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DIREITO EMPRESARIAL Prof. Grace Kellen de Freitas 1 PONTO 1 TEORIA E TIPOS SOCIETÁRIOS 1 Teoria geral do Direito Empresarial Nas relações empresariais, aplicam-se o Código Civil, legislação extravagante e parte do Código Comercial [relativa ao Comércio Marítimo - arts. 457-756, observando que o Título IX - Naufrágios e salvados, arts. 731-739, restou revogado]. Com o Código Civil de 2002, entra em vigor a Teoria da Empresa, de origem italiana, deixando-se de aplicar a Teoria dos Atos de Comércio, construção de origem francesa (Código Comercial de Napoleão, de 1807), adotada pelo legislador pátrio que elaborou o Código Comercial de 1850, a Lei Imperial n. 556. Com essa modificação paradigmática, compreende-se como empresarial a atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Será empresário aquele que exercer profissionalmente esta atividade. Assim, o legislador limitou o conceito de empresariais, excluindo as profissões intelectuais, de natureza científica, literária ou artística. Logo, é empresarial toda e qualquer atividade econômica, organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços, excluídas as decorrentes de profissão de cunho intelectual, de natureza científica, literária ou artística. A atividade empresarial precisa ser vista a partir de vários aspectos. De modo subjetivo, deve-se proteger o empresário, aquele que exerce a atividade empresarial. Também deve ser analisado o aspecto subjetivo, que trata do conjunto de bens capazes de permitir o exercício da empresa. O aspecto corporativo ou institucional, que percebe os esforços de dirigentes e colaboradores no andamento institucional. O perfil funcional é aquele que permite verificar a atividade empresarial como sendo a que movimenta riquezas e rendas. Assim, a empresa pode ser vista a partir desses quatro perfis: subjetivo, objetivo, corporativo e funcional. O Direito Empresarial, assim nomeado com a inserção da Teoria da Empresa, engloba expressão mais abrangente e que abarca os setores da atividade econômica. [Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase] Roberto desligou-se de seu emprego e decidiu investir na construção de uma hospedagem do tipo pousada no terreno que possuía em Matinhos. Roberto contratou um arquiteto para mobiliar a pousada, fez cursos de hotelaria e, com os ensinamentos recebidos, contratou empregados e os treinou. Ele também contratou um desenvolvedor de sites de Internet e um profissional de marketing para divulgar sua pousada. Desde então, Roberto dedica-se exclusivamente à pousada, e os resultados são promissores. A pousada está sempre cheia de hóspedes, renovando suas estratégias de fidelização; em breve, será ampliada em sua capacidade. Considerando a descrição da atividade econômica explorada por Roberto, assinale a afirmativa correta. A] A atividade não pode ser considerada empresa em razão da falta tanto de profissionalismo de seu titular quanto de produção de bens. B] A atividade não pode ser considerada empresa em razão de a prestação de serviços não ser um ato de empresa. C] A atividade pode ser considerada empresa, mas seu titular somente será empresário a partir do registro na Junta Comercial. 2 D] A atividade pode ser considerada empresa e seu titular, empresário, independentemente de registro na Junta Comercial. [Ano: 2007 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2007 - OAB - Exame de Ordem - 2 - Primeira Fase] Considerando o atual estágio do direito comercial (ou empresarial) brasileiro, assinale a opção correta. A] O Código Civil de 2002 revogou totalmente o Código Comercial de 1850. B] A Constituição da República estabelece a competência privativa da União para legislar sobre direito comercial (ou empresarial). C] O Código Civil de 2002, assim como o Código Comercial de 1850, adotou a teoria da empresa. D] O Código Civil de 2002 não revogou a antiga legislação sobre sociedades por quotas de responsabilidade limitada. 1.1 Fontes de Direito Empresarial O Direito Empresarial possui fontes próprias, como ramo autônomo. Dessa maneira, sua formação está assentada em diversas legislações. Além dos princípios explícitos e implícitos, e do texto constitucional, há legislação infraconstitucional e extravagante. Além da ordem econômica que é fonte do Direito Empresarial. 3 Difícil é definir quais de legislações são aplicáveis ao Direito Empresarial, tendo em vista a gama de leis que tratam e versam sobre os diversos aspectos desse ramo que tem por principal característica ser fragmentado. Faz-se uma divisão que permite o estudo e garante uma melhor visão: a teoria do direito empresarial, societário, títulos de crédito [cambiário], concursal [recuperação e falência de empresas], propriedade industrial e contratos empresariais. 1.2 Princípios do Direito Empresarial O Direito empresarial possui princípios que expressam os valores que devem ser seguidos na interpretação desse ramo do direito. O primeiro princípio é o da função social da empresa, que visa a proteção da atividade econômica, tão importante ao desenvolvimento econômico, bem como o cuidado para que os regramentos acerca do direito ambiental, do consumidor e do direito do trabalho também sejam seguidos. O segundo princípio e que guarda relação com o primeiro, é o da preservação da empresa. Em razão desse princípio é que se dá importância à continuidade da atividade de produção de riquezas e circulação de bens ou serviços. O desenvolvimento social passa pela empresa e sua atividade. A livre-iniciativa prevista no artigo 1º, IV, da Constituição Federal, também é princípio de direito empresarial e está atrelado ao princípio da livre-concorrência. Por certo, protegem e orientam uma atividade lícita faticamente e juridicamente, pois os todos os valores devem conviver de modo harmônico. O STF sumulou que: “Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área” [SÚMULA 646]. A boa-fé objetiva também é princípio do direito empresarial e impõe deveres de atuação e postura proba, leal e colaborativa. 1.3 Da caracterização e da inscrição Do conceito de empresário estabelecido no art. 966 do Código Civil, afirmar-se que se considera empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, pode-se extrair as seguintes expressões, que indicam os principais elementos indispensáveis à sua caracterização: a) profissionalmente; b) atividade econômica; c) organizada; d) produção ou circulação de bens ou de serviços. Serão empresariais as atividades que tenham as seguintes características: 1) economicidade: criação ou circulação de riquezas e de bens ou serviços patrimonialmente valoráveis; 2) organização: compreende tanto o trabalho, a tecnologia, os insumos e o capital, próprios ou alheios; 3) profissionalidade: refere-se à atividade não ocasional e à assunção em nome próprio dos riscos da empresa. 4 O art. 966 do Código Civil, ao conceituar empresário como aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada, não está se referindo apenas à pessoa física (ou pessoa natural) que explora atividade econômica, mas também à pessoa jurídica. [Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VI - Primeira Fase – Reaplicação] A respeito do nome empresarial, é correto afirmar que A] o nome empresarial pode ser objeto de contrato de compra e venda. B] a sociedade em conta de participação, por possuir personalidade jurídica, pode adotar firma ou denominação. C] a sociedade anônima será designada somente por meio de denominação. D] a sociedade limitada será designada somente por meio de firma. Portanto, tem-se que o empresário pode ser um empresário individual(pessoa física que exerce profissionalmente atividade econômica organizada) ou uma sociedade empresária (pessoa jurídica constituída sob a forma de sociedade cujo objeto social é a exploração de uma atividade econômica organizada). Com o advento da Lei n. 12.411, de 11 de julho de 2011, a classificação para o exercício individual da atividade econômica comporta uma subdivisão: (a) os simplesmente denominados empresários individuais cuja responsabilidade é ilimitada, alcançando todos seus bens pessoais; (b) as empresas individuais de responsabilidade limitada, de responsabilidade restrita ao valor do capital social integralizado. Deve-se lembrar que as sociedades empresárias e as empresas individuais de responsabilidade limitada possuem personalidade jurídica. A afirmação decorre do disposto nos arts. 40-44 do CC que classifica as pessoas jurídicas em pessoas jurídicas de direito público – interno e externo – e pessoas jurídicas de direito privado, estas compreendendo as associações, sociedades, fundações, partidos políticos, organizações religiosas e empresas individuais de responsabilidade limitada (CC, art. 44). Quando se está diante de uma sociedade empresária, é importante atentar para o fato de que os seus sócios não são empresários: o empresário, nesse caso, é a própria 5 sociedade, ente ao qual o ordenamento jurídico confere personalidade e, consequentemente, capacidade para adquirir direitos e contrair obrigações. Assim, pode-se dizer que expressão empresário designa um gênero, do qual são espécies o empresário individual (pessoa física) e a sociedade empresária (pessoa jurídica). É obrigação legal imposta a todo e qualquer empresário (empresário individual ou sociedade empresária) se inscrever na Junta Comercial antes de iniciar a atividade, sob pena de começar a exercer a empresa irregularmente. Trata-se de obrigação legal prevista no art. 967 do Código Civil, o qual dispõe ser “obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade”. Saliente-se, porém, que o registro na Junta Comercial, embora seja uma formalidade legal imposta pela lei a todo e qualquer empresário individual ou sociedade empresária – com exceção daqueles que exercem atividade econômica rural (arts. 971 e 984) – não é requisito para a caracterização do empresário e sua consequente submissão ao regime jurídico empresarial. Para fazer a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, realizado pela Junta Comercial, o empresário individual terá de obedecer às formalidades legais previstas no art. 968 do Código Civil, ou seja, fazer requerimento que contenha: “I – o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II – a firma, com a respectiva assinatura autógrafa que poderá ser substituída pela assinatura autenticada com certificação digital ou meio equivalente que comprove a sua autenticidade, ressalvado o disposto no inciso I do § 1.