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Tratamento esgoto 2018

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TRATAMENTO DE ESGOTO 1 
 
 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
Von Sperling, M. – “Princípios do Tratamento Biológico de Águas 
Residuárias – Introdução à Qualidade das Águas e ao Tratamento 
de Esgotos”, UFMG, 1996. 
Jordão, E. P. – “Tratamento de Esgotos Domésticos” – 4ª edição – 
Rio de Janeiro, 2005. 
 
 
1. TRATAMENTOS PRELIMINARES 
 
Objetivos: 
 
 Remoção de sólidos grosseiros, detritos minerais, materiais 
flutuantes e carreados, óleos e graxas. 
 
Constituem: 
 
 Preparação para tratamentos subseqüentes. 
 Tratamento para lançamento ao mar por meio de 
emissários submarinos. 
 Tratamento prévio para certos despejos industriais 
serem lançados à rede pública coletora. 
 
Unidades: 
 
 grades ou desintegradores; 
 caixas de areia ou desarenadores; 
 tanques de remoção de óleos e graxas; 
 tanques de neutralização; 
 tanques de equalização. 
TRATAMENTO DE ESGOTO 2 
 
 
Em Estação de Tratamento de Esgoto Sanitário (ETE), geralmente 
as duas primeiras unidades, seguidas de medidor de vazão, 
comumente medidor Parshall. 
 
 
TRATAMENTO PRELIMINAR PARA ESGOTO SANITÁRIO 
 
 
GRADE CAIXA DE AREIA MEDIDOR PARSHALL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1. GRADES 
 
Primeira unidade de uma ETE. 
 
Destinam-se a reter sólidos grosseiros em suspensão e corpos 
flutuantes. 
 
Grades de limpeza manual: 
 
 instalações pequenas; 
 a montante de grades mecanizadas, com abertura 
relativamente grande. 
 
Grades mecanizadas: 
 
 vazão final ≥ 250 L/s, ou; 
 quando volume do material retido justificar. 
 
Destino do material gradeado: incineração; aterro sanitário. 
TRATAMENTO DE ESGOTO 3 
 
 
TRITURADORES 
 
Normalmente utilizados junto com grades mecanizadas. 
Separam os metais e retornam os sólidos triturados para o canal 
afluente da ETE. 
 
DESINTEGRADORES 
 
Fazem simultaneamente a retenção e a desintegração no próprio 
canal. 
Constituem ao mesmo tempo, grades e trituradores numa única 
unidade. 
 
 
 
1.2. CAIXAS DE AREIA OU DESARENADORES 
 
Destinam-se a remover areia e outros detritos minerais inertes e 
pesados (entulhos, seixos, partículas de metal, carvão,...). 
 
Para proteger bombas, evitar entupimento de canalizações e 
impedir a formação de depósitos de materiais inertes nos 
decantadores, digestores,... 
 
Destino do material retido: aterros, aterros sanitários. 
 
 
 
 
2. TRATAMENTOS PRIMÁRIOS 
 
Objetivos: 
 
 Remoção e estabilização das impurezas sedimentáveis e 
flutuantes. 
 
Processos: 
 
Além dos processos preliminares podem incluir: 
TRATAMENTO DE ESGOTO 4 
 
 
DECANTADOR 
PRIMÁRIO 
DIGESTOR 
 
 decantação simples (primária); 
 precipitação química e decantação; 
 digestão dos lodos; 
 secagem, disposição sobre o terreno, incineração ou 
afastamento dos lodos resultantes; 
 desinfecção. 
 
Em ETE que faz tratamento primário de esgoto sanitário, 
geralmente depois das unidades de tratamento preliminar temos 
decantadores, digestores e dispositivos de secagem de lodos. 
 
 
 
2.1. DECANTADORES PRIMÁRIOS 
 
Separam os sólidos sedimentáveis e a gordura dos esgotos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SECAGEM 
DO LODO 
 
 
Tempo de detenção ( t ): 
t 6h 
 
Eficiência: 
 
 remoção de DBO: 35 a 40% 
 remoção de coliformes: 30 a 40% 
TRATAMENTO DE ESGOTO 5 
 
 
Efluente não atende aos padrões de lançamento em corpos d'água. 
 
O lodo e a gordura removidos no decantador são estabilizados por 
bactérias anaeróbias e facultativas nos digestores. O tempo de 
detenção varia de 15 a 45 dias, conforme o tipo de digestor. 
 
2.2. TANQUES SÉPTICOS 
 
Os tanques sépticos (fossas sépticas) fazem a decantação primária e 
a digestão dos lodos em um único compartimento. 
 
Emprego: 
 
 tratamento individual de esgoto doméstico em áreas 
desprovidas de rede pública coletora de esgotos; 
 alternativa de tratamento de esgoto em áreas providas de 
rede coletora local; 
 retenção previa de sólidos sedimentáveis para permitir 
projeto de rede coletora com diâmetros e declividades 
menores. 
 
TANQUE SÉPTICO 
 
Escuma 
 
 
 
Efluente líquido 
 
 
 
Lodo e escuma 
 
 
 
Lodo sedimentado 
 
 
Distâncias mínimas: 
 
 1,50m de construções, limites de terreno, sumidouros, valas 
de infiltração e ramal predial de água; 
 3,0m de árvores e de qualquer ponto de rede pública de 
abastecimento de água; 
 15,0m de poços freáticos e de corpos de água. 
TRATAMENTO DE ESGOTO 6 
 
 
 
 
 
Tempo de detenção ( t ): 
12h t 24h 
 
Eficiência: 
 
 remoção de DBO: 30 a 60% 
 remoção de óleos e graxas: 70 a 90% 
 remoção de coliformes: 40 a 60% 
 
 
Remoção do lodo em excesso: 
 
 O lodo e a escuma devem ser removidos em intervalos de 
tempo segundo o projeto. 
 É obrigatório o uso de botas e luvas de borracha. Em caso 
de remoção manual, máscaras de proteção. 
 Ao abrir a tampa de inspeção, esperar cinco minutos para a 
saída de gases tóxicos e/ou explosivos. 
 
 
O efluente apresenta elevada concentração de coliformes fecais e 
sua disposição merece cuidado. 
 
