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Direito Empresarial (Prof Grace Kellen)

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DIREITO EMPRESARIAL
Prof. Grace Kellen de Freitas
 
1 
 
PONTO 1 
TEORIA E TIPOS SOCIETÁRIOS 
 
1 Teoria geral do Direito Empresarial 
 
Nas relações empresariais, aplicam-se o Código Civil, legislação extravagante e 
parte do Código Comercial [relativa ao Comércio Marítimo - arts. 457-756, observando que o 
Título IX - Naufrágios e salvados, arts. 731-739, restou revogado]. 
Com o Código Civil de 2002, entra em vigor a Teoria da Empresa, de origem italiana, 
deixando-se de aplicar a Teoria dos Atos de Comércio, construção de origem francesa 
(Código Comercial de Napoleão, de 1807), adotada pelo legislador pátrio que elaborou o 
Código Comercial de 1850, a Lei Imperial n. 556. 
Com essa modificação paradigmática, compreende-se como empresarial a atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Será 
empresário aquele que exercer profissionalmente esta atividade. 
Assim, o legislador limitou o conceito de empresariais, excluindo as profissões 
intelectuais, de natureza científica, literária ou artística. 
Logo, é empresarial toda e qualquer atividade econômica, organizada para a 
produção ou circulação de bens ou de serviços, excluídas as decorrentes de profissão de 
cunho intelectual, de natureza científica, literária ou artística. 
A atividade empresarial precisa ser vista a partir de vários aspectos. De modo 
subjetivo, deve-se proteger o empresário, aquele que exerce a atividade empresarial. 
Também deve ser analisado o aspecto subjetivo, que trata do conjunto de bens capazes de 
permitir o exercício da empresa. O aspecto corporativo ou institucional, que percebe os 
esforços de dirigentes e colaboradores no andamento institucional. O perfil funcional é 
aquele que permite verificar a atividade empresarial como sendo a que movimenta riquezas 
e rendas. Assim, a empresa pode ser vista a partir desses quatro perfis: subjetivo, objetivo, 
corporativo e funcional. 
O Direito Empresarial, assim nomeado com a inserção da Teoria da Empresa, 
engloba expressão mais abrangente e que abarca os setores da atividade econômica. 
 
[Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - 
Primeira Fase] Roberto desligou-se de seu emprego e decidiu investir na construção de uma 
hospedagem do tipo pousada no terreno que possuía em Matinhos. Roberto contratou um arquiteto 
para mobiliar a pousada, fez cursos de hotelaria e, com os ensinamentos recebidos, contratou 
empregados e os treinou. Ele também contratou um desenvolvedor de sites de Internet e um 
profissional de marketing para divulgar sua pousada. Desde então, Roberto dedica-se exclusivamente 
à pousada, e os resultados são promissores. A pousada está sempre cheia de hóspedes, renovando 
suas estratégias de fidelização; em breve, será ampliada em sua capacidade. Considerando a 
descrição da atividade econômica explorada por Roberto, assinale a afirmativa correta. 
A] A atividade não pode ser considerada empresa em razão da falta tanto de profissionalismo de seu 
titular quanto de produção de bens. 
B] A atividade não pode ser considerada empresa em razão de a prestação de serviços não ser um 
ato de empresa. 
C] A atividade pode ser considerada empresa, mas seu titular somente será empresário a partir do 
registro na Junta Comercial. 
 
2 
 
D] A atividade pode ser considerada empresa e seu titular, empresário, independentemente de 
registro na Junta Comercial. 
 
[Ano: 2007 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2007 - OAB - Exame de Ordem - 2 - Primeira 
Fase] Considerando o atual estágio do direito comercial (ou empresarial) brasileiro, assinale a opção 
correta. 
A] O Código Civil de 2002 revogou totalmente o Código Comercial de 1850. 
B] A Constituição da República estabelece a competência privativa da União para legislar 
sobre direito comercial (ou empresarial). 
C] O Código Civil de 2002, assim como o Código Comercial de 1850, adotou a teoria da empresa. 
D] O Código Civil de 2002 não revogou a antiga legislação sobre sociedades por quotas de 
responsabilidade limitada. 
 
 
1.1 Fontes de Direito Empresarial 
 
 O Direito Empresarial possui fontes próprias, como ramo autônomo. Dessa maneira, 
sua formação está assentada em diversas legislações. Além dos princípios explícitos e 
implícitos, e do texto constitucional, há legislação infraconstitucional e extravagante. Além da 
ordem econômica que é fonte do Direito Empresarial. 
 
 
 
 
3 
 
Difícil é definir quais de legislações são aplicáveis ao Direito Empresarial, tendo em 
vista a gama de leis que tratam e versam sobre os diversos aspectos desse ramo que tem 
por principal característica ser fragmentado. 
Faz-se uma divisão que permite o estudo e garante uma melhor visão: a teoria do 
direito empresarial, societário, títulos de crédito [cambiário], concursal [recuperação e 
falência de empresas], propriedade industrial e contratos empresariais. 
 
1.2 Princípios do Direito Empresarial 
 
 O Direito empresarial possui princípios que expressam os valores que devem ser 
seguidos na interpretação desse ramo do direito. O primeiro princípio é o da função social 
da empresa, que visa a proteção da atividade econômica, tão importante ao 
desenvolvimento econômico, bem como o cuidado para que os regramentos acerca do 
direito ambiental, do consumidor e do direito do trabalho também sejam seguidos. 
 O segundo princípio e que guarda relação com o primeiro, é o da preservação da 
empresa. Em razão desse princípio é que se dá importância à continuidade da atividade de 
produção de riquezas e circulação de bens ou serviços. O desenvolvimento social passa 
pela empresa e sua atividade. 
 A livre-iniciativa prevista no artigo 1º, IV, da Constituição Federal, também é princípio 
de direito empresarial e está atrelado ao princípio da livre-concorrência. Por certo, protegem 
e orientam uma atividade lícita faticamente e juridicamente, pois os todos os valores devem 
conviver de modo harmônico. O STF sumulou que: “Ofende o princípio da livre concorrência 
lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em 
determinada área” [SÚMULA 646]. 
A boa-fé objetiva também é princípio do direito empresarial e impõe deveres de 
atuação e postura proba, leal e colaborativa. 
 
1.3 Da caracterização e da inscrição 
 
Do conceito de empresário estabelecido no art. 966 do Código Civil, afirmar-se que 
se considera empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, pode-se extrair as 
seguintes expressões, que indicam os principais elementos indispensáveis à sua 
caracterização: a) profissionalmente; b) atividade econômica; c) organizada; d) produção ou 
circulação de bens ou de serviços. 
Serão empresariais as atividades que tenham as seguintes características: 1) 
economicidade: criação ou circulação de riquezas e de bens ou serviços patrimonialmente 
valoráveis; 2) organização: compreende tanto o trabalho, a tecnologia, os insumos e o 
capital, próprios ou alheios; 3) profissionalidade: refere-se à atividade não ocasional e à 
assunção em nome próprio dos riscos da empresa. 
 
 
4 
 
 
O art. 966 do Código Civil, ao conceituar empresário como aquele que exerce 
profissionalmente atividade econômica organizada, não está se referindo apenas à pessoa 
física (ou pessoa natural) que explora atividade econômica, mas também à pessoa jurídica. 
 
[Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VI - 
Primeira Fase – Reaplicação] A respeito do nome empresarial, é correto afirmar que 
A] o nome empresarial pode ser objeto de contrato de compra e venda. 
B] a sociedade em conta de participação, por possuir personalidade jurídica, pode adotar firma ou 
denominação. 
C] a sociedade anônima será designada somente por meio de denominação. 
D] a sociedade limitada será designada somente por meio de firma. 
 
Portanto, tem-se que o empresário pode ser um empresário individual(pessoa física 
que exerce profissionalmente atividade econômica organizada) ou uma sociedade 
empresária (pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade cujo objeto social é a 
exploração de uma atividade econômica organizada). 
Com o advento da Lei n. 12.411, de 11 de julho de 2011, a classificação para o 
exercício individual da atividade econômica comporta uma subdivisão: (a) os simplesmente 
denominados empresários individuais cuja responsabilidade é ilimitada, alcançando todos 
seus bens pessoais; (b) as empresas individuais de responsabilidade limitada, de 
responsabilidade restrita ao valor do capital social integralizado. 
Deve-se lembrar que as sociedades empresárias e as empresas individuais de 
responsabilidade limitada possuem personalidade jurídica. A afirmação decorre do disposto 
nos arts. 40-44 do CC que classifica as pessoas jurídicas em pessoas jurídicas de direito 
público – interno e externo – e pessoas jurídicas de direito privado, estas compreendendo as 
associações, sociedades, fundações, partidos políticos, organizações religiosas e empresas 
individuais de responsabilidade limitada (CC, art. 44). 
Quando se está diante de uma sociedade empresária, é importante atentar para o 
fato de que os seus sócios não são empresários: o empresário, nesse caso, é a própria 
 
