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Direito empresarial

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Direito Empresarial
André Ricardo Oliveira 
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o Direito empresarialO Direito é único, porém é estudado 
em diversas disciplinas, que se formam 
de acordo com os fatos sociais que as envol-
vem. É importante dizer que tais fatos sociais, 
para adentrar para o universo do Direito, devem se 
caracterizar por ser importantes para a sociedade.
Por exemplo, se voltarmos cem anos da história 
de nosso país, dificilmente encontraremos legislação que 
trate de Direito Ambiental. Certamente, porque as questões 
ambientais não eram relevantes à sociedade do início do século 
XX. No entanto, a cada dia a preocupação com a preservação do 
meio ambiente ganha maior proporção, fazendo com que o Direito 
se ocupe deste fato social.
Da mesma maneira, as empresas possuem importante significa-
do na atualidade. São as maiores empregadoras, as maiores contribuin-
tes para o fisco, a atividade que produz todos os bens e serviços que ne-
cessitamos consumir, sem contar que representam o motor da economia, 
fazendo circular riquezas em nossa sociedade.
Não poderia ser diferente! O Direito também busca regular as ativi-
dades empresariais, nos seus mais diversos aspectos, como as sociedades 
empresárias, os contratos empresariais, os títulos de crédito, as marcas e 
patentes e até mesmo as questões que envolvem as empresas em crise, ou 
seja, os processos de falência e de recuperação de empresa.
Dentre tais temas, elegemos o estudo das sociedades empresárias 
para ser objeto de nossos estudos. É fato que, das microempresas às 
multinacionais, as mesmas se estruturam juridicamente na forma de 
sociedades empresárias, seja na forma de uma limitada, seja na qua-
lidade de uma sociedade anônima.
Esperamos que, no final desta disciplina, o aluno possa 
compreender as principais questões que envolvem o Direito 
Empresarial, com especial destaque para as sociedades em-
presariais, a fim de que este conhecimento seja utilizado 
como ferramenta para o administrador em suas tomadas 
de decisões.
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Introdução ao 
Direito Empresarial
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A primeira unidade tem por objetivo apresentar o significado 
do termo empresa, segundo o Código Civil Brasileiro. A partir desta 
compreensão, vamos distinguir duas figuras que exercem as atividades 
empresariais: o empresário individual e a sociedade empresária. Por 
fim, iremos abordar as obrigações-gerais dos empresários, que são a ins-
crição de sua atividade na Junta Comercial e a realização da escrituração 
mercantil e dos levantamentos contábeis.
Objetivos de sua aprendizagem
Esta aula tem por finalidade apresentar o principal objeto de estudo 
deste módulo, as sociedades empresárias. Assim, buscamos, desde já, 
conceituá-las e analisar a sua natureza jurídica para tornar mais compre-
ensíveis os demais temas deste módulo.
Você se lembra?
Você já ouviu falar de que há empresas quebradas, mas com 
sócios que possuem grandes somas patrimoniais? Isto é pos-
sível? Nesta unidade vamos perceber que uma das grandes 
vantagens em constituir uma sociedade para exercitar uma 
atividade empresarial é justamente proteger juridicamente 
o patrimônio particular dos sócios perante uma possível 
crise financeira.
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U.UU atUvUUaUeUempresarUal
Uma das grandes inovações trazidas pelo novo Código Civil Bra-
sileiro é a adoção da teoria da empresa, também conhecida como teoria 
subjetivista ou teoria italiana, em homenagem ao Código Italiano de 1943, 
que primeiramente adotou esta sistematização.
A teoria da empresa é tida como uma evolução legislativa, pois é 
sucessora da teoria francesa dos atos de comércio. Em nosso ordenamento 
jurídico atual, a empresa encontra abrigo no texto legal do artigo 966 do 
Código Civil.
Como bem observado pelos doutrinadores, o legislador pátrio não 
definiu expressamente o termo empresa, optando por conceituar o em-
presário. Porém, interpretando o referido texto legal, podemos extrair o 
significado de atividade empresarial.
Deste modo, atividade empresarial é toda atividade econômica 
organizada para a produção de bens, circulação de bens ou prestação de 
serviços.
Organização dos fatores
 de produção:
- capital
- bens
- mão-de-obra
- tecnologia
O primeiro elemento de destaque é a expressão “atividade econômi-
ca”. Isto significa que empresa é uma atividade lucrativa, ou seja, uma ati-
vidade que produz lucros, e estes são utilizados para remunerar o capital 
aplicado de pessoas que investiram no empreendimento.
Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organiza-
da para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
É o ganho financeiro produzido pela diferença entre a somatória de recursos financeiros 
obtidos no mercado e as despesas oriundas da atividade. 
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É importante frisar que desenvolver atividade econômica é da pró-
pria natureza das sociedades, pois nenhuma outra razão influencia o ânimo 
de manter a atividade empresarial. Mas as sociedades podem ser simples 
ou empresária, portanto o fato de desenvolver uma atividade econômica 
não enseja a uma pessoa jurídica o status de empresária.
Necessariamente, as sociedades devem dedicar-se a uma atividade 
de caráter organizacional dos fatores produtivos. Isto significa que é pre-
ciso reunir capital, bens, mão de obra e tecnologia e dar a estes elementos 
uma organização para atingir a sua finalidade de mercado.
Por último, a sociedade empresária, por meio de sua atividade eco-
nômica organizada, servirá o mercado com a produção de bens (indústria), 
a circulação de bens (comércio) ou a prestação de serviços.
U.2U OUempresárUoUUnUUvUUual
O empresário individual é toda pessoa física que toma a iniciativa 
de exercer uma atividade empresarial. Portanto, é individual, ou seja, está 
desacompanhado de outra pessoa para o desenvolvimento de sua empresa 
(atividade).
É comum ocorrer confusão sobre o conceito de empresa, pois erro-
neamente interpreta-se o termo como se fosse uma pessoa jurídica. Como 
visto no item anterior, a empresa é uma atividade econômica que pode ser 
exercida individualmente por uma pessoa física (empresário individual) 
ou por um grupo de pessoas que formam uma pessoa jurídica (sociedade 
empresária).
Origina este engano, também, o fato de os empresários individuais 
possuírem CNPJ (cadastro nacional das pessoas jurídicas). No entanto, 
este cadastro se justifica pelo fato de o empresário individual se equiparar, 
para efeitos tributários, às sociedades empresárias. Todavia, esta equipa-
ração não permite que o empresário individual seja considerado juridica-
mente como uma pessoa jurídica.
Dentre os efeitos jurídicos mais importantes quanto ao fato de al-
guém exercer empresa na forma de empresário individual está a afetação 
de todo o patrimônio particular da pessoa física pelos riscos da ativida-
de empresarial. Deste modo, caso o empresário individual tenha algum 
insucesso em sua empresa, suas obrigações poderão atingir todo o seu 
patrimônio particular, independentemente de não integrarem o estabeleci-
mento empresarial.
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U.3UAsUsocUeUaUesUempresárUas
Ao iniciar o nosso estudo sobre 
Direito Societário, é muito importantetermos a consciência da notória presença 
das sociedades empresárias em nossa 
realidade. Segundo os dados estatísticos 
divulgados pelo Departamento Nacional 
de Registro de Comércio*, das 8.915.890 
atividades empresariais iniciadas no perí-
odo entre 1985 e 2005, 4.346.602 destas 
se deram por meio de sociedades consti-
tuídas para esta específica finalidade.
Constituição de empresas por tipo juridico - Brasil - 1985-2005
Anos
Empresário 
individual
Sociedade 
limitada
Sociedade 
anônima
Cooperativas
Outro 
tipos
Total
1985 168.045 148.994 1.140 363.66 66 318.608
1986 277.350 238.604 1.034 297 204 517.489
1987 222.847 195.451 857 319 161 419.635
1988 208.017 184.902 1.214 404 128 394.665
1989 240.807 209.206 1.251 437 151 451.852
1990 279.108 246.322 748 438 141 526.757
1991 248.590 248.689 611 447 156 498.493
1992 221.604 207.820 594 515 132 430.665
1993 254.608 240.981 697 757 161 497.204
1994 264.202 245.975 731 657 207 511.772
1995 263.011 254.581 829 879 187 519.487
1996 252.765 226.721 1.025 1.821 360 482.692
1997 275.106 254.029 1.290 2.386 410 533.221
1998 239.203 223.689 1.643 2.250 335 467.128
1999 244.185 229.162 1.422 2.330 246 477.345
2000 225.093 231.654 1.466 2.020 369 460.602
2001 241.487 245.398 1.243 2.344 439 490.911
2002 214.663 227.549 1.012 1.556 371 445.151
2003 228.597 240.530 1.273 1.503 310 472.213
2004 222.020 236.072 1.366 2.438 303 462.199
2005 240.306 246.722 1.800 1.297 413
Total 4.569.288 4.300.257 20.080 21.731 4.534 8.915.890
FONTE: DEPARTAMENTO NACIONAL DE REGISTRO DE COMÉRCIO
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Diante desses números, é possível concluir que o estudo das socie-
dades empresárias é de grande importância, pois temos que considerar o 
fato de que a nossa economia, fundada na livre-iniciativa, apoia nas socie-
dades empresárias como o grande instrumento viabilizador do mercado 
brasileiro.