 
 
DISPOSIÇÃO DO EFLUENTE DOS TANQUES 
SÉPTICOS: 
 
a) LODO E ESCUMA: 
 
 Estações de tratamento de esgoto; 
 Pontos determinados da rede coletora de esgoto, 
aprovados pelo órgão responsável pelo esgotamento 
sanitário; 
 Leitos de secagem (para comunidades isoladas). 
TRATAMENTO DE ESGOTO 7 
 
 
b) LODO SECO 
 
 Aterro sanitário; 
 Usina de compostagem; 
 Campo agrícola (não pode ser utilizado para cultivos de 
hortaliças, frutas rasteiras e legumes consumidos crus). 
 
 
c) EFLUENTE LÍQUIDO 
 
c.1) INFILTRAÇÃO NO SOLO 
ENSAIO DE INFILTRAÇÃO 
Segundo a NBR-13969 da ABNT: 
 
o em três pontos do terreno que vai ser utilizado para disposição 
do efluente do tanque séptico, proceder à abertura de uma 
vala, cujo fundo deverá coincidir com o plano útil de absorção; 
 
o no fundo de cada vala abrir uma cova de seção quadrada de 
30 cm de profundidade e 30 cm de lado. Raspar o fundo e os 
lados do buraco; 
 
o retirar do fundo do buraco qualquer terra solta e encher com 
uma camada de 5 cm de brita n° 1. Em seguida, manter cada 
buraco cheio de água durante quatro horas, adicionando mais 
água à proporção que ela vai se infiltrando no terreno. 
 
o no dia seguinte, encher novamente cada buraco com água, 
aguardando que a mesma se escoe completamente; 
 
o em seguida, encher novamente os buracos com água até a 
altura de 15cm, cronometrando o tempo para que o nível 
d'água baixe 1cm (de 15cm para 14cm); 
 
o com os tempos de abaixamento determinados, entrar na 
curva apresentada a seguir e ler os coeficientes de infiltração 
correspondentes; o menor dos valores encontrados deverá ser 
adotado; 
TRATAMENTO DE ESGOTO 8 
 
 
 
 
 
 
 POÇO ABSORVENTE (SUMIDOURO) 
 
Para áreas onde o aqüífero é profundo. Deve-se manter ≥1,50m 
entre fundo do sumidouro e nível máximo do lençol. 
 
 
SUMIDOURO 
 
 
 
NA max 
 
 
 
 
 
h 
 
 
Brita n° 3 ou n° 4 
 
 
 
 
D 
 
 
Área de infiltração a considerar por sumidouro: 
 
D 2 
 Dh 
4 
≥
0
,5
0
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 9 
 
 
 
 
 
 VALAS DE INFILTRAÇÃO 
 
Deve ser mantida uma distância mínima vertical entre o fundo da 
vala e o nível máximo da superfície do aqüífero de 1,5m. 
 
Para manutenção da condição aeróbia no interior da vala e 
desobstrução dos poros do solo, deve ser previsto uso alternado de 
valas. Assim, o n°mínimo de valas deve ser dois, cada uma 
correspondendo a 100% da capacidade total necessária. As valas 
devem ser alternadas em um prazo máximo de seis meses. 
 
 
VALAS DE INFILTRAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
0,05m 
0,10m 
 
Brita 
até n° 4 
0,30m 
 
> 0,30m 
 
 
Corte transversal 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 10 
 
 
 
 
 
 
= Tubo de ventilação com tela anti - inseto 
 = Tubo de distribuição Tubo de ventilação 
 
 
 
 
 
 
 
Tubo de distribuição 
Corte longitudinal 
 
 
 
 
Área de infiltração a considerar por vala: S1 S2 S3 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 11 
 
0,10 3 h2 
 
 h1 
H 
 
 
 h 
1 
2 
0,30m 
0,40m 
 
c.2) TRATAMENTO COMPLEMENTAR 
 
 FILTRO ANAERÓBIO 
FILTRO ANAERÓBIO 
 
0,80m 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FILTRO ANAERÓBIO 
 
1 – bocal distribuidor 
2 – tubo guia (p/ drenagem) 
3 – canaleta do efluente 
H = h + h1 + h2 
H = altura total interna 
h = altura total do leito 
h1 = altura da lâmina livre 
h2 = altura do vão livre 
 
Altura do leito filtrante: 
 
 Geralmente de 1,20m, incluindo a altura do fundo falso. 
 Altura do fundo falso ≤ 0,60m, já incluindo a espessura da 
laje. 
 O fundo falso pode ser substituído por meio filtrante, sendo o 
esgoto introduzido no filtro por meio de tubos perfurados. 
 
Distribuição do esgoto no filtro anaeróbio: 
 
 Através de bocais no fundo falso – considerar 1 bocal para 
cada 3,0m² de área horizontal de filtro, no máximo. 
 Através de tubos perfurados. 
 
Coleta de efluentes: 
 
 Canaletas 
 tubos perfurados. 
0
,6
0
m
 
0
,6
0
m
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 12 
 
 
 
 
Deve ser previsto um dispositivo de coleta para cada dispositivo de 
distribuição. 
 
Dispositivo de drenagem: 
 
 Nos filtros com fundo falso, um tubo-guia de 150mm de 
diâmetro em PVC para cada 3m² de área do fundo. 
 Nos filtros com distribuição por tubos perfurados, o fundo do 
filtro deve ter declividade de 1% em direção ao poço de 
drenagem. 
 
Material filtrante: 
 
 Brita n° 4 ou 5, com as dimensões mais uniformes possíveis. 
 Peças de plástico. 
 Outros materiais. 
 
Materiais de construção usuais: 
 
 Alvenaria de tijolos. 
 Concreto armado. 
 Plástico. 
 fibra de vidro. 
 
Remoção do lodo em excesso: 
 
 Drena-se o líquido através dos tubos-guia ou do poço de 
drenagem, gerando um fluxo descendente através do leito 
com velocidade maior que a normal, que provoca a remoção 
do excesso de crescimento biológico. 
 Geralmente duas a três limpezas por ano. 
 
