamente americano e voltado para a democratização dos conceitos administrativos. 2. O desenvolvimento das ciências humanas, principalmente a psicologia, bem como sua crescente influência intelectual e suas primeiras aplicações à organização industrial. As ciências humanas vieram demonstrar a inadequação dos princípios da Teoria Clássica. 3. As idéias da filosofia pragmática de John Dewey e da Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin foram fundamentais para o humanismo na Administração. Elton Mayo é o fundador da escola DeWL’y e Lewin também contribuíram para sua concepção. A sociologia de Pareto foi fundamental. 4. As conclusões da Experiência de Hawthorne, realizada entre 1927 e 1932, sob a coordenação de coordenação de Mayo, que puseram em xeque os principais postulados da Teoria Clássica da Administração. A Experiência de Hawthorne Em 1924, a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos fez uma pesquisa para verificar a correlação entre produtividade e iluminação do local de trabalho, dentro dos pressupostos da Administração Científica. Pouco antes, Mayo conduzira uma pesquisa em uma indústria têxtil com elevadíssima ro- tatividade de pessoal ao redor de 250% ao ano e que havia tentado inutilmente vários esquemas de incentivos salariais. Mayo introduziu um intervalo de descanso, delegou aos operários a decisão sobre horários de produção e contratou uma enfermeira. Em pouco tempo, emergiu um espírito de grupo, a produção aumentou e a rotatividade do pessoal diminuiu. Em 1927, o Conselho Nacional de Pesquisas iniciou uma experiência na fábrica de Hawthorne da Western Electric Company, situada em Chicago, para avaliar a correlação entre iluminação e a eficiência dos operários, medida por meio da produção. A experiência foi coordenada por Elton Mayo e estendeu-se à fadiga, acidentes no trabalho, rotatividade do pessoal (turnover) e ao efeito das condições de trabalho sobre a produtividade do pessoal. Os pesquisadores verificaram que os resultados da experiência eram A 24 prejudicados por variáveis de natureza psicológica. Tentaram eliminar ou neutralizar o fator psicológico, então estranho e impertinente, o que fez a experiência se prolongar até 1932. A literatura a respeito da Experiência de Hawthorne é volumosa. A WestemElectric fabrica equipamentos e componentes telefônicos. Na época, desenvolvia uma política de pessoal que valorizava o bem-estar dos operários, mantendo salários satisfatórios e boas condições de trabalho. Na fábrica dê Hawthorne havia um departamento de montagem de relés de telefone, constituído de moças (montadoras) que executavam tarefas simples e repetitivas que dependiam de sua rapidez. A empresa não estava interessada em au- mentar a produção, mas em conhecer melhor seus empregados. Conclusões da Experiência de Hawthorne A Experiência de Hawthorne proporcionou o delineamento dos princípios básicos da Escola das Relações Humanas. Suas conclusões são as seguintes: a) Nível de Produção Resultante da Integração Social O nível de produção não é determinado pela capacidade física ou fisiológica do empregado (como afirmava a Teoria Clássica), mas por normas sociais e expectativas grupais. É a capacidade social do trabalhador que determina o seu nível de competência e eficiência e não sua capacidade de executar movimentos eficientes dentro do tempo estabelecido. Quanto maior a integração social no grupo de trabalho, tanto maior a disposição de produzir. Se o empregado apresenta excelentes condições físicas e fisiológicas para o trabalho e não estiver socialmente integrado, sua eficiência sofrerá a influência de seu desajuste social. b) Comportamento Social dos Empregados O comportamento do indivíduo se apóia totalmente no grupo. Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros de grupos. A qualquer desvio das normas grupais, o trabalhador sofre punições sociais ou morais dos colegas, no intuito de se ajustar aos padrões do grupo. Enquanto os padrões do grupo permanecerem imutáveis, o indivíduo resistirá a mudanças para não se afastar deles. Isso significa que a administração não pode tratar os empregados, um a um, como se fossem átomos isolados. Precisa sim tratá-los como membros de grupos e sujeitos às influências sociais desses grupos. Os trabalhadores não reagem à administração, a suas decisões, normas, recompensas e punições como indivíduos isolados, mas como membros de grupos sociais e cujas atitudes são influenciadas por códigos de conduta grupais. É a teoria do controle social sobre o comportamento individual. A amizade e agrupamento social dos trabalhadores devem ser considerados aspectos relevantes para a Administração. A Teoria das Relações Humanas contrapõe o comportamento social do empregado ao comportamento do tipo máquina proposto pela Teoria Clássica, baseado na concepção atomística do homem. c) Recompensas e Sanções Sociais O comportamento dos trabalhadores está condicionado a normas e padrões sociais. Os operários que produziram acima ou abaixo da norma socialmente determinada perderam o respeito e consideração dos colegas. Os operários preferiram produzir menos — e ganhar menos — a pôr em risco suas relações amistosas com os colegas. Cada grupo social desenvolve crenças e expectativas com relação à Administração. Essas crenças e expectativas — sejam reais ou imaginárias — influem nas atitudes e nas normas e padrões de comportamento que o grupo define como aceitáveis. As pessoas são avaliadas pelo grupo em relação a essas normas e padrões de comportamento: são bons colegas se seu comportamento se ajusta a suas normas e padrões de comportamento ou são péssimos colegas se o comportamento se afasta delas. Os precursores da Administração Cientifica, baseados no conceito do homo economicus, pelo qual o homem é motivado e incentivado por estímulos salariais, elaboravam planos de incentivo salarial, para elevar a eficiência e baixar os custos operacionais. Para a Teoria das Relações Humanas, a motivação econômica é secundária na determinação do rendimento do trabalhador. Para ela, as pessoas são motivadas pela necessidade de “reconhecimento”, de “aprovação social” e “participação” nas atividades dos grupos sociais nos quais convivem. Daí o conceito de homem social. d) Grupos Informais Enquanto os clássicos se preocupavam com aspectos formais da organização (como autoridade, responsabilidade, especialização, estudos de tempos e movimentos, princípios gerais de Administração, departamentalização etc.), os autores humanistas se concentravam nos aspectos informais da organização (como grupos informais, comportamento social dos empregados, crenças, atitude e expectativa, motivação etc.). A empresa passou a ser visualizada como uma organização social composta de grupos sociais informais, cuja estrutura nem sempre coincide com a organização formal da empresa, ou seja, com os propósitos definidos pela empresa. Os grupos informais constituem a organização humana da empresa, muitas vezes em contraposição à organização formal estabelecida pela direção. Os grupos informais 25 definem suas regras de comportamento, formas de recompensas ou sanções sociais, objetivos, escala de valores sociais, crenças e expectativas que cada participante vai assimilando e integrando em suas atitudes e comportamento. e) Relações Humanas No local de trabalho, as pessoas participam de grupos sociais dentro da organização e mantêm-se em uma constante interação social. Para explicar o comportamento humano nas organizações, a Teoria das Relações Humanas passou a estudar essa interação social. As relações humanas são as ações e atitudes desenvolvidas a partir dos contatos entre pessoas e grupos. Cada pessoa possui uma personalidade própria e diferenciada que influi no comportamento e atitudes das outras com quem mantém contatos e é, por outro lado, igualmente influenciada pelas outras. As pessoas procuram ajustar-se às demais pessoas e grupos: querem ser compreendidas, aceitas e participar, no intuito de atender a seus interesses e aspirações pessoais. O comportamento humano é influenciado pelas atitudes e normas informais existentes nos grupos dos quais participa. É dentro da organização que surgem as oportunidades de relações humanas, devido ao grande número de grupos e interações resultantes. A compreensão das relações humanas permite ao administrador melhores resultados de seus subordinados e a criação de uma atmosfera na qual cada pessoa é encorajada a exprimir-se de forma livre e sadia. f) Importância do Conteúdo do Cargo A especialização não é a maneira mais eficiente de divisão do trabalho. Embora não tenham se preocupado com este aspecto, Mayo e seus colaboradores verificaram que a especialização proposta pela Teoria Clássica não cria a organização mais eficiente. Observaram que os operários trocavam de posição para variar e evitar a monotonia, contrariando a política da empresa. Essas trocas provocavam efeitos negativos na produção, mas elevavam o moral do grupo. O conteúdo e a natureza do trabalho têm influência sobre o moral do trabalhador. Trabalhos simples e repetitivos tornam-se monótonos e maçantes afetando negativamente a atitude do trabalhador e reduzindo a sua satisfação e eficiência. g) Ênfase nos Aspectos Emocionais Os elementos emocionais não planejados e irracionais do comportamento humano merecem atenção especial da Teoria das Relações Humanas. Daí a denominação de sociólogos da organização aos autores humanistas. A Civilização Industrializada e o Homem A Teoria das Relações Humanas mostra o esmagamento do homem pelo impetuoso desenvolvimento da civilização industrializada. Elton Mayo, o fundador do movimento, dedicou três livros aos problemas humanos, sociais e políticos decorrentes da civilização baseada na industrialização e na tecnologia. Enquanto a eficiência material aumentou vigorosamente nos últimos 200 anos, a capacidade humana para o trabalho coletivo não manteve esse ritmo de desenvolvimento. Com base nos sociólogos Le Play e Durkheim, cujas observações nas comunidades mais simples demonstraram que o progressoindustrial provocou um desgaste no sentimento espontâneo de cooperação, Mayo afirma que a cooperação não pode ser encontrada pelo simples retorno às formas tradicionais de organização. Deve haver uma nova concepção das relações humanas no trabalho. A colaboração na sociedade industrializada não pode ser entregue ao acaso, enquanto se cuida apenas dos aspectos materiais e tecnológicos do progresso humano. Os métodos de trabalho visam à eficiência e não à cooperação. A cooperação humana não é o resultado das determinações legais ou da lógica organizacional. Mayo defende os seguintes pontos de vista: 1. O trabalho é uma atividade tipicamente grupal. A conclusão é a de que o nível de produção é influenciado mais pelas normas do grupo do que pelos incentivos salariais e materiais de produção. A atitude do empregado diante do trabalho e a natureza do grupo social do qual ele participa são os fatores decisivos da produtividade. 2. O operário não reage como indivíduo isolado, mas como membro de uni grupo social. As mudanças tecnológicas tendem a romper os laços informais de camaradagem e de amizade dentro do trabalho e a privar o operário do espírito gregário. 3. A tarefa básica da Administração é formar uma elite capaz de compreender e de comunicar, com chefes democráticos, persuasivos e simpáticos a todo o pessoal. Em vez de se tentar fazer os empregados compreenderem a lógica da administração da empresa, a nova elite de administradores deve perceber as limitações dessa lógica e entender a lógica dos trabalhadores. Para Mayo, “já passamos do estágio de organização humana em que a comunicação e a colaboração eram asseguradas pelas rotinas estabelecidas. A sociedade civilizada alterou seus postulados”. 26 Passamos de uma sociedade estável para uma sociedade adaptável, mas negligenciamos a habilidade social. Nossa capacidade de colaborar com os outros está se deteriorando. “Somos tecnicamente competentes como nenhuma outra idade na História o foi, e combinamos isto com uma total incompetência social”.É necessária a formação de uma elite social capaz de recobrar a cooperação. 4. O ser humano é motivado pela necessidade de “estar junto”, de “ser reconhecido”, de receber adequada comunicação. Mayo se contrapõe à afirmação de Taylor de que a motivação básica do empregado era salarial (homo economicus), a fim de usufruir uma remuneração mais elevada. Para Mayo, a organização eficiente, por si só, não leva à maior produção, pois ela é incapaz de elevar a produtividade se as necessidades psicológicas do trabalhador não forem descobertas, localizadas e satisfeitas. Lodi explica as diferentes posições de Taylor e de Mayo, pelo fato de o primeiro haver subido na empresa por meio de um trabalho árduo e dedicado, acreditando que todos os empregados eram movidos como ele, enquanto o segundo era um sociólogo, vivendo no meio universitário e penalizado com as condições dos operários de seu tempo e com a pouca possibilidade de satisfação de suas necessidades psicológicas e sociais. 5. A civilização industrializada traz como conseqüência a desintegração dos grupos primários da sociedade, como a família, os grupos informais e a religião, enquanto a fábrica surgirá como uma nova unidade social que proporcionará um novo lar, um local de compreensão e de segurança emocional para os indivíduos. Dentro dessa visão romântica, o operário encontrará na fábrica uma administração compreensiva e paternal, capaz de satisfazer suas necessidades psicológicas e sociais. Já que os métodos convergem para a eficiência e não para a cooperação humana — e muito menos para objetivos humanos — há um conflito social na sociedade industrial: a incompatibilidade entre os objetivos organizacionais da empresa e os objetivos individuais dos empregados. Ambos nunca se deram muito bem, principalmente quando a preocupação exclusiva com a eficiência sufoca o trabalhador. O conflito social deve ser evitado a todo custo por meio de uma administração humanizada que faça um tratamento preventi- vo e profilático. As relações humanas e a cooperação constituem a chave para evitar o conflito social. Mayo não vê possibilidade de solução construtiva e positiva do conflito social. Para ele, o conflito social é o germe da destruição da própria sociedade. “O conflito é uma chaga social, a cooperação é o bem-estar social”. 27 EXERCÍCIOS: Teoria das Relações Humanas QUESTÕES 1. Quais as principais contribuições das teorias de Mary Follett e Chester Barnard, que embasaram o advento da Teoria das Relações Humanas? Elabore um texto dissertativo de 20 linhas com suas percepções. 2. As conclusões da Experiência de Hawthorne são: I. produtividade x integração social; II. comportamento social dos empregados; III. recompensas e sanções econômicas; IV. grupos informais; V. relações Humanas; VI. importância do conteúdo do cargo; VII. aspectos formais. Assinale a alternativa correta. a) I, II, V e VII estão falsas b) todas estão falsas c) I, II, IV, V estão corretos d) todas estão incorretas 3. A teoria mais conhecida que explica a liderança por meio de estilo de comportamentos refere-se a três estilos: autoritária, liberal e democrática (White e Lippitt). Associe-as: (A) Autocratica – (B) Democratico – (C) Liberal ( ) Ênfase no líder e nos subordinados. As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder. O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para atingir o alvo. ( ) Ênfase nos subordinados. Há liberdade completa para as decisões grupais ou individuais, com participação mínima do líder. ( ) A ênfase é centrada no líder. Ele fixa as diretrizes, sem nenhuma participação do grupo, determina providências e as técnicas para a execução das tarefas. 4. De acordo com o conteúdo desta aula, relacione os aspectos de motivação, liderança, comunicação e de grupo informal com os quais a empresa em que você trabalha (ou alguma do seu conhecimento) utiliza/aplica. 5. Entre as críticas feitas à Teoria das Relações Humanas, NÃO podemos apontar: (A) extremo racionalismo e pragmatismo na concepção da administração. (B) concepção ingênua e romântica do operário. (C) limitação do campo experimental. (D) parcialidade das conclusões e ênfase nos grupos informais. (E) inadequada visualização dos problemas das relações industriais. 6. A produção em escala se diferencia da produção artesanal em inúmeros aspectos. Quando se observa o indivíduo nesse contexto, conclui-se que as características associadas principalmente à produção em escala são: (A) a especialização do indivíduo, a visão sistêmica, a máxima produtividade e o comprometimento. (B) a especialização do trabalho, a máxima produtividade, a visão sistêmica e o padrão de produção. (C) a divisão do trabalho, a especialização do indivíduo, o padrão de produção e a alienação do processo. (D) o planejamento estratégico, a divisão do trabalho, o tempo padrão e a visão contingencial. (E) o padrão de produção, a motivação, a divisão do trabalho e a alienação do processo. 7. Ao implementar um programa de avaliação organizacional, o gerente de Recursos Humanos da Empresa KLJ optou por um questionário que privilegiasse um conjunto de necessidades, a fim de poder identificar aspectos que deveriam ser implementados para a melhoria da motivação de seu pessoal. Assim, levou em consideração as seguintes necessidades: I − básicas; II − sociais; III − salariais; IV − de segurança; V − de desenvolvimento; 28 VI − de status; VII − de auto-realização; VIII − de auto-avaliação. Para uma boa avaliação comportamental, segundo o modelo de Maslow, deverão ser contempladas no instrumento apenas as necessidades: (A) I, II, IV, VI e VII (B) I, II, V, VI e VIII(C) I, III, IV, V e VIII (D) II, III, IV, VI e VII (E) II, III, V, VII e VIII 8. CASO 2: Romeu Santos – A influência do clima organizacional sobre os empregados Romeu Santos é Gerente Sênior de Produção de uma grande multinacional do setor automotivo. Graduado em Engenharia de Produção em uma das melhores universidades do Brasil e cursando MBA no exterior. Com apenas 30 anos, Romeu tem um futuro brilhante pela frente. Adaptado e com excelentes perspectivas em sua empresa atual, que possui uma estrutura hierárquica vertical em altos níveis e uma cultura formal, cheia de pragmatismos herdados de sua matriz no exterior, Romeu dificilmente tem contatos com as outras áreas da empresa e diariamente está focado nas rotinas e processos de sua área. Certo dia, Romeu foi procurado por um Head Hunter (profissional que contrata mão-de-obra especializada no mercado) e recebeu uma bela e desafiadora proposta para ocupar um cargo de executivo em uma empresa de consultoria de pequeno porte, consolidada no mercado e com um crescimento fantástico de 35% no último ano. Romeu, além de participar da gestão da empresa juntamente com os outros 4 diretores, também realizará projetos de organização e estruturação da cadeia de suprimentos para grandes empresas, onde poderá aplicar alguns conhecimentos que adquiriu em sua carreira. Com a oferta de um salário que era quase o dobro do seu atual, Romeu não titubeou e aceitou o desafio. Em seu novo trabalho, Romeu se deparou com uma rotina totalmente oposta a de seu emprego anterior. Ele jamais tinha uma semana igual a outra, chegava a atender dois clientes em regiões diferentes do país na mesma semana e não havia processos padronizados, nem uma rotina preestabelecida. Internamente, tinha contato com diferentes áreas da empresa, que possuía uma comunicação informal e um baixo nível de hierarquização. Assim, os diretores tinham contato direto com gerentes das áreas internas ( Marketing, RH, Financeiro e Comercial) e com os diferentes níveis de consultores (Gerentes, Consultor Sênior e Consultor Junior). Mensalmente todos os funcionários se reuniam em algum local externo para comunicação dos resultados, dinâmicas de grupo e diversas atividades coletivas. Passado um ano, Romeu ficou preocupado. Seu desempenho ficou aquém do esperado, pois ficava muito tempo esperando as orientações dos seus superiores. Essas orientações nunca vieram. Apesar de possuir um conhecimento técnico excepcional, ele não conseguia atender satisfatoriamente aos clientes, seus projetos apresentavam resultados abaixo do esperado e ao mesmo tempo, internamente, Romeu não tinha uma relação boa com as demais pessoas da empresa. Aconteceu o que ele temia: Romeu foi comunicado de seu desligamento da empresa pelos demais diretores. PONTOS PARA DISCUSSÃO: 8.1. Que fatores influenciaram na demissão de Romeu? 8.2. Romeu é um profissional ruim? 8.3. A quem você atribui o insucesso de Romeu, à empresa ou a ele próprio? 8.4. Que competências de Romeu você ressaltaria? 8.5. Baseado nas competências citadas acima, em qual tipo de empresa você acha que Romeu deve procurar um novo emprego? E em quais competências Romeu deve se desenvolver? 9. CASO 3: Google – A melhor empresa do mundo para se trabalhar Com um faturamento de US$120 bilhões e quase 6.000 funcionários, a Google tornou-se um fenômeno nos negócios, graças ao seu sistema de busca na web. Entretanto, só conseguiu atingir a excelência através da busca pelo talento, o principal desafio de todas as empresas do planeta. Para atrair profissionais de primeira linha, descobriu que não bastava oferecer altos salários. Precisou (e conseguiu) se transformar na melhor empresa para se trabalhar. Nenhuma outra empresa oferece tantos benefícios e se preocupa com o bem-estar de seus empregados como a Google. O primeiro segredo da Google foi oferecer condições únicas para as pessoas desenvolverem seus talentos e serem criativas: “O mais importante é que as pessoas estão muito entusiasmadas com o que elas fazem” disse um dos criadores Sergei Brin à revista Época. A segunda diferença da Google está na liberdade dos 29 funcionários. Além de dar todas as facilidades materiais para o bem-estar de seus empregados, a Google utiliza técnicas de gestão arrojadas para incentivar a criatividade. Cada profissional tem 20% do tempo livre para se dedicar a um projeto de sua predileção, “Se você tem uma paixão e ela é boa para a empresa, pode trabalhar um dia por semana só nisso” disse Larry Page, o outro sócio da empresa. Foi assim que nasceram novos produtos como o orkut. O terceiro segredo é o incentivo ao trabalho em conjunto, mas apenas grupos de no máximo cinco pessoas, o que mantém o clima de iniciante, em que as pessoas trabalham em pequenas equipes ou sozinhas. MÁQUINA DE CONTRATAÇÕES 2003 - 500 2004 - 2.500 2005 - 5.000 Nos últimos três anos, o quadro de funcionários do Google se multiplicou por dez. TUDO POR UMA VAGA 150.000 currículos todo mês 9 funcionários são contratados por dia, no mundo 5.000 é o total de empregados que a empresa tem atualmente. VANTAGENS INÉDITAS Os funcionários do Google têm uma série de benefícios que outras companhias não oferecem Refeições gratuitas Viagens de um dia para esquiar Médico e dentista de plantão na sede da empresa Lavanderia e secagem de roupa grátis Transporte livre para algumas localidades próximas à sede Os engenheiros têm 20% do tempo livre para se dedicar a projetos pessoais Área para que os funcionários deixem seus cachorros Aula de meditação Fatores como os citados anteriormente fizeram da Google um imã para os grandes talentos de engenharia e ciência da computação dos Estados Unidos e do mundo. Garantir um emprego na Google é tarefa para os melhores profissionais do mercado. Crise no modelo de trabalho na sede brasileira. O modelo da matriz americana está sendo repassado para o Brasil, entretanto, a rotina de trabalho liberal virou assunto de reuniões na sede de São Paulo. Alguns chefes se sentem incomodados com os funcionários que jogam frescobol no meio do expediente, mas não têm autoridade para pedir que voltem ao trabalho. “Há executivos que vêm de companhias sisudas e têm problemas de adaptação”, tanto que a empresa está refinando seu processo de seleção. “Cada vez mais procuramos por um profissional informal e com um ótimo currículo”. Afirmou Alexandre Hohagen à revista Exame PONTOS PARA DISCUSSÃO: 9.1. Por que a Google é considerada a melhor empresa do mundo para se trabalhar? 9.2. Você acredita que o modelo de gestão da Google exerce influência na motivação? 9.3. Em sua opinião, existem limites para o clima de informalidade da empresa? 9.4. Por que a empresa está tendo dificuldades para implementar o modelo no Brasil? 30 CAPÍTULO V DECORRÊNCIAS DA TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS Com o surgimento da Teoria das Relações Humanas uma nova linguagem passa a dominar o repertório administrativo: fala-se em motivação, liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de grupo etc. Os conceitos clássicos de autoridade, hierarquia, racionalização do trabalho, departamentaliza- ção, princípios gerais de Administração etc. passam a ser contestados. Começa a ser explorado o reverso da medalha. O engenheiro e o técnico dão lugar ao psicólogo e ao sociólogo. O método e a máquina dão à dinâmica de grupo. A felicidade humana passa a ser vista sob um ângulo diferente. O homo economicus dá lugar ao homem social. Essa revolução na Administração ocorreu nos prenúncios da Segunda Guerra Mundial, ressaltando o caráter democrático da Administração. A ênfase nas tarefas e na estrutura dá lugar à ênfase nas pessoas. Com a Teoriadas Relações Humanas, surge uma nova concepção sobre a natureza do homem: o homem social, que se baseia nos seguintes aspectos: 1. Os trabalhadores são criaturas sociais complexas, com sentimentos, desejos e temores. O comportamento no trabalho ou em qualquer lugar é uma conseqüência de fatores motivacionais diversos. 2. As pessoas são motivadas por necessidades humanas e alcançam suas satisfações por meio dos grupos sociais com quem interagem. Dificuldades em participar e em se relacionar com o grupo provocam elevação da rotatividade de pessoal (turnover), fadiga psicológica, redução dos níveis de desempenho etc. 3. O comportamento dos grupos sociais é influenciado pelo estilo de supervisão e liderança. O supervisor eficaz é aquele que possui habilidade para influenciar seus subordinados, obtendo lealdade, padrões elevados de desempenho e alto compromisso com os objetivos da organização. 4. As normas sociais do grupo funcionam como mecanismos reguladores do comportamento dos membros. Os níveis de produção são controlados informalmente pelas normas do grupo. Esse controle social adota tanto sanções positivas (estímulos, aceitação social etc.) como negativas (gozações, esfriamento por parte do grupo, sanções simbólicas etc.). Influência da Motivação Humana A motivação procura explicar por que as pessoas se comportam. A Administração Cientifica era baseada na concepção do homo economicus, ou seja, o comportamento do homem é motivado exclusivamente pela busca do dinheiro e pelas recompensas salariais e materiais do trabalho. A Experiência de Hawthorne demonstrou que o pagamento ou recompensa salarial, mesmo que em bases justas ou generosas, não é o único fator decisivo na satisfação do trabalhador dentro da situação de trabalho. Mayo e sua equipe chamaram a atenção para uma nova teoria da motivação oposta à do homo economicus: o ser humano é motivado, não por estímulos econômicos e salariais, mas por recompensas sociais, simbólicas e não materiais. A partir dessas afirmações, as empresas americanas tomaram consciência de um terrível paradoxo: “o trabalhador americano vem sendo cada vez mais valorizado pelo seu nível de educação e por seu salário; ao mesmo tempo, vão se degradando as suas funções, pela extensão e intensificação da automação e por uma organização cada vez mais precisa e detalhada. As conseqüências são: no plano individual, o desestímulo à produtividade devido à crise de motivações e o subemprego do capital humano; e no plano político, o mal-estar de hoje e talvez a revolta de amanhã”. Com a Teoria das Relações Humanas passou-se a estudar a influência da motivação no comportamento das pessoas. Necessidades Humanas Básicas A compreensão da motivação do comportamento supõe o conhecimento das necessidades humanas. A Teoria das Relações Humanas constatou a existência das necessidades humanas básicas. O comportamento humano é determinado por causas que, às vezes, escapam ao próprio entendimento e controle do homem. Essas causas se chamam necessidades ou motivos, que são forças conscientes ou inconscientes que levam o indivíduo a um determinado comportamento. A motivação se refere ao comportamento que é causado por necessidades dentro do indivíduo e que é dirigido em direção aos objetivos que podem satisfazer essas necessidades. O homem é considerado um animal dotado de necessidades que se alternam ou se sucedem conjunta ou isoladamente. Satisfeita uma necessidade, surge outra em seu lugar e, assim por diante. As ne- 31 cessidades motivam o comportamento humano dando-lhe direção e conteúdo. Ao longo da vida, o homem evolui por três níveis ou estágios de motivação: à medida que cresce e amadurece, vai ultrapassando os estágios mais baixos e desenvolvendo necessidades de níveis mais elevados. As diferenças individuais influem na duração, intensidade e possível fixação em cada um desses estágios. Os três níveis ou estágios de motivação correspondem às necessidades fisiológicas, psicológicas e de auto-realização. a) Necessidades Fisiológicas São as necessidades primárias, vitais ou vegetativas, relacionadas com a sobrevivência do indivíduo. São inatas e instintivas. Situadas no nível mais baixo, as necessidades fisiológicas são também comuns aos animais. Exigem satisfação periódica e cíclica. As principais necessidades fisiológicas são: alimentação, sono, atividade física, satisfação sexual, abrigo e proteção e de segurança física contra os perigos. Se um indivíduo tem fome, procura alimento; mas quando come regularmente, a fome deixa de ser uma motivação importante. As necessidades fisiológicas podem ser satisfeitas por antecipação, sem mesmo atuarem sobre o comportamento humano. A Experiência de Hawthorne revelou que a Western Electric desenvolvia uma política com relação ao seu pessoal que atendia às necessidades básicas dos empregados. Uma vez satisfeitas essas necessidades, elas passaram a não mais influenciar o comportamento dos mesmos. Assim, o comporta- mento passou a ser motivado por outras necessidades mais complexas: as necessidades psicológicas. b) Necessidades Psicológicas São necessidades secundárias e exclusivas do homem, aprendidas e adquiridas no decorrer da vida e representam um padrão mais elevado e complexo de necessidades. Raramente são satisfeitas em sua plenitude. O homem sempre procura maiores satisfações dessas necessidades, que gradativamente vão se desenvolvendo e se sofisticando. As principais necessidades psicológicas são as seguintes: 1. Necessidade de segurança íntima. Leva o indivíduo à autodefesa, procura de proteção contra o perigo, ameaça ou privação. Conduz a uma busca incessante de ajustamento e tranqüilidade pessoal em direção a uma situação segura para o indivíduo. 2. Necessidades de participação. É a necessidade de fazer parte, de ter contato humano, de participar conjuntamente com outras pessoas de alguma coisa ou empreendimento. Foi bastante analisada por Mayo na explicação do comportamento em grupo. A aprovação social, o reconhecimento do grupo, a necessidade de calor humano, de fazer parte de um grupo, de dar e receber amizade são necessidades que levam o homem a viver em grupo e socializar-se. Dentro do grupo social existem a simpatia (que leva à coesão social) e a antipatia (que leva à dispersão social), dependendo da maneira como esta necessidade é satisfeita ou não. 3. Necessidade de autoconfiança. É decorrente da auto-avaliação e auto-apreciação do indivíduo. Refere-se à maneira pela qual cada pessoa se vê e se avalia, ao auto-respeito e à consideração que tem para consigo mesmo. 4. Necessidade de afeição. É a necessidade de dar e receber afeto, amor e carinho. c) Necessidades de Auto-realização São as necessidades mais elevadas e decorrentes da educação e da cultura da pessoa. Raramente são satisfeitas em sua plenitude, pois o homem vai procurando maiores satisfações e estabelecendo metas cada vez mais sofisticadas. É o impulso de realizar o próprio potencial, de estar em contínuo autodesenvolvimento. Ciclo Motivacional A partir da Teoria das Relações Humanas, todas as teorias psicológicas a respeito da motivação humana passaram a ser aplicadas nas organizações. O comportamento humano é motivado. A motivação é a tensão persistente que leva o indivíduo a alguma forma de comportamento visando à satisfação de uma ou mais necessidades. Daí o conceito de ciclo motivacional: o organismo humano permanece em estado de equilíbrio psicológico (equilíbrio de forças psicológicas), até que um estímulo o rompa e crie uma necessidade. Essa necessidade provoca um estado de tensão em substituição ao estado de equilíbrio anterior. A tensão conduz a um comportamento ou ação para chegar a algumaforma de satisfação da necessidade. Se a necessidade é satisfeita, o organismo retorna a seu estado de equilíbrio inicial, até que outro estímulo sobrevenha. Toda satisfação é basicamente uma liberação de tensão ou descarga tensional que permite o retorno ao equilíbrio anterior. Frustração e Compensação 32 A satisfação das necessidades nem sempre é plenamente alcançada. Pode existir uma barreira ou obstáculo que impeça a satisfação da necessidade. Toda vez que a satisfação é bloqueada por uma barreira, ocorre a frustração. A frustração impede que a tensão existente seja liberada e mantém o estado de desequilíbrio e tensão. Além da satisfação ou frustração da necessidade, o ciclo motivacional, pode ter outra solução: a compensação ou transferência, que ocorre quando o indivíduo tenta satisfazer uma necessidade impossível de ser satisfeita através da satisfação de uma outra necessidade complementar ou substitutiva. Assim, a satisfação de outra necessidade aplaca a necessidade mais importante e reduz ou evita a frustração. Dessa forma, as necessidades humanas podem ser satisfeitas, frustradas ou compensadas. As necessidades fisiológicas quase não têm compensações ou substitutos: a fome só é satisfeita com o alimento, a sede com a ingestão de líquidos. As necessidades psicológicas e de auto-realização en- volvem objetivos mais flexíveis e permitem transferências e compensações. A necessidade de prestígio, por exemplo, pode ser satisfeita pela preeminência social, pelo sucesso profissional, pelo poder do dinheiro ou ainda pela conduta atlética. Toda necessidade não satisfeita é motivadora de comportamento. Quando uma necessidade não é satisfeita dentro de algum tempo razoável, ela passa a ser um motivo frustrado. A frustração pode levar a certas reações comportamentais, a saber: a) Desorganização do comportamento. A conduta da pessoa frustrada pode se tomar repentinamente ilógica e sem explicação aparente. b) Agressividade. A pessoa frustrada pode tornar-se agressiva. A liberação da tensão acumulada pode acontecer por meio de agressividade física, verbal, simbólica, etc. c) Reações emocionais. A tensão retida pela não satisfação da necessidade pode provocar formas de reação, como ansiedade, aflição, estados de intenso nervosismo, insônia, distúrbios circulatórios, digestivos etc. d) Alienação e apatia. O desagrado pela não satisfação da necessidade pode ocasionar reações de alienação de apatia e desinteresse pelo alcance dos objetivos frustrados como mecanismo inconsciente de defesa do ego. Liderança - Conceito de Liderança A liderança é necessária em todos os tipos de organização humana, principalmente nas empresas e em cada um de seus departamentos. É essencial em todas as funções da Administração, pois o administrador precisa conhecer a natureza humana e saber conduzir as pessoas, isto é, liderar. A liderança pode ser visualizada sob diversos ângulos, a saber: 1. Liderança como um fenômeno de influência interpessoal: Liderança é a influência interpessoal exercida numa situação e dirigida por meio do processo da comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos. É um fenômeno social que ocorre exclusivamente nos grupos sociais. É decorrente dos relacionamentos entre as pessoas em uma determinada estrutura social. Nada tem a ver com os traços pessoais de personalidade do líder. Influência é uma força psicológica, uma transação interpessoal na qual uma pessoa age de modo a modificar o comportamento de outra, de algum modo intencional. A influência envolve conceitos como poder e autoridade, abrangendo maneiras pelas quais se provocam mudanças no comportamento de pessoas ou de grupos sociais. O controle representa as tentativas de influência bem-sucedidas, isto é, que produzem as conseqüências desejadas pelo agente influenciador. O poder é o potencial de influência de uma pessoa sobre outras; é a capacidade de exercer influência, embora isto não signifique que essa influência seja realmente exercida. O poder é potencial influencial que pode ou não ser realizado. A autoridade é o poder legítimo, isto é, o poder que tem uma pessoa em virtude do seu papel ou posição em uma estrutura organizacional. E, portanto, o poder legal e socialmente aceito. 