Não se trata apenas dos grandes empreendimentos, muitas vezes de-
senvolvidos por sociedades anônimas, mas das pequenas e médias ativi-
dades empresariais exploradas por sociedades limitadas e outros modelos 
societários. Assim, somadas, representam um universo que não pode ser 
desprezado pelo Direito.
De outro modo, o estudo das sociedades empresárias é também um 
mergulho em outros institutos jurídicos fascinantes, como o das pessoas 
jurídicas, da teoria da empresa, dos contratos, sem deixar de mencionar 
outros temas fora da ciência jurídica que temos de analisar, como, noções 
contábeis necessárias para estudo de distribuição de dividendos em uma 
sociedade anônima.
Por fim, o estudo que pretendemos tende a ser mais atraente e com-
preensível, pois, após superarmos o nosso curso de graduação, temos 
visão mais ampla da ciência jurídica, o que facilita uma análise interdis-
ciplinar entre as ciências do direito, sem deixar de mencionar, também, a 
valiosa experiência que adquirimos como profissionais.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob 
as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação 
dada ao inciso pela Emenda Constitucional nº 06/95)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade 
econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos 
casos previstos em lei.
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Capacidade de direito é a aptidão 
atribuída a um ente de adquirir direitos 
e contrair obrigações na 
 ordem civil.
U.3.UUConceUtoUeUnaturezaUjuríUUcaUUasUsocUeUaUesU
empresárUas
O Direito Societário, entendido como um capítulo do Direito Em-
presarial, destina-se ao estudo das sociedades empresárias. Para tanto, 
neste curso será abordada a teoria geral das sociedades (personalização, 
classificação, desconsideração da personalidade, direitos de sócio etc.), 
assim como as espécies de sociedades empresárias, aprofundando em 
cada uma delas o estudo sobre suas estruturas e, por fim, as relações 
entre sociedades.
As sociedades empresárias são pessoas jurídicas de direito pri-
vado com fins lucrativos e que exerçam atividade empresarial. Ao de-
pararmos com estes conceitos sobre sociedades empresárias, dois ele-
mentos de sua natureza jurídica se destacam, quais sejam, sociedade e 
atividade empresarial.
U.3.2UAsUsocUeUaUes
As pessoas, instituto jurídico pertencente ao Direito Civil, são defi-
nidas como sendo todo ente que possui capacidade de direito. Das enti-
dades aptas a ser titulares de direitos e 
obrigações previstas pelo Novo 
Código Civil, podemos classi-
ficá-las em pessoas físicas e 
pessoas jurídicas.
É considerada pes-
soa física todo o ser hu-
mano que tenha nascido 
com vida. Por sua vez, a 
pessoa jurídica, nada mais 
é que uma abstração do 
Direito que, positivamente, 
empresta personalidade jurídica 
a uma coletividade humana organi-
zada para uma finalidade pública ou privada.
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O Código Civil trata as pessoas jurídicas como sendo de direito pú-
blico (artigo 41) e de direito privado (artigo 44). Podemos verificar, por-
tanto, no conteúdo do artigo 44 do Diploma Civil, que as sociedades são 
classificadas como pessoas jurídicas de direito privado.
As sociedades se destacam das demais pessoas jurídicas de direito 
privado por ser formadas por um grupo de pessoas com fins econômicos. 
Assim, o que aproxima os sócios é unicamente o objetivo de fazerem di-
nheiro por meio da exploração em conjunto de uma atividade econômica.
U.3.3UPersonalUUaUeUjuríUUcaUUasUsocUeUaUes
As sociedades, assim como toda pessoa jurídica, é revestida de per-
sonalidade jurídica, ou seja, possui aptidão genérica para adquirir direitos 
e ficar sujeita a obrigações de natureza civil. Portanto, a sociedade é con-
siderada sujeito de direito.
Como observou Comparato (1977), “nem todo sujeito de direito é 
uma pessoa”. Isso significa que pessoa é uma espécie de sujeito de direito, 
pois, ao lado dela, temos alguns entes despersonificados, como o nasci-
turo, o espólio, o condomínio edilício, a massa falida, a sociedade em 
comum e a sociedade em conta de participação.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
Parágrafo único. As disposições concernentes às associações aplicam-se, subsidiaria-
mente, às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a 
que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu 
funcionamento, pelas normas deste Código.
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Nascituro: ser hu-
mano em gestação no útero.
Espólio: conjunto de bens deixado 
pelo falecido.
Condomínio edilício: edificações ou conjunto de 
edificações construídas sob a forma de unidades autô-
nomas e destinadas a fins residenciais ou não residenciais.
Massa falida: conjunto de bens, direitos e dívidas que 
constituem o acervo do falido.
Sociedade em comum: sociedade que não tenha seus atos 
constitutivos registrados no órgão público competente.
Sociedade em conta de participação: sociedade 
sem personalidade jurídica, formada por meio de 
um contrato de investimento celebrado entre os 
empresários
Para o Direito Civil, su-
jeito de direito é o centro de 
imputações de direitos e 
obrigações pelas normas 
jurídicas, podendo ser 
personificado (pessoas 
físicas e jurídicas) e não 
personificado (nascitu-
ros, espólio, condomínio 
edilício, massa falida, so-
ciedade em comum e socie-
dade em conta de participação).
Enquanto pessoa, ou seja, 
dotada de personalidade jurídica, o direito concede-lhe uma autorização-
geral para a prática de atos e negócios jurídicos, de modo que possam 
fazer tudo que não esteja proibido em lei. Assim, esta permissão genérica 
decorre da personificação do sujeito de direito.
Já os sujeitos de direito despersonificados só podem praticar atos 
ligados à sua finalidade e os expressamente autorizados por lei.
U.3.4UEfeUtosUUaUpersonalUzaçãoUUasUsocUeUaUes
Ao formar uma sociedade empresária, por meio da união da vontade 
de seus sócios em desenvolver em conjunto uma atividade empresarial, a 
consequência mais importante que surge é o descerramento de sua perso-
nalidade jurídica.
Conforme o ensinamento de Requião (2010), adquirindo personali-
dade jurídica, diversas consequências úteis:
• a sociedade passa a ser uma entidade autônoma com legitimi-
dade contratual, responsabilidade patrimonial e legitimidade 
processual;
• a sociedade possui individualidade, isolando-se da vida particu-
lar dos sócios que a compõem, sendo que os efeitos do exercício 
de sua atividade não comprometem direta e pessoalmente o seu 
quadro social;
• a sociedade adquire autonomia patrimonial, não confundindo, 
portanto, com o patrimônio particular de seus sócios; e
• a constituição da sociedade é flexível, com possibilidade de mo-
dificar sua estrutura jurídica, econômica e administrativa.
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É válido, ainda, destacar que, como bem observou Requião (2010): 
numa evolução do conceito de personalidade jurídica, o legislador a re-
conhece como sujeito ativo de delito penal, como se vê na Lei no 9.605, 
de 12 de fevereiro de 1998, que tutela o meio ambiente, art. 3o, ao estabe-
lecer que “as pessoas jurídicas serão responsáveis administrativa, civil 
e penalmente conforme o disposto nesta lei, nos casos em que a infração 
seja cometida conforme o disposto nesta lei, nos casos em que a infração 
seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de 
seu órgão colegiado, no interesse ou benefício de sua entidade”.
U.3.5U InícUoUeUtérmUnoUUaUpersonalUzaçãoUUasUsocUeUaUes
Como os seres vivos, as sociedades têm seu tempo de nascer, de 
produzir e de morrer. Mas, pelo fato de não possuírem vida biológica, pois 
não passam de uma abstração do direito, sua existência tem seus termos 
especificamente previstos no Código Civil.
Segundo seu art. 45, a personalidade jurídica de uma sociedade se 
inicia com o registro do respectivo ato constitutivo do órgão próprio. Por-
tanto, por ser uma sociedade empresária, a partir do registro do contrato 
ou estatuto social na Junta Comercial, inicia-se sua existência legal.
