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Responsável pelo Conteúdo: Profª. Ms. Adriana D. Freitas Profª. Drª. Jussara Maria Marins Revisão Textual: Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni 5 Conjunto dos Reais Conjunto dos Racionais: Q Conjunto dos Inteiros: Z Aritmética Dentro do estudo da Matemática, as disciplinas mais antigas são a Geometria e a Aritmética. Embora antigas, elas estão sempre sendo atualizadas e necessárias para uma série de outras disciplinas mais novas. Vamos ter, aqui nessa unidade, uma abordagem que pode ser nova para muitos ou já conhecida para outros. Vale a pena rever os conhecimentos, uniformizar notações e a linguagem matemática propriamente dita. Com os novos conhecimentos você vai compreender que a Aritmética e os Conjuntos Numéricos fazem parte das bases da Matemática e vai ter uma nova linguagem, mais objetiva e exata para expressar muitos fatos do dia a dia. Intervalos Reais Conjuntos Enumeráveis Atenção Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. Contextualizac¸a˜o - Conjuntos Nume´ricos Profa.Me. Adriana Freitas e Profa.Dra Jussara Maria Marins Conforme ja´ vimos, a Teoria de Conjuntos e´ uma disciplina fundamental em Matema´tica e em Cieˆncia da Computac¸a˜o. Em toda a´rea do conhecimento, na qual usaremos nu´meros, de uma forma ou de outra, precisaremos desses conhecimentos. Toda o resultado obtido pelo computador e´ resultado de um programa que visa resolver um problema ou desenvolver uma tarefa. Todo programa, em uma linguagem de programac¸a˜o, comec¸a com uma entrada de dados para gerar outros dados que sa˜o interpretados como uma informac¸a˜o de resposta de sa´ıda. Muitas vezes, pode parecer que a entrada de dados e´ uma imagem, por exemplo de nossa digital, ou de nossa foto, para consultar um banco de dados e permitir nosso acesso, numa academia de gina´stica ou qualquer outro lugar similar. No entanto, a imagem de entrada e´ decodificada em s´ımbolos intermedia´rios, que, por sua vez, geram nu´meros que, enta˜o sa˜o comparados, principalmente, atrave´s de me´dias e desvio-padra˜o aos nu´meros ja´ registrados pelo armazenamento de outra foto ou imagem nossa que e´ tomada como refereˆncia. Desde que levantamos e usamos um chuveiro, ou qualquer aparelho ele´trico estamos usando um computador direta ou indiretamente, para pelo menos armazenar a quantidade de eletricidade gasta para gerar uma conta no fim do meˆs. Se sa´ımos de casa e passamos num sema´foro, estamos usando os resultados calculados por um computador, se usamos o metroˆ, temos diversos sistemas computadorizados para permitir o deslocamento de cada vaga˜o desse trem. Figura 1: Diferentes Conjuntos Nume´ricos para Diferentes Ma´quinas Quando a` noite, vamos saber das not´ıcias, estamos conectados em um ou mais computadores. Enfim, tudo que e´ feito num computador e´ alimentado por nu´meros e cujos resultados tambe´m sa˜o nu´meros que geram os mais variados tipos de informac¸a˜o. Em todas estas situac¸o˜es sa˜o usados os diferentes Conjuntos Nume´ricos, suas operac¸o˜es e propriedades que sera˜o detalhados nesta unidade. Fazer contas, manualmente, numa calculadora... ou num supercomputador e´ sempre um desafio! 1 Unidade: Conjuntos Nume´ricos Contextualização Fabio Typewritten Text Motivac¸a˜o Inicial - Conjuntos Nume´ricos Matema´tica Aplicada Profa.Me. Adriana Freitas e Profa.Dra Jussara Maria Marins O Estudo da Aritme´tica e Ca´lculo atrave´s dos diversos conjuntos nume´ricos permite uma for- malizac¸a˜o, objetividade e exatida˜o que sa˜o fundamentais em todas as Cieˆncias Exatas. Hoje em dia, pode parecer natural o uso do grande nu´mero de operac¸o˜es nume´ricas. Por exemplo, num telefone mo´vel sa˜o executadas diversas func¸o˜es de localizac¸a˜o, conexa˜o a` internet, localizac¸a˜o geogra´fica, etc, e para cada uma destas func¸o˜es existe um grande nu´mero de operac¸o˜es aritme´ticas. Grande nu´mero mesmo! Contudo, em tempos mais remotos, como no in´ıcio do segundo mileˆnio DC da nossa civilizac¸a˜o ocidental ate´ uma simples multiplicac¸a˜o requeria um conhecimento espec´ıfico que poucas pessoas detinham. Por exemplo, multiplicar CXXXVIII por XLV requeria uma habilidade e complexidade fora do comum, ate´ para no´s nos dias de hoje. Ate´ esta e´poca o sistema de numerac¸a˜o usual ainda era o sistema romano, que ainda e´ usado hoje, por motivos mais tradicionais do que pra´ticos. Haviam outros sistemas de numerac¸a˜o. No sistema de numerac¸a˜o eg´ıpcio ate´ que na˜o era ta˜o dif´ıcil fazer adic¸o˜es e algumas multiplicac¸o˜es, mas no sistema romano era bem mais complexo. Como os romanos que dominaram quase toda Europa e parte da A´sia Menor nossa escrita ficou fortemente dependente deles. Hoje em dia, mesmo manualmente - sem nenhuma ma´quina - multiplicar dois nu´meros, mesmo com uma quantidade grande de d´ıgitos e´ fa´cil pelo uso que fazemos das propriedades aritme´ticas dos nu´meros e do sistema de numerac¸a˜o decimal. De fato, mesmo sem nos dar conta aplicamos a propriedade distributiva da multiplicac¸a˜o em relac¸a˜o a` adic¸a˜o para multiplicar 138 por 45, num algoritmo simples que tambe´m e´ feito numa certa tabela de forma visual, para facilitar o pro´prio procedimento em si. Primeiro Passo: 1 4 1 3 8 × 4 5 6 9 0 Segundo Passo: 1 3 1 3 8 × 4 5 6 9 0 + 5 5 2 Terceiro Passo: 1 1 Aritme´tica Fabio Typewritten Text 1 3 8 × 4 5 6 9 0 + 5 5 2 6 2 1 0 Porque e´ feito assim? Lembre-se que: 138 = 1 · 102 + 3 · 10 + 8 = 1 · 100 + 3 · 10 + 8, 45 = 4 · 10 + 5 = 40 + 5 Aplicando as propriedades, como a distributiva, que sera˜o mais detalhadas, temos: (5 + 4 · 10)× (1 · 100 + 3 · 10 + 8) = (5 + 4 · 10)× (100 + 30 + 8) = (5 · 100 + 5 · 30 + 5 · 8) + (4 · 100 + 4 · 30 + 4 · 8) · 10 = (500 + 150 + 40) + (400 + 120 + 32) · 10 = 690 + 552 · 10 = 690 + 5520 = 6210 Com esta unidade voceˆ tera´ mais respostas do por queˆ de certos fatos e principalmente obtera´ um ferramental teo´rico para embasar melhor va´rios discursos te´cnicos, por exemplo, um relato´rio financeiro ou um cronograma de projetos. Aquelas pessoas que sabem expor seus argumentos de forma clara, sinte´tica e objetiva, na nossa a´rea de computac¸a˜o, levam vantagem sobre as outras que na˜o possuem esta capacidade. A Linguagem matema´tica permite desenvolver esta objetividade, ao mesmo tempo, que tambe´m leva a uma exatida˜o que tambe´m e´ fundamental em Computac¸a˜o. Aproveite seu diferencial! 