5 
 
sociedade, ente ao qual o ordenamento jurídico confere personalidade e, 
consequentemente, capacidade para adquirir direitos e contrair obrigações. Assim, pode-se 
dizer que expressão empresário designa um gênero, do qual são espécies o empresário 
individual (pessoa física) e a sociedade empresária (pessoa jurídica). 
É obrigação legal imposta a todo e qualquer empresário (empresário individual ou 
sociedade empresária) se inscrever na Junta Comercial antes de iniciar a atividade, sob 
pena de começar a exercer a empresa irregularmente. Trata-se de obrigação legal prevista 
no art. 967 do Código Civil, o qual dispõe ser “obrigatória a inscrição do empresário no 
Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua 
atividade”. 
Saliente-se, porém, que o registro na Junta Comercial, embora seja uma formalidade 
legal imposta pela lei a todo e qualquer empresário individual ou sociedade empresária – 
com exceção daqueles que exercem atividade econômica rural (arts. 971 e 984) – não é 
requisito para a caracterização do empresário e sua consequente submissão ao regime 
jurídico empresarial. 
Para fazer a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, realizado pela 
Junta Comercial, o empresário individual terá de obedecer às formalidades legais previstas 
no art. 968 do Código Civil, ou seja, fazer requerimento que contenha: “I – o seu nome, 
nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II – a firma, com a 
respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura autenticada com 
certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o 
disposto no inciso I do § 1.º do art. 4.º da Lei Complementar n.º 123, de 14 de dezembro de 
2006; III – o capital; IV – o objeto e a sede da empresa”. Tratando-se, por outro lado, de 
sociedade empresária, deve-se levar a registro o ato constitutivo (contrato social ou estatuto 
social), que conterá todas as informações necessárias. 
Os §§ 1.º e 2.º do referido artigo, a seu turno, dispõem: “com as indicações 
estabelecidas neste artigo, a inscrição será tomada por termo no livro próprio do Registro 
Público de Empresas Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os 
empresários inscritos”; “à margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão 
averbadas quaisquer modificações nela ocorrentes”. 
O Código Civil ainda determina, em seu art. 969, que “o empresário que instituir 
sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de 
Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária”. 
E complementa, no parágrafo único do referido artigo: “em qualquer caso, a constituição do 
estabelecimento secundário deverá ser averbada no Registro Público de Empresas 
Mercantis da respectiva sede”. 
• Filial é a sociedade empresária que atua sob a direção e administração de outra, 
chamada de matriz, mas mantém sua personalidade jurídica e o seu patrimônio, bem 
como preserva sua autonomia diante da lei e do público. 
• Agência é a empresa especializada em prestação de serviços que atua 
especificamente como intermediária. 
• Sucursal é o ponto de negócio acessório e distinto do ponto principal, responsável 
por tratar dos negócios deste e a ele subordinado administrativamente. 
 
6 
 
Por fim, não custa repetir e lembrar: (i) a única exceção, como visto, em relação à 
obrigatoriedade do registro é a referente aos exercentes de atividade econômica rural, os 
quais possuem a simples faculdade de registrar-se na Junta Comercial, conforme 
estabelece o art. 971, caso seja empresário individual, e 984, caso seja sociedade, ambos 
do Código Civil. 
Importa lembrar que a Lei 8.906/1994 (Estatuto da OAB), em seu art. 1.º, § 2.º, 
determina que os atos de registro de empresários individuais e de sociedades empresárias 
devem estar visados por um advogado. 
 
[Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - 
Primeira Fase] Luzia Betim pretende iniciar uma sociedade empresária em nome próprio. Para tanto, 
procura assessoria jurídica quanto à necessidade de inscrição no Registro Empresarial para 
regularidade de exercício da empresa. Na condição de consultor(a), você responderá que a inscrição 
do empresário individual é 
A] dispensada até o primeiro ano de início da atividade, sendo obrigatória a partir de então. 
B] obrigatória antes do início da atividade. 
C] dispensada, caso haja opção pelo enquadramento como microempreendedor individual. 
D] obrigatória, se não houver enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno porte. 
 
1.4 Da capacidade para ser empresário 
 
Para o exercício da atividade empresarial é necessário ser pessoa capaz, no pleno 
gozo de sua capacidade civil. 
Porém, duas são as exceções para que incapaz exerça atividade empresarial. A 
matéria está disciplinada no art. 974 do Código Civil, o qual prevê que “poderá o incapaz, 
por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida 
por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança”. 
Ressalte-se apenas que, de acordo com o art. 976, caput, do Código Civil, “a prova 
da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a de eventual 
revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de Empresas Mercantis”. 
O art. 974 do Código Civil se refere ao exercício individual de empresa (pessoa 
física). Já a possibilidade de o incapaz ser sócio de uma sociedade empresária configura 
situação totalmente distinta, prevista no § 3º do art. 974 do Código Civil e as exigências são 
as de que o incapaz não exerça poderes de administração, que o capital esteja totalmente 
integralizado e que ele seja assistido ou representado, conforme o grau de sua 
incapacidade. 
 
 
 
INCAPAZ – EMPRESÁRIO 
INDIVIDUAL – art. 974, §§ 1º e 2º
I CONTINUIDADE DE 
EMPRESA
II AUTORIZAÇÃO DO JUIZ
III SALVAGUARDA DOS 
BENS DO INCAPAZ
INCAPAZ – SOCIEDADE 
EMPRESÁRIA – art. 974, § 3º
I REPRESENTAÇÃO
II INTEGRALIZAÇÃO DO 
CAPITAL 
III NÃO EXERCÍCIO DA 
ADMINISTRAÇÃO
 
7 
 
[Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - 
Primeira Fase] Álvares Florence tem um filho relativamente incapaz e consulta você, como 
advogado(a), para saber da possibilidade de transferir para o filho parte das quotas que possui na 
sociedade empresária Redenção da Serra Alimentos Ltda., cujo capital social se encontra 
integralizado. Apoiado na disposição do Código Civil sobre o assunto, você respondeu que 
A] é permitido o ingresso do relativamente incapaz na sociedade, bastandoque esteja assistido por 
seu pai no instrumento de alteração contratual. 
B] não é permitida a participação de menor, absoluta ou relativamente incapaz, em sociedade, exceto 
nos tipos de sociedades por ações. 
C] não é permitida a participação de incapaz em sociedade, mesmo que esteja representado ou 
assistido, salvo se a transmissão das quotas se der em razão de sucessão causa mortis. 
D] é permitido o ingresso do relativamente incapaz na sociedade, desde que esteja assistido 
no instrumento de alteração contratual, devendo constar a vedação do exercício da 
administração da sociedade por ele. 
 
(Exame XX) Maria, empresária individual, teve sua interdição decretada pelo juiz a pedido de seu pai, 
José, em razão de causa permanente que a impede de exprimir sua vontade para os atos da vida 
civil. Sabendo-se que José, servidor público federal na ativa, foi nomeado curador de Maria, assinale 
a afirmativa correta. 
A] É possível a concessão de autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria; 
porém, diante do impedimento de José para exercer atividade de empresário, este nomeará, 
com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. 
B] A interdição de Maria por incapacidade traz como efeito imediato a extinção da empresa, cabendo 
a José, na condição de pai e curador, promover a liquidação do estabelecimento. 
C] É possível a concessão de autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria antes 
exercida por ela enquanto capaz, devendo seu pai, José, como curador e representante, assumir o 
exercício da empresa. 
D] Poderá ser concedida autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria, porém 
ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que Maria já possuía ao tempo da interdição, tanto os 
afetados quanto os estranhos ao acervo daquela. 
 
 
 
 
 1.5 Dos impedidos de exercer atividade empresarial 
São impedidos de exercer a atividade empresarial: 
a) Falidos, enquanto não tiverem suas obrigações extintas (art. 158 da Lei 
11.101/2005); 
b) Leiloeiros e corretores; 
c) Servidores públicos no exercício da atividade pública – o impedimento recai sobre 
a atividade de empresário individual, administrador de sociedade empresária, mas não o 
impede de ser sócio ou acionista de uma sociedade (art. 117, X, da Lei 8.112/1990). No 
mesmo sentido, magistrados e membros do Ministério Público (art. 36, I e II, da LC 35/1979 
 
8 
 
e art. 44, III, da Lei 8.625/1993), bem como os militares na ativa (art. 204 do Código Penal 
Militar); 
d) Deputados e Senadores sofrem restrições na atividade empresarial, de tal modo 
que não podem ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor 
decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função 
remunerada (art. 54, II, a, da CF/1988). No mesmo sentido, tais restrições se aplicam aos 
vereadores (art. 29, IX, da CF/1988); 
e) Estrangeiros e sociedades sem sede no Brasil, para algumas atividades, como a 
empresa jornalística e de radiodifusão (art. 222 da CF/1988) e a exploração e 
aproveitamento das jazidas e demais recursos minerais, inclusive potenciais de energia 
hidráulica, que só podem ser exercidas por brasileiros ou pessoas jurídicas brasileiras, 
mediante autorização ou concessão da União (art. 176 da CF/1988); 
f) Médico, no exercício simultâneo de farmácia. 
g) Impedimento de constituição de sociedade empresarial composta por cônjuges 
casados sob o regime da comunhão universal de bens ou da separação obrigatória. 
 
[Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2014 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIII - 
Primeira Fase] Olímpio Noronha é servidor público militar ativo e, concomitantemente, exerce 
pessoalmente atividade econômica organizada sem ter sua firma inscrita na Junta Comercial. Em 
relação às obrigações assumidas por Olímpio Noronha, assinale a alternativa correta. 
A] São válidas tanto as obrigações assumidas no exercício da empresa quanto estranhas a 
essa atividade e por elas Olímpio Noronha responderá ilimitadamente. 
B] São nulas todas as obrigações assumidas, porque Olímpio Noronha não pode ser empresário 
concomitantemente com o serviço público militar. 
C] São válidas apenas as obrigações estranhas ao exercício da empresa, pelas quais Olímpio 
Noronha responderá ilimitadamente; as demais são nulas. 
D] São válidas apenas as obrigações relacionadas ao exercício da empresa e por elas Olímpio 
Noronha responderá limitadamente; as demais são anuláveis. 
 
1.6 Dos tipos individuais empresariais 
A) EMPRESÁRIO INDIVIDUAL 
 
A figura do empresário individual é a pessoa física que exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços 
(art. 966 do Código Civil). 
Em relação ao empresário casado, o art. 978 do Código Civil dispõe que é 
desnecessária a outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, para alienação dos 
imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real”. 
O art. 979 do Código Civil, por sua vez, determina que, “além de no Registro Civil, 
serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e 
declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens 
clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade”. Portanto, se estes atos não forem 
devidamente registrados na Junta Comercial, o empresário não poderá opô-los contra 
terceiros. 
 
9 
 
O art. 980 do Código Civil determina que: “a sentença que decretar ou homologar a 
separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a 
terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis”. 
 
B) EXERCENTE DE ATIVIDADE ECONÔMICA RURAL 
O exercente de atividade econômica rural empresarial não está obrigado ao registro 
na Junta Comercial. Assim, há uma faculdade de se registrar ou não perante a Junta 
Comercial da sua unidade federativa. 
Logo, o registro para o exercente de atividade econômica rural tem natureza 
constitutiva, e não meramente declaratória, sendo o registro na Junta, pois, condição 
indispensável para sua caracterização como empresário e consequente submissão ao 
regime jurídico empresarial. 
 
(Exame XX - Reaplicação Salvador) O engenheiro agrônomo Zacarias é proprietário de quatro 
fazendas onde ele realiza, em nome próprio, a exploração de culturas de soja e milho, bem como 
criação intensiva de gado. A atividade em todas as fazendas é voltada para exportação, com emprego 
intenso de tecnologia e insumos de alto custo. Zacarias não está registrado na Junta Comercial. Com 
base nessas informações, é correto afirmar que 
A] Zacarias, por exercer empresa em caráter profissional, é considerado empresário 
independentemente de ter ou não registro na Junta Comercial. 
B] Zacarias, mesmo que exerça uma empresa, não será considerado empresário pelo fato de 
não ter realizado seu registro na Junta Comercial. 
C] Zacarias não pode ser registrado como empresário, porque, sendo engenheiro agrônomo, exerce 
profissão intelectual de natureza científica, com auxílio de colaboradores. 
D] Zacarias é um empresário de fato, por não ter realizado seu registro na Junta Comercial antes do 
início de sua atividade, descumprindo obrigação legal. 
 
C) MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE 
Entende-se como microempresas ou empresas de pequeno porte, o empresário, na 
forma do art. 966 do Código Civil, a sociedade empresária, a sociedade simples, e a 
empresa individual de responsabilidade limitada, quando devidamente registrados no 
Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, desde que 
aufiram receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), no 
caso da microempresa; e receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil 
reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais), em cada 
ano-calendário, para empresa de pequeno porte, conforme art. 3º, incisos I eII, da LC 
123/2006. 
Não poderá se beneficiar do tratamento diferenciado da LC 123/2006, conforme o 
art. 3.º, § 4.º, a pessoa jurídica: “I – de cujo capital participe outra pessoa jurídica; II – que 
seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no 
exterior; III – de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou 
seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta 
Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso 
II do caput deste artigo; IV – cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) 
do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a 
receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; V – cujo 
sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins 
 
10 
 
lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do 
caput deste artigo; VI – constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII – 
que participe do capital de outra pessoa jurídica; VIII – que exerça atividade de banco 
comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de 
crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de 
distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento 
mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; IX – 
resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de 
pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores; X – 
constituída sob a forma de sociedade por ações; XI – cujos titulares ou sócios guardem, 
cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e 
habitualidade”. 
Da mesma forma, não pode recolher os impostos e contribuições na forma do 
Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: “I – que explore 
atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de 
crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de 
ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis 
a prazo ou de prestação de serviços (factoring); II – que tenha sócio domiciliado no exterior; 
III – de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, 
estadual ou municipal; IV – (Revogado); V – que possua débito com o Instituto Nacional do 
Seguro Social – INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja 
exigibilidade não esteja suspensa; VI – que preste serviço de transporte intermunicipal e 
interestadual de passageiros, exceto quando na modalidade fluvial ou quando possuir 
características de transporte urbano ou metropolitano ou realizar-se sob fretamento contínuo 
em área metropolitana para o transporte de estudantes ou trabalhadores; VII – que seja 
geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica; VIII – que 
exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas; IX – que exerça 
atividade de importação de combustíveis; X – que exerça atividade de produção ou venda 
no atacado de: a) cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, 
munições e pólvoras, explosivos e detonantes; b) bebidas a seguir descritas: 1 – alcoólicas; 
4 – cervejas sem álcool; XII – que realize cessão ou locação de mão de obra; XIV – que se 
dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis; XV – que realize atividade de locação 
de imóveis próprios, exceto quando se referir a prestação de serviços tributados pelo ISS; 
XVI – com ausência de inscrição ou com irregularidade em cadastro fiscal federal, municipal 
ou estadual, quando exigível” (art. 17 da LC 123/2006). 
A partir desta definição e respeitadas as exclusões legais, será possível sua opção 
de recolhimento tributário pelo Simples Nacional (Sistema Integrado de Pagamento de 
Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), que permitirá 
o recolhimento mensal unificado do IR, IPI, CSLL, Cofins, PIS/Pasep, CPP (Contribuição 
Patronal Previdenciária), ICMS e ISS. Apesar de ser facultativa a opção pelo Simples 
Nacional, uma vez realizada, será irretratável durante o ano-calendário. 
O art. 179 da CF/1988 dispõe: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim 
definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação 
 
11 
 
de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela 
eliminação ou redução destas por meio de lei”. 
Os principais benefícios trazidos pela LC 123/2006 são: 
a) a abertura e o encerramento facilitados da empresa (arts. 8.º, 9.º e 10). A 
facilitação se observa especialmente quanto à impossibilidade de outros órgãos envolvidos 
com o registro da atividade determinarem mais documentos do que os pedidos pela Junta 
Comercial. Além disso, não é necessária a assinatura de advogado no contrato social, além 
da possibilidade da baixa automática, diante da inatividade por mais de três anos; 
b) o incentivo à associação, por meio do consórcio simples (art. 56). Com o incentivo 
à associação, as ME e as EPP têm maior força de contratação, podendo, por exemplo, 
adquirir bens numa quantidade maior e negociar as condições de pagamento em virtude da 
quantidade da compra; 
c) a existência de uma fiscalização orientadora (art. 55). Nesse caso, a ME e a EPP 
estariam sujeitas a uma dupla visita da fiscalização, ressalvados os casos de falta de 
registro de empregado, reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização: a 
primeira com a finalidade de orientar e somente a segunda com o objetivo de lavrar o auto 
de infração se as recomendações não foram seguidas; 
d) o pagamento facilitado no protesto de títulos (art. 73). Nesse caso, a ME e a EPP 
estão liberadas do pagamento de grande parte dos emolumentos, permitindo-se o 
pagamento no cartório com cheque, sem a exigência de que o cheque seja administrativo ou 
visado. 
O tratamento diferenciado e favorecido para as ME e as EPP será realizado pelos 
seguintes órgãos: 
a) Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, 
composto por quatro representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, como 
representantes da União, dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios, para 
tratar dos aspectos tributários; 
b) Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, com a 
participação dos órgãos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor, para 
tratar dos demais aspectos, ressalvado o disposto no inc. III do caput do art. 2.º da LC 
123/2006; e 
c) Comitê para Gestão da Rede Nacional para Simplificação do Registro e da 
Legalização de Empresas e Negócios – CGSIM, vinculado à Secretaria da Micro e Pequena 
Empresa da Presidência da República, composto por representantes da União, dos Estados 
e do Distrito Federal, dos Municípios e demais órgãos de apoio e de registro empresarial, na 
forma definida pelo Poder Executivo, para tratar do processo de registro e de legalização de 
empresários e de pessoas jurídicas (inc. III do art. 2.º da LC 123/2006). 
 