É importante indagar: qual a data exata que marca o início da per-
sonalidade jurídica de uma sociedade? O art. 1.151 do Código Civil tem a 
resposta. Vejamos:
• será a data da lavratura do ato constitutivo, se apresentados no 
prazo de trinta dias os documentos necessários ao registro, con-
tado da referida data;
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito 
privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando 
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro 
todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídi-
cas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de 
sua inscrição no registro. 
Art. 1151. O registro dos atos sujeitos à formalidade exigida no artigo 
antecedente será requerido pela pessoa obrigada em lei e, no caso de omissão ou 
demora, pelo sócio ou por qualquer interessado. 
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• será a data da concessão do registro, se apresentados os docu-
mentos necessários ao registro após trinta dias da data da lavra-
tura do ato constitutivo.
O término da personalidade jurídica da sociedade ocorre por um proce-
dimento denominado dissolução. Há dois regimes dissolutórios diferentes:
• regulado pela Lei no 6.404/76, em seus arts. 206 e seguintes, a 
ser aplicado às sociedades institucionais;
• regulado pelo Código Civil, em seus arts. 1.033 a 1.038 para as 
sociedades contratuais.
Segundo o art. 1033 do Código Civil, dissolver-se-á a sociedade 
quando ocorrer:
• o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem 
oposição de sócio, não entrar a sociedade em liquidação, caso 
em que se prorrogará por tempo indeterminado;
• o consenso unânime dos sócios;
• a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de 
prazo indeterminado;
• a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de 
cento e oitenta dias;
• a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.
Por sua vez, o art. 206 da Lei das Sociedades Anônimas estabelece 
que dissolvem a companhia:
• de pleno direito:
 – pelo término do prazo de duração;
 – nos casos previstos no estatuto;
 – por deliberação da assembleia-geral (artigo 136, X);
 – pela existência de um único acionista, verificada em assem-
bleia-geral ordinária, se o mínimo de dois não for reconstituí-
do até à do ano seguinte, ressalvado o disposto no artigo 251;
 – pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar;
• por decisão judicial:
 – quando anulada a sua constituição, em ação proposta por 
qualquer acionista;
 – quando provado que não pode preencher o seu fim, em ação 
proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cen-
to) ou mais do capital social;
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 – em caso de falência, na forma prevista na respectiva lei;
 – por decisão de autoridade administrativa competente, nos 
casos e na forma previstos em lei especial.
O procedimento de dissolução de sociedade, dada a sua comple-
xidade, será objeto de estudo de aula a ser ministrada apenas para esta 
finalidade. Mas, em síntese, a extinção de sociedade por dissolução com-
preende três fases:
• a dissolução-ato, ou seja, o ato judicial ou extrajudicial que 
motiva a extinção da sociedade;
• a liquidação, fase esta que compreende a solução de todas as 
pendências da sociedade; e
• partilha, quando o acervo da sociedade será distribuído entre os 
sócios.
U.3.6UClassUfUcaçãoUUasUsocUeUaUes
Estudar a classificação doutrinária das sociedades se torna impor-
tante a partir do momento em que, ao entender os critérios classificatórios 
utilizados,podemos ter uma primeira noção sobre a estrutura jurídica dos 
vários tipos societários encontrados em nossa legislação.
U.3.6.UUAsUsocUeUaUesUUeUpessoasUouUUeUcapUtal
As sociedades de pessoas são aquelas classificadas como tal pelo 
fato de os atributos pessoais dos sócios serem essenciais para o desenvol-
vimento de seu objeto social. Deste modo, o critério de classificação leva 
em conta o grau de dependência da sociedade em relação às qualidades 
subjetivas dos sócios, ou seja, a pessoa do sócio é mais importante que a 
contribuição material que esta proporciona para a formação da sociedade.
Já as sociedades de capital, cujo representante maior são as socieda-
des anônimas, são aquelas em que o capital investido é mais importante 
que as características subjetivas de seus sócios, não sendo preponderantes 
as qualidades pessoais dos sócios.
Essa classificação gera uma importante repercussão jurídica, pois 
reflete diretamente as condições de alienação e penhorabilidade de parti-
cipação societária, bem como a sucessão hereditária dos sócios. Requião 
(2010) afirma que “ninguém nela ingressa, nem nela se faz substituir, sem 
a concordância dos demais sócios, importando o ingresso ou a retirada 
em modificação no contrato social”.
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Percebe-se que, nas sociedades de pessoas, os sócios possuem par-
ticipação efetiva em sua administração e demais atos necessários para o 
desenvolvimento da atividade empresarial a que se destina a sociedade.
Também, por dedução, podemos concluir que as sociedades pesso-
ais exercem atividades empresariais de pequeno ou médio porte, pois sua 
estrutura jurídica não é tão compatível quanto às sociedades de capital 
para o desenvolvimento de empresa de grande vulto.
Apesar disso, os estudiosos do Direito Empresarial não podem des-
prezar essas sociedades, pois a realidade social nos mostra que elas pos-
suem presença maciça em nossa economia.
Podem ser sociedades de pessoas ou de capital as sociedades em 
nome coletivo, em comandita simples e as limitadas. As sociedades 
anônimas e as em comandita por ações são sempre de capital.
U.3.6.2USocUeUaUesUcontratuaUsUeUUnstUtucUonaUs
Este critério classificatório está relacionado ao regime de constitui-
ção e dissolução de uma sociedade.
As sociedades contratuais são constituídas mediante um contrato fir-
mado entre os sócios, denominado contrato social. Nele, os sócios, imbuí-
dos de uma mesma finalidade, convergem suas vontades por meio da cele-
bração de um contrato. Em decorrência disso, todos os princípios de ordem 
contratual possuem aplicabilidade no ato constitutivo desta sociedade.
O contrato social deve estar preenchido dos requisitos dispostos nos 
art. 46 e no art. 496 do Código Civil, mas é livre a estipulação de outras 
cláusulas que também regularão a sociedade. Neste instrumento contratual, 
devem estar presentes todos os sócios que assumirão obrigações entre si.
Pertencem a esta classificação as sociedades simples, em nome cole-
tivo, em comandita simples e limitada.
As sociedades institucionais, representadas pelas sociedades anôni-
mas, as sociedades em comandita por ações e as cooperativas são aquelas 
cujo ato constitutivo, denominado estatuto social, não é considerado de 
natureza contratual.
O estatuto social também representa um conjunto de normas que re-
gem a sociedade, mas não é considerado um contrato por não representar 
obrigações que tenham sido contraídas entre os sócios.
Deste modo, a diferença entre as sociedades contratuais e as institu-
cionais é que estas destacam mais a figura da instituição da pessoa jurídica 
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que as pessoas que as integram. Mas o efeito jurídico relevante está na 
aplicabilidade ou não do regime do direito contratual às relações entre os 
sócios.
U.3.6.3UAUresponsabUlUUaUeUUosUsócUos
Vimos em aula que as 
sociedades devidamente consti-
tuídas adquirem personalidade 
tornando-se sujeito de direito 
com aptidão genérica para adqui-
rir direitos e contrair obrigações.
Porém, por força da lei, 
todos os sócios têm responsabi-
lidade subsidiária com relação às obrigações da sociedade. Este preceito 
está contido no art. 1.024 do Código Civil e no art. 596 do Código de 
Processo Civil.
A responsabilidade subsidiária dos sócios importa em:
• responder pelas obrigações da sociedade depois de exaurido o 
patrimônio social (art. 1.024 do Código Civil);
• valer-se do benefício de ordem, indicando bens livres e de-
sembaraçados da sociedade para serem executados (art. 596 do 
Código de Processo Civil).
No entanto, dependendo da espécie societária com que uma socie-
dade foi constituída, seus sócios poderão ter sua responsabilidade subsidi-
ária limitada ou ilimitada.
As sociedades em nome coletivo são consideradas sociedades de 
responsabilidade ilimitada, pois seus sócios poderão ter todo o seu pa-
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Art. 596. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade 
senão nos casos previstos em lei; o sócio, demandado pelo pagamento da dívida, tem 
direito a exigir que sejam primeiro excutidos os bens da sociedade.
Art. 1024. Os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da 
sociedade, senão depois de executados os bens sociais.
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trimônio particular alcançado, em um processo de execução contra uma 
sociedade a qual pertence, se esta não possuir patrimônio suficiente para 
solver sua obrigação.
Já os sócios de sociedades constituídas na forma de limitada e anô-
nima terão suas responsabilidades subsidiárias limitadas a um determina-
do valor, não comprometendo a totalidade de seu patrimônio particular.