2 Unidade: Conjuntos Nume´ricos 1 Aritme´tica 1 Aritme´tica 1.1 Introduc¸a˜o A Aritme´tica trata do estudo dos conjuntos nume´ricos, das operac¸o˜es entre os diferentes tipos de nu´meros e suas propriedades. Este estudo abrange desde a aritme´tica elementar ate´ a Teoria dos Nu´meros, que propicia um bom ferramental para outras a´reas, como, por exemplo, a Criptografia1. O entendimento dos diversos tipos de conjuntos nume´ricos variou muito, ao longo do tempo, e foi sedimentado, inicialmente, por Giuseppe Peano (1858-1932). Embora a aborda- gem inicial seja axioma´tica, vamos nos concentrar na revisa˜o das propriedades fundamentais das operac¸o˜es. 1.2 Axiomas de Peano e o Conjunto dos Naturais Desde muito tempo antes de Cristo, lida´vamos com os nu´meros naturais. A representac¸a˜o desses variou muito. A Histo´ria da Matema´tica e´ ta˜o antiga quanto a histo´ria da humanidade. E´ interessantever os v´ıdeos que falam da origem do nu´mero Um, Dois e, principalmente, do Zero. A Geometria consolidou-se, razoavelmente, na e´poca de Euclides - se´culo IV AC, que escreveu os seus livros, nos quais tambe´m incluiu conceitos mais gerais. A A´lgebra consolidou- se mais tarde, nos se´culos IX e X, com os indu-a´rabes. Foi um grande avanc¸o a notac¸a˜o decimal e o uso do zero. Isso permitiu grandes mudanc¸as no trato da aritme´tica, que passou a ser mais fa´cil, e, da´ı, mais difundido. Ja´ citamos os conjuntos nume´ricos anteriormente. Mas, para definirmos, claramente, um nu´mero natural, precisamos partir de noc¸o˜es ba´sicas, que sa˜o dadas pelos conjuntos. O conjunto dos Naturais e´ formado pelas noc¸o˜es de zero, que, em alguns casos, e´ conceituado como o nu´mero de elementos do conjunto vazio; pela noc¸a˜o de sucessor, que significa o pro´ximo elemento; e pelo conceito de induc¸a˜o, que e´ muito importante em toda cieˆncia teo´rica. Mas foi so´ mais tarde que a Teoria da Aritme´tica consolidou-se, com os axiomas de Giuseppe Peano em 1889. Ele desenvolveu uma linguagem formalizada que usava a lo´gica matema´tica. Essa linguagem continha s´ımbolos, tais como: ∈ - pertence a` classe de; ∪: soma lo´gica ou unia˜o; ∩, produto lo´gico ou intercessa˜o; e ⊃: conte´m. Para fundamentos da aritme´tica, ele escolheu treˆs conceitos primitivos: o zero, o nu´mero natural e a func¸a˜o e´ sucessor de, satisfazendo a cinco postulados ou axiomas. Nu´mero e´ uma propriedade de certos conjuntos - os conjuntos-padra˜o. Assim associamos o zero ao conjunto vazio: ∅ ≡ 0. A noc¸a˜o de sucessor de x, indicado por s(x), e´ dada pela unia˜o: s(x) de f = x ∪ {x} 1Estudo das transformac¸o˜es de uma informac¸a˜o em outra equivalente, mas codificada de forma ileg´ıvel, a na˜o ser que o destinata´rio tenha chave de desencriptac¸a˜o. Cruzeiro do Sul Educacional 1 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Nume´ricos Assim temos: 1 = s(0), ou 1 ≡ {∅} Zero esta´ associado ao conjunto vazio. O conjunto com o conjunto vazio e´ associado ao nu´mero Um e ele e´ o sucessor de zero. Analogamente, temos os demais nu´meros. 2 = s(1), ou 2 ≡ {0, 1}, . . . Axiomas de Peano: 1. Zero e´ um nu´mero natural. 2. Se a e´ um nu´mero, o sucessor de a e´ um nu´mero. Se n ∈ N, enta˜o s(n) ∈ N. 3. Zero na˜o e´ o sucessor de nenhum nu´mero. 4. Dois nu´meros cujos sucessores sa˜o iguais, sa˜o eles pro´prios, iguais. Se s(n) = s(m), enta˜o n = m. 5. Seja S um subconjunto de N tal que: (a) 0 ∈ S e (b) (∀n ∈ N) se n ∈ S , enta˜o n + 1 ∈ S . Nestas condic¸o˜es, temos S = N ? De fato o u´ltimo axioma costuma ser enunciado da seguinte forma: Princ´ıpio da Indu- c¸a˜o Matema´tica. Se 0 tem uma propriedade e essa propriedade tambe´m e´ possu´ıda pelo sucessor de todos os nu´meros naturais que a possuem, enta˜o ela e´ possu´ıda por todos os nu´meros naturais. Esse axioma permite a te´cnica de demonstrac¸a˜o conhecida com induc¸a˜o matema´tica, cuja te´cnica possui 3 passos: Seja P(x) um predicado sobre N. 1. Base da Induc¸a˜o, BI: P(0) e´ verdade. 2. Hipo´tese de Induc¸a˜o, HI: (∀n) P(n) e´ verdade. 3. Passagem de Induc¸a˜o, PI: Se P(n) e´ verdade, enta˜o P(n + 1) e´ verdade. Com esses axiomas, e´ “criado” o conjunto dos nu´meros naturais que e´ indicado pelo s´ımbolo especial N. Por exemplo, e´ atrave´s da Induc¸a˜o que podemos provar que a soma dos nu´meros de uma progressa˜o aritme´tica a1, a2, a3, . . . , an sendo a1 o primeiro termo, a2 = a1 + r, em que r e´ a raza˜o e n e´ o nu´mero total de termos, e´ dada pela fo´rmula: S = Σnn=1ai = (a1 + an)n 2 Cruzeiro do Sul Educacional 2 Campus Virtual 1 Aritme´tica 1.3 Operac¸o˜es Nume´ricas em N As operac¸o˜es nume´ricas mais usadas sa˜o a Adic¸a˜o, Subtrac¸a˜o, Multiplicac¸a˜o e Divisa˜o. Elas sa˜o definidas, inicialmente, para o conjunto dos nu´meros Naturais e, depois, estendidas para os demais conjuntos. O conjunto dos Naturais e´ infinito e sua representac¸a˜o por extensa˜o e´ simplificadamente: N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, . . . , n − 1, n, n + 1, . . .} Podemos dizer que: 2 ∈ N, 3345 ∈ N, −5 < N, 3 4 < N A adic¸a˜o e´ definida a seguir como uma func¸a˜o. Definic¸a˜o 1.1. Adic¸a˜o Dados dois conjuntos A e B de intersecc¸a˜o vazia, em que #A = x e #B = y, a Adic¸a˜o em N e´ dada pela seguinte func¸a˜o: + : N × N → N (x, y) 7→ x + y de f= #(A ∪ B), se A ∩ B = ∅ • Isso quer dizer que, dados dois nu´meros naturais x e y, que sa˜o, respectivamente, o nu´mero de elementos de dois conjuntos disjuntos, A e B, enta˜o a adic¸a˜o e´ dada pelo nu´mero total de elementos da Unia˜o dos conjuntos, o que corresponde ao nosso velho conceito de adic¸a˜o. Ou seja, vamos definir coisas novas a partir da composic¸a˜o de outras ja´ conhecidas. Todos no´s ja´ conhecemos como calcular a soma, a partir das tabuadas e dos algoritmos da adic¸a˜o, desde o ensino ba´sico. Definic¸a˜o 1.2. Subtrac¸a˜o A subtrac¸a˜o e´ definida quando o conjunto B e´ subconjunto de A, onde #A = x e #B = y. A Subtrac¸a˜o em N e´ dada por: − : N × N → N (x, y) 7→ x − y de f= #(A − B), se B ⊆ A • Logo, em N, a subtrac¸a˜o x− y so´ e´ va´lida quando y < x, caso contra´rio, na˜o esta´ definida. A partir dessa definic¸a˜o, podemos calcular e definir a Multiplicac¸a˜o, que ja´ foi apreendida ha´ muito tempo, por meio das tabuadas. A multiplicac¸a˜o pode ser definida a partir da adic¸a˜o e a divisa˜o, a partir da subtrac¸a˜o. Cruzeiro do Sul Educacional 3 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Nume´ricos Definic¸a˜o 1.3. Multiplicac¸a˜o Dados dois conjuntos A e B, onde #A = x e #B = y, a Multiplicac¸a˜o em N e´ dada pela func¸a˜o: × : N × N → N (x, y) 7→ x · y = y + y + . . . + y︸ ︷︷ ︸ x vezes Obviamente, 0 · y = 0. 