2. Liderança como um processo de redução da incerteza de um grupo: O grau em que um indivíduo demonstra qualidade de liderança depende não só de suas próprias características pessoais, mas também das características da situação em que se encontra. Liderança é um processo contínuo de escolha que permite à empresa caminhar em direção a sua meta, apesar de todas as perturbações internas e externas. O grupo tende a escolher como líder a pessoa que pode lhe dar maior assistência e orientação (que escolha ou ajude o grupo a escolher os rumos e as melhores soluções para seus problemas) para que alcance seus objetivos. A liderança é uma questão de redução da incerteza do grupo. O comportamento pelo qual se consegue essa redução é a escolha, isto é, a tomada de decisão. Nesse sentido, o líder é um tomador de decisões ou aquele que ajuda o grupo a tomar decisões adequadas. 33 3. Liderança como uma relação funcional entre líder e subordinados: Liderança é uma função das necessidades existentes em uma determinada situação e consiste em uma relação entre um indivíduo e um grupo. A relação entre líder e subordinados repousa em três generalizações, a saber: a) A vida, para cada pessoa, pode ser vista como uma contínua luta para satisfazer necessidades, aliviar tensões e manter equilíbrio. b) A maior parte das necessidades individuais é satisfeita por meio de relações com outros indivíduos ou grupos sociais. c) Para qualquer indivíduo, o processo de usar relações com outros indivíduos é um processo ativo — e não passivo — de satisfazer necessidades. O indivíduo não espera passivamente que a relação capaz de proporcionar-lhe os meios de satisfazer uma necessidade ocorra naturalmente, mas procura os relacionamentos adequados para tanto ou utiliza aqueles relacionamentos que já existem com o propósito de satisfazer suas necessidades pessoais. Esse conceito repousa em uma relação funcional em que um líder é percebido por um grupo como o possuidor ou o controlador dos meios para a satisfação de suas necessidades. Assim, segui-lo pode constituir para o grupo um meio para aumentar a satisfação de suas necessidades ou de evitar sua diminuição. O líder surge como um meio para a consecução dos objetivos desejados por um grupo. Assim, o líder é um estrategista que sabe indicar os rumos para as pessoas. 4. Liderança como um processo em função do Líder, dos seguidores e de variáveis da situação: Liderança é o processo de exercer influência sobre pessoas ou grupos nos esforços para realização de objetivos em uma determinada situação. A liderança depende de variáveis no líder, nos subordinados e na situação. A liderança existe em função das necessidades existentes em determinada situação. Trata-se de uma abordagem situacional. A liderança depende da conjugação de características pessoais do líder, dos subordinados e da situação que os envolve, O líder é a pessoa que sabe conjugar e ajustar todas essas características. Não há um tipo único e exclusivo para cada situação. Teorias sobre Liderança a) Teorias sobre Estilos de Liderança Estudam a liderança em termos de estilos de comportamento do líder em relação aos seus subordinados. As maneiras pelas quais o líder orienta sua conduta. Enquanto a abordagem dos traços se refere àquilo que o líder é, a abordagem dos estilos de liderança se refere àquilo que o líder faz, isto é, seu estilo de comportamento para liderar.A teoria mais conhecida que explica a liderança por meio de estilos de comportamento, sem se preocupar com características pessoais de personalidade do líder refere-se a três estilos de liderança: autoritária, liberal e democrática. White e Lippitt fizeram uma pesquisa para analisar o impacto provocado por três diferentes estilos de liderança em meninos orientados para a execução de tarefas. Os meninos foram divididos em quatro grupos. A cada seis semanas a direção de cada grupo era desenvolvida por líderes que utilizavam três estilos diferentes: a liderança autocrática, a liderança liberal (laissez-faire) e a liderança democrática. • Liderança autocrática: O líder centraliza as decisões e impõe suas ordens ao grupo. O comportamento dos grupos mostrou forte tensão, frustração e agressividade, de um lado, e, de outro, nenhuma espontaneidade, nem iniciativa, nem formação de grupos de amizade. Embora aparentemente gostassem das tarefas, não demonstraram satisfação com relação à situação. O trabalho somente se desenvolvia com a presença física do líder. Quando este se ausentava, as atividades paravam e os grupos expandiam seus sentimentos reprimidos, chegando a explosões de indisciplina e de agressividade. • Liderança liberal: O líder delega totalmente as decisões ao grupo e deixa-o totalmente à vontade e sem controle algum. Embora a atividade dos grupos fosse intensa, a produção foi medíocre. As tarefas se desenvolviam ao acaso, com muitas oscilações, perdendo-se tempo com discussões voltadas para motivos pessoais do que relacionadas com o trabalho em si. Notou-se forte individualismo agressivo e pouco respeito ao líder. 34 • Liderança democrática: O líder conduz e orienta o grupo e incentiva a participação democrática das pessoas. Houve formação de grupos de amizade e de relacionamentos cordiais entre os meninos. Líder e subordinados passaram a desenvolver comunicações espontâneas, francas e cordiais. O trabalho mostrou um ritmo suave e seguro, sem alterações, mesmo quando o líder se ausentava. Houve um nítido sentido de responsabilidade e de comprometimento pessoal além de uma impressionante integração grupal, dentro de um clima de satisfação. Os grupos submetidos à liderança autocrática apresentaram a maior quantidade de trabalho produzido. Sob a liderança liberal não se saíram bem quanto à quantidade e quanto à qualidade. Com a liderança democrática, os grupos apresentaram um nível quantitativo de produção equivalente à liderança autocrática, com uma qualidade de trabalho surpreendentemente superior. Os autores fizeram ressalvas quanto a variáveis não controladas na experiência, ao fato de o comportamento juvenil ser diferente do comportamento adulto, à diferença das atividades escolares em relação às atividades empresariais, ao curto período da realização da experiência e ao fato de não utilizarem incentivos salariais. A partir dessa experiência, passou-se a pesquisar o papel da liderança democrática — compatível com o espírito americano da época — comunicativa, que encoraja a participação espontânea do empregado, que é justa e não arbitrária e que se preocupa simultaneamente com os problemas do trabalho e das pessoas. Nas pesquisas posteriormente desenvolvidas, “os grupos dirigidos democraticamente são mais eficientes pelo fato de serem, no mínimo, tão produtivos quanto os outros e também mais criativos”. Na prática, o líder utiliza os três processos de liderança, de acordo com a situação, com as pessoas e com a tarefa a ser executada. O líder tanto manda cumprir ordens, como consulta os subordinados antes de tomar uma decisão como também sugere a algum subordinado realizar determinadas tarefas. Utiliza a liderança autocrática, a democrática e a liberal. O desafio da liderança - saber quando aplicar qual processo, com quem e dentro de que circunstancia e atividades a serem desenvolvidas. Organização Informal Os conceitos fundamentais da Teoria das Relações Humanas foram expostos por Roethlisberger e Dickson que relatam detalhadamente a Experiência de Hawthorne. Verificaram que o comportamento dos indivíduos no trabalho não pode ser compreendido sem se considerar a organização informal e suas re- lações com a organização informal da fábrica. O conjunto de interações e relacionamentos que se estabelecem entre as pessoas é chamada de organização informal, em paralelo à organização formal, que é constituída pela estrutura organizacional composta de órgãos, cargos, relações funcionais, níveis hierárquicos etc. O comportamento dos grupos so- ciais está condicionado a dois tipos de organização: a organização formal ou racional e a organização informal ou natural. Existem processos sociais relacionados com a realização do objetivo da empresa e que culminam na organização formal. A organização formal é conduzida pelas práticas estabelecidas pela lei, por uma política empresarial previamente traçada, pelas especificações e padrões para atingir objetivos e que po- dem ser modificados pela empresa. A organização formal tem um caráter essencialmente lógico. Por outro lado, há processos espontâneos de evolução social que se exercem no seio de toda atividade humana organizada, sem qualquer objetivo determinado, consciente ou preciso, e que conduzem à organização informal. A organização informal concretiza-se nos usos e costumes, nas tradições, nos ideais e nas normas sociais. Traduz-se por meio de atitudes e disposições baseadas na opinião e no sentimento. São a expressão da necessidade de “associar-se” e não se modificam rapidamente e nem procedem da lógica: estão relacionadas com o senso dos valores, os estilos de vida e com as aquisições da vida social que a pessoa se esforça por preservar e pela defesa das quais está disposta a lutar e resistir. Características da Organização Informal A organização informal apresenta as seguintes características: a) Relação de coesão ou de antagonismo. As pessoas em associação com as outras, situadas em diferentes níveis de setores da empresa, criam relações pessoais de simpatia (de identificação) ou de antagonismo (de antipatia). b) Status. Os indivíduos interagem em grupos informais, dentro dos quais cada um, independentemente de sua posição na organização formal, adquire certa posição social ou status em função do seu papel e participação e integração na vida do grupo. c) Colaboração espontânea. A organização informal é um reflexo da colaboração espontânea que pode e deve ser aplicado a favor da empresa. 35 d) A possibilidade da oposição à organização informal. Quando não bem entendida ou manipulada inadequadamente, a organização informal pode se desenvolver em oposição à organização formal e em desarmonia com os objetivos da empresa. Isso resulta da inabilidade da direção em propiciar um clima adequado de boas relações humanas com o pessoal. e) Padrões de relações e atitudes. Os grupos informais desenvolvem, espontaneamente, padrões de relações e atitudes aceitos e assimilados pelas pessoas, pois traduzem os interesses e aspirações do grupo. f) Mudanças de níveis e alterações dos grupos informais. As pessoas participam de vários grupos informais em face das relações funcionais que mantêm com outras pessoas em outros níveis e setores da empresa. Os grupos informais tendem a se alterar com as modificações na organização formal. g) A organização informal transcende a organização formal. A organização informal é constituída por interações e relações espontâneas, cuja duração e natureza transcendem as interações e relações formais. Enquanto a organização formal se restringe ao local físico e ao horário de trabalho da empresa, a organização informal escapa a essas limitações. h) Padrões de desempenho nos grupos informais. Os padrões de desempenho e de trabalho estabelecidos pelo grupoinformal nem sempre correspondem aos padrões estabelecidos pela administração. Podem ser maiores ou menores, bem como podem estar em perfeita harmonia ou em completa oposição, dependendo do grau de motivação do grupo quanto aos objetivos da empresa. Enquanto a administração avalia o desempenho do pessoal por padrões que estabelece, cada indivíduo é avaliado pelo seu grupo em função dos padrões grupais. Na organização informal, o indivíduo preocupa-se com o reconhecimento e aprovação social do grupo a qual pertence. O seu ajustamento social reflete sua integração ao seu grupo. A organização informal tem sua origem na necessidade do indivíduo de conviver com os demais seres humanos. Os indivíduos, em sua associação com outros na empresa, criam relações pessoais, integram-se em grupos informais, nos quais cada pessoa adquire uma posição ou status. 36 EXERCÍCIOS: Decorrência da Teoria das Relações Humanas 1) CASO 2: Romeu Santos – A influência do clima organizacional sobre os empregados Romeu Santos é Gerente Sênior de Produção de uma grande multinacional do setor automotivo. Graduado em Engenharia de Produção em uma das melhores universidades do Brasil e cursando MBA no exterior. Com apenas 30 anos, Romeu tem um futuro brilhante pela frente. Adaptado e com excelentes perspectivas em sua empresa atual, que possui uma estrutura hierárquica vertical em altos níveis e uma cultura formal, cheia de pragmatismos herdados de sua matriz no exterior, Romeu dificilmente tem contatos com as outras áreas da empresa e diariamente está focado nas rotinas e processos de sua área. Certo dia, Romeu foi procurado por um Head Hunter (profissional que contrata mão-de-obra especializada no mercado) e recebeu uma bela e desafiadora proposta para ocupar um cargo de executivo em uma empresa de consultoria de pequeno porte, consolidada no mercado e com um crescimento fantástico de 35% no último ano. Romeu, além de participar da gestão da empresa juntamente com os outros 4 diretores, também realizará projetos de organização e estruturação da cadeia de suprimentos para grandes empresas, onde poderá aplicar alguns conhecimentos que adquiriu em sua carreira. Com a oferta de um salário que era quase o dobro do seu atual, Romeu não titubeou e aceitou o desafio. Em seu novo trabalho, Romeu se deparou com uma rotina totalmente oposta a de seu emprego anterior. Ele jamais tinha uma semana igual a outra, chegava a atender dois clientes em regiões diferentes do país na mesma semana e não havia processos padronizados, nem uma rotina preestabelecida. Internamente, tinha contato com diferentes áreas da empresa, que possuía uma comunicação informal e um baixo nível de hierarquização. Assim, os diretores tinham contato direto com gerentes das áreas internas ( Marketing, RH, Financeiro e Comercial) e com os diferentes níveis de consultores (Gerentes, Consultor Sênior e Consultor Junior). Mensalmente todos os funcionários se reuniam em algum local externo para comunicação dos resultados, dinâmicas de grupo e diversas atividades coletivas. Passado um ano, Romeu ficou preocupado. Seu desempenho ficou aquém do esperado, pois ficava muito tempo esperando as orientações dos seus superiores. Essas orientações nunca vieram. Apesar de possuir um conhecimento técnico excepcional, ele não conseguia atender satisfatoriamente aos clientes, seus projetos apresentavam resultados abaixo do esperado e ao mesmo tempo, internamente, Romeu não tinha uma relação boa com as demais pessoas da empresa. Aconteceu o que ele temia: Romeu foi comunicado de seu desligamento da empresa pelos demais diretores. PONTOS PARA DISCUSSÃO: 1.1. Que fatores influenciaram na demissão de Romeu? 1.2. Romeu é um profissional ruim? 1.3. A quem você atribui o insucesso de Romeu, à empresa ou a ele próprio? 1.4. Que competências de Romeu você ressaltaria? 1.5. Baseado nas competências citadas acima, em qual tipo de empresa você acha que Romeu deve procurar um novo emprego? E em quais competências Romeu deve se desenvolver? 2) CASO 3: Google – A melhor empresa do mundo para se trabalhar Com um faturamento de US$120 bilhões e quase 6.000 funcionários, a Google tornou-se um fenômeno nos negócios, graças ao seu sistema de busca na web. Entretanto, só conseguiu atingir a excelência através da busca pelo talento, o principal desafio de todas as empresas do planeta. Para atrair profissionais de primeira linha, descobriu que não bastava oferecer altos salários. Precisou (e conseguiu) se transformar na melhor empresa para se trabalhar. Nenhuma outra empresa oferece tantos benefícios e se preocupa com o bem-estar de seus empregados como a Google. O primeiro segredo da Google foi oferecer condições únicas para as pessoas desenvolverem seus talentos e serem criativas: “O mais importante é que as pessoas estão muito entusiasmadas com o que elas fazem” disse um dos criadores Sergei Brin à revista Época. A segunda diferença da Google está na liberdade dos funcionários. Além de dar todas as facilidades materiais para o bem-estar de seus empregados, a Google utiliza técnicas de gestão arrojadas para incentivar a criatividade. Cada profissional tem 20% do tempo livre para se dedicar a um projeto de sua predileção, “Se você tem uma paixão e ela é boa para a empresa, pode trabalhar um dia por semana só nisso” disse Larry Page, o outro sócio da empresa. Foi assim que nasceram novos produtos como o orkut. O terceiro segredo é o incentivo ao trabalho em conjunto, mas apenas grupos de no máximo cinco pessoas, o que mantém o clima de iniciante, em que as pessoas trabalham em pequenas equipes ou sozinhas. 37 MÁQUINA DE CONTRATAÇÕES 2003 - 500 2004 - 2.500 2005 - 5.000 Nos últimos três anos, o quadro de funcionários do Google se multiplicou por dez. TUDO POR UMA VAGA 150.000 currículos todo mês 9 funcionários são contratados por dia, no mundo 5.000 é o total de empregados que a empresa tem atualmente. VANTAGENS INÉDITAS Os funcionários do Google têm uma série de benefícios que outras companhias não oferecem Refeições gratuitas Viagens de um dia para esquiar Médico e dentista de plantão na sede da empresa Lavanderia e secagem de roupa grátis Transporte livre para algumas localidades próximas à sede Os engenheiros têm 20% do tempo livre para se dedicar a projetos pessoais Área para que os funcionários deixem seus cachorros Aula de meditação Fatores como os citados anteriormente fizeram da Google um imã para os grandes talentos de engenharia e ciência da computação dos Estados Unidos e do mundo. Garantir um emprego na Google é tarefa para os melhores profissionais do mercado. Crise no modelo de trabalho na sede brasileira. O modelo da matriz americana está sendo repassado para o Brasil, entretanto, a rotina de trabalho liberal virou assunto de reuniões na sede de São Paulo. Alguns chefes se sentem incomodados com os funcionários que jogam frescobol no meio do expediente, mas não têm autoridade para pedir que voltem ao trabalho. “Há executivos que vêm de companhias sisudas e têm problemas de adaptação”, tanto que a empresa está refinando seu processo de seleção. “Cada vez mais procuramos por um profissional informal e com um ótimo currículo”. Afirmou Alexandre Hohagen à revista Exame PONTOS PARA DISCUSSÃO: 2.1. Por que a Google é considerada a melhor empresa do mundo para se trabalhar? 2.2. Você acredita que o modelo de gestão da Google exerce influência na motivação? 2.3. Em sua opinião, existem limites para o clima de informalidade da empresa? 2.4. Por que a empresa está tendo dificuldades para implementar o modelo no Brasil? 38 CAPÍTULO VI TEORIA NEOCLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃOO termo Teoria Neoclássica é, na realidade, um tanto quanto exagerado. Os autores aqui abordados (Pe ter E. Drucker, Ernest Dale, Harold Koontz, Cyril O’Donnell, Michael Jucius, William Newman, Ralph Davis, George Terry, Morris Hurley, Louis Allen, sem contar os autores da escola da Administração por Objetivos), muito embora não apresentem pontos de vista divergentes, também não se preocupam em se alinhar dentro de uma organização comum. Os autores neoclássicos não formam propriamente uma escola bem definida, mas um movimento relativamente heterogêneo. A denominação teoria é melhor para o enquadramento didático e facilidade de apresentação, embora alguns autores a denominem Escola Operacional, Escola do Processo Administrativo, ou ainda Abordagem Universalista da Administração. Características da Teoria Neoclássica 1. Ênfase na prática da administração. 2. Reafirmação dos postulados clássicos. 3. Ênfase nos princípios gerais de administração. 4. Ênfase nos objetivos e nos resultados. 1. Ênfase na Prática da Administração A Teoria Neoclássica caracteriza-se por uma forte ênfase nos aspectos práticos da Administração, pelo pragmatismo e pela busca de resultados concretos e palpáveis, muito embora não se tenha descuidado dos conceitos teóricos da Administração. Os autores neoclássicos procuram desenvolver os seus conceitos de forma prática e utilizável, visando principalmente à ação administrativa. A teoria somente tem valor quando operacionalizada na prática. Quase todos os neo-clássicos referem-se a essa prática da Administração ou a essa ação administrativa, enfatizando os aspectos instrumentais da Administração. A Teoria Neoclássica representa uma enorme contribuição do espírito pragmático americano. 2. Reafirmação Relativa dos Postulados Clássicos A Teoria Neoclássica é quase como uma reação à enorme influência das ciências do comportamento no campo da Administração em detrimento dos aspectos econômicos e concretos que envolvem o comportamento das organizações. Os neoclássicos pretendem colocar as coisas em seus devidos lugares. E, para tanto, retomam grande parte do material desenvolvido pela Teoria Clássica, redimensionando-o e reestruturando-o de acordo com as contingências da época atual, dando-lhe uma configuração mais ampla e flexível. A estrutura de organização do tipo linear, funcional e linha-staff, as relações de linha e assessoria, o problema da autoridade e responsabilidade, a departamentalização e toda uma avalanche de conceitos clássicos são realinhados dentro da nova abordagem neoclássica. 3. Ênfase nos Princípios Gerais de Administração Os neoclássicos estabelecem normas de comportamento administrativo. Os princípios de Administração que os clássicos utilizavam como “leis” científicas são retomados pelos neoclássicos como critérios elásticos para a busca de soluções administrativas práticas. O estudo da Administração para alguns autores, como Koontz e O’Donnell The Haiman e outros, baseia-se na apresentação e discussão de princípios gerais de como planejar, organizar, dirigir, controlar etc. Os administradores são essenciais a toda organização dinâmica e bem-sucedida, pois devem planejar, organizar, dirigir e controlar as operações do negócio. Qualquer que seja a organização — indústria, governo, Igreja, exército, supermercado, banco ou universidade —, apesar das diferentes atividades envolvidas, os problemas administrativos de selecionar gerentes e pessoas, de estabelecer planos e diretrizes, avaliar resultados do desempenho e coordenar e controlar as operações para o alcance dos objetivos desejados são comuns a todas as organizações. Quanto a Objetivos 1. Os objetivos da empresa e de seus departamentos devem ser claramente definidos e estabelecidos por escrito. Quanto a Atividades 2. As responsabilidades atribuídas a uma posição devem ser limitadas ao desempenho de sua função. 39 3. As funções devem ser designadas para os departamentos na base da homogeneidade no sentido de alcançar a operação mais eficiente e econômica. Quanto a Autoridade 4. Deve haver linhas claras de autoridade descendo do topo até o base da organização e responsabilidade da base ao topo. 5. A responsabilidade e a autoridade de cada posição devem ser claramente definidas por escrito. 6. A responsabilidade deve ser acompanhada de correspondente autoridade. 7. Autoridade para tomar ou iniciar ação deve ser delegada o mais próximo possível da cena de ação. 8. O número de níveis de autoridade deve ser o mínimo possível. Quanto a Relações 9. Há um número limite de pessoas que pode ser eficientemente supervisionado por um gerente. 10. Cada pessoa deve reportar-se a apenas um único gerente na organização. 11. A responsabilidade da autoridade mais elevada para com os atos de seus subordinados é absoluta. Os autores neoclássicos se preocupam em estabelecer os princípios gerais da Administração capazes de orientar o administrador no desenvolvimento de suas funções. Esses princípios gerais, apresentados sob forma e conteúdo variados por parte de cada autor, procuram definir o processo pelo qual o administrador deve planejar, organizar, dirigir e controlar o trabalho dos seus subordinados. Alvin Brown chegou a coletar 96 princípios gerais de Administração. Os princípios têm um papel na Administração equivalente ao das leis nas ciências físicas, pois visam demonstrar uma relação de causa-efeito. Enquanto a lei é uma demonstração de certos fenômenos que, uma vez conhecidos, são inevitáveis sob determinadas condições, um princípio é uma proposição geral aplicável e determinados fenômenos para proporcionar um guia para a ação. Assim, os princípios não devem ser abordados de uma forma rígida e absoluta, mas relativa e flexível, porquanto devem ser aplicados a situações diversas, sujeitas a uma multiplicidade de variáveis que independem muitas vezes do controle do administrador. Daí o nome de princípios gerais de Administração, pois devem ser aplicados em aspectos genéricos, com base no bom senso do administrador. Há ocasiões em que a aplicação de um dos princípios pode contrariar a aplicação de um outro. O aspecto mais vantajoso ou mesmo o bom senso deverá ser o critério na escolha do princípio mais adequado a uma situação. 4. Ênfase nos Objetivos e nos Resultados Toda organização existe, não para si mesma, mas sim para alcançar objetivos e produzir resultados. A organização deve ser dimensionada, estruturada e orientada em função de seus objetivos. Daí a ênfase nos objetivos organizacionais e nos resultados pretendidos, como meio de avaliar o desempenho das organizações. Os objetivos são valores visados ou resultados desejados pela organização. A organização espera alcançá-los por meio de sua operação eficiente. Se esta operação falha, os objetivos ou resultados são alcançados parcialmente ou frustrados. São os objetivos que justificam a existência e operação de uma organização. Um dos melhores produtos da Teoria Neoclássica é a chamada Administração por Objetivos (APO). Enquanto a Administração Científica enfatizava os métodos e a racionalização do trabalho e a Teoria Clássica punha ênfase nos princípios gerais da Administração, a Teoria Neoclássica considera os meios na busca da eficiência, mas enfatiza os fins e resultados, na busca de eficácia. Há um forte deslocamento para os objetivos e resultados. Administração como Técnica Social Para os neoclássicos, a “Administração consiste em orientar, dirigir e controlar os esforços de um grupo de indivíduos para um objetivo comum. O bom administrador é aquele que possibilita ao grupo alcançar seus objetivos com o mínimo dispêndio de recursos e deesforço e com menos atritos com outras atividades úteis”. A Administração é uma atividade essencial a todo esforço humano coletivo, seja na empresa industrial, na empresa de serviços, no exército, nos hospitais, na Igreja etc. O ser humano cada vez mais necessita cooperar com outras pessoas para atingir seus objetivos: neste sentido, a Administração é basicamente a coordenação de atividades grupais. 40 Um dos fenômenos marcantes do século atual é o surgimento de uma sociedade de organizações. Nessa sociedade, as tarefas sociais importantes estão sendo confiadas a grandes instituições, como o governo, universidades, sindicatos, empresas etc. Essa sociedade de organizações tende a um pluralismo de objetivos, a uma diversidade de instituições e a uma difusão do poder. Essas organizações agem entre si e, embora sejam interdependentes, elas precisam viver e trabalhar juntas. Nenhuma dessas organizações existe por si só. Cada vez mais aumenta a interdependência organizacional, pois as organizações contratam entre si a própria execução das funções. Cada vez mais cada organização utiliza as outras como agentes para a realização de algumas de suas próprias tarefas. Aspectos Administrativos Comuns às Organizações Todas as instituições são organizações e têm uma dimensão administrativa comum. Drucker salienta que há três aspectos principais nas organizações: a) Quanto aos objetivos: as organizações não vivem para si, mas são meios, são órgãos sociais que visam à realização de uma tarefa social. A sobrevivência não é um objetivo adequado da organização, pois é típico da espécie biológica. O objetivo da organização está fora dela, e é sempre uma contribuição específica para o indivíduo e a sociedade. Se a organização não definir claramente seus objetivos, não haverá possibilidade de avaliar os resultados ou sua eficiência. Não há um processo científico para estabelecer os objetivos de uma organização. Os objetivos são julgamentos de valor, escalas de prioridades no atendimento de necessidades da comunidade por parte da organização. b) Quanto à administração: todas as organizações são diferentes em seus objetivos, em seus propósitos, mas são essencialmente semelhantes na área administrativa. Todas elas exigem uma reunião de muitas pessoas que devem atuar em conjunto e se integrar em um empreendimento comum. Assim, todas as organizações têm o mesmo problema de equilibrar os objetivos da instituição com a necessidade de flexibilidade e de liberdade individual. Todas elas exigem uma estrutura determinada, de um lado, pela tarefa e por suas demandas e, de outro, por “princípios de Administração” genéricos e adequados à “lógica da situação”. É no campo da Administração que mais se tem trabalhado neste meio século: organizar e dirigir grandes organizações. c) Quanto ao desempenho individual: é o campo onde há menor diferença entre as organizações. O desempenho individual é a eficcícia do pessoal que trabalha dentro das organizações. São os indivíduos que fazem, decidem e planejam, enquanto as organizações são ficções legais, pois, por si, nada fazem, nada decidem, nada planejam. As organizações só atuam à medida que os seus administradores agem, e é cada vez maior o número de pessoas que precisam ser eficientes para que a organização funcione, de um lado, e para que se auto-realizem e satisfaçam suas próprias necessidades, de outro. A eficácia é necessária para a organização poder funcionar e ao próprio indivíduo para poder alcançar satisfação. A organização é o seu instrumento, enquanto, concomitantemente, produz resultados necessários à sociedade. Na verdade, o administrador profissional exerce três funções fundamentais. A primeira é tornar economicamente produtivos os recursos organizacionais, minimizando riscos e maximizando oportunidades. A segunda, em tornar produtivos os recursos humanos, em fazer as pessoas trabalharem juntas, reunindo em uma tarefa comum suas habilidades e conhecimentos individuais e tornar produtivas as suas forças e irrelevantes as suas fraquezas. A terceira função é desempenhar uma função pública: o administrador é visível e representa alguma coisa na comunidade. O administrador constitui o único elemento de liderança em nossa sociedade altamente organizada e institucionalizada. Em resumo, a função executiva do administrador apresenta três aspectos: é uma função para a qual são necessários objetivos e instrumentos; uma função que requer qualidade e competência; e é uma função na qual temos que decidir. Eficiência e Eficácia Cada organização deve ser considerada sob o ponto de vista de eficácia e de eficiência, simultaneamente. Eficácia é a medida do alcance de resultados, enquanto a eficiência é a medida da utilização dos recursos nesse processo. Em termos econômicos, a eficácia de uma empresa refere-se à sua capacidade de satisfazer uma necessidade da sociedade por meio do suprimento de seus produtos (bens ou serviços), enquanto a eficiência é uma relação técnica entre entradas e saídas. Assim, a eficiência é uma relação entre custos e benefícios, isto é, uma relação entre os recursos aplicados e o produto final obtido: é a razão entre o esforço e o resultado, entre a despesa e a receita, entre o custo e o benefício resultante. Emerson, um autor clássico, utilizou a expressão “engenharia de eficiência” como uma especialidade na obtenção e maximização da eficiência. Para ele, eficiência “é a relação entre o que é conseguido e o que 41 pode ser conseguido”. Daí a expressão “percentagem de eficiência” utilizada para melhor representar aquela razão. A eficiência está voltada para a melhor maneira (the best way) pela qual as coisas devem ser feitas ou executadas (métodos) a fim de que os recursos (pessoas, máquinas, matérias-primas) sejam aplicados da forma mais racional possível. A eficiência preocupa-se com os meios, com os métodos e procedimenlos mais indicados que precisam ser devidamente planejados e organizados a fim de assegurar a otimização da utilização dos recursos disponíveis. A eficiência não se preocupa com os fins, mas simplesmente com os meios. O alcance dos objetivos visados não entra na esfera de competência da eficiência; é um assunto ligado à eficácia. À medida que o administrador se preocupa em fazer corretamente as coisas, ele estará se voltando para a eficiência, que é a melhor utilização dos recursos disponíveis. Mas quando ele utiliza esses instrumentos fornecidos por aqueles que executam, para verificar se as coisas bem-feitas são as coisas que realmente deveriam ser feitas, então ele estará se voltando para a eficácia (alcance dos objetivos por meio dos recursos disponíveis). Porém nem sempre a eficácia e a eficiência andam de mãos dadas. Uma empresa pode ser eficiente em suas operações e pode não ser eficaz, ou vice-versa. Pode ser ineficiente em suas operações e ainda assim, ser eficaz, muito embora a eficácia fosse bem melhor quando acompanhada da eficiência. Pode também não ser nem eficiente nem eficaz. O ideal seria a excelência - uma empresa igualmente eficiente e eficaz. EFICIÊNCIA EFICÁCIA Ênfase nos meios. Ênfase nos resultados. Fazer corretamente os coisas. Fazer as coisas certos. Resolver problemas. Atingir objetivos. Salvaguardar os recursos. Otimizar a utilização dos recursos. Cumprir tarefas e obrigações. Obter resultados. Treinar os subordinados. Dar eficácia aos subordinados. Manter os máquinas. Máquinas em bom funcionamento. Presença nos templos. Prática dos valores religiosos. Rezar. Ganhar o céu. Jogar futebol com arte. Ganhar a partida. Princípios Básicos da Organização A organização consiste em um conjunto de posições funcionais e hierárquicasorientado para o objetivo econômico de produzir bens ou serviços, Os princípios fundamentais da organização formal são: divisão do trabalho, especialização, hierarquia e amplitude administrativa. 1. Divisão do Trabalho O objetivo imediato e fundamental de todo e qualquer tipo de organização é produzir algo - a produção de bens ou de serviços. Para ser eficiente, a produção deve ser baseada na divisão do trabalho, que a maneira pela qual um processo complexo pode ser decomposto em uma série de pequenas tarefas. O procedimento de dividir o trabalho começou a ser praticado mais intensamente com o advento da Revolução Industrial, provocando uma mudança radical no conceito de produção, principalmente pela fabricação maciça de grandes quantidades por meio do uso da máquina, em substituição ao artesanato, e da aplicação da especialização do trabalhador na linha de montagem. O importante era que cada pessoa pudesse produzir a maior quantidade possível de unidades dentro de um padrão aceitável de qualidade, objetivo que somente poderia ser atingido por uma relativa automatização na atividade humana baseada na repetição constante da mesma tarefa. O princípio da divisão do trabalho, iniciado ao nível dos operários com a Administração Cientifica, ampliou-se para os escalões hierárquicos mais elevados da organização com o advento da Teoria Clássica. O método de análise / decomposição e de síntese / composição constituía a base dessa lógica de organização empresarial. A aceitação e divulgação da divisão do trabalho deveu-se a uma série de fatores considerados positivos, que são: a) Padronização e simplificação das atividades dos operários e posteriormente do pessoal de nível mais elevado b) Maior especialização e detalhamento das tarefas c) Melhor aproveitamento do trabalho especializado por meio da departamentalização As conseqüências que a divisão do trabalho trouxe a curto prazo foram: a) Maior produtividade e melhor rendimento do pessoal envolvido b) Maior eficiência da organização, como resultante do item anterior 42 c) Redução dos custos de produção, principalmente de mão-de-obra e de materiais diretos. Com a divisão do trabalho, a organização empresarial passa a desdobrar-se em três níveis administrativos que compõem o aparato administrativo necessário para dirigir a execução das tarefas e operações: a) Nível institucional - dirigentes e diretores da organização. b) Nível intermediário - ou nível do meio do campo, composto dos gerentes. c) Nível operacional - supervisores que administram a execução das tarefas e operações 2. Especialização Como conseqüência do princípio da divisão do trabalho surge a especialização: cada órgão ou cargo passa a ter funções e tarefas específicas e especializadas. A especialização do trabalho proposta pela Administração Científlca constitui uma maneira de aumentar a eficiência e diminuir os custos de produção. Simplificando as tarefas, atribuindo a cada posto de trabalho tarefas simples e repetitivas que requeiram pouca experiência do executor e escassos conhecimentos prévios, reduzem-se os períodos de aprendizagem, facilitando as substituições de indivíduos por outros, proporcionando a melhoria de métodos e incentivos no trabalho e aumentando o rendimento da produção. As propostas de Taylor quanto à separação do planejamento da execução do trabalho, bem como a separação da execução e do controle, são ítens do princípio da especialização. Os neoclássicos adotam estas colocações e passam a se preocupar com a especialização dos órgãos que compõem a estrutura organizacional. 