Eficiência do sistema Tanque Séptico – Filtro Anaeróbio: 
 
 remoção de DBO: 70 a 90% 
 remoção de coliformes: 60 a 90% 
TRATAMENTO DE ESGOTO 13 
 
 
3. TRATAMENTOS SECUNDÁRIOS 
 
Objetivos: 
 
 Remoção e estabilização da matéria orgânica dissolvida (por 
bactérias) e da matéria coloidal e em suspensão (por 
adsorção ao lodo). 
 
Incluem oxidação biológica e decantação final. 
 
Processos / unidades: 
 
 filtração biológica; 
 lodos ativados; 
 lagoas de estabilização; 
 filtração anaeróbia; 
 reatores anaeróbios de fluxo ascendente; etc. 
 
 
 
3.1. FILTROS BIOLÓGICOS 
 
Características: 
 
São sistemas biológicos de crescimento fixo desenvolvimento 
microbiano aderido à superfície de um meio de suporte (pedra 
britada, geralmente). 
 
Não é um filtro. Melhor denominação seria leito biológico. 
 
Quando o esgoto percola sobre a camada de limo, a matéria 
orgânica e o oxigênio são extraídos e produtos finais do 
metabolismo são liberados, como o CO2. 
 
O excesso de crescimento biológico é removido pelo esgoto que 
passa no meio filtrante e separado no decantador secundário. 
TRATAMENTO DE ESGOTO 14 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MEIO 
FILTRANTE 
 
 
H2S 
 
ácidos 
orgânicos 
 
DBO 
O2 
CO2 
 
 
CAMADA 
ANAERÓBIA 
 
 
CAMADA 
AERÓBIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ventilação é importante para fornecer o oxigênio ao processo 
biológico. Na maioria dos casos a ventilação natural é suficiente. 
 
No inverno, a ventilação ocorre de baixo para cima. O esgoto 
aquece o ar do interior do filtro que sobe por se tornar menos denso 
que o ar exterior. 
 
No verão, a ventilação ocorre de cima para baixo. O esgoto esfria o 
ar do interior do filtro, que desce e é removido pelo sistema de 
drenagem. Nova massa de ar entra pelo topo do filtro para 
substituir aquela que saiu. 
 
PROBLEMA: mosca Psychoda alternata. Algumas horas do dia fecha- 
se a saída para inundar o filtro. Ventilação deve estar acima do topo 
de filtro. 
E
SG
O
T
O 
A
R 
TRATAMENTO DE ESGOTO 15 
 
Entrada do 
 
 
FILTRO BIOLÓGICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CORTE AA Distribuidor rotativo 
 
Ventilação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dreno 
 
 
Anel central 
de coleta 
 
 
esgoto 
Dreno 
 
Canalização 
afluente 
Poço de 
ventilação 
Anel central 
de coleta 
 
Conduto 
efluente 
Canaleta de 
coleta 
Comporta 
Dreno do 
fundo 
1% 
 
1
%
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 16 
 
 
Partes principais: 
 
 Distribuidores rotativos: movidos pelo próprio jato. 
 Meio filtrante: pedras com 5 a 10 cm. A maior parte da 
matéria orgânica é removida no primeiro metro da camada 
de pedra, de modo que estes filtros têm profundidade do 
leito entre 1,5 e 2,1m. Quando se emprega meio sintético 
em substituição às pedras, as unidades são chamadas de 
torres biológicas pois têm altura maior, de cerca de 6m. 
 Drenos: para coletar o efluente e permitir a circulação de 
ar. 
 
Carga de DBO aplicada no filtro: 
 
kg de DBO5 no esgoto afluente ao filtro durante um dia, por m³ de 
filtro (kgDBO5/m³×d). Não considera a contribuição devida a 
recirculação. 
 
Carga hidráulica: 
 
m³ de esgoto aplicado ao filtro durante um dia, por m² de área 
horizontal do filtro (m³/m²×d). 
 
 
 
3.1.1. FILTROS BIOLÓGICOS DE BAIXA CARGA 
 
Emprego: 
 
 Pouco usados, normalmente pequenas unidades de 
tratamento. 
 
Cargas aplicadas: 
 
 Carga de DBO ≤ 0,3kgDBO5/m³×d 
 Carga hidráulica entre 0,8 e 5m³/m²×d 
TRATAMENTO DE ESGOTO 17 
 
 
 
FILTRO BIOLÓGICO - BAIXA CARGA 
FILTRO 
DECANTADOR 
PRIMÁRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIGESTOR 
BIOLÓGICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SECAGEM 
DO LODO 
DECANTADOR 
SECUNDÁRIO 
 
 
 
 
 
Características: 
 
 Não há recirculação. 
 Elevada eficiência na remoção da DBO. 
 Devido à baixa carga de DBO aplicada, o lodo retido no 
decantador secundário encontra-se razoavelmente oxidado e 
pode ser disposto para secagem sem geração de odores 
agressivos. 
 Áreas e volumes elevados. 
 Incidência maior de insetos e odores. 
 
Eficiência: 
 
 remoção de DBO: 85 a 93% 
 remoção de coliformes: 60 a 90% 
 
 
 
3.1.2. FILTROS BIOLÓGICOS DE ALTA CARGA 
 
Cargas aplicadas: 
 
 Carga de DBO ≤ 1,8kgDBO5/m³×d 
 Carga hidráulica entre 10 e 60m³/m²×d 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 18 
 
 
 
 
 
 
FILTRO BIOLÓGICO - ALTA CARGA 
 
RECIRCULAÇÃO 
 
 
DIGESTOR 
SECAGEM 
DO LODO 
 
 
 
 
 
 
 
Características: 
 
 Alta taxa de crescimento biológico no filtro. Para evitar 
obstrução, há necessidade da aplicação de carga hidráulica 
elevada, conseguida pela recirculação. 
 O lodo secundário necessita ser estabilizado antesda 
secagem. 
 
 
Eficiência: 
 
 remoção de DBO: 80 a 90% 
 remoção de coliformes: 60 a 90% 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DECANTADOR 
PRIMÁRIO 
FILTRO 
BIOLÓGICO DECANTADOR 
SECUNDÁRIO 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 19 
 
 
EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO 
 
 
Exemplo extraído da referência: 
Jordão, E. P. e Pessôa, C. A. Tratamento de Esgotos Domésticos. 4ª 
ed. Rio de Janeiro, 2005. 
 