12 
 
 
 
 
D) MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL 
A doutrina majoritária vinha entendendo que a expressão pequeno empresário, 
utilizada pelo Código Civil no seu art. 970, era abrangente, englobando tanto os 
microempresários quanto os empresários de pequeno porte. Nesse sentido, era, inclusive, o 
Enunciado 235 do CJF: “O pequeno empresário, dispensado da escrituração, é aquele 
previsto na Lei 9.841/99”. No entanto, a legislação que trata das microempresas e das 
empresas de pequeno porte no Brasil, esclareceu: “Considera-se pequeno empresário,para 
efeito de aplicação do disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 
2002, o empresário individual caracterizado como microempresa na forma desta Lei 
Complementar que aufira receita bruta anual de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais)” 
(art. 68 da LC 123/2006, acima referida). 
Cabe criticar tal determinação. Afinal, a Constituição Federal, ao determinar que a lei 
desse tratamento favorecido e simplificado ao microempresário e ao empresário de pequeno 
porte, o fez em razão das suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e 
creditícias. Não se justifica, pois, a restrição feita pelo legislador ordinário, ao estabelecer, 
no art. 970 do Código Civil, que esse tratamento simplificado fosse observado apenas 
quanto à inscrição do pequeno empresário e aos efeitos daí decorrentes. O tratamento 
jurídico diferenciado que o legislador constituinte pretendeu fosse dado aos pequenos 
empresários (na verdade, repita-se, a CF/1988 se refere ao microempresário e ao 
empresário de pequeno porte) é deveras abrangente, não sendo razoável que o legislador 
ordinário o restrinja apenas aos aspectos relacionados à inscrição no registro de empresa. 
 
E) EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE ILIMITADA (EIRELI) 
A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), é considerada pessoa 
jurídica por força do art. 44, inciso VI, do CC. Sua constituição será feita conforme o capital 
social, que deve ser igual ou superior a 100 salários-mínimos. 
O art. 980-A não trata do administrador, portanto, seguindo o parágrafo sexto deste 
dispositivo, tem-se que plicar a regra da sociedade limitada. Então, conforme art. 1.061 do 
CC/02, o administrador não precisa ser o próprio instituidor, podendo ser nomeado uma 
terceira pessoa. 
A integralização do capital social pode ser feita em bens, dinheiro ou crédito, não 
sendo admitida a contribuição em serviços (art. 1.055, § 2º aplicável em consonância com o 
980-A, § 6). Aplicam-se as regras do artigo 1.005, portanto, se houver integralização com 
bens, o instituidor ficará responsável pela evicção e por sua correta estimação (art. 1.055, § 
 
13 
 
1º, CC/02 – só não haverá solidariedade). Em caso de integralização com crédito, o 
instituidor ficará responsável pelo pagamento, excepcionando a regra do artigo 296 do 
CC/02, que trata da cessão de crédito. 
A EIRELI pode ser derivada de uma transformação ou constituída na sua origem 
desse modo. 
 
[Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VIII - 
Primeira Fase] José decidiu constituir uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada 
(EIRELI) para atuar no município “X” e consultou um advogado para obter esclarecimentos sobre a 
administração da EIRELI. Assinale a alternativa que apresenta a informação correta dada pelo 
advogado. 
A] A designação de administrador não sócio depende do voto favorável de 2/3 (dois terços) do 
capital social, se este não estiver integralizado. 
B] A administração atribuída pelo contrato a qualquer dos sócios da EIRELI não se estende de pleno 
direito aos que posteriormente adquirirem essa qualidade. 
C] O administrador da EIRELI, seja o próprio instituidor ou terceiro, responde por culpa no 
desempenho de suas atribuições perante terceiros prejudicados. 
D] O titular da EIRELI poderá usar a firma ou denominação, sendo vedado seu uso pelo terceiro, 
ainda que seja designado administrador. 
 
 
 
 
1.7 Nome empresarial 
 
O direito ao nome empresarial, segundo a doutrina majoritária, é um direito 
personalíssimo - o lesado pelo seu uso indevido poderá a qualquer tempo propor ação 
contra Junta Comercial para anular sua inscrição, se feita com violação de lei ou de 
contrato. 
Como sinal distintivo que identifica o empresário no exercício de sua atividade, o 
nome empresarial possui duas funções relevantes, uma de ordem subjetiva – de 
individualizar e identificar o sujeito de direitos exercente da atividade empresarial – e outra 
de ordem objetiva – de lhe garantir fama, renome, reputação etc. 
A marca, conforme se verificará com o estudo da propriedade industrial, é um sinal 
distintivo que identifica produtos ou serviços do empresário (art. 122 da Lei 9.279/1996). 
O nome de fantasia, por sua vez, é a expressão que identifica o título do 
estabelecimento. Grosso modo, está para o nome empresarial assim como o apelido está 
para o nome civil. 
 
14 
 
O nome de domínio é o endereço eletrônico dos sites dos empresários na internet, 
hoje muito usados para negociação de produtos e serviços, em razão do desenvolvimento 
do chamado comércio eletrônico (e-commerce ou e-business). 
Os sinais de propaganda, por fim, são aqueles que, embora não se destinem a 
identificar especificamente produtos ou serviços do empresário, exercem uma importante 
função de mercado: chamar a atenção dos consumidores. 
É a firma ou denominação social, composição do nome empresarial, que garante a 
apresentação do empresário e da sociedade empresária no exercício de suas atividades. O 
empresário deve adotar nome que o distinga de qualquer outro já inscrito no mesmo 
registro. 
A firma só pode ter por base o nome civil do empresário ou os dos sócios, que 
constitui também sua assinatura, por exemplo, Grace Kellen Freitas; G. K. Freitas; G. Kellen 
Jóias. 
Já na denominação, poder-se-á usar nome civil ou um “elemento fantasia”, mas a 
assinatura, neste último caso, será sempre com o nome civil, lançado sobre o nome 
empresarial impresso carimbado. 
De acordo com o princípio da veracidade, o nome empresarial não poderá conter 
nenhuma informação falsa. Sendo a expressão que identifica o empresário em suas 
relações como tal, é imprescindível que o nome empresarial só forneça dados verdadeiros 
àquele que negocia com o empresário. 
Por princípio da novidade, por sua vez, se entende a proibição de se registrar um 
nome empresarial igual ou muito parecido com outro já registrado. Com efeito, segundo o 
disposto no art. 1.163 do Código Civil, “o nome de empresário deve distinguir-se de qualquer 
outro já inscrito no mesmo registro”. O parágrafo único desse dispositivo prevê que “se o 
empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que 
o distinga”. 
O nome empresarial não poderá ser objeto de alienação. 
Só poderá ocorrer se houver permissão contratual, utilizando o do alienante, 
precedido do seu próprio na qualidade de sucessor. 
Se houver óbito, exclusão ou retirada de sócio cujo nome civil constava da firma 
social, esta precisará ser alterada. 
 
[Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - 
Primeira Fase] Cruz Machado pretende iniciar o exercício individual de empresa e adotar como firma, 
exclusivamente, o nome pelo qual é conhecido pela população de sua cidade – “Monsenhor”. De 
acordo com as informações acima e as regras legais de formação de nome empresarial para o 
empresário individual, assinale a afirmativa correta. 
A] A pretensão de Cruz Machado é possível, pois o empresário individual pode escolher livremente a 
formação de sua firma. 
B] A pretensão de Cruz Machado não é possível, pois o empresário individual deve adotar 
denominação indicativa do objeto social como espécie de nome empresarial. 
C] A pretensão de Cruz Machado não é possível, pois o empresário individual opera sob firma 
constituída por seu nome, completo ou abreviado. 
D] A pretensão de Cruz Machado é possível, pois o empresário individual pode substituir seu nome 
civil por uma designação mais precisa de sua pessoa. 
 