3. Hierarquia Outra conseqüência do princípio da divisão do trabalho é a intensa diversificação funcional dentro da organização. A pluralidade de funções imposta pela especialização exige o desdobramento da função de comando, cuja missão é dirigir todas as atividades para que cumpram harmoniosamente suas missões. Isso significa que, além de uma estrutura de funções especializadas, a organização precisa também de uma estrutura hierárquica para dirigir as operações dos níveis que lhe estão subordinados. Daí o princípio da hierarquia, também denominado princípio escalar. Em toda organização formal existe uma hierarquia que divide a organização em camadas ou níveis de autoridade. Na medida em que se sobe na escala hierárquica, aumenta o volume de autoridade do administrador. Para os autores clássicos, a autoridade é conceituada como um poder formal, isto é, o direito de dar ordens, de comandar outros, para que executem ou deixem de executar algo, da maneira considerada, pelo possuidor dessa autoridade, como adequada para a realização dos objetivos da empresa ou do órgão. Fayol dizia que a “autoridade é o direito de dar ordens e o poder de exigir obediência”, conceituando-a, ao mesmo tempo, como poder formal e poder legitimado. Assim, como condição básica para a tarefa adminis- trativa, a autoridade investe o administrador do direito reconhecido de dirigir subordinados, para que desempenhem atividades voltadas para o alcance dos objetivos da empresa. A autoridade formal é sempre um poder, uma faculdade, concedidos pela organização ao indivíduo que nela ocupa uma determinada posição. Para os autores neoclássicos, autoridade é o direito formal e legítimo de tomar decisões, transmitir ordens e alocar recursos para alcançar os objetivos desejados da organização. A autoridade se distingue por três características: 1. Autoridade é alocada em posições da organização e não em pessoas. Os administradores têm autoridade devido às posições que ocupam. Outros administradores nas mesmas posições têm a mesma autoridade. 2. Autoridade é aceita pelos subordinados. Os subordinados aceitam a autoridade dos superiores porque acreditam que eles têm o direito legítimo, transmitido pela organização, de dar ordens e esperar o seu cumprimento. 3. A autoridade flui abaixo através da hierarquia verticalizada. A autoridade flui do topo até a base da organização e as posições do topo têm mais autoridade do que as posições da base. Quanto maior a organização, maior tende a ser o número de níveis hierárquicos de sua estrutura. A nivelação hierárquica representa a especialização da direção, ou seja, a distribuição da autoridade e responsabilidade em cada um dos níveis de organização. A estrutura formal representa uma cadeia de níveis hierárquicos — a cadeia escalar descrita por Fayol — sobrepostos, formando uma pirâmide, tendo a direção (nível institucional) no topo, os executores na base (administrados pelo nível operacional) e, no nível intermediário, as demais camadas hierárquicas do meio do campo. Daí decorre o aspecto piramidal da estrutura hierárquica. Atualmente, as organizações estão reduzindo seus níveis hierárquicos no intuito de enxugar a organização para torná-la mais simples, aproximar a base do topo e fazê-la mais ágil e competitiva. Na verdade, a hierarquia representa a distribuição da autoridade e da responsabilidade entre os diversos níveis da estrutura. Cada nível hierárquico que está acima dos demais níveis tem maior peso nas 43 decisões. Por toda a organização existem pessoas cumprindo ordens de outras que estão situadas em níveis mais elevados. De um modo geral, o direito de comandar diminui à medida que se desce na estrutura hierárquica. 4. Amplitude Administrativa Em decorrência do princípio da distribuição de autoridade e responsabilidade, outro aspecto discutido pelos autores neoclássicos é a amplitude administrativativa (ou amplitude de comando ou ainda amplitude de controle). Significa o número de subordinados que um administrador pode supervisionar. Quando um administrador tem muitos subordinados, ele tem uma amplitude de comandogrande e ampla. Na prática, a amplitude média adotada por uma organização determina a configuração geral de sua estru- tura organizacional. Uma amplitude média estreita com um maior número de níveis hierárquicos produz uma estrutura organizacional alta e alongada. Ao contrário, uma amplitude média larga com poucos níveis hierárquicos produz uma estrutura organizacional achatada e dispersada horizontalmente. A tendência atual nas organizações é de achatar e comprimir a estrutura organizacional no sentido de aproximar a base da cúpula e melhorar as comunicações. Centralização Versus Descentralização Enquanto a Teoria Clássica de Fayol defendia a organização linear caracterizada pela ênfase dada à centralização da autoridade, a Administração Científica de Taylor defendia a organização funcional caracterizada pela descentralização da autoridade. O problema da centralização versus descentralização é um assunto amplamente discutido pela Teoria Neoclássica. A centralização e descentralização referem-se ao nível hierárquico no qual as decisões devem ser tomadas. Centralização significa que a autoridade para tomar decisões está alocada próximo ao topo da organização. Descentralização quer dizer que a autoridade de tomar decisões é deslocada para os níveis mais baixos da organização. - Características da Centralização A centralização enfatiza as relações escalares, isto é, a cadeia de comando. A organização é desenhada dentro da premissa de que o indivíduo no topo possui a mais alta autoridade e que a autoridade dos demais indivíduos é escalada para baixo, de acordo com sua posição relativa no organograma. A cadeia escalar ou cadeia de comando está intimamente relacionada com a unidade de comando. - Vantagens da Centralização A centralização foi valorizada no passado devido às seguintes vantagens: 1. As decisões são tomadas por administradores que possuem visão global da empresa 2. Os tomadores de decisão no topo são mais bem treinados e preparados do que os que estão nos níveis mais baixos 3. As decisões são mais consistentes com os objetivos empresariais globais 4. A centralização elimina esforços duplicados de vários tomadores de decisão e reduz custos operacionais 5. Certas funções, como compras e tesouraria, permitem maior especialização e vantagens com a centralização - Desvantagens da Centralização 1. As decisões são tomadas na cúpula que está distanciada dos fatos e das circunstâncias 2. Os tomadores de decisão no topo têm pouco contato com as pessoas e situações envolvidas 3. As linhas de comunicação da cadeia escalar provocam demoras e maior custo operacional 4. As decisões passam pela cadeia escalar, envolvendo pessoas intermediárias e possibilitando distorções e erros pessoais no processo de comunicação das decisões - Características da Descentralização A descentralização faz com que as decisões sejam pulverizadas nos níveis mais baixos da organização. A tendência moderna é no sentido de descentralizar para proporcionar melhor utilização dos recursos humanos. O princípio que rege a descentralização é definido como: a autoridade para tomar ou iniciar a ação deve ser delegada tão próxima da cena quanto possível. O grau de descentralização é tanto maior quanto: 1. Mais decisões são tomadas nos níveis mais baixos da hierarquia administrativa 2. Mais importantes forem as decisões tomadas nos níveis mais baixos da hierarquia administrativa 44 3. Menor for a supervisão sobre a decisão tomada. Ocorre a descentralização quando nenhuma supervisão ou controle direto é feito ao tomar-se uma decisão. A descentralização significa relativa autonomia e independência para tomar decisões A descentralização em si não é boa nem má, indicável ou contra-indicável. Ela depende das circunstâncias. Há quatro elementos que concorrem para aumentar a descentralização. 1. Complexidade dos problemas organizacionais: O avanço tecnológico, as inovações, a intensificação das comunicações, a diversificação das linhas de produtos e os mercados em desenvolvimento requerem versatilidade, rapidez e precisão nas decisões, o que é impossível obter se toda a autoridade for concentrada nas mãos de um só executivo no topo da organização. Aí, um só pensa, enquanto a totalidade das pessoas trabalha dependendo de suas decisões. A descentralização permite a utilização de todos os cérebros e músculos da organização. 2. Delegação de autoridade: A organização, como um organismo vivo, deve estar apta para se ajustar e expandir-se continuamente para sobreviver e crescer. O crescimento é um sinal de vitalidade e de garantia de sobrevivência. Para não atrofiar essa vitalidade com sobrecarga de trabalho e estagnação, a delegação de autoridade parece ser a resposta correta para o esforço total da organização. 3. Mudança e incerteza: Quanto maior a necessidade de mudança e de inovação, tanto maior será a necessidade de descentralização. 4. Em tempos de estabilidade: Em épocas de certeza e previsibilidade, a descentralização é preferida. Em situações de risco, de crise ou de dificuldade, a autoridade costuma ser centralizada no topo, en- quanto durar a emergência, e a descentralização voltará quando o perigo já tiver sido ultrapassado. - Vantagens da Descentralização A descentralização permite que as decisões sejam tomadas pelas unidades situadas nos níveis mais baixos da organização, proporcionando um considerável aumento de eficiência. As vantagens da descentralização são: 1. Os gerentes ficam mais próximos do ponto onde se devem tomar as decisões. A descentralização corta a demora nas decisões causadas pelas consultas à matriz ou aos supervisores distantes. As pessoas que vivem os problemas são as mais indicadas para resolvê-los no local, economizando tempo e dinheiro. 2. Aumenta a eficiência e motivação, aproveitando melhor o tempo e aptidão dos funcionários, evitando que fujam à responsabilidade, por ser mais fácil recorrer à matriz ou ao chefe. 3. Melhora a qualidade das decisões à medida que seu volume e complexidade se reduzem, aliviando os chefes principais do excesso de trabalho decisório. Os altos funcionários podem concentrar-se nas decisões mais importantes, deixando as menores decisões para os níveis mais baixos. 4. Reduz o volume de papel do pessoal dos escritórios centrais e os respectivos gastos. Também, ganha-se tempo, pois toma-se na hora uma decisão que levaria vários dias para ser comunicada. 5. Os gastos de coordenação podem ser reduzidos devido à maior autonomia para tomar decisões. Isso requer o estabelecimento de uma estrutura organizacional bem definida, além de políticas da companhia definindo até que ponto as unidades subsidiárias podem tomar suas decisões. 6. Permite a formação de executivos locais ou regionais mais motivados e mais conscientes dos seus resultados operacionais. A estrutura descentralizada produz gerentes gerais em vez de simples especialistas. - Desvantagens da Descentralização A descentralização tem suas limitações e traz certas desvantagens, a saber: 1. Falta de uniformidade nas decisões. A padronização e a uniformidade trazem a vantagem da redução de custos operacionais. A descentralização provoca perda de uniformidade nas decisões. Porém, reuniões de “coordenação” entre os escritórios centrais e o pessoal regional que desempenha a mesma função podem reduzir esse problema; 45 2. Insuficiente aproveitamentodos especialistas. Geralmente, os maiores especialistas estão concentrados nos escritórios centrais. Com a descentralização, a tendência é pensar que não é necessária a assessoria da matriz. Pode-se utilizar adequadamente o staff da matriz desde que a direção defina com cuidados as relações entre a matriz e o campo de atividades, a fim de encontrar o melhor equilíbrio entre as vantagens de aguardar que chegue o assessoramento superior e a ação no mesmo lugar; 3. Falta de equipe apropriada ou de funcionários no campo de atividades. Ao proceder- se a descentralização, deve-se prover o treinamento. Talvez o melhor sistema seja a designação paulatina de funções, comprovando com regularidade a atuação para certificar-se de que as funções foram satisfatoriamente assimiladas antes de acrescentar outras novas. Um caso clássico e um dos exemplos mais bem sucedidos de descentralização, é o da General Motors Corporation, quando Alfred Sloan Ir. foi seu presidente (1921-1955). Ao contrário da Ford — que começara como uma pequena indústria individual e centralizada —, a GM foi criada em 1910 por William C. Durant como uma organização composta de pequenos empreendimentos adquiridos juntamente com seus antigos proprietários que controlavam os seus respectivos negócios. Ao assumir a presidência da companhia, em 1921, Sloan decidiu substituir os antigos donos por gerentes profissionais, desenvolvendo um programa de organização descentralizada que levou a GM à posição de primeira indústria automobilística americana nos primeiros cinco anos. Essa história da maior corporação americana é contada em dois livros clássicos. A filosofia de descentralização da GM é chamada por buscar autoridade e operações descentralizadas com um controle centralizado e coordenado. Em outros termos,Sloan procurava fazer com que cada divisão tomasse suas próprias decisões, dentro das bases da diretriz geral da companhia. Com isso, fortalecia a alta administração, permitindo-lhe concentrar-se nas tarefas mais importantes da organização, ao mesmo tempo em que concedia certo grau de liberdade para as divisões operacionais. Sloan partiu do pressuposto de que uma liderança ditatorial em uma grande indústria causa profundos problemas para o moral interno do negócio. Era a antítese do estilo autocrático exercido por Henry Ford nos seus últimos anos de gestão. A corporação da GM se fundamenta em dois princípios básicos: 1. Estilo de liderança voltada para os resultados: O da sobrevivência como organização, na base de seus recursos gerenciais. A corporação deve ter dentro de si mesma todos os talentos e habilidades de que necessita para atingir os seus objetivos. Deve desenvolver tanto os especialistas capazes de incrementar as operações como os generalistas capazes de dirigir os negócios da organização. A corporação deve desenvolver uma liderança voltada para os resultados, favorecendo a tomada de decisões nos níveis mais baixos da organização e a iniciativa do seu pessoal. 2. Princípios orientadores: O equilíbrio sadio entre os princípios e a prática. A corporação deve buscar uma harmonia entre os princípios estabelecidos graças à sua experiência passada e a necessidade de adaptação às contínuas mudanças da sociedade moderna. A predominância em um desses dois extremos pode conduzir a dois resultados inversos bastante negativos: o pragmatismo e a insistência na prática podem levar a experiências frustradas, enquanto a insistência nos princípios e procedimentos impede a flexibilidade da organização. Drucker relata a estruturação descentralizada da GM e o relacionamento entre a Administração Central e as Gerências Divisionais, o fluxo de informações nos dois sentidos e as medidas de avaliação do desempenho das divisões. Essas divisões (como a Chevrolet, a Buick, a Frigidaire, a Oldsmobile etc.) desenvolvem negócios independentes, mas sujeitos às diretrizes gerais da Administração Central. Cada divisão, embora submetida àquelas diretrizes e ao controle imposto por elas, projeta, desenvolve, fabrica e comercializa seus produtos, independentemente. Cada divisão efetua as suas próprias compras das outras divisões da companhia ou de outras companhias, tendo por base o melhor preço e a qualidade necessária. Cada divisão seleciona e treina os seus próprios empregados, estabelece a sua própria organização de linha e assessoria e toma as suas decisões internas. Com isso, a GM estabeleceu uma centralização na formulação de diretrizes na alta administração, um controle cen- tralizado (de auditoria, de contabilidade, de finanças etc.), mas permitiu total descentralização da autoridade no âmbito das operações de cada divisão. As vantagens obtidas pela GM com a descentralização das operações e centralização dos controles foram: 1. Rapidez nas decisões. 2. Ausência de conflito entre a alta administração e as divisões. 3. Sentimento de eqüidade com executivos e ausência de “politicagem” na organização. 4. Informalidade e democracia na organização. 46 5. Pouca separação entre administradores e subordinados. 6. Disponibilidade de reserva de pessoal administrativo para promoção. 7. Visualização dos resultados das divisões semi-independentes que concorrem entre si. 8. Substituição da “administração por editais” por informações sobre as decisões da Administração Central. Funções do Administrador Para a Teoria Neoclássica, as funções do administrador correspondem aos elementos da Administração, que Fayol definira no seu tempo (prever, organizar, comandar, coordenar e controlar), mas com uma roupagem atualizada. Dentro da linha proposta por Fayol, os autores neoclássicos adotam o processo administrativo como núcleo de sua teoria eclética e utilitarista. Cada autor, todavia, desvia-se dos demais por adotar funções administrativas ligeiramente diferentes. De um modo geral, aceita-se hoje o planejamento, a organização, a direção e o controle como as funções básicas do administrador. Essas quatro funções básicas — planejar, organizar, dirigir e controlar — constituem o chamado processo administrativo. 47 EXERCÍCIOS: Teoria Neoclássica da Administração 1) CASO 2: A estrutura organizacional do Crime Caso prático do tópico: centralização versus descentralização Realização de conferência telefônica para tomada de decisões, comercialização de produtos por meio de Sedex, caixa para financiar futuros projetos, “bolsa- auxilio” para os funcionários para que estes apliquem seus conhecimentos na organização. Agora imagine que as conferências telefônicas acima são para julgar uma pessoa condenada à morte e assassinada; substitua os produtos comercializados via Sedex por fuzis; os projetos financiados são roubos, seqüestros e outras ações violentas; e por fim as bolsas - auxílio nada mais é do que bolsas de estudo para estudantes de Direito, ligados a facção, que futuramente defenderão a organização: O PCC. O Primeiro Comando da Capital é a maior organização criminosa do país, em número de filiados e simpatizantes. Comanda grande parte do crime organizado no estado de São Paulo, especialmente o tráfico de drogas na grande São Paulo e na Baixada Santista, a facção é dirigida exclusivamente de dentro dos presídios. O grupo possui um estatuto com 16 itens que devem ser cumpridos por seus membros. São aproximadamente 6 mil integrantes, mas a organização domina presídios onde estão 90% dos 145 mil presos do estado de São Paulo. Alguns pontos caracterizam o PCC como uma organização estruturada com características empresarias: Visão de Futuro 1 O PCC pretende criar um estrutura política investindo em candidaturas de pessoas para ampliar o seu poder de atuação.2 Bolsas de estudo são oferecidas aos estudantes de Direito ligados ao PCC para que os mesmos futuramente defendam a organização. Estrutura 1 Os integrantes de cada presídio respondem a um líder interno do PCC. Esse se reporta a um grupo hierarquicamente superior que levará a informação ao líder máximo. 2 Os integrantes externos são os “operários” da organização. Depois de colaborar para a fuga e amparar a família do criminoso, a organização cobra-o em forma de trabalho. Este trabalho é revertido para a organização na forma de dízimo, “10%” do assalto. Liderança 1 Centralização de poder nas mãos dos líderes, estes com enorme poder de comando e influência sobre as pessoas. 2 Um dos maiores erros do Estado foi transferir os principais “bandidos” lideres do PCC para presídios localizados em diferentes estados brasileiros, porque propiciou a articulação do grupo com facções criminosas que atuam em outros estados. Concorrência 1 Para muitos estudiosos do termo, o segredo do sucesso de uma empresa está na disposição de eliminar os rivais sem medo e nem piedade, no caso, o PCC leva o isso ao “pé da letra”. 2 Capacidade de exercer um monopólio na maior cidade da América Latina, sem oferecer espaço e oportunidade para qualquer organização concorrente, se articulando e fazendo parcerias se necessário. 3 As três facções que dominam o crime organizado do Rio de Janeiro (Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigos dos Amigos) não conseguiram alcançar tamanha abrangência nem mesmo no Rio de Janeiro. Gestão de Pessoas 1 Os mais de 6 mil integrantes contribuem mensalmente com R$ 150,00 os presos e R$ 550,00 os criminosos em liberdade. Essa contribuição é revertida em benefícios, por exemplo, financiamento de roubos, fugas e resgates de presos compra de armas e drogas. 2 Jamais se teve notícia de alguma “greve” em forma de conflito interno. 3 O estatuto do PCC estabelece regras básicas que todos os integrantes devem seguir, desde exigências para ingressar na facção, obrigações a cumprir, inclusive financeira e fidelidade com penas sendo aplicadas aos transgressores. Tecnologia 1 Alta qualidade de equipamentos (armas), em sua maioria importados. 2 Celulares para os integrantes da organização, que propiciam as conferências. 48 “O grande problema é acabar com esta estrutura”.Essa foi a frase de um dos delegados do estado de São Paulo que tenta oprimir a atuação da organização criminosa. Se nada for feito à tendência é cada vez mais o PCC se consolidar e aumentar sua influência nacional. Fonte: Revista Época e www.congressoemfoco.com.br. PONTOS PARA DISCUSSÃO: a. Por que o PCC consegue ser mais organizado que o governo para controlar as cadeias e promover ataques nas ruas? b. Em sua opinião porque o PCC conseguiu ser mais efetivo do que três facções juntas que dominam o crime no rio de Janeiro? c. Quais as semelhanças da estrutura do PCC com o terrorismo internacional? d. Aponte soluções em curto prazo e em longo prazo para acabar com a estrutura organizada do PCC? 2) CASO 3: O Planejamento estratégico da Natura A Natura é líder brasileira no setor de cosméticos, perfumaria e produtos de higiene pessoal. Com uma receita bruta de R$2,5 bilhões (crescimento de 33% em relação a 2003 e acumulado de 117% últimos 3 anos); operações na Argentina, Chile e Peru e 3,5 mil colaboradores no Brasil e exterior. Definição da Visão: “A Natura, por seu comportamento empresarial, pela qualidade das relações que estabelece e por seus produtos e serviços, será uma marca de expressão mundial, identificada com a comunidade das pessoas que se comprometem com a construção de um mundo melhor através da melhor relação com elas mesmas, com o outro, com a natureza da qual fazem parte,com um todo.” Seu compromisso com a qualidade de seus relacionamentos com as partes interessadas permitiu que a Natura estabelecesse um modelo de desenvolvimento sustentável em negócio, enfocado na constante inovação e melhoria de seus produtos. Desde a sua fundação em 1969, a Natura tem mantido uma visão apaixonada de seus produtos. A empresa enxerga no aprendizado sobre os cosméticos uma maneira de adquirir autoconhecimento, com poder de transformar a vida das pessoas. Processo de Planejamento Estratégico: Histórico: 1 Até 1993 - Planejamento “informal” e não estruturado. 2 1994 até 1998 - Processo já era estruturado e liderado pela Diretoria de Recursos Humanos. 3 1999 em diante – Gerência específica dedicada ao processo, ligada à presidência. Planejamento anual com projeção para 3 anos. 4 2004 – América Latina. Papéis e atribuições: 5 Gerência de Planejamento Estratégico: Coordena as atividades. 6 Diretoria: Discute as principais questões e propõem as direções estratégicas básicas. 7 Áreas e departamentos: Preparam as estratégias por áreas e apóiam as avaliações internas e externas. 8 Conselho de Administração: Aprova o Planejamento Empresarial Natura a cada ano. 9 Equipe de Planejamento: Conselho de administração + Diretoria + Gerência de Planejamento Estratégico. Análise Externa e Interna: O Plano Empresarial Natura é definido pela composição da análise interna e externa, visão, aspirações e missão. Após isso, ele é desdobrado para as áreas e denominado Plano Estratégico das Áreas; que também será desdobrado em Planos Estratégicos Operacionais. Fontes: artigo e apresentação Natura no congresso Anefac (disponível em www.anefac.com.br ). PONTOS PARA DISCUSSÃO: a. Com base em que é definido o Planejamento Estratégico da Natura? b. Qual a principal mudança que ocorreu no período de 94/98 para 1999 em diante? c. Para que o Plano Empresarial é desdobrado? 49 CAPÍTULO VII ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS (APO) Origens da Administração por Objetivos A Administração por Objetivos (APO) ou administração por resultados constitui um modelo administrativo identificado com o espírito pragmático e democrático da Teoria Neoclássica. Seu aparecimento ocorreu em 1954, quando Peter E. Drucker publicou um livro, caracterizando a Administração por Objetivos, sendo considerado o criador da APO. A APO surgiu quando a empresa privada norte-americana sofria pressões acentuadas. O capitalismo sofreu maiores intervenções e controles governamentais e os empresários sofreram a queda de suas margens de lucros e a necessidade de reduzir despesas e de se concentrar mais nos resultados do que em esforços supérfluos e dispersivos. A pressão econômica da época gerou uma administração por pressão, fazendo com que as empresas endurecessem seus controles. Foi então que se buscou uma forma de equilibrar objetivos, admitir maior participação, descentralizar decisões, permitir autocontrole e auto- avaliação, proporcionando maior liberdade e relaxamento dos controles e a partir daí, surgiram as idéias de descentralização e de administração por resultados para reverter o processo: descentralização das decisões e fixação de objetivos para cada área-chave da empresa e centralização de controles. Cada departamento escolheria como atingir os resultados. Aboliram-se os órgãos de staff (é o conjunto de órgãos e pessoas que trabalha no gabinete para assessorar, aconselhar, dar consultoria e recomendação sobre assuntos diversos), ficando a cargo de cada departamento a criação dos serviços de que necessitasse para atingir seus objetivos, o que fortaleceu a posição de autoridade dos respectivos gerentes. Características da Apo A APO é um processo pelo qual gerentes e subordinados identificam objetivos comuns, definem as áreas de responsabilidade de cada um em termos de resultados esperados e utilizam esses objetivos como guias para sua atividade.A APO é um método no qual as metas são definidas em conjunto pelo gerente e subordinado, as responsabilidades são especificadas para cada um em função dos resultados esperados, que passam a constituir os padrões de desempenho sob os quais ambos serão avaliados. Analisando o resultado final, o desempenho do gerente e do subordinado podem ser objetivamente avaliados e os re- sultados alcançados são comparados com os resultados esperados. A APO funciona com uma abordagem amigável, democrática e participativa. Ela serve como base para os novos esquemas de avaliação do desempenho humano, remuneração flexível e, sobretudo, para a compatibilização entre os objetivos organizacionais e os objetivos individuais das pessoas. Dentro dessa concepção, a APO trabalha dentro do seguinte esquema: 1. Gerente e subordinado se reúnem, discutem, negociam e em conjunto formulam os objetivos de desempenho para o subordinado. Objetivos, metas e resultados são negociados entre ambos. A formulação de objetivos é consensual e participativa. 2. A partir daí, o gerente se compromete a proporcionar apoio, direção e recursos para que o subordinado possa trabalhar eficazmente orientado para o alcance de objetivos. O gerente cobra resultados e garante os meios e recursos (treinamento, habilidades, equipamentos etc.) para que o subordinado possa alcançá-los. 3. O subordinado passa a trabalhar para desempenhar metas e cobra os meios e recursos necessários para alcançar os objetivos. 4. Periodicamente, gerente e subordinado se reúnem para uma avaliação conjunta dos resultados e do alcance dos objetivos. 5. A partir da avaliação conjunta, há uma reciclagem do processo: os objetivos são reavaliados ou redimensionados, bem como os meios e recursos necessários. A APO apresenta as seguintes características: 1. Estabelecimento conjunto de objetivos entre o executivo e o seu superior. 2. Estabelecimento de objetivos para cada departamento ou cargo. 3. Interligação entre os vários objetivos departamentais. 4. Ênfase na mensuração e no controle dos resultados. 5. Contínua avaliação, revisão e reciclagem dos planos. 6. Participação atuante das gerências. 7. Apoio intensivo do staff 50 1. Estabelecimento Conjunto de Objetivos entre o Gerente e o Subordinado A APO utiliza o estabelecimento conjunto de objetivos: o gerente e o seu subordinado participam ativamente do processo de estabelecer e fixar objetivos. Trata-se de um processo de negociação entre ambos. 2. Estabelecimento de Objetivos para cada Departamento ou Posição A APO está fundamentada no estabelecimento de objetivos por posições de gerência. Os objetivos podem ser denominados metas, alvos ou finalidades, porém a idéia básica é a mesma: determinar os resultados que o gerente e o subordinado deverão alcançar. Os objetivos devem ser quantificados (numéricos) e com tempos predeterminados. A maioria dos casos admite de quatro a oito objetivos para cada posição específica. 3. Interligação entre os Vários Objetivos Departamentais Os objetivos dos vários departamentos ou gerentes envolvidos devem ser estreitamente correlacionados, mesmo que nem todos os objetivos estejam apoiados nos mesmos princípios básicos. Essa ligação deve envolver objetivos comerciais com objetivos de produção, ou objetivos de um nível com os objetivos dos níveis superiores e inferiores. 4. Ênfase na Mensuração e no Controle de Resultados A partir dos objetivos traçados, o gerente e seu subordinado passam a elaborar os planos táticos adequados para alcançá-los da melhor maneira. Assim, os planos táticos constituirão os meios capazes de alcançar os objetivos departamentais. Na seqüência, os planos táticos serão desdobrados e detalhados em planos operacionais, como veremos adiante. Em todos os planos táticos e operacionais, a APO enfatiza a quantificação, a mensuração e o controle. Toma-se necessário mensurar os resultados atingidos e compará-los com os resultados planejados. Se um objetivo não pode ser medido, seus resultados não podem ser conhecidos. A mensuração e o controle são os elementos que causam as maiores dificuldades de implantação da APO. 5. Contínua Avaliação, Revisão e Reciclagem dos Planos Todos os sistemas de APO envolvem a avaliação e revisão regular do processo efetuado e dos objetivos alcançados, permitindo que providências sejam tomadas e novos objetivos sejam fixados para o período seguinte. Há um ciclo típico da APO que envolve as seguintes etapas: a) A partir dos objetivos organizacionais e do Planejamento Estratégico, estabelecem-se os objetivos departamentais para o primeiro ano, entre o gerente do departamento e seu superior. b) O gerente elabora o Plano Tático que permita alcançar os objetivos departamentais fixados. c) O gerente elabora juntamente com seus subordinados os Planos Operacionais necessários à implementação do Plano Tático de seu departamento. d) Os resultados da execução dos planos são continuamente avaliados e comparados com os objetivos fixados. e) Em função dos resultados obtidos, procede-se à revisão, ao reajuste dos planos ou a alterações nos objetivos estabelecidos. f) No ciclo seguinte, estabelecem-se os objetivos departamentais para o segundo ano, entre o gerente e seu superior, tomando por base os resultados do primeiro ano. g) Repete-se a seqüência do ciclo anterior. 6. Participação Atuante das Gerências e Subordinados Há intensa participação do gerente e subordinado. Quando o gerente estabelece os objetivos, vende-os aos subordinados, mensura-os e avalia o progresso, o processo torna-se muito mais um controle por objetivos do que propriamente Administração por Objetivos. 7. Apoio Intensivo do STAFF A implantação da APO requer o apoio intenso de um staff treinado e preparado. A abordagem do tipo “faça-o você mesmo” não é aconselhável em APO, pois ela exige coordenação e integração de esforços, o que pode ser feito pelo staff. Fixação de Objetivos A “Administração por Objetivos é um modelo de administração por meio do qual todas as gerências de uma organização estabelecem metas para suas administrações, no início de cada período, de preferência coincidindo com o exercício fiscal da empresa, em consonância com as metas gerais da organização, 51 fixadas pelos acionistas, por meio da diretoria”. Um “objetivo é um enunciado escrito sobre resultados a serem alcançados num período determinado. o objetivo deve ser quantificado, difícil, relevante e compatível. O quanto possível, números. A quase totalidade dos objetivos é quantificada. São números que orientam o desempenho dos gerentes para um resultado mensurável, difícil, importante e compatível com os demais resultados”. 4 A importância dos objetivos pode ser avaliada pelos seguintes aspectos: a) Os objetivos proporcionam uma diretriz ou uma finalidade comum. b) Permitem o trabalho em equipe e eliminam as tendências egocêntricas de grupos existentes na organização. c) Servem de base para avaliar planos e evitam erros devidos à omissão. d) Melhoram as possibilidades de previsão do futuro. A organização deve dirigir o seu destino, em vez de submeter-se a fatalidades ou ao acaso. e) Quando os recursos são escassos, os objetivos ajudam a orientar e prever a sua distribuição criteriosa. A Administração por Objetivos é uma técnica participativa de planejamento e avaliação por meio da qual superiores e subordinados definem aspectos prioritários, a saber: • Estabelecem objetivos (resultados) a serem alcançados, em um determinado período e em termosquantitativos, dimensionando as respectivas contribuições (metas). • Acompanham sistematicamente o desempenho (controle) procedendo às correções necessárias. 