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sociedade meio ambiente e desenvolvimento

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Universidade Estadual de Goiás
Campus Niquelândia-Go
Pós-Graduação Latu Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental
DAIANE
“DO MEIO NATURAL AO MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL.”
Niquelândia - GO
2018
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No meio em que vivemos já aconteceram muitas mudanças advento do capitalismo que transformou profundamente as relações entre a sociedade e da natureza, com o capitalismo o mundo se tornou industrial, urbano e globalizado, isso e visto no livro onde será analisado nesse trabalho do autor Santos (2006) “Do Meio Natural ao Meio Técnico-Científico-Informacional.”
Neste trecho do livro, Milton Santos vem abordar de que modo as mudanças sociais repercutem para a sociedade, através dos progressos técnicos. A respeito disso, afirma ele que:
A história das relações entre sociedade e natureza é, em todos os lugares habitados, a da substituição de um meio natural, dado a uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade (p. 233, grifos do autor).
Nesse sentido, é importante a compreensão de que, como agentes sociais e produtivos do espaço, as mudanças que permeiam o espaço se dão de modo à adaptação do meio ao homem, em superação ao convívio equilibrado entre sociedade e natureza. Há diversos conceitos que visam a entender esses processos no espaço e, assim, Milton Santos, alicerçado pela técnica como elemento transformador do espaço, apresenta três etapas da história do meio geográfico: meio natural, meio técnico e meio técnico-científico-informacional (p. 234).
Importante salientar, no entanto, que “a inexistência de artefatos mais complexos ou de máquinas não significa que uma dada sociedade não disponha de técnicas” (p. 234) e, além disso, não confundir técnica com tecnologia. Para tanto, uma maior necessidade de profundidade epistêmica é real, de modo que para algumas correntes a associação de meio geográfico com a noção de técnica é muito forte.
Em relação ao meio natural, temos como grande elemento para subsidiar sua compreensão a inexistência autônoma dos sistemas técnicos, em que “esse meio natural generalizado era utilizado pelo homem sem grandes transformações. As técnicas e o trabalho se casavam com as dádivas da natureza, com a qual se relacionavam sem outra mediação” (p. 235), ou seja, as relações entre a sociedade e natureza nesse momento se constituíam de forma bastante horizontalizada, ainda que de maneira desigual e heterogênea pelas diversas classes sociais e em diferentes locais.
Sob a condição de meio natural a transformação socioespacialmente “equilibrada” da primeira natureza em segunda natureza, pelo fator natural ser bastante relevante no cotidiano social, acaba culminando na continuidade da sociedade, sendo isso a consequência primária da continuidade do meio de vida.
Assim, a partir do momento em que a primeira natureza é de alguma forma explorada pelo homem, há algum uso de alguma técnica para a realização de tal exploração. Desse modo, o conceito de Homo faber, de Friedmann (1966) tem relevância.
Com a emergência do meio técnico, há a emergência do período mecanizado (p. 236). O espaço carente(?) por essa mecanização com o objetivo de tecnificar ainda mais as relações e socioespacialmente as estruturas em vigor, acaba culminando na verticalização do espaço e das relações sociedade e natureza.
Para o autor, “utilizando novos materiais e transgredindo a distância, o homem começa a fabricar um tempo novo, no trabalho, no intercâmbio, no lar. Os tempos sociais tendem a se superpor e contrapor aos tempos naturais” (p. 237), sob a égide de uma racionalidade que se impõe ao espaço e ao cotidiano social, em que o processo de comércio, dependente da presença de sistemas técnicos mais eficazes (p. 237), demandam essa lógica.
A transgressão do tempo também se torna concomitantemente transgressão do meio natural (do rompimento da transformação “equilibrada” da primeira natureza em segunda natureza) e, assim, dando ao espaço um novo “motivo”, uma nova continuidade de vida: a do comércio, em que “a razão do comércio, e não a razão da natureza, é que preside sua instalação” (p. 237). A razão, agora, já não é a preservação e continuidade social, porém atender às pressões e carências de outras atividades; é a manutenção dessas atividades o fato primário desta continuidade – ainda limitado a alguns países, cuja centralidade é bastante associada com o período em voga, o da expansão capitalista para além da Europa.
Já na década de 1970, de acordo com o autor, surge no contexto internacional a associação entre as técnicas e os fluxos de pessoas e mercadorias, já com o capitalismo na fase de consolidação (com o Consenso de Washington e a adoção de uma Nova Ordem Mundial – o neoliberalismo). Ademais, há a inseparabilidade entre técnica e ciência – a lógica da tecnociência –, concorrendo para a comunicação a nível global. Temos, assim, o meio técnico-científico-informacional, onde a informação assume um papel fundamental na redução das distâncias, função posta já no período técnico, em benefício do comércio, e cuja união entre ciência e técnica, permeadas pela informação, se dará sob a égide do mercado (p. 238). Tem-se, aí, a fixação do conceito de globalização como elemento a fixar, como molde social a ser seguido, novas características e padrões de consumo e vivência do, no e sobre o espaço.
Percebe-se, então, a globalização da continuidade da vida daquelas atividades as quais as técnicas vieram atender, desde o período técnico. A circulação global dos legados do mercado global como absorvente dessas produções “daninhas” acabam por interferir no “equilíbrio” natural e dando um novo enfoque à questão ecológica mundial, baseada de acordo com os novos padrões estabelecidos com a globalização das relações sociais adequadas ao neoliberalismo – e ao consumo do espaço.
“Podemos então”, segundo Milton Santos, “falar de uma cientifização e tecnificação da paisagem. Por outro lado, a informação não apenas está presente nas coisas, nos objetos técnicos, que formam o espaço, como ela é necessária à ação realizada sobre essas coisas” (p. 239). Cabe ressaltar, ainda, que “a informação é o vetor fundamental do processo social e os territórios são, desse modo, equipados para facilitar a sua circulação” (p. 239), favorecendo, portanto, a continuidade do consumo do espaço e a manutenção da continuidade do comércio nas nossas relações sociais e naturais do e no espaço. Assim, “o meio técnico-científico-informacional é a cara geográfica da globalização” (p. 239).
A nova ordem que se impõe, portanto, estabelece a nossa submissão, por meio dos fluxos de pessoas, mercadorias, serviços e informações, à dissociação das relações entre sociedade e natureza em defesa da lógica do mercado, através da manutenção e incremento do consumo – disfarçados como elementos da globalização –, sendo a circulação e criação de novos fluxos um das grandes razões de “criação” e reprodução dos meios técnico-científico-informacionais, criando cada vez mais especializações (inclusive no espaço: espaço industrial, espaço do agronegócio, espaço do turismo...) e, assim, também criando espaços espacialmente produtivos.
Daí o questionamento fundamental que fica: como se apropriar dos benefícios dos meios técnico-científico-informacionais, subvertendo a lógica do consumo e do mercado?
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