 
 
Dimensionamento dos filtros biológicos da ETE Norte, em Maringá, 
PR, após reatores UASB. 
 
Dados: 
 
 Concentração de DBO afluente aos filtros biológicos: 
120 𝑚𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝐿⁄ 
 Vazão média afluente: 230 𝐿 𝑠⁄ = 19.872 𝑚3 𝑑⁄ 
 Vazão máxima afluente: 360 𝐿 𝑠⁄ = 31.104 𝑚3 𝑑⁄ 
 
Solução: 
 
 Carga de DBO média afluente aos filtros biológicos: 
𝐶 = 19.872 𝑚3 𝑑⁄ × 0,12𝑘𝑔 𝐷𝐵𝑂5 𝑚
3⁄ = 2.385 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝑑⁄ 
 
 Carga volumétrica de DBO aplicada no filtro: 
Considerando filtro biológico de alta taxa utilizando brita 4 como 
enchimento, tratando efluente de UASB, para resultar DBO efluente < 
30 a 40 mg/L, é adequado: 
𝐶𝑣 = 0,75 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝑚
3 × 𝑑⁄ 
 
Valor dentro da faixa recomendada para este tipo de filtro. 
 
 Volume necessário de enchimento: 
𝑉𝑒𝑛𝑐ℎ =
2.385 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝑑⁄
0,75 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝑚3 × 𝑑⁄
= 3.180𝑚3 
 
 Altura de enchimento do filtro: 2,20𝑚 (arbitrado) 
 
 Área dos filtros biológicos: 
𝐴 =
3.180
2,20
= 1.445𝑚2 
 
 Número de filtros: 2 (arbitrado) 
TRATAMENTO DE ESGOTO 20 
 
 
 Área de cada filtro: 
𝐴𝐹 =
1.445
2
= 772,5𝑚2 
 
 Diâmetro de cada filtro: 
𝐷𝐹 = √
4𝐴𝐹
𝜋
= √
4 × 772,5
𝜋
= 30,3𝑚 
Valor adotado: 𝐷𝐹 = 30𝑚 
 
 Área corrigida de cada filtro biológico: 
𝐴𝐹 =
𝜋 × 302
4
= 707𝑚2 
 
 Área total dos filtros: 𝐴 = 2 × 707 = 1.414𝑚2 
 
 Volume total dos enchimentos: 
𝑉𝑒𝑛𝑐ℎ = 1.414 × 2,20 = 3.111𝑚
3 
 
 Carga hidráulica aplicada para 𝑄𝑚𝑎𝑥: 
31.104 𝑚3 𝑑⁄
1.414𝑚2
= 22 𝑚3 𝑚2 × 𝑑⁄ 
 
O valor da carga hidráulica aplicada está de acordo com a faixa 
recomendada para filtros biológicos de alta taxa e, desta forma, não 
há necessidade de recirculação. 
 
Observação: a dispensa da recirculação neste filtro de alta taxa deve-
se ao fato de tratar-se de aplicação de esgoto que, pelo tratamento 
anterior nos reatores UASB, apresenta menor concentração de DBO 
que o esgoto bruto. Desta maneira, para manter carga volumétrica de 
DBO alta, própria dos filtros biológicos de alta taxa, o esgoto afluente 
aplicado gera uma carga hidráulica também elevada. Constatamos, 
então, que a carga hidráulica dada pelo esgoto afluente ao filtro 
biológico é suficiente para se alcançar os limites recomendados para 
este tipo de filtro, sem necessidade de recirculação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 21 
 
 
3.2. LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO 
 
 
Emprego: 
 
 Pequenas comunidades com condições de clima e terrenos 
favoráveis: 
o regiões quentes e ensolaradas; 
o terrenos baixos, pouco acidentados, afastados das zonas 
residenciais e de baixo custo. 
 Resíduos industriais de natureza orgânica: fábrica de 
conservas, indústrias alimentícias, usina de açúcar, 
matadouros, frigoríficos, laticínios,... 
 
 
Características: 
 
 Não necessitam equipamentos e energia elétrica (salvo as 
lagoas aeradas). 
 Alta eficiência. 
 Custo inicial baixo. 
 Despesas de operação e manutenção baixas. 
 Grande flexibilidade. 
 Possibilidade de receber sobrecargas. 
 Simplicidade de operação. 
 
 
Classificação: 
 
 Lagoas facultativas 
 Lagoas anaeróbias 
 Lagoas de maturação: têm como objetivo principal a 
remoção de patogênicos. 
 Lagoas de polimento: têm como objetivo principal a 
remoção adicional de DBO, nutrientes e patogênicos. 
 Lagoas aeradas 
TRATAMENTO DE ESGOTO 22 
 
NAmax 
Algas 
NAmin 
O2 CO2 
Bacts. aeróbias 
e facultativas 
H2S, ácidos 
orgânicos 
 
3.2.1. LAGOAS FACULTATIVAS 
 
Funcionamento: 
 
 Junto á superfície livre, algas produzem oxigênio e forma-se 
uma região aeróbia. 
 Junto ao fundo, o lodo depositado é decomposto sem a 
presença de oxigênio livre e tem-se uma região anaeróbia. 
 Na região intermediária, a decomposição da matéria orgânica 
é efetuada por bactérias facultativas. Elas oxidam a matéria 
orgânica utilizando oxigênio livre, quando disponível. Na sua 
ausência, utilizam nitrato. 
 
 
LAGOA FACULTATIVA 
 
 
 
Luz solar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bactérias 
anaeróbias 
Depósito 
de lodo 
1
,5
0
 a
 3
,5
0
m
 
0
,6
0
m
 
0
,3
0
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 23 
 
 
 
Características: 
 
 Custos de construção e operação reduzidos. 
 Construção, operação e manutenção simples. 
 Satisfatória resistência às variações nas características do 
afluente. 
 Necessitam áreas grandes. 
 Deve-se fazer capina freqüente nas margens e taludes 
(insetos, cobras,...). 
 Efluentes com elevadas concentrações de Sólidos em 
Suspensão devido às algas. 
 