º do art. 4.º da Lei Complementar n.º 123, de 14 de dezembro de 2006; III – o capital; IV – o objeto e a sede da empresa”. Tratando-se, por outro lado, de sociedade empresária, deve-se levar a registro o ato constitutivo (contrato social ou estatuto social), que conterá todas as informações necessárias. Os §§ 1.º e 2.º do referido artigo, a seu turno, dispõem: “com as indicações estabelecidas neste artigo, a inscrição será tomada por termo no livro próprio do Registro Público de Empresas Mercantis, e obedecerá a número de ordem contínuo para todos os empresários inscritos”; “à margem da inscrição, e com as mesmas formalidades, serão averbadas quaisquer modificações nela ocorrentes”. O Código Civil ainda determina, em seu art. 969, que “o empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária”. E complementa, no parágrafo único do referido artigo: “em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede”. • Filial é a sociedade empresária que atua sob a direção e administração de outra, chamada de matriz, mas mantém sua personalidade jurídica e o seu patrimônio, bem como preserva sua autonomia diante da lei e do público. • Agência é a empresa especializada em prestação de serviços que atua especificamente como intermediária. • Sucursal é o ponto de negócio acessório e distinto do ponto principal, responsável por tratar dos negócios deste e a ele subordinado administrativamente. 6 Por fim, não custa repetir e lembrar: (i) a única exceção, como visto, em relação à obrigatoriedade do registro é a referente aos exercentes de atividade econômica rural, os quais possuem a simples faculdade de registrar-se na Junta Comercial, conforme estabelece o art. 971, caso seja empresário individual, e 984, caso seja sociedade, ambos do Código Civil. Importa lembrar que a Lei 8.906/1994 (Estatuto da OAB), em seu art. 1.º, § 2.º, determina que os atos de registro de empresários individuais e de sociedades empresárias devem estar visados por um advogado. [Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase] Luzia Betim pretende iniciar uma sociedade empresária em nome próprio. Para tanto, procura assessoria jurídica quanto à necessidade de inscrição no Registro Empresarial para regularidade de exercício da empresa. Na condição de consultor(a), você responderá que a inscrição do empresário individual é A] dispensada até o primeiro ano de início da atividade, sendo obrigatória a partir de então. B] obrigatória antes do início da atividade. C] dispensada, caso haja opção pelo enquadramento como microempreendedor individual. D] obrigatória, se não houver enquadramento como microempresa ou empresa de pequeno porte. 1.4 Da capacidade para ser empresário Para o exercício da atividade empresarial é necessário ser pessoa capaz, no pleno gozo de sua capacidade civil. Porém, duas são as exceções para que incapaz exerça atividade empresarial. A matéria está disciplinada no art. 974 do Código Civil, o qual prevê que “poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança”. Ressalte-se apenas que, de acordo com o art. 976, caput, do Código Civil, “a prova da emancipação e da autorização do incapaz, nos casos do art. 974, e a de eventual revogação desta, serão inscritas ou averbadas no Registro Público de Empresas Mercantis”. O art. 974 do Código Civil se refere ao exercício individual de empresa (pessoa física). Já a possibilidade de o incapaz ser sócio de uma sociedade empresária configura situação totalmente distinta, prevista no § 3º do art. 974 do Código Civil e as exigências são as de que o incapaz não exerça poderes de administração, que o capital esteja totalmente integralizado e que ele seja assistido ou representado, conforme o grau de sua incapacidade. INCAPAZ – EMPRESÁRIO INDIVIDUAL – art. 974, §§ 1º e 2º I CONTINUIDADE DE EMPRESA II AUTORIZAÇÃO DO JUIZ III SALVAGUARDA DOS BENS DO INCAPAZ INCAPAZ – SOCIEDADE EMPRESÁRIA – art. 974, § 3º I REPRESENTAÇÃO II INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL III NÃO EXERCÍCIO DA ADMINISTRAÇÃO 7 [Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase] Álvares Florence tem um filho relativamente incapaz e consulta você, como advogado(a), para saber da possibilidade de transferir para o filho parte das quotas que possui na sociedade empresária Redenção da Serra Alimentos Ltda., cujo capital social se encontra integralizado. Apoiado na disposição do Código Civil sobre o assunto, você respondeu que A] é permitido o ingresso do relativamente incapaz na sociedade, bastandoque esteja assistido por seu pai no instrumento de alteração contratual. B] não é permitida a participação de menor, absoluta ou relativamente incapaz, em sociedade, exceto nos tipos de sociedades por ações. C] não é permitida a participação de incapaz em sociedade, mesmo que esteja representado ou assistido, salvo se a transmissão das quotas se der em razão de sucessão causa mortis. D] é permitido o ingresso do relativamente incapaz na sociedade, desde que esteja assistido no instrumento de alteração contratual, devendo constar a vedação do exercício da administração da sociedade por ele. (Exame XX) Maria, empresária individual, teve sua interdição decretada pelo juiz a pedido de seu pai, José, em razão de causa permanente que a impede de exprimir sua vontade para os atos da vida civil. Sabendo-se que José, servidor público federal na ativa, foi nomeado curador de Maria, assinale a afirmativa correta. A] É possível a concessão de autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria; porém, diante do impedimento de José para exercer atividade de empresário, este nomeará, com a aprovação do juiz, um ou mais gerentes. B] A interdição de Maria por incapacidade traz como efeito imediato a extinção da empresa, cabendo a José, na condição de pai e curador, promover a liquidação do estabelecimento. C] É possível a concessão de autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria antes exercida por ela enquanto capaz, devendo seu pai, José, como curador e representante, assumir o exercício da empresa. D] Poderá ser concedida autorização judicial para o prosseguimento da empresa de Maria, porém ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que Maria já possuía ao tempo da interdição, tanto os afetados quanto os estranhos ao acervo daquela. 1.5 Dos impedidos de exercer atividade empresarial São impedidos de exercer a atividade empresarial: a) Falidos, enquanto não tiverem suas obrigações extintas (art. 158 da Lei 11.101/2005); b) Leiloeiros e corretores; c) Servidores públicos no exercício da atividade pública – o impedimento recai sobre a atividade de empresário individual, administrador de sociedade empresária, mas não o impede de ser sócio ou acionista de uma sociedade (art. 117, X, da Lei 8.112/1990). No mesmo sentido, magistrados e membros do Ministério Público (art. 36, I e II, da LC 35/1979 8 e art. 44, III, da Lei 8.625/1993), bem como os militares na ativa (art. 204 do Código Penal Militar); d) Deputados e Senadores sofrem restrições na atividade empresarial, de tal modo que não podem ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada (art. 54, II, a, da CF/1988). No mesmo sentido, tais restrições se aplicam aos vereadores (art. 29, IX, da CF/1988); e) Estrangeiros e sociedades sem sede no Brasil, para algumas atividades, como a empresa jornalística e de radiodifusão (art. 222 da CF/1988) e a exploração e aproveitamento das jazidas e demais recursos minerais, inclusive potenciais de energia hidráulica, que só podem ser exercidas por brasileiros ou pessoas jurídicas brasileiras, mediante autorização ou concessão da União (art. 176 da CF/1988); f) Médico, no exercício simultâneo de farmácia. g) Impedimento de constituição de sociedade empresarial composta por cônjuges casados sob o regime da comunhão universal de bens ou da separação obrigatória. [Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2014 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIII - Primeira Fase] Olímpio Noronha é servidor público militar ativo e, concomitantemente, exerce pessoalmente atividade econômica organizada sem ter sua firma inscrita na Junta Comercial. Em relação às obrigações assumidas por Olímpio Noronha, assinale a alternativa correta. A] São válidas tanto as obrigações assumidas no exercício da empresa quanto estranhas a essa atividade e por elas Olímpio Noronha responderá ilimitadamente. B] São nulas todas as obrigações assumidas, porque Olímpio Noronha não pode ser empresário concomitantemente com o serviço público militar. C] São válidas apenas as obrigações estranhas ao exercício da empresa, pelas quais Olímpio Noronha responderá ilimitadamente; as demais são nulas. D] São válidas apenas as obrigações relacionadas ao exercício da empresa e por elas Olímpio Noronha responderá limitadamente; as demais são anuláveis. 