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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO SERVIÇO SOCIAL BRUNA LUANA PEREIRA HERCULANO A VIOLENCIA DOMESTICA CONTRA MULHERES Pimenta Bueno - RO 2017 2 BRUNA LUANA PEREIRA HERCULANO A VIOLENCIA DOMESTICA CONTRA MULHERES Trabalho de conclusão de curso apresentado à UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Serviço Social. Tutora Orientadora: Rosane Malvezzi Professora Supervisora: Vanete Messias dos Santos PIMENTA BUENO 2017 3 SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO SERVIÇO SOCIAL BANCA EXAMINADORA ______________________________________________ _______________________________________________ _______________________________________________ 4 SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO SERVIÇO SOCIAL TERMO DE APROVAÇÃO ______________________________________________ Bruna Luana Pereira Herculano _______________________________________________ _______________________________________________ NOTA / CONCEITO 5 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a minha mãe Maria do Carmo Pereira Herculano e meu pai José Carlos Herculano. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço mais uma vez a Deus que me concedeu forças físicas e emocionais para chegar até aqui. A minha mãe Maria do Carmo Pereira Herculano e meu pai José Carlos Herculano pelas palavras de incentivo que me fizeram prosseguir nessa caminhada, às vezes árdua, mas acreditando sempre que o sucesso virá. As minhas orientadoras e supervisoras de todas as etapas do estágio, considerando que sem elas seria impossível aliar teoria e prática, pois suas experiências e conhecimento demonstraram como é possível ser um profissional de sucesso. Aos tutores, professores e orientadores da Universidade Unopar pela contribuição técnica e teórica. Aos meus colegas de classe pelos momentos que passamos junta, muito obrigada. 7 Epigrafe. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos liberará”. (João 8: 32) . HERCULANO, Bruna Luana Pereira. VIOLENCIA DOMESTICA CONTRA MULHERES. 2017. 56.p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social) – Sistema de Ensino Presencial Conectado, Universidade Norte do Paraná, Pimenta Bueno, 2017. 8 RESUMO O presente trabalho monográfico constitui em evidenciar a violência doméstica que é cometida contra a mulher. O tema abordado é de extrema relevância para a sociedade analisar e tomar uma iniciativa em combater esse crime que é praticado todos os dias, muitas vezes em silêncio. Por meio de um breve estudo bibliográfico, extraímos dados que constam as diversas formas de violência contra a mulher, que atualmente vem sofrendo na sociedade e os agressores muitas vezes ficam impunes. O trabalho tem como objetivo: mostrar através de pesquisas como nos dias atuais a mulher sofre violência e é desrespeitada principalmente em casa e compreender o papel do assistente social frente à essa violência; destacar algumas formas de violência; detectar as principais causas da violência doméstica e por que ainda é tão praticada; verificar se a lei Maria da Penha realmente garante proteção as mulheres vítimas de violência; identificar se há medidas de punição ao agressor e apontar algumas contribuições pertinentes ao assistente social no combate a violência doméstica, intervindo para que esse problema seja solucionado. Palavras-chave: crime, violência doméstica, agressores, proteção. HERCULANO, Bruna Luana Pereira. DOMESTIC VIOLENCE AGAINST WOMEN. 2017. 56p. Completion of course work (Graduation in Social Work) – Connected Online Teaching System, University of North Paraná, Pimenta Bueno, 2017. 9 ABSTRACT This monograph constitutes evidence that domestic violence is committed against women. The issue is of utmost importance to analyze society and to take action to fight this crime that is practiced every day, often in silence. Through a brief bibliographic study, we extracted data in various forms of violence against women, which is currently suffering in society and the perpetrators often go unpunished. The study aims: to show through research as nowadays the woman suffers violence and is disrespected mainly at home and understand the role of the social worker opposite such violence; highlight some forms of violence; detect the main causes of domestic violence and why is still so practiced; verify that the Maria da Penha law actually provides protection to women victims of violence; identify whether there are measures to punish the offender and to point out some relevant social worker in combating domestic violence contributions, intervening to that problem is solved. Keywords: crime, domestic violence, perpetrators, protection. 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CODEPPS - Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde CLADEM - Comitê Latino-Americano do Caribe para defesa dos Direitos da Mulher DDM - Delegacias da Mulher DEAM - Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher 11 SUMARIO INTRODUÇÃO…………………………………………………...………..........13 CAPITULO I 1. A VIOLÊNCIA NA HISTÓRIA................................................................15 1.1. A presença da violência contra a mulher.............................................16 1.2. O que é violência .................................................................................18 1.3. Tipos de violência contra a mulher ......................................................20 1.3.1. Violência física...................................................................................20 1.3.2. Violência psicológica.........................................................................22 1.3.3. Violência moral..................................................................................23 1.3.4. Violências sexuais ..........................................................................24 1.3.5. Violência patrimonial.........................................................................25 1.3.6. Violência verbal.................................................................................26 1.3.7. Violência institucional........................................................................27 1.3.8. Violência nos serviços de saúde.......................................................28 1.4. Como definir violência doméstica........................................................28 CAPÍTULO II 2. CAUSAS E CONSEQUENCIAS DA VIOLENCIA DOMESTICA..........31 2.1. Como é o agressor...............................................................................34 2. 2.Tipos de punições.................................................................................37 2.3. Formas de denúncia.............................................................................392.4. Como se prevenir..................................................................................40 CAPÍTULO III 3. PORQUE O NOME MARIA DA PENHA NA LEI...................................42 3.1. Os mecanismos da lei..........................................................................44 12 CAPÍTULO IV 4. O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL...............................................45 4.1. Iniciativas públicas...........................................................................47 4.2. Considerações finais.........................................................................49 13 INTRODUÇÃO Com tanta facilidade a modernidade hoje em dia, é impossível aceitarmos que mulheres são violentadas em suas próprias casas todos os dias, em silêncio, e que seus agressores ficam impunes na sociedade como se fosse correto espancar uma mulher. Com esse pensamento o presente trabalho monográfico constitui em evidenciar a violência doméstica que é cometida contra a mulher todos os dias, e que causa um transtorno, a todos envolvidos direta ou indiretamente na situação, pois quando acontece uma agressão não é só a mulher