 
Taxa de aplicação superficial (Ls): 
Para 80% de remoção da DBO 
 
 Lagoas primárias: 
Recebem esgoto bruto. 
Características locais 
𝐿𝑠 
(𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 ℎ𝑎 × 𝑑⁄ ) 
Inverno quente e elevada insolação 240 a 350 
Inverno e insolação moderados 130 a 240 
Inverno frio e baixa insolação 100 a 180 
 Lagoas secundárias: 
Recebem esgoto proveniente de outras lagoas. 
𝐿𝑠 = 150 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 ℎ𝑎 × 𝑑⁄ 
 
Tempo de detenção ( t ): 
t 15 a 45d 
 
Profundidade ( H ): 
H 1,5 a 3,0m 
 
Eficiência: 
 
 remoção de DBO: 70 a 85% 
 remoção de coliformes: 60 a 99% 
TRATAMENTO DE ESGOTO 24 
 
 
Remoção do lodo: 
 
 Necessidade de remoção, geralmente, após mais de 20 anos. 
 
 
 
3.2.2. LAGOAS ANAERÓBIAS 
 
Características: 
 
 Baixa produção de lodo. 
 Estabilização incompleta, que requer um 2° estágio com 
tratamento aeróbio. 
 Relativamente alta temperatura necessária para o processo. 
 A camada de escuma na superfície, devida à gordura: 
 dificulta a penetração de luz  menos algas 
 menos oxigênio (tóxico para organismos 
anaeróbios); 
 protege contra curtos-circuitos, agitação 
provocada por ventos e transferência de oxigênio; 
 ajuda a manter temperatura mais elevada e 
uniforme no interior da lagoa. 
 Devem ficar afastadas de área habitadas devido 
à possibilidade de maus odores. 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 25 
 
3 
 
 
 
Tempo de detenção ( t ): 
 
 
t 3 a 6d 
 
 
Taxa de aplicação volumétrica ( Lv ): 
0,1 Lv 0,3kgDBO5 / m d 
 
 acima de 
 abaixo de 
0,4kgDBO5 
0,1kgDBO5 
/ m
3 d , a lagoa pode exalar maus odores; 
/ m
3 d , a lagoa pode deixar de ser 
totalmente anaeróbia. 
 
Um grande número de lagoas no Brasil trabalha bem com cargas 
relativamente baixas, como 0,05kgDBO5 / m
3 d 
 
 
 
Profundidade ( H ): 
4,00 H 5,00m 
 
 
 
Eficiência: 
 
 Na remoção de DBO: 
 
Temperatura média da lagoa no mês mais frio 
(°C) 
Eficiência na remoção de DBO 
(%) 
20 50 
20 60 
 
 Na remoção de coliformes: 60 a 90% 
 
 
remoção do lodo: 
 
 Quando camada de lodo atingir metade da altura útil da 
lagoa. 
 A taxa de acúmulo é da ordem de 0,03 a 0,04m3 / hab ano . 
TRATAMENTO DE ESGOTO 26 
 
 
Sistema Australiano de lagoas: 
 
LAGOA ANAERÓBIA + LAGOA FACULTATIVA 
 
 
 
 
SISTEMA AUTRALIANO DE LAGOAS 
 
Lagoas Facultativas 
 
 
 
 
 
 Requerem área menor que as lagoas facultativas. 
 Devem ficar afastadas de áreas habitadas. 
 
 
EXEMPLO: 
Dimensionar lagoas de estabilizaçãopara: 
 População: 5.000ℎ𝑎𝑏 
 Esgoto sanitário: 800 𝑚3 𝑑⁄ 
 Inverno moderadamente quente e elevada insolação. Flutuações 
na temperatura moderadas e sazonais. 
 
SOLUÇÃO: 
 
a) Considerando uma só lagoa facultativa. 
 
 Carga superficial aplicada (𝑳𝒔): 
 
Critério de dimensionamento de lagoas facultativas primárias 
(recebem esgoto bruto) para apresentarem eficiência de 80% 
na remoção da DBO: 
 
Características locais 𝐿𝑠 (𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 ℎ𝑎 × 𝑑⁄ ) 
Inverno quente e elevada 240 𝑎 350 
Lagoas 
Anaeróbias 
TRATAMENTO DE ESGOTO 27 
 
insolação 
Inverno e insolação 
moderados 
130 𝑎 240 
Inverno frio e baixa 
insolação 
100 𝑎 180 
 
Considerando que o inverno é moderadamente quente com 
elevada insolação, vamos adotar: 
 
𝐿𝑠 = 240 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 ℎ𝑎 × 𝑑⁄ 
 
 Carga diária afluente à lagoa: 
 
Considerando a contribuição unitária de 54 𝑔𝐷𝐵𝑂5 ℎ𝑎𝑏 × 𝑑⁄ , 
 
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 = 0,054
𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5
ℎ𝑎𝑏 × 𝑑
× 5.000ℎ𝑎𝑏 = 270 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝑑⁄ 
 
 Área média da lagoa (𝑨): 
 
𝐴 =
270 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝑑⁄
240 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 ℎ𝑎 × 𝑑⁄
= 1,125ℎ𝑎 = 11.250𝑚2 
 
 Profundidade (𝑯): 
 
Para lagoas facultativas, as profundidades recomendadas 
são: 
 
1,0m 
Esgoto pré-decantado 
Temperatura uniforme e quente 
1,0 – 1,5m 
Esgoto bruto 
Temperatura uniforme e quente 
1,5 – 2,0m 
Esgoto bruto 
Flutuações na temperatura moderadas 
e sazonais 
2,0 – 3,0m 
Esgoto bruto 
Sensíveis variações sazonais de 
temperatura 
 
A lagoa recebe esgoto bruto e considerando flutuações de 
temperatura moderadas e sazonais, vamos adotar: 
 
𝐻 = 2,0𝑚 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 28 
 
 Volume da lagoa (𝑽): 
 
𝑉 = 𝐴 × 𝐻 = 11.250 × 2,0 = 22.500𝑚3 
 
 Tempo de detenção (𝒕): 
 
𝑡 =
𝑉
𝑄
=
22.500𝑚3
800 𝑚3 𝑑⁄
= 28,1𝑑 
 
Valor que está dentro do intervalo recomendado, que é 
𝑡 = 15 𝑎 45𝑑. 
 