1 · y = y. • Os s´ımbolos de × ou ·, que sa˜o usados para a multiplicac¸a˜o, na˜o sa˜o usados nas linguagens de programac¸a˜o usuais e eles sa˜o substitu´ıdos pelo ∗ que nunca pode ser omitido. Existem outras maneiras de definir a adic¸a˜o e a multiplicac¸a˜o com o uso de func¸o˜es recursivas, que sa˜o muito usadas em computac¸a˜o. Novamente, atrave´s da definic¸a˜o ou das tabuadas, calculamos a multiplicac¸a˜o, que hoje em dia, e´ feita de modo muito diferente do que era feita ha´ um mileˆnio. Existe uma croˆnica muito interessante sobre o que poderia acontecer se todos esqueceˆs- semos os algoritmos da adic¸a˜o ou multiplicac¸a˜o de nu´meros maiores e, obviamente, todas as ma´quinas falhassem ... Lembre-se de que nem sempre a divisa˜o e´ exata e, da´ı, podemos ter um resto. Teorema 1.1. Dados dois nu´meros inteiros, x e y na˜o nulo, enta˜o existem os nu´meros z e r tais que: x ÷ y = z e x = z · y + r em que x e´ o dividendo, y e´ o divisor, z e´ quociente e r e´ o resto. ? 1.4 Propriedades das Operac¸o˜es Aritme´ticas em N Vejamos algumas das propriedades ou caracter´ısticas das operac¸o˜es nume´ricas que, no estudo completo da aritme´tica, sa˜o teoremas e, como tal, sa˜o provados um a um. As propriedades mais usadas sa˜o: Fechamento, Comutativa, Associativa, Elemento Neu- tro, Elemento Oposto, Elemento Inverso e as Distributivas. Teorema 1.2. Propriedades das Operac¸a˜o de Adic¸a˜o e Multiplicac¸a˜o em N 1. Fechamento da Adic¸a˜o (∀x, y ∈ N)[x + y ∈ N] A frase significa que, “ para todos os nu´meros naturais, a adic¸a˜o de dois deles quaisquer x e y, a sua soma: x + y, o resultado da adic¸a˜o, sera´ sempre natural.” Cruzeiro do Sul Educacional 4 Campus Virtual 1 Aritme´tica O S´ımbolo ∀ significa: para todos, para cada, qualquer que seja, quaisquer que sejam, cada um, etc. E´ o quantificador universal. O s´ımbolo ∃ significa: existe algum, existe pelo menos algum, alguns e e´ o quantificador existencial. Parece o´bvio, mas isso na˜o ocorre para todas as operac¸o˜es, em todos os conjuntos. Conforme veremos, algumas propriedadesvalem para um conjunto, mas na˜o valem para outros. Como contra-exemplo, temos que a subtrac¸a˜o em N na˜o e´ fechada, pois 9 − 14 < N, pois o resultado conhecido na˜o existe no conjunto dos naturais, ou seja, −5 ∈ Z. Muitas operac¸o˜es matema´ticas sa˜o fechadas dentro de um conjunto, mas nem todas o sa˜o. 2. Associatividade da Adic¸a˜o e Multiplicac¸a˜o (∀x, y, z ∈ N)[x + (y + z) = (x + y) + z] (∀x, y, z ∈ N)[x ∗ (y ∗ z) = (x ∗ y) ∗ z] Esta forma simbo´lica, sem ambiguidade, serve para dizer que, na adic¸a˜o de treˆs nu´meros quaisquer: ∀x, y, z, tanto faz somarmos o primeiro ao resultado da adic¸a˜o dos dois u´ltimos, como o dos dois primeiros ao terceiro, que o resultado e´ o mesmo. O mesmo vale para a multiplicac¸a˜o. 3. Comutatividade da Adic¸a˜o e Multiplicac¸a˜o (∀x, y ∈ N)[x + y = y + x] (∀x, y ∈ N)[x ∗ y = y ∗ x] Mantemos o mesmo simbolismo dos quantificadores e, agora, dizemos que a ordem das parcelas ou fatores na˜o muda a soma ou produto, respectivamente, o resultado da adic¸a˜o e da multiplicac¸a˜o. A ordem das parcelas na˜o altera a soma e a ordem dos fatores na˜o altera o produto. 4. Distributividade da Multiplicac¸a˜o para Adic¸a˜o (∀x, y, z ∈ N)[x ∗ (y + z) = (x ∗ y) + (x ∗ z)] O nome da propriedade remete-nos ao fato de colocarmos o x em evideˆncia na igualdade, ou seja, distribu´ımos o valor x para a adic¸a˜o. Aqui cabe uma outra observac¸a˜o que e´ importante, tambe´m, nas linguagens de pro- gramac¸a˜o, pois, se assumimos a prioridade da multiplicac¸a˜o sobre a adic¸a˜o, podemos escrever, sem pareˆnteses, apenas o segundo termo: (∀x, y, z ∈ N)[x ∗ (y + z) = x ∗ y + x ∗ z] Cruzeiro do Sul Educacional 5 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Nume´ricos 5. Elemento Neutro da Adic¸a˜o (∃n ∈ N)(∀x ∈ N)[n + x = x + n = x] Existe um nu´mero n que e´ o Zero, n = 0, e para todos os demais naturais ele e´ neutro. Observe que a relac¸a˜o e´ de um para todos. Existe so´ um neutro para todos naturais. Isso e´ usado em banco de dados para dizer que temos uma relac¸a˜o de 1 para va´rios, ou seja, 1-n. 6. Elemento Neutro da Multiplicac¸a˜o (∃i ∈ N)(∀x ∈ N)[i ∗ x = x ∗ i = x] Tal nu´mero i e´ o Um, i = 1. Tambe´m e´ um u´nico neutro multiplicativo e tambe´m chamado de unidade. ? Nesse conjunto esta´ intrinsicamente firmada a noc¸a˜o de ordem, isto e´, 0 e´ menor que qualquer nu´mero natural, 1 < 2, 2 < 3, 4 < 5, . . . , 45 < 67, etc. 2 Conjunto dos Inteiros: Z 2.1 Novos Elementos: os Negativos Observamos que a subtrac¸a˜o nem sempre e´ definida para qualquer par de nu´meros, pois ela depende da ordem em que sa˜o tomados os nu´meros. Para que seja sempre poss´ıvel subtrair dois nu´meros quaisquer, ‘aumentamos ’ o conjunto dos Naturais, criando outro conjunto - os inteiros Z. O s´ımbolo Z vem da palavra inteiro ‘zahl´ na l´ıngua alema˜. Z = {. . . ,−7,−6,−5,−4,−3,−2,−1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, . . .} Esse conjunto e´ uma extensa˜o dos naturais e, agora, a subtrac¸a˜o e´ fechada. 2 ∈ Z, −33 ∈ Z, −pi < Z, 3 4 < Z Os conceitos das operac¸o˜es de adic¸a˜o, subtrac¸a˜o, multiplicac¸a˜o e divisa˜o em Z permanecem definidas de maneira ana´loga a feita nos naturais, quando os nu´meros sa˜o positivos, para mantermos o conceito de extensa˜o dos conjuntos. Cruzeiro do Sul Educacional 6 Campus Virtual 2 Conjunto dos Inteiros: Z 2.2 Regras dos Sinais em Z Os sinais negativo e positivo podem ser associados aos sentidos do eixo da reta numerada, incluindo, os naturais no sentido positivo. O eixo positivo e´ convencionado ser estabelecido a partir do ponto com o Zero e da´ı para a direita. Logo, o sentido negativo vai do Zero para a esquerda. 