agredida que sofre mais também as pessoas que auxiliaram essa mulher tanto do lado físico como psicológico, tornando esse tema de extrema relevância para a sociedade analisar e tomar uma iniciativa em combater esse crime que é praticado todos os dias. Por meio de um breve estudo bibliográfico, pudemos observar os tipos de violência contra a mulher, identificar como são os agressores que muitas vezes ficam impunes. mostrar através de pesquisas como nos dias atuais a mulher sofre violência e é desrespeitada principalmente em casa e compreender o papel do assistente social frente à essa violência; destacar algumas formas de violência; que são muitas vezes ignoradas pelos agressores, detectar as principais causas da violência doméstica e por que ainda é tão praticada, embora tenha programas de ajuda a mulher agredida e verificar se a lei Maria da Penha realmente garante proteção as mulheres vítimas de violência; mostrar as medidas de punição ao agressor e apontar algumas contribuições pertinentes ao assistente social no combate a violência doméstica contra a mulher, intervindo para que esse problema seja solucionado de forma mais amena possível. Para isso esse trabalho teve de ser dividido em quatro capítulos onde cada um abordou assuntos referentes à violência doméstica de forma concisa. No capítulo primeiro destacamos assuntos sobre a violência desde os tempos de Cristo, até os dias atuais, mostrando a presença da violência doméstica contra a mulher tanto em seu lar como nos lugares onde frequenta, como seu trabalho, hospitais e instituições onde se encontra algumas mulheres presas, porque violência doméstica é apenas para falar que a agressão está no ambiente onde a mulher convive. E no capítulo segundo, comentamos sobre as causas e consequências que a 14 violência traz para as mulheres, como é o agressor que muitas vezes é portador de alguma doença psicológica, provinda de traumas quando ainda criança, ou que usa drogas ou bebida alcoólica, além da sociedade machista ajudar muito na formação desse agressor, que usa o que está escrito na Bíblia sobre como foi que Deus criou a mulher e imagina ser dono dela, criando uma possessividade que muitas vezes chega à morte da mulher. O capítulo segundo ainda apresenta como a lei puni, esses agressores e como a mulher pode se prevenir e denunciar o seu agressor. No capítulo terceiro, comentamos sobre a Lei Maria da Penha e porque esse nome, e destacamos alguns mecanismos da lei que auxiliam a mulher nesse momento difícil da vida dela, o capítulo quarto finalizando evidenciando a importância do assistente social perante esse problema de saúde pública, onde é preciso ter um senso de humanidade apurada para trabalhar com essa realidade. Conseguimos finalizar esse trabalho entendendo que o serviço social é um dos meios mais utilizados pela população carente, pois as pessoas se verem perdidas e sem um profissional que as oriente de forma que não a constranjam, esses problemas como é a violência doméstica contra a mulher não vai diminuir em nossa sociedade, gerando cada vez mais famílias destruídas e mulheres psicologicamente abaladas. 15 CAPITULO I 1. A VIOLÊNCIA NA HISTÓRIA A humanidade vem sendo marcada pelas expressões de violência durante toda a sua história, se manifestando das mais diversas maneiras e contra os mais variados grupos e classes sociais. Segundo Mattos (2008): A violência é uma realidade milenar. Ao longo dos milênios, circula amplamente pela sociedade, abrangendo todas as Idades :Antiga, a Idade Média, Moderna e Contemporânea. Em todas elas, houve barbáries de alguma forma e sob vários aspectos e segmentos.Ela não se limita a uma só classe social, no entanto é mais evidenciada nas camadas populares onde o poder aquisitivo é muito baixo e as condições de vida são precárias (Mattos, 2008). A vida do ser humano sempre foi posta à prova, maltrato e humilhações de quem tinha o poder nas mãos, mandando e a única solução era obedecer, porque não tinha como se defender, como fala Mattos (2008): As revoluções armamentistas do mundo capitalista, os holocaustos sofridos pelos judeus e pelos negros, as duas grandes guerras mundiais, as colonizações de exploração, as cruzadas etc. (Mattos, 2008). Os dias atuais, a violência está presente de forma mais moderna, inteligente mais não menos agressiva, porque temos várias formas de violência hoje que continua fazendo vítimas mortais ou deixando o psicológico abalado, com traumas para o resto da vida. Segundo Mattos (2008): A violência branca caracterizada pela fome e pela miséria, pela falta de oportunidades para o mercado de trabalho e pela baixa escolaridade, assola os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, (periféricos) que vivem atrelados aos países de primeiro mundo (centrais) numa violenta relação de poder e desigualdade. Em consequência, a educação para os países pobres é com base na diferenciação de classes sociais, onde o ensino não e igual, para todos, nem tampouco 16 todos têm as mesmas oportunidades. As novas tecnologias quase não são utilizadas no contexto escolar e, os alunos, oriundos das diferentes camadas sociais, levam para as escolas, as angústias, frustrações e desesperanças promovidas também pela desestruturação da base familiar. (Mattos, 2008). A violência nunca acabou no mundo, ela só se manifesta de outras maneiras, por causa dos costumes do lugar, por meios mais práticos como a internet, por redes sociais, onde presenciamos casos de estupro e morte de mulheres que marcaram encontro com uma pessoa que nem conheciam e acreditaram nas palavras desta, indo ao encontro sem nenhuma prevenção. Segundo ainda Mattos (2008), comenta: Fica comprovado que a violência existe desde os tempos primordiais da Terra e que ainda hoje, na família, na escola, na sociedade como um todo, ela figura de todas as formas, mudam-se os meios, os instrumentos, mas ela, a violência, parece ser algo inerente a natureza humana. O que fazer? Desarmar os homens? O Brasil até que tentou, mas a população disse não ao referendo do dia 10 de outubro, com receio de ficar refém dos bandidos e de policiais corruptos que violentam a Constituição Federal e se aliam ao crime organizado. (Mattos, 2008). Se antes podíamos sair nas ruas e perguntaruma informação para um policial, hoje temos que pensar para fazer isso, homens revoltados estão agredindo as pessoas sem motivo algum. A sociedade está ficando moderna mais em relação a violência não mudou nada. 1.1 A Presença da violência contra a mulher Na história da humanidade as mulheres tinham que ficar caladas, não tinha voz ativa e era um desrespeito para com o marido se falassem algo se intrometendo nas conversas dos homens, o que acontece até hoje em alguns países tem esse costume onde a mulher continua submissa, se apanha ninguém fica sabendo, o homem dominava e era o chefe da casa, dando ordem e impondo sua autoridade. Vemos essa manifestação de violência nos tempos de Cristo, onde a Bíblia fala sobre Madalena, pecadora que por ter praticado adultério pela lei de Moisés, mandava ser apedrejada por todos da comunidade, e não se falava em fazer o mesmo ao homem, como se só a mulher tivesse pecado. (JOÃO, 1989, p.1366). Aos poucos elas foram se unindo e exigindo direitos, mesmo sofrendo punições como as mulheres trabalhadoras de uma fábrica que foram queimadas vivas, as mulheres não pararam 17 de tentar mudar seu destino, e aos poucos foram conseguindo um espaço na sociedade, embora a violência ainda continue acontecendo todos os dias. Neste aspecto, podemos perceber que a nossa história sempre teve a violência marcando a mulher antes não era ouvida e não podia reclamar. Quando olhamos para o passado, percebemos que não mudou muita coisa em relação a gestos de violência contra a mulher, só a diferença é que agora ela é cometida na maioria das vezes no lar e está mais aberta, o agressor não tem medo de deixar manchas roxas na mulher e espancar para os