1. Critérios de Escolha dos Objetivos Os critérios para escolha dos objetivos são fixados de acordo com a prioridade e contribuição para o alcance dos resultados-chave da empresa. Eis alguns critérios: a) Procurar as atividades que têm maior impacto sobre os resultados. b)O objetivo deve ser específico, mensurável, claro e basear-se em dados concretos: o que, quanto, quando. c) Focalizar objetivos na atividade e não na pessoa. d) Detalhar cada objetivo em metas subsidiárias. e) Usar linguagem compreensível para os gerentes. f) Manter-se dentro dos princípios de administração. Concentrar-se nos alvos vitais do negócio e não se dispersar em atividades secundárias. g) O objetivo deve indicar os resultados a atingir, mas não deve limitar a liberdade de escolha dos métodos. Indicar o quanto, mas não o como. h) O objetivo deve ser difícil de ser atingido, requerendo um esforço especial, mas não a ponto de ser impossível. i) O objetivo deve representar uma tarefa suficiente para todo o exercício fiscal da empresa. j) O objetivo deve estar ligado ao plano de lucros da empresa, que deve ser, para alguns autores, o objetivo último. - Os objetivos mais comuns são os seguintes: a) Posição competitiva no mercado. b) Inovação e criatividade nos produtos. c) Produtividade, eficiência e qualidade. d) Aplicação rentável dos recursos físicos e financeiros. e) Taxa de dividendos ou índice de retorno do capital investido (lucro). f) Qualidade da administração e desenvolvimento dos executivos. g) Responsabilidade pública e social da empresa. h) Satisfação do cliente. i) Competitividade no cenário globalizado. Cada área de atividade da empresa apresenta uma forte tendência para maximizar os seus objetivos e resultados, de tal maneira que o esforço de uma área anula o de outra, estabelecendo um esforço de subobjetivação. Cada subobjetivo maximizado leva a empresa a se transformar num sistema centrífugo de esforços: os esforços mais se separam do que se conjugam, tendendo a sair do sistema. Ansoff salienta que o ideal seria o efeito não da soma dos esforços, mas da sua multiplicação: o sinergismo. A sinergia significa o efeito multiplicador da combinação dos recursos, pois os recursos utilizados conjugadamente produzem um efeito maior do que a sua soma. Daí a necessidade de um sistema de resultados globais previamente definidos por departamentos — convergindo os objetivos em uma direção única. É o que salienta Lodi: 52 “Quando os resultados colidem entre si (porque o lucro colide com a produtividade, a inovação colide com o aspecto operacionaL atual e assim por diante) nenhum objetivo trabalha junto com outro. O trabalho da administração, pois, é o de compatibilizar objetivos conflitantes. Toda empresa, no fundo, é um conjunto de conflitos que vão existindo num equilíbrio instável. Focalizando-se uma coisa, tira-se de outra.” 2. Hierarquia de Objetivos Como as organizações perseguem vários objetivos, surge o problema de quais são os objetivos mais importantes e prioritários. Os objetivos precisam ser escalonados em uma ordem gradativa de importância, relevância ou de prioridade, em uma hierarquia de objetivos, em função de sua contribuição à organização como um todo. Cada organização tem a sua hierarquia de objetivos. Os objetivos organizacionais estão acima dos objetivos departamentais e estes acima dos objetivos operacionais. Assim, existem três níveis de objetivos: estratégicos, táticos e operacionais. a) Objetivos estratégicos: São os chamados objetivos organizacionais, ou seja, objetivos amplos e que abrangem a organização como uma totalidade. Suas características básicas são: globalidade e longo prazo. b) Objetivos táticos: São os chamados objetivos departamentais, ou seja, objetivos referentes a cada departamento da organização. Suas características básicas são: ligação com cada departamento e médio prazo. c) Objetivos operacionais: São objetivos referentes a cada atividade ou tarefa. Suas características básicas são: detalhamento e curto prazo. A hierarquia de objetivos sofre mudanças, seja na inclusão de novos objetivos, seja na substituição de objetivos por outros diferentes. Os objetivos podem facilitar o alcance de outros provocando o efeito de sinergia, como também podem dificultar e impedir o alcance de outros. Para que a hierarquia de objetivos possa ser equilibrada, são necessários os seguintes cuidados: a) Os objetivos devem traduzir as aspirações fundamentais da empresa. b) Devem fazer com que todos os órgãos da empresa contribuam com uma parcela do esforço geral. c) Devem levar em conta a necessidade de várias alternativas para sua execução, assim como a relativa eficiência e o custo de cada uma delas. d) Devem ser comunicados a todos os interessados para que cada qual compreenda as metas da respectiva função e suas relações com os objetivos fundamentais da empresa. e) Devem ser periodicamente reexaminados e reformulados, para serem atualizados de acordo com a mudança das condições do mercado. Planejamento Estratégico e Planejamento Tático Após a escolha e fixação dos objetivos organizacionais, isto é, os objetivos globais da empresa, o próximo passo é saber como alcançá-los, isto é, estabelecer a estratégia empresarial a ser utilizada para alcançar aqueles objetivos e quais as táticas que implementem a estratégia adotada. 1. Conceito de Estratégia e de Tática O antigo conceito militar define estratégia como a aplicação de forças em larga escala contra algum inimigo. Em termos empresariais, podemos definir a estratégia como “a mobilização de todos os recursos da empresa no âmbito global visando atingir os objetivos a longo prazo. Tática é um esquema específico de emprego de recursos dentro de uma estratégia geral. No plano militar, uma mobilização de tropa é uma tática dentro de uma estratégia mais ampla. O plano gerencial, o orçamento anual ou o plano anual de investimentos é um plano tático dentro de uma estratégia global a longo prazo. Uma guerra requer uma ou mais estratégias; cada estratégia requer uma proliferação de ações ou medidas táticas. O planejamento para cinco anos na empresa requer uma estratégia, à qual se ligam os planos táticos de cada ano compreendido nesse período”. A diferença básica entre estratégia e tática reside nos seguintes aspectos: 1. A estratégia se refere à organização como um todo, pois procura alcançar objetivos organizacionais globais, enquanto a tática se refere a um de seus componentes (departamentos ou unidades, isoladamente), pois procura alcançar objetivos departamentais. A estratégia é composta de muitas tá- ticas simultâneas e integradas entre si. 53 2. A estratégia se refere a objetivos situados a longo prazo, enquanto a tática se refere a objetivos situ- ados a médio. Para a implementação da estratégia, tornam-se necessárias muitas táticas que se sucedem ordenadamente no tempo. 3. A estratégia é definida pela alta administração, enquanto a tática é da responsabilidade da gerência de cada departamento ou unidade da empresa. Planejamento Estratégico O planejamento estratégico refere-se à maneira pela qual a empresa pretende aplicar determinada estratégia para alcançar os objetivos propostos. É um planejamento global e a longo prazo. A elaboração do planejamento estratégico exige quatro fases: a) Formulação dos objetivos organizacionais. b) Análise interna da empresa. c) Análise externa do ambiente. d) Formulação das alternativasestratégicas. a) Formulação dos Objetivos Organizacionais A organização escolhe os objetivos globais que pretende alcançar a longo prazo e define a ordem de importância e prioridade em uma hierarquia de objetivos. b) Análise Interna das Forças e Limitações da Empresa A seguir, faz-se uma análise organizacional das condições internas para permitir uma avaliação dos principais pontos fortes e dos pontos fracos que a organização possui. Os pontos fortes constituem as forças propulsoras da organização que facilitam o alcance dos objetivos organizacíonais, enquanto os pontos fracos constituem as limitações e forças restritivas que dificultam ou impedem o seu alcance. Essa análise interna envolve: • Análise dos recursos (recursos financeiros, máquinas, equipamentos, matérias-primas, recursos humanos, tecnologia etc.) de que a empresa dispõe para as suas operações atuais ou frituras. • Análise da estrutura organizacional da empresa, seus aspectos positivos e negativos, divisão de trabalho entre departamentos e unidades e como os objetivos organizacionais foram distribuídos em objetivos departamentais. • Avaliação do desempenho da empresa, em termos de lucratividade, produção, produtividade, inovação, crescimento e desenvolvimento dos negócios. c) Análise Externa do Meio Ambiente Trata-se de uma análise do ambiente externo, ou seja, das condições externas que rodeiam a empresa e que lhe impõem desafios e oportunidades. A análise externa envolve: • Mercados abrangidos pela empresa, características atuais e tendências futuras, oportunidades e perspectivas. • Concorrência ou com petição, isto é, empresas que atuam no mercado, disputando os mesmos clientes, consumidores ou recursos. • Fatores externos, como a conjuntura econômica, tendências políticas, sociais, culturais, legais etc., que afetam a sociedade e todas as demais empresas. d) Formulação das Alternativas Estratégicas Nesta quarta fase do planejamento estratégico formulam-se as alternativas que a organização pode adotar para alcançar os objetivos organizacionais pretendidos, tendo em vista as condições internas e externas. As alternativas estratégicas constituem os cursos de ação futura que a organização pode adotar para atingir seus objetivos globais. De um modo genérico, o planejamento estratégico da organização refere-se ao produto (bens que a organização produz ou serviços que presta) ou ao mercado (onde a organização coloca seus produtos ou bens ou onde presta seus serviços). Daí a matriz produto/mercado com as várias alternativas estratégicas: • Objetivos organizacionais a Longo prazo e seu desdobramento em objetivos departamentais detalhados. • As atividades escolhidas, isto é, os produtos (bens ou serviços) que a organização pretende produzir. 54 • O mercado visado pela organização, ou seja, os consumidores ou clientes que ela pretende abranger com seus produtos. • Os lucros esperados para cada uma de suas atividades. • Alternativas estratégicas quanto às suas atividades (manter o produto atual, desenvolver o produto atual, introduzir novos produtos). • Alternativas estratégicas quanto ao mercado (manter o mercado atual, maior penetração no mercado atual, desenvolver novos mercados). • Interação vertical em direção aos fornecedores de recursos ou integração horizontal em direção aos consumidores ou clientes. • Novos investimentos em recursos (materiais, financeiros, máquinas e equipamentos, recursos humanos, tecnologia etc.) para inovação (mudanças) ou para crescimento (expansão). Desenvolvimento dos Planos Táticos A partir do planejamento estratégico, a organização desenvolve o conjunto de planejamentos táticos. Melhor dizendo, o planejamento estratégico passa a ser desdobrado em vários planos táticos que precisam ser integrados e coordenados no planejamento estratégico. Os planos táticos referem-se às principais áreas de atuação departamental. Precisam ser desdobrados em planos operacionais específicos. Enquanto o planejamento tático se refere ao médio prazo, o plano operacional é mais detalhado e se refere ao curto prazo. Apreciação Crítica da Apo A APO não é uma fórmula mágica. Como a APO envolve um processo político (definição política dos propósitos que animam a organização), um processo de planejamento (o planejamento estratégico e o planejamento tático) e um processo de direção (envolvendo a supervisão e a execução), é comum que um ou mais desses três processos não funcione bem. Aí começam a ocorrer problemas com a APO. Os Pecados Capitais da Apo Hurnble assegura dez maneiras para se fracassar com a APO, a saber: a) Não obter a participação da alta direção. b) Dizer a todos que a APO é uma técnica capaz de resolver todos os problemas. c) Adotar a APO dentro de um programa acelerado. d) Fixar somente objetivos quantificáveis. e) Simplificar ao extremo todos os procedimentos. f) Aplicar a APO em áreas isoladas — não fazer a companhia participar globalmente. g) Delegar todo o projeto da APO ao pessoal de nível inferior. h) Concentrar em indivíduos e ignorar os problemas de grupo. i) Inaugurar o sistema e depois deixá-lo andar sozinho, sem avaliá-lo. j) Ignorar as metas pessoais dos gerentes, concentrando-se nos objetivos da companhia. Aplicação Incompleta e Superficial da APO A APO falha quando é utilizada de forma incompleta e superficial, a saber: 1. Os objetivos organizacionais são definidos superficialmente e não refletem os interesses da organização. 2. Não houve experiência adequada para a realização do plano estratégico: o levantamento foi incompleto ou foi efetuado fora de época. 3. Se os resultados imediatos são inacessíveis, as pessoas ficam impacientes quanto ao projeto todo. 4. Não se tomam as providências para revisar, atualizar periodicamente o plano em vista das mudanças ocorridas, flutuações no cenário econômico, desenvolvimento tecnológico e mudanças nas tendências sociais. A APO teve um período de apogeu e acabou caindo no descrédito devido a três exageros: 1. Excesso de regulamentos e de papelório. A APO tornou-se muito burocratizada nas grandes organizações. 55 2. Autocracia e imposição. A APO tornou-se o sinônimo de chefes autocratas e que impõem objetivos organizacionais exagerados aos subordinados. 3. Motivação negativa. Os objetivos impostos autocraticamente geram tensões e angústias nos subordinados, ao invés de motivá-los para o alcance de metas e resultados. Quase sempre, os objetivos organizacionais não são relacionados com o alcance de objetivos individuais. Hoje, os programas bem-sucedidos de APO incluem os seguintes aspectos: 1. Ênfase consciente na formulação de objetivos consensuais. 2. Freqüente interação e retroação (feedback) entre subordinados e superiores quanto ao progresso frente aos objetivos, remoção de obstáculos ou necessidade de revisão dos objetivos. 3. Oportunidades de participação, mesmo quando as decisões finais devam ser tomadas na cúpula da empresa. Entretanto, há que se considerar que todas as críticas aqui expostas são decorrentes dos abusos e da má interpretação da APO. Sua aplicação apressada sem a devida preparação das políticas e do pessoal pode conduzir a resultados desastrosos. Em boas mãos a APO pode levar a organização a uma eficácia sem precedentes. 56 EXERCÍCIOS: Administração Por Objetivo - APO 1) Caso 2: A fidelidade consegue um lugar na HP, Ebay e Wachovia A Teoria Neoclássica marca a mais forte ênfase no planejamento estratégico. Escolhidos e fixados os objetivos organizacionais, isto é, os objetivos globais de empresa a serem alcançados, o próximo passo é saber como alcançá-los. É difícil acreditarque alguma coisa superaria os lucros entre os objetivos das empresas, num ambiente orientado ao interesse dos acionistas. Mas eventos recentes indicam que grandes empresas estão colocando a fidelidade dos clientes no topo de suas listas de objetivos corporativos. A HP incorporou indicadores da fidelidade de clientes em todos os níveis da Organização, para "operacionalizar" conexões emocionais, segundo Diana Bell, vice- Presidente de experiência total dos clientes e assuntos corporativos na HP. Em um encontro recente sobre fidelidade de clientes, ela disse ao público que as iniciativas da HP são dirigidas pelo conceito de Experiência Total do Cliente (ETC) e que ele está começando a ecoar nos corredores de todo tipo de empresa. “Nossa definição de ETC é a impressão completa do cliente da HP, baseada em percepções e experiências com as pessoas, os parceiros, os produtos, os serviços, as soluções e em todos os pontos de contato”, muito além da simples satisfação do cliente, diz Bell. Para acompanhar a evolução da ETC, a empresa possui indicadores de fidelidade de clientes e conduz várias pesquisas com eles. Além disso, a fidelidade é um indicador de longo prazo incorporado na estratégia da HP, e os executivos recebem seus bônus de acordo com o cumprimento desses objetivos. A perspectiva da comunidade O compromisso da HP com a fidelidade não é exclusivo. Don Albert, diretor sênior de relacionamentos estratégicos no eBay, credita o sucesso de sua empresa quase que totalmente à fidelidade dos clientes. “Não nos referimos aos clientes como clientes”, ele disse no encontro sobre fidelidade. “É muito mais uma comunidade. Nossos objetivos e nosso sucesso estão a serviço das necessidades da comunidade”. Sem nenhum produto ou serviço para vender, a eBay conta com sua reputação e credibilidade junto ao cliente. Em 2004, os membros venderam mais de U$34 bilhões em mercadorias. “Comprar um carro usado de um estranho pela Internet, sem nunca ter visto o veículo, realmente requer muita confiança”, diz Albert. As conexões que os membros têm são emocionais. Assim “eles pensam na eBay como sua empresa, o que realmente somos”. O comprometimento do nível executivo para obter fidelidade é refletido no programa do eBay para se relacionar pessoalmente com os clientes. Albert mencionou uma decisão recente segundo a qual todos os funcionários na divisão da América do Norte tiveram de ligar para 20 membros e conversar com eles sobre suas dúvidas. “Isso nos mantém focados em obter conhecimento em primeira mão com nossos membros”, diz ele. O aspecto de comunidade também levou o eBay do espaço virtual para o mundo real. No ano passado, ela criou o “Camp eBay”, um quiosque de informação móvel que esteve presente em feiras estaduais, concertos e outros eventos. Mais de 300 mil participantes receberam brindes por realizar tarefas como colocar itens a venda, dar lances em itens existentes ou usar novas categorias e funcionalidades. Os resultados: das pessoas que visitaram o quiosque, 48% eram membros que haviam interrompido suas compras e que retornaram, e 45% aumentaram o número de categorias nas quais compravam. “Melhoramos continuamente a experiência do cliente para atrair novos membros e aumentar o uso dos atuais”, diz Albert. O Wachovia precisa de mais aqui No mercado de serviços financeiros, o Wachovia Bank recentemente ganhou da Brand Keys o prêmio Brandweek 2005 de fidelidade de clientes. O que contribui para seu sucesso? Foco do nível executivo, diz Gwynne Whitley, diretor corporativo de excelência em serviços aos clientes. Fidelidade dos clientes e indicadores associados (perda de clientes, retenção, aquisição, resultados de satisfação) são os tópicos de uma reunião mensal dirigida pelo CEO Ken Thompson. A reunião tem acontecido todo mês por cinco anos. Whitley diz que os indicadores de fidelidade da empresa são baseados nas prioridades corporativas. “A fidelidade é um fator que deve ser acompanhado em curto e longo prazo”, diz ela. “Certamente entendemos que isso leva a reter clientes, e você deve ter crescimento orgânico e saudável para ser uma empresa de sucesso. De qualquer forma, isso vem do aprofundamento e do aumento das relações existentes com os clientes. Nós tornamos a nossa imagem de marca efetiva buscando sempre formas de tratar melhor nossos clientes de alto valor.” Elizabeth Clampet. Fonte: Peppers & Rogers Group Latin America and Iberia. Pontos para Discussão: 57 1.1 – A fidelidade dos clientes é um objetivo tático ou estratégico? Por quê? 1.2 – Quais as semelhanças entre as práticas das três empresas? E as diferenças? 1.3 – Cite algumas vantagens das empresas em fidelizarem os clientes. 2) Caso 3: Mapa estratégico da indústria brasileira – Focalizando objetivos em busca de resultados O CNI (Confederação Nacional da Indústria) é o órgão que representa a indústria brasileira. Para se tornar uma das principais plataformas da indústria mundial por meio de uma agenda voltada à construção de uma economia competitiva inserida na sociedade do conhecimento, inovadora e com capacidade de crescer de forma sustentável com mais e melhores empregos, a CNI, após a definição de seu planejamento estratégico e da sua visão de futuro, começou uma etapa não menos importante e o fator crítico para o sucesso, a implementação. Primeiramente, em uma reunião com a presença de mais de sessenta lideranças empresarias e industriais brasileiras, entre membros do Fórum Nacional da Indústria, diretores e coordenadores da CNI e convidados da indústria brasileira foi construída uma visão compartilhada do futuro da indústria brasileira. Após a definição de visão de futuro (2007-2015) iniciou-se a etapa de construção de um mapa estratégico, primeiramente com a definição de objetivos estratégicos para o alcance da visão. Esses objetivos foram estabelecidos em uma relação de causa e efeito entre quatro perspectivas: bases do desenvolvimento; processos e atividades, mercado e resultados para o país. Essa relação de causa e efeito entre as perspectivas possibilita que um objetivo estabelecido na perspectiva de resultados para o país seja afetado pelo desempenho dos objetivos das outras perspectivas (Figura 1). O mapa estratégico da indústria tem sua consistência avaliada continuamente a partir dos indicadores de desempenho, que nada mais é que uma forma de medição estabelecida para cada objetivo estratégico, em que cada indicador é avaliado pelo cumprimento das metas estabelecidas. Dessa avaliação serão definidos ou redefinidos as prioridades e programas a serem executados, para correta implementação do mapa estratégico e, conseqüentemente, do planejamento estratégico. A agenda da indústria é articulada e coordenada pelo mapa estratégico, que oferece condições para transformar desejos em realidade e exige um processo de gerenciamento para que os objetivos e programas propostos elevem a possibilidade de implementação. Fonte: “Gestão da Estratégia“ – David Kallas e André Coutinho – Editora Campus/Elsevier e www.cni.org.br. Pontos para discussão: 2.1. Dentre quais perspectivas são estabelecidos os objetivos estratégicos? 2.2. Como um objetivo estratégico é medido? 2.3. Como um indicador é avaliado? 2.4. Faça uma sugestão de objetivos para cada perspectiva citada no texto com uma relação de causa e efeito. 2.5. Defina um ou mais indicadores para cada objetivo de maneira que ele possa ser medido. 2.6. Defina uma meta para cada indicador e defina um projeto que você acredite que irá melhorar o desempenho do indicador. 58 CAPÍTULO VIII TEORIA ESTRUTURALISTA A Teoria Estruturalista representa um desdobramento da Teoria da Burocracia e uma leve aproximação à Teoria das Relações Humanas. Representa também uma visão extremamente crítica da organizaçãoformal. O movimento estruturalista teve um caráter mais filosófico na tentativa de obter a interdisciplinaridade das ciências. Parte do conceito de estrutura, como uma composição de elementos visualizados em relação à totalidade da qual fazem parte. Portanto por sua natureza todas as partes estão estruturadas (subordinadas uma a outra) de tal forma que alterações em qualquer delas implica em rever o todo. Origem da Teoria Estruturalista As origens da Teoria Estruturalista na Administração foram as seguintes: A oposição surgida entre a Teoria Tradicional e a Teoria das Relações Humanas incompatíveis entre si. Requereu uma posição que pudesse abranger os aspectos que eram considerados por uma e omitidos pela outra e vice-versa. Busca ser uma síntese da Teoria Clássica (formal) e da Teoria das Relações Humanas (informal). A necessidade de visualizar "a organização como uma unidade social grande e complexa, onde interagem grupos sociais". Precisam compartilhar alguns dos objetivos da organização (como a viabilidade econômica da organização), mas que podem incompatibilizar com outros (como a maneira de distribuir os lucros da organização). A influência do estruturalismo nas ciências sociais e sua repercussão no estudo das organizações. O estruturalismo teve forte influência nas ciências sociais, tais como: Filosofia, Psicologia, Antropologia, Matemática e Lingüística, chegando até a teoria das organizações. Novo conceito de estrutura: é o conjunto formal de dois ou mais elementos que subsiste inalterado mesmo com a alteração de um dos seus elementos ou relações. Conceito Estruturalismo é a teoria que se preocupa com o todo e com o relacionamento das partes na constituição do todo. A totalidade, a interdependência das partes e o fato de que o todo é maior do que a simples soma das partes são suas características básicas. As Organizações As organizações são uma forma de instituição, predominante em nossa sociedade altamente especializada e interdependente. Elas passam por todos os aspectos da vida moderna e envolvem atenção, tempo e energia de numerosas pessoas Possuem uma estrutura interna e interagem com outras organizações. “São concebidas como unidades sociais (ou agrupamentos humanos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir objetivos específicos”. Exemplos: Corporações, Exércitos, Escolas, Hospitais, Igrejas, etc... Uma organização tem um objetivo, uma meta, e para que este seja alcançado com mais eficiência, é necessário que haja uma relação estável entre as pessoas, sendo estas relações sociais estáveis criadas deliberadamente, para atingir determinado fim. 59 Existe um tipo específico de organização, as chamadas organizações formais. “..constituem uma forma de agrupamento social, que é estabelecido de uma maneira deliberada ou proposital para alcançar um objetivo específico. ...é caracterizada principalmente pelas regras, regulamentos e estrutura hierárquica que ordenam a relação entre seus membros”. Isto estabelece um relacionamento formal entre as pessoas, reduzindo as imprevisibilidades do comportamento humano, regulando as relações entre as pessoas e facilitando a administração da organização. Dentre as organizações formais existem as chamadas organizações complexas. Devido ao seu grande tamanho ou à natureza complicada das operações (como os hospitais e universidades), sua estrutura e processo apresentam alto grau de complexidade. A convergência dos esforços entre as partes componentes (departamentos, seções) é dificultada por fatores como a diferenciação das características pessoais e ao enorme tamanho da organização. O Homem Organizacional O homem organizacional é aquele que desempenha diferentes papéis em diversas organizações e, para isto, precisa ter certas características de personalidade a saber: Flexibilidade: em função da diversidade de papéis desempenhados e as constantes mudanças que ocorrem na vida moderna; Tolerância às frustrações: para evitar o desgaste emocional decorrente do conflito entre as necessidades organizacionais e pessoais; Capacidade de adiar as recompensas: é poder compensar o trabalho rotineiro dentro da organização em detrimento das preferências ou vocações pessoais; Permanente desejo de realização: ou seja, adaptação às normas que possibilitam o acesso a postos de carreira dentro da organização. Tais características nem sempre são exigidas nas organizações em níveis máximos, sua aplicação dependerá das combinações e/ou composições de acordo com o tipo de organização e os cargos a serem ocupados; Porém é de grande valia de tenhamos conhecimento das mesmas para podermos nos adaptar mais rapidamente a tais exigências quando solicitadas. A exigência de o homem relacionar seu comportamento com o de outras pessoas,visando atingir um objetivo, gera a organização social. Na organização social encontramos o elemento comportamento, gerado pelo estímulo e o elemento estrutura, que são categorias de comportamentos ou conjuntos de comportamentos agrupados. Nas organizações, as pessoas desempenham determinados papéis. “Papel é um nome dado a um conjunto de comportamentos solicitados a uma pessoa. Papel é a expectativa de desempenho por parte do grupo social e a conseqüente internalização dos valores e normas que o grupo de forma clara ou implicitamente (subentendido) estabelece para o indivíduo”. Um indivíduo desempenha vários papéis, pois participa de diversas organizações e grupos, suportando, por isto, um grande número de normas diferentes. Estas normas são direcionadas para restringir o papel do homem, para uniformizar o comportamento de dois ou mais membros do grupo ou organização. Desta forma, com um comportamento mais uniforme, o risco de surgirem conflitos é menor e a administração da organização torna-se mais fácil. Organização Formal e Informal Conceitos e Exemplos: Enquanto a teoria clássica se concentra na organização formal, a teoria das relações humanas tem como objeto de estudo a organização informal. 60 A teoria estruturalista estuda o relacionamento entre ambas, buscando o equilíbrio entre as duas organizações formal e informal. Organização Formal Refere-se geralmente ao padrão de organização determinado pela administração como o esquema de divisão de trabalho e poder de controle, regras e regulamentos de salários e controle de qualidade. Exemplo: Empresas tradicionais com longo tempo no mercado, que tem como algumas características prêmios e punições. Organização Informal Refere-se ao relacionamento interpessoal ou seja as relações sociais que se desenvolvem espontaneamente entre o pessoal ou os trabalhadores, acima e além da formal (trabalham em equipe e são amigos). Exemplo: Empresas que estimulam a criatividade e o relacionamento entre as pessoas que fazem parte de toda a estrutura dando ênfase à motivação, podemos utilizar como exemplo empresas jornalísticas e de publicidade que utiliza métodos modernos de administração. Tipologia das Organizações Não existem duas organizações iguais. As organizações são diferentes entre si e apresentam enorme variabilidade. Contudo, elas apresentam certas características que permitem classificá-las em certos grupos ou tipos. Essas classificações que denominaremos tipologias das organizações. Para facilitar a análise comparativa das organizações, boa parte dos autores estruturalistas desenvolveu tipologias de organizações, tentando classificá-las de acordo com certas características distintivas. Tipologia de Etzioni Etzioni elabora sua tipologia de organizações, classificando as organizações com base no uso e significado da obediência. Para ele, a estrutura de obediência emuma organização é determinada pelos tipos de controles aplicados aos participantes. Assim, a tipologia das organizações, segundo Etzioni, é a seguinte: a) Organizações coercitivas: o poder é imposto pela força física ou por controles baseados em prêmios ou punições. Utilizam a força - latente ou manifesta - como o significado principal de controle sobre os participantes de nível inferior. O envolvimento dos participantes tende a ser "alienativo" em relação aos objetivos da organização. As organizações coercitivas incluem exemplos como os campos de concentração, prisões, instituições penais etc. b) Organizações utilitárias: poder baseia-se no controle dos incentivos econômicos. Utilizam a remuneração como base principal de controle. Os participantes de nível inferior contribuem para a organização com um envolvimento tipicamente "calculativo", baseado quase exclusivamente nos benefícios que esperam obter. O comércio e as corporações trabalhistas estão incluídos nesta classificação. c) Organizações normativas: o poder baseia-se em um consenso sobre objetivos e métodos de organização. Utilizam o controle moral como a força principal de influência sobre os participantes. Os participantes têm um alto envolvimento "moral" e motivacional. As organizações normativas são também chamadas "voluntárias" e incluem a Igreja, universidades, hospitais e muitas organizações políticas e sociais. Aqui, os membros tendem a buscar seus próprios objetivos e a expressar seus próprios valores pessoais. A tipologia de Etzioni é muito utilizada em face da consideração que faz sobre os sistemas psicossociais das organizações Contudo, sua desvantagem é dar pouca consideração à estrutura, à tecnologia utilizada e ao ambiente externo. Trata-se de uma tipologia simples e unidimensional, baseada exclusivamente nos tipos de controle. Tipologia de BLAU e SCOTT 61 Blau e Scott apresentam uma tipologia das organizações baseada no beneficiário, ou seja, de quem se beneficia com a organização. Para BLau e Scott, há quatro categorias de participantes que podem se beneficiar com uma organização formal: a) os próprios membros da organização; b) os proprietários ou dirigentes da organização; c) os clientes da organização: d) o público em geral. Em função dessas quatro categorias de beneficiários principal que a organização visa atender, existem quatro tipos básicos de organizações: a) associação de benefícios mútuos: em que o beneficiário principal São os próprios membros da organização como as associações profissionais, as cooperativas, os sindicatos, os fundos mútuos, os consórcios etc.; b) organizações de interesses comerciais: em que os proprietários ou acionistas são os principais beneficiários da organização como a maior parte das empresas privadas, sejam sociedades anônimas ou sociedades de responsabilidade limitada; c) organizações de serviços: em que um grupo de clientes é o beneficiário principal. Exemplos: hospitais, universidades, escolas, organizações religiosas e agências sociais; d) organizações de Estado: em que o beneficiário é o público em geral. Exemplos: a organização militar, correios instituições jurídicas e penais, segurança pública, saneamento básico etc. A tipologia de BLau e Scott apresenta a vantagem de enfatizar a força de poder e de influencia do beneficiário sobre as organizações, a ponto de condicionar a sua estrutura. Objetivos Organizacionais Um objetivo organizacional é uma situação desejada que uma organização tenta atingir; um objetivo é um estado que se procura, e não um estado que se possui. A eficiência geral de uma organização é determinada pela medida em que essa organização atinge seus objetivos. Funções dos objetivos organizacionais: - pela apresentação de uma situação futura indica uma orientação que a organização procura seguir; - os objetivos constituem uma fonte de legitimidade que justifica as atividades de uma organização; - os objetivos servem como padrões para avaliar o êxito da organização; - os objetivos servem como unidade de medida para o estudioso de organizações que tenta verificar e comparar a sua produtividade. Os objetivos são ideais que a organização pretende atingir e transformar em realidade. Dois modelos de organização: - modelos de sobrevivência: quando a organização desenvolve objetivos que lhe permitem simplesmente existir e manter sua produtividade; - modelos de eficiência: desenvolve objetivos que lhe permitem não apenas existir, mas também funcionar dentro de padrões de crescente eficiência. O estabelecimento de objetivos por uma organização é intencional, é um processo de interação entre a organização e o ambiente. Há cinco categorias de objetivos organizacionais: A) Objetivos da sociedade: o ponto de referência é a sociedade em geral, preenchendo as necessidades da sociedade. Ex: manter a ordem pública. B) Objetivos de produção: o ponto de referência é o público que entra em contato com a organização. Ex: serviços a empresas. C) Objetivos de sistemas: o ponto de referência é o estado ou maneira de funcionar da organização. Ex: ênfase nos lucros da organização. 62 D) Objetivos de produtos: o ponto de referência são as características dos bens e serviços produzidos. Ex: ênfase na variedade de produtos. E) Objetivos derivados: o ponto de referência são os usos que a organização faz do poder originado na consecução de outros objetivos. Ex: serviços comunitários. As organizações podem alterar seus objetivos, no processo de ajuntamento a situações imprevistas. O objetivo de uma organização não é um só, e sim um conjunto de objetivos. Há uma relação íntima entre os objetivos organizacionais e o meio, o que necessita uma constante reavaliação desses objetivos em face das alterações do meio ambiente e da organização. Ambiente Organizacional Ambiente é tudo o que envolve externamente uma organização. Uma organização depende de outras organizações para seguir seu caminho e atingir seus objetivos. Assim, o importante não é somente a análise organizacional, mas também a análise interorganizacional, que está voltada para as relações externas entre uma organização e outras organizações no ambiente. Dois conceitos para a análise interorganizacional: Interdependência das organizações com a sociedade: toda organização depende de outras organizações e da sociedade em geral para poder sobreviver. Algumas conseqüências da interdependência das organizações são : mudanças freqüentes nos objetivos organizacionais à medida que ocorrem mudanças no ambiente externo e um certo controle ambiental sobre a organização, o que limita sua liberdade de agir. Cada organização precisa desenvolver estratégias para lidar com o seu ambiente. São elas: - Competição: forma de rivalidade entre duas ou mais organizações, mediada por um terceiro grupo; no caso de uma indústria, o terceiro grupo pode ser o comprador ou o fornecedor. - Ajuste (ou negociação): estratégia que busca negociações para um acordo quanto à troca de bens ou serviços entre duas ou mais organizações; é uma decisão sobre o comportamento futuro que seja satisfatório para os envolvidos. - Coopção (ou cooptação): processo para absorver novos elementos estranhos na liderança ou no esquema de tomada de decisão de uma organização, como um recurso para impedir ameaças externas à sua estabilidade ou existência. - Coalização: refere-se à combinação de duas ou mais organizações para um objetivo comum; agem como uma só com relação a determinados objetivos. Conjunto organizacional: cada organização ou classe de organizações tem interações com uma cadeia de organizações em seu ambiente, formando um conjunto organizacional. A organização que serve como ponto de referência é chamada organização focal e seu conjunto organizacionalsão medidas pelos conjuntos de papéis de seu pessoal que está voltado externamente para o contato ou ligação com outras organizações ( chamado pessoal de fronteira ). Assim, inicia-se um novo ciclo na teoria administrativa: o gradativo desprendimento daquilo que ocorre dentro das organizações para aquilo que ocorre fora delas. Conflitos Organizacionais Os estruturalistas discordam que haja harmonia de interesse entre patrões e empregados (como afirma a teoria clássica) ou de que essa harmonia deva ser preservada pela administração, através de uma atitude compreensiva e terapêutica, nivelando as condutas individuais (como afirma a teoria das relações humanas). Ambas as teorias punham fora de discussão o problema conflito, provavelmente em decorrência de seu caráter prescritivo. Para os estruturalistas, os conflitos são os elementos geradores de mudanças e do desenvolvimento da organização. Conflito significa a existência de idéias, sentimentos, atitudes ou interesses antagônicos e colidentes que podem se chocar. Sempre que se fala em acordo, aprovação, resolução, consentimento, deve-se lembrar que essas palavras pressupõem a existência ou a iminência de seus opostos, como desacordo, desaprovação, desentendimento, oposição – o que significa conflito. O conflito é condição geral do mundo animal. 