1.6 Dos tipos individuais empresariais A) EMPRESÁRIO INDIVIDUAL A figura do empresário individual é a pessoa física que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços (art. 966 do Código Civil). Em relação ao empresário casado, o art. 978 do Código Civil dispõe que é desnecessária a outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, para alienação dos imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real”. O art. 979 do Código Civil, por sua vez, determina que, “além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade”. Portanto, se estes atos não forem devidamente registrados na Junta Comercial, o empresário não poderá opô-los contra terceiros. 9 O art. 980 do Código Civil determina que: “a sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis”. B) EXERCENTE DE ATIVIDADE ECONÔMICA RURAL O exercente de atividade econômica rural empresarial não está obrigado ao registro na Junta Comercial. Assim, há uma faculdade de se registrar ou não perante a Junta Comercial da sua unidade federativa. Logo, o registro para o exercente de atividade econômica rural tem natureza constitutiva, e não meramente declaratória, sendo o registro na Junta, pois, condição indispensável para sua caracterização como empresário e consequente submissão ao regime jurídico empresarial. (Exame XX - Reaplicação Salvador) O engenheiro agrônomo Zacarias é proprietário de quatro fazendas onde ele realiza, em nome próprio, a exploração de culturas de soja e milho, bem como criação intensiva de gado. A atividade em todas as fazendas é voltada para exportação, com emprego intenso de tecnologia e insumos de alto custo. Zacarias não está registrado na Junta Comercial. Com base nessas informações, é correto afirmar que A] Zacarias, por exercer empresa em caráter profissional, é considerado empresário independentemente de ter ou não registro na Junta Comercial. B] Zacarias, mesmo que exerça uma empresa, não será considerado empresário pelo fato de não ter realizado seu registro na Junta Comercial. C] Zacarias não pode ser registrado como empresário, porque, sendo engenheiro agrônomo, exerce profissão intelectual de natureza científica, com auxílio de colaboradores. D] Zacarias é um empresário de fato, por não ter realizado seu registro na Junta Comercial antes do início de sua atividade, descumprindo obrigação legal. C) MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE Entende-se como microempresas ou empresas de pequeno porte, o empresário, na forma do art. 966 do Código Civil, a sociedade empresária, a sociedade simples, e a empresa individual de responsabilidade limitada, quando devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, desde que aufiram receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), no caso da microempresa; e receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais), em cada ano-calendário, para empresa de pequeno porte, conforme art. 3º, incisos I eII, da LC 123/2006. Não poderá se beneficiar do tratamento diferenciado da LC 123/2006, conforme o art. 3.º, § 4.º, a pessoa jurídica: “I – de cujo capital participe outra pessoa jurídica; II – que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; III – de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; IV – cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; V – cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins 10 lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; VI – constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo; VII – que participe do capital de outra pessoa jurídica; VIII – que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; IX – resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores; X – constituída sob a forma de sociedade por ações; XI – cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade”. Da mesma forma, não pode recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: “I – que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); II – que tenha sócio domiciliado no exterior; III – de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal; IV – (Revogado); V – que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; VI – que preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto quando na modalidade fluvial ou quando possuir características de transporte urbano ou metropolitano ou realizar-se sob fretamento contínuo em área metropolitana para o transporte de estudantes ou trabalhadores; VII – que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica; VIII – que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas; IX – que exerça atividade de importação de combustíveis; X – que exerça atividade de produção ou venda no atacado de: a) cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes; b) bebidas a seguir descritas: 1 – alcoólicas; 4 – cervejas sem álcool; XII – que realize cessão ou locação de mão de obra; XIV – que se dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis; XV – que realize atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se referir a prestação de serviços tributados pelo ISS; XVI – com ausência de inscrição ou com irregularidade em cadastro fiscal federal, municipal ou estadual, quando exigível” (art. 17 da LC 123/2006). A partir desta definição e respeitadas as exclusões legais, será possível sua opção de recolhimento tributário pelo Simples Nacional (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), que permitirá o recolhimento mensal unificado do IR, IPI, CSLL, Cofins, PIS/Pasep, CPP (Contribuição Patronal Previdenciária), ICMS e ISS. Apesar de ser facultativa a opção pelo Simples Nacional, uma vez realizada, será irretratável durante o ano-calendário. O art. 179 da CF/1988 dispõe: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação 11 de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei”. Os principais benefícios trazidos pela LC 123/2006 são: a) a abertura e o encerramento facilitados da empresa (arts. 8.º, 9.º e 10). A facilitação se observa especialmente quanto à impossibilidade de outros órgãos envolvidos com o registro da atividade determinarem mais documentos do que os pedidos pela Junta Comercial. Além disso, não é necessária a assinatura de advogado no contrato social, além da possibilidade da baixa automática, diante da inatividade por mais de três anos; b) o incentivo à associação, por meio do consórcio simples (art. 56). Com o incentivo à associação, as ME e as EPP têm maior força de contratação, podendo, por exemplo, adquirir bens numa quantidade maior e negociar as condições de pagamento em virtude da quantidade da compra; c) a existência de uma fiscalização orientadora (art. 55). Nesse caso, a ME e a EPP estariam sujeitas a uma dupla visita da fiscalização, ressalvados os casos de falta de registro de empregado, reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fiscalização: a primeira com a finalidade de orientar e somente a segunda com o objetivo de lavrar o auto de infração se as recomendações não foram seguidas; d) o pagamento facilitado no protesto de títulos (art. 73). Nesse caso, a ME e a EPP estão liberadas do pagamento de grande parte dos emolumentos, permitindo-se o pagamento no cartório com cheque, sem a exigência de que o cheque seja administrativo ou visado. O tratamento diferenciado e favorecido para as ME e as EPP será realizado pelos seguintes órgãos: a) Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, composto por quatro representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, como representantes da União, dois dos Estados e do Distrito Federal e dois dos Municípios, para tratar dos aspectos tributários; b) Fórum Permanente das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, com a participação dos órgãos federais competentes e das entidades vinculadas ao setor, para tratar dos demais aspectos, ressalvado o disposto no inc. III do caput do art. 2.º da LC 123/2006; e c) Comitê para Gestão da Rede Nacional para Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios – CGSIM, vinculado à Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República, composto por representantes da União, dos Estados e do Distrito Federal, dos Municípios e demais órgãos de apoio e de registro empresarial, na forma definida pelo Poder Executivo, para tratar do processo de registro e de legalização de empresários e de pessoas jurídicas (inc. III do art. 2.