Por fim, as sociedades em comandita são consideradas mistas, pois 
possuem alguns sócios com responsabilidade ilimitada e outros com res-
ponsabilidade limitada a um determinado valor.
U.4U ObrUgaçõesUgeraUsUUosUempresárUosUeUUasU
socUeUaUesUempresárUas
Todo empresário ou sociedade empresária, diariamente, deve cum-
prir inúmeras obrigações civis, trabalhistas, previdenciárias e tributárias. 
Assim, fazem parte da rotina financeira dos empresários o pagamento de 
fornecedores, os financiamentos bancários, os salários, as contribuições 
previdenciárias e os demais tributos.
No entanto, as obrigações gerais dos empresários não tratam dos 
compromissos do cotidiano do empresário, e sim do cumprimento de 
alguns deveres estabelecidos pela lei para que esteja na condição de “em-
presário regular”.
As obrigações gerais dos empresários estão previstas no Código 
Civil Brasileiro e são as seguintes: inscrição na Junta Comercial, escritu-
ração e levantamento das demonstrações contábeis.
U.4.UU InscrUçãoUnaUJuntaUComercUal
O artigo 967 do Código Civil Brasileiro diz ser obrigatória a inscri-
ção do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respec-
tiva sede, antes do início de sua atividade.
A legislação sempre exige o registro público para os atos da vida ci-
vil mais importantes, em razão de sua repercussão jurídica. Assim, é obri-
gatório o registro do nascimento, do casamento, do óbito, da propriedade 
imobiliária, dentre outros. O efeito maior em manter o registro público de 
determinados atos ou fatos é o de tornar públicos e acessíveis os dados 
mantidos em registro.
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Da mesma maneira, o exercício de uma atividade empresarial é de 
grande repercussão jurídica e, em virtude disso, o Código Civil exige o 
registro prévio do empresário ou da sociedade empresária, antes do início 
da exploração de empresa.
No Brasil, os registros públicos mercantis são realizados pelas Jun-
tas Comerciais dos estados, e estas são coordenadas pelo Departamento 
Nacional de Registro de Comércio (DNRC).
As Juntas Comerciais executam três espécies de registro: a matrícu-
la dos auxiliares das empresas (leiloeiros, tradutores públicos, armazém-
geral), autenticação da escrituração empresarial, o registro dos empresá-
rios e das sociedades empresárias.
Segundo o art. 968 do Código civil, a inscrição do empresário se 
fará mediante requerimento que contenha: nome, nacionalidade, domicí-
lio, estado civil e, se casado, o regime de bens do empresário; a firma, com 
a respectiva assinatura autógrafa; o capital; o objeto e a sede da empresa.
Com o deferimento do registro pela Junta Comercial, a inscrição 
será tomada por termo no livro próprio e obedecerá a número de ordem 
contínuo para todos os empresários inscritos. À margem da inscrição do 
empresário, e com as mesmas formalidades, serão averbadas quaisquer 
modificações nela ocorrentes
O empresário que constituir um estabelecimento secundário deverá 
averbar a existência desta filial na Junta Comercial da respectiva sede. Do 
mesmo modo, se instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à ju-
risdição de outra Junta Comercial, nesta deverá também inscrevê-la, com 
a prova da inscrição originária.
É importante abordar as consequências jurídicas pela falta do regis-
tro do empresário ou da sociedade empresária perante a Junta Comercial. 
Sendo um empresário irregular, ou seja, sem registro, não poderá obter 
seus cadastros perante os órgãos públicos, tais como Receita Federal 
(CNPJ), Secretaria da Fazenda Estadual (inscrição estadual) ou Secretaria 
da Fazenda Municipal (inscrição municipal).
Também terá como consequência o impedimento para requerer a 
falência de outro empresário, solicitar perante o Poder Judiciário a sua 
recuperação de empresa e outras responsabilidades jurídicas em virtude 
de sua irregularidade.
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U.4.2UEscrUturação
A escrituração é a atividade 
de registrar informações relati-
vas a movimentações financeiras 
e patrimoniais do empresário. 
Trata-se de uma atividade já pra-
ticada desde o desenvolvimento 
do próprio comércio, pela socie-
dade humana, em virtude de ser 
um mecanismo próprio para o 
controle gerencial da atividade 
econômica.
Assim, desde os primórdios da atividade econômica comercial, os 
comerciantes faziam uso de livros, denominados diários, para controlar 
seu negócio, assim como obter informações a respeito do resultado positi-
vo ou negativo do empreendimento.
Em virtude da riqueza de informações encontradas nos livros dos 
comerciantes, estes começaram utilizar suas anotações como meio de 
prova, sempre que solicitado para a realização de prestação de contas. Da 
mesma forma, o Estado, com o seu poder de tributar, também se interes-
sou pelos livros dos comerciantes para exercer sua atividade fiscalizatória 
sobre as atividades comerciais.
Portanto, na atualidade, os livros que registram a escrituração em-
presarial possuem três finalidades, conforme estas foram surgindo no de-
correr da história: gerencial, documental e fiscalizatória. Com base nesta 
importância, os empresários possuem a obrigação de manterem a escritu-
ração de sua atividade econômica.
O artigo 1.179 do Código Civil Brasileiro determina que “o empre-
sário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de con-
tabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus 
livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar 
anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.”
O texto legal acima estabelece, em um único momento, duas obri-
gações dos empresários e das sociedades empresárias: a escrituração dos 
livros e a realização periódica das demonstrações contábeis.
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 Os livros de escrituração são:
• 1.Livros Fiscais
 – Registro de Compras 
 – Registro de Inventário 
 – LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real do Imposto de 
Renda 
 – Registro de entradas ICMS-IPI 
 – Registro de saídas ICMS-IPI 
 – Registro de apuração IPI-ICMS 
• Livros Contábeis
 – Livro Razão 
 – Livro Diário 
• Livros do Direito Privado
 – Registros de Duplicatas 
 – Livros Societários 
 – Livros da Socidade Empresáriais 
Além desses, é possível encontrar exigências legais de ordem previ-
denciária e do Direito do Trabalho, tais como livro de registro de empre-
gado, livro de inspeção do trabalho, dentro outros.
Entretanto, o Direito Empresarial cuida apenas da obrigação de 
manter a escrituração de um livro, ou seja, o livro Diário. O artigo 1.180 
do Código Civil tem a seguinte redação: “além dos demais livros exigidos 
por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no 
caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.”
No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracteriza-
ção do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, 
todas as operações relativas ao exercício da empresa.
A escrituração do Diário será feita em idioma e moeda corrente 
nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, 
sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou 
transportes para as margens, e ficará sob a responsabilidade de contabilis-
ta legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade.
Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não 
excedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações 
sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde 
que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro 
individualizado, e conservados os documentos que permitam a sua perfei-
ta verificação.
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Também serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resul-
tado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências Con-
tábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária.
O livro Diário, juridicamente, é o maior instrumento de provas em 
favor ou contra o empresário que o escriturou. Assim, este poderá utilizar 
sua escrituração para fazer prova contra outro empresário ou, então, o 
Diário será utilizado para a realização de provas periciais contábeis, em 
processos de falência, recuperação de empresa, prestação de contas e dis-
solução de sociedade.
Para estar regularmente escriturado, o livro Diário depende de estar 
autenticado pela Junta Comercial, segundo o artigo 1.182 do Código Ci-
vil. A falta de escrituração ou a sua irregularidade poderá acarretar diver-
sas responsabilidades jurídicas, dentre as quais a presunção de veracidade 
dos fatos alegados e que não se encontram escriturados até mesmo a tipi-
ficação de crime falimentar.
U.4.3UDemonstraçõesUcontábeUs
A última exigência que a lei civil faz aos empresários e às socieda-
des empresárias é o levantamento periódico das demonstrações contábeis. 
O artigo 1.179 do Código Civil Brasileiro determina que o empresário e a 
sociedade empresária são obrigados a levantar anualmente o balanço pa-
trimonial e o de resultado econômico.
Obalanço patrimonial é demonstração contábil que evidencia a 
situação patrimonial da empresa em 
determinada data. Assim, a finalidade 
é apresentar a posição contábil, finan-
ceira e econômica do empresário ou da 
sociedade empresária em determinada 
data, representando uma situação do 
patrimônio em determinada data.
A Demonstração do Resultado 
do Exercício destina-se a evidenciar a 
formação do resultado líquido em um 
exercício (período de um ano), por 
meio do confronto das receitas, dos 
custos e das despesas, apuradas se-
gundo o princípio contábil do regime 
de competência.