1.8 Estabelecimento 
 
15 
 
 
Complexo de bens organizado, tangíveis ou intangíveis, para o exercício da 
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. 
Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente 
nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter 
pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contarda publicação 
da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do 
alienante 
 Para tratar da locação empresarial como fator de proteção do ponto de negócio, 
necessário determinar o “ponto de negócio” como bem incorpóreo, elemento do 
estabelecimento empresarial. 
A proteção ao ponto empresarial tem relevância quando o empresário exerce suas 
atividades em imóvel locado. Nesse caso, a locação será regulada pelos artigos 51 e 
seguintes da Lei nº 8.245/1991. 
O locatário deve ser empresário ou intelectual. O artigo 55 da Lei nº 8.245/1991 
dispõe que: “Considera-se locação não residencial, quando o locatário for pessoa jurídica e 
o imóvel destinado ao uso de seus titulares, diretores, sócios, gerentes, executivos ou 
empregados”. 
1. O contrato de locação deve ser determinado e de no mínimo cinco anos, admitida 
a soma dos prazos de contratos escritos, sucessivamente renovados. Soma essa, inclusive, 
que pode ser feita pelo sucessor ou cessionário do locatário; 
2. O locatário deve explorar o mesmo ramo de atividade econômica pelo prazo 
mínimo e ininterrupto de três anos na data da propositura da ação renovatória. 
Conclui-se, portanto, que, se o locatário empresário exerce a mesma atividade 
econômica pelo prazo mínimo de três anos, em imóvel locado por prazo determinado e não 
inferior a cinco anos, terá direito à renovação compulsória do contrato de locação. 
O exercício desse direito de renovação compulsória se materializará por meio de 
uma ação de rito especial chamada ação renovatória, como determina o § 5º do artigo 51 da 
Lei nº 8.245/1991. 
A própria lei apresenta, em rol exemplificativo, situações em que o direito à 
renovação compulsória será ineficaz, pela proteção dada ao direito de propriedade: 
1. Ter o locador melhor proposta de terceiro (artigo 72, III, da Lei nº 8.245/1991). 
Ainda que o locatário, no momento da propositura da ação renovatória, apresente valor 
locativo compatível com o valor de mercado, se o locador tiver proposta de terceiro que seja 
mais vantajosa, não deverá obrigatoriamente renovar a locação, pois isso seria uma 
limitação ao seu direito de propriedade. Nesse caso, o locatário terá direito à indenização 
pela perda do ponto (artigo 52, § 3º, da Lei nº 8.245/1991). Por outro lado, se o locatário 
concordar em pagar o valor oferecido pelo terceiro, o contrato deverá ser renovado. 
2. Reforma no prédio locado realizada pelo locador (artigo 52, I, da Lei nº 
8.245/1991). Essa hipótese abrange duas situações: obras executadas em razão de 
determinação do Poder Público e obras executadas por iniciativa do proprietário locador a 
fim de valorizar seu patrimônio. 
Nas duas situações descritas, não será concedida a renovação compulsória do 
contrato de locação. Se a obra, nos dois casos, não começar no prazo de três meses a 
 
16 
 
contar da desocupação do imóvel pelo locatário, caberá a este indenização pelos prejuízos 
sofridos e lucros cessantes. 
3. Retomada do imóvel para uso próprio do locador (artigo 52, II, da Lei nº 
8.245/1991). O locador poderá retomar o imóvel objeto da locação, seja para nele exercer 
atividade econômica ou não. O artigo 52, § 1º, restringe a possibilidade de retomada do 
imóvel para uso próprio, quando locador pretende exercer atividade no mesmo ramo do 
locatário. Nas duas situações descritas, não será concedida a renovação compulsória do 
contrato de locação. Súmula nº 409, STF. 
4. Transferência do estabelecimento empresarial. Desde que existente há mais de 
um ano e de titularidade logicamente do próprio locador, de ascendente, descendente, 
cônjuge, ou de sociedade por ele controlada (artigo 52, II, da Lei nº 8.245/1991). 
Nesses casos, há presunção de sinceridade do retomante, porém, essa presunção é 
relativa, podendo ser impugnada pelo locatário. 
 
[Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - 
Primeira Fase] O empresário individual José de Freitas alienou seu estabelecimento a outro 
empresário mediante os termos de um contrato escrito, averbado à margem de sua inscrição no 
Registro Público de Empresas Mercantis, publicado na imprensa oficial, mas não lhe restaram bens 
suficientes para solver o seu passivo. 
Em relação à alienação do estabelecimento empresarial nessas condições, sua eficácia depende 
A] da quitação prévia dos créditos trabalhistas e fiscais vencidos no ano anterior ao da alienação do 
estabelecimento. 
B] do pagamento a todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou 
tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. 
C] da quitação ou anuência prévia dos credores com garantia real e, quanto aos demais credores, da 
notificação da transferência com antecedência de, no mínimo, sessenta dias. 
D] do consentimento expresso de todos os credores quirografários ou da consignação prévia das 
importâncias que lhes são devidas. 
 
[Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2014 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIII - 
Primeira Fase] Ananias Targino consulta sua advogada para saber as providências que deve tomar 
para publicizar o trespasse do estabelecimento da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada 
(EIRELI) por ele constituída e enquadrada como microempresa, cuja firma é Ananias Targino EIRELI 
ME. 
A advogada corretamente respondeu que: 
A] é dispensável qualquer publicização ou arquivamento do contrato de trespasse do estabelecimento 
por ser a EIRELI enquadrada como microempresa. 
B] é dispensável o arquivamento do contrato de trespasse no Registro Público de Empresas 
Mercantis, mas ele deverá ser publicado na imprensa oficial. 
C] é dispensável o arquivamento do contrato de trespasse no Registro Público de Empresas 
Mercantis, mas ele deverá ser publicado na imprensa oficial e em jornal de grande circulação. 
D] é dispensável a publicação do contrato de trespasse na imprensa oficial, mas ele deverá ser 
arquivado no Registro Público de Empresas Mercantis. 
 
2 Tipos societários 
 
Sucintamente, pode-se dizer que o direito societário compreende o estudo das 
sociedades. E as sociedades, por sua vez, são pessoas jurídicas de direito privado, 
decorrentes da união de pessoas, que possuem fins econômicos, ou seja, são constituídas 
 
17 
 
com a finalidade de exploração de uma atividade econômica e repartição dos lucros entre 
seus membros. 
Uma sociedade empresária pode organizar-se das seguintes formas: a) sociedade 
em nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044); b) sociedade em comandita simples (arts. 1.045 a 
1.051); c) sociedade limitada (arts. 1.052 a 1.087); d) sociedade anônima (arts. 1.088 a 
1.089 c/c a Lei 6.404/1976); e) sociedade em comandita por ações (arts. 1.090 a 1.092). 
A sociedade simples, por sua vez, não ganhou a previsão de tipos societários 
específicos, mas pode, segundo a dicção do art. 983, organizar-se sob a forma de um dos 
tipos de sociedade empresária, com exceção das sociedades por ações, em razão da regra 
do art. 982, parágrafo único, do Código Civil. 
Assim, uma sociedade simples pode organizar-se das seguintes formas: a) 
sociedade simples pura ou simples simples (arts. 997 a 1.038); b) sociedade em nome 
coletivo (arts. 1.039 a 1.044); c) sociedade em comandita simples (arts. 1.045 a 1.051); d) 
sociedade limitada (arts. 1.052 a 1.087). 
É preciso destacar ainda a sociedade cooperativa, que é considerada sempre uma 
sociedade simples, independentemente do seu objeto social (art. 982, parágrafo único, do 
Código Civil). 
Assim como nem todas as pessoas físicas que exploram atividade econômica são 
qualificadas como empresários individuais (cite-se, por exemplo, o profissional intelectual – 
art. 966, parágrafo único, do Código Civil), não são todas as sociedades que podem ser 
qualificadas como sociedades empresárias. Assim, as sociedades podem ser de duas 
categorias: a) sociedades simples, que são aquelas que exploram atividade econômica não 
empresarial, como as sociedades uniprofissionais; b) sociedades empresárias, que 
exploramatividade empresarial, ou seja, exercem profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços (art. 966 do Código 
Civil). Interessa ao direito empresarial, especificamente, o estudo da sociedade empresária. 
O Código Civil estabelece, em seu art. 982, que “salvo as exceções expressas, 
considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de 
empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais”. Isso mostra que, em regra, o 
que define uma sociedade como empresária ou simples é o seu objeto social: se este for 
explorado com empresarialidade (profissionalismo e organização dos fatores de produção), 
a sociedade será empresária; ausente a empresarialidade, ter-se-á uma sociedade simples. 
Há apenas duas exceções a essa regra, previstas no parágrafo único do art. 982, o qual 
prevê que “independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por 
ações; e, simples, a cooperativa”. Assim, a sociedade por ações (por exemplo, uma 
sociedade anônima) é sempre uma sociedade empresária, ainda que não tenha por objeto o 
exercício de empresa; e a sociedade cooperativa é sempre uma sociedade simples, ainda 
que tenha por objeto o exercício de empresa. 
Repetindo o que já se disse anteriormente, a síntese conclusiva é a seguinte: é o 
requisito da organização dos fatores de produção que caracteriza a presença do 
chamado elemento de empresa no exercício de profissão intelectual e que, 
consequentemente, faz com que o profissional intelectual receba a qualificação 
jurídica de empresário. Isso, obviamente, vale tanto para o exercício de profissão 
intelectual individualmente quanto para o exercício de profissão intelectual em sociedade. 
 
18 
 
Portanto, a grande diferença entre as sociedades simples e as sociedades 
empresárias não está no fato de estas possuírem finalidade lucrativa, porque aquelas 
também podem ostentar essa característica. O traço distintivo entre ambas é mesmo o 
objeto social: a sociedade empresária tem por objeto o exercício de empresa (atividade 
econômica organizada de prestação ou circulação de bens ou serviços); a sociedade 
simples tem por objeto o exercício de atividade econômica não empresarial. 
 