º da LC 123/2006). 12 D) MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL A doutrina majoritária vinha entendendo que a expressão pequeno empresário, utilizada pelo Código Civil no seu art. 970, era abrangente, englobando tanto os microempresários quanto os empresários de pequeno porte. Nesse sentido, era, inclusive, o Enunciado 235 do CJF: “O pequeno empresário, dispensado da escrituração, é aquele previsto na Lei 9.841/99”. No entanto, a legislação que trata das microempresas e das empresas de pequeno porte no Brasil, esclareceu: “Considera-se pequeno empresário,para efeito de aplicação do disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, o empresário individual caracterizado como microempresa na forma desta Lei Complementar que aufira receita bruta anual de até R$ 81.000,00 (oitenta e um mil reais)” (art. 68 da LC 123/2006, acima referida). Cabe criticar tal determinação. Afinal, a Constituição Federal, ao determinar que a lei desse tratamento favorecido e simplificado ao microempresário e ao empresário de pequeno porte, o fez em razão das suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias. Não se justifica, pois, a restrição feita pelo legislador ordinário, ao estabelecer, no art. 970 do Código Civil, que esse tratamento simplificado fosse observado apenas quanto à inscrição do pequeno empresário e aos efeitos daí decorrentes. O tratamento jurídico diferenciado que o legislador constituinte pretendeu fosse dado aos pequenos empresários (na verdade, repita-se, a CF/1988 se refere ao microempresário e ao empresário de pequeno porte) é deveras abrangente, não sendo razoável que o legislador ordinário o restrinja apenas aos aspectos relacionados à inscrição no registro de empresa. E) EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE ILIMITADA (EIRELI) A empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), é considerada pessoa jurídica por força do art. 44, inciso VI, do CC. Sua constituição será feita conforme o capital social, que deve ser igual ou superior a 100 salários-mínimos. O art. 980-A não trata do administrador, portanto, seguindo o parágrafo sexto deste dispositivo, tem-se que plicar a regra da sociedade limitada. Então, conforme art. 1.061 do CC/02, o administrador não precisa ser o próprio instituidor, podendo ser nomeado uma terceira pessoa. A integralização do capital social pode ser feita em bens, dinheiro ou crédito, não sendo admitida a contribuição em serviços (art. 1.055, § 2º aplicável em consonância com o 980-A, § 6). Aplicam-se as regras do artigo 1.005, portanto, se houver integralização com bens, o instituidor ficará responsável pela evicção e por sua correta estimação (art. 1.055, § 13 1º, CC/02 – só não haverá solidariedade). Em caso de integralização com crédito, o instituidor ficará responsável pelo pagamento, excepcionando a regra do artigo 296 do CC/02, que trata da cessão de crédito. A EIRELI pode ser derivada de uma transformação ou constituída na sua origem desse modo. [Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2012 - OAB - Exame de Ordem Unificado - VIII - Primeira Fase] José decidiu constituir uma Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) para atuar no município “X” e consultou um advogado para obter esclarecimentos sobre a administração da EIRELI. Assinale a alternativa que apresenta a informação correta dada pelo advogado. A] A designação de administrador não sócio depende do voto favorável de 2/3 (dois terços) do capital social, se este não estiver integralizado. B] A administração atribuída pelo contrato a qualquer dos sócios da EIRELI não se estende de pleno direito aos que posteriormente adquirirem essa qualidade. C] O administrador da EIRELI, seja o próprio instituidor ou terceiro, responde por culpa no desempenho de suas atribuições perante terceiros prejudicados. D] O titular da EIRELI poderá usar a firma ou denominação, sendo vedado seu uso pelo terceiro, ainda que seja designado administrador. 1.7 Nome empresarial O direito ao nome empresarial, segundo a doutrina majoritária, é um direito personalíssimo - o lesado pelo seu uso indevido poderá a qualquer tempo propor ação contra Junta Comercial para anular sua inscrição, se feita com violação de lei ou de contrato. Como sinal distintivo que identifica o empresário no exercício de sua atividade, o nome empresarial possui duas funções relevantes, uma de ordem subjetiva – de individualizar e identificar o sujeito de direitos exercente da atividade empresarial – e outra de ordem objetiva – de lhe garantir fama, renome, reputação etc. A marca, conforme se verificará com o estudo da propriedade industrial, é um sinal distintivo que identifica produtos ou serviços do empresário (art. 122 da Lei 9.279/1996). O nome de fantasia, por sua vez, é a expressão que identifica o título do estabelecimento. Grosso modo, está para o nome empresarial assim como o apelido está para o nome civil. 14 O nome de domínio é o endereço eletrônico dos sites dos empresários na internet, hoje muito usados para negociação de produtos e serviços, em razão do desenvolvimento do chamado comércio eletrônico (e-commerce ou e-business). Os sinais de propaganda, por fim, são aqueles que, embora não se destinem a identificar especificamente produtos ou serviços do empresário, exercem uma importante função de mercado: chamar a atenção dos consumidores. É a firma ou denominação social, composição do nome empresarial, que garante a apresentação do empresário e da sociedade empresária no exercício de suas atividades. O empresário deve adotar nome que o distinga de qualquer outro já inscrito no mesmo registro. A firma só pode ter por base o nome civil do empresário ou os dos sócios, que constitui também sua assinatura, por exemplo, Grace Kellen Freitas; G. K. Freitas; G. Kellen Jóias. Já na denominação, poder-se-á usar nome civil ou um “elemento fantasia”, mas a assinatura, neste último caso, será sempre com o nome civil, lançado sobre o nome empresarial impresso carimbado. De acordo com o princípio da veracidade, o nome empresarial não poderá conter nenhuma informação falsa. Sendo a expressão que identifica o empresário em suas relações como tal, é imprescindível que o nome empresarial só forneça dados verdadeiros àquele que negocia com o empresário. Por princípio da novidade, por sua vez, se entende a proibição de se registrar um nome empresarial igual ou muito parecido com outro já registrado. Com efeito, segundo o disposto no art. 1.163 do Código Civil, “o nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro”. O parágrafo único desse dispositivo prevê que “se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga”. O nome empresarial não poderá ser objeto de alienação. Só poderá ocorrer se houver permissão contratual, utilizando o do alienante, precedido do seu próprio na qualidade de sucessor. Se houver óbito, exclusão ou retirada de sócio cujo nome civil constava da firma social, esta precisará ser alterada. [Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase] Cruz Machado pretende iniciar o exercício individual de empresa e adotar como firma, exclusivamente, o nome pelo qual é conhecido pela população de sua cidade – “Monsenhor”. De acordo com as informações acima e as regras legais de formação de nome empresarial para o empresário individual, assinale a afirmativa correta. A] A pretensão de Cruz Machado é possível, pois o empresário individual pode escolher livremente a formação de sua firma. B] A pretensão de Cruz Machado não é possível, pois o empresário individual deve adotar denominação indicativa do objeto social como espécie de nome empresarial. C] A pretensão de Cruz Machado não é possível, pois o empresário individual opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado. D] A pretensão de Cruz Machado é possível, pois o empresário individual pode substituir seu nome civil por uma designação mais precisa de sua pessoa. 1.8 Estabelecimento 15 Complexo de bens organizado, tangíveis ou intangíveis, para o exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contarda publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante Para tratar da locação empresarial como fator de proteção do ponto de negócio, necessário determinar o “ponto de negócio” como bem incorpóreo, elemento do estabelecimento empresarial. A proteção ao ponto empresarial tem relevância quando o empresário exerce suas atividades em imóvel locado. Nesse caso, a locação será regulada pelos artigos 51 e seguintes da Lei nº 8.245/1991. O locatário deve ser empresário ou intelectual. O artigo 55 da Lei nº 8.245/1991 dispõe que: “Considera-se locação não residencial, quando o locatário for pessoa jurídica e o imóvel destinado ao uso de seus titulares, diretores, sócios, gerentes, executivos ou empregados”. 