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PATOLOGIA – AULA 2 – 19/04 NECROSE - Aspecto morfológico é resultante da desnaturação de proteínas intracelulares e da digestão enzimática das células lesadas letalmente (células colocadas imediatamente em fixadores estão mortas, mas não necróticas) - São incapazes de manter a integridade da membrana e seus conteúdos sempre extravasam, um processo que pode iniciar inflamação no tecido circundante - As enzimas que digerem a célula necrótica são derivadas dos lisossomos das próprias células que estão morrendo ou dos lisossomos dos leucócitos que são recrutados como parte da reação inflamatória - A digestão dos conteúdos celulares e a resposta do hospedeiro podem levar horas para se desenvolver e, portanto, não haveria alterações detectáveis nas células se, por exemplo, um infarto miocárdico causasse morte súbita. A única evidência circunstancial poderia ser a oclusão de uma artéria coronária - A primeira evidência histológica de necrose miocárdica aparece 4 a 12 horas depois. No entanto, devido à perda da integridade da membrana plasmática, as enzimas e proteínas específicas do coração são rapidamente liberadas do músculo necrótico, podendo ser detectadas no sangue a partir de 2 horas após a necrose das células miocárdicas - Definição: perda irreversível das atividades integradas da célula com consequente incapacidade de manutenção dos seus mecanismos homeostáticos (perde o equilíbrio) *Manifestação macroscópica/morfológica tardia do processo de morte celular - Alvos para a agressão celular: mitocôndrias, membrana celular, citoesqueleto e DNA => série em cascata - Considerações importantes: - Resposta a lesão celular depende do tipo, intensidade, duração do estímulo e adaptabilidade da célula - Consequências da lesão depende do tipo, estado e adaptabilidade da célula - Inicialmente mudanças bioquímicas e depois morfológicas - Alterações histológicas da necrose: - 1º estado: picnose -> condensação da cromatina com núcleo retraído, escurecido, homogêneo, condensado e arredondado. Pode regenerar (alteração bioquímica que inicia estrutural) - 2º estado: cariorrexia -> membrana nuclear se rompe e fragmentos estão presentes no citoplasma. Evolui para morte celular - 3º estado: cariolise -> núcleo perde o contorno e fica pálido pela ação das DNAses e RNAses; “núcleo some”; lesão irreversível - Necrose tecidual: manifestação macroscópica/morfológica tardia do processo de morte celular. É formada pela somatória de necrose celular individuais que ocorre em parte ou todo o órgão Pode afetar parte ou totalmente o órgão e até mesmo o organismo vivo *Necrose: morte celular do tecido vivo *Morte somática: autólise - Importância: pode afetar sítios vitais; liberação de enzimas (ex: CPK que indica lesão muscular -> pode ser indicativa de infarto; transaminases e troponina) - Causas: - Falta de 02 -> hipóxia - Agentes físicos - Agentes químicos - Agentes biológicos - Mecanismos imunes - Distúrbios genéticos - Distúrbios nutricionais - Envelhecimento - Tipos de necrose (padrão morfológico): baseado no aspecto morfológico que as células e os tecidos mortos adquirem. A importância de identificar o tipo é para facilitar na indicação da causa Necrose de coagulação: mais comum; desnaturação proteica e perda de H2O - A arquitetura básica dos tecidos mortos é preservada -> células fantasmagóricas -> A lesão desnatura não apenas as proteínas estruturais, mas também as enzimas, bloqueando assim a proteólise das células mortas e com isso células anucleadas e eosinofílicas persistem por dias ou semanas - Posteriormente, as células são removidas por fagocitose dos restos celulares, através da infiltração de leucócitos e pela digestão de células mortas através da ação de enzima lisossômicas dos leucócitos - A isquemia causada por obstrução em um vaso que supre um tecido, pode levar a necrose de coagulação, exceto no cérebro - Uma área localizada de necrose de coagulação é chamada de infarto Necrose de liquefação: caracterizada pela digestão das células mortas, resultando em uma massa viscosa - As células que sofreram morte por hipóxia no SNC frequentemente se apresentam como este tipo de necrose - É observada em infecções bacterianas focais ou, ocasionalmente, nas infecções fúngicas, porque os micróbios estimulam o acúmulo de leucócitos e liberação de enzimas dessas células - O material necrótico é frequentemente amarelo cremoso devido a presença de leucócitos mortos -> pus Necrose caseosa: encontrada frequentemente em focos de infecção tuberculosa. - Possui aparência friável esbranquiçada com aparência de queijo - No exame microcópico, a área necrótica possui uma coleção de células rompidas ou fragmentadas e restos granulares amorfos encerrados dentro de uma borda inflamatória nítida -> granuloma Necrose gordurosa – esteato necrose: não é um padrão específico de necrose e refere-se a áreas focais de destruição gordurosa, tipicamente resultante da liberação de lipases pancreáticas atividas na substância do pâncreas e cavidade peritoneal -> ocorre na pancreatite aguda (enzimas pancreáticas escapam das células acinares e liquefazem as membranas dos adipócitos do peritônio e dividem os esteres de triglicerídeos contidos dentro das células. Os ácidos graxos liberados combinam-se com o cálcio, produzindo áreas brancas gredosas macroscopicamente visíveis - No exame histológico, os focos de necrose exibem contornos sombreados de adipócitos necróticos, com depósitos de cálcio basofilicos, circundados por uma reação inflamatória Necrose gangrenosa: não é um padrão específico de morte celular, mas nome muito utilizado na prática clínica. - Em geral é aplicado a um membro, comumente a perna, que tenha perdido seu suprimento sanguíneo e que sofreu necrose (tipicamente necrose de coagulação), envolvendo várias camadas de tecido - Quando uma infecção bacteriana se superpõe -> junto com necrose liquefativa por causa da ação das enzimas degradativas nas bactérias e nos leucócitos atraídos (originando a chamada gangrena úmida) Necrose fibrinoide: forma especial de necrose geralmente observada nas reações imunes que envolvem os vasos sanguíneos - Esse padrão de necrose ocorre tipicamente quando complexos de antígenos e anticorpos são depositados nas paredes das artérias - Os depósitos desses “imunocomplexos”, em combinação com a fibrina que tenha extravasado dos vasos, resulta em uma aparência amorfa e róseo-brilhante conhecida como “fibrinoide” (semelhante à fibrina) *Finalmente, no paciente vivo, a maioria das células necróticas e seus conteúdos desaparecem por fagocitose e digestão enzimática pelos leucócitos. Se as células necróticas e restos celulares não forem prontamente destruídos e reabsorvidos, tenderão a atrair sais de cálcio e outros minerais e a tornarem-se calcificadas. Esse fenômeno, chamado de calcificação distrófica - Evolução: - Absorção: em áreas de necrose pequenas ocorre fagocitose - Drenagem: vias excretoras normais ou neoformadas (fístulas) - Cicatrização: substituição por cicatriz fibrosa (necrose isquêmica) - Calcificação: deposição de sais de cálcio no tecido morto - Encistamento: pseudocistos (necrose no cérebro) - Consequências: depende da causa, local e extensão da área lesada
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