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É importante salientar que essas duas demonstrações contábeis 
são imprescindíveis para a administração de uma sociedade prestar 
contas aos sócios em assembleia-geral ordinária. Portanto, é por meio 
do balanço patrimonial e do resultado de exercício que os sócios (quo-
tistas ou acionistas) podem aprovar ou rejeitar as contas prestadas 
pela diretoria, assim como deliberar sobre os lucros resultantes do 
exercício.
Cabe destacar, ainda, que a ausência das demonstrações contá-
beis pode gerar várias complicações aos empresários, tais como difi-
culdade na obtenção de crédito, vedação de participação de licitação 
pública, dentre outras.
Reflexão
O Direito empresarial, por meio da figura das sociedades em-
presárias, possibilitou uma segurança jurídica àqueles que desejam 
investir em alguma atividade econômica. Tal segurança encoraja quem 
pretende exercer atividade empresarial, pois o risco do negócio, que é 
natural em qualquer economia, pode ser minimizado com a constitui-
ção de sociedades que tenham por característica adotar o critério da 
responsabilidade limitada dos sócios para com as obrigações geradas 
pela empresa.
No entanto, é perfeitamente imaginável que este escudo protetor 
pode também ser utilizado como um mecanismo pernicioso, possibili-
tando aqueles que pretendem aplicar fraudes no mercado, valendo-se 
de uma sociedade empresária.
O atual Código Civil, assim como outras legislações anteriores, 
previu esta situação e adotou o mecanismo jurídico da desconsidera-
ção da personalidade jurídica das sociedades. Assim, caso seja prova-
do que sócios abusaram da personalidade jurídica de uma sociedade, 
criando para esta obrigações a fim de enriquecerem e valendo-se do 
manto protetor da responsabilidade limitada, eles poderão ter seus pa-
trimônios particulares afetados por tais obrigações, por determinação 
do Poder Judiciário. Mas este é um tema que veremos nas próximas 
unidades.
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LeUturasUrecomenUaUas
ALMEIDA Jr., Jesualdo Eduardo de. O direito de empresa no novo 
Código Civil. Revista Síntese de direito civil e processual civil, n. 19, 
ano IV, set-out., p. 131-144. Porto Alegre: Síntese, 2002.
ALMEIDA, Betyna Ribeiro de. Aspectos da teoria jurídica da empresa. 
Revista de Direito Mercantil. São Paulo, v.119, p.236-254. jul./set., 2000.
ASQUINI, Alberto. Perfis da empresa. Trad. Fábio Konder Comparato. Re-
vista de Direito Mercantil. São Paulo, v. 104, pp. 109-126. out./dez., 1996.
BULGARELLI, Waldirio. A teoria jurídica da empresa. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 1985.
ReferêncUas
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil. 4. ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2010. v. 1.
COMPARATO, Fábio Konder. O poder de controle na sociedade 
anônima. 2 ed. São Paulo: RT, 1977.
REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. 29. ed. atual. São 
Paulo: Saraiva, 2010. v. 1.
NaUpróxUmaUunUUaUe
A partir da introdução sobre Direito Empresarial, na qual desta-
camos o conceito de empresa adotado pelo Código Civil Brasileiro, os 
empresários individuais e as sociedades empresárias, assim como as obri-
gações gerais destes, estamos aptos a dar continuidade ao estudo sobre as 
sociedade empresárias.
Assim, para compreender a estruturação jurídica das sociedades 
empresárias contratuais, vamos abordar temas de grande relevância, tais 
como a constituição das sociedades contratuais, os requisitos de validade, 
os elementos específicos, as cláusulas contratuais, as formalidades e os 
direitos de sócios.
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UnUUaUeU2U
Noções básicas 
sobre sociedades 
empresárias contratuais
Esta unidade ocupa-se do estudo das sociedades contratuais. 
Muito embora as sociedades anônimas não sejam classificadas como 
sociedades contratuais, o fato é que a maioria das sociedades constituí-
das no Brasil está estruturada na forma contratual, em especial destaque 
para as sociedades limitadas.
Portanto, em virtude deste fato, julgamos ser fundamental realizar 
um estudo mais aprofundado sobre a estrutura jurídica e o funciona-
mento das sociedades contratuais. Além disso, as noções que teremos 
nesta unidade serão importantes para compreender as sociedades ins-
titucionais, como são as sociedade anônimas, por meio da análise de 
suas distinções.
Objetivos de sua aprendizagem
Esta unidade tem por finalidade apresentar os elementos 
que compõem as sociedades empresárias contratuais; como é 
constituída juridicamente uma sociedade empresária contra-
tual e os direitos básicos de sócios.
A importância deste levantamento é visualizarmos 
quais são os pilares de sustentação de uma sociedade, 
além de possibilitar na prática, que tenhamos no-
ção das principais cláusulas a serem negociadas 
ao elaborar um contrato ou um estatuto social.
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Você se lembra?
Você já teve a oportunidade de ler o contrato social de uma socie-
dade empresária? Muitos de nós, especialmente para efeito cadastral, já 
nos deparamos com atos constitutivos de uma sociedade. O que significa 
e, principalmente, quais são as implicações jurídicas de cada cláusula pre-
vista em um contrato social?
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Noções básicas sobre sociedades empresárias contratuais– Unidade 2
2.UUAUconstUtuUçãoUUasUsocUeUaUesUcontratuaUs
As sociedades empresárias são ficções jurídicas, pois não possuem 
vida própria, a não ser a sua própria personalidade que o Direito lhes atri-
bui. Para tanto, faz-se necessária a 
reunião de vários elementos para 
que o propósito de duas ou mais 
pessoas se transforme juridicamente 
na constituição de uma sociedade.
2.2U OsUrequUsUtosUUeU
valUUaUe
De início, devemos obser-
var que a constituição de uma 
sociedade tem a natureza de um 
negócio jurídico. Portanto, é indis-
pensável que os primeiros elemen-
tos a ser identificados para constituir 
uma sociedade são aqueles previstos 
no art. 104 do Código Civil, ou seja, 
(I) agente capaz, (II) objeto lícito, 
determinado ou determinável, e (III) 
forma prescrita ou não defesa em lei.
Porém, antes de adentrarmos os requisitos de validade contidos 
no art. 104 do Código Civil, convém aprofundar um pouco mais a afir-
mação de que “a constituição de uma sociedade tem a natureza de um 
negócio jurídico”.
Como ensina o Direito Civil, o negócio jurídico consiste em um 
acordo de vontades para adquirir, modificar ou extinguir direitos e obri-
gações de ordem civil. Desse modo, o termo “vontades” pressupõe a exis-
tência, no mínimo, de duas pessoas.
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Negócio jurídico é um acordo de vontades capaz de criar, modificar ou 
extinguir direitos e obrigações na ordem civil.
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Esse particular será tratado em um item específico chamado plu-
ralidade de partes, que é um elemento especial presente na formação de 
uma sociedade empresária. Mas é importante entender que a sociedade é, 
primeiramente, um encontro de duas ou mais pessoas que possuem inte-
resses convergentes e que vão unir esforços e recursos para desenvolver, 
em união, uma atividade empresarial.
Outro elemento fundamental e não contido no art. 104 do Código 
Civil é a vontade, ou seja, a manifestação livre de uma intenção, sendo 
que qualquer defeito relativo à expressão da vontade poderá anular o ne-
gócio jurídico.
No estudo de sociedades, a vontade está contida em um elemento 
específico denominado affectio societatis, expressão que significa a inten-
ção de se associar em sociedade.
2.2.UUAUcapacUUaUeUUeUexercícUo
A capacidade de que trata o art. 104, I, do Código Civil é a capaci-
dade de exercício, aquela entendida como a capacidade de manifestar a 
vontade e exercer pessoalmente direitos e responder pelas obrigações. O 
Código Civil a classifica em incapacidade absoluta (art. 3o) e incapacidade 
relativa (art. 4o).
Muito se discute quanto à participação de menor na sociedade limi-
tada. Requião (2010) defende que o menor incapaz não pode participar 
como sócio, ainda que resultante de sucessão hereditária.
Entretanto, Coelho (2010), apoiado no entendimento do Supremo 
Tribunal Federal e orientação do Departamento Nacional de Registro de 
Comércio às Juntas Comerciais, diz ser possível a participação de menor 
em sociedade limitada se obedecidos três pressupostos: I) o menor não 
pode exercer gerência, II) o capital social deverá estar totalmente integra-
lizado, e III) deverá ser observada a legislação civil na formalização da 
assistência ou da representação do menor.