1. O contrato de locação deve ser determinado e de no mínimo cinco anos, admitida a soma dos prazos de contratos escritos, sucessivamente renovados. Soma essa, inclusive, que pode ser feita pelo sucessor ou cessionário do locatário; 2. O locatário deve explorar o mesmo ramo de atividade econômica pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos na data da propositura da ação renovatória. Conclui-se, portanto, que, se o locatário empresário exerce a mesma atividade econômica pelo prazo mínimo de três anos, em imóvel locado por prazo determinado e não inferior a cinco anos, terá direito à renovação compulsória do contrato de locação. O exercício desse direito de renovação compulsória se materializará por meio de uma ação de rito especial chamada ação renovatória, como determina o § 5º do artigo 51 da Lei nº 8.245/1991. A própria lei apresenta, em rol exemplificativo, situações em que o direito à renovação compulsória será ineficaz, pela proteção dada ao direito de propriedade: 1. Ter o locador melhor proposta de terceiro (artigo 72, III, da Lei nº 8.245/1991). Ainda que o locatário, no momento da propositura da ação renovatória, apresente valor locativo compatível com o valor de mercado, se o locador tiver proposta de terceiro que seja mais vantajosa, não deverá obrigatoriamente renovar a locação, pois isso seria uma limitação ao seu direito de propriedade. Nesse caso, o locatário terá direito à indenização pela perda do ponto (artigo 52, § 3º, da Lei nº 8.245/1991). Por outro lado, se o locatário concordar em pagar o valor oferecido pelo terceiro, o contrato deverá ser renovado. 2. Reforma no prédio locado realizada pelo locador (artigo 52, I, da Lei nº 8.245/1991). Essa hipótese abrange duas situações: obras executadas em razão de determinação do Poder Público e obras executadas por iniciativa do proprietário locador a fim de valorizar seu patrimônio. Nas duas situações descritas, não será concedida a renovação compulsória do contrato de locação. Se a obra, nos dois casos, não começar no prazo de três meses a 16 contar da desocupação do imóvel pelo locatário, caberá a este indenização pelos prejuízos sofridos e lucros cessantes. 3. Retomada do imóvel para uso próprio do locador (artigo 52, II, da Lei nº 8.245/1991). O locador poderá retomar o imóvel objeto da locação, seja para nele exercer atividade econômica ou não. O artigo 52, § 1º, restringe a possibilidade de retomada do imóvel para uso próprio, quando locador pretende exercer atividade no mesmo ramo do locatário. Nas duas situações descritas, não será concedida a renovação compulsória do contrato de locação. Súmula nº 409, STF. 4. Transferência do estabelecimento empresarial. Desde que existente há mais de um ano e de titularidade logicamente do próprio locador, de ascendente, descendente, cônjuge, ou de sociedade por ele controlada (artigo 52, II, da Lei nº 8.245/1991). Nesses casos, há presunção de sinceridade do retomante, porém, essa presunção é relativa, podendo ser impugnada pelo locatário. [Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXV - Primeira Fase] O empresário individual José de Freitas alienou seu estabelecimento a outro empresário mediante os termos de um contrato escrito, averbado à margem de sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, publicado na imprensa oficial, mas não lhe restaram bens suficientes para solver o seu passivo. Em relação à alienação do estabelecimento empresarial nessas condições, sua eficácia depende A] da quitação prévia dos créditos trabalhistas e fiscais vencidos no ano anterior ao da alienação do estabelecimento. B] do pagamento a todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. C] da quitação ou anuência prévia dos credores com garantia real e, quanto aos demais credores, da notificação da transferência com antecedência de, no mínimo, sessenta dias. D] do consentimento expresso de todos os credores quirografários ou da consignação prévia das importâncias que lhes são devidas. [Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2014 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIII - Primeira Fase] Ananias Targino consulta sua advogada para saber as providências que deve tomar para publicizar o trespasse do estabelecimento da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) por ele constituída e enquadrada como microempresa, cuja firma é Ananias Targino EIRELI ME. A advogada corretamente respondeu que: A] é dispensável qualquer publicização ou arquivamento do contrato de trespasse do estabelecimento por ser a EIRELI enquadrada como microempresa. B] é dispensável o arquivamento do contrato de trespasse no Registro Público de Empresas Mercantis, mas ele deverá ser publicado na imprensa oficial. C] é dispensável o arquivamento do contrato de trespasse no Registro Público de Empresas Mercantis, mas ele deverá ser publicado na imprensa oficial e em jornal de grande circulação. D] é dispensável a publicação do contrato de trespasse na imprensa oficial, mas ele deverá ser arquivado no Registro Público de Empresas Mercantis. 2 Tipos societários Sucintamente, pode-se dizer que o direito societário compreende o estudo das sociedades. E as sociedades, por sua vez, são pessoas jurídicas de direito privado, decorrentes da união de pessoas, que possuem fins econômicos, ou seja, são constituídas 17 com a finalidade de exploração de uma atividade econômica e repartição dos lucros entre seus membros. Uma sociedade empresária pode organizar-se das seguintes formas: a) sociedade em nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044); b) sociedade em comandita simples (arts. 1.045 a 1.051); c) sociedade limitada (arts. 1.052 a 1.087); d) sociedade anônima (arts. 1.088 a 1.089 c/c a Lei 6.404/1976); e) sociedade em comandita por ações (arts. 1.090 a 1.092). A sociedade simples, por sua vez, não ganhou a previsão de tipos societários específicos, mas pode, segundo a dicção do art. 983, organizar-se sob a forma de um dos tipos de sociedade empresária, com exceção das sociedades por ações, em razão da regra do art. 982, parágrafo único, do Código Civil. Assim, uma sociedade simples pode organizar-se das seguintes formas: a) sociedade simples pura ou simples simples (arts. 997 a 1.038); b) sociedade em nome coletivo (arts. 1.039 a 1.044); c) sociedade em comandita simples (arts. 1.045 a 1.051); d) sociedade limitada (arts. 1.052 a 1.087). É preciso destacar ainda a sociedade cooperativa, que é considerada sempre uma sociedade simples, independentemente do seu objeto social (art. 982, parágrafo único, do Código Civil). Assim como nem todas as pessoas físicas que exploram atividade econômica são qualificadas como empresários individuais (cite-se, por exemplo, o profissional intelectual – art. 966, parágrafo único, do Código Civil), não são todas as sociedades que podem ser qualificadas como sociedades empresárias. Assim, as sociedades podem ser de duas categorias: a) sociedades simples, que são aquelas que exploram atividade econômica não empresarial, como as sociedades uniprofissionais; b) sociedades empresárias, que exploramatividade empresarial, ou seja, exercem profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços (art. 966 do Código Civil). Interessa ao direito empresarial, especificamente, o estudo da sociedade empresária. O Código Civil estabelece, em seu art. 982, que “salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais”. Isso mostra que, em regra, o que define uma sociedade como empresária ou simples é o seu objeto social: se este for explorado com empresarialidade (profissionalismo e organização dos fatores de produção), a sociedade será empresária; ausente a empresarialidade, ter-se-á uma sociedade simples. Há apenas duas exceções a essa regra, previstas no parágrafo único do art. 982, o qual prevê que “independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”. Assim, a sociedade por ações (por exemplo, uma sociedade anônima) é sempre uma sociedade empresária, ainda que não tenha por objeto o exercício de empresa; e a sociedade cooperativa é sempre uma sociedade simples, ainda que tenha por objeto o exercício de empresa. Repetindo o que já se disse anteriormente, a síntese conclusiva é a seguinte: é o requisito da organização dos fatores de produção que caracteriza a presença do chamado elemento de empresa no exercício de profissão intelectual e que, consequentemente, faz com que o profissional intelectual receba a qualificação jurídica de empresário. Isso, obviamente, vale tanto para o exercício de profissão intelectual individualmente quanto para o exercício de profissão intelectual em sociedade. 18 Portanto, a grande diferença entre as sociedades simples e as sociedades empresárias não está no fato de estas possuírem finalidade lucrativa, porque aquelas também podem ostentar essa característica. O traço distintivo entre ambas é mesmo o objeto social: a sociedade empresária tem por objeto o exercício de empresa (atividade econômica organizada de prestação ou circulação de bens ou serviços); a sociedade simples tem por objeto o exercício de atividade econômica não empresarial. 