1. A soma inteiros positivos e´ positiva. 2. A soma de inteiros negativos e´ negativa. 3. Se os nu´meros teˆm sinais diferentes, subtra´ımos o menor do maior, em valor absoluto, e mantemos o sinal do maior, tambe´m em valor absoluto. 4. O produto de nu´meros inteiros de mesmo sinal e´ positivo. 5. O produto de nu´meros inteiros de sinais diferentes e´ negativo. Existem va´rias maneiras de justificar essas regras conforme pode ser visto em va´rios livros. 2.3 Propriedades das Operac¸a˜o de Adic¸a˜o, Subtrac¸a˜o e Multipli- cac¸a˜o em Z Assumindo as regras anteriores podemos provar as seguintes propriedades. Teorema 2.1. Propriedades das Operac¸a˜o de Adic¸a˜o, Subtrac¸a˜o e Multiplicac¸a˜o em Z 1. Fechamento da Adic¸a˜o, Subtrac¸a˜o e Multiplicac¸a˜o (∀x, y ∈ Z)[x + y ∈ Z] (∀x, y ∈ Z)[x − y ∈ Z] (∀x, y ∈ Z)[x ∗ y ∈ Z] 2. Associatividade da Adic¸a˜o e Multiplicac¸a˜o (∀x, y, z ∈ Z)[x + (y + z) = (x + y) + z] (∀x, y, z ∈ Z)[x ∗ (y ∗ z) = (x ∗ y) ∗ z] 3. Comutatividade da Adic¸a˜o e Multiplicac¸a˜o (∀x, y ∈ Z)[x + y = y + x] (∀x, y ∈ Z)[x ∗ y = y ∗ x] Cruzeiro do Sul Educacional 7 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Nume´ricos 4. Distributividade da Multiplicac¸a˜o para Adic¸a˜o (∀x, y, z ∈ Z)[x ∗ (y + z) = (x ∗ y) + (x ∗ z] 5. Elemento Neutro da Adic¸a˜o (∃n ∈ Z)(∀x ∈ Z)[n + x = x + n = x] Existe so´ um neutro para todos inteiros. 6. Elemento Neutro da Multiplicac¸a˜o (∃i ∈ Z)(∀x ∈ Z)[i ∗ x = x ∗ i = x] 7. Elemento Oposto ou Inverso Aditivo (∀x ∈ Z)(∃op ∈ Z)[op + x = x + op = 0] Tal nu´mero op e´ o oposto de x, op(x) = −x. Observe que, agora, para cada nu´mero inteiro existe um oposto. A soma dos opostos e´ sempre nula. Mudou o significado e a ordem dos quantificadores. Temos que o oposto de 4 e´ -4, o oposto de -6 e´ 6, etc. Observe que esta propriedade e´ inexistente nos naturais. ? A relac¸a˜o de ordem e´, intuitivamente, a mesma dos naturais; um nu´mero x e´ menor que outro y se o primeiro vem antes do segundo. Como dizer formalmente que x ‘vem antes de’ y? Podemos fazer isso, usando a definic¸a˜o de adic¸a˜o com a seguinte fo´rmula: (∀x ∈ Z)[x < y ⇔ (∃k ∈ Z+)|y = x + k] O s´ımbolo ⇔ significa que o primeiro lado e´ equivalente ao segundo. Assim, vemos que todos os nu´meros negativos sa˜o menores que os positivos. −56 < −45,−4 < 5,−4 < 3,−4 < 3,−5 < −3,−1 < 1, 3 < 4, 45 < 56, . . . Dica para Linguagens de Programac¸a˜o: Nas linguagens de programac¸a˜o existem co´digos bina´rios para a representac¸a˜o dos carac- teres alfa-nume´ricos e s´ımbolos dos diferentes tipos de nu´meros inteiros ou racionais. No caso de nu´meros naturais ou inteiros, a codificac¸a˜o pode ser a mesma, usando o tipo inteiro, cuja palavra abreviada e´ int, que e´ usada em muitas linguagens, por exemplo, C, C++ e Java. Para os nu´meros racionais ou reais, temos o tipo float ou double. Cruzeiro do Sul Educacional 8 Campus Virtual 3 Conjunto dos Racionais Q 3 Conjunto dos Racionais Q 3.1 Novos Elementos: As frac¸o˜es ou os Racionais No conjunto dos inteiros, podemos fazer qualquer adic¸a˜o e subtrac¸a˜o, mas ainda na˜o podemos fazer a divisa˜o entre qualquer par de nu´meros e, sim, apenas para alguns. Quando a divisa˜o na˜o e´ inteira, formamos uma frac¸a˜o. Uma frac¸a˜o pro´pria representa a divisa˜o na˜o inteira de uma certa quantidade, por exemplo, do nu´mero um ou unidade por outro nu´mero inteiro. As frac¸o˜es tambe´m sa˜o indicadas por razo˜es ou uma barra da divisa˜o. Assim, se na˜o podemos ter o resultado inteiro da divisa˜o de 3 por 4, o indicamos por 34 . Os nu´meros maiores que 1 tambe´m podem ser indicados por frac¸o˜es. O conjuntos de todas as frac¸o˜es e´ o conjuntos de todos os quocientes ou Q. Nos dois conjuntos anteriores, na˜o falamos das propriedades da divisa˜o e, em nenhum deles, ela e´ fechada. Isto passa a ser verdade no conjunto dos racionais. Tanto que o conjunto pode ser descrito assim: Q = {a b | a ∈ Z , b ∈ Z e b , 0 } Agora a divisa˜o e´ fechada em Q. Agora, nos racionais, exceto no zero, a divisa˜o e´ fechada. O conjunto tem esse nome, pois uma divisa˜o ou frac¸a˜o e´ tambe´m chamada de raza˜o e seu adjetivo e´ racional. Palavra ampla e com va´rios significados. Esseconjunto foi o ma´ximo durante muito tempo para os gregos do per´ıodo cla´ssico, que abominavam nu´meros como √ 2, que na˜o e´ racional. Alia´s, eles tinham certo preconceito contra os nu´meros na˜o racionais e infinitos. O infinito tambe´m era problema´tico para eles. Exemplos de nu´meros racionais: 2 ∈ Q, −33 ∈ Q, 1 3 , 28933 55849 ∈ Q, 3 4 ∈ Q Observe que a forma decimal 13 = 0.33333333 . . . tem infinitos d´ıgitos e e´ racional, assim como outras d´ızimas perio´dicas, por exemplo, 0.34567123456897897897897 . . ., que podem ser colocadas na forma fraciona´ria. Exemplos de nu´meros na˜o racionais: pi < Q, e < Q, √ 2 < Q, √ 5 < Q pi = 3.14159265359 . . . , e = 271828182846 . . . , √ 2 = 1.41421356237 . . . Esses e todos os demais infinitos irracionais na˜o possuem uma expansa˜o decimal que forme algum tipo de per´ıodo ( sequeˆncia repetitiva). Alia´s isto e´ demonstrado. Por exemplo, suponha que √ 2 tenha uma forma fraciona´ria e que denominador e numerador sejam primos entre si, como e´ poss´ıvel colocar qualquer frac¸a˜o. Por exemplo, 3648 = 3 4 . Um disc´ıpulo de Pita´goras descobriu e provou esse fato, que contrariava a hipo´tese, ge- ralmente assumida de que todos os nu´meros eram racionais. Isso faz parte da ideia geral de harmonia da natureza e dos nu´meros a ela correspondentes. Veremos que naturais, intei- ros e racionais partilham da mesma natureza enumera´vel, ou seja, teˆm o mesmo nu´mero de Cruzeiro do Sul Educacional 9 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Nume´ricos elementos, sa˜o equipotentes. Pita´goras e sua escola descobriram que as notas musicais sa˜o representadas por nu´meros racionais, assim como suas harmonias. Logo, pareceu-lhes que nenhum outro nu´mero seria necessa´rio. Consta, sem provas histo´ricas, que esse disc´ıpulo foi assassinado, talvez para na˜o difundir