 
2.1 Sociedade não personificadas 
 
2.1.1 Sociedade em comum 
 
Segundo o art. 986 do Código Civil, trata-se da sociedade que ainda não inscreveu 
seus atos constitutivos no órgão de registro competente: Junta Comercial, em se tratando de 
sociedade empresária, e Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, em se tratando de 
sociedade simples. 
Interpretando cuidadosamente o art. 986 do Código Civil, apontam esses autores que 
ao usar a expressão “enquanto não inscritos os atos constitutivos” o legislador quis 
disciplinar, na verdade, as sociedades contratuais em formação, e não exatamente as 
antigas sociedades de fato e irregulares. Dizemos especificamente que a norma se refere 
apenas às sociedades contratuais porque o próprio art. 986 deixa claro que estão excluídas 
do seu âmbito de incidência normativa as sociedades por ações em organização, já que a 
legislação acionária específica (Lei 6.404/1976 – LSA) já cuida detalhadamente das 
sociedades por ações no seu período de formação. 
Sociedades Conceito: Celebram contrato de sociedade as pessoas que 
reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, 
para o exercício de at ividade econômica e a part ilha, entre si, 
dos resultados.
Natureza jurídica: contrato plurilateral (escopo comum e 
pluralidade de partes
Elementos: pluralidade de sócios (REGRA), af fect io societat is, 
contribuição para o capital social e part ilha de resultados
 
19 
 
Realmente, interpretando com cuidado a regra do art. 986 do Código Civil, não há 
como negar que a sociedade em comum não corresponde às sociedades de fato ou 
irregulares, como preconiza boa parte da doutrina. As regras da sociedade em comum, na 
verdade, aplicam-se às sociedades contratuais que estão se constituindo, ou seja, aplicam-
se às suas relações entre o momento real da constituição até o respectivo registro do 
contrato social. Isso ocorre porque nenhuma sociedade é constituída da noite para o dia. Ao 
contrário, no Brasil, o trâmite para constituição de uma sociedade é bastante lento, se 
comparado a outros países. 
Desde o momento em que os sócios decidem constituir a sociedade até o momento 
em que o registro é deferido pelo órgão competente (Junta ou Cartório, conforme o caso), a 
sociedade já existe, embora ainda não tenha personalidade jurídica, e já pratica alguns atos 
(por exemplo: aluga um imóvel para lhe servir de sede, contrata advogados para redação do 
ato constitutivo, contrata contadores para obtenção de registro nas repartições fiscais etc.). 
Grosso modo, pode-se fazer um paralelo com as pessoas físicas (pessoas naturais): 
embora elas só adquiram personalidade após o nascimento com vida, o ordenamento 
jurídico lhes reconhece existência e confere proteção desde a concepção (art. 2.º do Código 
Civil). Da mesma forma, embora a sociedade só adquira personalidade após o registro, o 
ordenamento jurídico reconhece sua existência e lhe confere proteção desde a 
exteriorização dos primeiros atos tendentes à constituição do vínculo societário (por 
exemplo: assinatura de contrato social). 
Nada impede, todavia, que eventualmente se apliquem as normas da sociedade em 
comum (arts. 986 a 990 do Código Civil) às sociedades de fato e às sociedades irregulares, 
por analogia. Nesse sentido, confira-se o Enunciado 383 do CJF: “A falta de registro do 
contrato social (irregularidade originária – art. 998) ou de alteração contratual versando 
sobre matéria referida no art. 997 (irregularidade superveniente – art. 999, parágrafo único) 
conduzem à aplicação das regras da sociedade em comum (art. 986)”. 
Uma preocupação específica do Código em relação à disciplina das sociedades 
contratuais em formação foi regular a prova da sua existência, já que elas não possuem 
registro e, consequentemente, são despidas de personalidade jurídica. A regulação dessa 
questão é deveras importante, sobretudo para a solução de controvérsias judiciais 
envolvendo: (i) a sociedade em comum e terceiros e (ii) os sócios da sociedade em comum 
entre si. 
Nesse sentido, o art. 987 do Código Civil estabelece que “os sócios, nas relações 
entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas 
os terceiros podem prová-la de qualquer modo”. A norma em questão repete, na verdade, a 
disciplina que antes era dada às sociedades de fato pelo Código Comercial de 1850, nos 
seus arts. 303 e 304. 
Portanto, no que se refere à prova da existência da sociedade em comum, dispôs o 
Código Civil que os terceiros, nas demandas judiciais que eventualmente necessitarem 
propor contra essa sociedade, podem prová-la por qualquer meio de prova. Em 
contrapartida, se quem necessita provar a existência da sociedade são os seus próprios 
sócios – com a finalidade, por exemplo, de discutir a partilha dos investimentos –, só se 
admite a prova por escrito, ou seja, a apresentação do instrumento contratual ou, pelo 
 
20 
 
menos, um documento que comprove que o terceiro sabia estar negociando com a 
“sociedade”, e não com o sócio. 
O mais importante na disciplina da sociedade em comum estabelecida pelo Código 
Civil é a definição da responsabilidade dos sócios quanto às obrigações sociais. 
É regra geral do direito societário que os sócios respondem subsidiariamente pelas 
obrigações sociais, em virtude da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas, princípio 
consagrado pelo Código em seu art. 1.024, segundo o qual “os bens particulares dos sócios 
não serão executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens 
sociais”. 
Ocorre, todavia, que para a aplicação do disposto no art. 1.024 do Código Civil é 
necessário que se reconheça a existência de uma pessoa jurídica devidamente constituída, 
ou seja, deum ente com personalidade jurídica reconhecida pelo ordenamento jurídico. 
Ora, como o Código estabelece, conforme já destacado, que a personalidade jurídica 
se inicia apenas com o registro dos atos constitutivos da sociedade no órgão competente, a 
sociedade em comum é despida de personalidade jurídica, tanto que o Código a considera 
uma sociedade não personificada, a despeito da impropriedade técnica dessa denominação, 
já apontada por nós. 
Pois bem. A consequência da ausência de personalidade jurídica da sociedade em 
comum deveria acarretar, em tese, a responsabilidade ilimitada e direta dos seus sócios 
pelas obrigações sociais. Afinal, se não há personalidade jurídica não se pode aplicar o art. 
1.024 do Código Civil, uma vez que tal dispositivo se refere, como já frisamos, ao princípio 
da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas. Não havendo uma pessoa jurídica 
devidamente constituída, não há um ente autônomo, distinto da pessoa dos sócios, de quem 
se possa exigir responsabilidade por dívidas contraídas supostamente em seu nome. 
Em suma: para a sociedade em comum, a qual, como o próprio Código estabelece, 
não é dotada de personalidade jurídica, deveria o legislador ter previsto a responsabilidade 
ilimitada e direta dos sócios pelas obrigações sociais. Essa seria a opção mais coerente 
com o sistema. No entanto, não foi essa a opção escolhida. Preferiu o legislador estabelecer 
a responsabilidade ilimitada, porém subsidiária, dos sócios em geral, e a responsabilidade 
ilimitada e direta somente do sócio que contratou pela sociedade: “todos os sócios 
respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de 
ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade” (art. 990 do Código 
Civil). É preciso destacar que o Código, ao mencionar que os sócios da sociedade em 
comum respondem solidariamente pelas obrigações sociais, está determinando a 
solidariedade entre os sócios quanto às dívidas que estes, eventualmente, tenham que 
honrar com seu patrimônio pessoal. Entre sócios e sociedade, todavia, a responsabilidade é 
subsidiária, ou seja, primeiro responde a própria sociedade, para somente depois serem 
executados, eventualmente, os patrimônios pessoais dos sócios. 
Entendemos que a norma em comento parece ser incoerente. A incoerência do 
sistema, ora apontada, em atribuir responsabilidade subsidiária pelas dívidas sociais aos 
sócios da sociedade em comum – com exceção daquele que contratou pela sociedade, o 
qual, como visto, tem responsabilidade direta –, gera um problema relevante de ordem 
prática. Com efeito, determina o art. 1.024 do Código Civil que os sócios não respondem 
pelas dívidas sociais, senão depois de esgotado o patrimônio da sociedade. As pessoas 
 
21 
 
jurídicas, por possuírem patrimônio próprio, separado e distinto do patrimônio dos sócios, 
possuem responsabilidade patrimonial autônoma, e com seus bens e direitos devem garantir 
suas dívidas perante seus credores. Mas qual seria o patrimônio da sociedade em comum? 
Se ela não possui personalidade jurídica, como identificar o “seu” patrimônio? Que bens os 
credores devem atacar primeiro? Melhor dizendo, que bens constituem o “patrimônio social”, 
aptos a serem executados? 
A resposta a essas indagações está no art. 988 do Código Civil, segundo o qual “os 
bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em 
comum”. 
Enfim, como a sociedade em comum, por não ser uma pessoa jurídica com 
existência formal reconhecida pelo ordenamento jurídico – já que a personalidade só se 
inicia com o registro – não tem um “patrimônio próprio” que possa ser formalmente 
identificado (não possui bens em seu nome, não possui uma conta bancária em seu nome), 
o seu “patrimônio social”, na verdade, é formado de bens e direitos titularizados por cada um 
de seus sócios. O que o Código fez, portanto, foi estabelecer uma especialização 
patrimonial, ou melhor, um patrimônio de afetação. 
De fato, pode-se dizer que o patrimônio social da sociedade em comum, segundo o 
art. 988 do Código Civil, é formado por todos os bens que estão diretamente afetados ao 
exercício da atividade constitutiva do objeto social. Nesse sentido, dispõe o Enunciado 210 
do CJF que “o patrimônio especial a que se refere o art. 988 é aquele afetado ao exercício 
da atividade, garantidor de terceiro, e de titularidade dos sócios em comum, em face da 
ausência de personalidade jurídica”. É contra esses bens que os credores sociais devem se 
voltar. Os bens não afetados ao exercício da empresa são bens pessoais dos sócios, 
portanto só podem ser executados depois de exaurido o “patrimônio social” a que se refere 
o artigo em referência. Corroborando nosso entendimento, dispõe o Enunciado 212 do CJF 
que “embora a sociedade em comum não tenha personalidade jurídica, o sócio que tem 
seus bens constritos por dívida contraída em favor da sociedade, e não participou do ato por 
meio do qual foi contraída a obrigação, tem o direito de indicar bens afetados às atividades 
empresariais para substituir a constrição”. 
 