2.1 Sociedade não personificadas 2.1.1 Sociedade em comum Segundo o art. 986 do Código Civil, trata-se da sociedade que ainda não inscreveu seus atos constitutivos no órgão de registro competente: Junta Comercial, em se tratando de sociedade empresária, e Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, em se tratando de sociedade simples. Interpretando cuidadosamente o art. 986 do Código Civil, apontam esses autores que ao usar a expressão “enquanto não inscritos os atos constitutivos” o legislador quis disciplinar, na verdade, as sociedades contratuais em formação, e não exatamente as antigas sociedades de fato e irregulares. Dizemos especificamente que a norma se refere apenas às sociedades contratuais porque o próprio art. 986 deixa claro que estão excluídas do seu âmbito de incidência normativa as sociedades por ações em organização, já que a legislação acionária específica (Lei 6.404/1976 – LSA) já cuida detalhadamente das sociedades por ações no seu período de formação. Sociedades Conceito: Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de at ividade econômica e a part ilha, entre si, dos resultados. Natureza jurídica: contrato plurilateral (escopo comum e pluralidade de partes Elementos: pluralidade de sócios (REGRA), af fect io societat is, contribuição para o capital social e part ilha de resultados 19 Realmente, interpretando com cuidado a regra do art. 986 do Código Civil, não há como negar que a sociedade em comum não corresponde às sociedades de fato ou irregulares, como preconiza boa parte da doutrina. As regras da sociedade em comum, na verdade, aplicam-se às sociedades contratuais que estão se constituindo, ou seja, aplicam- se às suas relações entre o momento real da constituição até o respectivo registro do contrato social. Isso ocorre porque nenhuma sociedade é constituída da noite para o dia. Ao contrário, no Brasil, o trâmite para constituição de uma sociedade é bastante lento, se comparado a outros países. Desde o momento em que os sócios decidem constituir a sociedade até o momento em que o registro é deferido pelo órgão competente (Junta ou Cartório, conforme o caso), a sociedade já existe, embora ainda não tenha personalidade jurídica, e já pratica alguns atos (por exemplo: aluga um imóvel para lhe servir de sede, contrata advogados para redação do ato constitutivo, contrata contadores para obtenção de registro nas repartições fiscais etc.). Grosso modo, pode-se fazer um paralelo com as pessoas físicas (pessoas naturais): embora elas só adquiram personalidade após o nascimento com vida, o ordenamento jurídico lhes reconhece existência e confere proteção desde a concepção (art. 2.º do Código Civil). Da mesma forma, embora a sociedade só adquira personalidade após o registro, o ordenamento jurídico reconhece sua existência e lhe confere proteção desde a exteriorização dos primeiros atos tendentes à constituição do vínculo societário (por exemplo: assinatura de contrato social). Nada impede, todavia, que eventualmente se apliquem as normas da sociedade em comum (arts. 986 a 990 do Código Civil) às sociedades de fato e às sociedades irregulares, por analogia. Nesse sentido, confira-se o Enunciado 383 do CJF: “A falta de registro do contrato social (irregularidade originária – art. 998) ou de alteração contratual versando sobre matéria referida no art. 997 (irregularidade superveniente – art. 999, parágrafo único) conduzem à aplicação das regras da sociedade em comum (art. 986)”. Uma preocupação específica do Código em relação à disciplina das sociedades contratuais em formação foi regular a prova da sua existência, já que elas não possuem registro e, consequentemente, são despidas de personalidade jurídica. A regulação dessa questão é deveras importante, sobretudo para a solução de controvérsias judiciais envolvendo: (i) a sociedade em comum e terceiros e (ii) os sócios da sociedade em comum entre si. Nesse sentido, o art. 987 do Código Civil estabelece que “os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo”. A norma em questão repete, na verdade, a disciplina que antes era dada às sociedades de fato pelo Código Comercial de 1850, nos seus arts. 303 e 304. Portanto, no que se refere à prova da existência da sociedade em comum, dispôs o Código Civil que os terceiros, nas demandas judiciais que eventualmente necessitarem propor contra essa sociedade, podem prová-la por qualquer meio de prova. Em contrapartida, se quem necessita provar a existência da sociedade são os seus próprios sócios – com a finalidade, por exemplo, de discutir a partilha dos investimentos –, só se admite a prova por escrito, ou seja, a apresentação do instrumento contratual ou, pelo 20 menos, um documento que comprove que o terceiro sabia estar negociando com a “sociedade”, e não com o sócio. O mais importante na disciplina da sociedade em comum estabelecida pelo Código Civil é a definição da responsabilidade dos sócios quanto às obrigações sociais. É regra geral do direito societário que os sócios respondem subsidiariamente pelas obrigações sociais, em virtude da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas, princípio consagrado pelo Código em seu art. 1.024, segundo o qual “os bens particulares dos sócios não serão executados por dívidas da sociedade, senão depois de executados os bens sociais”. Ocorre, todavia, que para a aplicação do disposto no art. 1.024 do Código Civil é necessário que se reconheça a existência de uma pessoa jurídica devidamente constituída, ou seja, deum ente com personalidade jurídica reconhecida pelo ordenamento jurídico. Ora, como o Código estabelece, conforme já destacado, que a personalidade jurídica se inicia apenas com o registro dos atos constitutivos da sociedade no órgão competente, a sociedade em comum é despida de personalidade jurídica, tanto que o Código a considera uma sociedade não personificada, a despeito da impropriedade técnica dessa denominação, já apontada por nós. Pois bem. A consequência da ausência de personalidade jurídica da sociedade em comum deveria acarretar, em tese, a responsabilidade ilimitada e direta dos seus sócios pelas obrigações sociais. Afinal, se não há personalidade jurídica não se pode aplicar o art. 1.024 do Código Civil, uma vez que tal dispositivo se refere, como já frisamos, ao princípio da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas. Não havendo uma pessoa jurídica devidamente constituída, não há um ente autônomo, distinto da pessoa dos sócios, de quem se possa exigir responsabilidade por dívidas contraídas supostamente em seu nome. Em suma: para a sociedade em comum, a qual, como o próprio Código estabelece, não é dotada de personalidade jurídica, deveria o legislador ter previsto a responsabilidade ilimitada e direta dos sócios pelas obrigações sociais. Essa seria a opção mais coerente com o sistema. No entanto, não foi essa a opção escolhida. Preferiu o legislador estabelecer a responsabilidade ilimitada, porém subsidiária, dos sócios em geral, e a responsabilidade ilimitada e direta somente do sócio que contratou pela sociedade: “todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade” (art. 990 do Código Civil). É preciso destacar que o Código, ao mencionar que os sócios da sociedade em comum respondem solidariamente pelas obrigações sociais, está determinando a solidariedade entre os sócios quanto às dívidas que estes, eventualmente, tenham que honrar com seu patrimônio pessoal. Entre sócios e sociedade, todavia, a responsabilidade é subsidiária, ou seja, primeiro responde a própria sociedade, para somente depois serem executados, eventualmente, os patrimônios pessoais dos sócios. Entendemos que a norma em comento parece ser incoerente. A incoerência do sistema, ora apontada, em atribuir responsabilidade subsidiária pelas dívidas sociais aos sócios da sociedade em comum – com exceção daquele que contratou pela sociedade, o qual, como visto, tem responsabilidade direta –, gera um problema relevante de ordem prática. Com efeito, determina o art. 1.024 do Código Civil que os sócios não respondem pelas dívidas sociais, senão depois de esgotado o patrimônio da sociedade. As pessoas 21 jurídicas, por possuírem patrimônio próprio, separado e distinto do patrimônio dos sócios, possuem responsabilidade patrimonial autônoma, e com seus bens e direitos devem garantir suas dívidas perante seus credores. Mas qual seria o patrimônio da sociedade em comum? Se ela não possui personalidade jurídica, como identificar o “seu” patrimônio? Que bens os credores devem atacar primeiro? Melhor dizendo, que bens constituem o “patrimônio social”, aptos a serem executados? A resposta a essas indagações está no art. 988 do Código Civil, segundo o qual “os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum”. Enfim, como a sociedade em comum, por não ser uma pessoa jurídica com existência formal reconhecida pelo ordenamento jurídico – já que a personalidade só se inicia com o registro – não tem um “patrimônio próprio” que possa ser formalmente identificado (não possui bens em seu nome, não possui uma conta bancária em seu nome), o seu “patrimônio social”, na verdade, é formado de bens e direitos titularizados por cada um de seus sócios. O que o Código fez, portanto, foi estabelecer uma especialização patrimonial, ou melhor, um patrimônio de afetação. De fato, pode-se dizer que o patrimônio social da sociedade em comum, segundo o art. 988 do Código Civil, é formado por todos os bens que estão diretamente afetados ao exercício da atividade constitutiva do objeto social. Nesse sentido, dispõe o Enunciado 210 do CJF que “o patrimônio especial a que se refere o art. 988 é aquele afetado ao exercício da atividade, garantidor de terceiro, e de titularidade dos sócios em comum, em face da ausência de personalidade jurídica”. É contra esses bens que os credores sociais devem se voltar. Os bens não afetados ao exercício da empresa são bens pessoais dos sócios, portanto só podem ser executados depois de exaurido o “patrimônio social” a que se refere o artigo em referência. Corroborando nosso entendimento, dispõe o Enunciado 212 do CJF que “embora a sociedade em comum não tenha personalidade jurídica, o sócio que tem seus bens constritos por dívida contraída em favor da sociedade, e não participou do ato por meio do qual foi contraída a obrigação, tem o direito de indicar bens afetados às atividades empresariais para substituir a constrição”. [Ano: 2009 Banca: CESPE Órgão: OAB Prova: CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem - 2 - Primeira Fase] Nas sociedades em nome coletivo, A] os sócios podem ser pessoas físicas ou jurídicas. B] o falecimento de sócio implica a liquidação das quotas do falecido, caso o contrato social seja omisso a tal respeito. C] a administração pode competir a sócio ou a terceiro designado pelos sócios. D] os sócios respondem, de forma subsidiária e limitada à integralização de suas quotas, pelas obrigações sociais. 