ideias perigosas. Na˜o e´ dif´ıcil crer nisso. De fato, nos computadores so´ temos nu´meros racionais. Ponto para Pita´goras! Mas, para desenvolver outras teorias matema´ticas e f´ısicas, na˜o bastam os enumera´veis. Precisamos dos reais. Vamos usar uma demonstrac¸a˜o por absurdo2, ou seja, vamos supor que √ 2 seja raci- onal, isto e´, uma frac¸a˜o e tirar algumas outras concluso˜es do fato. Se chegarmos a alguma contradic¸a˜o intr´ınseca a` suposic¸a˜o, veremos que essa suposic¸a˜o na˜o e´ verdadeira e, da´ı, pela Lo´gica Cla´ssica, ela e´ falsa, concluindo-se que √ 2 e´ irracional. Em primeiro lugar, lembremos que √ 2 e´ o nu´mero que elevado ao quadrado, e´ 2 e ( √ 2)2 = 2 Teorema 3.1. √ 2 na˜o e´ racional. Demonstrac¸a˜o: Por absurdo: Seja √ 2 = pq uma frac¸a˜o irredut´ıvel. Podemos eleva´-la ao quadrado e, da´ı, teremos: ( p q )2 = p2 q2 = 2 E isso nos leva a dizer que p2 = 2q2. Da´ı, p2 e´ par e tambe´m p deve ser par, pois o quadrado de um nu´mero ı´mpar e´ ı´mpar. Veremos, depois outra demonstrac¸a˜o envolvendo esses conceitos. Temos, enta˜o, que p e´ um nu´mero par e, portanto, e´ o dobro de algum nu´mero inteiro, digamos k: p = 2k ⇒ (2k)2 = 2q2 ⇒ 4k2 = 2q2 ⇒ 2k2 = q2 Enta˜o, q tambe´m e´ par pelo motivo ja´ citado. Logo, a hipo´tese de que √ 2 era uma frac¸a˜o irredut´ıvel e a nova conclusa˜o de que p e q sa˜o pares e, da´ı, sa˜o redut´ıveis formam uma contradic¸a˜o, ou seja, um absurdo. Logo, conclui-se, pela Lo´gica Cla´ssica, que √ 2 e´ irracional. ? Mas, se na˜o aceitarmos essa prova? Este questionamento e´ fundamental sempre! Podemos calcular a raiz de outras formas. A pro´pria calculadora nos fornece√ 2 ' 1.4142135623730950488016887242097. Na˜o bastaria continuar para encontrarmos um per´ıodo? Hoje existem computadores que esta˜o sempre calculando mais e mais d´ıgitos de√ 2 assim como de pi, outro irracional famoso. Ate´ hoje na˜o se chegou a nenhum candidato a per´ıodo! Nem chegaremos! Esse questionamento sempre e´ sauda´vel e muitos matema´ticos e lo´gicos tambe´m se ques- tionaram. Existem outros tipos de Lo´gica que na˜o a cla´ssica. Basicamente, a Lo´gica Cla´ssica parte de 3 princ´ıpios ou axiomas e, quando na˜o se admite um deles, temos outro tipo de Lo´gica. Na Lo´gica intucionista, na˜o se admite esse tipo de prova, ou seja, usar o princ´ıpio da dupla-negac¸a˜o. 2Veremos que isto e´ um teorema da Lo´gica. Cruzeiro do Sul Educacional 10 Campus Virtual 3 Conjunto dos Racionais Q 3.2 Regras sobre Frac¸o˜es 1. Frac¸o˜es Iguais: a b = c d ⇔ a = c e b = d 2. Frac¸o˜es Equivalentes: a b = c d ⇔ ad = bc 3. Simplificac¸a˜o: ax bx = a b Exemplo: 56 40 = 7 · 8 5 · 8 = 7 5 4. Adic¸a˜o a b + c d = ad + cb bd 5. Multiplicac¸a˜o a b · c d = ac bd 6. Inverso (a b )−1 = b a se b , 0 Vejamos, agora, as propriedades das operac¸o˜es no conjunto das frac¸o˜es. 3.3 Propriedades das Operac¸a˜o de Adic¸a˜o e Multiplicac¸a˜o em Q Usando as regras anteriores podemos provar as seguintes propriedades. Teorema 3.2. Propriedades das Operac¸a˜o de Adic¸a˜o e Multiplicac¸a˜o em Q 1. Fechamento da Divisa˜o (∀x, y ∈ Q)[ x y ∈ Q, e b , 0.] Cruzeiro do Sul Educacional 11 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Nume´ricos 2. Associatividade da Adic¸a˜o e Multiplicac¸a˜o (∀x, y, z ∈ Q)[x + (y + z) = (x + y) + z] (∀x, y, z ∈ Q)[x ∗ (y ∗ z) = (x ∗ y) ∗ z] Dica para Linguagens de Programac¸a˜o: Conforme dissemos anteriormente, a memo´ria do computador, por maior que seja, e´ finita, assim como tambe´m e´ finito o tamanho da palavra. Portanto, o conjunto de todos os nu´meros representa´veis num computador e´ muit´ıssimo grande, mas e´ finito. Ale´m disso, nu´meros com infinitos d´ıgitos na˜o possuem uma representac¸a˜o exata e sa˜o aproximados, causando uma diferenc¸a entre o valor verdadeiro do nu´mero e sua representac¸a˜o, que e´ arredondada. Atenc¸a˜o!!! Uma decorreˆncia disso e´ que a propriedade associativa nem sempre e´ verdade numa ma´quina digital! Surpreenda-se! Teste para diferentes reais de sinais diferentes e ordens de grandezas bem diferentes. Veja os efeitos dos erros de arredondamento, mas so´ em casos especiais. 3. Comutatividade da Adic¸a˜o e Multiplicac¸a˜o (∀x, y ∈ Q)[x + y = y + x] (∀x, y ∈ Q)[x ∗ y = y ∗ x] 4. Distributividade da Multiplicac¸a˜o para Adic¸a˜o (∀x, y, z ∈ Q)[x ∗ (y + z) = (x ∗ y) + (x ∗ z] 5. Elemento Neutro da Adic¸a˜o (∃n ∈ Q)(∀x ∈ Q)[n + x = x + n = x] Existe so´ um neutro, que continua sendo o Zero, para todos racionais. 6. Elemento Neutro da Multiplicac¸a˜o (∃i ∈ Q)(∀x ∈ Q)[i ∗ x = x ∗ i = x] O Neutro multiplicativo continua a ser a unidade, i = 1. Cruzeiro do Sul Educacional 12 Campus Virtual 4 Conjunto dos Reais 7. Elemento Oposto ou Inverso Aditivo (∀x ∈ Q)(∃op ∈ Z)[op + x = x + op = 0] Tal nu´mero op e´ o oposto de x, op(x) = −x. Se x e´ uma frac¸a˜o x = yz , enta˜o seu oposto e´ a frac¸a˜o com sinal contra´rio −x = −yz = y−z = − yz 8. Elemento Inverso Multiplicativo (∀x ∈ Q)(∃ei ∈ Q)[x ∗ ei = ei ∗ x = 1] Tal inverso de x e´ ei = x−1 = 1x e x ∗ x−1 = x−1 ∗ x = 1 Na˜o t´ınhamos esta propriedade nos inteiros. Cada nu´mero racional tem seu inverso: o inverso de 5 e´ 1/5, de 3/4 e´ 4/3; de −3/7 = − 37 e´ − 73 e assim por diante. ? No conjunto dos Racionais, a divisa˜o e´ fechada, mas nem todas as operac¸o˜es que usamos sa˜o fechadas. Ale´m disso, existem nu´meros que na˜o sa˜o expressos por frac¸o˜es, conforme ja´ vimos. 