Quanto aos interditos, o posicionamento é que não poderão partici-
par de sociedade, mesmo pelo seu curador. No entanto, se a incapacidade 
no curso de uma sociedade não a dissolve, pode o interditado prosseguir 
representado pelo seu curador. Mas também encontramos posiciona-
mentos doutrinários divergentes quanto à manutenção do interditado 
na sociedade.
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Noções básicas sobre sociedades empresárias contratuais– Unidade 2
2.2.2U ObjetoUlícUto,UpossívelUeUUetermUnaUo
O segundo requisito de validade contido no art. 104 do Código Civil 
é quanto ao objeto do negócio jurídico. Nas sociedades, o objeto social, 
ou seja, a finalidade a que se destina precisa ser uma atividade empresária 
lícita, concretamente possível de ser realizada e determinada a certo ramo 
de mercado.
2.2.3UAUforma
Por fim, a forma deverá ser atendida, sendo que, regra geral, não é 
exigida forma especial para a constituição de sociedade, podendo ser pro-
vada sua existência por qualquer meio. Mas as formadas por instrumento 
escrito – e levado este à inscrição no Registro Público de Empresas Mer-
cantis – possuem vantagens concedidas pelas leis civis e tributárias.
2.3U OsUelementosUespecífUcos
Com os requisitos de validade que todo o negócio jurídico deve 
possuir, a constituição de uma sociedade deve atender a alguns outros 
requisitos específicos, quais sejam: I) pluralidade de sócios, II) constitui-
ção de capital social, III) affectio societatis e IV) participação no lucro e 
nas perdas.
2.3.UUAUpluralUUaUeUUeUsócUos
O Direito brasileiro tem como regra não admitir a sociedade unipes-
soal. Assim, a sociedade empresária deve ser formada pelo envolvimento 
jurídico de pelo menos duas pessoas. Este entendimento é deduzido do 
próprio art. 981 do Código Civil, ao dizer que “celebram contrato de so-
ciedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens 
ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre 
si, dos resultados” (grifamos).
Entretanto, o próprio ordenamento jurídico permite algumas. Ape-
nas para citar, é permitida a unipessoalidade das subsidiárias integrais 
(art. 251 da Lei no 6.404/76) e casos de unipessoalidade incidental tempo-
rária nas sociedades limitada (art. 1033, IV, do Código Civil) e nas socie-
dades anônimas (art. 206, I, d, da Lei no 6.404/76).
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2.3.2UAUconstUtuUçãoUUeUcapUtalUsocUal
Por sua vez, a constituição de capital social significa a somatória 
das contribuições econômicas dos sócios para a formação da sociedade, 
podendo este aporte, dependendo do tipo social, ser em dinheiro, bens, 
direitos e serviços.
Necessariamente, todo sócio tem a obrigação de participar economi-
camente da formação do capital social para participar de uma sociedade. 
Assim, deve o sócio se obrigar a contribuir com uma parte do capital 
social, ato este que denominamos tecnicamente de subscrição de capital, 
e cumprir com sua obrigação de expressão econômica, ao entregar ou 
fazer algo, o que também denominamos tecnicamente de integralização 
de capital.
Assim, a subscrição de capital se dá, ao formar uma sociedade, com 
a obrigação contida nos seus atos constitutivos e assumida por um sócio. 
Posteriormente, a integralização ocorre com o cumprimento da obrigação 
assumida ao subscrever o capital social.
A integralização do capital social, em geral, não necessita ser total-
mente integralizado no início de suas atividades, podendo ser realizada a 
prazo, conforme prevê o art. 1004 do Código Civil.
É importante destacar que o capital social é dividido em partes, as 
quais denominamos quotas ou ações. A divisão é realizada para medir 
o grau de participação de cada sócio em direitos e obrigações perante a 
sociedade. Este mecanismo deve existir porque os sócios não precisam 
contribuir igualmente com a formação do capital social. Portanto, em 
uma escala medida por quotas ou ações subscritas, os sócios terão maior 
ou menor participação na sociedade, conforme o número de unidades do 
capital social titularizadas.
Art. 1004. Os sócios são obrigados, na forma e no prazo previstos, às con-
tribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos trinta dias 
seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente 
da mora.
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2.3.3UAffectUoUsocUetatUs
Affectio societatis é uma expressão latina que significa a intenção de 
se associar em sociedade, ou seja, a vontade dos sócios em formar e man-
ter uma sociedade. Como observa Fábio Ulhoa Coelho:
“A utilidade do conceito de affectio societatis é pequena. Serve de 
referência ao desfazimento do vínculo societário, por desentendi-
mento entre os sócios, no tocante à condução dos negócios sociais, 
repartição dos sucessos ou responsabilização pelos fracassos da em-
presa. Quando se diz ter ocorrido a quebra da affectio, isso significa 
que os sócios não estão mais motivados o suficiente para manterem 
os laços societários que haviam estabelecido.”
2.3.4UPartUcUpaçãoUnosUlucrosUeUnasUperUas
O art. 1.008 do Código Civil diz ser “nula a estipulação contratual 
que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas”. A parti-
cipação nos resultados sociais é o principal motivo para qualquer pessoa 
se unir a outras, numa sociedade empresária, pois o fim maior é explora-
rem umaatividade empresarial para remunerar o capital investido para 
sua constituição.
A participação nos resultados e nas perdas é diretamente proporcio-
nal à quantidade com que cada sócio participou na formação do capital 
social. Com relação à participação nos resultados, estes serão distribu-
ídos anualmente entre os sócios, após deliberação, ocorrendo casos de 
distribuição obrigatória de parte dos resultados sociais de um exercício 
(art. 202 da Lei no 6.404/76).
Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo obrigató-
rio, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto ou, se este for 
omisso, a importância determinada de acordo com as seguintes normas:
I - metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos seguintes valores:
a) importância destinada à constituição da reserva legal (art. 193); e
b) importância destinada à formação da reserva para contingências (art. 195) e reversão 
da mesma reserva formada em exercícios anteriores;
II - o pagamento do dividendo determinado nos termos do inciso I poderá ser limitado ao 
montante do lucro líquido do exercício que tiver sido realizado, desde que a diferença seja 
registrada como reserva de lucros a realizar (art. 197);
III - os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando realizados e se não tive-
rem sido absorvidos por prejuízos em exercícios subsequentes, deverão ser acrescidos 
ao primeiro dividendo declarado após a realização. 
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Com relação às perdas, todos os sócios deverão responder subsidia-
riamente às obrigações da sociedade, quando não restar patrimônio social 
para responder pelas obrigações contraídas pela sociedade. Como já vi-
mos, esta responsabilidade subsidiária poderá ser ilimitada ou limitada, 
sendo esta restringida proporcionalmente ao capital investido pelo sócio.
2.4UAsUcláusulasUcontratuaUs
O contrato social, como qualquer contrato, é considerado um ato 
único, mas seu conteúdo é desdobrado em cláusulas ou preceitos menores 
e específicos a cada interesse ajustado entre as partes.
As cláusulas encontradas em um contrato social são divididas em: 
essenciais, as quais são indispensáveis ao arquivamento na Junta Comer-
cial, e as acidentais, que correspondem às negociações específicas feitas 
pelos sócios de uma sociedade em particular.
Deve-se ressaltar que o contrato social que não possuir as cláusulas 
essenciais não será inscrito nas Juntas Comerciais, que se guiam pelo 
art. 53, III, do Decreto no 1.800/96, o qual regulamentou a Lei no 8.934, 
de 18 de novembro de 1994, que dispõe sobre o Registro Público de Em-
presas Mercantis e Atividades Afins.
2.4.UUAsUcláusulasUessencUaUs
O referido texto legal estabelece que o contrato social deve conter 
as seguintes cláusulas:
• o tipo de sociedade mercantil adotado;
• a declaração precisa e detalhada do objeto social;
• o capital da sociedade mercantil, a forma e o prazo de sua integra-
lização, o quinhão de cada sócio, bem como a responsabilidade 
dos sócios;
• o nome por extenso e a qualificação dos sócios procuradores, 
representantes e administradores, compreendendo: para pessoa 
física, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência, 
documento de identidade, seu número e órgão expedidor e número 
de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), dispensada a 
indicação deste último no caso de brasileiro ou estrangeiro domici-
liado no exterior; para pessoa jurídica, nome empresarial, endereço 
completo e, se sediada no País, o Número de Identificação do Re-
gistro de Empresas (NIRE) ou do Cartório competente e o número 
de inscrição no Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ);
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• o nome empresarial, o município da sede, com endereço com-
pleto, e foro, bem como os endereços completos das filiais 
declaradas;
• o prazo de duração da sociedade mercantil e a data de encerra-
mento de seu exercício social, quando não coincidente com o 
ano civil.