 Eficiência do tratamento na lagoa facultativa (𝑬): 
 
A taxa de aplicação utilizada no dimensionamento é para 
resultar eficiência em torno de 80%. 
 
 Carga diária de DBO efluente da lagoa facultativa: 
 
𝐸 =
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 − 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒
× 100% 
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 −
𝐸 × 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒
100%
 
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 ∙ (1 −
𝐸
100%
) 
 
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 = 270
𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5
𝑑
∙ (1 −
80%
100%
) = 54
𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5
𝑑
 
 
 
b) Considerando Sistema Australiano (anaeróbia + 
facultativa). 
 
b.1) Lagoa anaeróbia. 
 
 Taxa de aplicação volumétrica na lagoa (𝑳𝒗): 
 
Carga recomendada: 0,1 ≤ 𝐿𝑣 ≤ 0,3 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝑚
3 × 𝑑⁄ 
Valor adotado: 
 
𝐿𝑣 = 0,1 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝑚
3 × 𝑑⁄ 
 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 29 
 
 Volume da lagoa anaeróbia (𝑽): 
 
𝑉 =
270 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝑑⁄
0,1 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝑚3 × 𝑑⁄
= 2.700𝑚3 
 
 Tempo de detenção (𝒕): 
 
𝑡 =
𝑉
𝑄
=
2.700𝑚3
800 𝑚3 𝑑⁄
= 3,4𝑑 
 
Valor que está dentro do intervalo recomendado (𝑡 = 3 𝑎 6𝑑). 
 
 Profundidade da lagoa anaeróbia (𝑯): 
 
Profundidade recomendada: 𝐻 = 4,0 𝑎 5,0𝑚 
Adotado: 
 
𝐻 = 4,0𝑚 
 
 Área média da lagoa anaeróbia (𝑨): 
 
𝐴 =
𝑉
𝐻
=
2.700𝑚3
4,0𝑚
= 675𝑚2 
 
 Carga diária volumétrica de DBO efluente da lagoa 
anaeróbia: 
 
Considerando eficiência esperada para os critérios de 
dimensionamento utilizados, de 50%. 
 
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 = 0,5 × 270 = 135 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝑑⁄ 
 
Esta é a carga afluente à lagoa facultativa. 
 
 b.2) Lagoa facultativa. 
 
 Carga superficial aplicada (𝑳𝒔): 
 
Trata-se de uma lagoa secundária, pois recebe esgoto que já 
sofreu tratamento na lagoa anaeróbia. 
O critério de dimensionamento de lagoa facultativa 
secundária para se alcançar eficiência de 80% na remoção da 
DBO, é aplicar 150 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 ℎ𝑎 × 𝑑⁄ . 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 30 
 
Então, 𝐿𝑠 = 150 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 ℎ𝑎 × 𝑑⁄ 
 
 
 
 Área da lagoa facultativa (𝑨): 
 
𝐴 =
135 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 𝑑⁄
150 𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5 ℎ𝑎 × 𝑑⁄
= 0,90ℎ𝑎 = 9.000𝑚2 
 
 Profundidade da lagoa facultativa (𝑯): 
 
Consultando a tabela anterior, para esgoto pré-decantado 
(na lagoa anaeróbia) e flutuações de temperatura moderadas 
e sazonais, vamos adotar: 
𝐻 = 1,5𝑚 
 
 Volume da lagoa facultativa (𝑽): 
 
𝑉 = 𝐴 × 𝐻 = 9.000 × 1,5 = 13.500𝑚3 
 
 Tempo de detenção na lagoa facultativa (𝒕): 
 
𝑡 =
𝑉
𝑄
=
13.500𝑚3
800 𝑚3 𝑑⁄
= 16,9𝑑 
 
Verifica-se que o tempo está dentro dos limites 
recomendados (𝑡 = 15 𝑎 45𝑑). 
 
 Tempo de detenção total no sistema de lagoas (𝒕𝒕): 
 
𝑡𝑡 = 3,4 + 16,9 = 20,3𝑑 
 
 Carga diária de DBO efluente da lagoa facultativa: 
 
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑎𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 ∙ (1 −
𝐸
100%
) 
 
Considerando eficiência da lagoa facultativa de 80%, 
 
𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑒𝑓𝑙𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒 = 135
𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5
𝑑
∙ (1 −
80%
100%
) = 27
𝑘𝑔𝐷𝐵𝑂5
𝑑
 
 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 31 
 
 Eficiência global do tratamento (𝑬𝒈): 
 
𝐸𝑔 =
270 − 27
270
× 100% = 90% 
 
Observação: Comparação dos resultados: 
 
Tipo de sistema 
Tempo de 
detenção total 
(𝑑) 
Área total 
(𝑚2) 
Eficiência 
global 
(%) 
Lagoa 
facultativa única 
28,1 11.250 80 
Sistema 
Australiano 
20,3 9.675 90 
 
 
 
 
 
 
 
3.2.3. LAGOAS AERADAS FACULTATIVAS 
 
 
Características: 
 
 Oxigênio fornecido por aeradores. 
 Aeradores têm potência apenas para a oxigenação, não 
conseguindo manter toda biomassa dispersa na massa 
líquida, ocorrendo depósitos no fundo onde ocorre processo 
anaeróbio. 
 Áreas menores que sistema Australiano de lagoas. 
 Pequena possibilidade de maus odores. 
 Requerem energia. 
TRATAMENTO DE ESGOTO 32 
 
 
 
 
 
LAGOA AERADA FACULTATIVA 
 
 
 
 
 
Tempo de detenção ( t ): 
t 5 a 10d 
 
Profundidade ( H ): 
H 2,5 a 4,5m 
 
Deve propiciar uma camada aeróbia de aproximadamente 2m para 
oxidar os gases da decomposição anaeróbia do lodo do fundo e 
impedir maus odores. 
 
Eficiência: 
 
 Na remoção de DBO: 70 a 90% 
 Na remoção de coliformes: 60 a 96% 
 
 
 
 
3.2.4. LAGOAS AERADAS DE MISTURA COMPLETA 
 
 
 
LAGOA AERADA DE MISTURA COMPLETA 
 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 33 
 
 
Características: 
 
 Aeradores têm potência para oxigenar e manter os Sólidos 
em Suspensão dispersos no meio líquido. 
 Devido aos Sólidos em Suspensão (biomassa) no efluente, 
há necessidade de uma lagoa de decantação após a lagoa 
aerada de mistura completa. 
 Remoção do lodo das lagoas de decantação a cada 2 a 5 
anos. 
 Menor exigência de área entre os diferentes sistemas de 
lagoas. 
 