vizinhos ouvirem, o vício do álcool, é um dos grandes vilões para que essa violência aconteça, a pessoa chega bêbada e não sabe o que está fazendo. Percebemos que a violência contra mulher que o foco deste trabalho, vem ao longo da história sendo tratada com displicência pela sociedade, onde em pleno século XXI, mulheres sofrem as mais diversas formas de agressão principalmente doméstica e não é oferecida uma segurança eficaz para que isso não aconteça. Segundo o Decreto nº 1.973 de 1º de Agosto de 1996, promulgado a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a mulher, concluída em Belém do Pará, em 9 de junho de 1994, em seu artigo 1 explica: Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por violência contra a mulher qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada. (Decreto,1996). Também em seu artigo 2, o Decreto (1996), declara: Entende-se que a violência contra a mulher abrange a violência física, sexual e psicológica: a) ocorrido no âmbito da família ou unidade domestica ou em qualquer relação interpessoal, quer o agressor compartilhe, tenha compartilhado ou não a sua residência, incluindo- se, entre outras formas, o estupro, maus-tratos e abuso sexual; ocorrida na comunidade e comedida por qualquer pessoa, incluindo, entre outras formas, o estupro, abuso sexual, tortura, tráfego de mulheres, prostituição forçada, sequestro e assédio sexual no local de trabalho, bem como em instituições educacionais, serviços de saúde ou qualquer outro local; e c) perpetra ou tolerada pelo Estado ou seus agente, onde quer que ocorra. (Decreto, 1996). Em relação a direitos protegidos pelo Decreto (1996), se reconhece a mulher: Toda mulher tem direito ao reconhecimento, desfrute, exercício e proteção de todos os direitos humanos e liberdades consagradas em 18 todos os instrumentos regionais e internacionais relativos aos direitos humanos. Estes direitos abrangem, entre outros: a) direitos a que se respeite sua vida; b) direitos a que se respeite sua integridade física, mental e moral; c) direitos à liberdade e a segurança pessoais) direito a não ser submetida a tortura; e) direito a que se respeite a dignidade inerente à sua pessoa e a que se proteja sua família) direito a igual proteção perante a lei e da lei; g) direito a recurso simples e rápido perante tribunal competente que a proteja contra atos que violem seus direitos; h) direito de livre associação; i) direito à liberdade de professar a própria religião e as próprias crenças, de acordo com a lei; e j) direito a ter igualdade de acesso às funções públicas de seu próprio país e a participar nos assuntos públicos, inclusive na tomada de decisões.(Decreto, 1996). Segundo o Decreto nº 1.973 de 1º de Agosto de 1996, promulgado a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a mulher, concluída em Belém do Pará, em 9 de junho de 1994, ficou claro que a mulher precisa ser protegida contra maus tratos e ser livre de violência, para que isso aconteça, como fala no artigo 6 desse Decreto(1996): O direito de toda mulher a ser livre de violência abrange, entre outros: a) o direito da mulher a ser livre de todas as formas de discriminação; e b) o direito da mulher a ser valorizada e educada livre de padrões estereotipados de comportamento de comportamento e costumes sócias e culturais baseados em conceitos de inferioridade ou subordinação. (Decreto, 1996). Isso significa que a mulher precisa e deve viver sem agressão de nenhuma forma, para que possa ter uma estrutura psicológica que a faça mudar de ideia as quais tinham as mulheres dos seus antepassados que o homem manda e a mulher obedece, como um ser submisso, mais que tem os mesmos direitos do homem perante a sociedade. 1.2 O que é violência Violência segundo o dicionário Aurélio (1975): Estado daquilo que é violento; ato violento; ato de violentar; ato veemência; irascibilidade; abuso da força; tirania; opressão; constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a fazer um ato qualquer; coação. (Aurélio, 1975). 19 A cada ano que passa, a história da violência leva a vida de milhares de seres humanos em todo o planeta, todos os dias ao ligarmos a televisão, assistimos a morte de pessoas inocentes vitimados por uma guerra que não tem fim, em vários lugares no planeta as pessoas se matam e lutam por algo sem sentido, porque o maior sentido seria proteger a vida em todos os aspectos, tanto humana como animal. Desrespeito a vida e ao direito dos outros é algo que se vê constantemente e parece que não tem fim. O significado da palavra violência acaba gerando uma contradição por muitos acreditarem que violência é sinal de força, vigor, buscam ao maltratar o próximo mostrar sua força perante o outro. Segundo Stela Valéria: Estes termos devem ser referidos a vis, que mais profundamente, significa dizer a força em ação, o recurso de um corpo para exercer a sua força e, portanto, a potência, valor, a força vital. (Stela, 2008). Ainda sobre o tema, Stela Valéria (2008) comenta: É um ato de brutalidade, abuso, constrangimento, desrespeito, discriminação, impedimento, imposição, invasão, ofensa, proibição, sevícia, agressão física, psíquica, moral ou patrimonial contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela ofensa e intimidação pelo medo e terror. Segundo o dicionário Aurélio violência seria ato violento, qualidade de violento ou até mesmo ato de violentar. (Stela Valéria, 2008). Comparando a violência com os aspectos sociais, podemos notar que as pessoas que mais sofrem agressão ou agridem, são as de baixa renda, que sofrem com problemas de moradia, alimentação, saúde precária, desemprego na família,ocasionando uma revolta interna que quando jogada para fora, vai de encontro a pessoa mais próxima que acaba sendo agredido muitas vezes sem merecer. Vale ressaltar que essa violência causa um problema de saúde pública, que afeta a toda a sociedade que sofre com essa situação a muitos anos e cada vez mais está piorando, exigindo atitudes para que solucionem o mais rápido possível esse problema público, pois a violência está inserida tanto no âmbito público quanto no âmbito privado. A anos dentro do âmbito vida das famílias a violência tem sido tratada de forma como se fosse normalmente, os castigos físicos aplicados aos filhos para se 20 comportarem sempre foi levado como uma forma de respeito e da educação dentro de casa. Já aos negros a violência foi um crime de falta de respeito para com o ser humano, como se a cor da pele mostrasse quem valia mais ou quem podia mandar no outro. A violência contra os índios também fizeram história dentro da humanidade, principalmente aqui no Brasil, que acabou com milhares de tribos na época de descoberta do continente. Em toda parte do planeta, a violência veio para destruir e acabar com sonhos e planos das pessoas, que tentar se proteger e proteger sua família para que consiga escapar, o que muitas vezes não é possível, como vê nas guerras onde matar parece brincadeira, não se importando se a pessoa tem direito ou não a vida. Os jovens hoje estão crescendo aprendendo com jogos como machucar e ferir o próximo, isso se não for bem trabalhado, vai gerar uma sociedade agressiva, sem respeitar os direitos dos outros. 1.3 Tipos de violência contra a mulher A violência doméstica tem várias formas de ser apresentada no lar, pode ser de maneiras diferentes mais todas causam um transtorno a mulher que precisa viver e conviver com o agressor na maioria das vezes omitindo esse sofrimento. 1.3.1 Violência física As formas de violência, especialmente agressão física causam danos materiais ou fisiológicos, ou se caracterizam pela intensidade, de murros, e tapas, agressões com diversos objeto e queimaduras, quando não á uma compreensão do parceiro, a uma situação conflitante no lar, a mesma pode perpetuar-se mediante ameaças de “ser pior” se a vítima reclamar há autoridades ou parentes, é uma questão em que as autoridades se omitem ou tornam complicadas as intervenções por na maioria das vezes ser dentro do lar onde a polícia não pode entrar sem consentimento. 