2.1.2 Sociedade em conta de participação A sociedade em conta de participação é o que a doutrina chama de sociedade secreta. Na verdade, não se trata, propriamente, de uma sociedade, mas de um contrato especial de investimento. Com efeito, a exemplo do que já afirmamos quando do estudo da sociedade em comum, é incoerente chamar de sociedade a conta de participação, uma vez que ela não 22 possui personalidade jurídica. Ademais, outras de suas especificidades, como sua natureza secreta e a ausência de nome empresarial apontam para a impropriedade técnica de se considerar a conta de participação uma espécie de sociedade. A sociedade em conta de participação apresenta duas categorias distintas de sócios: o sócio ostensivo e os sócios participantes (também chamados de sócios ocultos). A propósito, o art. 991 do Código Civil dispõe que “na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes”. Vê-se, pois, que a conta de participação é uma “sociedade” que só existe internamente, ou seja, entre os sócios. Externamente, isto é, perante terceiros, só aparece o sócio ostensivo, o qual exerce, em seu nome individual, a atividade empresarial, e responde sozinho pelas obrigações contraídas. Os demais sócios, os chamados sócios participantes, não aparecem nas relações com terceiros – por isso são também chamados de sócios ocultos –, apenas participando dos resultados “sociais”, conforme definido quando da elaboração do ato de constituição da “sociedade”. Nesse sentido, é precisa a disposição constante do parágrafo único, do art. 991, do CC, segundo o qual “obriga-se perante terceiro tão somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social”. No entanto, se os sócios participantes, em determinada negociação, “aparecerem” perante terceiros, ou seja, se atuarem em certo negócio social firmado pelo sócio ostensivo com terceiros, responderão solidariamente junto com o sócio ostensivo por essa negociação. É isso o que determina o art. 993, parágrafo único: “Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações dosócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier”. Sendo o sócio ostensivo quem, na verdade, exerce a atividade que constitui o objeto social, a sua falência “acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário” (art. 994, § 2.º), a ser habilitado no processo falimentar. Se quem falir, todavia, for o sócio participante, “o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido” (art. 994, § 3.º). As sociedades em conta de participação são bastante informais, razão pela qual a sua constituição, de acordo com o art. 992 do Código Civil, “independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito”. Isso, todavia, não significa que conta de participação não possua um contrato. Este existe, sim, mas não precisa sequer ser escrito. Ademais, a conta de participação, como já frisado, não tem personalidade jurídica, mesmo que seu contrato seja escrito e inscrito em algum órgão de registro, conforme prevê o art. 993 do Código Civil: “o contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade”. Geralmente os contratos de sociedade em conta de participação são registrados no cartório civil de títulos e documentos, mas esse registro, repita-se, não confere personalidade jurídica à sociedade. 23 Normalmente, a sociedade em conta de participação é constituída para a realização de empreendimentos temporários ou até mesmo para a realização de determinado negócio específico, extinguindo-se posteriormente. Por não ter personalidade jurídica, a conta de participação não possui um patrimônio social, mas, a exemplo do que ocorre com a sociedade em comum, já estudada no tópico antecedente, o legislador criou para essa sociedade um patrimônio especial, conforme disposto no art. 994 do Código Civil: “a contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais”. Observe-se, porém, que como a atividade é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, que o faz em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, a referida “especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios” (art. 994, § 1.º). Perante terceiros, frise-se, quem responde é o próprio sócio ostensivo. Cabe ao sócio ostensivo, pois, utilizar esse patrimônio especial a que se refere o art. 994 do Código Civil para a consecução do fim almejado pela sociedade, conforme descrito no contrato social. Destaque-se, finalmente, que conforme disposto no art. 995 do Código Civil, “salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais”. Além disso, o Código também dispõe que “aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à prestação de contas, na forma da lei processual” (art. 996). [Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: FGV - 2014 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIV - Primeira Fase] Mariana, Januária e Cristina decidiram constituir uma sociedade em conta de participação, sendo a primeira sócia ostensiva e as demais sócias participantes. Sobre o caso apresentado, de acordo com as disposições do Código Civil, assinale a opção correta. A] É vedada a participação de mais de um sócio ostensivo na sociedade em conta de participação; logo, as demais sócias não poderão ter a qualidade de sócio ostensivo. B] As sócias participantes Januária e Cristina poderão fiscalizar a gestão dos negócios sociais pela sócia ostensiva Mariana. C] A sociedade em conta de participação deverá adotar como nome empresarial firma social, da qual deverá fazer parte a sócia ostensiva. D] A sociedade somente poderá existir se o contrato não estiver inscrito em qualquer registro, pois é uma sociedade não personificada. 2.2 Sociedades personificadas 2.2.1 Sociedade simples No Código está regulamentado as sociedades nos arts. 997 a 1.038 e praticamente a reserva para a exploração de atividades econômicas não consideradas como empresárias, tal qual ocorria com as antigas sociedades civis. O Código Civil, ao revogar as normas do direito societário constantes do Código Comercial de 1850, distinguiu as sociedades em: a) não personificadas, isto é, que não têm personalidade jurídica, e são a sociedade em comum e a sociedade em conta de participação, previstas nos arts. 986 a 996; b) personificadas, que adquirem personalidade jurídica com a inscrição no registro próprio (art. 985), incluindo nestas últimas a sociedade simples, ao lado da sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, sociedade limitada, sociedade em comandita por ações e sociedade cooperativa. 24 Distinguiu ainda o Código Civil as sociedades em: a) sociedades empresárias; e b) sociedades simples. Nos termos do art. 1.150 do Código Civil a sociedade simples que for constituída sob o modelo de sociedade empresária, apesar de subordinar-se às normas do tipo societário escolhido, continuará a ser considerada de natureza simples para fins de registro, devendo seu contrato ser arquivado no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas do local de sua sede. Outrossim, por força do parágrafo único do art. 982, a sociedade cooperativa será sempre considerada sociedade simples. Ademais, se a sociedade simples adotar o modelo de sociedade por ações, ela será considerada como sociedade empresária, a teor do art. 2º, § 1º, da Lei n. 6.404/76, assim redigido: “Qualquer que seja o objeto, a companhia é mercantil e se rege pelas leis e usos do comércio”. As sociedades simples estão reguladas nos arts. 997 a 1.038 do Código Civil e devem ser constituídas mediante contrato, formalizado em instrumento escrito, particular ou público, que, além das cláusulas livremente estipuladas pelas partes, deverá atender aos requisitos dos incisos I a VIII do art. 997, cuja inobservância acarretará a inviabilidade do registro público. A seguir serão abordadas as cláusulas obrigatórias. - A qualificação completa dos sócios: o nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se