Coelho (2010) observa, em sua obra, que o art. 997 e o art. 1.054 do 
Código Civil não têm servido de orientação dos órgãos de registro mer-
cantil. Decerto, as Juntas Comerciais ainda seguem o estabelecido no art. 
53, III, do Decreto no 1.800/96.
Apesar desse posicionamento, entendemos ser importante que o 
contrato social estabeleça os poderes e as atribuições dos administradores, 
como previsto no art. 997, VI, do Código Civil.
2.5UAUforma
Segundo o art. 997 do Código Civil, a sociedade constitui-se me-
diante contrato escrito, particular ou público. Assim, entendemos que a 
forma correta é por instrumento público ou particular. O contrato social 
por instrumento público se dá por meio de escritura pública lavrada por 
oficial de notas, que reduz a termo a vontade manifestada pelos sócios.
É imprescindível esclarecer que a condição de validade do registro 
do ato constitutivo depende do visto de um advogado, conforme previsto 
no art. 1o, § 2o, da Lei no 8.906/94.
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou 
público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas natu-
rais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer 
espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e 
atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais.
Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado, contrário ao 
disposto no instrumento do contrato. 
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Exercício social é o período
 correspondente a um ano
Apesar de entendermos ser correta a forma escrita, por instrumento 
público ou particular, o art. 987 do Código Civil empresta validade peran-
te terceiros a sociedade de fato, não sendo necessária a exibição de prova 
escrita para provar a sua existência.
2.6U OsUUUreUtosUUeUsócUos
Em princípio, acreditamos que o sócio possui apenas o direito de 
participar dos resultados financeiros da sociedade de que participa. Mas 
todos os sócios, independentemente do tipo da sociedade, possuem:
• direitos patrimoniais;
• direitos políticos;
• direito de fiscalizar a administração da sociedade;
• direito de retirada; e
• direito de preferência.
2.6.UU OsUUUreUtosUpatrUmonUaUs
Toda sociedade, ao iniciar a sua atividade empresarial, conta ape-
nas com o capital social que, contabilmente, é considerado um passivo. 
Com o decorrer do exercício da atividade, que tem por finalidade última 
gerar lucros, a sociedade passa a con-
quistar ativos que integrarão o 
patrimônio social.
Após um exercício 
social, os lucros acumula-
dos no período terão seu 
destino decidido pelos 
sócios. Comumente, es-
tes recursos financeiros 
são distribuídos propor-
cionalmente aos sócios. 
Porém, podem ser converti-
dos em ativo imobilizado, por 
meio de aquisição de bens que inte-
grarão o patrimônio social.
Assim, os direitos patrimoniais de sócio podem ser considerados:• o recebimento de parte dos lucros acumulados em um exercício 
social;
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• a participação no patrimônio social, quando ocorrer extinção 
da sociedade, dissolução parcial ou retirada do sócio ou, nas 
sociedades anônimas, transformação de ações ordinárias ou 
preferenciais em ações de fruição.
Tanto a participação nos lucros do exercício como a participação 
no patrimônio social serão proporcionais ao investimento realizado pelo 
sócio ao participar do capital social.
2.6.2U OsUUUreUtosUpolítUcos
A sociedade, como toda pessoa jurídica, é uma entidade mera-
mente jurídica, pois não possui existência física. Porém, dotadas de 
personalidade jurídica, as sociedades exercem a atividade à qual está 
destinada, adquirindo direitos e contraindo obrigações, ou seja, praticando 
negócios jurídicos.
Sabemos que os negócios jurídicos são atos de vontade. Como uma 
sociedade não possui vontade própria, compete aos seus representantes 
decidir sempre por lograr os fins sociais.
Das decisões tomadas para a consecução dos fins a que se destina a 
sociedade, algumas são tomadas pelo seu corpo diretivo, ou seja, aqueles 
que cuidam diretamente da administração social.
No entanto, outras decisões, pela repercussão causada aos interesses 
da sociedade, necessitam de ser tomadas por meio do consenso entre to-
dos os sócios, através de um órgão social denominado assembleia.
Os direitos políticos de sócio se referem justamente na faculdade de 
este participar ativamente nas decisões em favor da sociedade, com rela-
ção aos assuntos que merecem tratamento em assembleia.
Vale lembrar que os direitos políticos atribuídos ao sócio são regra, 
sendo que, especificamente às sociedades anônimas, cabe a exceção, 
quando a lei permite à companhia emitir ações sem direito a voto, as cha-
madas ações preferenciais.
2.6.3UDUreUtoUUeUfUscalUzação
Em uma sociedade com a presença de poucos sócios, geralmente 
estes participam da sociedade não apenas como investidores, mas como 
administradores e colaboradores diretos, portanto interados de todos os 
acontecimentos de interesse da sociedade.
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Em outras sociedades, devido ao grande número de sócios e à com-
plexidade de sua atividade empresarial, podemos observar a presença de 
sócios administradores, aqueles que, além de integrarem o quadro social, 
participam de órgãos administrativos, como o conselho de administração 
e a diretoria. 
Outros, menos interessados em participar ativamente da adminis-
tração da sociedade, permanecem apenas como investidores. Pelo fato 
de estes não estarem diretamente ligados à administração da sociedade, 
é-lhes garantido o direito de fiscalização, que ocorre de duas maneiras: di-
retamente, quando os administradores devem prestar contas de sua gestão 
em assembleia-geral ordinária, e indiretamente, por meio de órgão social 
denominado conselho fiscal.
2.6.4UDUreUtoUUeUretUraUa
O direito de retirada possui tratamento constitucional, pois 
o art. 5o, XX, da Constituição Federal estabelece que “ninguém poderá ser 
compelido a associar-se ou a permanecer associado”.
Vimos em aula anterior que a constituição de uma sociedade empre-
sária é um ato de vontade, em que duas ou mais pessoas resolvem se unir 
para a exploração em conjunto de uma atividade empresarial. Da mesma 
forma, o sócio que não deseja mais participar da sociedade tem, como al-
ternativa, negociar a sua participação ou retirar-se do quadro social.
Assim, por ato unilateral de sua vontade, o sócio tem o direito de 
retirar-se do quadro social, ato denominado “recesso” ou “dissidência”, 
provocando o desligamento dos vínculos que o unem aos demais sócios e 
à sociedade.
O direito de retirada, por provocar alterações na sociedade, precisa 
ser exercido mediante o preenchimento de algumas condições que variam 
conforme o tipo societário.
2.6.5UDUreUtoUUeUpreferêncUa
O aumento está ligado ao aumento de capital social. Assim, uma so-
ciedade já existente que queira aumentar seu capital social poderá emitir 
novas quotas ou ações para serem subscritas e integralizadas.
O direito de preferência é justamente a predileção dada aos sócios a 
subscreverem as novas quotas ou ações emitidas em razão do aumento do 
capital social, antes de serem oferecidas a terceiros.
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Noções básicas sobre sociedades empresárias contratuais– Unidade 2
Reflexão
Muitas vezes nos deparamos com conflitos entre sócios de uma 
determinada sociedade empresária e, ao buscar a solução mediante a in-
terpretação das cláusulas do contrato social, chega-se à conclusão de que 
o negócio jurídico celebrado entre os mesmos não possui previsão contra-
tual para aquela determinada situação.
É prática comum, no cotidiano das empresas, a realização dos con-
tratos sociais escritos a partir de um modelo, até mesmo encontrado em 
páginas da internet.
Contudo, percebemos que cada item de um contrato social diz respei-
to a um ponto fundamental que poderá ser questionado futuramente entre 
os sócios. Daí a importância de se ter o conhecimento de como é formado o 
conteúdo de um contrato social, para estabelecer os direitos e as obrigações 
entre os sócios que sejam adequados ao negócio a que estão dando início.
LeUturasUrecomenUaUas
ALMEIDA, Amador Paes. Manual das sociedades comerciais: direi-
to de empresa. 18. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
BULGARELLI, Waldirio. Questões de direito societário. São Paulo: 
RT, 1998.
ReferêncUas
REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial. 29. ed. atual. São 
Paulo: Saraiva, 2010. v. 1.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial. 14 ed. São Pau-
lo: Saraiva, 2010. v. 2.
NaUpróxUmaUunUUaUe
A próxima unidade foi destacada para cuidarmos das sociedades 
limitadas. Modelo societário de maior presença na atualidade de nosso 
país, ganhou mais força com o advento do Código Civil de 2002, pois 
há, nesta legislação, um capítulo destinado a tratar especificamente das 
sociedades limitadas.