21 Segundo Ballone (2008): O abuso do álcool é um forte agravante da violência doméstica física. A Embriagues Patológica é um estado onde a pessoa que bebe torna-se extremamente agressiva, às vezes nem lembrando com detalhes o que tenha feito durante essas crises de furor e ira. Nesse caso, além das dificuldades práticas de coibir a violência, geralmente por omissão das autoridades, ou porque o agressor quando não bebe "é excelente pessoa", segundo as próprias esposas, ou porque é o esteio da família e se for detido todos passarão necessidade, a situação vai persistindo. (Ballone, 2008). Violência física é tudo que envolva o corpo onde um agressor aproveita de sua força e da fragilidade da vítima e agride de todas as formas possíveis acabando por machucar, humilhar ou matar a pessoa injustamente. São atos impensados mais que ofende a integridade física e a saúde corporal da mulher. Segundo a Lei nº 11.340 de 07 de Agosto de 2006, Maria da Penha em seu artigo 7º relata: Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:I- a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal.(Maria da Penha, 2006). Segundo SANTINON (2012), Primeiramente, de acordo com o Ministério da Saúde, a violência contra a mulher pode ser definida como qualquer conduta - ação ou omissão - de discriminação, agressão ou coerção, ocasionada pelo simples fato de a vítima ser mulher e que cause danos, morte, constrangimento, limitação, sofrimento físico, sexual, moral, psicológico, social, político ou econômico ou perda patrimonial. Essa violência pode acontecer tanto em espaços públicos como domésticos (Santinon, 2012). A violência física é uma das maiores agressão contra a mulher na atualidade, porque o homem acredita que manda na mulher ou que ela não pode deixar ele, e com isso gera maus tratos, muitas vezes chegando a morte da mulher. Segundo Santinon (2012), a agressão doméstica é toda agressão praticada em casa: A violência ocorrida em casa, no âmbito doméstico ou em uma relação de familiaridade, afetividade ou coabitação, ou seja, nas relações entre os membros da comunidade familiar, formada por vínculos de parentesco natural (pai, mãe, filha etc.) ou civil (marido, sogra, padrasto ou outros), por afinidade (por exemplo, o primo ou tio do marido) ou afetividade (amigo ou amiga que more na mesma casa), é classificada 22 como violência doméstica ou intrafamiliar. Estas violências incluem abuso físico, sexual, psicológico, negligência e abandono. (Santinon, 2012). Finalizando o assunto violência física, para Santinon (2012) é: A violência física é caracterizada pela ação ou omissão que coloque em risco ou cause danos à integridade física de uma pessoa, podendo causar lesões internas, externas ou ambas.(Santinon, 2012). Assim, todo mal trato ocasionado dentro do âmbito familiar onde causa algum dano corporal a mulher desrespeitando os seus direitos é uma violência que precisa ser combatida. 1.3.2 Violência psicológica Segundo Ballone (2008) violência psicológica é: Um tipo comum de Agressão Emocional é a que se dá sob a autoria dos comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e de importância. A intenção do(a) agressor(a) histérico(a) é mobilizar outros membros da família, tendo como chamariz alguma doença, alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum estado que exija atenção, cuidado, compreensão e tolerância. (Ballone,2008). A violência psicológica segundo Santinon (2012) é: A violência psicológica é ação ou omissão destinada a degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra, pessoa por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde psicológica, à autodeterminação, à autoestima ou ao desenvolvimento pessoal. (Santinon, 2012). A lei nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006, chamada Maria da Penha, fala sobre os tipos de violência contra a mulher, e sobre a violência psicológica é: II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause danos emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante 23 ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. (Lei MARIA DA PENHA, 2006). Tudo que cause desembaraço ou prejudique a autoestima da mulher, deixando- a sem reação perante o agressor, que pode ofendê-la de várias maneiras ocasionando humilhação, é um tipo de violência. 1.3.3 Violência moral Segundo a Lei nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006, Maria da Penha defini: V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.(Lei Maria da Penha). A violência moral mexe com a autoestima da mulher, com o seu caráter, pois a difama perante a sociedade o que pode causar até a morte, como já vimos na televisão, uma mentira fez com que uma comunidade sem perceber que não se tratada da mesma pessoa, lincharam uma mulher apenas por causa de uma mentira onde não tinham prova , sem dar chance de defesa, essa violência é muito perigosa nos dias atuais onde as pessoas estão revoltadas com o governo e na maioria das vezes querem fazer justiça com as próprias mãos. 1.3.4 Violências sexuais Ninguém pode obrigar uma pessoa a fazer o que não quer principalmente relação sexual, onde tem que ter intimidade física com a outra pessoa. 24 É uma violência contra a mulher obrigá-la a manter contato sexual físico sem sua aceitação, usando de ameaças e até agressão física como é o caso do estupro onde a vítima não tem nem condições de reagir. Muitas das vezes quando um estuprador vem a procura da mulher para agredi- la, infelizmente na maioria das vezes ele a mata. Segundo a lei nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006. Maria da Penha, sobre violência sexual: III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos. (Maria da Penha, 2006). Sobre a violência sexual, Ballone (2008): As transgressões sexuais acabam acarretando culpa, vergonha e medo na vítima e mesmo nos possíveis denunciantes solidários à vítima. Assim, a ocorrência desses crimes sexuais tende a ser ocultada. Temos visto inúmeras mães que negam a ocorrência da violência sexual por parte de seus maridos sobre suas filhas porque temem suas consequências sociais e policiais, temem as consequências intrafamiliar, preferem viver juntas com seus maridos a separadas deles, enfim, há uma complacência omissa que pode ser tão criminosa quanto à agressão. (Ballone, 2008). Infelizmente ainda vemos em nossa volta casos de mulheres que mesmo descobrindo a agressão do marido para com a sua filha ou filho, se omite porque não quer se separar do marido, as filhas que sofrem a agressão precisa se calar ou sair de casa. Outras vezes a agressão vem dos parentes, tios, padrasto e a vergonha e o medo de sofrerem algo pior se calam também, deixando esse crime impune. Segundo Ballone (2008), pesquisas revelam que: No Brasil, de um modo geral, as pesquisas são poucas e, às vezes contraditórias. Nos Estados Unidos sabe-se, com maior precisão, que o abuso sexual ocorre em um terço das famílias. Mas lá, tanto quanto aqui, a pequena vítima não revela seu segredo à mãe, por 25 temer magoá-la. E quando a mãe toma conhecimento dos fatos, ela costuma escolher uma das seguintes atitudes. 1 - Denunciar o agressor. A grande maioria das mães que optam por essa alternativa não a faz de imediata. Elas costumam levar anos para terem coragem para enfrentar o marido e as consequências. Quando ocorre a denúncia, em cerca de dois terços dos casos, as mães levam a notícia do crime à autoridade policial e se separam do companheiro. 