63 As fontes de conflitos podem ser caracterizadas dentro de um continuum que vai desde uma colisão frontal de interesses e completa incompatibilidade em um extremo, até interesses diferentes, mas não necessariamente incompatíveis em outro extremo. Conflito e cooperação são elementos integrantes da vida de uma organização. As teorias administrativas anteriores ignoraram completamente o problema conflito-cooperação. Hoje consideram-se o conflito e a cooperação como dois aspectos da atividades social, estando inseparavelmente ligados na prática. Tanto que a resolução do conflito é muito mais vista como uma fase do esquema conflito-cooperação do que um fim do conflito. O pensamento administrativo tem-se preocupado profundamente com os problemas de obter cooperação e de sanar conflitos. Uma das situações conflitivas típicas é a tensão imposta à organização pela utilização do conhecimento como criar, cultivar e aplicar o conhecimento sem solapar a estrutura hierárquica da organização. Muitas vezes o conhecimento traz conflitos com a hierarquia. Para Blau e Scott existem dois tipos de conflitos, em um processo fundamentalmente dinâmicos e dialéticos, importantes do desenvolvimento das organizações : o conflito entre a organização informal e a organização formal ; o conflito existente na relação entre clientes e organização. Para estes dois autores há uma relação de mútua dependência entre conflitos e mudanças, pois as mudanças precipitam conflitos e os conflitos geram inovações. O conceito de conflito e dilema permite uma compreensão dos processos de mudança gerados internamente dentro de uma organização. Enquanto o conflito representa um choque de interesses antagônicos, o dilema representa uma situação em que se deseja atender a dois interesses inconciliáveis entre si: o atendimento de um dos interesses impede o atendimento do outro. 64 EXERCÍCIOS: Teoria Estruturalista 1) Pesquise na Internet, jornais ou revistas exemplos de profissionais que se adequaram ou não à mudança de uma nova função ou um novo emprego. Cada aluno deverá trazer no mínimo uma matéria e se reunir em grupo. O grupo escolherá a matéria mais interessante para apresentar para a classe. 65 CAPÍTULO IX TEORIA DA BUROCRACIA 66 EXERCÍCIOS: Teoria da Burocracia 1) O senso comum considera a palavra "burocracia" como excesso de formalismo e de papelório. Tal idéia advém da ocorrência de conseqüências imprevistas (ou indesejadas) do modelo burocrático ideal defendido por Weber, às quais deu-se o nome de disfunções da burocracia. Entre essas disfunções incluem-se: (A) despersonalização do relacionamento, resistência a mudanças, imperativo tecnológico e ambiente turbulento. (B) despersonalização do relacionamento, uso da categorização como técnica do processo decisório, grupos autônomos e racionalização científica. (C) resistência a mudanças, exibição de sinais de autoridade, superconformidade em relação às regras e aos regulamentos e propensão dos participantes a se defenderem de pressões externas. (D) resistência a mudanças, internalização das diretrizes, humanização do trabalho e enriquecimento de cargos. (E) superconformidade em relação às regras e aos regulamentos, uso da categorização como técnica do processo decisório, imperativo ambiental e indolência sistemática. 2) A Transportadora Pesada atua em todo o território nacional e, para facilitar a sua operação, é departamentalizada por função e por território.O seu presidente, preocupado com a sazonalidade da demanda, optou por flexibilizar a estrutura e definir sistemas temporários de planejamento de Recursos Humanos, capazes de constante adaptação às mutações rápidas e substanciais. Para tanto, ele optou pela forma de organização conhecida como (A) adhocracia. (B) burocracia. (C) verticalização. (D) estrutura por produto. (E) estrutura por especialização. 3) 0 conceito de Adhocracia, desenvolvido por Mintzberg, "designa uma forma de organização capaz de sobreviver em ambientes instáveis e executar tarefas complexas; isto é, uma organização flexível, capaz de se amoldar às mudanças acarretadas por uma realidade cambiante" (ZANDRON, Paulo. Dicionário de administração e finanças. São Paulo: Best Seller, 1996. p. 12). A Burocracia é definida por Weber como "um agrupamento social em que rege o princípio da competência definida mediante regras, estatutos, regulamentos; da documentação; da hierarquia funcional; da permanência obrigatória do servidor na repartição, durante determinado período de tempo; e da subordinação do exercício dos cargos a normas abstratas" (RAMOS, Guerreiro. Administração e contexto brasileiro: esboço de uma teoria geral de administração. Rio de Janeiro: FGV, 1983, p. 19 1). É possível implementar o conceito de Adhocracia em organizações burocráticas? Em caso positivo, de que modo? Em caso negativo, justifique. 4) CASO: O BOTICÁRIO E SUA BUSCA PELA INOVAÇÃO Caso Prático do tópico: Apreciação crítica da Burocracia Cada vez mais o modelo burocrático está se tornando um modelo atrasado e ultrapassado, devido a diversos fatores, entre eles a racionalização, sistemas de regras e regulamentos e hierarquia de autoridade que fazem com que as empresas se tornem inflexíveis e não se adaptem ao ambiente dinâmico e de mudanças no mundo dos negócios. Um tema essencial para a sobrevivência das organizações é a inovação, que vêm se tornando a palavra de ordem das empresas. Entretanto, a inovação requer mais do que uma boa idéia. É preciso ter as pessoas certas, no momento ideal, visão e um plano estratégico para executá-la. A tecnologia e o foco no negócio foram ingredientes da inovação de O Boticário, que bateu recordes de venda. A combinação entre vinho e perfume pode soar estranha em um primeiro momento. Mas a união dessas duas artes tornou-se um dos casos mais famosos de inovação no Brasil, pelas mãos de O Boticário. O presidente da companhia, especializado em perfumaria e cosméticos, Miguel Krigsner, em um passeio por vinícolas no Chile, acreditou na reprodução do aroma do vinho Malbec durante a maceração em tanques de carvalho. Mas não passou apenas pela idéia. Para que o produto, que leva o mesmo nome da bebida, chegasse ao mercado, além de pesquisa, foram necessários investimentos de R$3,2 milhões e uma adaptação no processo de fabricação que resultou na criação de um espaço reservado eúnico na fábrica para adicionar os barris de carvalho francês para a produção do perfume. O Boticário não inovou somente em tecnologia, mas reuniu a experiência de um enófilo, um aromista e um perfumista. A fragrância é produzida tendo como base o álcool vínico (obtido pela destilação 67 do vinho), macerado em tanques de carvalho francês, os mesmos utilizados na fabricação dos vinhos nobres. Em apenas cinco meses, o perfume Malbec vendeu mais de um milhão de unidades e bateu o recorde da empresa. Não é para menos. Em média, 2,7% da receita do O Boticário é investida em pesquisa e inovação. A empresa utiliza três classificações para o que é novo, mas considera todas importantes: Incremental (extensão de linhas de produtos já existentes), radical (alterações agressivas) e transformacional. As duas últimas são mais difíceis de serem copiadas, envolve patentes e criam distanciamento do corrente de uma forma sustentável. O sucesso com o produto trouxe mais novidades. Com inspirações em uma deusa grega que segundo diz a lenda, ensinou a Baco a arte dos vinhos, a empresa lançou uma outra novidade, o Rhea. A essência tem influência direta dos vinhos brancos e traz em sua formulação o álcool vínico. O diferencial, dessa vez, ficou por conta da utilização da água de rosas em sua composição. A rosa, conhecida como a guardiã de videiras, é plantada próxima às parreiras para indicar a presença de pragas, alertando o vinicultor que seu vinhedo corre perigo. A água de rosas é bastante utilizada na indústria cosmética em cremes, loções e sabonetes, mas nunca esteve presente na composição de perfumes. As vendas estão muito bem, e a empresa espera obter o mesmo sucesso do Malbec. O Boticário já depositou treze patentes nos últimos três anos e fechou 2005 com quinze registros. A inovação é estratégica e está no DNA de O Boticário. --------- Fonte: B2B Magazine. 09/05. Pontos para discussão: 4.1. As empresas com modelos burocráticos inibem a capacidade de inovação? Por quê? 4.2. Quais quebras de paradigmas defendidos pelo modelo burocrático você identifica no texto? 4.3. O que, além de uma boa idéia, permite que O Boticário obtenha sucesso com as inovações? 4.4. Na sua opinião, o modelo burocrático está ultrapassado? Cite alguns princípios defendidos pelos burocratas que não se adaptam em empresas que apostam na inovação para se destacar da concorrência. 5) CASO: COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ - CPFL ENERGIA – GOVERNANÇA CORPORATIVA O principal desafio enfrentado pela CPFL Energia S.A., a maior companhia privada no setor de eletricidade no Brasil, em seguida à sua reorganização societária e uma série de aquisições feitas, era o de estabelecer um relacionamento equilibrado entre seus sócios. O desafio era muito grande, particularmente tendo em vista o grande número de acionistas majoritários: oito. Sua complexa estrutura acionária e a necessidades de contar com um claro processo de tomada de decisões conduziu a empresa no sentido da adoção rápida e intensiva de boas práticas de governança, culminando na decisão de aderir voluntariamente aos requisitos do Novo Mercado da BOVESPA. A enérgica resposta da Direção Executiva e sua firme decisão de levar a cabo essas reformas de governança foram essenciais para dar agilidade ao processo. Depois da privatização da CPFL Paulista, em 1997, e especialmente após a constituição da holding CPFL Energia, em 2002, o grupo teve de implementar todo um conjunto de novas práticas de governança corporativa, com o objetivo de manter a coesão entre os acionistas majoritários, organizando o processo de tomada de decisões, abrindo espaço ao capital, atingindo níveis mais altos de desempenho operacional e maximizando retornos financeiros para todos os acionistas. A CPFL Energia tomou, então, as seguintes medidas: • Alinhou seus estatutos de forma a atender às exigências para a listagem no Novo Mercado. • Revisou de modo correspondente os estatutos das empresas controladoras (que tinham origens diferentes devido à privatização). • Criou sete Comitês Consultivos para prover suporte ao Conselho de Administração, designou ao seu Conselho Fiscal a tarefa de preencher os requisitos da Lei Sarbanes-Oxley. • Racionalizou as reuniões de Conselho de suas empresas controladoras. • Criou um site na Internet para o Conselho. • Organizou uma Divisão de Conformidade Legal. O Conselho de Administração aprovou então as Diretrizes de Governança Corporativa do grupo e as publicou. Foi também criado um regulamento interno para o Conselho de Administração e para seus Comitês Consultivos. Atualmente a empresa está tomando todas as medidas necessárias para se colocar em conformidade com a Lei Sarbanes-Oxley, uma vez que está listada na Bolsa de Valores de Nova York. Sob o atual acordo de acionistas, as principais decisões - tais como aquisições de outras empresas, distribuição de dividendos e eleição do diretor-presidente (CEO) – têm que ser tomadas por maioria qualificada. O grupo conta com os sete seguintes Comitês Consultivos de apoio ao Conselho de Administração: 68 • Comitê Executivo: Responsável por analisar e submeter propostas relativas aos planos estratégicos e operacionais da empresa. • Comitê de Processo: Responsável por revisar os processos relacionados aos relatórios financeiros do grupo. • Comitê de Remuneração: Responsável não apenas por estabelecer bônus e incentivos por desempenho, mas também pelo processo de escolha do CEO e pela avaliação dos executivos. • Comitê de Construção: Visa a supervisionar os principais projetos de construção atuais do grupo (seis hidroelétricas). • Comitê de Serviços Financeiros: Responsável pelas questões financeiras. • Comitê de Governança Corporativa: Responsável por supervisionar o andamento dado a todas as questões ligadas à governança no grupo. • Comitê de Vendas e Compras de Matérias Primas: Visa a acompanhar e avaliar contratos acima de R$5 milhões que envolvam partes relacionadas. A CPFL energia obteve sucesso em reverter o prejuízo líquido de R$12 milhões sofrido no primeiro trimestre de 2004, alcançando um lucro líquido de R$166 milhões no primeiro trimestre de 2005. A renda bruta da empresa atingiu R$2,5 bilhões, o que representou um aumento de 14,2%, e receitas líquidas de R$507 milhões, indicando uma elevação de 20,7% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Ademais, o aumento de 4,3% no consumo de energia verificado na área de atuação da CPFL Energia, bem como o aumento de 7,2% na demanda em áreas de concessão, indicam que há boas perspectivas de crescimento consistente e resultados positivos a serem auferidos pela CPFL Energia. Fonte: Circulo de Companhias da Mesa-Redonda de Governança Corporativa da América Latina. Pontos para Discussão: 5.1. Em linhas gerais, a que visa todas as práticas adotadas pela CPFL Energia? 5.2. Quais os benefícios da CPFL em manter essa comunicação com seus principais acionistas? 5.3. Em sua opinião, a prática de governança corporativa praticada tem relação direta com os resultados da empresa? 5.4. As boas práticas de governança adotadas, visam apenas aos principais acionistas? Por quê? 6) CASO: HAVAINAS: COM O MUNDO A SEUS PÉS Caso prático do tópico: Apreciação critica da teoria estruturalista Dificilmente seria viável a Havaianas tornar-se um sucesso mundial se a Alpargatas não tivesse decidido se transformar em uma companhia de marcas, mudando de uma estrutura baseada em funções para outra organizada em unidades de negócios. Em 1997, portanto, as Havaianas se converteram em uma unidade de negócios independente, com 3,2 mil dos 11 mil funcionários da Alpagartas. Isso alinhou as áreas de marketing, vendas, desenvolvimento de produtos de fábrica, conferindo velocidade atodas as iniciativas relativas ao produto. O novo gerenciamento da marca: Em 1988, as vendas anuais das sandálias Havaianas despencaram de 88 milhões de pares para 65 milhões, mediante uma concorrência cada vez mais feroz. Foi o auge da associação da imagem das sandálias Havaianas com as camadas mais pobres da população. Nesse momento, a São Paulo Alpargatas tomou a decisão que mudaria a história das Havaianas. As sandálias deixaram de ser tratadas pela empresa como meras commodities (Quando todo foco estava na redução dos custos de produção) e começaram a receber investimentos que lhes confeririam um valor agregado cada vez maior. A marca passou a ser gerenciada de um modo “agressivo” e, assim, teve seu ciclo de vida prolongado indefinidamente. Redefinição da estratégia: Foi o lançamento da linha “Havaianas Top” em 1994 que simbolizou a segunda geração da marca. Sua proposta era reconquistar a classe média. Se as Havaianas tradicionais tinham sempre duas cores (solado e tiras numa cor básica, palmilha branca) as Top vinham monocromáticas em cores da moda. Mas esse foi apenas um aspecto do reposicionamento. Para que tudo funcionasse bem era necessário fazer para as sandálias Top uma distribuição diferente daquela das tradicionais. Um número significativo de varejistas de calçados aderiu à idéia de comercializar a nova linha, mediante a promessa de receber todo o apoio possível da Alpargatas. Foram criadas embalagens para as Top e displays para expô-las de forma destacada nos pontos de venda. Já no primeiro ano foi atingido o objetivo. As havaianas tradicionais recuperaram volume de vendas e a linha Top, embora com receita baixa em comparação a das tradicionais, recebeu uma resposta bastante positiva do mercado. Consolidação do aprendizado: 69 As Havaianas tradicionais sempre tiveram a fama de oferecer excelente relação custo - benefício aos usuários. Em 1997, a Alpargatas se propôs a fazer com que o valor percebido nas havaianas Top obtivesse a mesma reputação. Se as Havaianas tradicionais eram baratas para os consumidores de renda mais baixa, as Havaianas Top também eram para usuários de classe média. Para transmitir essa idéia, a Alpargatas potencializou o que já vinha aprendendo em duas frentes: produto e comunicação. Produto: Dona de uma única linha de produtos durante 32 anos, a marca Havaianas passou a ter mais de 25 linhas entre 1997 e hoje, destinadas a diferentes segmentos no mercado, de renda mais elevada, com preço até 6 vezes superior ao preço das tradicionais. Comunicação: Entre 1994 a 2003 a verba destinada aumentou de 3% a 4% das vendas para algo entre 10% e 12% (sendo que as vendas cresceram muito). Em vez de veicular campanhas apenas nas temporadas, a decisão foi estar presente na mídia eletrônica nos doze meses do ano. Internacionalização e exclusividade: Atualmente as sandálias estão muito bem distribuídas em lojas e butiques sofisticadas do exterior, onde não são encontradas em supermercados. Seu preço médio gira entre 25 e 30 euros na Europa e entre 10 e 15 dólares nos Estados Unidos, valor significativamente superior ao modelo mais caro da marca no Brasil, as Havaianas High. As Havaianas souberam ocupar um espaço que estava vazio no mercado mundial, agora existe uma marca global de sandálias. O novo programa de gerenciamento da marca Havaianas gerou grande valor para os acionistas da São Paulo Alpargatas. Fez com que as ações da empresa registrassem uma valorização nominal de 553% na bolsa de valores de São Paulo entre 1997 e 2004. Fonte: HSM Management, janeiro/fevereiro, 2005. Pontos para discussão: 6.1. Qual foi a mudança que possibilitou o reposicionamento da marca Havaianas no mercado de sandálias? 6.2. Como a marca Havaianas obtém um alto valor ($) no mercado internacional se no Brasil uma das estratégias da Alpargatas foi manter a relação custo-benefício? 6.3. Cite as alterações relacionadas aos itens: design, canais de vendas, comunicação com o mercado e produto. 6.4. Defina um público que a Havaianas poderia atingir com a sua 26º coleção. Por quê? 70 CAPÍTULO X ABORDAGEM COMPORTAMENTAL DA ADMINISTRAÇÃO Baseado nos trabalhos de dinâmica de grupo realizado por Kurt Lewin, quando da fase de impulsionar a Teoria das Relações Humanas, a teoria administrativa passa a apresentar novas colocações. Teoria de Campo de Kurt Lewin Em suas pesquisas sobre o comportamento social, Lewin reforça a importância da motivação. Lewin elabora a Teoria de Campo, que se baseia em duas posições fundamentais: 1ª Comportamento humano é derivado da totalidade de fatos coexistentes; 2ª Esses fatos coexistentes têm caráter de um campo dinâmico, no qual cada parte do campo depende de uma inter-relação com as demais outras partes. Lewin, propõe a seguinte equação, para explicar o comportamento humano. C = f(P,M) Onde: C (comportamento) é função (f) ou resultado da interação entre a pessoa (P) e o meio ambiente (M) que a rodeia. Para Lewin, toda necessidade cria um estado de tensão no indivíduo, uma predisposição à ação, sem nenhuma direção. Quando um objeto exeqüível é encontrado, ele adquire uma valência positiva para dirigir- se para o objeto. Quando a tensão é excessiva (muita fome, por exemplo), ela pode tumultuar a percepção do ambiente e desorientar o comportamento do indivíduo. Se surge uma barreira, ocorre a frustração pelo não alcance do objeto, provocando aumento da tensão e levando a um comportamento ainda mais desorientado. Lewin foi o principal inspirador dos autores da Escola das Relações Humanas. A partir da década de 1950 surge uma nova visão da teoria administrativa, baseada no comportamento humano das organizações. A abordagem comportamental, também conhecida como por behaviorista (psicologia), marca forte influência das ciências do comportamento, buscando novas soluções democráticas, humanas e flexíveis para os problemas organizacionais. Com a abordagem comportamental a preocupação com a estrutura organizacional desloca-se para: Os Processos e dinâmicas organizacionais, Comportamento das pessoas nas organizações. Predomina neste período a preocupação com as pessoas. Origens da Teoria Comportamental Oposição definitiva da Teoria das Relações Humanas (ênfase nas pessoas), em relação à Teoria Clássica (ênfase nas tarefas e na estrutura organizacional). A Teoria Comportamental representa um desdobramento da Teoria das Relações Humanas, sendo que está rejeita as concepções ingênuas e românticas da Teoria das Relações Humanas. A Teoria Comportamental critica a Teoria Clássica, no tocante a mecanística dos autores clássicos. Com a Teoria Comportamental deu-se a incorporação da sociologia da burocracia, ampliando o campo da teoria administrativa. A Teoria Comportamental surge no final da década de 1940 com a redefinição total de conceitos administrativos. 71 O enfoque comportamental cobre vasta gama de interesses no estudo, que se divide em dois grandes ramos a saber: ENFOQUE COMPORTAMENTAL Estudo das Pessoas como Indivíduos. Estudo das pessoas como membros de grupos. Competências: conhecimentos, habilidades, atitudes. Traços de personalidade. Motivação, Liderança, Dinâmica de Grupo, Comunicação, Cultura. Motivações Humanas A motivação humana é um tema que polariza as atenções de cientistas e estudiosos, sendo que estaremos a seguir comentando algumas delas: Maslow Segundo Maslow, a motivação dos indivíduos, objetiva satisfazer certas necessidades e para melhor ilustrar Maslow formulou sua teoria com base no conceito de hierarquia de necessidades que influenciam o comportamento humano: TeoriaX e Y de McGregor Posteriormente à idéia da existência de necessidades humanas lançadas por Maslow, Douglas McGregor, complementa tais afirmações dizendo que essas necessidades encontram satisfação no próprio trabalho. A obra maior de McGregor - O lado humano da empresa - é o registro da denominada Teoria X e Y. Essa teoria, extremamente interessante, mostra duas formas distintas de “ser”' do trabalhador ou duas formas distintas de “ver” o trabalhador. O Sentimento das pessoas de sentirem-se valorizadas pelos que as rodeiam; sua auto-estima; O desejo de sentir-se importante, Competente; Valorizado. Reputação; Reconhecimento; Auto-respeito; Amor. O desejo dos indivíduos de renovar e reciclar seu potencial; Torna-se cada vez mais o que cada um seria capaz de ser. Realização do potencial; Utilização plena dos talentos individuais e competências essenciais. A necessidade de amar e ser amado; Ter amizades; Vínculos familiares; Intimidade; Grupos sociais. A contrapartida da insegurança natural das pessoas: Estabilidade; Proteção; Livre do perigo; Moradia; Estrutura; Privacidade. Necessidades físicas tais como: Alimentação; Sono; Sexo; Abrigo. Fisiológicas Seguran ça Social Estima Auto- Realização N E C E S S I D A D E S 72 Um trabalhador X, ou um trabalhador visto por um gerente de visão X, não gosta de trabalhar e o faz somente quando é compelido. Não gosta de assumir responsabilidade, é pouco ou nada ambicioso e busca acima de tudo segurança. Um trabalhador Y, ou um trabalhador visto por um gerente de visão Y, é alguém que, pelo contrário, sente- se bem no trabalho e busca atingir os objetivos que lhe são colocados; é alguém criativo e com potencialidades que podem e devem ser exploradas. Assim, a questão de ser X ou Y tanto pode se referir ao “'ser” do próprio indivíduo como ao “ser” do gerente que o observa e avalia. Em outras palavras, o trabalhador pode não ser X, mas pode ser visto como tal pelo gerente ou vice-versa. Esse ângulo de análise do indivíduo no trabalho causa um impacto profundo nos resultados organizacionais, dada a importância que o “ser” ou o “ver” têm nos relacionamentos intra e interempresariais. A teoria de McGregor, entre outros esclarecimentos, veio reforçar e instrumentalizar ainda mais a maneira de ver as pessoas na sociedade industrial: não somente como membros de grupos, mas, principalmente, como indivíduos. Sistemas de Administração de Likert Através de pesquisas Likert chegou à conclusão que a organização de baixa eficiência tendem a ser chefiado por supervisores voltados para o trabalho, com base em padrões científicos, ou seja, divide as tarefas, escolhe as pessoas mais capacitadas e aumenta o ritmo de trabalho para aumentar a produção. Likert propõe que organizações com melhor desempenho possuem supervisores que focalizam sua atenção em aspectos humanos dos problemas de seus subordinados e procuram manter uma boa equipe de trabalho. É necessário que o supervisor saiba lidar com seus subordinados tendo em conta seus valores, expectativas e aspirações, pois em um ambiente onde os trabalhadores são pressionados, ocorrem altos índices de desperdício, os empregados não param no emprego, entra em conflito com maior freqüência e tem altos índices de reclamações. Likert através de experiências enunciou vários métodos e medidas para avaliar variáveis administrativos com embasamento em pesquisas, que possam afetar o andamento de uma organização, entre elas: Lealdade dos empregados com a organização Nível de motivação entre os empregados Quanto a metas grupais e individuais facilitam o cumprimento do objetivo da organização Eficácia do processo de comunicação Aplicando essas medidas pode-se saber o ambiente, e o estado de satisfação em que os empregados estão trabalhando, se está melhorando ou não e o que deve ser feito. Likert elabora quatro modelos de sistema com base em variáveis em que as empresas podem se encontrar sendo que o último é proposto como o ideal para o bom funcionamento da organização já que foi constatados que há maior produtividade e motivação por parte do empregados. Sistema 1 Autoritário- Ambiente de desconfiança aos subordinados, castigos, recompensas ocasionais, pouca comunicação, decisões centralizadas no topo da organização. Sistema 2 Arbitrário- Decisões pouco descentralizadas, pouca confiança, castigos potenciais, pouca comunicação. Sistema 3 Consultivo- Aumento da confiança, mas não completa recompensa, envolvimento das pessoas e interação. Sistema 4 Participativo- Ambiente de completa confiança aos subordinados se sentem livres, para agir, as idéias tem uso construtivo, envolvimento grupal, as pessoas se sentem responsáveis. 73 Como se trata de sistemas, para a organização passar de um sistema para outro deve haver uma transição que deve ser feita mantendo a integridade do sistema e das suas partes para que assim trabalhe com eficiência. Pois para Likert “os maiores ativos de uma empresa são seus funcionários e é essencial que haja um bom relacionamento entre superior e subordinado para se obter um sistema administrativo altamente eficaz”. 74 EXERCÍCIOS: Abordagem Comportamental da Administração 1) CASO: MAGAZINE LUIZA RECONHECE TALENTOS, MAS EVITA MIMOS Caso prático do tópico: Conflito entre objetivos organizacionais o objetivos individuas Um dos temas preferidos pelos behavioristas é o conflito entre os objetivos que as organizações procuram atingir e os objetivos que individualmente cada praticante pretende alcançar. Cientes disso, as empresas buscam práticas de reconhecimento tanto financeiros como não financeiros para alinhar cada vez mais os objetivos empresariais com os individuais. O Magazine Luiza, por exemplo, mantém uma política bastante forte de reconhecimento, tanto monetário quanto não monetário. Ela abrange desde ações simples, como o reconhecimento do funcionário destaque do mês, até programas mais elaborados. Mas, para que as recompensas não sejam vistas apenas como regalias, a companhia cobra constantemente resultados dos funcionários. "Exigimos muito e sempre estou atenta para não mimá-los. Tenho muito medo de mimar", afirma a empresária Luiza Helena Trajano, presidente da rede varejista. Recentemente, a empresa precisou reajustar a parcela fixa da remuneração de seus funcionários, a fim de compensar uma parte das perdas causadas pela macroeconomia neste ano. Luiza conta que atendeu à reivindicação um tanto contrariada. "Isso definitivamente nunca foi e não será uma prática. Acredito que a renda variável é o mais importante, porque ela faz as pessoas trabalharem por resultados. O meu princípio é: se a empresa lucra, todos lucram," afirma. Mérito reconhecido O mineiro Marco Antônio Borges é um exemplo. Borges ingressou no Magazine Luiza aos 18 anos, como vendedor de uma loja da rede em Uberlândia. Pouco tempo depois, foi promovido a encarregado e, devido a seu desempenho na função, ganhou uma viagem de uma semana para Salvador, com direito a um acompanhante. Borges escolheu a mãe. Foi a primeira viagem de avião de ambos. De lá pra cá, ele não parou de se destacar e de rodar o país, gerenciando lojas em diferentes estados e viajando para outros como prêmio por resultados acima da média. No final de 2004, na última convenção da rede, foi promovido a gerente regional. Há pouco mais de três meses, gerencia 23 lojas na região de Campinas. "É a terceira regional da rede em faturamento e em breve será a segunda", diz ele. O histórico de Borges, hoje com 35 anos, promete. Seu último feito foi dobrar o faturamento de uma loja problemática do Magazine Luiza em um shopping center de alto nível em Sorocaba, no interior de São Paulo."Foi um desafio enorme, porque o nosso conhecimento maior é de lojas de rua", afirma. Graças a essa façanha, Borges ganhou mais uma viagem de uma semana para qualquer lugar do país, com direto a levar a mulher, filhos, pais e, se quiser, sogros. Mas decidiu adiar o passeio com a família para o ano que vem, quando já estiver mais familiarizado com as rotinas da nova função. "Não preciso sair do Magazine Luiza para buscar desafios. Eles estão todos aqui, para serem superados, um por um", afirma. "Aqui, não tenho dúvidas de que o meu desempenho pode me levar até onde eu quiser". Incentivos Em 2004, a empresa promoveu a "Olimpíada do Bilhão", uma campanha para incentivar os vendedores e funcionários de apoio a conquistar o primeiro bilhão de faturamento da empresa. A meta foi superada e o faturamento bateu em R$1,4 bilhão. Dezenas de funcionários tiveram seu desempenho destacado ao longo do ano. Os doze que tiveram o melhor desempenho durante todo o ano ganharam uma viagem para a Disney, na Flórida, levando um acompanhante. Em 2006, a campanha se chamava "Copa dos Campeões". Os critérios eram semelhantes, com a diferença que os destaques do ano ganharam uma viagem para a Copa do Mundo 2006, na Alemanha, com direito a acompanhante. Eles também foram convidados para participar do seminário de posicionamento estratégico - o grande encontro anual das lideranças do Magazine. O Magazine Luiza também possui outros programas de incentivos, como a distribuição de 10% do lucro que exceder a meta anual, pagamento de até quatro salários anuais de bônus para os gerentes e o aumento do percentual de comissão a cada meta atingida. Fonte: Revista Exame; 09/09/2005. Pontos para discussão: 1.1. Cite as semelhanças entre o que defendia Chris Argyris e as práticas aplicadas pela Magazine Luiza. 1.2. Diferencie incentivos financeiros e não financeiros com exemplos do texto. 1.3. Cite alguns desafios enfrentados por Marco Antônio. 1.4. Em sua opinião, Marco Antônio teria o mesmo desempenho se não houvesse desafios? Por quê? 2) CASO: EMBRAER: A RECEITA DE SUCESSO FOI MEXER COM A EMOÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS 75 Desde a decolagem do ERJ 145, um jato com 50 lugares, a produção e o lucro da Embraer só fizeram crescer. A primeira grande encomenda veio em 1996: 200 aviões para a Continental Express. De lá para cá, o impulso nas vendas se manteve. Hoje saem da fábrica 18 aviões da família ERJ 145, por mês. A empresa vende, por ano, 157 jatos contra 96 da arqui-rival canadense Bobardier, o que ajuda a puxar a curva de faturamento para cima, chegando a US$2,9 bilhões ao ano. Mas como é que se produz tanto em tão pouco tempo, ainda mais sabendo que a concorrente não consegue entregar mais do que 14 unidades mensais? A Embraer percebeu que só daria esse salto quantitativo investindo na motivação dos funcionários, para reverter o clima negativo que se instalou na empresa depois do drástico corte de pessoal. De 1989 a 1997, período de recessão mundial causada pela guerra do Golfo, o número de empregados caiu de 14.000 para 3.200. O consórcio que adquiriu a empresa, liderado pelo Grupo Bozzano, Simonsen, foi obrigado a cortar custos para superar as perdas que chegaram a US$400 milhões. Em 1995, não havia dinheiro para treinamento ou para aumentar salários. O que a empresa fez, então, para valorizar quem ficou? Contratou uma consultoria para elaboração de um plano de cargos, remuneração e carreiras. O processo foi o divisor de águas na gestão da empresa. Basicamente, o pacote incluiu as seguintes mudanças: • Criação de um modelo de competências utilizado como base para avaliação, remuneração e desenvolvimento dos funcionários. • Estabelecimento de níveis de crescimento de carreira tanto verticais quanto horizontais. • Redução de 1.268 postos de trabalho diferentes para apenas 248. • Investimento na melhoria do processo de comunicação entre os líderes e suas equipes • Conscientização do funcionário como principal responsável por seus resultados e objetivos. Na época em que o trabalho da consultoria estava sendo aplicado, agradar os funcionários não era tarefa fácil. O clima de empresa era de completo baixo astral. Imperava a desmotivação e havia um profundo descrédito em relação ao futuro da empresa. Quem não era demitido arriscava trocar de área e até de país em busca de horizontes menos nebulosos. Para piorar a situação, a Bombardier aproveitou-se da fraqueza da Embraer: publicou um anúncio nos jornais de São José dos Campos e instalou um escritório na cidade a fim de levar engenheiros experientes da empresa brasileira para o Canadá. Cerca de 20 pessoas não resistiram a tentação e foram embora. Entretanto, quem preferiu ficar, acabou colhendo bons frutos. Oportunidades de crescimento não faltam hoje na empresa. Existe um orçamento de mais de US$5 milhões para treinamento e desenvolvimento. Os mais de 11.000 funcionários que a Embraer tem atualmente não podem reclamar do incentivo dos planos de benefícios. A remuneração por resultados é umas das mais agressivas do mercado. Se a empresa registrar o lucro e houver retirada de dividendos, os funcionários têm direito até 25% do lucro pago aos acionistas (porcentagem definida de acordo com o volume de metas que conseguirem atingir). Já houve ano em que os funcionários de base receberam até 5 salários de premiação. Além do dinheiro no bolso, motivar os funcionários na Embraer tem a ver também com educação. A empresa disponibiliza 400.000 dólares anualmente para bolsas de estudo. Atualmente trabalhar na Embraer é algo que dá muito prazer. Mesmo enfrentando diversas turbulências no dia-a-dia, os funcionários se sentem extremamente valorizados. O sentimento de orgulho em trabalhar na Embraer cresce a cada projeto de avião que decola. Fonte: Você S/A, 05/2002. Pontos para discussão: 2.1. Você realmente acredita que a vantagem em produção de jatos da Embraer, em relação a sua concorrente está diretamente ligada a motivação dos funcionários? Por quê? 2.2. O que você considera que mais influencia na motivação em longo prazo: a valorização do funcionário ou a remuneração? 