[Ano: 2009 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem - 2 - Primeira 
Fase] Nas sociedades em nome coletivo, 
A] os sócios podem ser pessoas físicas ou jurídicas. 
B] o falecimento de sócio implica a liquidação das quotas do falecido, caso o contrato social 
seja omisso a tal respeito. 
C] a administração pode competir a sócio ou a terceiro designado pelos sócios. 
D] os sócios respondem, de forma subsidiária e limitada à integralização de suas quotas, pelas 
obrigações sociais. 
 
2.1.2 Sociedade em conta de participação 
 
A sociedade em conta de participação é o que a doutrina chama de sociedade 
secreta. Na verdade, não se trata, propriamente, de uma sociedade, mas de um contrato 
especial de investimento. 
Com efeito, a exemplo do que já afirmamos quando do estudo da sociedade em 
comum, é incoerente chamar de sociedade a conta de participação, uma vez que ela não 
 
22 
 
possui personalidade jurídica. Ademais, outras de suas especificidades, como sua natureza 
secreta e a ausência de nome empresarial apontam para a impropriedade técnica de se 
considerar a conta de participação uma espécie de sociedade. 
A sociedade em conta de participação apresenta duas categorias distintas de sócios: 
o sócio ostensivo e os sócios participantes (também chamados de sócios ocultos). A 
propósito, o art. 991 do Código Civil dispõe que “na sociedade em conta de participação, a 
atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu 
nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos 
resultados correspondentes”. 
Vê-se, pois, que a conta de participação é uma “sociedade” que só existe 
internamente, ou seja, entre os sócios. Externamente, isto é, perante terceiros, só aparece o 
sócio ostensivo, o qual exerce, em seu nome individual, a atividade empresarial, e responde 
sozinho pelas obrigações contraídas. 
Os demais sócios, os chamados sócios participantes, não aparecem nas relações 
com terceiros – por isso são também chamados de sócios ocultos –, apenas participando 
dos resultados “sociais”, conforme definido quando da elaboração do ato de constituição da 
“sociedade”. Nesse sentido, é precisa a disposição constante do parágrafo único, do art. 
991, do CC, segundo o qual “obriga-se perante terceiro tão somente o sócio ostensivo; e, 
exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social”. No 
entanto, se os sócios participantes, em determinada negociação, “aparecerem” perante 
terceiros, ou seja, se atuarem em certo negócio social firmado pelo sócio ostensivo com 
terceiros, responderão solidariamente junto com o sócio ostensivo por essa negociação. É 
isso o que determina o art. 993, parágrafo único: “Sem prejuízo do direito de fiscalizar a 
gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações dosócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas 
obrigações em que intervier”. 
Sendo o sócio ostensivo quem, na verdade, exerce a atividade que constitui o objeto 
social, a sua falência “acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva 
conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário” (art. 994, § 2.º), a ser habilitado no 
processo falimentar. Se quem falir, todavia, for o sócio participante, “o contrato social fica 
sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido” (art. 
994, § 3.º). 
As sociedades em conta de participação são bastante informais, razão pela qual a 
sua constituição, de acordo com o art. 992 do Código Civil, “independe de qualquer 
formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito”. Isso, todavia, não significa que 
conta de participação não possua um contrato. Este existe, sim, mas não precisa sequer ser 
escrito. Ademais, a conta de participação, como já frisado, não tem personalidade jurídica, 
mesmo que seu contrato seja escrito e inscrito em algum órgão de registro, conforme prevê 
o art. 993 do Código Civil: “o contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a 
eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade 
jurídica à sociedade”. Geralmente os contratos de sociedade em conta de participação são 
registrados no cartório civil de títulos e documentos, mas esse registro, repita-se, não 
confere personalidade jurídica à sociedade. 
 
23 
 
Normalmente, a sociedade em conta de participação é constituída para a realização 
de empreendimentos temporários ou até mesmo para a realização de determinado negócio 
específico, extinguindo-se posteriormente. 
Por não ter personalidade jurídica, a conta de participação não possui um patrimônio 
social, mas, a exemplo do que ocorre com a sociedade em comum, já estudada no tópico 
antecedente, o legislador criou para essa sociedade um patrimônio especial, conforme 
disposto no art. 994 do Código Civil: “a contribuição do sócio participante constitui, com a do 
sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios 
sociais”. Observe-se, porém, que como a atividade é exercida unicamente pelo sócio 
ostensivo, que o faz em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, 
a referida “especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios” (art. 
994, § 1.º). Perante terceiros, frise-se, quem responde é o próprio sócio ostensivo. 
Cabe ao sócio ostensivo, pois, utilizar esse patrimônio especial a que se refere o art. 
994 do Código Civil para a consecução do fim almejado pela sociedade, conforme descrito 
no contrato social. Destaque-se, finalmente, que conforme disposto no art. 995 do Código 
Civil, “salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o 
consentimento expresso dos demais”. Além disso, o Código também dispõe que “aplica-se à 
sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for compatível, o 
disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à 
prestação de contas, na forma da lei processual” (art. 996). 
 
[Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2014 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIV - 
Primeira Fase] Mariana, Januária e Cristina decidiram constituir uma sociedade em conta de 
participação, sendo a primeira sócia ostensiva e as demais sócias participantes. 
Sobre o caso apresentado, de acordo com as disposições do Código Civil, assinale a opção correta. 
A] É vedada a participação de mais de um sócio ostensivo na sociedade em conta de participação; 
logo, as demais sócias não poderão ter a qualidade de sócio ostensivo. 
B] As sócias participantes Januária e Cristina poderão fiscalizar a gestão dos negócios sociais 
pela sócia ostensiva Mariana. 
C] A sociedade em conta de participação deverá adotar como nome empresarial firma social, da qual 
deverá fazer parte a sócia ostensiva. 
D] A sociedade somente poderá existir se o contrato não estiver inscrito em qualquer registro, pois é 
uma sociedade não personificada. 
 
2.2 Sociedades personificadas 
2.2.1 Sociedade simples 
 
No Código está regulamentado as sociedades nos arts. 997 a 1.038 e praticamente a 
reserva para a exploração de atividades econômicas não consideradas como empresárias, 
tal qual ocorria com as antigas sociedades civis. 
O Código Civil, ao revogar as normas do direito societário constantes do Código 
Comercial de 1850, distinguiu as sociedades em: a) não personificadas, isto é, que não têm 
personalidade jurídica, e são a sociedade em comum e a sociedade em conta de 
participação, previstas nos arts. 986 a 996; b) personificadas, que adquirem personalidade 
jurídica com a inscrição no registro próprio (art. 985), incluindo nestas últimas a sociedade 
simples, ao lado da sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, 
sociedade limitada, sociedade em comandita por ações e sociedade cooperativa. 
 