2 - Não acreditar que seu companheiro ou marido seja capaz de abusar sexualmente da própria filha.3 - Suspeitar que possa ser verdade mas não têm certeza de que o marido ou companheiro seja um agressor sexual. Essas mães preferem viver eternamente na dúvida a investigar a veracidade dos fatos, pois, de modo geral, a certeza costuma ser muito ameaçadora. Algumas vezes, quando as evidências são incontestáveis, ainda arriscam acreditar que a filha foi quem "seduziu" o pai. (Ballone, 2008). Na maioria dos casos de violência sexual cometida em casa, a mãe sabe mais fica do lado do homem, causando ira a vítima que tem que se afastar do agressor sem apoio nem condições psicológicas para enfrentar esse problema. Segundo Ballone (2008): Entre as três forma mais importantes de violência doméstica, a mais complexa delas é a violência sexual. Esta tende a ficar escondida dentro das casas devido ao medo de represália, vergonha ou temor de que ninguém acreditará na vítima. Aliás, não acreditar na filha violentada pelo pai pode interessar a muita gente, principalmente à mãe, normalmente, complacente sob a máscara de ignorar. (Ballone, 2008). 1.3.5 Violência patrimonial Segundo a lei nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006, Maria da Penha, sobre violência patrimonial, explica: IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades. (Lei Maria da Penha, 2006). Hoje com a modernidade nos relacionamentos, onde muitas mulheres usam redes sociais para encontrar paqueras acabam sofrendo violência patrimonial 26 encontrando homens que conduzem a paquera a condição da mulher sempre pagar alguma conta dele. . 1.3.6 Violência verbal Segundo Ballone (2008), violência verbal é: A violência verbal existe até na ausência da palavra, ou seja, até em pessoas que permanecem em silêncio. O agressor verbal, vendo que um comentário ou argumento é esperado para o momento, se cala, emudece e, evidentemente, esse silêncio machuca mais do que se tivesse falado alguma coisa. (Ballone, 2008). Esse tipo de agressão é realizada muitas das vezes só para magoar mesmo, sabe que a pessoa vai se sentir feliz se houver diálogo, e prefere se calar parecendo superior emocionalmente. Segundo Ballone(2008), as mulheres violentadas não denunciam muitas vezes por medo: Em algumas situações, felizmente não a maioria, de franca violência doméstica persistem cronicamente porque um dos cônjuges apresenta uma atitude de aceitação e incapacidade de se desligar daquele ambiente, sejam por razões materiais, sejam emocionais. Para entender esse tipo de personalidade persistentemente ligada ao ambiente de violência doméstica poderíamos compará-la com a atitude descrita como co-dependência, encontrada nos lares de alcoolistas e dependentes químicos. (Ballone, 2008). Ainda referente a agressão verbal o agressor só reclama e fica num canto, para deixar incomodada a mulher ou se sentir culpada pela situação. Para Ballone (2008) a violência verbal: Ainda dentro desse tipo de violência estão os casos de depreciação da família e do trabalho do outro. Um outro tipo de violência verbal e psicológica diz respeito às ofensas morais. Maridos e esposas costumam ferir moralmente quando insinuam que o outro tem amante. Muitas vezes a intenção dessas acusações é mobilizar 27 emocionalmente o (a) outro (a), fazê-lo(a) sentir diminuído(a). O mesmo peso de agressividade pode ser dado aos comentários depreciativos sobre o corpo do (a) cônjuge. (Ballone, 2008). 1.3.7 Violência institucional É uma violência muitas das vezes escondida, onde a sociedade nem sabe que existe, pois as mulheres vítimas dessa violência estão presas, pagando pena por algum crime. Segundo a Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde CODEPPS (2007), explica: A violência contra mulheres presas não é um fenômeno local. Violações nos presídios americanosforam denunciadas pela Anistia Internacional, que reportou casos de estupros e outros tipos de abuso sexual, restrições cruéis e degradantes às mulheres presas que estão grávidas ou seriamente doentes, acesso inadequado às necessidades básicas para se manterem física e mentalmente saudáveis, confinamento e isolamento por períodos muito prolongados em condições que reduzem os estímulos sensoriais. (CODEPPS, 2007). Segundo a Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde CODEPPS (2007), essa violência doméstica contra a mulher que está presa sem acesso a mídia e nem as instituições para defende-la, é uma agressão que vem para deixar a mulher sem ação: Fruto das desigualdades predominantes em uma determinada sociedade, esse tipo de violência se incorpora à cultura hegemônica em instituições como os serviços públicos, a mídia e as empresas privadas. (CODEPPS, 2007). 1.3.8 Violência nos serviços de saúde Essa forma de violência doméstica contra a mulher tem gerado situações vergonhosas, como de algumas mulheres serem humilhadas no seu direito de ter 28 acesso a um hospital na hora de darem a luz, como vimos nos meios de comunicação de todo o país casos assim. Segundo a Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde CODEPPS (2007): Não são raros os relatos de casos de curetagem sem anestesia, quando em situação de aborto; tratamento preconceituoso, negligência e maus- tratos nas situações de aborto provocado; falta de esclarecimentos e orientações adequadas; exames ginecológicos feitos com pouco cuidado; falta de privacidade quando examinadas; abuso sexual por parte dos profissionais e tratamento preconceituoso em casos de violência sexual. (CODEPPS, 2007). Embora haja leis para proteger o direito da mulher a violência ocorrida no serviço de saúde que era para auxiliar, muitas vezes deixa a mulher agredida envergonhada de pedir ajuda, como relata a Coordenação de Desenvolvimento de Programas e Políticas de Saúde CODEPPS (2007): As respostas médicas às mulheres espancadas tendem a se limitar ao tratamento das lesões físicas causadas pelo espancamento e, em muitos casos, a culpar a vítima pela violência. (CODEPPS,2007). 1.4 Como definir violência doméstica Violência doméstica é tratada da Lei nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006, Maria da Penha em seu artigo 5º, como: Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual. Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: I - a violência física, entendida 29 como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause danos emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.(Lei Maria da Penha, 2006). Apesar da lei apresentar o direito que a mulher tem, ainda infelizmente um direito que a mulher ainda não conquistou é que sua integridade física seja respeitada, mesmo um século que se propaga a igualdade de gênero, muitas vezes o home ainda usa da sua força física para agredir sua parceira, seja ela namorada, esposa. Segundo Ballone (2008): Em algumas situações, felizmente não a maioria, de franca violência doméstica persistem cronicamente porque um dos cônjuges apresenta uma atitude de aceitação e incapacidade de se desligar daquele ambiente, sejam por razões materiais, sejam emocionais. Para entender esse tipo de personalidade persistentemente ligada ao ambiente de violência doméstica poderíamos compará-la com a atitude descrita como co-dependência, encontrada nos lares de alcoolistas e dependentes químicos. (Ballone, 2008). A violência é baseada no simples fato de atingir a alma, destruir sonhos e acabar com a dignidade, a alegria e o estima das mulheres, levando a vítima a se retrair e se afastar dos amigos por ter vergonha da sua situação. Existem outros tipos 30 de violência pouco conhecidas, como psicológica e moral, mas nem tão pouco importante. Mulheres que é vítima de agressões verbais repetida pelos agressores sentem desprezo por eles, a violência física quase sempre virá acompanhada da violência psicológica. Nesta diferenciação faz sentido apenas na abordagem para compreender melhor a necessidade da vítima ao buscar ajuda. A constituição Federal de 1988 abriga o estado a tomar medidas necessárias para prevenir e punir a violência ocorrida no âmbito da família. Mas nem sempre está punição acontece, fica só no papel mais na vida real bem pouca coisa se faz. Em 1995 o Brasil retificou a convenção interamericana para castigar e erradicar a violência contra a mulher. É um direito de todas as mulheres terem uma vida livre, ou seja, sem agressões físicas ou psicológicas. É grande o número de mulheres agredidas e mortas por parceiros no espaço doméstico. As agressões cometidas são em relações conjugais, geralmente os processos terminam em arquivamento e as mulheres não encontram uma resposta afetiva à violência sofrida. Mesmo numa sociedade tida como pós-moderna, a mulher ainda enfrenta várias lutas no dia a dia, para garantir seu espaço. Mulheres que muitas vezes já tem seu espaço garantido no mercado de trabalho muitas vezes têm que se dividirem em uma jornada dupla de trabalhar fora do lar, além de ter que cuidar da casa da família, filhos, uma rotina muitas vezes bastante estressante, isso explica o aumento de doenças relacionadas ao estresse em mulheres economicamente ativas. Uns dos benefícios alcançados pelas mulheresfoi à criação da Lei Maria da Penha. Lei que será foco do próximo capítulo foi criada no intuito de proteger mulheres vítima de agressão e puni seus autores. Essa lei vê m beneficia mulheres que sofrem todos os tipos de agressão e precisam de ajuda e de incentivo para denunciar os agressores. 