 
Tempo de detenção ( t ): 
 
 
t 2 a 4d 
 
Profundidade ( H ): 
H 2,5 a 4,5m 
 
Eficiência: 
 
 Na remoção de DBO: 70 a 90% 
 Na remoção de coliformes: 60 a 99% 
 
 
 
 
3.3. LODOS ATIVADOS 
 
Vantagens: 
 
 elevada eficiência; 
 pequena área; 
 grande flexibilidade de operação; 
 normalmente não apresentam problemas de odores. 
 
Desvantagens: 
 
 operação delicada; 
 necessidade de completo controle laboratorial; 
 elevado custo de implantação e operação. 
TRATAMENTO DE ESGOTO 34 
 
 
3.3.1. LODOS ATIVADOS COM MISTURA 
COMPLETA 
 
 
LODOS ATIVADOS – MISTURA COMPLETA 
 
TANQUE DE 
AERAÇÃO 
 
DECANTADOR 
PRIMÁRIO 
DECANTADOR 
SECUNDÁRIO 
 
 
 
DIGESTOR 
SECAGEM 
DO LODO 
 
 
 
 
Características: 
 
 O esgoto decantado e a biomassa (lodo) são misturadosintensamente no tanque de aeração (TA). 
 Aeradores no TA garantem a mistura e o oxigênio para a 
biomassa oxidar o substrato solúvel por ela assimilado. 
 Multiplicação da biomassa resulta na produção de mais lodo. 
 O lodo do TA adsorve na sua superfície substrato não 
assimilado pela biomassa (impurezas do esgoto na forma 
coloidal e em suspensão). 
 O lodo é separado no decantador secundário. 
 Devido à recirculação do lodo, o tempo de detenção da 
biomassa (tempo de permanência dos microrganismos no 
processo) é maior que o tempo de detenção hidráulica 
(tempo de permanência do esgoto no processo). 
 A recirculação garante uma elevada concentração de 
biomassa no tanque de aeração. 
 O excesso de lodo do decantador secundário necessita 
estabilização. 
 O processo é muito sensível às descargas tóxicas e variações 
nas características do esgoto. 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 35 
 
 
 
 
Tempo de detenção hidráulica ( t ): 
t 3 a 5h 
 
Tempo de detenção de biomassa ou idade do lodo (X ): 
X 4 a 15d 
 
Eficiência: 
 
 Na remoção de DBO: 85 a 93% 
 Na remoção de coliformes: 60 a 90% 
 
 
 
 
3.3.2. LODOS ATIVADOS COM AERAÇÃO 
PROLONGADA 
 
 
 
LODOS ATIVADOS – AERAÇÃO PROLONGADA 
 
 
TANQUE DE 
AERAÇÃO 
 
DECANTADOR 
SECUNDÁRIO 
 
 
 
SECAGEM 
DO LODO 
RECIRCULAÇÃO 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 36 
 
 
Características: 
 
 Devido ao maior tempo de detenção do esgoto, os sólidos 
sedimentáveis do esgoto bruto são oxidados no próprio 
tanque de aeração, dispensando-se os decantadores 
primários. 
 
 Maior tempo de contato da biomassa com o esgoto resulta 
em menor disponibilidade de alimento, que leva o lodo a um 
elevado grau de auto-oxidação. 
 
 O nível de auto-oxidação da biomassa permite que o lodo 
excedente do processo seja secado em leitos, sem exalação 
de odores agressivos, dispensando-se os digestores de 
lodos. 
 
 É o sistema com maior eficiência na remoção de DBO. 
 
 Tem elevados custos de implantação e operação. 
 
 É o sistema com maior consumo de energia. 
 
 Operação mais simples que os lodos ativados convencional. 
 
 
 
Tempo de detenção hidráulica ( t ): 
t 16 a 36h 
 
 
Tempo de detenção de biomassa ou idade do lodo (X ): 
X 20 a 30d 
 
 
Eficiência: 
 
 Na remoção de DBO: 93 a 98% 
 Na remoção de coliformes: 65 a 90% 
TRATAMENTO DE ESGOTO 37 
 
 
 
 
Os VALOS DE OXIDAÇÃO são unidades de tratamento de esgoto 
que apresentam os mesmos princípios básicos do processo de lodos 
ativados com aeração prolongada. 
 
 
 
VALOS COM ROTORES DE EIXO HORIZONTAL: 
 
 
 Semelhante a uma pista de atletismo. Porém, há muitas 
modificações. 
 Recomendados para P ≤ 10.000hab. 
 Devido à pequena capacidade de aeração e de 
impulsionamento dos rotores de eixo horizontal, a 
profundidade desses valos é pequena, não ultrapassando 
1,50m, o que limita a sua aplicação às pequenas populações. 
 Rotações: 60 – 110rpm. 
 Imersões: 8 a 30cm. 
 
 
VALO COM ROTOR DE EIXO HORIZONTAL 
 
 
 
Rotor 
 
 
 
 
 
 
Tipos de rotores horizontais: 
 
a) Escovas Kessener 
 
 Escovas de piaçava. 
 Muito frágil, não sendo mais usadas. 
50 a 80gO2/m³×h. 
TRATAMENTO DE ESGOTO 38 
 
 
 
 
b) Rotor Spaan, 1959 – Holanda 
 
 Piaçava foi substituída por cantoneiras com 2 a 3cm de 
lado. 
 Diâmetro do rotor: 50cm. 
100 a 300gO2/m³×h. 
 
c) Rotor tipo Gaiola 
 
 Construído de lâminas ou pás de seção retangular 
(5×15cm, barra chata) espaçadas de 5cm, fixadas em 
posições alternadas. 
 Número de fileiras radiais: 12. 
 Diâmetro do rotor: 70cm. 
 É o rotor mais eficiente. 
 