4 Conjunto dos Reais 4.1 Acabaram os Discretos, temos o Cont´ınuo Todas os nu´meros possuem um conjuntos de caracter´ısticas teo´ricas, obviamente e um campo de aplicac¸a˜o. Ate´ agora, todos conjuntos nume´ricos apresentados tinham a caracter´ıstica de serem aplicados a dados que eram discretos, isto e´, em matema´tica, se refere a uma entidade com partes em separado, que culminam nas frac¸o˜es. O que na˜o pode ser posto na forma de frac¸a˜o e´ cont´ınuo.Ja´ os nu´meros reais se referem a dados cont´ınuos, isto e´, na˜o possuem interrupc¸a˜o, e incluem todos os anteriores, os positivos, negativos, racionais e irracionais formando um todo cont´ınuo, a reta real. Unindo o conjunto dos racionais com os nu´meros irracionais, formamos o conjunto dos Reais R. Existe uma maneira mais formal de construir o conjunto dos Reais atrave´s dos cortes de Dedekind e das sequeˆncias de Cauchy. Intuitivamente, podemos associar a cada nu´mero um ponto numa reta. Para isso, mar- camos, inicialmente, um so´ ponto e a ele associamos o nu´mero natural Zero. A partir da´ı, marcamos outro ponto a associamos o nu´mero Um. Agora, associamos um sentido positivo nessa reta que vai do zero ao um. Com essa distaˆncia no sentido positivo, associamos um outro ponto adiante e marcamos o nu´mero dois e, assim, sucessivamente. Nessa reta temos, enta˜o, todos os nu´meros naturais. No sentido oposto ao −→ 01, marcamos os nu´mero negativos. A seguir, na metade da distaˆncia do zero ao um, marcamos 1/2. Na terc¸a parte, marcamos 1/3, etc. Nessa reta havera´ uma posic¸a˜o que corresponde ao √ 2, ao √ 3, etc. e aos demais irracionais. Cruzeiro do Sul Educacional 13 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Nume´ricos Figura 1: Inclusa˜o entre Conjuntos Nume´ricos 2 ∈ R, −33 ∈ R, √2 ∈ R − pi ∈ R, 3 4 ∈ R, √−1 < R Esse conjunto e´ bem mais novo que os demais e causa muito espanto, pois, de fato, ele e´ cont´ınuo e na˜o possui os “buracos” dos racionais. Esse infinito e´ de natureza diferente dos naturais e os conjuntos enumera´veis. Esse infinito e´ mais potente. O conjunto R na˜o e´ enumera´vel. Essa prova esta´ fora do contexto deste trabalho, pore´m e´ importante para o curso de Teoria de Computac¸a˜o. Dizemos que, ale´m de infinito, o conjunto dos reais tem a poteˆncia indicada por ℵ1: Q / R e n(R) = ℵ1 Ale´m disso, N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R. Podemos ter uma aproximac¸a˜o destas incluso˜es na figura a seguir 4.1. O conjunto R possui todas as propriedades dos racionais e muitas outras que na˜o veremos aqui. Pore´m esse na˜o e´ o conjunto final; existe o conjunto dos complexos, no qual ganhamos outras propriedades, mas perdemos outras. A imaginac¸a˜o e a necessidade, contudo, na˜o tem limites. Terminada a revisa˜o dos diferentes tipos de nu´meros, vamos a outra demonstrac¸a˜o que, talvez, voceˆs nunca tenham feito. Uma demonstrac¸a˜o pode ser linda, simples ou complexa, fa´cil ou dif´ıcil, mas nunca e´ feia. Infelizmente, a beleza da matema´tica e´ para poucos, na˜o porque esses sa˜o privilegiados, mas porque poucos se aventuram por caminhos ino´spitos para depois chegar a belas paisagens. Todos gostamos de belas paisagens de montanhas, mas sa˜o poucos os alpinistas. Assim e´ em va´rios campos do conhecimento humano. Um exemplo matema´tico, associado a` beleza, e´ o dos nu´meros binomiais que o poeta A´lvaro de Campos (heteroˆnimo de Fernando Pessoa) compara com a deusa Veˆnus e sua esta´tua. O binoˆmio de Newton e´ ta˜o belo como a Veˆnus de Milo. O que ha´ e´ pouca gente para dar por isso. Cruzeiro do Sul Educacional 14 Campus Virtual 4 Conjunto dos Reais o´o´o´o´—o´o´o´o´o´o´ o´o´o´—o´o´o´o´o´o´o´ o´o´o´o´o´o´o´o´ (O vento la´ fora.) Podemos definir alguns nu´meros inteiros ou naturais como par. “Um nu´mero inteiro e´ par se ele e´ mu´ltiplo de 2”. Assim, 10 e´ par, pois 10 = 2 × 5. Zero e´ par, pois 0 = 0 × 2. Para provar um teorema, temos que separar, na afirmac¸a˜o dada, o que sa˜o os dados de hipo´tese e os fatos que constituem a conclusa˜o ou tese. A afirmac¸a˜o de um teorema e´ sempre do tipo “Se hipo´tese, enta˜o tese”. A prova consiste em partir dos dados da hipo´tese e, mediante aplicac¸o˜es de outros fatos ja´ provados, de definic¸o˜es e racioc´ınios lo´gicos va´lidos, chegar, enta˜o, a` tese. Se esse caminho de fato existir, enta˜o a afirmac¸a˜o esta´ provada e temos um novo teorema. Um teorema que expressa uma relac¸a˜o sobre nu´meros pares e´ dado por: “A soma de dois nu´meros pares e´ tambe´m par”. De fato, podemos ter va´rios exemplos disso: 6 e 12 sa˜o pares e sua soma e´ 18 que tambe´m e´ par. Mas, por mais exemplos que tenhamos, eles na˜o constituem uma prova. Podemos enunciar melhor o teorema. Teorema 4.1. Se x ∈ Z e y ∈ Z sa˜o nu´meros pares, enta˜o sua soma e´ par. Demonstrac¸a˜o: Se x e´ par enta˜o, pela definic¸a˜o, existe um nu´mero, digamos k, tal que, x = 2 × k e, analogamente, y = 2 × m. A soma deles sera´: x + y = 2 × k + 2 × m = 2(k + m) Logo, usando a propriedade distributiva, vemos que o resultado da soma tambe´m e´ par, pois e´ mu´ltiplo de 2. c.q.d. ? Essa demonstrac¸a˜o e´ chamada de direta. Na˜o faz uso da demonstrac¸a˜o por absurdo, como o exemplo anterior. Nem todos os teoremas sa˜o assim fa´ceis de demonstrar. Mas todos devem ser demonstrados. Uma afirmac¸a˜o ana´loga a essa “ a soma de ı´mpares e´ ı´mpar” e´ falsa. Neste caso, basta mostrar um caso onde ela e´ falsa e, da´ı, na˜o temos teorema, 3 e 9 sa˜o ı´mpares a a soma 3 + 9 = 12 e´ par. Assim tivemos uma ra´pida revisa˜o sobre a Aritme´tica como um me´todo axioma´tico e for- mal, embora de uma maneira coloquial, apesar de usarmos simbolismos. Vimos exemplos do que e´ uma definic¸a˜o, de axiomas e de teoremas. Existem extenso˜es da Aritme´tica e Geome- tria, pois a usadas aqui podem ser ampliadas ou reduzidas e ainda assim serem importantes sistemas axioma´ticos. Nenhuma delas e´ menos importante do que a outra, apenas se aplicam a situac¸o˜es diferentes e resolvem problemas diferentes. A seguir, temos um resumo dos conjuntos, operac¸o˜es e suas propriedades. O x indica que o conjunto tem a referida propriedade. Cruzeiro do Sul Educacional 15 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Nume´ricos Conjunto N Z Q R + − · ÷ + − · ÷ + − · ÷ + − · ÷ Fechamento x x x x x x x x x x x x x Associativa x x x x x x x x Comutativa x x x x x x x x Neutro x x x x x x x x x x x x x x x x Inverso x x x x x Ale´m disso, a multiplicac¸a˜o se distribui para adic¸a˜o. O Conjunto R possui as mesmas pro- priedades dos racionais, mas possui ainda outras propriedades, que os racionais na˜o possuem, que sa˜o estudadas no curso de Ca´lculo Diferencial. Vamos definir outras operac¸o˜es e propriedades entre nu´meros reais, que tambe´m sa˜o usadas em casos particulares, nos naturais, inteiros, racionais e agora, no conjunto dos Reais. 