31 CAPÍTULO II 2. CAUSAS E CONSEQUENCIAS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA Existem diversos tipos de violências consideradas violência doméstica tudo que se refere em ferir tanto emocionalmente como fisicamente se dá o nome de violência. Segundo o artigo 7º da Lei nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006 (Maria da Penha) são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher: São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause danos emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.(Lei Maria da Penha, 2006). A religião sempre teve um papel fundamental para o pensamento da sociedade machista onde a mulher tem que obedecer a seu marido. Até mesmo podemos ver no casamento civil, antes a mulher colocava o sobrenome do marido num gesto de submissão. Hoje não precisa mais e até vemos homens que colocam o sobrenome da esposa, contrariando muito os costumes tradicionais que envolvem perante a mulher. A igreja evidentemente teve uma grande influência na ideia de submissão da mulher ao homem, que para a religião seria pecado não respeitar o 32 dono da casa, o chefe. Podemos ler na Bíblia Sagrada (1989) em seu primeiro livro chamado Gênesis, como desde muitos anos foi criada a imagem de submissão da mulher: Então Javé Deus fez cair um torpor sobre o homem, e ele dormiu. Tomou então uma costela do homem e no lugar fez crescer carne. Depois da costela que tinha tirado do homem, Javé Deus modelou uma mulher, e apresentou-a para o homem. Então o homem exclamou:” Esta sim é o osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque foi tirada do homem!” (Gênesis, 1989, p 16). Esse relato da Bíblia Sagrada sobre o nascimento da mulher compromete toda a estrutura familiar, que machista e religiosa segue à risca o que está escrito, como se não bastasse ser orientada pela igreja que o homem é seu dono, a sociedade machista ainda incentiva o homem pensar que pode ter algum direito sobre a mulher só por ter casado e ter dado seu sobrenome. Hoje nem precisa ter casado para os homens olharem as mulheres como propriedade, porque ainda no namoro já presenciamos casos de rapazes que não aceitam o termino do namoro e perseguem ou matam a mulher. Uma das maiores causas da violência doméstica é ter em toda a história da humanidade essa crença que a mulher foi gerada do homem e por isso tem que ser submissa a suas vontades, infelizmente nossa sociedade é machista e para tirar esse pensamento do meio familiar é difícil. Segundo Ballone (2008), os jovens estão crescendo já com uma mentalidade agressiva: Acontece que as crianças aprendem com os adultos, normalmente e primeiramente dentro de seus lares, as maneiras de reagirem à vida e viverem em sociedade. As noções de direito e respeito aos outros, a própria autoestima, as maneiras de resolver conflitos, frustrações ou de conquistar objetivos, tolerar perdas, enfim, todas formas de se portar diante da existência são profundamente influenciadas durante a idade precoce. É assim que muitas crianças abusadas, violentadas ou negligenciadas na infância se tornam agressoras na idade adulta. (Ballone, 2008). Quando uma mulher conhece um homem e resolve namorar com ele hoje em 33 dia, não segue aqueles costumes de antigamente, que os pais tinham que conhecer a família do rapaz e visse versa. Agora só se falam na rede social, mandam fotos, e marcam encontros, e depois de saírem algumas vezes resolvem namorar muitas vezes sem nunca conhecer a família do rapaz, e sem saber de qual estrutura familiar ele vem muitas vezes agressiva e perigosa para a convivência em comunidade, e quando a mulher percebe algo estranho, já é tarde, começa as agressões e a possessividade, que segundo Ballone(2208), tem seu surgimento ainda na idade precoce: Alguns indícios de mau desenvolvimento de personalidade podem ser observados em idade precoce. Algumas dessas características podem ser manifestadas por dificuldades para se alimentar, dormir, concentrar- se. Essas crianças podem começar a se mostrarem exageradamente introspectivas, tímidas, com baixa autoestima e dificuldades de relacionamento com os outros, outras vezes mostram-se agressivas, rebeldes ou, ao contrário, muito passivas. (Ballone, 2008). . No que se refere as causas de violência contra a mulher é importante que se faça um a observação, muitas das mulheres que aceitam e não denunciam o agressor são de baixa renda. Hoje estudar até terminar o ensino médio e tentar uma bolsa na faculdade é muito importante para a mulher ter sua independência e se sofrer maus tratos em casa, poder sair porque tem como se sustentar, o que não acontecia com as mulheres antigamente, que não tinham estudo e acabam dependendo do homem para tudo. Ainda hoje, com tanta modernidade vemos mulheres que se casam e não fazem nada para se manterem economicamente, deixando essa tarefa para o marido, muitas vezes ficando grávida logo quando casa e se obrigando a cuidar dos filhos não tendo tempo para estudar. A submissão aparece mais nessas mulheres que ficam em casa e consequentemente gerando um ambiente propicio para a violência doméstica. 2.1 Como é o agressor 34 Quando falamos de agressor estamos mencionando o marido, o pai, o filho ou pessoas que convivem com a mulher e podem gerar uma violência doméstica. Segundo Ballone (2008), uma forma de se encontrar o agressor é num tipo de violência chamada: emocional: Outra forma de Violência Emocional é fazer o outro se sentir inferior, dependente, culpado ou omisso é um dos tipos de agressão emocionaldissimulada mais terrível. A mais virulenta atitude com esse objetivo é quando o agressor faz tudo corretamente, impecavelmente certinho, não com o propósito de ensinar, mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência. O agressor com esse perfil tem prazer quando o outro se sente inferiorizado, diminuído e incompetente. Normalmente é o tipo de agressão dissimulada pelo pai em relação aos filhos, quando esses não estão saindo exatamente do jeito idealizado ou do marido em relação às esposas. (Ballone, 2008). Ainda Ballone (2008), comenta: O comportamento de oposição e aversão é mais um tipo de Agressão Emocional. As pessoas que pretendem agredir se comportam contrariamente àquilo que se espera delas. Demoram no banheiro, quando percebem alguém esperando que saiam logo, deixam as coisas fora do lugar quando isso é reprovado, etc. Até as pequenas coisinhas do dia-a-dia podem servir aos propósitos agressivos, como deixar uma torneira pingando, apertar o creme dental no meio do tubo e coisas assim. Mas isso não serviria de agressão se não fossem atitudes reprováveis por alguém da casa, se não fossem intencionais. Essa atitude de oposição e aversão costuma ser encontrada em maridos que depreciam a comida