 
Carga volumétrica ou carga de DBO: 
225gDBO5 / m
3 d 
 
 
 
 
 
 
VALOS COM ROTORES DE EIXO VERTICAL OU DE 
FLUXO ORBITAL 
 
 Também conhecidos como Sistema Carrossel. 
 É uma evolução do processo dos valos de oxidação para 
diminuir a área. 
 Podem ter profundidades maiores que os de eixo horizontal 
e, conseqüentemente, atenderem populações maiores. 
 Diâmetro do rotor: D = 4,0 a 7,5m 
 Rotação: 60 – 110rpm 
 O volume da câmara é calculado como no caso de valos com 
rotores horizontais. 
TRATAMENTO DE ESGOTO 39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
D 
1,2 D 
8 – 30cm 
 
 
 
ZONA DE ESCOAMENTO 
ZONA DE 
AERAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
3.3.3. LODOS ATIVADOS POR BATELADA 
 
Características: 
 
 Esgoto é retido em um tanque onde se processa sua 
depuração, resultando na formação de mais lodo devido à 
multiplicação da biomassa. 
 
 Mantém-se o aerador ligado durante o tempo necessário 
para que a biomassa remova a matéria orgânica da água 
residuária. 
 
 Desliga-se, então, o aerador e espera-se ocorrer a 
sedimentação do lodo. 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 40 
 
 
 O esgoto decantado é drenado e constitui o efluente líquido 
do processo. 
 
 O excesso de lodo é retirado e, dependendo do tempo de 
aeração, pode estar estabilizado, quando é levado para 
secagem, ou não estabilizado, quando é conduzido a um 
digestor. 
 
 Apresentam maior potência instalada entre os sistemas de 
lodos ativados. 
 
 Podem ser dimensionados para operarem como sistemas 
com mistura completa ou com aeração prolongada. 
 
 Geralmente é vantajoso para pequenas populações. 
 
 
 
 
 
 
 
LODOS ATIVADOS - BATELADA 
 
 
 
ESGOTO 
BRUTO 
 
 
 
 
 
 
 
ESGOTO 
TRATADO 
 
 
 
 
 
 
EXCESSO 
DE LODO 
 
 
 
 
Tempo de detenção hidráulica ( t ): 
t 3 a 36h 
 
 
 
 
TRATAMENTO DE ESGOTO 41 
 
 
 
 
Tempo de detenção de biomassa ou idade do lodo (X ): 
X 4 a 30d 
 
Eficiência: 
 
 Na remoção de DBO: 85 a 95% 
 Na remoção de coliformes: 60 a 90% 
 
 
3.4. REATORES ANAERÓBIOS DE MANTA DE LODO 
 
 
Terminologia: 
 
Na literatura os Reatores Anaeróbios de Manta de Lodo são 
freqüentemente referidos como: 
 UASB (upflow anaerobic sludge blanket reactors). 
 DAFA (digestor anaeróbio de fluxo ascendente). 
 RAFA (reator anaeróbio de fluxo ascendente). 
 RALF (reator anaeróbio de leito fluidizado). 
 RAFAMAL (reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de 
lodo). 
 RAFAALL (reator anaeróbio de fluxo ascendente através de 
leito de lodo). 
 
 
REATOR ANAERÓBIO DE MANTA DE LODO 
 
 
 
ESGOTO TRATADO 
GÁS 
Decantador 
Zona de lodo 
LODO 
ESGOTO BRUTO 
TRATAMENTO DE ESGOTO 42 
 
 
Vantagens: 
 
 Pequena área. 
 Baixo custo de construção e operação. 
 Dispensam decantadores primários. 
 Não necessitam energia. 
 Baixa produção de lodo. 
 Lodo para descarte com elevada concentração e boa 
desidratabilidade. 
 Após paralisações, o reinicio é rápido. 
 
Desvantagens: 
 
 Possibilidade de gerar maus odores. 
 Muito sensíveis às cargas tóxicas. 
 Partida exige grande intervalo de tempo. 
 Necessitam pós-tratamento pois sua eficiência na remoção 
da DBO é limitada (60% a 80%). 
 
Funcionamento: 
 
 A água residuária entra pelo fundo do reator por uma série 
de tubos de alimentação e, em contato com a zona de lodo, 
sofre degradação dos seus componentes biodegradáveis que 
são convertidos em biogás (metano). 
 
 Os flocos de lodo são levados pelas bolhas de gás, em 
corrente ascendente através do digestor, até o separador de 
gases, sólidos e líquido, onde o gás é liberado e o lodo 
retorna ao digestor. 
 
 No decantador, o lodo degaseificado e de características 
floculentas sedimenta facilmente, retornando à câmara de 
digestão.A fração líquida continua em fluxo ascendente, 
sendo retirada do reator mediante dispositivo de coleta 
instalado. 
 
 O fluxo do lodo degaseificado, em movimento descendente, 
opera em contracorrente ao fluxo hidráulico dentro do 
digestor e, dessa forma, serve para promover a mistura 
necessária para um contato eficiente entre as bactérias e a 
TRATAMENTO DE ESGOTO 43 
 
 
água residuária homogeneamente distribuída. A produção de 
gás no digestor contribui para aumentar a mistura. 
 
 
Tempo de detenção hidráulica ( t ): 
t 6 a 9h 
 
 
Altura do reator ( H ): 
 
 
H 4,5 a 6,0m 
 
Eficiência: 
 
 Na remoção de DBO: 60 a 80% 
 Na remoção de coliformes: 60 a 90% 
 
 
 
 
4. TRATAMENTOS TERCIÁRIOS 
 
 
 
Visam: 
 completar tratamento secundário, quando as condições 
locais exigirem um grau mais elevado de depuração; 
 remover nutrientes, caso seja necessário limitar a 
proliferação de algas no corpo receptor. 
 
Principais processos/unidades: 
 
 filtros de areia; 
 lodos ativados (em seqüência à filtração biológica, 
processos anaeróbios); 
 filtros biológicos (em seqüência a processos anaeróbios); 
 lagoas de estabilização; 
 processos de oxidação total; 
 precipitação química de fosfatos e outros compostos; 
 eletrodiálise, osmose reversa (para recuperação de 
águas de elevado padrão de qualidade); etc.

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