pessoas jurídicas. - A denominação, objeto, sede e prazo da sociedade: a sociedade simples só pode adotar como nome empresarial a denominação que deve indicar o objeto social, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. A denominação, que não se confunde com a firma social, pode ser constituída com vocábulos no idioma nacional ou estrangeiro ou expressões de fantasia, devendo, a final, conter a expressão “sociedade simples”, por extenso ou abreviadamente. Exemplo: Clínica Fisioterapeuta Boa Recuperação Sociedade Simples. Para os efeitos da proteção legal, o parágrafo único do art. 1.155 equipara a denominação das sociedades simples ao nome empresarial. Disso resulta que a inscrição da sociedade simples no Registro Civil das Pessoas Jurídicas assegura o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado, visto que a exclusividade do uso poderá estender-se a todo território nacional, desde que o registro seja feito nos termos de lei especial a ser editada. O objeto social é a atividade econômica a ser exercida pela sociedade simples. É importante que ele seja claramente definido no contrato social, especialmente em face da competência dos administradores para praticar atos em nome da sociedade, não se olvidando da possibilidade de se invocar a teoria ultra vires, quando os administradores realizarem operações evidentemente estranhas ao objeto social, o que autoriza a sociedade alegar o excesso praticadopelos administradores (art. 1.015, parágrafo único, III). A indicação da sede social tem extrema relevância, notadamente quando a sociedade tem filiais, sendo importante a verificação do local em que se centraliza a administração societária. Relevante, ainda, indicar se a sociedade é celebrada por prazo indeterminado ou determinado, já que tal fato tem consequências na permissão da dissolução da sociedade com exigência de deliberação unânime ou por maioria dos sócios (art. 1.033, II e III). 25 - Capital da sociedade: o capital da sociedade é expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária. O capital social não pode ser objeto de qualquer ato constritivo judicial, como, por exemplo, arresto, sequestro ou penhora. Já o patrimônio social pode ser penhorado, arrestado ou sequestrado. - A quota de cada sócio no capital social e o modo de realizá-la: o valor da contribuição em bens, dinheiro ou créditos que cada sócio transmite para a formação do capital social servirá de base para a fixação do percentual da participação societária com base em quotas. O capital social é dividido em quotas e cada sócio poderá ter uma ou mais delas, de valor igual ou diferente. Já no que concerne ao modo de realização das quotas, ou seja, à forma de pagamento do valor prometido ou do bem a ser conferido, especialmente no que diz respeito ao prazo da integralização, é importante que o contrato social seja claro sobre a matéria, haja vista que a mora dos sócios na realização das quotas acarreta-lhes a qualidade de remissos, com a consequente responsabilidade por perdas e danos ou a exclusão do quadro societário. - As prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços: na sociedade simples, a contribuição dos sócios, além de poder ser feita em dinheiro ou bens, também poderá consistir na prestação de serviços para a sociedade, admitindo-se, inclusive, sócio que contribua exclusivamente com serviços – sócio de indústria. Em tal caso, o contrato social deve ser bem claro em relação ao tipo de serviços, modo e condições de prestá-los, a fim de se evitar conflitos na interpretação da contribuição do sócio de indústria. - As pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, seus poderes e atribuições: só pessoas naturais podem ser designadas no contrato social como administradoras. Por isso, no caso de sociedades simples cujos sócios sejam pessoas jurídicas, será de rigor que se admita pelo menos uma pessoa natural como sócia, a fim de que esta exerça as funções de administrador. - A participação de cada sócio nos lucros e nas perdas: o art. 981 prevê que celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. - Se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais: em relação a tal cláusula obrigatória, no caso em exame – sociedade simples –, a responsabilidade subsidiária dos sócios pelas dívidas sociais é prevista no art. 1.023 e, dessa forma, entende- se que não é admissível que o contrato estabeleça que os sócios não respondam subsidiariamente pelas obrigações sociais. Elaborado o contrato social, com observância das cláusulas obrigatórias antes referidas, assinado o instrumento por todos os sócios, segue-se a obrigação de ser promovida, no prazo de trinta dias, a inscrição da sociedade no Registro Civil das Pessoas Jurídicas do local de sua sede (art. 998). A sociedade adquire personalidade jurídica com o referido registro, consoante prevê o art. 985. Pode-se afirmar o seguinte: se a sociedade simples, constituída por contrato social regularmente assinado por seus sócios, entra imediatamente em atividade, ela será considerada regular, desde que seu ato constitutivo seja apresentado ao Registro Civil no prazo de trinta dias de sua elaboração, vale dizer, da data constante do instrumento. Assim, tendo a sociedade exercido sua atividade econômica no período em que seu contrato ainda não estava registrado, ela não 26 será considerada irregular naquele período, pois, foi observada a protocolização de seu ato constitutivo no prazo legal e a eficácia do registro retroage à data consignada no documento. Porém, se o instrumento contratual for levado ao Registro Civil após o decurso do prazo legal, como, por exemplo, sessenta dias depois, e a sociedade tiver exercido sua atividade desde o dia em que o contrato foi elaborado e assinado, ela será considerada irregular no período abrangido pela data do contrato e a data em que foi concedido o registro pelo órgão registrário, sendo regida, na fase da irregularidade, pelas regras da sociedade em comum (arts. 986/990). Estabelece o art. 983 que a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um dos tipos de sociedade empresária, previstos nos arts. 1.039 a 1.092, caso em que ficará subordinada às regras do tipo de sociedade empresária adotado. Mesmo que isso ocorra, ou seja, sociedade intrinsecamente simples, com adoção de tipo de sociedade empresária, e, portanto, submetida ao regramento do modelo legal adotado, a sociedade deverá inscrever-se no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Em que pese ter a sociedade simples, regularmente inscrita no Registro Público competente, personalidade jurídica, entende-se que a personificação de tal sociedade não tem o condão de permitir a limitação da responsabilidade de seus sócios. a) Deliberações societárias As modificações do contrato social referentemente às matérias indicadas no art. 997 dependem do consentimento unânime dos sócios (art. 999), e as demais alterações podem ser deliberadas pela maioria absoluta de votos, isto é, por sócios que representem mais da metade do capital social, salvo cláusula contratual que exija quórum superior. As alterações do contrato social, referentes às matérias previstas no art. 997, além da assinatura de todos os sócios no instrumento respectivo, exige, para eficácia erga omnes, a competente averbação no Registro Civil. b) cessão de cotas A cessão total ou parcial das quotas, sem a modificação do contrato social, com o consentimento dos demais sócios, não terá eficácia em relação a esses sócios e à sociedade. Trata-se, portanto, de uma sociedade de pessoas, pois o ingresso de novos sócios, para produzir efeitos em relação à sociedade e aos outros sócios, fica na dependência do consentimento de todos os sócios remanescentes e da alteração do contrato social (art. 1.003). Por isso, promovida a cessão das quotas sociais para terceiro, sem que haja a prévia modificação do contrato social, com a assinatura de todos os sócios, o negócio jurídico é ineficaz em relação aos demais sócios e à sociedade. Em tal caso, a cessão só produzirá efeitos em relação ao cedente e ao cessionário, já que este, não logrando ingressar no quadro societário por não-atendimento dos requisitos legais, terá direito de postular a resolução da cessão e perdas e danos contra o cedente. Impende ressaltar ainda que a cessão de quotas sociais, para ter eficácia em relação a terceiros (não sócios), exige a averbação da alteração do contrato social no Registro Civil das Pessoas Jurídicas (art. 999, parágrafo único). 27 Realizada a cessão de quotas com o cumprimento de todas as exigências legais, vale dizer, alteração do contrato social, assinatura de todos os sócios e averbação no Registro Civil, o cedente, pelo prazo de dois anos a partir da averbação, responde solidariamente com o cessionário, perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio. c) Obrigações dos sócios As obrigações dos sócios da sociedade simples começam tão logo ele assine o contrato social, salvo se este fixar outra data. Outrossim, tais obrigações terminarão quando for promovida a liquidação da sociedade se forem extintas as responsabilidades sociais (art. 1.001).
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