da esposa e, por parte da esposa, que, normalmente se aborrecendo com algum sucesso ou admiração ao marido, ridiculariza e coloca qualquer defeito em tudo que ele faça. (Ballone, 2008). Agressores assim, muitas vezes acham que estão certos, que não fazem nada demais em chatear a mulher em casa. Entretanto, se a pessoa sabe exatamente os gostos do outro, içam reclamando de algo que sabe que a pessoa não vai mudar só porque está alguém reclamando, é um tipo de agressão, onde o agressor busca mexer com o lado emocional da vítima. Na maioria das vezes quem agride é o homem, cônjuge, ex-marido, ex- namorado, padrasto, pai, tio da vítima. Segundo Ballone (2008) agressores são divididos em: 35 Os agressores se dividem entre portadores de: Transtorno Antissocial da Personalidade, Transtornos Explosivo da Personalidade (Emocionalmente Instável), Dependentes químicos e alcoolistas, Embriagues Patológica, Transtornos Histéricos (histriônico), Outros transtornos da personalidade, tais como, Paranoia e Ciúme Patológico. (Ballone, 2008). A mulher precisa atentar-se para os sintomas do seu agressor e tentar se afastar dele ou falar para ele procurar um tratamento dependendo do caso há ajuda, como com os alcoólicos anônimos, por exemplo. Segundo Barroso (2002): Existem formas múltiplas de viver na violência, pontuada num misto de conformismo e resistência. Conformismo verificado nas ações de submissão, de vida sob julgo de uma dominação masculina e de internalização de uma inferioridade da mulher violentada (BARROSO, 2002, p.4). O medo é fator principal para as mulheres não denunciem seus agressores, Tornando uma rotina ser agredida em seu lar e viver com receio que alguém descubra o que passa com ela e ao contar para as autoridades venha a ter mais violência para ela. Com isso a mulher que é agredida tem sua autoestima abalada e não consegui ir adiante com seus planos e projetos para o futuro, porque sempre vai depender do pensamento daquele agressor, Barroso aponta que: As causas da violência são descritas principalmente pelo ciúme e jogo de poder. Considerando-se a complexidade do problema, associada à questão da construção social dos papéis masculinos e femininos e da desigualdade existente nas relações de gênero. (Barroso, 2012, p.2) Muitas das vezes as mulheres recorrem ao hospital para se tratarem das agressões inventando alguma história fantasiosa para serem atendidas mais não investigadas, para descobrirem qual o motivo do problema de verdade. Segundo Mota (2004): É um fenômeno que apresenta várias faces, com complexas causas culturais, familiares e individuais. As mulheres sob situação de violência familiar do parceiro apresentam complicações na saúde física, emocional e sexual e, frequentemente, fazem uso dos serviços hospitalares como consequência, direta ou indiretamente, das agressões sofridas. (Mota, 2004, p.4). 36 A violência contra a mulher continua sendo uma das principais violações aos direitos humanos. Esta violência aumentou tanto que não se baseia só as pessoas agredidas, mas a todas as sociedades. Esta violência contra a mulher ocorre nas ruas, no trabalho e em casa, estas agressões físicas, acontecem principalmente por membros da família, são muitas mulheres que não denuncia as agressões, e ameaças, por medo, se formos perguntar algumas mulheres se ela já foi vítima vão dizer sim, ou conhece alguma que sofrem ou que já foram violentadas. Entre vários tipos de agressores podemos perceber que alguns têm cura outros infelizmente não vai ser tão fácil, como explica Ballone (2008): A Embriagues Patológica é um estado onde a pessoa que bebe torna-se extremamente agressiva, às vezes nem lembrando com detalhes o que tenha feito durante essas crises de furor e ira. Nesse caso, além das dificuldades práticas de coibir a violência, geralmente por omissão das autoridades, ou porque o agressor quando não bebe "é excelente pessoa", segundo as próprias esposas, ou porque é o esteio da família e se for detido todos passarão necessidade, a situação vai persistindo. (Ballone, 2008). Existem alguns transtornos psicológicos que fazem com que homens se tornem violentos, como relata Ballone (2008): Também portadores de Transtorno Explosivo da Personalidade são agressores físicos contumazes. Convém lembrar que, tanto a Embriagues Patológica quanto o Transtorno Explosivo têm tratamento. A Embriagues Patológica pode ser tratado, seja procurando tratar o alcoolismo, seja às custas de anticonvulsivantes (carbamazepina). Estes últimos também úteis no Transtorno Explosivo. (Ballone, 2008). 2.2 Tipos de punições Segundo a Lei nº 11.340 Maria da Penha (2006), há algumas formas de punir o agressor, como em seu artigo 8º: Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: I - suspensão da posse ou restrição 37 do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.(Lei Maria da Penha(2006). Segundo Henrique (2013) a lei alterou o Código penal: Possibilitou que agressores de mulheres no âmbito doméstico ou familiar sejam presos em flagrante ou tenham sua prisão preventiva decretada, estes agressores também não poderão mais ser punidos com penas alternativas, a legislação também aumenta o tempo máximo de detenção previsto de um para três anos, a nova lei ainda prevê medidas que vão desde a saída do agressor do domicílio e a proibição de sua aproximação da mulher agredida e filhos. (Henrique,2013). Assim podemos citar o artigo 5º da Constituição (1988): Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. (Constituição, 1988). Infelizmente, na nossa sociedade é difícil termos segurança como garante a Constituição, e em relação a violência doméstica contra a mulher se tem dificuldades de se punir os agressores, a própria vítima se sente culpada pela agressão, não denúncia, ou quando faz retira a denúncia, pois acaba acreditando na melhora da conduta do agressor, em casos onde a vítima também é dependente financeiramente do agressor e prefere sofrer calada. Na lei nº 11.340, de 7 de Agosto de 2006, (Maria da Penha), fala sobre uma punição contra o agressor que comete violência doméstica contra a mulher: 38 Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. (Lei Maria da Penha, 2006). Em seu parágrafo único, a lei Maria da Penha (2006), diz que: Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Lei Maria da Penha, 2006). Esse parágrafo único, fala sobre a cautela de que a lei tem se caso for falsa a denúncia, não deixar preso alguém inocente, como também decretar de novo a prisão se tiver alguma prova nova. Esse procedimento é notificado a vítima, segundo artigo 21, da lei Maria da Penha (2006): Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público. (Lei Maria da Penha(2006). Alerta também em seu parágrafo único, que a mulher que sofreu a violência doméstica, não pode ter contato com o agressor, entregando em mãos alguma intimação, isso é papel da justiça, para que não aumente mais a agressão. Segundo a Lei Maria da Penha (2006): Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor. (Lei Maria da Penha (2006). Tem outros tipos de punições que a Lei Maria da Penha (2006), relata em seu artigo 22: Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; III - proibição de determinadas condutas, entre a quais: a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; b) contato com a ofendida, seus familiares e 39 testemunhas por qualquer meio de comunicação; c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida; IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.(Lei Maria da Penha,2006). 