2.3. Qual a relação entre a reestruturação de cargos e a motivação dos funcionários? 76 CAPÍTULO XI TEORIA DE SISTEMAS A Teoria de Sistemas (TS) é um ramo específico da Teoria Geral de Sistemas (TGS). Com ela, a abordagem sistêmica na Teoria Geral da Administração ocorreu a partir da década de 1960 Pensamento sistêmico. A essência do pensamento ou enfoque sistêmico é a idéia de elementos que interagem e formam conjuntos para realizar objetivos. Origens da Teoria de Sistemas TGS surgiu com os trabalhos do cientista (biólogo) alemão Ludwig von Bertalanffy no final dos anos 30. A TGS não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas produzir teorias e formulações conceituais para aplicações na realidade empírica. Os pressupostos básicos da TGS são: Existe uma tendência para a integração das ciências naturais e sociais. Esta integração parece orientar-se rumo a uma teoria dos sistemas. A teoria dos sistemas constitui o modo mais abrangente de estudar os campos não-físicos do conhecimento científico, como as ciências sociais. A teoria dos sistemas desenvolve princípios unificadores através das diversas ciências envolvidas, visando o objetivo da unidade da ciência. Isto conduz a uma integração na educação cientifica. Bertallanfy, faz uma crítica a visão que se tem do mundo, no tocante as várias divisões da ciência (biologia, física, química, etc). Em sua visão ele afirma que a TGS deve se estudar os sistemas globalmente, envolvendo todas as interdependências de suas partes. A TGS fundamenta-se em três premissas básicas: 1. Os sistemas existem dentro de sistemas:Cada sistema é constituído de subsistemas, e ao mesmo tempo, faz parte de uma sistema maior (supra-sistema). 2. Os sistemas são abertos: Decorrente da premissa anterior, cada sistema existe dentro de um meio ambiente constituído por outros sistemas. Os sistemas abertos têm por característica por um processo infinito de intercâmbio com o ambiente para troca de energia e informação. 3. As funções de um sistema dependem de sua estrutura: Cada sistema tem um objetivo ou finalidade que constitui sem papel no intercâmbio com os demais sistemas. A Teoria de Sistemas introduziu-se na Teoria Administrativa por várias razões: A necessidade de uma síntese e integração das teorias que a precederam: Esforço este tentando sem muito sucesso pelas teorias estruturalista e a comportamental A cibernética, que permitiu o desenvolvimento e operacionalização das idéias que convergiam para uma teoria de sistemas aplica à Administração. Os resultados bem-sucedidos da aplicação da TS nas demais ciências 77 Conceitos Fundamentais do Enfoque Sistêmico O ponto de partida do enfoque sistêmico é a idéia de sistema. Sistema é um todo complexo ou organizado; é um conjunto de partes ou elementos que forma um todo unitário ou complexo. Um conjunto de partes que interagem e funcionam como todo é um sistema. Qualquer entendimento da idéia de sistema compreende: Um conjunto de entidades chamadas partes, elementos ou componentes. Alguma espécie de relação ou interação das partes. A visão de uma entidade nova e distinta, criada por essa relação, que se consegue enxergar focalizando o todo e não suas partes. Exemplo: Pense nas mercadorias que estão dentro de um depósito de materiais de construção. Apenas componentes isolados, sem nenhuma relação entre si. Junte-os por meio de um projeto e de esforço humano e pronto, você constrói uma casa, um sistema de habitação, uma nova entidade. Você nem precisa construir a casa de fato: basta construí-Ia em sua imaginação e - pronto - você enxergará os materiais dentro de um enquadramento sistêmico. Características dos Sistemas Os sistemas apresentam características próprias. O aspecto mais importante do conceito de sistema é a idéia de um conjunto de elementos interligados para formar um todo. O todo apresenta propriedades e características próprias que não são encontradas em nenhum dos elementos isolados. É o que chamamos emergente sistêmico: uma propriedade ou característica que existe no sistema como um todo e não existe em seus elementos em particular. Da definição de Bertalanffy, segundo a qual o sistema é um conjunto de unidades reciprocamente relacionadas, decorrem dois conceitos: a) Propósito ou objetivo: Todo sistema tem um ou alguns propósitos ou objetivos. As unidades ou elementos (ou objetos), bem como os relacionamentos, definem um arranjo que visa sempre um objetivo ou finalidade a alcançar. b) Globalismo ou totalidade: Todo sistema tem uma natureza orgânica, pela qual uma ação que produza mudança em uma das unidades do sistema, deverá produzir mudanças em todas as suas outras unidades. Qualquer estimulação em qualquer unidade do sistema afetará todas as unidades. O efeito total dessas mudanças ou alterações proporcionará um ajustamento de todo o sistema. O sistema sempre reagirá globalmente. Na medida em que o sistema sofre mudanças, o ajustamento sistemático é contínuo. Das mudanças e dos ajustamentos contínuos do sistema decorrem dois fenômenos: o da entropia e o da homeostasia Entropia: (do grego entrope = transformação) Quantidade de energia de um sistema, que não pode ser convertida em trabalho mecânico sem comunicação de calor a algum outro corpo, ou sem alteração de volume. A entropia aumenta em todos os processos irreversíveis e fica constante nos reversíveis. (fonte: Michaelis) Significa que partes do sistema perdem sua integração e comunicação entre si. (aplicação no texto) Homeostasia: (do grego homeos = semelhante; e statis = situação) 78 Lei dos equilíbrios internos que rege a composição e as reações físico-químicas que se passam no organismo e que, graças a mecanismos reguladores, são mais ou menos constantes. É o que acontece com o teor, no sangue, de água, sais, oxigênio, açúcar, proteínas e graxos, o mesmo se verificando com a reserva alcalina do sangue e temperatura interna. (fonte: Michaelis) Todos os mecanismos vitais têm por objetivo conservar constantes as condições de vida no ambiente interno. Tipos de Sistemas 1 - Quanto a sua constituição podem ser: Sistemas Físicos ou concretos: Quando composto de equipamentos, maquinários, podendo ser descritos em termos quantitativos de desempenho. Sistemas Abstratos ou Conceituais: Quando compostos por conceitos, planos, hipóteses, idéias, etc. Sendo que existe uma complementaridade (variante combinatória que ocorre em condições contextuais específicas. ) entre ambos. 2 - Quanto a sua natureza podem ser: Sistemas fechados: São sistemas que não apresentam intercâmbio com o meio ambiente. Não recebem e nem influenciam o meio ambiente. Comportamento é determinístico e programado. Sistemas abertos: São os sistemas que apresentam relações de intercâmbio com o ambiente, através de entradas e saídas. Este sistema troca matéria e energia com o meio ambiente. Parâmetros ou Estrutura dos sistemas Entradas: As entradas ou componentes (inputs) compreendem os elementos ou recursos físicos e abstratos de que o sistema é feito, incluindo todas as influências e recursos recebidos do meio ambiente. Processo: Todo sistema é dinâmico e tem processos que interligam os componentes e transformam os elementos de entrada em resultados. Saídas: As saídas ou resultados (outputs) são os produtos do sistema. Para uma empresa, considerada como sistema, as saídas compreendem os produtos e serviços para os clientes ou usuários, os salários e impostos que paga, o lucro de seus acionistas, o aumento das qualificações de sua mão-de-obra e outros efeitos de sua ação, como a poluição que provoca ou o nível de renda na cidade em que se localiza. O sistema empresa é formado de inúmeros sistemas menores, como o sistema de produção e o sistema administrativo, cada um dos quais tem suas saídas específicas. Feedback: Feedback (palavra que significa retomo da informação, efeito retroativo ou realimentação) é o que ocorre quando a energia, informação ou saída de um sistema a ele retoma. O feedback reforça ou modifica o comportamento do sistema. Ambiente Entradas Transformação ou Processamento Saídas Ambiente Feedback 79 Uma automobilística é a síntese de um sistema, que transforma matéria-prima, peças e componentes em um produto final, ou seja, o veículo. Os sistemas mantêm com o ambiente uma relação de troca de energia, na forma de importação de insumos e exportação de resultados. Feedbeak, ou Realimentação: É o retorno para o sistema de energia por ele produzida. Lucros Reinvestidos, Materiais Recicláveis, Avaliações Feitas por Clientes e Informações sobre o Mercado são Formas de Realimentação. Uma avaliação da Teoria de Sistemas De todas as teorias administrativas a Teoria de sistemas acaba sendo a menos criticada, por um motivo muito simples:A perspectiva sistêmica parece concordar com a preocupação estrutural-funcionalista típica das ciências sociais dos paises capitalistas. Em uma apreciação crítica da Teoria de Sistemas, verifica-se que essa abordagem trouxe uma fantástica ampliação na visão dos problemas organizacionais em contraposição à antiga abordagem do sistema fechado. Seu caráter integrativo e abstrato e a possibilidade de compreensão dos efeitossinergísticos da organização são realmente surpreendentes. A visão do homem funcional dentro das organizações é a decorrência principal sobre a concepção da natureza humana. Apesar do enorme impulso, a “TS” ainda carece de melhor sistematização e detalhamento, pois sua aplicação prática é ainda incipiente. fonte: Introdução à Teoria Geral da Administração – Idalberto Chiavenato AMBIENTE SISTEMA INSUMOS RESULTADO S 80 EXERCÍCIOS: Teoria dos Sistemas EXERCÍCIOS – TEORIA DE SISTEMAS 1) O quadro abaixo ilustra o desenvolvimento da informática, na parte relativa às linguagens de programação e aos recursos (também chamados “mecanismos de tradução ” ) disponibilizados para os usuários. Com base na cronologia ilustrada acima, a partir de que geração tecnológica se deu, efetivamente, o desenvolvimento dos sistemas de informação baseados em computador (Computer Based Systems), particularmente os SIGs - Sistemas de Informação Gerencial - que são ferramentas utilizadas no processo decisório empresarial, no planejamento das ações e no controle das operações? (A) 5ª (B) 4ª (C) 3ª (D) 2ª (E) 1ª 2) A concepção qualitativa do homem no contexto das organizações enseja uma associação entre o comportamento organizacional do indivíduo, o sistema de incentivos e a relação entre os objetivos organizacionais e os individuais com cada uma das teorias administrativas. A teoria dos sistemas, que enfatiza o desempenho de papéis, incentivos mistos e conflitos, está relacionada com o indivíduo organizacional do tipo Homem: (A) Econômico. (B) Funcional. (C) Social. (D) Organizacional. (E) Administrativo. 3) A figura acima retrata o comportamento de um sistema durante seu ciclo de vida, de acordo com conceitos, de grande importância na Teoria de Sistemas, desenvolvidos pela Teoria da Informação e pela Cibernética. Uma interpretação ERRADA de um dos conceitos apresentados na figura é: (A) Informação e Incerteza podem ser relacionadas pela seguinte expressão de forma logarítmica: Incerteza = – Informação. (B) a Informação pode ser definida como a medida da quantidade de organização ou ordem (em oposição à aleatoriedade) em um sistema. (C) a Teoria da Informação considera a Informação como a quantidade análoga à Entropia (expressa pela mesma unidade: BIT). (D) a Variedade de um sistema, medida em BITs, reduz-se à medida que o sistema torna-se mais previsível (ou menos incerto). (E) à medida que a Entropia diminui, a desorganização aumenta e a energia do sistema (Informação) degrada-se. 4) A solução de problemas, nos dias de hoje, exige um grande enfoque para sistemas, mais do que a obsessão de aprofundamento do problema particular em questão, isso significa olhar o problema sob uma perspectiva muito mais ampla, ou seja, sob o ponto de vista de sistemas, um ponto de vista holístico. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 5) Com a Teoria Geral de Sistemas começamos a perceber uma mudança no ponto de vista e na concepção dos aspectos referentes às organizações. 81 Assim, abandonamos o entendimento da organização em que apenas observávamos as suas particularidades, e passamos a enxergar a totalidade que representa mais do que a soma das partes. Isto chama funcionalismo. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 6) O sistema aberto “pode ser compreendido como um conjunto de partes em constante interação e interdependência, constituindo um todo sinérgico (o todo é maior do que a soma das partes), orientado para determinados propósitos e em permanente relação de interdependência com o ambiente”. ( ) Verdadeiro ( ) Falso 7) Nas organizações vistas como sistemas abertos podemos identificar algumas características em comum. Será que você possui o entendimento sobre elas? Prove, associando-as: a) ciclo de eventos b) entropia negativa c) eqüifinalidade d) equilíbrio dinâmico ( ) É a característica que define que um sistema aberto pode alcançar o mesmo estado final, a partir de diferentes condições iniciais e por meio de uma variedade de caminhos. ( ) O balanceamento, ao longo do tempo, das tendências de crescimento e da manutenção serve para manter o caráter básico do sistema. ( ) Absorção de energia maior do que liberação, visando à sobrevivência ou crescimento organizacional. ( ) Processo que envolve a importação, a transformação e a exportação de energia (recursos humanos, recursos financeiros, materiais e equipamentos, e produtos / serviços). 8. CASO Uma empresa decidiu desenvolver um Sistema de Informações Gerenciais (SIG) com vistas a melhorar o seu desempenho. Considere que o SIG é "o processo de transformação de dados em informações que são utilizadas na estrutura decisória da empresa, bem como proporcionam a sustentação administrativa para otimizar os resultados esperados". (Oliveira, 1992, p.39). Cite 5 (cinco) áreas/setores diferentes da empresa que, uma vez associadas(os) à concorrência, podem colaborar com o processo de aprimoramento do SIG que se quer implementar. Justifique. 9) CASO: Sintex LTDA. – Falha na implementação do sistema interno de comunicação A Sintex é uma empresa de consultoria na área de estratégias empresariais. É uma multinacional brasileira, com abrangência em toda América Latina, possui operações na Argentina, México, Chile e Colômbia. No Brasil, a Sintex possui aproximadamente 60 funcionários, distribuídos entre consultores e as áreas de apoio (Back Office). Fazem parte das áreas de apoio os departamentos de marketing, financeiro, recursos humanos e comercial. A Sintex possui também uma área de negócio voltada para a educação (cursos e eventos). Uma das iniciativas flagradas na estratégia da empresa foi a de aumentar o número de oportunidades de negócio. A empresa tinha uma atitude passiva com relação ao mercado, e às oportunidades em sua maioria surgiam de empresas que a procuravam ou eram revendas de projetos em clientes atuais. Foi então criado um comitê para liderar essa iniciativa. A primeira atitude do comitê foi entrevistar os gestores de todas as áreas de apoio e um representante da área de consultoria para identificar as falhas no processo comercial. Após o mapeamento das entrevistas, a principal preocupação identificada foi a necessidade de uma base de dados unificada que melhore a comunicação entre os departamentos e possibilite maior rapidez, informação e gestão de uma oportunidade de negócio. Até o momento, o controle de oportunidades era realizado em Excel e cada departamento possuía sua planilha. Pela falha na comunicação, algumas vezes diferentes gerentes ou diretores prospectavam uma mesma empresa. Após a identificação do problema, o comitê convocou novamente os gestores para que juntos redesenhassem o processo de uma venda, desde o primeiro contato, conclusão do negócio até o pós- venda. Com o mapeamento completo do processo comercial, o comitê buscou alternativas no mercado para definir a melhor alternativa. Simultaneamente, foram realizados testes em softwares prontos no mercado, chamados “softwares de prateleira”, e também solicitadas propostas de empresas “desenvolvedoras de software” para a criação de um sistema interno de comunicação específico para o negócio da Sintex. Após a fase de testes e avaliação das propostas, o comitê juntamente com os representantes das áreas elegeu a melhor alternativa: um software específico para empresa, que contemple todo o processo comercial e unifique a base de dados da empresa. 82 Passado aproximadamente um ano e meio desde o início do trabalho do comitê, o software estava pronto para ser operacionalizado, e algumas áreas, como a comercial, já o utilizavam no seu dia-a-dia. Entretanto, durante esse período, a empresa passoupor uma reestruturação. As operações de cada país passaram a atuar globalmente, o departamento de marketing, por exemplo, passou a ser dirigido pela Sintex argentina. Com isso, a necessidade de uma base de dados única passou a ser de interesse de todas as operações. A grande questão é que a Argentina já trabalhava com um software de CRM para gerenciar as oportunidades do seu país. Em uma reunião com os executivos da América Latina, ficou decido que todas as operações deveriam adequar seus processos ao software da Argentina, que já estava operacionalizado, enquanto o software brasileiro, apenas o departamento comercial utilizava. Após dois anos da decisão da diretoria, a operação brasileira ainda continuava com seus controles em Excel. Desenvolvido por: Arthur Ribeiro PONTOS PARA DISCUSSÃO: 9.1. Cite alguns fatores que possam ter influenciado na falha da implementação do software argentino no Brasil. 9.2. Por que o software brasileiro não foi o escolhido? 9.3. Que ações poderiam ter sido diferentes? 83 CAPÍTULO XII ORIGENS DO DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL - DO O movimento de DO surgiu a partir de 1962 como um conjunto de idéias a respeito do homem, da organização e do ambiente, no sentido de facilitar o crescimento e desenvolvimento das organizações. No sentido restrito, o DO é um desdobramento prático e operacional da Teoria Comportamental em direção à abordagem sistêmica. As origens do DO são atribuídas a vários fatores, a saber: A dificuldade de operacionalizar os conceitos das diversas teorias administrativas, cada uma trazendo uma abordagem diferente. Observou-se que somente treinamentos (individual, grupo ou organizacional) não provoca a mudança. É necessário estabelecer um programa de mudança de toda a organização. Os estudos sobre a motivação humana demonstram A necessidade de uma nova abordagem da Administração que pudesse interpretar a vova concepção do homem e da organização. A criação da National Training Laboratory (NTL). Primeiras pesquisas de laboratório sobre o comportamento de grupo. O treinamento da sensitividade (ou educação em laboratório). A publicação de um livro em 1964. Grupos de psicólogos da NTL, expondo as pesquisas com os resultados com o treinamento da sensitividade e as possibilidades de sua aplicação dentro da organização. A pluralidade de mudanças no mundo, a saber: Transformações rápidas e inesperadas do ambiente organizacional. Aumento do tamanho das organizações. Diversificação e complexidade da tecnologia. Mudanças no comportamento administrativo devido a um: o Novo conceito de homem baseado no conhecimento de suas complexas necessidades. o Novo conceito do poder, baseado na colaboração e na razão. o Novo conceito de valores organizacionais. A fusão de duas tendências no estudo das organizações. O estudo da estrutura e o estudo do comportamento humano nas organizações. Os estudos sobre conflitos interpessoais. Pequenos grupos, passando à administração pública e depois a vários tipos de organizações. Os modelos de DO baseiam-se em quatro variáveis básicas: Ambiente, Organização, Grupo e Indivíduo. As características do DO Focaliza a organização global. Processos grupais. Orientação sistêmica. Retroação intensiva. Utiliza agentes de mudanças. Orientação contingencial. Ênfase na solução de problemas. Desenvolvimento de equipes. Aprendizagem experimental. Enfoque interativo. Objetivos do DO Os objetivos comuns de um programa de DO são: 84 Criação de um senso de identificação das pessoas com relação à organização. Busca-se a motivação juntamente com o comprometimento, compartilhamento de objetivos comuns e o aumento de lealdade. Desenvolvimento do espírito de equipe por meio da integração e interação das pessoas. Aprimoramento da percepção comum sobre o ambiente externo a fim de facilitar a adaptação de toda a organização. No fundo, o DO constitui a aplicação das técnicas das ciências comportamentais para melhorar a saúde e eficácia organizacional através da habilidade das pessoas de confrontar com as mudanças ambientais, melhorar as relações internas e incrementar a capacidade de solução de problemas. Cultura Organizacional Cultura organizacional é o conjunto de hábitos, crenças, valores e tradições, interações e relacionamentos sociais típicos de cada organização. Representa a maneira tradicional e costumeira de pensar e fazer as coisas e que são compartilhadas por todos os membros da organização. Em outras palavras, a cultura organizacional representa as normas informais e não escritas que orientam o comportamento dos membros da organização no dia-a-dia e que direcionam suas ações para a realização dos objetivos organizacionais. Cada organização tem a sua própria cultura corporativa. Muitos aspectos da cultura organizacional são percebidos com facilidade e são denominados aspectos formais e abertos, enquanto outros são de difícil percepção e são denominados aspectos informais e ocultos. Tal como num iceberg, os aspectos formais ficam na parte visível e envolvem as políticas e diretrizes, métodos e procedimentos, objetivos, estrutura organizacional e a tecnologia adotada. Os aspectos informais ficam ocultos na parte inferior do iceberg e envolvem percepções, sentimentos, atitudes, valores, interações informais e normas grupais. Os aspectos informais são mais difíceis de compreender e interpretar, como também de mudar ou sofrer transformações. Aspectos Formais e Abertos Aspectos Informais e Ocultos Estrutura Organizacional. Títulos e descrições de cargos. Objetivos e estratégias. Tecnologia e práticas operacionais. Políticas e diretrizes de pessoal. Métodos e procedimentos. Medidas de produtividade física e financeira. Padrões de influenciação e de poder. Percepções e atitudes das pessoas. Sentimentos e normas de grupos. Crenças, valores e expectativas. Padrões de integração informais. Normas grupais. Relações afetivas. Componentes visíveis e publicamente observáveis, orientados para aspectos operacionais e de tarefas. Componentes invisíveis e cobertos, afetivos e emocionais, orientados pa ra aspectos sociais e psicológicos. Clima organizacional O clima organizacional constitui o meio interno ou a atmosfera psicológica característica de cada organização. O clima organizacional está ligado ao moral e à satisfação das necessidades dos participantes e pode ser saudável ou doentio, pode ser quente ou frio, negativo ou positivo, satisfatório ou insatisfatório, dependendo de como os participantes se sentem em relação à organização. O conceito de clima organizacional envolve fatores estruturais, como o tipo de organização, tecnologia utilizada, políticas da companhia, metas operacionais, regulamentos internos, além de atitudes e comportamento social que são encorajados ou sancionados através dos fatores sociais. Mudança da cultura e do clima organizacional A organização é um sistema humano e complexo, com características próprias típicas da sua cultura e clima organizacional. Esse conjunto de variáveis deve ser continuamente observado, analisado e aperfeiçoado para que resultem motivação e produtividade. Para mudar a cultura e o clima organizacionais, a organização precisa ter capacidade inovadora, ou seja: 85 a) Adaptabilidade: ou seja, capacidade de resolver problemas e de reagir de maneira flexível às exigências mutáveis e inconstantes do meio ambiente. Para ser adaptável, a organização deve: ser flexível, para poder adaptar e integrar novas atividades; e ser receptiva e transparente a novas idéias, venham elas de dentroou de fora da organização. b) Senso de identidade: ou seja, o conhecimento e compreensão do passado e do presente da organização e a compreensão e compartilhamento dos seus objetivos por todos os participantes. No DO não há lugar para alienação do empregado, mas para o comprometimento do participante. c) Perspectiva exata do meio ambiente: ou seja, a percepção realista e a capacidade de investigar, diagnosticar e compreender o meio ambiente. d) Integração entre os participantes: para que a organização possa se comportar como um todo orgânico e integrado. A tarefa básica do DO é mudar a cultura e o clima da organização. 86 EXERCÍCIOS: Origem do Desenvolvimento Organizacional 87 CAPÍTULO XIII ABORDAGEM CONTINGENCIAL DA ADMINISTRAÇÃO 88 EXERCÍCIOS: Abordagem Contingencial da Administração Questões Dissertativas 1) O que você entende por contingência? 2) Qual a contribuição de Skinner para a abordagem contingencial? 3) Por que a abordagem contingencial marca uma nova etapa na Teoria da Administração? 4) Veja a Cronologia dos Principais Eventos da Teoria da Contingência e faça um resumo dos progressos ocorridos ao longo do tempo. 5) Por que a teoria contingencial é um passo além da Teoria de Sistemas? 6) Qual a contribuição das diversas teorias administrativas para a Teoria da Contingência? Sugestão de Pesquisa 7) Pesquise na Internet, jornais ou revistas exemplos de estratégias inovadoras. Cada aluno deverá trazer no mínimo uma matéria e se reunir em grupo. O grupo escolherá a matéria mais interessante para apresentar para a classe. Estudo de Caso 8) 3M - O mundo da inovação A lendária reputação da 3M em inovação é merecida. Desde sua criação, a cultura corporativa da 3M abraçou a inovação dos produtos com fervor quase evangélico. Esse foi o espírito que transformou a 3M no gigante de produtos industriais e de consumo que hoje fatura US$14 bilhões ao ano. Simplesmente declarar a intenção de sua empresa como inovadora não é suficiente; o caminho para a falência está repleto de intenções inovadoras. Então, como é que se pode fazer? A 3M conseguiu criando a cultura organizacional, as estruturas e o pool de recursos humanos necessários para suportar e nutrir um clima de constante criatividade e inovação. Sua essência é uma característica rara em corporações que faturam bilhões de dólares por ano: a 3M é extremamente flexível. Novas idéias e novas táticas são abraçadas, observadas, desenvolvidas e testadas continuamente. Se não funcionarem, a 3M rapidamente as descarta e segue adiante. Essa flexibilidade começa no topo e espalha- se por todos os níveis da estrutura organizacional da empresa. A arquitetura estratégica de inovação da 3M tem uma série de componentes-chave. Talvez, o mais famoso seja a política corporativa de que 30% do faturamento devem provir de produtos introduzidos nos últimos quatro anos. (Antes, eram 25% em cinco anos.) O que mais pode haver em termos de incentivo estrutural para inovar? É claro que muitas empresas estabelecem metas nobres, mas poucas as atingem com repetido e surpreendente sucesso. Então como é que uma empresa com 85 mil funcionários em todo o mundo move- se com a velocidade e a agilidade de um receptor de alcance amplo para se manter à frente da concorrência? A resposta é simples e, ao mesmo tempo, complicada. Da alta gerência para baixo, a 3M contrata as melhores pessoas e então respeita, apóia e, na verdade, insiste em seus esforços de pensar, aprender e criar – em resumo, inovar. E no mundo empresarial, isso é uma raridade. Na 3M, os técnicos têm a liberdade de gastar entre 15% e 50% do seu tempo pesquisando sobre seus projetos preferidos. Conceitos particularmente promissores recebem a recompensa de US$50 mil em Genesis Grants, para ajudar a desenvolvê-los na etapa seguinte. A criatividade individual é aperfeiçoada por meio da colaboração entre diferentes disciplinas. O pessoal de vendas conversa constantemente com os clientes para descobrir o que eles precisam ou querem, de preferência antes mesmo que o próprio cliente saiba. Depois, o pessoal de vendas conversa com os técnicos para iniciarem a criação de novos produtos. Essa ênfase em uma mentalidade de equipe e o compartilhamento simultâneo de idéias é um princípio fundamental da cultura da 3M. A história da criação do Post-it Notes se tornou um clichê corporativo e ilustra a reunião das melhores práticas na 3M. Um funcionário da 3M, Art Fry, precisava de uma maneira conveniente de marcar páginas individuais do seu livro de hinos, para referência rápida na igreja – um pequeno e simples problema que exigia uma solução potencialmente lucrativa. 89 Ele conversou com um rapaz de outro departamento, Spence Silver, que já tinha desenvolvido um novo adesivo para a 3M. O resto todo mundo já sabe. A 3M vendeu mais de US$100 milhões em Post-it Notes em 1994. Mark Twain certa vez afirmou que um especialista “é algum palerma de outro lugar”. A genialidade da 3M está em reconhecer que o palerma que a empresa precisava para um novo produto de estrondoso sucesso podia estar sentado em um escritório de outro departamento. Tudo o que a 3M tinha de fazer era eliminar as barreiras. E o que é que ganham os funcionários que compartilham suas idéias e ajudam a gerar grandes lucros para a 3M? Incentivos e reverências em radiantes comemorações da empresa não são um mau começo. Mas o que muitas pessoas valorizam ainda mais é saber que a 3M não irá abandoná-los à toa quando a maré subir. A 3M não demite funcionários. Em vez de dispensar pessoas, ela aumenta o orçamento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e eleva ainda mais suas expectativas em relação às capacidades inovadoras do seu pessoal. O resultado? Novos produtos são identificados e mais da metade colocada no mercado em tempo recorde. A 3M é uma das empresas mais inovadoras do mundo. A cada semana lança três produtos novos no mercado. Pode? Baseado em: Matthew J. Kierman, The Eleven Commandments of 21st Century Management, Englewood Cliffs, N.J., Prentice-Hall, 1996, p. 36-37. 9) Cirque Du Soleil – Identificando atributos na busca da inovação Enquanto o negócio “circo” encontra-se em declínio, ameaçado pela competição das diversões eletrônicas e pelos elevados custos de logística, o Cirque du Soleil dá uma aula de gestão. Com mais de 3.000 funcionários, produções itinerantes em todo o mundo e um público superior a 50 milhões de pessoas, o Cirque du Soleil em seus 22 anos de existência ultrapassa o faturamento de US$500 milhões. Segundo a teoria de Chan Kim e Renée Maubogne, professores da escola de Administração francesa Insead e autores do livro A Estratégia do Oceano Azul, através de uma estratégia inovadora, distantes das convencionais praticadas no seu setor, O Cirque du Soleil se destacou da concorrência e achou o seu Oceano Azul, espaço reservado às empresas que através da diferenciação e movimentos estratégicos denominados Inovação de Valor, acham um mercado (Oceano) inexplorado e escapam do Oceano vermelho marcado pelas estratégias convencionais e um mercado aglomerado e concorrente. A receita mágica do sucesso começou a dar certo quando seus fundadores reconheceram que criar um espetáculo era tão importante quanto gerar recursos para produzir outros e promovê-los. A empresa, ao contrário das demais companhias artísticas, propôs-se desde o início a ter uma empresa na qual a arte pudesse conviver com os negócios. O fundamental é não perder o equilíbrio entre o comercial e o artístico: “Se os aspectos comerciais ganhassem muita importância, perderíamos a nossa essência; se o artístico crescesse além do comercial, perderíamos dinheiro. Definitivamente, trata-sede preservar o equilíbrio”, afirmou Guy Liberte, titular do departamento de criação, para a HSM. Ainda que os espetáculos conservem alguns elementos típicos (tenda, palhaços e os acrobatas), deixara de lado outros (notadamente números com animais), dando ênfase à música, ao figurino e à cenografia. O fato de não trabalhar com animais lhe permitiu reduzir os elevados custos com cuidados, escapar das críticas dos defensores de seus direitos e destinar os recursos que sobram para valorização do produto perante os clientes. A companhia eliminou atributos que antes eram considerados indispensáveis em apresentações circenses e que não agregavam o valor esperado. Com o resultado, atraiu um público que não era espectador de circo. Os espetáculos têm muito de ópera, balé e música clássica que levam a platéia a outros mundos. Os espetáculos têm preços similares aos de uma apresentação na Broadway. Fonte: HSM Management (09/2005). PONTOS PARA DISCUSSÃO: 9.1. Quais os pontos você ressaltaria em que houve uma inovação de valor? 9.2. O fato de a companhia retirar as atrações que despendiam mais gastos prejudicou os espetáculos? 90 CAPÍTULO XIV Planejamento Estratégico A S C I N C O F O R Ç A S Fonte: Michael F. Porter No livro de Michael F. Porter (Estratégia Competitiva), são descritas cinco forças competitivas que determinam a atratividade de ramo de negócio, as características da competição dentro dele e suas causas. É descrito também, o modo como essas forças se modificam com o passar do tempo e como podem ser influenciadas pela estratégia de uma empresa. Essas cinco forças são: A ENTRADA DE NOVOS COMPETIDORES; A AMEAÇA DE PRODUTOS SUBSTITUTOS; O PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS COMPRADORES; O PODER DE NEGOCIAÇÃO DOS FORNECEDORES; E A RIVALIDADE ENTRE OS COMPETIDORES EXISTENTES 1. A ameaça de entrada de novos competidores determina a probabilidade de novas empresas entrarem em um ramo de indústria e conquistarem mercado, ou passando benefícios para os compradores na forma de preços mais baixos, ou elevando os custos da competição. As barreiras de entrada levantadas diminuem a probabilidade de entrada de novos competidores em um determinado ramo, evitando a queda dos preços. 2. O poder de negociação dos compradores determina quanto vão reter do valor criado para eles pelas empresas do mercado, deixando-as apenas com modestos retornos. 3. A ameaça de substitutos determina até que ponto algum outro produto pode satisfazer as mesmas necessidades do comprador, colocando, assim, um teto no montante que um comprador está disposto a pagar pelo produto original de um ramo de negócio. 4. O poder de negociação dos fornecedores determina quanto os fornecedores, e não as empresas para as quais fornecem em um ramo de negócios, irão se apropriar do valor criado pelos fornecedores para as empresas compradoras. 