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MUnhasUanotações:
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Sociedades limitadas
UnUUaUeU3U
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CKBYTE / G
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As sociedades limitadas são o tipo societário mais encontrado nas 
atividades empresariais. Isto se dá por dois motivos: a grande vantagem 
oferecida aos sócios, que possuem responsabilidade subsidiária limitada 
ao valor do investimento feito à formação do capital social, e o fato de te-
rem estas uma estruturação jurídica de menor complexidade, comparada 
à das sociedades anônimas.
Objetivos de sua aprendizagem
A presente aula tem por finalidade apresentar as principais ca-
racterísticas das sociedades limitadas, os direitos e as obrigações dos 
quotistas e os órgãos sociais das sociedades limitadas.
Você se lembra?
Ao receber documentos de alguma empresa, você já 
percebeu que o nome empresarial da maioria delas termi-
na com a sigla “Ltda.”? Pois é, são sociedades limita-
das.
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3.UUHUstórUcoUlegUslatUvo
A sociedade limitada foi concebida pelo Direito como uma resposta 
para preencher a lacuna que existia entre os modelos societáriosaté então 
existentes, pois, enquanto havia sociedades em nome coletivo, precárias 
por importar na responsabilidade solidária e ilimitada de todos os sócios, 
as sociedades anônimas vergavam-se para os grandes empreendimentos, 
pois sua estrutura altamente burocrática impossibilitava sua aplicabilidade 
em pequenas e médias empresas.
Assim, a intenção do legislador foi criar um modelo societário que 
possibilitasse funcionabilidade e, ao mesmo tempo, limitasse as responsa-
bilidades subsidiárias dos sócios a um determinado valor, como mecanis-
mo de redução de riscos ao investirem em uma atividade empresarial.
Em 1892, o direito germânico, sob as ideias de Oechelhauser, trouxe 
ao mundo jurídico a lei que dispunha sobre as sociedades de responsabili-
dade limitada, tendo sido este modelo disseminado pelo mundo.
No Brasil, Herculano Inglez de Souza recebeu o encargo de revisar 
o Código Comercial e, sob inspiração da legislação portuguesa de 1901, 
contemplou as sociedades limitadas em seu projeto.
Porém, em 1918, o deputado Joaquim Luiz Osório encaminhou 
projeto de lei cujo objeto era a disciplina das sociedades limitadas, como 
realizado por Inglez de Sousa em seu estudo de reforma do Código Co-
mercial, o que resultou em sua aprovação e na edição do Decreto no 3.708, 
de 10 de janeiro de 1919.
Atualmente esta norma legal está revogada pelo Novo Código 
Civil, que, por meio de um capítulo específico para as sociedades limi-
tadas, trouxe inovações ao ordenamento jurídico e que será estudado 
neste tópico.
Vale lembrar que as sociedades limitadas possuem regência supleti-
va pelas normas das sociedades simples, como prescreve o art. 1.053 do 
Código Civil, ao estabelecer que “a sociedade limitada rege-se, nas omis-
sões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples”.
Por sua vez, o parágrafo único do art. 1.053 do Código Civil pos-
sibilita que seja prevista, nos atos constitutivos da sociedade limitada, a 
regência supletiva das normas aplicáveis às sociedades anônimas.
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Sociedades limitadas – Unidade 3
3.2UAsUsocUeUaUesUlUmUtaUasUemUnossaUeconomUa
Ao fazermos um levantamento das atividades empresariais ocorri-
das na economia nacional, logo poderemos verificar que o nosso mercado 
é composto basicamente de pequenas e médias empresas que, com a pu-
jança das grandes empresas que coexistem em menor proporção, susten-
tam economicamente o nosso país.
Adentrando nas estruturas jurídicas destas pequenas e médias em-
presas, verificaremos que são sociedades de pessoas constituídas sob o 
molde das sociedades limitadas. Portanto, há de ser concluído que este 
tipo societário é o de maior ocorrência no cenário econômico-jurídico 
do país.
Questiona-se a razão deste fenômeno jurídico. A resposta é simples, 
ou seja, é a própria razão que fez o sistema jurídico conceber as socieda-
des limitadas. Como se percebe em sua origem histórica, a preocupação 
de seus estudiosos era justamente criar uma sociedade de pessoas dotada 
de mecanismo de limitação da responsabilidade de seus sócios para com 
as obrigações sociais, mas que não fosse revestida de formalidades e pro-
cedimentos burocráticos como os encontrados nas sociedades por ações.
Desse modo, a razão da grande difusão das sociedades limitadas 
está justamente em sua estrutura de menor rigor, somado o grande fato de 
protegerem o patrimônio particular dos sócios em situações de insolvên-
cia da sociedade de que participam.
3.3UAsUcaracterístUcasUUasUsocUeUaUesUlUmUtaUas
Vimos que as sociedades limitadas são o tipo societário de maior 
presença em nossa economia, em razão da limitação da responsabilida-
de de seus sócios pelas obrigações sociais e sua estrutura sem excessos 
de formalidades.
Devemos também destacar outros elementos jurídicos caracteriza-
dores das sociedades limitadas. Assim, podemos destacar sua natureza 
contratual. Porém, quanto ao grau de dependência da sociedade em re-
lação às qualidades subjetivas dos sócios, atualmente são classificadas 
como híbridas, pois podem ser caracterizadas como de pessoas e de capi-
tal, conforme estipulado entre os sócios no contrato social.
Já analisamos, anteriormente, que a sociedade contratual é aquela 
constituída mediante um contrato firmado entre os sócios. Por meio do 
contrato social, os sócios comungam da mesma finalidade, somando suas 
vontades em desenvolver uma atividade empresarial.
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O contrato social das sociedades limitadas deve prever o conteúdo 
estabelecido no artigo 997 do Código Civil, como prevê o artigo 1.054 do 
mesmo diploma civil. É importante destacar que, no intuito de proteger os 
interesses da minoria, o contrato social deverá observar regras de ordem 
pública que estão dispostos ao longo do capítulo específico das sociedades 
limitadas no Código Civil.
Quanto à sua hibridez relacionada ao caráter personalístico ou ca-
pitalista da sociedade, sua definição fica a cargo dos sócios, ao decidirem 
em contrato social sobre: I) a cessão das quotas, II) a penhorabilidade 
das quotas, III) o destino das quotas no caso de falecimento dos sócios e, 
IV) o destino da sociedade no caso de retirada de um dos sócios.
Com relação à cessão das quotas sociais, segundo o art. 1057 do 
Código Civil, o contrato social poderá estabelecer o grau de dependência 
da sociedade em relação às qualidades subjetivas dos sócios, ao prescre-
ver que, se não houver estipulação específica do contrato, o sócio poderá 
ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja sócio, independente-
mente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver oposição de 
titulares de mais de um quarto do capital social.
A possibilidade de a penhora recair sobre quotas sócias está pre-
vista no art. 1026 do Código Civil. A lei atribuiu, neste particular, um 
caráter personalístico às quotas, pois não permitiu que o credor do sócio 
as leve a leilão ou as adjudique, evitando, assim, a entrada de estranho no 
quadro social.
Entretanto, o parágrafo único adotou mecanismo mais difícil, ao 
permitir que o credor do sócio promova a liquidação de suas quotas, com 
a apuração dos haveres que ela representa, ou seja, o caminho permitido é 
a dissolução parcial da sociedade.
O art. 1.028 do Código Civil dispõe sobre o falecimento do sócio, 
fato este que, se não houver estipulação em contrário, resultará, em regra, 
na liquidação das quotas do falecido, caso os sócios remanescentes não 
entrem em composição com os herdeiros ou então não optem pela dissolu-
ção total da sociedade.
Art. 1057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total 
ou parcialmente, a quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a 
estranho, se não houver oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. 
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Sociedades limitadas – Unidade 3
Por fim, a retirada de um sócio cuja presença possui importância e 
dependência para o bom andamento da sociedade pode gerar a dissolução 
da sociedade, caso os demais sócios decidem como tal, conforme diz o 
art. 1.029 do Código Civil.
3.4UAsUobrUgaçõesUUosUsócUosUUaUsocUeUaUeUlUmUtaUa
As obrigações dos sócios são um assunto de grande importância, 
uma vez que, ao integrarem o quadro social de uma sociedade limitada, 
assumem deveres para com a sociedade e também para com os sócios. 
Dentre as obrigações a serem abordadas na presente aula, destacamos o 
estudo da responsabilidade pelas obrigações sociais, que é o fator primor-
dial da grande utilização deste modelo societário. Também

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