2.3 Formas de denúncia Para denunciar o agressor de uma violência doméstica é preciso que a mulher tenha coragem e acredite que não ficará pior se contar seu problema as autoridades, Segundo Ballone (2008): Na maioria dos casos de arquivamento dos processos, ele parte de uma intervenção da própria agredida, que chega a mudar seu depoimento, quando o processo já está correndo na Justiça. A dependência emocional, mais que a econômica, é que faz a mulher suportar agressões. Isso acontece mesmo quando uma boa parte desses casos tem origem em algo muito mais sério do que pequenas rusgas familiares. Em 1988, 85% as denúncias registradas nas primeiras e terceira DDM de São Paulo foram de agressão e 4,17% de ameaças. Em 1992, nas mesmas delegacias, as denúncias de agressão caíram para 68% dos casos, com as ameaças subindo para 21,3%. Essa alteração é um indicador de que, em alguns casos, a mera apresentação da queixa numa delegacia e uma advertência da autoridade policial conseguem cessar a violência. (Ballone, 2008). As mulheres que sofrem violência podem procurar qualquer delegacia, mas é preferível que elas se dirijam às Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM), também chamadas de Delegacias da Mulher (DDM). Há também os serviços que funcionam em hospital e universidade e que oferecem atendimento médico, assistência psicossocial e orientação jurídica para a mulher se sentir protegida pela lei, buscando meios para se defender de seu agressor. A mulher que sofreu violência pode ainda procurar ajuda na Defensoria Pública e Juizado de Violência Doméstica e Família contra a mulher nos conselhos Estaduais contra a Mulher, nos Conselhos Estaduais dos Direitos das Mulheres e nos centros de referência de atendimento às mulheres. E nas cidades que não existe também as delegacias da mulher possam está sendo feita a denúncia na própria delegacia civil. 40 Ou seja, tem vários meios para a mulher que sofrer violência doméstica se defenda. Se for procurar a justiça para registrar a ocorrência na delegacia, só pode ser feita com pelo menos uma testemunha, que conheça o fato que a mulher vai narrar, para que seja confirmado o que a vítima falar e se a mulher achar que a sua vida ou a de seus familiares (filhos, pais etc.) está correndo algum risco de vida, ela pode também procurar ajuda em serviços que mantêm casas de abrigo, que são moradias em local secreto onde a mulher e os filhos podem ficar afastados do agressor enquanto houver risco para a eles. Dependendo do tipo de crime, a mulher pode precisar ou não de um advogado para entrar com uma ação judicial. Se ela não tiver dinheiro, o Estado pode nomear um advogado ou advogada para defendê-la ou a Defensoria Pública. É de suma importância que não haja medo da denúncia para até evitar que de uma agressão haja algo fatal. 2.4 Como se prevenir As mulheres precisam saber se prevenir para que esse crime não cresça e se alastre por todo o mundo, segundo a lei nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006, Maria da Penha, em seu artigo 8º fala: Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes: I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação; II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às consequências e à frequência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas; III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família,de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no[...].(Lei Maria da Penha, 2006). 41 A Lei Maria da Penha vem trazendo artigos onde tenta proteger a vida da mulher que sofre maus tratos de pessoas próximas, que por algum desvio de conduta acaba buscando trazer sofrimento e até a morte para a mulher que não pode se defender sozinha. Em seu artigo 9º, a Lei Maria da Penha (2006), vem trazendo algumas informações importantes para as mulheres saberem onde recorrerem caso sofram alguma violência doméstica: Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica: I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta; II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses. (Lei Maria da Penha, 2006). Com essa Lei Maria da Penha (2006), podemos ver nitidamente o cuidado que o legislador teve em proteger a mulher contra agressores que não respeitam nada. . 42 CAPITULO III 3. PORQUE O NOME MARIA DA PENHA NA LEI Essa lei foi criada para proteger a mulher contra a violência doméstica que possa sofrer, em seu artigo 9º, explica: Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica: I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta; II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.§ 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.(Lei Maria da Penha, 2006). O Motivo que levou a lei a ser “batizada” com esse nome, foi devido ao fato de violência que sofria a farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, nessa época com 61 anos de idade, fatos que ocorreram por volta dos anos 80, enquanto dormia foi atingido por tiro de espingarda desferido por seu então marido, Marcos Antônio Heredia Viveiros. Esse tiro atingiu a vítima em sua coluna, que destruiu a terceira e quarta vértebras, com lesões que a deixaram paraplégica, as ameaças, agressões contra ela e as filhas eram frequentes, utilizava-se de vários meios para a prática de seus crimes, outro deles foi uma descarga elétrica que ela recebeu quando se banhava, sofreu 43 assalto em sua própria casa, tudo pelo marido, sendo que em todos os depoimentos negava sua participação. A Senhora Maria da penha, levou suas denúncias ao conhecimento do Comitê Latino-Americano e do Caribe para defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM). Mediante as repercussões que ganhou inclusive no meio internacional, serviu como poderoso incentivo para que se restabelecessem as discussões sobre o tema, após cinco anos de sua publicação, culminou na lei Maria da Penha. O Brasil ratificou perante a comunidade internacional o compromisso de implantar e cumprir os dispositivos constantes desses tratados, nos quais foi solicitada que o Brasil procedesse a uma investigação séria e exaustiva para apurar a responsabilidade penal do autor do delito, e adoção de medidas para eliminar a tolerância do Estado ente a violência doméstica contra mulheres. Foi solicitado que o Brasil, tivesse uma justiça mais eficaz em relação a agressão contra a mulher no que cabe a lei, mas infelizmente não conseguimos ainda ter um número de agressões baixas, para que possamos acreditar que a violência está diminuindo, pelo contrário, a cada dia mais vítimas aparecem. A lei Brasileira que combate a violência doméstica contra a mulher, com existência da mesma acumulou efeitos positivos na luta contra este delito. A lei que protege ás mulheres foi sancionada em sete de agosto de 2006 em homenagem à Maria da Penha Fernandes, biofarmaceutica que ficou paraplégica depois de levar um tiro do próprio marido enquanto dormia, e o mesmo conseguiu que ela fosse condenada, o agressor tentou encobrir o crime, alegando que sua esposa havia sido baleada durante um assalto. Desde 2006 que a Lei prevê para os agressores penas de prisão ao invés das multas com que eram castigadas anteriormente, o que nem sempre é cumprida. Fala- se das conquistas das mulheres, como se a mulher de nossos dias tivesse seus direitos reconhecidas e respeitadas por toda a parte. No entanto está bem longe da realidade. Desta forma, a Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e ratificada pela República sobre a 44 criação dos Juizados a Mulher de outros trata Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de prevenção. A Lei em apreço tem a serventia de assegurar às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária da população. 3.1 Os mecanismos da lei A lei trouxe vários mecanismos para que a mulher se defenda contra a agressão doméstica que venha a sofrer, dentre alguns referente a proteção a Lei Maria da Penha(2006), fala em seu artigo 18: Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas: I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência; II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso; III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.(Lei Maria da Penha,2006). Também a lei Maria da Penha (2006), explica: Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento
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