5. A intensidade da rivalidade age de modo semelhante à ameaça de entrada. Ela determina até que ponto as empresas que já atuam em um ramo irão conservar para si mesmas o valor criado por elas próprias para seus compradores e usá-lo ou para repassá-lo em parte para os compradores na forma de preços mais baixos para os seus produtos, ou para dissipá-lo em custos mais elevados para afastar os competidores existentes ou levantar barreiras de entrada para os competidores potenciais. A intensidade da rivalidade desempenha um importante papel para determinar se as empresas já atuantes no ramo irão ou expandir agressivamente sua capacidade ou optar por manter a rentabilidade. A estrutura industrial também determina com que rapidez os competidores irão retirar a oferta excedente se existir. As barreiras de saída impedem que as empresas saiam de um ramo, quando nele existe excesso de capacidade de produção instalada e, assim, prolongam os períodos em que vai existir este excesso de capacidade. O vigor de cada uma das cinco forças competitivas é uma função da estrutura da indústria, ou ramo de negócio, e de suas características técnicas e econômicas. Seus elementos importantes são apresentados no checklist de p. 229. A análise dos elementos listados no checklist, de forma global para o ramo de negócios, nos permitirá estabelecer a atratividade do negócio, e a feita do ponto de vista da empresa nos permitirá julgar a posição competitiva desta no ramo em questão. Os elementos do checklist são examinados mais pormenorizadamente mais adiante. A estrutura de um ramo de indústria ou negócio é relativamente estável, mas pode ir se modificando com o passar do tempo à medida que o ramo se desenvolve. Urna mudança na estrutura altera o vigor global e relativo das forças competitivas, podendo influenciar a rentabilidade do ramo de forma positiva ou negativa. As tendências do ramo mais importantes para a estratégia são aquelas que afetam a estrutura industrial. As empresas, por meio de suas estratégias, podem influenciar as cinco forças. A metodologia das cinco forças não elimina a necessidade de criatividade na busca de novas formas de competição em uma indústria. Muitas vezes, as empresas escolhem estratégias sem considerar suas conseqüente a longo prazo sobre a estrutura do ramo. Imaginam uma melhora em sua posição competitiva se tiverem êxito, mas deixam de prever as conseqüências da reação dos competidores. Se, por exemplo, a atuação dos 91 competidores tiver o efeito de aniquilar a estrutura industrial todos ficarão em situação difícil. Tanto empresas de segundo escalão, tentando superar grandes desvantagens competitivas, como empresas com sérios problemas buscando desesperadamente soluções, como concorrentes mal-informados que desconhecem seus próprios custos ou têm suposições irreais quanto ao futuro, podem destruir a estrutura de um ramo de negócio. Como os líderes têm grandes parcelas de mercado, tudo que alterar a estrutura competitiva geral irá afetá-los. Sua própria posição competitiva em seu ramo de negócio será favorável se for boa a situação deste ramo de negócio como um todo. CHECKLIST Para se proceder às avaliações da atratividade de um ramo de negócio, e da posição competitiva de uma empresa no ramo, vamos examinar as cinco forças que as determinam. 1) Determinantes da ameaça da entrada de novos competidores ou das barreiras de entrada 1. Economias de Escala 2. Diferenciação de produtos e identidade de marca 3. Custos de mudança 4. Exigências de capital 5. Acesso à distribuição 6. Vantagens de custo absoluto a. tecnologia superior b. acesso a insumos c. localização d. curva de aprendizagem 7. Política governamental 8. Retaliação esperada 9. Preço de entrada 2) Determinantes da Ameaça de Produtos Substitutos 1. Preço relativo dos substitutos 2. Custos de mudança 3. Propensão do comprador a substituir 3) Determinantes do Poder de Negociação dos Fornecedores 1. Concentração de fornecedores 2. Presença de insumos substitutos 3. Importância do volume para o fornecedor 4. Custo relativo às compras totais na indústria 5. Diferenciação de insumos 6. Custos de mudança dos fornecedores e das empresas no ramo de negócio 7. Impacto dos insumos sobre os custos ou a diferenciação 8. Ameaça de integração para frente do fornecedor versus a ameaça de integração para trás pelas empresas no ramo 4) Determinantes do Poder de Negociação dos Compradores Sensibilidade ao preço 1. Concentração de compradores versus concentração de empresas no ramo 2. Volume do comprador 3. Custos de mudança do comprador em relação aos custos de mudança da empresa 4. Informação do comprador 5. Possibilidade de integração para trás 6. Produtos substitutos 7. Pull 8. Impacto dos insumos sobre qualidade/desempenho do produto 9. Preço/comprastotais 10. Lucros do comprador 11. Diferenças dos produtos 12. Identidade de marca 13. Incentivos dos tomadores de decisão 5) Determinantes da Rivalidade entre os Competidores Existentes 1. Crescimento do ramo de negócios 92 2. Custos fixos (ou de armazenamento) / valor adicionado 3. Número, concentração e equilíbrio das empresas do ramo 4. Diversidade dos competidores 5. Diferença de produtos 6. Custos de mudança 7. Excesso de capacidade crônica 8. Capacidade aumentada só por grandes incrementos 9. Interesses empresariais 10. Barreiras de saída. EXAME DE CADA ITEM 1. DETERMINANTES DAS BARREIRAS DE ENTRADA As barreiras de entrada, como o nome diz, vão dificultar a entrada de novos competidores no mercado, reduzindo a ameaça que pode representar um novo competidor. 1.1 ECONOMIAS DE ESCALA São em geral decorrentes do volume de produção que, sendo maior, reduz a participação de despesas no custo unitário do produto Podem ser: a) Nas despesas indiretas, como serviços gerais compartilhados por várias unidades de negócios. Por exemplo: o custo de propaganda (valor por exposição a cliente potencial) é menor quando o produto é de consume disseminado. As despesas gerais e intangíveis compartilhadas podem levar ao “raciocínio marginal”. o “RM” consiste em considerar que todas as despesas gerais e intangíveis já estão distribuídas ao custo dos produtos produzidos hoje. Assim. quando aumentarmos o volume de produção (sem que haja investimento em ativos fixos), os produtos decorrentes desse aumento de volume poderão ser considerados como incorrendo só em despesas diretas. Sobre este valor, se acrescer o lucro atual da empresa, obter-se- á um preço de venda inferior ao dos atuais produtos da empresa. A firma utiliza este raciocínio para deslocar ou vencer competidores b) Nas despesas diretas. Por exemplo: pela integração vertical, quando a eficiência das unidades integradas é maior do que a de fornecedores independentes. c) No custo dos insumos. Por contar com maior disponibilidade de insumos, uma firma pode açambarcar insumos que faltarão para outras ou negociar contratos de fornecimento a preços mais baixos que os competidores. As economia de escala podem ter efeitos estratégicos negativos. a) Mudanças tecnológicas podem penalizar mais as empresas com economia de escala, oriundas de equipamentos especializados e menos flexíveis. b) A utilização em larga escala de uma tecnologia pode agir como “filtro” para a percepção de novas tecnologias. Exemplo: Kodak, Xerox e Polaroid. c) A economia de escala é decorrente de grandes volumes de produção, que para ser atingidos podem implicar em produto com características pouco flexíveis e serviços excessivamente burocratizados. Experiência (ou posição mais a frente na curva de experiência), embora seja associada a grande escala, não garante em si a existência de uma barreira de entrada. Ela é examinada nas vantagens de custo absoluto. 1.2. DIFERENCIAÇÃO DE PRODUTOS Significa que as empresas estabelecidas têm identidade ou identificação de marca e lealdade do consumidor à marca, decorrentes dos investimentos e trabalhos anteriores da empresa no mercado, anunciando, promovendo, prestando bons serviços etc. Quanto vale um produto trazer uma marca con- sagrada como de qualidade como Mercedes Benz, Ferrari, IBM, Nestlé etc.? Quantos anos e quantos milhões foram investidos para estabelecer o prestígio dessas marcas? A diferenciação encarece a entrada por forçar os novos a investir para tentar sobrepujar as lealdades, o que nem sempre é exeqüível e tem a desvantagem de ser custo afundado. Produtos patenteados acrescem a barreira, não podem ser igualados e quando são atacados por produto semelhante podem chamá-lo de imitação. As patentes levam vários anos para expirar (17 anos no Brasil) (veja item 1.6). 1.3. CUSTOS DE MUDANÇA 93 São os custos que uma empresa enfrenta se mudar de fornecedor. Eles podem incluir: a) Retreinamento dos funcionários no uso e na manutenção do novo equipamento. b) Estoques de peças e sobressalentes que tem que ser sucateadas e substituídas por novas. c) Equipamentos de serviço e manutenção que normalmente serão diferentes. c) Problemas emocionais ou sentimentais; os funcionários ou os usuários podem “gostar” do que existe e se ressentir das mudanças, por exemplo: produtos hospitalares, como soluções intravenosas e o equipamento para aplicá-las. 1.4 .EXIGÊNCIAS DE CAPITAL A necessidade de grandes investimentos para se iniciar um negócio cria uma barreira de entrada, por exemplo: a) As instalações e equipamentos de produção podem representar um valor muito alto, difícil de obter via operações de crédito. Indústrias como papelão e celulose, alumínio, siderúrgica exigem pesados investimentos iniciais em equipamentos e instalações. b) P&D. É um investimento sem data para o retorno. Além disso, a montagem de um departamento ou laboratório exige uma equipe altamente treinada que pode não ser possível de criar. c) Disponibilidade de capital de giro para agir como almofada no lançamento — para fazer frente a despesas para se lançar um produto, como propaganda (que é irrecuperável e tem histeresis — demora a fazer efeito e de outro lado a do oponente demora fazendo efeito; a presença de marca(s) consagrada(s) no mercado pode tornar o custo de uma propaganda eficaz proibitivo), condições de crédito especiais, descontos, promoções etc. d) Aquisição de equipamentos de suporte, serviços e manutenção. As exigências de capital, além de poderem ser maiores que a capacidade do novo entrante de satisfazê-las, inviabilizando sua entrada, em geral deprimem a rentabilidade inicial dos investimentos, por serem de retorno, lento encarecendo o custo de obtenção de capital. 1.5 . ACESSO A DISTRIBUIÇÃO O novo entrante tem que obter e garantir a distribuição de seus produtos. Se os canais existentes estão bem abastecidos e servidos pelas firmas estabelecidas, não deverão se interessar por produtos novos iguais aos que já distribuem. Só por produtos melhores ou mais baratos e, assim mesmo. quase sempre exigindo que o entrante assuma o risco, arcando com as despesas com o espaço para exposição, demonstração e vendas e com as despesas de promoções. Se há parcerias estabelecidas, as dificuldades do novo entrante são ainda maiores. 1.6. VANTAGENS DE CUSTO ABSOLUTO (INDEPENDENTES DE ESCALA) São decorrentes dos participantes existentes disporem de: a) Tecnologia superior (projeto ou processos), secreta (por ter secrecy agreements) ou não acessível por ser patenteada. A melhor tecnologia pode representar melhor qualidade e custos mais baixos. b) Acesso à utilização de matérias-primas secretas (o líquido X da Coca-Cola) ou componentes de desenho patenteado ou protegido. c) Acesso privilegiado a matérias-primas essenciais ou em exclusividade ou a custos vantajosos (de extração, de transporte etc.) Era mais grave na era colonial. d) Localização privilegiada com vantagens, como: subsídios governamentais, incentivos, isenções etc., ou simplesmente incomparáveis (em termos de visibilidade, prestígio do local ou tráfego de clientes). Exemplo: a loja Mappin do centro da cidade de São Paulo, LaTour d’ Argent, Caldas das Novas (Goiás). e) Posição adiantada na curva de aprendizagem — a experiência mesmo não protegida ou patenteada (vide tecnologia) representa vantagens na produção, custo etc. pelo conceito da curva de experiência. Mesmo que não se aceite o conceito, a maior experiência pode envolver o exposto nos itens 1.5 e 1.6. 1.7. POLÍTICA DE GOVERNO Ela pode agir como proibidora, inibidora, estimuladora, fomentadora etc, 1.8 . RETALIAÇÃO ESPERADA A expectativa da reação dos competidores já instalados vai ser significativana percepção de barreira de entrada. A alta probabilidade de uma reação forte sem dúvida agirá como um impedimento à tentativa de entrar. Ela é uma função de: a) História de retaliação vigorosa a novos entrantes; principalmente se os novos entrantes em anos passados fracassaram devido à retaliação. A retaliação mais comum é a baixa de preço, mas há inúmeras, inclusive ilegais ou não éticas. b) Mesmo não havendo história, firmas estabelecidas com posições de caixa confortáveis, capacidade ociosa, ou grande ascendência sobre canais de distribuição e fornecedores tendem a retaliar. 94 c) Grandes capitais já investidos pelas existentes principalmente se em ativos fixos substanciais e pouco flexíveis, tornando a ameaça dos novos entrantes mais significativa. d) Indústria de crescimento lento ou inexistente. Quem entrar vai tomar de alguém. 1.9 . PREÇO DA ENTRADA O conjunto das barreiras para ser ultrapassado cria o que se chama de preço de entrada. A nova empresa terá que adicionar aos custos dos competidores já instalados, aqueles que incorrerá para substituir as inúmeras vantagens competitivas citadas, que empresas já atuantes no mercado possuem. Esse preço de entrada em si é a grande barreira, porém se ele for considera do atraente, em função da visão que o novo entrante tem do mercado no futuro, este deve passar a considerar os movimentos defensivos ou agressivos que serão feitos pelos estabelecidos. O mais comum é baixar o preço, às vezes, sob a forma mais sutil de descontos de quantidade ou de melhores condições de crédito. O novo entrante, considerando o mercado atraente, apesar das barreiras. pode se sentir suficientemente forte para entrar no mercado apesar de todos os investimentos necessários. O novo entrante pode também recrutar funcionários do competidor, usar seus é consultores ou similares, ou simplesmente estudar a experiência de, uma firma mais antiga. O novo entrante pode deslocar alguns existentes e se estabelecer no mercado ou pode sucumbir. As barreiras de entrada podem se modificar: a) Pela expiração de patentes ou secrecy agreements b) Pelo aparecimento de novas tecnologias, tomando as patentes e secrecy agreements existentes sem valor. Uma nova tecnologia pode destruir também a economia de escala e a curva de experiência. Economia de escala é uma barreira de difícil ultrapassagem a não ser por uma introdução de nova tecnologia importante no processo, porque ela é decorrente, muitas vezes, da tecnologia do processo que serviu de base ao projeto da unidade produtiva. Uma fábrica é um processo e se esse processo produz produtos com uma vantagem de custo é difícil sobrepujá-la. Se o processo equipamentos e utensílios forem patenteados torna-se mais difícil ainda. c) Por mudanças nos hábitos dos consumidores. Os consumidores, às vezes, são leais e fiéis a um produto ou serviço e, às vezes, são volúveis. 2. DETERMINANTES DA AMEAÇA DE PRODUTOS SUBSTITUTOS Produtos substitutos cumprem a mesma ou quase a mesma função do produto em questão. A proximidade do desempenho do substituto em relação ao do existente determina seu valor. Determinantes da importância da ameaça. 2.1 PREÇO RELATIVO DOS SUBSTITUTOS O conceito de valor, o que se recebe em troca do que se paga, é algo de difícil determinação, porém, se o preço relativo do produto substituto (em relação ao produto inicial) for percebido pelo mercado como vantajoso em relação ao valor, o produto inicial perde mercado. O custo do substituto pode ser menor ou bem menor. O preço dos produtos substitutos limitam o custo do produto inicial, o preço relativo dos substitutos é assim o fator mais relevante. 2.2 CUSTOS DE MUDANÇA São os mesmos custos vistos anteriormente. Se a semelhança entre o produto substituto e o substituído for grande, os custos de mudança não serão grandes. 2.3. PROPENSÃO DO COMPRADOR A SUBSTITUIR A importância do produto original (se ele for incorporado a outro) para a qualidade de outro pode dificultar a utilização do substituto. Se o substituto permite obter-se a mesma qualidade a custos mais baixos, sua utilização será considerada conveniente. A propensão é também influenciada pelo preço (veja item 2.1) 3. DETERMINANTES DO PODER DOS FORNECEDORES 3.1 CONCENTRAÇÃO DE FORNECEDORES Um grupo de fornecedores é poderoso se é dominado por poucas empresas e é mais concentrado do que o ramo de negócio para o qual vende. 3.2 PRESENÇA DE INSUMOS SUBSTITUTOS O poder de um fornecedor é diminuído se o insumo que fornece tiver que competir com produtos substitutos. 95 3.3 IMPORTÂNCIA DO VOLUME PARA O FORNECEDOR Se o comprador não representa uma parte substancial dos negócios do fornecedor, este tende a usar seu poder; no caso oposto, o fornecedor procura proteger a relação. 3.4 CUSTO RELATIVO A COMPRAS TOTAIS NA INDÚSTRIA Se o custo relativo das compras ao fornecedor em relação às compras totais na indústria for elevado, cresce o poder do fornecedor. 3.5 DIFERENCIAÇÃO DOS INSUMOS DO FORNECEDOR O insumo diferenciado não pode ser comparado e, portanto, suas vantagens e desvantagens são mais difíceis de comparar. Quanto mais diferenciado seu produto, mais confortável a posição do fornecedor. Se o produto é não estocável, aumenta ainda mais o poder do fornecedor desde que o produto possa ser fabricado em lotes. Para produto de fabricação contínua (linha ou processo), os custos de interromper a produção são muito altos e a posição de barganha tende a se inverter. 3.6 CUSTO DE MUDANÇA DOS FORNECEDORES E DAS EMPRESAS NO RAMO. Se o custo para o fornecedor de passar a fornecer para outros compradores for alto, seu poder diminui. Se o custo da empresa mudar de fornecedor for alto, aumenta o poder do fornecedor. 3.7 IMPACTO DOS INSUMOS SOBRE CUSTO E DIFERENCIAÇÃO. Se os insumos são muito importantes para garantir custos baixos e a diferenciação do produto do comprador, o poder do fornecedor aumenta. 3.8 AMEAÇAS DE INTEGRAÇÃO PARA FRENTE PELOS FORNECEDORES EM RELAÇÃO À AMEAÇA DE INTEGRAÇÃO PARA TRAZ PELOS SEUS COMPRADORES. Se for mais fácil para o fornecedor entrar para o ramo de negócio dos seus compradores, do que para eles entrar no ramo do fornecedor, os compradores sentirão uma ameaça maior e perderão o poder. 4. PODER DE BARGANHA DOS COMPRADORES Os compradores barganham por preços menores, prazos de entrega mais curtos. melhores condições de venda, mais qualidade pelo mesmo preço etc e jogam um fornecedor contra o outro, sempre tendo como resultado a diminuição da margem do fornecedor. O poder dos compradores vai depender de vários fatores: 4.1 DA CONCENTRAÇÃO DE COMPRADORES VERSUS CONCENTRAÇÃO DE EMPRESAS FORNECEDORAS Se os compradores forem maiores e menos numerosos os fornecedores terão menor poder de barganha. 4.2 VOLUME DO COMPRADOR EM RELAÇÃO ÀS VENDAS DO VENDEDOR Se for alto, o comprador é importante para o vendedor e tem maior poder. 4.3 CUSTOS DE MUDANÇA DO COMPRADOR EM RELAÇÃO AOS CUSTOS DE MUDANÇA DO FORNECEDOR Se forem mais baixos, maior poder do comprador. 4.4 INFORMAÇÃO DO COMPRADOR Se o comprador dispõe de informações completas e atuais sobre fontes de suprimento, especificações e preços, ele tem um maior leque de alternativas e maior poder de barganha. 4.5 POSSIBILIDADE DE INTEGRAÇÃO PARA TRÁS Se há interesse em integração para trás pelo comprador, os fornecedores ficam ameaçados. 4.6 EXISTÊNCIA DE PRODUTOS DE SUBSTITUIÇÃO Como vimos, produtos de substituição fortalecem a posição do comprador. 4.7 PULL Os compradores podem influir na compra de outros. Por exemplo, se forem atacadistas e influenciarem muitos varejistas, ou se forem lideres de mercado ou tiverem imagem de só operar com produtos de alta qualidade. Quantomaior o pull, maior o poder de barganha. 4.8 IMPACTO DO PRODUTO 96 Se o impacto do produto comprado sobre a qualidade e o desempenho do produto do comprador for grande, ele age como um diminuidor do poder de barganha do comprador, mas pode provocar a decisão drástica de não mais comprar. Há ainda fatores que influenciam a sensibilidade do comprador ao preço fazendo-o barganhar com mais obstinação, ou simplesmente não comprai, se o preço ultrapassar um determinado limite. 4.9 PREÇO DOS INSUMOS Se os insumos comprados representam uma parte significativa dos custos e das compras totais do comprador, estes vão comprar seletivamente e ser mais sensíveis ao preço. 4.10 LUCROS DO COMPRADOR Se forem baixos, haverá grande incentivo para o comprador lutar por preços de compra mais baixos ou não comprar se não puder obter lucro. 4.11DIFERENÇA DOS PRODUTOS A diferença de produtos vai levar à atitude descrita nos produtos de substituição, de trade off entre o preço de compra e a percepção do valor pelo comprador. Quando os produtos são indiferenciados, o comprador pode comprar de qualquer um e jogar um fornecedor contra outro. 4.12 IDENTIDADE DE MARCA Quando o comprador dá valor a ela, está disposto a pagar mais. 4.13 INCENTIVOS DOS TOMADORES DE DECISÃO Quando a empresa compradora remunera seus executivos em função de redução de custo e margens de lucro, eles tendem a se tornar mais sensíveis a preço. 5. INTENSIDADE DA RIVALIDADE A rivalidade aparece na luta entre várias empresas por obter uma posição dominante no mercado, o que, muitas vezes, significa deslocar um oponente, que vai reagir. As táticas mais comuns são redução de preço, aumento de propaganda, introdução de novas características nos produtos ou de novos produtos, melhor serviço ao cliente ou oferecimento de garantias maiores. Algumas dessas táticas podem ter o efeito de piorar os resultados para todos os participantes, como uma guerra de preços; outros, como o aumento de propaganda, podem ter o efeito de expandir o mercado melhorando para todos e aumentar a diferenciação diminuindo a rivalidade. 5.1 CRESCIMENTO DO RAMO DE NEGÓCIO Em ramos de baixo crescimento ou sem crescimento, aumentar vendas só é possível tomando mercado de outros. Em ramos de alto Crescimento, as firmas, às vezes, mal conseguem acompanhar a demanda crescente e a rivalidade pode não existir. 5.2 PARCELA DOS CUSTOS FIXOS (OU DE ARMAZENAMENTO) A parcela de custos fixos sobre o valor adicionado custos fixos proporcionalmente altos elevam o ponto de equilíbrio. Como o lucro demanda volume acima do ponto de equilíbrio, a rivalidade cresce. A relação com o valor adicionado é importante porque é onde está o lucro de empresa. 5.3 NÚMERO, CONCENTRAÇÃO E EQUILÍBRIO DAS EMPRESAS NO MERCADO, OU O NÚMERO DE COMPETIDORES E SEU BALANCEAMENTO. Onde o número é alto a probabilidade de aparecerem competidores agressivos é maior, bem como a de que algumas empresas façam movimentos originais ou agressivos. Firmas de tamanho e recursos semelhantes tendem a se sentir em condições de lutar umas com as outras. Quando há concentração ou domínio por um pequeno número de empresas, não há dúvidas quanto a quem tem recursos força relativa; os líderes tendem a impor regras e disciplina no mercado reduzindo o efeito da rivalidade. 5.4 DIVERSIDADE DOS COMPETIDORES Firmas diferentes tendem a ter estratégias diferentes, a falar línguas diferentes e a se entender mal. Os competidores estrangeiros tendem a aumentar diversidade. 5.5 DIFERENÇA DE PRODUTOS Diferenciação pequena traz o produto para commodity e para uma intensa competição por preço e serviço. A diferenciação cria submercados separados pelas preferências e lealdades dos clientes. 97 A identidade da marca, se acompanhado de lealdade, torna a empresa ms -nos vulnerável. 5.6 CUSTOS DE MUDANÇA Custos de mudança altos fazem com que as firmas defendam com mais vigor suas posições atuais. 5.7 EXCESSO DA CAPACIDADE CRÔNICA Excesso de capacidade significa ociosidade. Ociosidade é muito cara. Todos querem encomendas para ocupar suas capacidades instaladas. 5.8 CAPACIDADE Capacidade só pode ser aumentada em grandes incrementos (fatores indivisíveis). Os aumentos de capacidade sendo significativos e descontínuos provocam grandes desequilíbrios momentâneos na oferta e na capacidade instalada, tendo o efeito anterior. 5.9 INTERESSES EMPRESARIAIS A importância que o sucesso, em um mercado, teria para a estratégia global de uma empresa faz com que essa empresa lute mais por esse sucesso, inclusive com sacrifício da rentabilidade, aumentando a rivalidade. 5.lO BARREIRAS DE SAÍDA Mantêm as empresas competindo em negócios que não são lucrativos na esperança de dias melhores ou de vender o negócio, ou porque são difícil de vender ou porque o fechamento do negócio representa um grande prejuízo a curto prazo. a) Ativos especializados Tem baixo valor de revenda e altos custos de conversão. b) Custos fixos de saída (trabalhistas, serviço ao parque instalado) c) Interrelações estratégica Efeitos da saída na imagem, no uso compartilhado de ativos, serviços, canais de distribuição, na posição da empresa nos mercados financeiros. O produto da empresa pode ser de importância estratégica para outras empresas do mesmo grupo ou de grupos associado. b) Emocionais É difícil liquidar o “meu” negócio, atingir a própria imagem, despedir funcionários antigos. e) Restrições legais, governamentais e sociais — o fechamento do negócio poderá ter efeitos estratégicos e políticos para o governo ou terá efeitos sociais. 98 EXERCÍCIOS: Planejamento Estratégico CRÉDITO CONSIGNADO E OS CORRESPONDENTES BANCÁRIOS: Análise do setor por meio do modelo de 5 forças de Porter. Fonte: Rodrigo Siqueira 1. O SETOR 1.1. Breve histórico O mercado de crédito consignado desde 2003, com a regulamentação de empréstimo para beneficiários do INSS e consequente entrada de vários bancos, é o grande fator de impulsão do crédito pessoal no Brasil. O crédito consignado é uma modalidade de empréstimo com desconto de prestações em folha de pagamento, ou seja, o trabalhador receberá seu salário já deduzido da prestação devida ao banco. Segundo o Banco Central, o crédito às pessoas físicas está crescendo e os empréstimos consignados tomados por funcionários públicos são os maiores responsáveis pelo vigor desses negócios financeiros. De março para abril de 2009 o volume de empréstimos ao consumidor cresceu R$ 5,2 bilhões - desse total, mais da metade, R$ 2,7 bilhões, foi de crédito consignado contratado pelos servidores. Apesar da crise financeira, o mercado de crédito consignado cresce a taxas maiores que a média do setor de empréstimos. Para demonstrar a importância do crédito consignado para os números do mercado, se fossem analisados de forma isolada, o crédito pessoal teria apresentado um crescimento de somente 1% no período considerado. Estes números comprovam todo o potencial do mercado de crédito consignado. Se for observado que para os servidores federais, militares das forças armadas e seus pensionistas e inativos, além dos beneficiários do INSS, somente cerca de 25% - segundo entrevista com profissional do setor - utilizam estas linhas de crédito, este segmento fica ainda mais atraente para que empresas concentrem seus esforços de atuação. No entanto, o fato de ter apresentado desempenho tão favorável continuamente é também ameaça para o desempenho da maioria das empresas do setor, uma vez que aumenta continuamente o número de participantes e interessados no mesmo. Trata-se de um mercado atraente para investidores e novos entrantes, mas que deve ser observado com máximo cuidado por novos e antigosempresários do setor. Cada vez mais pessoas têm acesso ao crédito consignado – sejam funcionários de instituições privadas ou públicas – o que dá ao setor maior perspectiva de crescimento e de alterações na sua estrutura. 1.2 Participantes A cadeia de produtiva do mercado de crédito consignado segue tal como ilustrado a seguir: Os bancos são os fornecedores do crédito e utilizam usualmente alguns canais para chegar até os tomadores de empréstimo consignado. Segundo o SEBRAE, um correspondente bancário é qualquer pessoa jurídica, ou seja, qualquer empresa, que entre suas atividades atue também como agente intermediário entre os bancos e outras instituições financeiras autorizadas a operarem pelo Banco Central e seus clientes finais. A tendência atual é que os bancos reduzam os correspondentes bancários que os representam de forma a facilitar o gerenciamento. Um agente autônomo, segundo definição da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), é a pessoa natural ou jurídica uniprofissional, que tenha como atividade a distribuição e a mediação de títulos e valores mobiliários, quotas de fundos de investimento e derivativos, sempre sob a responsabilidade e como preposto das instituições integrantes do sistema de distribuição de valores mobiliários. 99 Atualmente, os agentes autônomos representam um risco para os correspondentes bancários visto que os mesmos cada vez mais têm um poder de barganha elevado junto aos correspondentes bancários diminuindo a lucratividade do setor. 2. ANÁLISE DA INDÚSTRIA A análise da indústria consiste na identificação e análise das forças competitivas de um determinado setor e a forma como elas interferem na lucratividade do setor. Essas forças podem estar favoráveis ou desfavoráveis a uma ou mais empresas atuantes, tornando-as mais ou menos competitivas, alterando a rivalidade nesta indústria e conseqüentemente afetando a sua rentabilidade. A análise a seguir tem como ponto de vista a perspectiva dos correspondentes bancários que têm enfrentado dificuldades para crescimento e sustentação de suas margens de lucro. Estas forças foram reunidas em tabelas de acordo com a seguinte gradação: 1 - A afirmativa não caracteriza uma ameaça ao negócio e sim uma oportunidade; 2 - A afirmativa indica uma posição intermediária, tendendo a uma oportunidade; 3 - A afirmativa indica uma posição intermediária, tendendo a uma ameaça; 4 - A afirmativa caracteriza uma significativa ameaça ao negócio. Força 1: Ameaça de novos entrantes A facilidade de novas entrantes torna o mercado mais arriscado. Percebe-se que alguns fatores como baixa regulamentação, pouca necessidade de investimento inicial, custos marginais baixos e ausência de marcas solidamente estabelecidas no mercado aumentam a probabilidade de novos entrantes no mercado. 100 Força 2: Ameaça dos Substitutos A existência de produtos substitutos ao crédito consignado é vasta, embora este produto se apresente como a primeira escolha por ser uma excelente opção de crédito para aqueles que legalmente podem obter este crédito. Entretanto, uma vez que os tomadores não possuam mais margem para o crédito consignado e por hábito buscar mais empréstimos concomitantes, não hesitarão em buscar outras formas de crédito. Força 3: Poder de Barganha dos Fornecedores Existem relativamente poucos fornecedores focados em crédito consignado, com destaque para BMG, Bradesco e Cruzeiro de Sul, que já são marcas famosas e bem estabelecidas junto ao público tomador deste tipo de crédito. O setor em geral não investe em marcas próprias, aumentando o poder de barganha dos bancos sobre toda a indústria de correspondentes bancários. Somado a este contexto, destaca-se que muitos correspondentes não possuem marcas reconhecidas pelo público tomador de crédito e propagam a marca do(s) banco(s) associado(s). O pequeno número de fornecedores associado à extrema dependência dos correspondentes bancários em relação aos produtos financeiros oferecidos por estes, faz com que os bancos possuam alto poder de barganha com seus intermediários financeiros. Destaca-se ainda que os produtos substitutos ao crédito consignado também pertencem aos bancos fornecedores. A favor do setor de correspondentes, pode-se afirmar que o custo de mudança de um banco para o outro não é alto, porém não é nulo. É comum os correspondentes trabalharem com mais de um banco. Assim, chega-se a conclusão que o poder de barganha dos bancos com os correspondentes é alto e a indústria perde lucratividade na medida em que se encontra desfavorecida com esse quadro. Força 4: Poder de Barganha dos Clientes Pode-se destacar que existem dois tipos de clientes a serem estudados: os intermediários (corretores autônomos) e os tomadores de empréstimos. Os corretores autônomos têm pressionado a indústria por comissões maiores e estimulado este tipo de concorrência. Existe pouca percepção de diferenciação em relação às ofertas no mercado, logo buscam sempre a oferta que lhe oferecer comissões mais generosas. Os tomadores de empréstimo usuais percebem pouca diferenciação entre as ofertas dos bancos, buscando uma taxa de juros mais conveniente, menor burocracia e prazos de pagamento mais longos, o que aumenta bastante o poder de barganha destes visto que de fato as ofertas são muito similares entre os correspondentes bancários. Os clientes finais são numerosos e pouco educados financeiramente, sendo suscetíveis a um esforço persuasivo na hora da venda. Vale destacar que novos perfis de clientes estão tendo acesso ao crédito consignado e estes são mais educados financeiramente, mas ainda não foram atingidos pelo esforço persuasivo do setor. Força 5: Grau de rivalidade na Indústria O grau de rivalidade da indústria é muito alto, fato este explicado sobretudo pela baixa diferenciação e enorme diversidade de concorrentes. O crescimento alto da indústria é um atenuante, mas isto tende a se inverter na medida em que a indústria perder fôlego de crescimento. O binômio produtos financeiros idênticos + esforços promocionais similares dos concorrentes (anúncios parecidos / mesmos apelos de taxas e prazo / mídias e veículos / investimento em agentes autônomos) corroem a lucratividade de todo o setor. Considerações conclusivas sobre a indústria Pela avaliação geral das forças competitivas, podemos concluir que o mercado encontra-se com fortes ameaças aos atuantes deste setor. A estratégia perseguida pela maioria dos players é muito similar, buscando clientes primordialmente sensíveis aos atributos, taxa, prazo e, em menor grau, rapidez no crédito. O alto investimento em comissões e promoções para os agentes autônomos e estratégias de comunicação e serviços similares têm levado a um ciclo de “comoditização” da indústria, conforme a ilustração abaixo: 101 3. QUESTÕES DO CASO 3.1) Na visão do grupo, qual é a compreensão da ferramenta de análise do setor denominada análise das 5 forças de Porter? 3.2) Que problemas tendem a ocorrer quando as empresas de um setor perseguem a mesma estratégia de liderança de custo? 3.3) Preencha as tabelas abaixo seguindo as instruções a seguir: Assinale 1 quando: A afirmativa não caracteriza uma ameaça ao negócio e sim uma oportunidade; Assinale 2 quando: A afirmativa indica uma posição intermediária, tendendo a uma oportunidade; Assinale 3 quando: A afirmativa indica uma posição intermediária, tendendo a uma ameaça; Assinale 4 quando: A afirmativa caracteriza uma significativa ameaça ao negócio. OBS: Em seguida, elabore ações estratégicas a serem seguidas por uma empresa do setor para que esta possa se posicionar de maneira a reduzir o impacto das ameaças de cada força. Tabela 1 – Novos Entrantes Força Competitiva 1: Novos Entrantes 4 3 2 1 Economiade escala Regulamentação Diferenciação de serviços/produtos Necessidade de investimento Vantagens desvinculadas da escala Tabela 2 – Ameaça de Substitutos Força Competitiva 2: Ameaça de Substitutos 4 3 2 1 Preço e qualidade dos substitutos Propensão dos clientes em substituir Custo de troca Tabela 3 – Poder de Barganha dos Fornecedores Força Competitiva 3: Poder de Barganha dos Clientes 4 3 2 1 Concentração de fornecedores Importância dos seus produtos para os compradores Custo de mudança para os clientes Disponibilidade de produtos substitutos Diferenciação dos produtos/serviços Tabela 4 – Poder de Barganha dos Clientes Finais Força Competitiva 4: Poder de Barganha dos Fornecedores 4 3 2 1 Diversidade de Clientes Participação no volume de vendas dos correspondentes bancários Custo de mudança para outros correspondentes Grau de informação sobre o mercado/produto adquirido Disponibilidade de produtos/serviços substitutos 102 Tabela 5 – Rivalidade na Indústria Força Competitiva 5: Rivalidade na Indústria 4 3 2 1 Crescimento lento da indústria Ausência de diferenciação entre os produtos Barreiras de saída Diversidade de concorrentes Altos custos fixos Tabela 6 – Avaliação Geral das Cinco Forças Força Pontos Atribuídos Predominância de Ameaça Predominância de Oportunidade A O 1 17 Acima de 10 Até 10 2 7 Acima de 6 Até 6 3 16 Acima de 10 Até 10 4 13 Acima de 10 Até 10 5 16 Acima de 10 Até 10 Total Geral 67 Acima de 46 Até 46 3.4) Qual seria sua recomendação de estratégia genérica para uma empresa desse setor ou mesmo para um novo entrante. Justifique. 