4.2 Poteˆncias Vamos definir as poteˆncias em casos particulares. Definic¸a˜o 4.1. Poteˆncia Seja a um nu´mero real e n um nu´mero natural, enta˜o a poteˆncia de a elevado a n e´ dada por an = a · a · a . . . a︸ ︷︷ ︸ n vezes O valor de a e´ chamado de base e o de n e´ o expoente, e o resultado e´ a poteˆncia. • Teorema 4.2. Regras de Potenciac¸a˜o Sejam a, b nu´meros reais e n,m nu´meros naturais. 1. an · am = an+m Para multiplicar poteˆncias de mesma base, no resultado conservamos a base, e o novo expoente e´ a soma dos expoentes dados. 2. an ÷ am = anam = an−m Para dividir poteˆncias de mesma base, no resultado conservamos a base, e o novo expoente e´ a subtrac¸a˜o dos expoentes dados, o numerador menos denominador. 3. (am)n = amn Poteˆncia de poteˆncia, no resultado conservamos a base, e o novo expoente e´ o produto dos expoentes dados. Cruzeiro do Sul Educacional 16 Campus Virtual 4 Conjunto dos Reais 4. ( a b )n = a n bn Poteˆncia de uma frac¸a˜o e´ a frac¸a˜o das poteˆncias, ou seja, o resultado e´ uma nova frac¸a˜o, na qual os termos sa˜o os mesmos com o expoente repetido no numerador e no denominador. ? Definic¸a˜o 4.2. Poteˆncias com expoente negativo Seja a um nu´mero real e n um nu´mero natural, enta˜o a poteˆncia de a elevado a −n e´ dada por a−n = 1 an • Teorema 4.3. Seja a um nu´mero real, se o expoente e´ natural e par, n = 2k, enta˜o o resultado e´ positivo. (−a)2k = [(−a)2]k = [(−a) · (−a)]k = [a2]k= a2k ? Exemplo 4.1. Poteˆncias diversas: 1. 45 = 4 · 4 · 4 · 4 = 1024 2. 32 · 34 = 36 = 9 · 81 = 36 = 729 3. ( 3 4 )5 = 3 5 45 = 243 1024 = 0.237304468... 4. ( 2 3 )−3 = ( 1 2 3 )3 = ( 3 2 )3 = 3 3 23 = 27 8 = 3.375 5. ( 1 4 )−2 = 42 = 16 6. (−3)4 = 34 = 81 7. (−3)5 = −243 8. Atenc¸a˜o: −24 , (−2)4. O primeiro e´ de fato −(24) = −16 e o segundo e´ (−2)4 = 16. No primeiro caso, o uso dos pareˆnteses na˜o e´ necessa´rio e, da´ı, na˜o e´ usado. Atenc¸a˜o: A potenciac¸a˜o tem prioridade sobre a multiplicac¸a˜o. q Definic¸a˜o 4.3. Poteˆncia com expoente racional Seja a um nu´mero real e nmn uma frac¸a˜o, enta˜o a poteˆncia de a elevado a` frac¸a˜o e´ dada por a m n = n√am Cruzeiro do Sul Educacional 17 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Nume´ricos • Exemplo 4.2. a 1 2 = 2√ a1 = √ a 2 3 2 = 2√ 23 = 2√ 8 = 2 √ 2 2 2 3 = 3√ 22 = 3√ 4 q Tanto a potenciac¸a˜o como a radiciac¸a˜o sa˜o func¸o˜es ou operac¸o˜es matema´ticas que podem ser definidas atrave´s de outras em casos particulares, como vimos, ou atrave´s de outras fo´rmulas mais gerais, como o uso de limites. 4.3 Radiciac¸a˜o O ca´lculo a raiz esta´ associado a` operac¸a˜o inversa a` da potenciac¸a˜o. Por exemplo, se sabemos que um quadrado tem 49m2 de a´rea, enta˜o seu lado tem 7m atrave´s da operac¸a˜o da radiciac¸a˜o, pois √ 49 = 7. Definic¸a˜o 4.4. Seja a um nu´mero real positivo e n um nu´mero natural na˜o nulo. A expressa˜o n √ a representa o u´nico nu´mero real x que verifica xn = a. n√a = x ⇔ xn = a O nu´mero n e´ chamado de ı´ndice, o valor a e´ chamado de radicando e x e´ a raiz. • Observac¸o˜es: 1. Em alguns casos, podemos estender o conceito acima para qualquer nu´mero real a e definir a raiz quando existir o nu´mero x tal que xn = a. 2. Se n for par, havera´ dois nu´meros x tais que xn = a, mas a definic¸a˜o de raiz e´ dada, somente, ao valor que tem o mesmo sinal de a, quando existe. Em certos casos, podemos estar interessados nos dois valores e, da´ı, simbolizamos por ± 2√a, quando existe. 3. E´ importante notar que tal nu´mero pode na˜o existir. Se, por exemplo, a e´ negativo e n = 2, enta˜o na˜o existe nenhum nu´mero x que, elevado ao quadrado, resulte em um valor negativo. Se quisermos dar um outro significado a essa possibilidade, criamos o conjunto dos nu´meros complexos C, que, alia´s, possui aplicac¸o˜es bem interessantes no ca´lculo de circuitos ele´tricos. Esse modo de ‘criar ’ conjuntos para permitir certas operac¸o˜es foi feito desde o in´ıcio com a subtrac¸a˜o em N. Cruzeiro do Sul Educacional 18 Campus Virtual 5 Conjuntos Enumera´veis Teorema 4.4. Propriedades da Radiciac¸a˜o Sejam a, b reais e n,m, p inteiros, sendo n,m > 1. 1. A n√ab = n√a · n√b 2. n √a b = n√a n√b 3. ( n √ a)m = n √ am 4. p √ n √ a = p n √ a ? Exemplo 4.3. 3 7√ 5 + 2 7√ 5 − 7√5 = (3 + 2 − 1) 7√5 = 4 7√5 = 4 · 5 17 = 4 · 1.2584989... = 5.0339958... Os valores finais foram obtidos via func¸a˜o yx das calculadoras. Antes desta ferramenta, eram usadas va´rias tabelas ou tabuadas, previamente calculadas via se´rie de poteˆncias e diferenc¸as finitas. 5√ 4 · 5√6 = 5√4 · 6 = 5√24 = 1.888175... √ 200√ 2 = √ 200 2 = √ 100 = 10 3 √ 4√ 2 = 12√ 2 = 2 1 12 = 1.059463... q 5 Conjuntos Enumera´veis Os conjuntos sa˜o finitos, com um nu´mero determinado de elementos ou infinitos. Se os conjuntos teˆm o mesmo nu´mero de elementos, eles sa˜o equipotentes. Definic¸a˜o 5.1. Conjuntos Enumera´veis Sa˜o os conjuntos finitos ou equipotentes aos Naturais N. • Em uma primeira instaˆncia, intuitivamente, podemos supor que o conjunto dos nu´meros inteiros tem mais elementos que o conjunto dos naturais. Mas na˜o e´ o que ocorre de fato. O conjunto Z e´ enumera´vel, como podemos ver pela correspondeˆncia evidenciada logo abaixo. Basta so´ um olhar diferente para verificarmos a enumerabilidade e equipoteˆncia de ambos, pois uma outra maneira de escrever esses nu´meros ja´ nos da´ uma pista do porqueˆ a intuic¸a˜o falha neste caso. Cruzeiro do Sul Educacional 19 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Nume´ricos N = {0, −1, 1 −2, 2, −3, 3, . . .