24 
 
Distinguiu ainda o Código Civil as sociedades em: a) sociedades empresárias; e b) 
sociedades simples. 
Nos termos do art. 1.150 do Código Civil a sociedade simples que for constituída sob o 
modelo de sociedade empresária, apesar de subordinar-se às normas do tipo societário 
escolhido, continuará a ser considerada de natureza simples para fins de registro, devendo 
seu contrato ser arquivado no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas do local de 
sua sede. 
Outrossim, por força do parágrafo único do art. 982, a sociedade cooperativa será 
sempre considerada sociedade simples. 
Ademais, se a sociedade simples adotar o modelo de sociedade por ações, ela será 
considerada como sociedade empresária, a teor do art. 2º, § 1º, da Lei n. 6.404/76, assim 
redigido: “Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos 
do comércio”. 
As sociedades simples estão reguladas nos arts. 997 a 1.038 do Código Civil e devem 
ser constituídas mediante contrato, formalizado em instrumento escrito, particular ou público, 
que, além das cláusulas livremente estipuladas pelas partes, deverá atender aos requisitos 
dos incisos I a VIII do art. 997, cuja inobservância acarretará a inviabilidade do registro 
público. 
A seguir serão abordadas as cláusulas obrigatórias. 
- A qualificação completa dos sócios: o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e 
residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou denominação, nacionalidade e sede 
dos sócios, se pessoas jurídicas. 
- A denominação, objeto, sede e prazo da sociedade: a sociedade simples só pode adotar 
como nome empresarial a denominação que deve indicar o objeto social, sendo permitido 
nela figurar o nome de um ou mais sócios. A denominação, que não se confunde com a 
firma social, pode ser constituída com vocábulos no idioma nacional ou estrangeiro ou 
expressões de fantasia, devendo, a final, conter a expressão “sociedade simples”, por 
extenso ou abreviadamente. Exemplo: Clínica Fisioterapeuta Boa Recuperação Sociedade 
Simples. Para os efeitos da proteção legal, o parágrafo único do art. 1.155 equipara a 
denominação das sociedades simples ao nome empresarial. Disso resulta que a inscrição 
da sociedade simples no Registro Civil das Pessoas Jurídicas assegura o uso exclusivo do 
nome nos limites do respectivo Estado, visto que a exclusividade do uso poderá estender-se 
a todo território nacional, desde que o registro seja feito nos termos de lei especial a ser 
editada. O objeto social é a atividade econômica a ser exercida pela sociedade simples. É 
importante que ele seja claramente definido no contrato social, especialmente em face da 
competência dos administradores para praticar atos em nome da sociedade, não se 
olvidando da possibilidade de se invocar a teoria ultra vires, quando os administradores 
realizarem operações evidentemente estranhas ao objeto social, o que autoriza a sociedade 
alegar o excesso praticadopelos administradores (art. 1.015, parágrafo único, III). A 
indicação da sede social tem extrema relevância, notadamente quando a sociedade tem 
filiais, sendo importante a verificação do local em que se centraliza a administração 
societária. Relevante, ainda, indicar se a sociedade é celebrada por prazo indeterminado ou 
determinado, já que tal fato tem consequências na permissão da dissolução da sociedade 
com exigência de deliberação unânime ou por maioria dos sócios (art. 1.033, II e III). 
 
25 
 
- Capital da sociedade: o capital da sociedade é expresso em moeda corrente, podendo 
compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária. O capital 
social não pode ser objeto de qualquer ato constritivo judicial, como, por exemplo, arresto, 
sequestro ou penhora. Já o patrimônio social pode ser penhorado, arrestado ou 
sequestrado. 
- A quota de cada sócio no capital social e o modo de realizá-la: o valor da contribuição em 
bens, dinheiro ou créditos que cada sócio transmite para a formação do capital social servirá 
de base para a fixação do percentual da participação societária com base em quotas. O 
capital social é dividido em quotas e cada sócio poderá ter uma ou mais delas, de valor igual 
ou diferente. Já no que concerne ao modo de realização das quotas, ou seja, à forma de 
pagamento do valor prometido ou do bem a ser conferido, especialmente no que diz respeito 
ao prazo da integralização, é importante que o contrato social seja claro sobre a matéria, 
haja vista que a mora dos sócios na realização das quotas acarreta-lhes a qualidade de 
remissos, com a consequente responsabilidade por perdas e danos ou a exclusão do 
quadro societário. 
- As prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços: na 
sociedade simples, a contribuição dos sócios, além de poder ser feita em dinheiro ou bens, 
também poderá consistir na prestação de serviços para a sociedade, admitindo-se, 
inclusive, sócio que contribua exclusivamente com serviços – sócio de indústria. Em tal 
caso, o contrato social deve ser bem claro em relação ao tipo de serviços, modo e 
condições de prestá-los, a fim de se evitar conflitos na interpretação da contribuição do 
sócio de indústria. 
- As pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, seus poderes e 
atribuições: só pessoas naturais podem ser designadas no contrato social como 
administradoras. Por isso, no caso de sociedades simples cujos sócios sejam pessoas 
jurídicas, será de rigor que se admita pelo menos uma pessoa natural como sócia, a fim de 
que esta exerça as funções de administrador. 
- A participação de cada sócio nos lucros e nas perdas: o art. 981 prevê que celebram 
contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou 
serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. 
- Se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais: em relação a 
tal cláusula obrigatória, no caso em exame – sociedade simples –, a responsabilidade 
subsidiária dos sócios pelas dívidas sociais é prevista no art. 1.023 e, dessa forma, entende-
se que não é admissível que o contrato estabeleça que os sócios não respondam 
subsidiariamente pelas obrigações sociais. Elaborado o contrato social, com observância 
das cláusulas obrigatórias antes referidas, assinado o instrumento por todos os sócios, 
segue-se a obrigação de ser promovida, no prazo de trinta dias, a inscrição da sociedade no 
Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede (art. 998). A sociedade adquire 
personalidade jurídica com o referido registro, consoante prevê o art. 985. Pode-se afirmar o 
seguinte: se a sociedade simples, constituída por contrato social regularmente assinado por 
seus sócios, entra imediatamente em atividade, ela será considerada regular, desde que seu 
ato constitutivo seja apresentado ao Registro Civil no prazo de trinta dias de sua elaboração, 
vale dizer, da data constante do instrumento. Assim, tendo a sociedade exercido sua 
atividade econômica no período em que seu contrato ainda não estava registrado, ela não 
 
26 
 
será considerada irregular naquele período, pois, foi observada a protocolização de seu ato 
constitutivo no prazo legal e a eficácia do registro retroage à data consignada no 
documento. Porém, se o instrumento contratual for levado ao Registro Civil após o decurso 
do prazo legal, como, por exemplo, sessenta dias depois, e a sociedade tiver exercido sua 
atividade desde o dia em que o contrato foi elaborado e assinado, ela será considerada 
irregular no período abrangido pela data do contrato e a data em que foi concedido o 
registro pelo órgão registrário, sendo regida, na fase da irregularidade, pelas regras da 
sociedade em comum (arts. 986/990). 
Estabelece o art. 983 que a sociedade simples pode constituir-se de conformidade 
com um dos tipos de sociedade empresária, previstos nos arts. 1.039 a 1.092, caso em que 
ficará subordinada às regras do tipo de sociedade empresária adotado. 
Mesmo que isso ocorra, ou seja, sociedade intrinsecamente simples, com adoção de 
tipo de sociedade empresária, e, portanto, submetida ao regramento do modelo legal 
adotado, a sociedade deverá inscrever-se no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. 
Em que pese ter a sociedade simples, regularmente inscrita no Registro Público 
competente, personalidade jurídica, entende-se que a personificação de tal sociedade não 
tem o condão de permitir a limitação da responsabilidade de seus sócios. 
 
a) Deliberações societárias 
As modificações do contrato social referentemente às matérias indicadas no art. 997 
dependem do consentimento unânime dos sócios (art. 999), e as demais alterações podem 
ser deliberadas pela maioria absoluta de votos, isto é, por sócios que representem mais da 
metade do capital social, salvo cláusula contratual que exija quórum superior. As alterações 
do contrato social, referentes às matérias previstas no art. 997, além da assinatura de todos 
os sócios no instrumento respectivo, exige, para eficácia erga omnes, a competente 
averbação no Registro Civil. 
 
b) cessão de cotas 
A cessão total ou parcial das quotas, sem a modificação do contrato social, com o 
consentimento dos demais sócios, não terá eficácia em relação a esses sócios e à 
sociedade. Trata-se, portanto, de uma sociedade de pessoas, pois o ingresso de novos 
sócios, para produzir efeitos em relação à sociedade e aos outros sócios, fica na 
dependência do consentimento de todos os sócios remanescentes e da alteração do 
contrato social (art. 1.003). 
Por isso, promovida a cessão das quotas sociais para terceiro, sem que haja a prévia 
modificação do contrato social, com a assinatura de todos os sócios, o negócio jurídico é 
ineficaz em relação aos demais sócios e à sociedade. Em tal caso, a cessão só produzirá 
efeitos em relação ao cedente e ao cessionário, já que este, não logrando ingressar no 
quadro societário por não-atendimento dos requisitos legais, terá direito de postular a 
resolução da cessão e perdas e danos contra o cedente. 
Impende ressaltar ainda que a cessão de quotas sociais, para ter eficácia em relação 
a terceiros (não sócios), exige a averbação da alteração do contrato social no Registro Civil 
das Pessoas Jurídicas (art. 999, parágrafo único). 
 
27 
 
Realizada a cessão de quotas com o cumprimento de todas as exigências legais, vale 
dizer, alteração do contrato social, assinatura de todos os sócios e averbação no Registro 
Civil, o cedente, pelo prazo de dois anos a partir da averbação, responde solidariamente 
com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. 
 
c) Obrigações dos sócios 
As obrigações dos sócios da sociedade simples começam tão logo ele assine o 
contrato social, salvo se este fixar outra data. Outrossim, tais obrigações terminarão quando 
for promovida a liquidação da sociedade se forem extintas as responsabilidades sociais (art. 
1.001).

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