4. Estudo de Caso: O DESENVOLVIMENTO VEM COM NOVOS INVESTIMENTOS (Texto extraído e adaptado do INEP) Nos últimos anos, o nível de investimento direto com capital estrangeiro tem sido significativo no Brasil. Alguns estados brasileiros têm adotado políticas de desenvolvimento bastante agressivas e complexas para atraí-lo. Essas políticas são implementadas por meio de um conjunto de fatores que podem ser classificados, de uma maneira geral, como incentivos ao desenvolvimento estadual, o que acirra a competição entre os estados. A estratégia corporativa da multinacional DREAMINVEST identificou que seu portfólio de negócios seria muito beneficiado se a empresa instalasse uma nova unidade fabril no Brasil. A empresa era conhecida por produzir uma pequena família de produtos categorizados como bens de consumo durável de alto valor unitário. A tecnologia de processo de produção era avançada e fazia uso, de maneira intensa, de robótica, sem que isso acarretasse impactos no meio ambiente. A questão ambiental, aliás, era uma grande preocupação da DREAMINVEST. Os produtos tinham design avançado, com funcionalidade sofisticada, e eram avaliados como de qualidade superior. A sua manufatura podia ser classificada como de classe mundial. Ademais, ela tinha a reputação de atender adequadamente os consumidores dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, o que satisfazia as expectativas de uma considerável parcela de consumidores brasileiros, ávidos por consumir produtos que fazem sucesso nos países desenvolvidos. O padrão de qualidade da empresa deveria ser mantido no Brasil, onde não existem produtos similares nem substitutos. A empresa, todavia, ainda não opera em nenhum país da América Latina. Com vistas à implantação da nova unidade fabril, a DREAMINVEST contratou a filial brasileira de uma das maiores empresas de consultoria do mundo. Estudos preliminares resultaram na escolha de um estado que vinha implementando uma bem-sucedida política de atração de novos investimentos industriais. Algumas características foram também cuidadosamente analisadas pela consultoria contratada, dentre as quais destacam-se: aspectos mercadológicos típicos do consumidor brasileiro; custos logísticos referentes ao transporte; e a necessidade de poucos operários, porém muito bem qualificados. O relatório preliminar foi, então, encaminhado à sede da empresa multinacional para decisão superior. A alta direção da DREAMINVEST, visando à tomada de decisão final, foi favorável ao detalhamento dos estudos e solicitou que fossem realizados contatos com as Secretarias do Governo Estadual responsáveis pelo assunto, o que foi feito de imediato. A coligação partidária que estava no poder apresentava visíveis dificuldades para ganhar a eleição daquele ano. As reuniões técnicas se deram em uma atmosfera proativa muito profissional. Os consultores estavam convencidos de que os técnicos do Governo ofereceram as facilidades comuns à atração de novos investimentos, em linha com a política de desenvolvimento vigente. Durante um jantar com integrantes da equipe de governo, um assessor político, de forma discreta, relatou algumas dificuldades enfrentadas pelo governo estadual atual para vencer as próximas eleições e sugeriu que uma eventual contribuição ao fundo de campanha do candidato oficial seria bastante apreciada. Tudo poderia ser feito em conformidade com a legislação eleitoral vigente. A empresa, por sua vez, sugeriu 103 que fossem erguidas algumas barreiras à entrada de novos concorrentes, em particular de um, detentor de forte posição no mercado asiático, e que era conhecido por sua capacidade de oferecer a mesma linha de produtos por preços inferiores aos praticados pela DREAMINVEST. A DREAMINVEST está contratando gerentes para a filial brasileira, cuja direção será exercida por executivos vindos da matriz. LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO AS INFORMAÇÕES CONSTANTES NO TEXTO, RESPONDA AO ITEM ABAIXO. 4.1) De acordo com o modelo de Michael Porter, que análise você faz das forças que regem a concorrência no negócio da DREAMINVEST no Brasil? 104 CAPÍTULO XV GERENCIAMENTO 105 EXERCÍCIOS: Gerenciamento 1. Estudo de caso: AFINAL, QUEM MANDA AQUI? 1.1. Sinopse Para dedicar-se totalmente à pequena fábrica de material esportivo que havia fundado, Ricardo abandona o curso de Economia no primeiro ano. Depois de 25 anos, Ricardo é o proprietário de uma grande empresa. A competição é forte e a empresa passa por dificuldades. Seus dois filhos, que fizeram cursos superiores, acham que estão mais preparados que o pai. Querem assumir a administração da empresa em seu lugar. Ricardo se pergunta quem deve mandar na empresa. Ele, que a criou e fez crescer, ou os filhos, que estudaram e foram preparados para isso. 1.2. Objetivos Ilustrar todos os conceitos do significado da Administração. Discutir o conflito de pontos de vista a respeito das competências mais apropriadas para administrar um negócio. Experiência prática do fundador e educação formal dos sucessores entram em choque em uma história baseada em fatos verídicos. 1.3. QUESTÕES: 1.3.1. Você conhece casos semelhantes a este? 1.3.2. Em caso afirmativo, qual foi o desfecho? 1.3.3. Quais as causas principais do conflito entre Ricardo e seus filhos? 1.3.4. Quem deve mandar na empresa? 1.3.5. Qual o peso relativo da experiência e da educação formal, no processo de administrar a empresa? 1.3.6. Quais as conseqüências previsíveis de Ricardo continuar administrando a empresa? 1.3.7. Quais as consequências previsíveis de os filhos ficarem com a empresa? 1.3.8. Quais as consequências previsíveis de não haver um acordo entre as duas partes? 106 CAPÍTULO XVI PAPEL DOS GERENTES 107 EXERCÍCIOS: Papel dos Gerentes 1. ESTUDO DE CASO: Rede CELPA ( Programa beneficia aposentados) Duranteanos, a Fundação Grão Pará (Fungrapa) o fundo de pensão dos funcionários da Rede Celpa atuou apenas de forma tradicional, oferecendo serviços de previdência complementar e empréstimos financeiros aos funcionários aposentados da concessionária de energia elétrica. Em 1999, no entanto, a Fungrapa decidiu assumir sua parcela de responsabilidade social. Naquele ano a fundação implantou o Programa Valorização do Aposentado: Qualidade de Vida na Maturidade (PVA). O projeto começou de forma tímida, realizando encontros para troca de experiências. Em pouco tempo, o PVA foi assumido pela Rede Celpa. “A empresa viu a importância do projeto e as responsabilidades que ele oferecia. Como a Fungrapa não tinha condições estatutárias para expandi-lo. A Rede Celpa tomou a frente e hoje é responsável por sua manutenção”, explica a responsável pelo PVA, a assistente social Márcia de Oliveira. Por meio do programa, são desenvolvidas ações para uso do tempo e geração de renda. O principal objetivo do projeto é, no entanto, contribuir para a qualidade de vida pós-aposentadoria para um público em torno de 600 pessoas, os aposentados da empresa moradores da grande Belém. Segundo Márcia, as atividades estão contribuindo para que os participantes descubram novas habilidades e construam novos vínculos sociais. “São poucas as empresas que se preocupam com os funcionários após a aposentadoria. Isso é um erro porque a saída do mercado de trabalho é quase sempre traumática”, diz a assistente social. Com a aposentadoria não são poucos os que passam a se sentir inúteis. Há, ainda, a perda de referenciais importantes como o local de trabalho, os colegas de escritório e o exercício profissional. É o caso das oficinas de Yoga e de trabalhos manuais, assim como de alguns passeios turísticos, realizados a partir da demanda dos participantes do programa. Essas atividades, em muitos casos, têm ajudado a recuperar auto-estima perdida com a saída do mercado de trabalho. O PVA promove, a cada ano, um encontro de aposentados e uma exposição de trabalhos manuais, com objetos produzidos nas oficinas. No ano passado o programa entrou em uma nova fase, com programação mais abrangente, passando a realizar atividades de cunho educativo, recreativo, profissionalizante e de desenvolvimento pessoal. Cada oficina realizada conta com um público médio de 40 aposentados. Em alguns casos, como o dos dois passeios turísticos anuais, o número de participantes chega próximo de 100. “Estimamos que o PVA atenda perto de 15% do total de aposentados da Rede Celpa moradores da grande Belém. Nossa meta é ampliar ao máximo essa participação”, explica Márcia. As avaliações realizadas pelo programa apontam que muitos grupos de trabalho estão usando os conhecimentos adquiridos nas oficinas para aumentar a renda mensal. O principal resultado é, no entanto, o engajamento de novos participantes, o estreitamento de amizades, a descoberta de novos horizontes e uma melhor interação dos aposentados com a família e com outros grupos sociais. O programa é coordenado pelo setor de Serviço Social da Rede Celpa e conta com uma equipe multidisciplinar formada por especialistas e técnicos nas áreas de Geriatria e Gerentologia Social, Arte Terapia, Pintura, Artesanato, Yoga e Dança de Salão. De 1999 a 2002 foram investidos no programa recursos em torno de R$ 20 mil. A perspectiva é de, nos próximos anos, firmar novas parcerias a fim de expandir o programa, além ampliar as áreas atendidas por oficinas. “Uma de nossas propostas é começar uma oficina de informática”, diz a assistente social. O PVA ajudou a reaproximar os aposentados do espaço da Fungrapa, que deixou de ser vista unicamente como uma instituição pagadora de benefícios. A Fundação ganhou uma nova imagem, a de órgão efetivamente preocupado com o bem estar social dos seus beneficiários. Situação semelhante acontece com a Rede Celpa, que passou a ser percebida como uma empresa cidadã, com interesses sociais e comunitários. No ano passado, o Programa de Valorização dos Aposentados ficou entre os três classificados, na área de responsabilidade social, ao prêmio Fundação Coge – uma fundação que reúne 80 empresas do setor de energia elétrica no Brasil. “Mesmo não tendo ganhado, foi uma grande honra a classificação. Afinal nosso projeto é muito novo e, além disso, concorreu com outros 75 projetos de 35 concessionárias. Isso demonstra que estamos no caminho certo”, afirma a assistente social. Tanto que o PVA acabou dando a Rede Celpa o Top Social 2002 da ADVB do Pará. As Centrais Elétricas do Pará S/A (Celpa) é a concessionária de energia elétrica do Pará desde 1962 e, em 1999, foi privatizada e adquirida pelo Grupo Rede. A empresa atende os 143 municípios do estado, o que representa mais de um milhão de clientes faturados. A energia distribuída provém do sistema interligado de Tucuruí e de 36 usinas dieselétricas (13 com operação própria e 23 terceirizados) que trabalham em sistemas isolados. A Rede Celpa possui 2,4 mil empregados em todo o estado. Fonte: Jornal Diário do Pará. Caderno Negócios. 108 PERGUNTAS SOBRE O CASO “REDE CELPA” 1.1) Os programas e projetos sociais devem ter suas ações direcionadas para um público-alvo específico. Como a Rede Celpa definiu este público? 1.2ª) Apresente argumentos que demonstrem como o comportamento socialmente responsável da Rede Celpa se evidencia como um investimento e uma oportunidade. 1. 3) Apresente argumentos que demonstrem como o comportamento socialmente responsável da Rede Celpa se evidencia como um custo e uma ameaça considerando a necessidade de gerar lucros. 1.4) Que modificações você faria na estratégia de responsabilidade social da empresa para incentivar e melhorar o projeto social desenvolvido? 1.5) Avalie a responsabilidade social da empresa segundo a visão da obrigação social, dos stakeholders e da sensibilidade social. 109 CAPÍTULO XVII PROCESSO DECISÓRIO 110 EXERCÍCIOS: Processo Decisório Trabalho em Grupo Intra-Sala 1. Estudo de Caso: ULTRAPASSANDO OS LIMITES DO PODER Andréia trabalhava há mais de dois anos em uma das empresas da holding Caessa, proprietária de diversas empresas das áreas agrícola e de mineração. Tinha uma boa relação com seu chefe Victor, quem considerava Andréia muito eficiente. Quando Victor foi promovido à gerência da holding, não duvidou em levá-la com ele. Isto coincidiu com o fato de que Andréia, que costumava ter problema de sobrepeso, emagreceu e começou a freqüentar a academia, todas as manhãs. No entanto, sempre chegava pontualmente, na hora fixada em seu contrato. Além disso, poucos meses depois, Andréia começou um relacionamento, razão pela qual deixou de ficar trabalhando até mais tarde, como fazia antes. De repente a relação entre Victor e Andréia, que antes funcionava às mil maravilhas, começou a ter problemas. Victor a convocava para reuniões às 8 horas da manhã, sabendo que a essa hora ela devia ir à academia, enquanto ele chegava depois das 10 horas. Além disso, todos os outros diretores demonstravam que estavam muito contentes com o trabalho de Andréia, enquanto Victor nunca parecia estar satisfeito e manifestava permanentemente seu descontentamento, inclusive chegou a dizer-lhe que trabalhava melhor quando era gorda. Andréia se sentia desolada e não entendia o que estava acontecendo. Ela continuava se esforçando ao máximo a cada trabalho realizado e sentia que não poderia agüentar por muito tempo essa situação. Algo havia mudado Certa manhã Victor chamou Andréia em sua sala e a repreendeu duramente por entender que ela havia elaborado muito mal uma informação, por não ter colocado a numeração das páginas. Ela perguntou se o resto estava bom e ele respondeu que ainda não tinha lido. Andréia sentiu que isto era mais do que poderia suportar.Seu trabalho não a motivava, chegava no horário e se retirava o antes possível. Tinha perdia o respeito que antes nutria por seu chefe. Tudo chegou a um limite insuportável, quando Victor, muito bravo porque Andréia já não ficava além do horário, exigiu-lhe, sob ameaça de ser despedida, que chegasse mais cedo e saísse mais tarde. Andréia devia escolher entre seu trabalho e sua vida privada - e sua saúde- já que o que lhe estava sendo exigido significava deixar de ir à academia, voltar a engordar e não dedicar tempo ao seu namorado. O resto da equipe, ciente da situação, tomou partido de Andréia, o que interferia na relação que mantinham com Victor, de modo que cada dia confiavam menos nele, perdiam o respeito por ele e lhe falavam o mínimo possível, já que ninguém queria ficar trabalhando além do horário. Uma relação que virou pó Andréia era uma mulher muito esforçada e Victor lhe havia dado a oportunidade de se desenvolver, ao levá- la para ocupar um cargo melhor e com maiores desafios. Antes de todas essas mudanças sua relação era satisfatória O que havia de errado? Além disso Andréia sempre havia pensado que seu chefe estaria contente com seu emagrecimento e por ter iniciado um namoro, mas a partir destes fatos surgiram apenas reações negativas. A isso se acrescenta que, em razão do novo cargo que ocupava, Victor sofria muitas pressões e não estava certo de poder administrar esse problema. Sentia que necessitava, mais que nunca, exigir de Andréia que o ajudasse a superar essa dificuldade. Descrédito e desconfiança Como vemos, Victor, sufocado por novas exigências não conseguiu balancear a autoridade formal e informal e tentou exigir de Andréia que fizesse muito mais do esperado, exercendo poder sobre ela, caindo no mal uso da autoridade formal. Abusou de seu poder e, inclusive, a maltratou psicologicamente. Não tinha nenhuma consideração por ela, não havia apreço pelas circunstâncias que envolviam a vida de sua colaboradora, que agora podia ser mais feliz em sua vida pessoal. Isto não só repercutia em Andréia mas em toda a equipe. Ainda que todos continuassem cumprindo suas obrigações dentro do mínimo esperado, Victor já não lhes podia pedir que fizessem esforços adicionais. Eles haviam perdido a confiança em Victor e a motivação. Victor estava desacreditado perante seus colaboradores, como chefe. Por mais que impusesse sua autoridade formal, sem a informal, os empregados não o apoiavam nem se comprometiam com sua causa. Victor ficara só. Victor não compreendeu que para motivar Andréia não precisa impor-lhe seu poder. Que Andréia e seus colegas se motivariam na medida em que o respeitassem como pessoa e como chefe. Mas, Victor, não havia sido antes um chefe respeitável? O que o fizera mudar? Talvez agora pudesse questionar suas tentativas de impor sua autoridade e retomar uma boa relação de confiança com seus colaboradores. Finalmente havia chegado a perguntar-se se as mudanças em motivação e desempenho não se atribuíam às suas más reações. PEDE-SE: 1.1) Seria tarde para Victor? Sim ou não? Por quê? 1.2) Poderia consertar a situação? Sim ou não? Justifique. 111 Universidade Federal do Tocantins Campus Universitário de Palmas Curso Ciências Contábeis Disciplina: Tópicos em Administração C/H: 60 Professor(a): Claudemir Andreaci Ano/Semestre: 2010/2 TRABALHO EXTRA SALA Entrevistadores: Entrevistado: DIAGNÓSTICO EMPRESARIAL Avalie numa escala de 1 (fraco) a 10 (excelente) o comportamento de sua empresa Questionamento Nota 1) A empresa tem sistemas ativos para transferir as melhores práticas Justificativa: Questionamento Nota 2) Um critério importante para a nossa empresa é: o que podemos aprender Justificativa: Questionamento Nota 3) O pensamento inovador é ativamente encorajado e recompensado através de toda a empresa 112 Justificativa: Questionamento Nota 4) Culturalmente, pensar é tão valorizado como fazer Justificativa: Questionamento Nota 5) Os gestores tem fácil acesso aos conhecimentos dos funcionários Justificativa: Questionamento Nota 6) A base do sucesso da empresa é clara e bem entendida por todos Justificativa: Questionamento Nota 7) Existem processos definidos que permitem compreender o ambiente empresarial Justificativa: Questionamento Nota 113 8) No futuro, o negócio da empresa será essencialmente o mesmo Justificativa: CAPÍTULO XVIII CULTURA ORGANIZACIONAL 114 EXERCÍCIOS: Cultura Organizacional 1) ESTUDO DE CASO: Ética e Choque Cultural na Empresa Flavio Farah Características da empresa e do colaborador Um consultor nos relata o caso de um profissional com excelente qualificação técnica, grande experiência e profundo senso de responsabilidade, que estava há muito tempo em uma organização. Ele tinha qualificação para ser promovido a diretor mas estava estacionado no posto de gerente. Qual o motivo? Choque cultural, de acordo com o consultor. Tratava-se de uma empresa alemã cujo ambiente de trabalho era circunspecto, silencioso e formal. O temperamento do gerente era oposto. Alegre e expansivo, gostava de contar casos engraçados e de rir, chegando a fazer algumas ironias com a seriedade dos outros. Os diretores viam seu comportamento como imaturo e não confiável. "Não dá para confiar, ele é meio moleque", disse um dos diretores. "É inteligente, muito bem preparado, mas é um pouco fora do padrão." Diagnóstico do consultor O consultor apresentou à direção da empresa o diagnóstico de falta de afinidade cultural. Os diretores, segundo ele, concordaram com sua avaliação “com extrema correção e sentido ético” e de ixaram- no à vontade para encontrar outra oportunidade para aquele profissional. O consultor assim fez. Encontrou e ofereceu ao gerente um cargo de direção em outra companhia, proposta que ele prontamente aceitou. QUESTÕES PARA DISCUSSÃO 1.1) O caso é realmente de conflito de valores? Para responder essa pergunta, identifique os valores comumente professados pelas empresas. Você pode conseguir esses dados pesquisando na página de valores dos sites de grandes corporações. Nessas páginas, existem valores organizacionais tais como “circunspecção”, “seriedade” (restrição ao riso) e “formalidade”, que, de acordo com o consultor, são características da cultura da empresa em pauta? Se não existem, então o que significam esses termos? 1.2) Se você fosse diretor da empresa, teria coragem de tornar público que você recu-sou a promoção ao gerente em razão de sua “falta de maturidade e de confiabilidade”? Você sustentaria que era justo recusar a promoção porque ele era inteligente e bem preparado, tinha excelente qualificação técnica, grande experiência e um profundo senso de responsabilidade, mas tinha o pecado de ser alegre e expansivo, de gostar de contar casos engraçados e de rir? Você teria coragem de enfrentar um debate no Sindicato dos Metalúrgicos? De ir ao programa “Roda Viva” da TV Cultura? De enfrentar uma CPI? 1.3) Pelo enunciado do caso, percebe-se que a empresa não tinha intenção de promover o gerente. A companhia, porém, não o informou desse fato. Pergunta-se: foi ética a conduta da companhia? Para responder esta pergunta, responda três outras questões: 1.3.1) Independentemente da iniciativa do profissional, a organização tinha o dever de lhe comunicar que ele não seria promovido? 1.3.2) Os diretores tinham obrigação de lhe dizer o que pensavam dele? 1.3.3) Ao silenciar e deixá-lo estacionadono mesmo cargo por um longo tempo, a empresa causou-lhe algum dano, por exemplo, causou-lhe humilhação ou prejudicou sua carreira profissional ou seus rendimentos? 1.4) O que é confiabilidade? Como uma pessoa se torna confiável aos olhos de outra? De acordo com os dados disponíveis, a empresa tinha razões concretas para não confiar no profissional? Quais razões? Se não tinha, qual o verdadeiro problema? 1.5) Qual a relação entre esse caso e a questão da diversidade no ambiente de trabalho? 115 Universidade Federal do Tocantins Campus Universitário de Palmas Curso Ciências Contábeis Disciplina: Tópicos em Administração C/H: 60 Professor(a): Claudemir Andreaci Ano/Semestre: 2010/2 TRABALHO EXTRA SALA QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO SOBRE CULTURA ORGANIZACIONAL E LOCAL Entrevistadores: Entrevistado: A) Cultura Organizacional 1. Há quanto tempo você trabalha na empresa? 2. O que você entende por cultura organizacional? 3. Descreva a cultura da empresa (história, valores, crenças, momentos mais marcantes, relacionamento entre as pessoas, padrões de conduta, objetivos e missão da empresa). 4. O que ela representa para você? 5. Desde que você trabalha na empresa, que mudanças ocorreram na cultura? 5.1. Qual o caráter desta mudança? (citar três características principais) 5.2. Qual o impacto dela para as pessoas e para a empresa? 5.3. A que fatos você atribui essas mudanças? B) Cultura Local 1. O que você entende por cultura local? 2. Descreva a cultura local (história, valores, crenças, relacionamento entre as pessoas, padrões de conduta). 3. A região de Palmas possui uma cultura própria? Em caso afirmativo como ela se manifesta? Em caso negativo, porque? 4. Você acha Que a cultura da região está presente na sua atividade profissional e consequentemente no dia a dia da empresa? Justifique. 5. Existe compatibilidade entre a cultura local e a cultura da empresa? 6. Quais aspectos da cultura local foram incorporados na gestão de Rh e impactaram a cultura da empresa? Detalhar e justificar como aconteceu. 7. Quais são os fatores facilitadores e dificultadores que interferem na gestão da cultura organizacional e cultura de RH. 116 CAPÍTULO XIX LIDERANÇA 117 EXERCÍCIOS: Liderança QUESTÕES Trabalho intra sala (grupo de 4 a 5 acadêmicos) Parte I – Enfoque: gestão de pessoas e cultura organizacional. 1. Analise as afirmativas abaixo e marque (V) para as verdadeiras e (F) para as falsas, de acordo com a teoria de Gestão de Pessoas. a. ( ) As pessoas contribuem para a determinação dos rumos e das decisões organizacionais. b. ( ) A relacao do tipo ganhar-ganhar empregada nas organizações prioriza exclusivamente os objetivos organizacionais. c. ( ) As empresas que vêem seus colaboradores como parceiros dão ênfase exclusivamente a mão-de- obra. 2. Teste sobre a filosofia empresarial. Responda as questões propostas, assinalando sim ou não. 2.1. Você está devidamente informado sobre os dados básicos do histórico de sua empresa (fundador, fundadores, local de origem, ano de constituição, etc.)? ( ) sim ( ) não 2.2. Conhece os princípios pelos quais – qualidade, honestidade, eficiência etc. – sua empresa atua no mercado? ( ) sim ( ) não 2.3. Os colaboradores da empresa possuem um alto grau de responsabilidade pelo trabalho? ( ) sim ( ) não 2.4. Ha, entre os colaboradores da empresa, espírito de economia, disciplina e sensibilidade? ( ) sim ( ) não 2.5. A empresa procura valorizar o colaborador e seu trabalho? ( ) sim ( ) não 2.6. O principio da qualidade de produtos/serviços e uma realidade em sua empresa? ( ) sim ( ) não 2.7. Você se sente verdadeiramente integrado a organização? ( ) sim ( ) não 2.8. Se for preciso, você “sua” a camisa por sua empresa? ( ) sim ( ) não 2.9. A organização oferece amplas oportunidades – carreira e realização pessoal – para seus colaboradores? ( ) sim ( ) não 2.10. Você sente que sua empresa pratica efetivamente o principio de relações humanas entre seus colaboradores? ( ) sim ( ) não 3. Você percebe a cultura organizacional da empresa na qual trabalha? Na sua empresa, as pessoas compartilham informações, trocam idéias e “aprendem” entre si? 4. Você acredita que o clima organizacional influencia o desempenho das pessoas na organização? Parte II – Enfoque: A base conceitual da mudança. 1. Preencha na tabela a seguir as fontes de riqueza nas diferentes etapas da historia das mudanças nas organizações. Faça uma leitura sobre mudança organizacional! E importante conhecermos a evolução histórica do que aprendemos. Era da Agricultura Era do Artesanato Era da Industrialização 118 Era da Informação 2. Ao assumir novas características, a organização altera seu modo de vida, ou seja, sua identidade. Quando falamos em identidade, estamos nos referindo a cultura organizacional, assim sendo, indique quais características implicaria o processo de mudança da organização. Parte III – Enfoque: As razões da mudança. 1. Usando como base os exemplos vistos até agora, complemente a tabela abaixo com dados referentes a influências externas e internas a organização que estimulam e obrigam a empresa a se adaptar constantemente as mudanças. E importante a leitura sobre o tema mudança organizacional. Bom trabalho! Fatores Externos Fatores Internos 2. É evidente o quanto e complicado lidar com os colaboradores na organização, pois cada individuo pensa ou age de forma diferente e gera conflitos peculiares. Descreva, em no Maximo 10 linhas, quais os tipos de resistências que você e seus colegas de trabalho vivenciaram em um processo de mudança organizacional e quais as dificuldades encontradas pela organização. Parte IV – Enfoque: Cultura e Clima Organizacional. 1. Aponte a afirmativa que corresponde ao conceito de Clima Organizacional. a) Expressa o modo de vida, as crenças, os valores e a forma típica da organização de se relacionar interna e externamente. b) Representa a maneira tradicional e costumeira de pensar e fazer as coisas, esses valores são compartilhados por todos os membros da organização. c) Indica o grau de satisfação dos funcionários de uma empresa, levando-se em consideração como são percebidas as políticas da gestão de pessoas. d) Alguns podem ser flexíveis e adaptativos e outros conservadores e rígidos. 2. Descreva a seguir as diferentes variáveis estudadas e a estudar que precisam ter uma organização inovadora. 2.1. Adaptabilidade 2.2. Senso de Identidade 2.3. Perspectiva exata do meio ambiente 2.4. Integração entre os participantes 119 CAPÍTULO XX NOVOS MODELOS DE ORGANIZAÇÕES 120 EXERCÍCIOS: Novos Modelos de Organizações Trabalho extra/intra sala (individual) Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos Novos Tempos. 2 ed. São Paulo. Elsevier, 2007. 1) ESTUDO DE CASO: A CRISE DA VARIG A Varig foi fundada em 1927 no Rio Grande do Sul. Nos quase 80 anos de existência acumulou em sua história muitas glórias e muitos fracassos. A empresa, que já obteve o monopólio dos vôos internacionais do país, chegou a operar com 120 aeronaves e teve 88 escritórios no exterior. Em 1945, os acionistas da Varig aprovaram a transferência do controle acionário para FRB (Fundação Rubem Berta) composta pelos próprios funcionários da empresa que passaram a ser donos de 87% das ações da companhia. Falta de sorte, má administração,omissão do governo, oscilações do cenário macroeconômico ou uma combinação de todos esses fatores, fez com que a empresa fosse vendida em um leilão judicial em julho de 2006 com um patrimônio líquido negativo de cerca de R$ 8 bilhões. As perdas da Varig começaram em 1982 quando a empresa encomendou cerca de 5 aviões modelo Jumbo 747-300. Uma moratória declarada no Brasil impediu a empresa de obter, nos Estados Unidos, crédito para a compra das aeronaves. Sem alternativas, a Varig obteve financiamento com instituições no Japão, entretanto, com a valorização do iene, o custo das aeronaves duplicou. Os aviões foram devolvidos e desativados em 1999, restando uma dívida de US$ 250 milhões. Em 1992, no governo Fernando Collor de Mello, quando foi decretado o fim dos monopólios dos vôos internacionais, a empresa ficou aberta às ameaças do mercado. Nesse mesmo ano, a Varig passou a ter prejuízo, de 1986 até 2005 o resultado da empresa foi negativo 8 vezes. Mesmo com sua trajetória em declínio, a empresa possuía um quadro de funcionários com número bem superior em relação à concorrência e apresentava custos elevadíssimos, muitas vezes dispensáveis como, por exemplo, a opção de caviar no serviço de bordo para passageiros da primeira classe. A rotatividade dos altos executivos na última década foi marca registrada da companhia. A partir de 1995, a Varig passou pelas mãos de 11 presidentes e um comitê, o que impedia continuidade de qualquer processo de reestruturação. Muitos ex-presidentes afirmam que o fato de a fundação ter transformado funcionários em proprietários acabou por gerar conflitos de interesse. Tais conflitos surgem quando o corporativismo dos funcionários sacionistas se coloca à frente do atendimento ao cliente e da visão de futuro da empresa. A empresa também sofreu profundos impactos da situação macroeconômica do mundo. A guerra do Golfo em 1991 fez com que o preço do petróleo disparasse aumentando muito os gastos com combustíveis das aeronaves. Além dos atentados terroristas de 11 de setembro que prejudicaram o mercado de aviação mundial pela queda do número de passageiros. Entretanto, não se pode afirmar que existe uma crise no setor. A aviação civil brasileira apresentou um crescimento de 12% em 2005. A taxa de ocupação também aumentou, passando de 62% para 69% no mesmo período. As empresas que melhor aproveitaram essas oportunidades foram a TAM e a Gol que vêm registrando altos índices de crescimento, além de empresas menores que dobraram de tamanho e a cada ano ganham mais espaço no mercado. PONTOS PARA DISCUSSÃO: 1.1) Quais os principais fatores que você atribui à decadência da Varig? 1.2) Em sua opinião, os acontecimentos macroeconômicos foram os principais responsáveis pela decadência da companhia? Por quê? 1.3) O que poderia ter sido feito para acabar com a trajetória de prejuízos? 1.4) Em sua opinião, o governo deveria se envolver mais no processo de recuperação da companhia? Por quê? 1.5) Quais os perigos de se deixar uma fundação formada pelos funcionários ser a principal acionista de uma empresa? Quais os conflitos de interesse que podem surgir? 1.6) Como a adoção de boas práticas de governança corporativa poderiam ajudar na administração da empresa com relação ao conflito de interesses? (veja e estude alguns materiais de referência no site www.ibgc.org.br.) 2) ESTUDO DE CASO: VERTICALIZAR OU TERCEIRIZAR? 121 A busca incessante pela redução de custos tem feito as grandes companhias avaliarem a sua estrutura e tomarem uma decisão estratégica: até que ponto compensa gerir determinados serviços que não fazem parte de seu negócio principal? Dois gigantes de diferentes setores de atuação têm tomado decisões diferentes com relação a esse assunto. O primeiro é o Unibanco, terceiro maior banco privado do Brasil e a outra é a AmBev, maior indústria privada de bens de consumo do país e maior cervejaria da América Latina. A Terceirização no Unibanco O Unibanco em 1999 iniciou um processo de terceirização de seus serviços, principalmente relativos à tecnologia. Para não depender de apenas um fornecedor, o que poderia ser muito arriscado na época, primeiramente a empresa selecionou cuidadosamente três parceiros: a Unisys, Diebold Procomp e a IBM. Essa primeira fase tinha como objetivo principal conhecer melhor os fornecedores selecionados, para garantir a confiança necessária e indispensável para o serviço prestado. Passada essa primeira experiência com processo de terceirização, a diretoria do banco visando principalmente a reduzir os custos e a complexidade de contar com muitos fornecedores decidiu, então, optar por apenas um e fechou o maior contrato firmado com uma empresa do setor privado do país. A escolhida foi a Unisys, multinacional do setor de Tecnologia da Informação com forte presença no Brasil. Com a decisão, a Unisys passou a assumir uma parte da infra-estrutura tecnológica do banco, a dos equipamentos instalados nas mais de 1000 agências. Os equipamentos continuam sendo de propriedade do banco, entretanto, a manutenção de computadores, servidores, redes, caixas eletrônicos, emissoras de cheques e os demais equipamentos utilizados nas agências passam a ser de inteira responsabilidade da contratada. A Verticalização da AmBev A AmBev, multinacional do setor de bebidas, segue uma estratégia de verticalização que se estende por quase toda a cadeia produtiva, desde a fabricação do Malte e dos rótulos até as tampas metálicas, garrafas e distribuição dos produtos. A empresa é dona de 3 maltarias que produzem cerca de 70 a 80% da sua demanda, domina a produção de rótulos e ainda possui uma fábrica de tampas que atende cerca de 90% da demanda do país e abastece também alguns países da América Latina. Com relação à distribuição, mais importante etapa do processo, a empresa cada vez mais vem enxugando os fornecedores e ampliando seu controle, e já responde por cerca de metade da cadeia logística. Recentemente decidiu construir uma fábrica de vidros no Rio de Janeiro para suprir o mercado da região Sudeste. A Ambev tem como marca registrada uma gestão eficiente, com rígidos padrões de controle e redução de custos. Na opinião da diretoria da empresa, quanto mais a companhia conseguir aplicar seu modelo em toda a cadeia produtiva, mais ganhos ela terá com produtividade e redução de custos. A verticalização da cadeia produtiva possibilita um maior controle da companhia devido à diminuição de fornecedores, entretanto, a empresa pode perder o foco no seu negócio principal se má administrada e má estruturada. Uma das principais falhas no processo de verticalização está diretamente relacionada à comunicação. Caso seja ineficiente é bem provável que uma lentidão em determinado ponto prejudique toda a cadeia. Para eliminar “gargalos” a empresa pode contar com uma tecnologia de ponta e investir na capacidade logística. Já a terceirização possibilita um maior enfoque no negócio principal, no entanto, a empresa passa a depender de outra para determinado serviço, o que pode aumentar o risco de ineficiência caso a parceria não ocorra conforme o planejado. Uma pesquisa da Booz Allen Hamilton, de 2005, mostrou que cerca de 30% das empresas que fizeram algum tipo de terceirização hoje têm dúvidas se obtiveram o retorno esperado. A maioria das causas da insatisfação das empresas com o processo se deve ao fato de que muitas delas compram terceirização como se estivessem comprando um produto, quando, na verdade, estão assumindo um relacionamento com um parceiro com quem vão trabalhar vários anos. Outro motivo que às vezes provoca insatisfação nas companhias que decidiram terceirizar é o fato de que elas nem sempre entendem o próprio funcionamento interno antes de transferir a terceiros parte de suas atividades. PONTOS PARA DISCUSSÃO: 2.1) Enumere as vantagense desvantagens da terceirização além das citadas no caso. 2.2) Enumere as vantagens e desvantagens da verticalização além das citadas no caso. 2.3) Em sua opinião, as diferentes características entre o negócio das duas empresas exerceram influência na decisão de verticalizar ou terceirizar? Por quê? 2.4) Você acredita que a cultura organizacional das empresas exerceu influência na decisão? Por quê? 2.5) Nos últimos anos muitas empresas no Brasil passaram por um processo de terceirização (outsourcing) das suas áreas de tecnologia da informação (TI). Muitas voltaram atrás? Por qual motivo? Avalie opiniões de CIOs (chief information officers) e COOs (chief operation officers) das vantagens e desvantagens do outsourcing de TI. Estude alguns casos nos sites: http://www.informationweek.com.br/ ou http://www.infocorporate.com.br. 122 BIBLIOGRAFIA Bibliografia Básica: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução a Teoria Geral da Administração: uma visão abrangente da moderna administração das organizações. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. MAXIMIANO, Antônio César Amaru. Introdução a Administração. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2004. SILVA, Reinaldo Oliveira da. Teorias da Administração. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2001. Bibliografia Complementar : CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos Novos Tempos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. DRUCKER, Peter F. Introdução a Administração. Trad. Carlos Malferrari. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2002. OLIVEIRA, José Antônio Puppim de. Empresas na Sociedade: sustentabilidade e responsabilidade social / José Antônio Puppim de Oliveira. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2008