} Z = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, . . . } Vemos que a cada nu´mero negativo corresponde um nu´mero natural ı´mpar e que a cada nu´mero inteiro positivo corresponde um nu´mero natural par, logo existe uma correspondeˆncia “1 − 1′′ entre ambos os conjuntos e eles possuem o mesmo nu´mero infinito de elementos. Logo, se n(A) ou #A indica o nu´mero de elementos do conjunto A, enta˜o para A = {1, 6, 8, 9} temos n(A) = #A = 4 e para os naturais e inteiros temos que eles possuem infinitos elementos. N ∼ Z ∼ Q n(N) = n(Z) = n(Q) = ∞ = ℵ0 O s´ımbolo ∼ indica equipoteˆncia entre conjuntos e ℵ0 indica a cardinalidade ou nu´mero de elementos de conjuntos enumera´veis e infinitos. Em cada um desses conjuntos, temos nu´meros de natureza diferente, mas todos seus conjuntos sa˜o equipotentes, isto e´, possuem o mesmo nu´mero infinito de elementos. Essa era uma das dificuldades dos gregos, perceber o qua˜o “grande e dinaˆmico” e´ o infinito. N ∼ Z :sa˜o equipotentes e n(N) = n(Z) = ∞ Mesmo o conjunto das frac¸o˜es pode ser visto de modo sistema´tico, ordenado para termos uma sequeˆncia de uma frac¸a˜o depois da outra, como os nu´meros inteiros. Uma maneira de organiza´-los e´ vermos apenas as frac¸o˜es positivas e vermos mesmo os nu´meros inteiros como frac¸o˜es. Podemos enumerar as frac¸o˜es nas diagonais da tabela a seguir e teremos considerado todas as frac¸o˜es, vendo que elas teˆm o mesmo nu´mero infinito de elementos que os naturais. Comece em 1 = 11 , va´ para 1 2 , 2 1 , 3 1 , 2 2 , 1 3 , 1 4 , 2 3 , 3 2 ; seguindo em diagonais assim por diante. Todas as frac¸o˜es esta˜o numa sequeˆncia que pode ser indexada pelos naturais, mostrando que o nu´mero delas, retirando os repetidos, e´ o mesmo que o nu´mero dos naturais ou inteiros. 1 1 1 2 , 2 1 , 3 1 , 1 3 , 1 4 , 2 3 , 3 2 , 4 1 , 5 1 , 1 5 , 1 6 , 2 5 , . . . 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 . . . Tabela com uma ordenac¸a˜o das frac¸o˜es positivas 1/1 2/1 3/1 4/1 5/1 6/1 7/1 8/1 .... 1/2 2/2 3/2 4/2 5/2 6/2 7/2 8/4 .... 1/3 2/3 3/3 4/3 5/3 6/3 7/3 8/3 ... 1/4 2/4 3/4 4/4 5/4 6/4 7/4 8/4 ... 1/5 2/5 3/5 4/5 5/5 6/5 7/5 8/5 .... 1/6 2/6 3/6 4/6 5/6 6/6 7/6 8/6 ... 1/7 2/7 3/7 4/7 5/7 6/7 7/7 8/7 .... 1/8 Cruzeiro do Sul Educacional 20 Campus Virtual 6 Intervalos Reais Analogamente, podemos enumerar ou ordenar todas as frac¸o˜es negativas. Mas, sempre existira˜o espac¸os entre frac¸o˜es que na˜o sa˜o racionais, assim como, o √ 2. √ 5,..., pi, e e infinitos outros. Ha´ mais irracionais do que imagina nossa va˜ intuic¸a˜o nesse caso. De fato ∞ na˜o e´ um nu´mero e sim uma representac¸a˜o de um limite. Os conjuntos N,Z,Q sa˜o equipotentes ou enumera´veis. Sabemos que N ⊂ Z ⊂ Q, isto e´, existem elementos em Z que na˜o esta˜o em N e elementos que esta˜o em Q, mas na˜o sa˜o inteiros; mas todos os 3 conjuntos teˆm o mesmo nu´mero infinito de elementos, o que na˜o e´ intuitivo para a maioria das pessoas. No computador, todos os conjuntos de qualquer tipo sa˜o finitos, embora a variac¸a˜o de cada um deles seja diferente. Possu´ımos co´digos diferentes para representar os nu´meros naturais, os inteiros e os racionais de diversas maneiras, mas a mais comum e´ a norma IEEE754, para as ma´quinas bina´rias. O conjunto dos complexos surge quando precisamos expressar nu´meros que correspondem a`s ra´ızes quadradas de nu´meros negativos. C = {a + bi |a ∈ R, b ∈ R i = √−1} Em geral, lidamos com apenas certas partes do conjunto dos Reais, que sa˜o os intervalos. 6 Intervalos ReaisConforme ja´ foi visto, o conjunto dos reais R e´ cont´ınuo, isto e´, a reta real possui todos os nu´meros: naturais, inteiros, racionais e inclusive os irracionais. Os subconjuntos dos reais formam intervalos que podem ser fechados, abertos ou mistos. Definic¸a˜o 6.1. Intervalo Fechado O intervalo fechado [a, b], com extremidades a e b, e´ aquele que possui todos os elementos entre as extremidades e inclusive elas. E´ indicado pelos colchetes: [ para iniciar e ] para fechar. [a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b} • Definic¸a˜o 6.2. Intervalo Aberto O intervalo aberto (a, b), com extremidades a e b, e´ aquele que possui todos os elementos entre as extremidades e exceto elas pro´prias. E´ indicado pelos pareˆnteses: ( para iniciar e ) para fechar. (a, b) = {x ∈ R | a < x < b} • Cruzeiro do Sul Educacional 21 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Nume´ricos Figura 2: Intervalo Fechado [a, b] e intervalo aberto (c, d) Exemplo 6.1. Intervalos Abertos e Fechados Os intervalos reais conte´m todos os pontos ou nu´meros reais que esta˜o delimitados. Numa representac¸a˜o gra´fica na reta real, uma extremidade cheia indica uma extremidade fechada, ao passo que a oca indica uma extremidade aberta. Na figura 6.1 temos o intervalo fechado [a, b] e o intervalo aberto (c, d). q Os intervalos podem ser mistos, isto e´, possu´ırem uma extremidade aberta e outra fechada ou vice-versa. Observac¸o˜es: As notac¸o˜es para intervalos variam entre duas formas mais comuns. A primeira, como descrevemos anteriormente, e a pro´xima, que tambe´m e´ usada. 1. Intervalo Aberto Usamos os colchetes em vez de pareˆnteses. ]a, b[= {x ∈ R| a < x < b} 2. Intervalos Mistos [a, b[= {x ∈ R| a ≤ x < b} ]a, b] = {x ∈ R| a < x ≤ b} 3. Intervalos fechados Do mesmo modo anterior: [a, b] = {x ∈ R | a ≤ x ≤ b} Vejamos, agora, as operac¸o˜es com intervalos, como subconjuntos dos nu´meros reais R. Exemplo 6.2. Dados os seguintes intervalos reais, no Universo U = [−4, 7]. A = [−2, 2] = {x ∈ R| − 2 ≤ x ≤ 2} B = (0, 5) = {x ∈ R| 0 < x < 5} C = [−3, 1) = {x ∈ R| − 3 ≤ x < 1} Veja um diagrama dos intervalos na figura 3 Cruzeiro do Sul Educacional 22 Campus Virtual 6 Intervalos Reais Figura 3: Intervalos A = [−2, 2], B = (0, 5) C = [−3, 1) Figura 4: A ∪ B = [−2, 5) (a) A ∪ B = [−2, 5) Ver figura 4. (b) A ∪C = [−3, 2] (c) A ∪ B ∪C = [−3, 5) (d) A ∩ B = (0, 2] Ver figura 5. Figura 5: A ∩ B = (0, 2] Cruzeiro do Sul Educacional 23 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Nume´ricos (e) A ∩C = [−2, 1) (f) A ∩ B ∩C = (0, 1) (g) A = [−4, 2) ∪ (2, 7] (h) B = [−4, 0] ∪ (5, 7] Observac¸a˜o: Pelo contexto, devemos diferenciar o par ordenado do produto cartesiano do intervalo aberto. q Com isso encerramos a revisa˜o geral de operac¸o˜es em diferentes conjuntos nume´ricos. Refereˆncias [1] Boldrini, J.L. A´lgebra Linear, 3 ed. Sa˜o Paulo, Harbra, 1986. [2] Iezzi, G.;Dolce, O. Matema´tica, volume u´nico. 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1995. [3] Iezzi, G.Murakami, C. Fundamentos de Matema´tica Elementar: Conjuntos, Func¸o˜es. 8 ed. Sa˜o Paulo: Atual,2004. [4] Gersting, Judith L. Fundamentos Matema´ticos para a Cieˆncia da Computac¸a˜o. Rio de Janeiro, 2a ed, 2001. [5] Costa, N.C.A. Introduc¸a˜o aos Fundamentos da Matema´tica. Porto Alegre, UFRGS, Gra´- fica da Livraria do Globo, 1962. Cruzeiro do Sul Educacional 24 Campus Virtual 10 _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Blank Page
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